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Vale Mais Fevereiro & Março'19

Published by info, 2019-02-11 10:37:19

Description: Vale Mais n.º65

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ARCOS DE VALDEVEZ Houve revolução e foi proclamada a República CAMINHA TEATRO Krisálida recicla lixo marinho para “Plastikus” PONTE DE LIMA ECOVIAS Turismo de natureza é moda saudável VALENÇA HISTÓRIA Núcleo Museológico transporta-nos no tempo ÁGUAS DO ALTO MINHO UM “FATO À MEDIDA” PARA SETE MUNICÍPIOS Visite-nos :: www.valemais.pt INFORMAÇÃO CREDÍVEL, CONFIÁVEL E DE INTERESSE PÚBLICO #N.º65 :: #FEVEREIRO/MARÇO :: #2019 :: #BIMESTRAL :: #PVP 1€ :: Diretor. AGOSTINHO LIMA www.valemais.pt 1

O MEIO MAIS ELOGIADO DO ALTO MINHO Com muito trabalho e dedicação, os objetivos traçados cumprem-se. Há cada vez mais empresas a procurarem-nos para dar a conhecer os seus produtos e serviços.Também verificamos que as empresas estão mais profissionais e conhecedoras de um conceito mais adequado aos nossos valores. ALGUNS PARCEIROS COMERCIAIS QUE CONFIAM NA VALE MAIS DELTA CAFÉS | OPTIMINHO | EPRAMI | IRMÃO PEREIRA | ENERGE | OPTIMINHO | MARCO BRINDE | IDEIA CONCRETA | CAIXA AGRÍCOLA | ILUZA | ABRIL PUBLICIDAD | CVRVV - COMISSÃO VINHOS VERDES | METSEP | INVERT | PRADOS DE MELGAÇO | RIO PARK | HOTEL BIENESTAR TERMAS DE MONÇÃO | AQUÁRIO | PROBE | EMPOLGANT IDEA | ECAM | HEITOR CAMPOS AMOEDO | LARA CENTRO DE INSPECÇÕES PNEU CERTO | VODAFONE | OVNITUR | SANATÓRIO CONCHEIRO | CIM ALTO MINHO | INTERMARCHÉ - DISTRIÂNCORA | QUINTA MALAPOSTA | PROVAM | DORF | ARCOBARCA | CÂMARAS MUNICIPAIS | 2 www.valemais.pt

Opinião N’ A VALE MAIS, nesta edição, a Cultura volta a ocupar um espaço im- portante. A região onde nos inserimos, o Alto Minho, tem um potencial 36 | Manuel Pinto Neves A paz e o movimento rotário que não pode ser desprezado e que não passa só pelas romarias e festas 37 | Luís Ceia 2019 :: O país, a região e as empresas populares de verão. Ainda bem, obviamente! 39 | Emília Cerqueira Mário Centeno : Ronaldo ou Coveiro? 40 | Adelino Silva Francisco de Abreu de Lima A reportagem que efetuamos no Núcleo Museológico de Valença é um 44 | José M. Carpinteira Alterações Climáticas e Aquecimento Global exemplo desse potencial; neste caso, através de uma viagem no tem- Secções po, o visitante fica a conhecer a história deste concelho desde os seus primórdios até aos dias de hoje. Curioso, até, é o facto de 57 por cento 60 | Desporto Ser profissional no futebol amador dos visitantes serem espanhóis, algo que é sintomático do interesse que 68 | Nutrição Receita :: Salmão com massa Filo desperta, mesmo, junto dos que não são da terra. 70 | Saúde Frieiras :: Uma reação ao inverno 72 | Turismo Território :: Da baixa densidade à oportunidade Se nos atermos apenas aos espaços museológicos, é indesmentível que 74 | Proteção Civil Frio intenso :: Autoprotecção existe uma grande diversidade. Quer os ligados à história, às tradições, à etnografia, às artes, ao cinema, às alfaias religiosas, às atividades econó- Reportagens micas, à biologia e, até, ao vinho. Todos eles com interesse e a merecer, 6 | GALIZA pelo menos, uma visita! Andrea Pousa A Cultura envolve, também, património e história. Neste último domínio, damos conta de pormenores de um episódio, pouco conhecido, que, no Minhota-Galaica com um cante único séc XIX, levou à instituição de uma República em Arcos de Valdevez. Nou- tra área, a da arte de Talma, em Caminha, os Krisalida levam esta a todo 16 | V.N.CERVEIRA o concelho, num projeto que logrou sensibilizar o apoio de entidades oficiais. Ainda mais, quando ao teatro juntam preocupações ambientais e Bienal com o plástico recolhido nas praias constroem marionetas. A não ignorar, ainda, o trabalho dos Comédias do Minho, já com 15 anos a implicar as A liberdade de criar no laboratório pessoas, de todas as idades, em cinco municípios do Vale do Minho. 25 | PAREDES DE COURA Também no âmbito da Cultura, não esquecemos a música, a divina arte dos sons. Neste caso, uma entrevista a Andrea Pousa, uma intérprete nascida Tribunal na raia galega que, conforme sublinha, se considera “minhoto-galaica” e possui um cante único. Talvez por isso, tem já previsto, no próximo disco, Passa a julgar \"todo o tipo de causas\" um dueto com um dos grandes nomes do panorama artístico português. 27 | MELGAÇO O Alto Minho tem um potencial, na área cultural, que, ao longo do tem- po, temos vindo a divulgar. Propostas que, temos a certeza, são acolhidas ETAR por milhares de pessoas, certas de que estão a valorizar-se e a conhecer melhor muitas daquelas que são suas referências. Um dos maiores investimentos no Alto Minho Sendo a Cultura um conceito extremamente complexo e impossível de ser 30 | ALTO MINHO fixado de modo único, está também associado a formas de manifestação ar- tística. O Alto Minho mexe-se nesta área, com uma dinâmica de eventos, ora Comédias do Minho mais populares, ora com características mais elitistas. Embora, obviamente, mais pródigos no período estival, eles acontecem ao longo de todo o ano. \"Velocidade de cruzeiro\" numa \"viagem\" “Um povo sem cultura é um povo sem alma”, costuma dizer-se e acaba, 34 | PONTE DA BARCA até, por ser um axioma. A este junta-se um outro, este com direitos de ator (Willyan Johnes) - “Um povo sem cultura não se levanta. Se ajoelha”. Pode- Autarquia mos aferir, consequentemente, que o Alto Minho tem alma e está de pé. Bem vivo e ativo! Ex-vice regressa ao ensino e pelouros são redistribuidos Manuel S. www.valemais.pt 3

Perspetiva Vale mais #Alto Minho ALTO MINHO SERÁ MESMO O MELHOR LOCAL PARA VIVER? Um alegado estudo recentemente divulgado afere que o distrito de Viana do Castelo (Alto Minho) é o melhor para viver. Segurança, limpeza, qualidade do ar, silêncio, transportes públicos, lojas e restaurantes terão sido os fatores que, alegadamente, levaram a esta conclusão. Tornado público através de um comunicado de um Nada (pelo que é conhecido) se diz sobre a amostra por portal imobiliário, este diz que, numa escala de um a área geográfica, escalão etário, setor de atividade, habilita- cinco, Viana do Castelo recebeu a pontuação de 4,02. ções e outros fatores que podem ser determinantes para se poder avaliar. É assim que, normalmente, se fazem estudos Aquela que se poderá “aproximar” de uma ficha técnica do mesmo, pelo que conseguimos sa- de opinião; neste caso, não sabemos como foi. ber, acaba apenas por dizer que se tratou de um inquérito online junto de cerca de Diz-se que foi um inquérito e, eventualmente, terá 15 mil pessoas residentes em Portugal sido aleatório, recolhendo a opinião que quem e que terão sido considerados 12 decidisse enviá-la pelos canais digitais. fatores. Podemos estar a especular, mas, a ser as- sim, não se tratará, portanto, de algo com rigor científico para um estudo de opinião. 4 www.valemais.pt

E se estes, muitas vezes, falham, o que se dirá deste? outrora, estando agora dotado de boas acessibilidades e o cenário é, ainda, para melhorar. Claro que, como não podia deixar de ser, a “notícia” tornou-se viral, mas nas redes sociais. Um facto, porém, No ensino, há já instituições de evidente qualidade e que que não lhe acrescenta mais credibilidade. Entendemos, atraem muitos jovens, inclusive, de outras regiões e, até, do ao contrário de muitos “especialistas” em “informarem- estrangeiro. A segurança é um bem precioso e cá existe, -se” através destas, que a promoção de uma terra tem independentemente da hora do dia ou da noite. Depois, de se sustentar, acima de tudo, em dados incontestáveis sorte nossa, a qualidade do ar e da paisagem tem sido, quanto à sua credibilidade. apesar das tentações, salvaguardada. O comércio acompa- nha as últimas tendências, mas está a existir a preocupação, Apesar disto e destas circunstâncias, estamos em crer que, conseguida, de salvaguardar e valorizar o tradicional. A não obstante, a conclusão a que se chegou não deixará de oferta na restauração é divinal e os reconhecimentos têm ser verdade. O Alto Minho tem-se distinguido, de forma sido conseguidos, nomeadamente, a nível gastronómico e paulatina, mas segura, no panorama nacional. vitivinícola. Ninguém nega a sua qualidade, numa exemplar conjugação entre a modernidade e a tradição. Os números no turismo, no conjunto nacional, para a sua dimensão, são espetaculares! Os eventos e a ocupação O Alto Minho é, mesmo, o que “está a dar”! hoteleira levam já quem afirme que está a deixar de existir época baixa… e estamos numa região onde a sazonalidade sempre foi notória. Por outro lado, a atratividade industrial está pujante, cada vez há mais unidades a quererem cá instalar-se, e já se fala numa Autoeuropa do Alto Minho. As vias de comunicação já não têm nada a ver com as de www.valemais.pt 5

Reportagem #Galiza Texto :: Manuel S. ANDREA POUSA MINHOTO-GALAICA COM UM CANTE ÚNICO 6 www.valemais.pt

“TUDO QUE TEM A VER Os primeiros passos foram dados na aldeia onde nasceu, Figueiró, no COM PORTUGAL, grupo local de bandurria (instrumento musical parecido com a guitarra). TEM A VER COMIGO” “Devia ter uns oito anos quando comecei a tocar. Mas também tínhamos de cantar. Foi aí que despertei o interesse do diretor (também familiar) “O meu estilo é uma mistura que disse era melhor dedicar-me, em exclusivo, a cantar” – conta-nos. de diferentes sonoridades que me faz única e pessoal. As ‘DUPLA NACIONALIDADE’ minhas raízes estão no Tomiño (Figueiró), à beira do rio Minho, “Quando digo que sou galega, considero que tenho dupla nacionalidade. mas tenho antepassados do Há muita ligação com Portugal, com a sua cultura, o seu idioma, a sua outro lado, em Vila Nova de gente. É como se estivesse em casa. Não há fronteira, estamos muito uni- Cerveira, e em Viana do Castelo dos e, por isso, trabalhar em Portugal é como se o fizesse na Galiza. Não (Santa Marta de Portuzelo).” há divisão, nenhum impedimento para fazer isso. Então, tudo que tenha a ver com Portugal, tem que ver comigo” – afirma, convicta, à VALE MAIS. E acrescenta: “Tenho trabalhado em vários projetos. O Ponte nas Ondas foi o primeiro e muito bonito, de união ainda maior de duas culturais. Ainda era pequena e estive na ponte de Valença a gravar um videoclipe, com os meninos do outro lado do rio. Muito giro! Foi a minha primeira ligação assim forte com Portugal, em termos artísticos.” Andreia Pousa é uma jovem cantora que, em 30 anos de vida, já Andrea fala, também, do público galego e português. tem 14 de carreira. Que se está a afirmar na Galiza e, também, no Norte de Portugal. As terras minhotas já são o seu poiso “É muito parecido. Gosto de cantar muito em português. Quando estou habitual. Aqui, já participou em diversos projetos, como de solidariedade em Portugal, explano-me ainda mais. Na Galiza, também canto em ou de reforço da união luso-galaica, bem como de ligação a mostras de português. No meu primeiro disco canto nos meus três idiomas: galego, artes plásticas e em outros âmbitos. castelhano e o português. Considero-os maternos. Entre eles, está, na edição de 2017 do Folk Celta, em Ponte da Barca, na SOU A “DIASPORADA” DE PORTUGAL produção do musical Keltia, a história do nascimento da Cultura Atlân- E PUSKAS E DA GALIZA tica em terras galegas quando a Europa ainda estava sobre uma capa de gelo. Um musical com quase meia centena de intervenientes em Puskas é um pintor português, do Alto Minho, bastante conhecido na palco e misturando canto, teatro, declamação, dança e fogo. Também Galiza, onde já foi premiado. Nos últimos tempos, a inauguração das já cantou e encantou na Assembleia da República, onde pensaram que suas mostras tem registado a atuação de Andrea. “Tem sido um prazer era portuguesa e se lavrou um documento “onde me nomearam ‘Andrea partilhar com ele… como eu sou a ‘diasporada’ de Portugal, ele é a Pousa, guerreira [o seu 2º apelido é Guerreiro, família de V. N. Cerveira] ‘diasporada’ da Galiza. Temos esse elemento em comum, entre muitas de Portugal’”. coisas mais. A nossa arte em diferentes facetas. Quando atuamos com ele, eu e o Queiman fazemos isso como uma ligação de culturas.” CANTAR EM TRÊS IDIOMAS Como aconteceu o projeto com o Bruxo Queiman? “Conheci-o em No seu primeiro disco, editado em outubro de 2017, canta em três idiomas: 2014, é o meu sócio. Começamos a trabalhar num plano que ele já tinha galego, castelhano e o português. “São idiomas que considero maternos. idealizado. O musical Keltia, com quase 50 pessoas e onde canto em Três línguas. Quis que se chamasse, nos três idiomas, de igual forma. direto. Estivemos quatro anos consecutivos com este projeto por toda a Por isso, escolhi RESPIRAR” – referiu à VALE MAIS. Para o próximo, está Galiza e no Norte de Portugal”. prevista a parceria com um dos principais nomes do panorama artístico português. Um “nome grande” que Andrea Pousa não quer, para já, revelar. E continuam a existir espetáculos de Queiman e Pousa. “Temos diferen- tes formatos de espetáculos. E de cinema também. Depende do evento “Uma cantora galega, com um sentimento raiano. Sente o idioma e ou do lugar. Adaptamo-nos ao evento. Mas também quero dizer que, a ascendência portuguesa. Transporta no coração este sentimento… agora, estou mais imersa no meu projeto a solo… e uma carreira a solo a diáspora. Essa ligação a Portugal é a origem de um cante único por leva muito tempo.” parte de Andrea, diferente do resto das cantoras.” – refere-nos Bruxo Queimán, ator e sócio de Andrea. Quer dizer que está a dedicar-se mais à apresentação do novo disco? “Sim… e a trabalhar noutras coisas que vêm. Tenho estado a apresentá- “Tenho uma voz galega, mas tenho esse ‘desgarro’ do fado de Portugal. -lo em diferentes pontos. Também estou a compor. Neste disco, compus O resultado é uma sonoridade única” – enfatiza Andrea, acrescentando pouquinho, a composição é uma área aparte.” que estudou canto clássico, “mas sou uma cantora moderna”. Surge primeiro a letra ou a música? “Estou-me centrando nas letras. Desde os 16 anos que se dedica ao canto de forma profissional. Todavia, Ando a trabalhar com um compositor que me está a ajudar a desenvol- “desde pequena que pensava em ser cantora. Os meus estudos foram ver as minhas ideias. todos focados nisso.” www.valemais.pt 7

\" Posso cantar canções de outros compositores, mas quando estou a cantar algo que nasce em mim é diferente a sensação, interpreta-se de outro jeito.” Faço inicialmente as letras. Aliás, primeiro penso nos temas que quero cantar – igualdade, amor, diferentes temáticas - e logo desenvolvo a história. Ele ajuda-me a classificá-la musicalmente. É o que estou a fazer, além de cantar em direto.” Uma nota importante. “Ao cantar, sou uma intérprete. Posso can- tar canções de outros compositores, mas quando estou a cantar algo que nasce em mim é diferente a sensação, interpreta-se de outro jeito.” Nos espetáculos, a parte cénica não é descurada. “Gosto do cine- ma, de ser atriz. Então, para mim, cada canção é como se fosse uma película. Tento teatralizá-la um pouco mais.” Andrea Pousa dá-nos, também, contra de momentos “mágicos” em Portugal, como a da abertura da “Oficina de Turismo do Porto” e na Assembleia da República, em Lisboa, na exposição de Puskas. “As pessoas pensavam que eu era portuguesa. Falavam comigo e afirmavam que eu era portuguesa. Que o Queiman não é português, mas que eu era” – conta-nos. FILME DE TERROR Andrea e Queiman têm sido parceiros em várias produções. O cinema é uma delas e, nesse sentido, está previsto um filme… de terror! “Fazemos parte de uma produtora executiva desse projeto, mas eu estou também no filme como atriz. Considero que é também um ramo de que gosto muito, considero-me cantora em primeiro lugar, mas também atriz. Agora, o meu papel será num filme de ação e terror. Nunca vi na minha vida, por inteiro, um filme de terror. Não sei como vou fazer para o ver no cinema…\" O argumento “tem a ver com um surto” de zombies. “É uma experiência nova. Também gosto de experimentar. Já tive expe- riências de teatro, mas, de cinema, esta é a primeira vez. Vamos começar a rodá-lo em março, lá para 2020 estará em exibição.” Para o próximo disco, está prevista a parceria com um dos principais nomes do panorama artístico português. 8 www.valemais.pt

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Reportagem #Arcos de Valdevez Texto :: Manuel S. EM ARCOS DE VALDEVEZ He fooiupvreoucmlaamraedvaolauçRãoepública Em Arcos de Valdevez, no ano de Era conhecido o contributo decisivo destas paragens para a His- 1808, foi proclamada um República, e tória de Portugal, com o chamado Torneio de Arcos de Valdevez, promulgado algo parecido com uma também chamado por Recontro de Valdevez ou Bafordo de Valde- Constituição, que vigorou durante dois vez, um episódio ligado à fundação da nacionalidade e à celebra- dias e meio. Na altura, era João VI o ção do Tratado de Zamora em 1143. Já a revolução registada por regente do Reino. Os cabecilhas foram altura das invasões francesas é um facto que poucos conhecem e enforcados, uns, e deportados para que a VALE MAIS, agora, divulga. o Brasil, outros. Um facto que deve constar no Espaço Valdevez que a Lúcia Afonso (ver texto da sua autoria nesta edição) é uma arcuen- autarquia está a projetar para 2020. se, licenciada em História, com mestrado em História Medieval e Renascentista, que tem investigado esta ocorrência na História de Portugal. “Na altura das invasões francesas, em 1808, quando se soube que os franceses estavam a entrar aqui, pela zona norte, a 11 de julho, dia de uma grande feira franca aqui nos Arcos - as pessoas deslocavam-se das freguesias para vir à mesma - há um grande movimento encabeçado por um estudante de Letras que resolve fazer uma revolução, escudado um bocado na história da entrada dos franceses” – conta à VALE MAIS. 10 www.valemais.pt

Lúcia Afonso conta-nos, mesmo, que os revolucionários tomam de Este – adianta – pretende ser “uma mostra de episódios marcan- assalto o edifício da Câmara Municipal, vão buscar o juiz de fora tes na História de Arcos de Valdevez, marcantes para nós e para a (magistrado nomeado pelo Rei) e arrastam-no até à cadeia, onde História de Portugal”. o prendem e soltam os ladrões que lá estavam. Queimam ainda todo o Arquivo da Câmara e o dos notários que existiam na vila. O Nesse âmbito, um deles é “esse facto, em 1808, na altura das revolu- objetivo era destruir a documentação que existia (pagamentos de ções liberais, termos aqui durante um período, em que houve grandes rendas e foros). No espaço em frente ao edifício da Câmara fazem convulsões no Norte, pessoas que entraram na Câmara Municipal e uma grande fogueira e queimam tudo. que, de uma forma diferente, aprovaram um conjunto de leis que são uma grande revolução e aquilo que é uma espécie de Constituição.” “Fazem leis para todo o país, têm uma República. Esta foi instituída, de facto, só em Arcos de Valdevez e durou dois dias e meio”. Ao terceiro O edil considera que se trata de algo “extremamente interessante dia, apareceram as tropas e prenderam-nos, acrescenta, confirmando porque é um facto diferente dos outros lados”. Daí tentar perce- que a rebelião teve grande adesão popular. “Aquilo foi mais uma ber um pouco quais eram quais eram os responsáveis e que, em tentativa de rebelião. O cabecilha era um estudante de Letras. Havia Arcos de Valdevez, naquela altura, já havia pessoas progressistas. também um serralheiro e, inclusive, uma mulher. Foram presos seis.” “Queremos marcar novos paradigmas relativamente aquilo que é a DECAPITADOS E CABEÇAS EM PAUS vivência da história e da memória, para que possam também servir como alavanca para o futuro. É também o que queremos fazer com “Foram julgados quase dois anos depois, na Cadeia da Relação, isto e com o contributo da doutora Lúcia Afonso. Queremos saber no Porto. Os dois principais cabecilhas foram enforcados e deca- mais sobre esse momento da História de Arcos de Valdevez. Será pitados. Os homens foram para as galés e a senhora foi deportada extremamente interessante e, também, por nossa vontade, fará para Ouro Preto (Brasil)” – refere a investigadora. parte desse projeto que é o Espaço Valdevez” – sublinha. Para esta, a revolução tem a ver com a insatisfação popular face ao João Esteves explica que este ficará instalado num imóvel “que já feudalismo que ainda permanecia em relação aos senhores da terra. ”A existe aqui no centro de Arcos de Valdevez e que, em torno da figura revolta é realmente queimar os documentos que os prendiam à terra e de Félix Alves Pereira, um grande arqueólogo, e, em sua homena- os obrigavam a pagar durante anos e anos aqueles taxas” – observa-nos. gem, começamos pelos trilhos (passeios). Ele fez vários trabalhos e um deles foi um passeio arqueológico no concelho de Arcos de Todavia, o estudante que liderou a revolta não seria de origem Valdevez. Vamos tentando fazer esse passeio arqueológico, recriá-lo.” humilde, tanto mais que o acesso ao ensino, sobretudo de nível superior, só era acessível a quem tinha posses financeiras. “Deve Depois de Félix Alves Pereira, conforme se for descendo, nos ter sido uma pessoa de família minimamente abastada, tendo pisos do edifício, vai-se passar por várias áreas cronológicas. consciência das leis e do que se passava. Acabou por ser enfor- cado. Ele e o serralheiro. Depois decapitados. As cabeças foram “A primeira será a República (1910) e o séc XIX. Na República, é expostas aqui na vila dos Arcos de Valdevez”, refere-nos. também um facto curioso a circunstância de terem existido duas proclamações em Arcos de Valdevez. Segue-se esta rebelião Especifica, ainda, que foram enforcados no Porto. Todos os outros do séc XIX [atrás referida], é também todo o momento que está quatro assistiram ao enforcamento e à decapitação. As duas cabeças ligado à Restauração (1640) que, em Arcos de Valdevez, teve um foram, depois, trazidas para os Arcos de Valdevez, colocadas em paus. papel preponderante, desde os fortins do Extremo [ver edição anterior da VALE MAIS]. Segue-se a passagem aqui de D. Manuel, Apesar desta ocorrência se verificar pouco depois da Revolução os forais, de Arcos de Valdevez e do Soajo, as questões ligadas à Francesa, Lúcia Afonso não lhe atribui relação direta. fundação da nacionalidade, os castros e a Romanização” – explica. “Nem sequer era muito esse tipo de consciência da Revolução GRANDE NOVIDADE PARA 2020 Francesa. Era mais a necessidade de se livrar daquele encargo com os senhores e do que pagavam, dos impostos e das obrigações que Uma garantia: “Em breve, vamos falar de grandes novidades relativa- tinham para com os terra-tenentes aqui da localidade” – afiança. mente ao período romano. Teremos muita relevância sobre esse assunto. Algo que será uma grande novidade de algo que vai até mais de cinco Do interior do edifício camarário nada sobrou. mil anos antes de Cristo, com as gravuras rupestres do Gião (Mezio). São notáveis. Fizemos um trabalho que vai ser mostrado dentro em breve “Nada, nada… a Câmara foi praticamente arrasada. O mobiliário (ainda nos primeiros meses deste ano), a reconstituição e o varrimento a foi deitado para a rua e incendiado. As sacadas, as janelas, tudo. 3D daquelas pedras. Pretende-se preservar as marcas, porque o tempo Fizeram uma grande fogueira com os documentos e com esse e a erosão poderão rachá-las. Para que as pessoas também consigam mobiliário”, conclui, sem antes ainda notar que se tratou de algo vê-las e visualizá-las. Há aqui uma vontade imensa de fazer da cultura incaracterístico para a época. uma alavanca do processo de desenvolvimento, como, noutros domí- nios, já estamos a registar. Viver dessa interação num concelho que se ESPAÇO VALDEVEZ COM O MAIS MARCANTE pretende justo, inovador, próspero e sustentável”. João Esteves, o atual presidente da Câmara Municipal de Arcos de Ainda sobre o Espaço Valdevez e o timing para a sua abertura, o Valdevez, é um grande entusiasta pela história do seu concelho. É autarca aponta 2020. “Durante o ano 2019, estamos muito foca- ele que nos revela os projetos do Município neste domínio. dos na Oficina da Criatividade Himalaia e noutros projetos. Será, provavelmente, um projeto que, em 2020, vamos apresentar.” “O património e a memória histórica são muito importante naquilo que queremos, enquanto processo de desenvolvimento que www.valemais.pt 11 conjuga passado com futuro. Por isso, temos um novo projeto que está em desenvolvimento na Câmara Municipal, o ESPAÇO VALDEVEZ” – anuncia à VALE MAIS.

intervenção da polícia. O facto é que não se resolveu e, durante três meses, apesar da brutalidade do ocupante, o povo resistiu praticamente sem ajuda. Os populares tentavam proteger os seus poucos bens e os dos seus senhores. Por todo o país, magotes de revoltosos iam aclamando o príncipe regente, insurgindo-se contra os france- ses, encetando uma guerra contra as políticas dos ocupantes e dos colaboracionistas. Os tumultos de 1808 estenderam-se do Minho a Trás-os-Montes e ao Algarve. O Norte constituiu o centro do delírio do povo. No interior várias quintas foram saqueadas. Contudo, onde o fer- vor revolucionário é mais evidente é nos centros urbanos como: Viana, Braga, Guimarães, Barcelos, Foz Côa, Viseu, Vila Real, Moncorvo e Bragança. Arcos de Valdevez não é excepção, embora aqui as caracterís- ticas da insurreição tenham tido um cariz invulgar, tentando a população exprimir o seu ódio em reivindicações precisas, de ordem social e com rudimentos de uma organização política, extensiva a todo o território. REVOLTA Na noite de 10 de Julho e na manhã do dia seguinte, os sinos POPULAR da vila e das aldeias do concelho tocaram a rebate, pensando EM ARCOS a população que se aproximavam os franceses. Os montanhe- DE VALDEVEZ ses descendo das freguesias, armados com as suas alfaias e varapaus, preparavam-se para defender os seus bens e a vila. Em Outubro de 1807, Junot, com um exército de 26 000 homens, entra em Espanha a caminho de Portugal. A 19 de As milícias dos Arcos tinham sido reforçadas por numerosos Novembro chega à fronteira com uma tropa já exausta, mas a patriotas, que espontaneamente se associaram, reforçando a que nenhuma força portuguesa se opôs. A 27 de Novembro, a vigilância. Contudo, em lugar de combater o inimigo que não corte embarca para o Brasil, escoltada pela esquadra britânica. chegou a aparecer, precipitaram-se em “horrores e malvados desatinos 1”. Entraram na vila aos “magotes”, comandados pelos cabecilhas de ocasião, concentrando-se na praça do Município. Pediam ar- mas e que fossem tomadas providências imediatas para a defesa da vila. Apareceram alguns vereadores, que, reunindo em câmara, tentavam tomar algumas medidas tendentes a acalmar a multidão, que não parava de crescer. Não conseguindo aprisionar o rei, nem a família real, o general O principal alvo da animosidade da populaça foi o Juíz de Fora, francês limitou-se a passar 6 meses em bailes e festas. Junot António José Soeiro de Gouveia. Refugiado numa freguesia ocupava o centro do país, enquanto dois exércitos espanhóis, vizinha da vila, temendo pelas consequências que teria a desor- a mando de oficiais franceses, ocupavam o Norte e o Sul. denada distribuição de armas por esta turba enfurecida, acabou por ser descoberto e trazido até à vila, “toureado de todas as A 2 de Maio dá-se em Madrid uma insurreição popular contra o partes 2”, roto, espancando e ferido com cruel barbaridade, governo dos franceses, esmagada violentamente por Murat, o que arrastando-o até à cadeia pública, coberto de opróbios, pondo faz levantar o sentimento patriótico dos espanhóis e provocar uma em liberdade todos os criminosos que se achavam presos. onda de descontentamento por toda a Espanha, culminando com a derrota das tropas francesas em Sevilha. Nesta ocasião, a vila estava sob jurisdição do corregedor de Barcelos, que enviara, a várias terras da sua comarca, um por- Estas ondas de revolta chegam ao nosso país e, em Junho de tador com despachos que tinha exarado. Por incrível casua- 1808, quando da saída dos exércitos espanhóis, gera-se um lidade, o funcionário chega aos Arcos neste dia, e, como lhe movimento de revolta de Norte a Sul. Como Junot não tivesse faltava um braço, a turba enfurecida logo alcunhou de Loison. homens para cobrir o país inteiro, imaginou que uma suble- Apoderando-se dos despachos, que rasgaram, conduziram o vação feita por gente do povo depressa se resolveria com a pobre homem à cadeia. 12 www.valemais.pt 1 NEVES, José Acúrcio, Historia Geral das Invasões Francesas em Portugal, vol. IV, cap. XLVI, 1811, pág. 284. 2 Idem, pág.286

Depois, invadiram a Câmara no momento em que os vereadores Pretendiam abolir o recrutamento militar, fixar os preços do leite, deliberavam sobre os meios de atalhar a desordem, injuriando-os, carne e vinho, proibir a exportação do pão, negar a acção ao con- despedaçando e lançando pelas janelas as respectivas cadeiras, tracto de mútuo, suspender o curso das causas forenses durante a bem como a cadeira real, o dossel e as armas reais. Seguiram-se guerra, prescrever as citações por oficiais de justiça, considerado wdeitaram para o terreiro e queimaram. como uma das formas mais comuns de opressão, acabar com o pagamento das oblatas aos párocos e dispensar os foreiros de Num acto de alguma consequência política, pegaram fogo ao satisfazer os direitos dominicais aos senhorios. arquivo da Câmara, ao cartório dos escrivães e notários, e rasga- ram entusiasticamente os papéis que se salvaram. Depuseram as Essencialmente estas medidas consistiam em acabar com um autoridades legítimas bem como o sargento-mor das ordenan- serviço militar cruel, tornar a vida mais estável e mais barata, ças, Gaspar Queiroz, quando este entrava na vila acompanhado libertar a terra dos senhorios e diminuir os impostos. O insó- por muito povo. lito da situação é o facto de estas medidas terem surgido tão claramente articuladas, num programa de acção tão completo e Esta alternância da incidência da violência dos fidalgos e ma- extensível a todo o reino. gistrados, que corroboravam a opressão a que o povo estava sujeito, para “papeis”, traduzia a necessidade que havia de, Os cabecilhas dos tumultos, identificados pelas testemunhas du- para lá de castigar as pessoas que detinham e exerciam o rante o processo, eram figuras bem representativas da popula- poder, atingir o âmago do sistema em si próprio. Os documen- ção mais oprimida: um jornaleiro, um sapateiro, um serralheiro, tos destruídos continham os títulos legais dos grandes pro- um seareiro e uma mulher do povo. Pomos em dúvida, contudo, prietários, as rendas e tributos a que os amotinados estavam que algum deles tivesse ideias tão precisas de como formar sujeitos e os processos de execução das dívidas, tendo sido governo ou criar leis com tanta eficácia. Certamente que a figu- considerado este acto, durante o processo, como um “insulto ra mais carismática seria, sem sombra de dúvida, o estudante à soberania”. Manuel Luís de Brito. No dia seguinte constituíram um governo, chegando ao O Tribunal da Relação do Porto apurou, depois de ouvidas ponto e à ousadia, de publicar leis “contrárias às do reino e as testemunhas, que ele chefiaria o motim, capita- tendentes à subversão da Monarquia”. Estas leis queriam-se válidas para todo o país e não só para os Arcos. neando os ranchos de rebeldes no incêndio aos cartórios, limitando-se os outros a executar as suas ordens, acrescentando, contudo, o serra- lheiro durante o julgamento, que achava que tudo fora bem feito. www.valemais.pt 13

Pela leitura da sentença ficámos sem saber quais os critérios Houve uma reunião nos Paços do Concelho de que se elaborou C adoptados para incriminar estes réus, no meio de uma turba acta, em que constava que o capitão Moreau, dirigindo-se aos M completamente enfurecida. As afirmações das testemunhas presentes em língua que compreenderam, lhes apresentou a pro- Y também não parecem muito consistentes nas suas acusações. clamação do general-comandante de armas de Braga e província CM do Minho. Este, convidando o povo deste concelho a reconhecer MY Contudo, levados para o Porto, foram julgados no Tribunal da Re- o Governo que o grande Imperador dos Franceses decretou para CY lação, tendo sofrido pesadas condenações. Manuel Luís de Brito Portugal, explicava que a ocupação seria pacífica, privilegiando CMY e António Carlos Fernandes, considerados os principais instigado- a protecção para as pessoas e bens, respeito pela religião e seus K res dos tumultos, foram arrastados pelas ruas da cidade do Porto, ministros, podendo as autoridades exercer os seus cargos com com baraço e pregão, até ao lugar da forca, onde pereceram. toda a confiança. Após a morte foram separadas as cabeças, que foram enviadas para vila dos Arcos de Valdevez onde, cravadas em postos altos Pouco tempo depois, em Maio, as tropas inglesas expulsam e colocadas em terreiro público, ali permaneceram até que o Soult do país. Para que não ficasse memória da recepção pa- tempo as consumisse. Patrício Mendes ou Patrício José de Sousa, cífica às tropas francesas e certamente da anuência e compro- José António Gonçalves e Alexandre José Rodrigues foram con- misso dos edis às proposta políticas dos franceses, a vereação denados a assistirem ao suplício dos anteriores e posteriormente camarária de Arcos de Valdevez, suprimiu a acta de 28 de Maio degredados, para toda a vida, para as galés. O primeiro e segun- de 1809, tendo sido arrancada a folha da sessão. do para Angola e o terceiro para Moçambique por toda a vida. A ré Francisca Luísa, a Migalha, foi condenada a dez anos para o rio Contudo, nem tudo foi tão pacífico assim em Arcos de Valde- Negro, não se sabendo se de lá voltou. vez, nestes tempos conturbados das invasões francesas. Este foi o trágico epílogo da república popular dos Arcos. Nos princípios de Abril de 1809, chegou aos Arcos em inspecção um general inglês chamado Miller, que se hospedou na casa do Terreiro. Entretanto os homens válidos do concelho incorporaram o pe- queno exército comandado pelo general Botelho de Vasconce- Em 7 de Abril dois desconhecidos apareceram na vila, provo- los, que protegia todo o concelho. cando alguma desconfiança nos moradores e nas tropas aqui acantonadas. Foram presos pelas ordenanças e apodados de Em 27 de Março de 1809 chegou aos Arcos um destacamen- jacobinos. Submetidos a conselho de guerra, presidido pelo to francês comandado pelo capitão Moreau, vindo de Braga. general José António Botelho de Sousa Vasconcelos, foram ime- Alguma populaça foi esperar as tropas aos limites do concelho, diatamente condenados, em julgamento sumário, a morrer por com o Juiz de Fora e dois vereadores. fuzilamento. Os réus, conduzidos até junto do muro da Igreja do Espírito Santo, aí foram fuzilados. Das janelas da casa do Terreiro Seriam sete horas da tarde quando se ouviu uma corneta a o general, completamente apavorado, condenou asperamente o anunciar a chegada das tropas. Apesar de estar bastante frio, acto, abandonando rapidamente a vila. os moradores da vila assomaram às portas e janelas para ver passar os estropiadissimos soldados de Napoleão. Foram para Mais tarde, chegou a informação que os infelizes eram dois o terreiro em frente à Câmara onde formaram, mandando o passeantes inocentes: João Nepomuceno Pereira da Fonseca, Juiz de Fora aboletar os soldados nas casas mais abastadas da desembargador e corregedor da comarca de Barcelos, e o vila, levando o capitão e o tenente para a sua própria casa. Os tenente do regimento de Viana, Damião Merne. Os cadáveres soldados estavam de tal maneira exauridos que não causaram foram sepultados no cemitério da Misericórdia. quaisquer distúrbios durante a noite, e no dia seguinte retiraram ordeiramente para Braga. 14 www.valemais.pt

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Reportagem #Vila Nova de Cerveira Texto :: Manuel S. A LIBERDADE DE CRIAR NO LABORATÓRIO “É uma experiência bastante diferente. É o contacto com a arte, o puderem criar, o terem essa liberdade e, de certa forma, conseguirem ver aplicados os conhecimentos que tiveram, de alguma forma, na escola, através das várias disciplinas, da Educação Visual à História, que aqui recapitularam e lhes vai vai permitir, mediante propostas de materiais que aqui lhe são apresentados, criarem Arte.” As palavras, elucidativas, são de Margarida Barbosa, vice-pre- Denominado “LAC – Laboratório de Aprendizagem Criativa”, aponta sidente da Fundação Bienal de Cerveira, e foram proferidas à como objetivo melhorar a qualidade de aprendizagem dos alunos, pro- reportagem da VALE MAIS. Aconteceu durante uma visita que mover o sucesso escolar e reduzir a taxa de insucesso e abandono. esta fez ao projeto recentemente implementado por esta entidade e que abrangerá perto de 1 800 alunos do 9º ano e do ensino secundá- São oficinas constituídas por um conjunto de oficinas temáticas que rio dos Agrupamentos de Escolas de Vila Nova de Cerveira, Melgaço e trabalham áreas como a cultura e a arte contemporânea. Valença ao longo de três anos letivos. 16 www.valemais.pt

Conforme nos foi referido, enquanto ferramenta pedagógica, o projeto depende do tamanho do agrupamento e do número de alunos, assim propõe, através do conhecimento da arte e da experimentação plástica/ tem mais ou menos sessões. Podem ser 22, 28 ou, até, 30 sessões” – criativa, que os alunos adquiram competências na construção da aprendi- acrescentou a vice-presidente da Fundação Bienal de Cerveira. zagem e para o sucesso escolar. Está ainda prevista a elaboração de um guião para os alunos, como ferramenta pedagógica complementar sobre Instada sobre o que os jovens alunos levavam, afinal, dali, Margarida as temáticas desenvolvidas, a realização de exposições com uma seleção Barbosa foi perentória: “Uma experiência bastante diferente. É o contac- dos trabalhos realizados nas oficinas e, ainda, a publicação de uma bro- to com a arte, o puderem criar, o terem liberdade para isso e, de certa chura com o balanço reflexivo sobre a participação das escolas. forma, depois conseguirem ver aplicados os conhecimentos que até já tiveram, de alguma forma, na escola, através das várias disciplinas, da DIMINUIR INSUCESSO ESCOLAR Educação Visual ou da História, que aqui recapitularam nos primeiros 45 minutos teóricos e, depois, lhes vai permitir, mediante propostas de À VALE MAIS, Margarida Barbosa explicou que se está, neste momento, materiais que aqui lhe são apresentados, criarem Arte.” a trabalhar com V.N. Cerveira, Valença e Melgaço, pois foram estes os municípios que adquiriram as atividades à Fundação. “Ofereceram- A responsável adiantou, ainda, que se o LAB é um projeto que se devia -nas aos agrupamentos. Isto faz parte também de um projeto global, a ter iniciado no ano letivo anterior, mas que, por questões burocráticas, só nível nacional, que tenta diminuir o insucesso escolar. É uma forma de agora se iniciou. trazer os alunos para fora da escola e, neste caso, pô-los em contacto com a arte. Todas estas atividades foram pensadas de acordo com as APRENDER INFORMALMENTE aprendizagens essenciais das várias disciplinas dos diversos anos de escolaridade. É uma forma de eles verem aquilo que estudam de uma Lídia Portela é a responsável pelo Serviço Educativo da Fundação e outra forma.” está diretamente envolvida no projeto. À VALE MAIS garante que as vantagens, nesta formação, há uma vantagem enorme. “É um ensino “Uma vez que isto são sessões de hora e meia, possibilita que eles informal. Eles saem da sala de aula, estão habituados a certas forma- façam uma aprendizagem teórica em 45 minutos e, nos outros 45 lidades e, aqui, é diferente. Estão a aprender informalmente matérias e minutos, eles criem a sua própria obra de arte. Em grupo, para ser mais temas, como, por exemplo, as relativas à arte contemporânea, que foram simples, mas, no fim, conseguem ver aquilo que conseguem com a mo- inspirados e produzidos a partir das aprendizagens essenciais e das tivação que lhe foi dada durante o tempo teórico. Isto são várias sessões, metas curriculares que têm de atingir.” www.valemais.pt 17

A responsável adiantou-nos que a intenção era eles terem uma aula de MUITO FIXE arte contemporânea e fazerem totalmente diferente do que têm numa sala de aula. “Aqui tentamos fazer a parte teórica muito interativa, com A reportagem da VALE MAIS esteve numa das ações durante uma visita muitos vídeos e maneiras diferentes de abordar o mesmo tema. Depois, de alunos do 9º ano do Agrupamento Escolar de Melgaço. Falamos com passamos para a parte prática, em que os convidamos a participar e alguns deles. realizar uma obra de arte artística baseada no que estiveram a aprender. Neste caso, na Arte Contemporânea falamos em vários autores e fala- Afonso Oliveira, do 9º A, foi um deles. “Está a ser muito fixe. De manhã, mos numa obra de Tony Kragg. Depois, viemos aqui, a partir dessa obra, estivemos a fazer uma obra de arte com caixas e objetos que tínhamos produzir também uma outra”. dispostos em cima da mesa, que eram poucos, mas fizemos coisas muito porreiras. De tarde, estivemos a ver um power point para saber Lídia sublinhou que foram disponibilizados, aos agrupamentos de escolas mais o que era arte, pop art e outras formas de expressão artística. de V. N.Cerveira, Melgaço e Valença, oito oficinas diferentes: Arte Contem- Estou a gostar muito disto”. Adiantou, ainda, que, na escola, “para história, porânea, Produção e Consumo; Comunicação e Conhecimento; Espaço fizemos um trabalho. Por sorteio, cada um tirou um tema. Uns o surrea- Público/Espaço Privado; Cultura Urbana; Criação Artística e Obra de Arte; lismo, outros o futurismo, a mim calhou-me o fauvismo. Basicamente, o A Arte enquanto Processo; A Arte Acontecimento; e Arte e Vida. tema era pintar coisas do dia a dia. As pessoas quando acordavam, nos transportes, coisas assim.” Relativamente aos alunos e ao modo como eles as perspetivam, uma mais valia ou algo meramente lúdico, Lídia Portela considera que as veem Já quanto ao que, no momento, estava a fazer, um peixe, explicou que, isto como algo essencial à vida. “Quando saímos da parte teórica para a “de um lado, é um peixe mais completo e detalhado. Do outro lado, um prática vão assim um pouco reticentes, com um bocadinho de medo, mas peixe, só com uma parte, mas que dê a entender que é um peixe. Tem a depois, como pode comprovar, não QUEREM SAIR. Estão a trabalhar, a ver com os power points que vimos”. divertir-se, a criar e não querem abandonar. Quase que os temos de os mandar lá para fora. É sinal de que funcionou, que gostam. Acho que Já à sua colega Inês Esteves coube abordar o surrealismo. “Tinha mais eles aprendem melhor assim. Estamos aqui a falar de Arte Contemporâ- a ver com sonhos, ilusão, imaginação. Os principais artistas foram René nea, movimentos artísticos e, de repente, vamos experimentar.” Magritte e Salvador Dali. Tinham obras relacionadas com o sonho e a imaginação”. A responsável reconhece, todavia, que, em 45 minutos, não se consegue explicar tudo. “Mas vamos tentando dar a ideia do que é a Arte contem- Já nesta ida a Cerveira, “tivemos a parte teórica, de manhã, que tinha a porânea e tentamos que eles fiquem com aquele bichinho e que, depois, ver com a arte contemporânea. Depois, a parte prática, tem a ver com por eles, descubram mais coisas e interessem-se pelos artistas. Conta- fazermos uma obra, vários objetos básicos, como caixas, objetos mais mos aqui um bocadinho do trabalho destes, como é o processo criativo do dia a dia. Tínhamos de escolher o maior e, a partir desses objetos, daquele artista, como é que ele chegou à obra, qual é o percurso, falamos colar a outros e fazer como que houvesse algo como uma obra de arte também das nossas obras em acervo ao longo de 40 anos da Bienal – à contemporânea. Da parte da tarde, tivemos outra parte teórica e, agora, volta de 700 obras de arte contemporânea. Que está em constante atua- estamos a construir peixe. Vimos ali uma obra em que surgem vários lização e pode ser visto no museu online da Fundação da Bienal. peixes e cada um projetava água, depois começaram-se a ouvir gotas, ou seja, significava que nós, humanos, não tratávamos muito bem os 18 www.valemais.pt oceanos e, por isso, a água está a esgotar e os peixes também”. Um alerta pertinente, como reconheceu, para as questões ambientais.

Com Diana Sousa, do 9º B, não foi muito diferente. “De manhã, foi o MEXER É DIFERENTE DO QUE ESTAR A OUVIR power point, com uma atividade que defina Melgaço. Com caixa de tintas, fita cola, o termos criatividade. Significa que estamos a aprender José Manuel Gonçalves foi o professor de Educação Visual que acom- o que é a arte, os pintores, o que para eles é arte”. Na escola, escolheu panhou os alunos desde Melgaço para esta ação. Convicto de que isso o dadaísmo. “Não tem a ver muitos com pinceis, é mais á base da cria- acrescenta a eles. “Há uma parte técnica que eles fazem e que não tividade. Gostava de vir cá mais vezes. A arte significa que estamos a podemos explorar muitas vezes nas aulas. Falamos da arte, mas não expressar o nosso dia a dia, o que pensamos. Estamos a expressar isso podemos experimentar. E aqui podem experimentar o que viram. Ou- em desenho, na nossa criatividade.” vem e mexem. E mexer é diferente do estar a ouvir.” Os testemunhos dos jovens estudantes continuam. Tatiana Peres, do 9º C: O docente sublinha mesma que a arte é essencial, mesmo para os “Foi um bom dia. Estamos a divertir-nos muito. Estivemos a fazer peixes e, alunos que não vão seguir a área. “É ter outra visão das coisas. Faz falta agora, o nosso grupo está a fazer um robô com material reciclável. Materiais e está muito maltratada”. Apontando exemplos: “Uma pessoa que mexa que deitamos ao lixo. Arte contemporânea. Viemos até aqui e disseram-nos é mais criativa. Para Português e outras áreas tem de se criativo. É no o que tínhamos de fazer”. Andreia Costa: “Estivemos a ver um power point, experimentar as coisas que se adquirem novas técnicas, novos conheci- a explicar tipos de arte e mostraram-nos um quadro com peixes. Fizemos mentos. Só a arte é que permite. A dança, o teatro, a pintura, a escultura, peixes para o tal quadro. Concluímos-o com materiais que deitamos ao lixo. qualquer arte faz falta” – afere. Podemos utilizar os tais materiais para fazermos outras coisas úteis. A arte traz a felicidade. Pode contar uma história. Para não deitarmos ao lixo coisas Concretizando: “Desde utilizar a arte para a Filosofia, a arte para a que podem ser recicláveis”. Geografia, para a História, está tudo interligado. A bienal escolheu temas que estão no currículo dos garotos. Filosofia, História, Geografia, Visual, Nestes diálogos em que conversamos, de forma aleatória, com alguns Português e línguas. Os programas currículos têm a parte de arte e a dos alunos presentes no ateliê, o último a ouvirmos foi o Rafael Caldas. Bienal fez estes temas, ligando-os também aos currículos dos alunos. “Na aula de Educação Visual, também nas aulas de História relacionadas Não estão a perder tempo, mas a ganhar. Na sala damos a parte teórica, com a arte, em francês, em várias disciplinas... aqui tivemos uma parte aqui dão a parte técnica”. Ressalva, porém, que, ali, houve uma parte teó- introdutória, passamos à prática, acho que adquirimos um bocado de co- rica muito boa: “É como um artista a ser mais rápido e melhor a explorar nhecimento sobre arte e que estamos a aplicar”. O que levas daqui? “Um uma obra que sermos nós a fazê-lo”. bocado de teoria relativamente a correntes pictóricas, como o expressio- nismo e o cubismo, entre outras. Gostei da Pop Arte que estive a apresen- A concluir, referindo-se a uma das obras constantes de um foto que ilustra tar, chamou-me a atenção, e a Arte Contemporânea. Foi uma experiência esta reportagem: “Há aí uma peça, somos de Melgaço, uma escultura com positiva, gostava de voltar. A parte prática foi a que mais gostei.” um castelo, uma garrafa de alvarinho e duas flutes de champanhe. Uma virada e outra em pé. Está giríssimo. Eles venderam Melgaço.” TERESA CARDOSO, LÍDIA PORTELA EwMAwRwGA.vRaIDlAeBmARaBisO.SpAt 19

Reportagem #Ponte de Lima Texto :: Manuel S. ECOVIAS E TURISMO DE NATUREZA EM PONTE DE LIMA Uma moda que é saudável Ponte de Lima já ultrapassou a centena de quilómetros em ecovia e prepara-se para lhe acrescentar mais 25 km. Para o próximo 30 de março está marcada a inauguração da Ecovia da Laranja, ligando a sede deste concelho, pela margem direita, à fronteira com o vizinho Arcos de Valdevez. Está também a ser desenvolvida uma rota dedicada à Mesa dos Quatro Abades e onde também funcionará um Centro de Montanha. Adefesa do ambiente complementa-se com a ruralidade e a bele- za natural do meio envolvente. É moda e é saudável. Promove-se a cultura ambiental, estimula-se a criatividade e sensibiliza-se para hábitos de vida saudáveis. As ecovias do Lima são percursos pedestres que privilegiam o contacto com a natureza e a interpretação do meio ambiente. Junto a rios, ribeiros ou, mesmo, pela montanha, constituem percursos pedonais e ciciáveis, com informação ali mesmo à disposição dos seus utentes. Além da Ecovia da Laranja e da Rota dos Quatro Abades, os bem mais de 100 quilómetros destes percursos pelas terras limianas “distribuem- -se” pelas ecovias das Lagoas, das Veigas e dos Açudes, pelas rotas de Montanha, da Azenha e do Solar, pelos percursos da Água, da Lagoa, da Veiga, das Tapadas, do Carvalhal do Trovela e do Cerquido ou pelo Trilho do Lobo Atlântico. Um conjunto de rotas de maior ou menor dimensão, de montanha e, até, temáticas. 20 www.valemais.pt

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DESCOBRIR LOCAIS RECÔNDITOS A VALE MAIS foi conhecer um pouco das ecovias de Ponte de Lima, trilhos e caminhos rurais agora renovados e que servem para lazer de limianos e visitantes. Poderemos apontar, a título de exemplo, o enquadramento natural único que é possível desfrutar nos trilhos junto às margens do Lima e na Área Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos. Na ecovia que se iniciai junto à ponte medieval da vila, passa pelo Clu- be Náutico e vai até à Área de Paisagem Protegida, pode-se descobrir, ao longo de nove quilómetros, riachos e lugares recônditos entre as vinhas, hortas e pomares. Já na outra margem, a ecovia entre a Capela da Senhora da Guia a Vitorino das Donas passa pelas famosas veigas da Correlhã. Já para desfrutar a natureza e a praias fluviais, uma boa opção é seguir pela ecovia que se inicia na Expolima e segue até S. Martinho da Gandra, passando por S. João da Ribeira e Gemieira. Vítor Mendes, o chefe do Município de Ponte de Lima, é um edil que se orgulha destes projetos que se enquadram na política ambiental da autarquia. “Dentro daquilo que é a nossa estratégia de desenvolvimento, o setor turístico tem uma componente muito importante no concelho. O turismo de natureza, o cultural, o ligado aquilo que é o nosso património rural e ambiental, insere-se nela” – começa por nos referir. “Há já alguns anos demos início à construção de um conjunto de trilhos. Começamos exatamente na área da Paisagem Protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos, onde temos cerca de 20 km de ecovias. Avançamos depois para um conjunto de ecovias nas margens do rio Lima, esquerda e direita, num projeto que se iniciou ainda no âmbito da Valimar [associação de municípios], para fazer a ligação entre os quatro concelhos do Vale do Lima. Faltava apenas esta da Ecovia da Laranja”. Uma candidatura ao Turismo de Portugal, no âmbito do programa Valorizar, aprovada na sua totalidade, permitiu o investimento, na ordem de quase 150 mil euros. “É um traçado magnifico do ponto de vista do enquadramento ambiental, paisagístico, daquilo que também é a nossa ruralidade e, até, muito perto de um conjunto de empreendimentos turísticos de excelência que também queremos promover. O rio Lima é o ecossistema mais importante que atravessa o nosso território” – garante. O autarca fala, também, de trilhos em que se construíram e outros que estão em candidatura. “São mais de 100 km de trilhos e de ecovias que temos no nosso concelho que passam por locais magníficos do ponto de vista daquilo que é o nosso património… e também religioso, basta pensar no Caminho Português de Santiago que passa por Ponte de Lima. 22 www.valemais.pt

Isto para além de um conjunto de pistas que temos adaptadas ao BTT Temos um conjunto de protocolos com vários municípios do outro lado com dois núcleos fundamentais: o Bike Park da Serra d’Arga, localiza- da fronteira, Região Autónoma da Galiza, Turismo da Galiza e muitas do na freguesia de Estorãos, que é uma pista onde treinam os grandes empresas do setor privado.” campeões europeus e mundiais e se realizam provas de âmbito nacional e internacional; e, estamos agora a desenvolver uma grande Nesse sentido, garante existir um crescente número de empresas rota dedicada à Mesa dos Quatro Abades e onde também se situará ligadas à animação turística. “Temos aqui também uma outra vertente o Centro de Montanha, já que tem também ótimas condições para a que não tem a ver com os percursos verdes, mas com os azuis. É o prática do BTT.” aproveitamento das nossas linhas de água, nomeadamente, no caso do rio Lima, com a prática da canoagem, onde temos registado um enorme QUATRO ABADES E CENTRO DE MONTANHA sucesso com o Clube Náutico de Ponte de Lima. Temos também, cada vez mais, estrangeiros a participarem nestas atividades devidamente Falando do projeto dos Quatro Abades. “Vai incluir um conjunto de trilhos organizadas com muita qualidade, associadas também a empresas que procurando também aproveitar alguns dos já existentes. Procurando efetuar fazem desta uma área de negócio que é cada vez mais rentável.” a sua promoção e a colocação de sinalética. Será na zona de influência das freguesias confrontantes com a Mesa dos Quatro Abades. Na freguesia Na capital do Turismo de Habitação, seria inevitável não falar das prá- do Bárrio, ficará o Centro de Montanha, de apoio ao BTT. Aliás, já tem sido ticas destas atividades ligadas à natureza por parte dos clientes deste. efetuadas algumas provas de âmbito nacional e internacional, é uma área, “Temos aqui aqui grande parte dos solares que praticam essa moda- quer os percursos pedestres, quer de BTT, que têm registado um aumento lidade de alojamento; há também cada vez mais alojamento local, na significativo nos últimos anos. É um fator de dinamização destes territórios área urbana e nas rurais, turismo no espaço rural, mas mesmo outras de baixa densidade. Hoje vem muita gente ao nosso concelho para procu- unidade de alojamento, de outras modalidades, aproveitam todas estas rar essas experiências. É um projeto que está na fase final de aprovação, infraestruturas que temos e constituem, no fundo, mais uma oportu- irá ser implementado durante este ano. Depois terá também uma outra nidade e uma experiência que é dada aqueles que nos visitam e ficam componente, a da valorização das nossas aldeias de montanha.” alojados durante alguns dias no nosso concelho.” Observa, porém: “É importante que haja aqui um investimento do setor “CADA VEZ MAIS privado para rentabilizar este investimento público, nomeadamente em ESTRANGEIROS, unidades de alojamento. O Município já deu o exemplo nos últimos anos, re- FUNDAMENTALMENTE, qualificando e dando um outro destinos às escolas do 1º ciclo que, entretan- DA NOSSA VIZINHA to, foram desativadas e hoje se constituem como unidades de alojamento de qualidade. É um trabalho que temos feito com enorme retorno.” GALIZA\" E acrescenta: “Temos também um centro dedicado ao desporto de NADA DE ARTIFICALISMOS aventura, na Quinta Pedagógica de Pentieiros, que está concessiona- do. Existe também um outro Centro Aventura na freguesia da Facha; Relativamente a questões que, às vezes, se colocam relativamente à ilu- enfim, é toda uma dinâmica que se tem criado ao longo desta temática minação das ecovias, o edil lembra que são trilhos de natureza. “Portan- e que é procurada cada vez mais porque é turismo de qualidade, ligado to, ninguém vá pensar que agora vamos ter trilhos iluminados. Podemos ao ambiente e à natureza. Obviamente que essa é uma aposta forte do ter, eventualmente, um ou outro mais na área urbana, há os que passam Município de Ponte de Lima, como, aliás, de outros do Alto Minho.” exatamente por esta, mas não vamos, na zona de montanha, ter trilhos iluminados. O que se pretende é que sejam o mais naturais possível. Questionado sobre os habituais frequentadores destas atividades, Vítor Nada de artificialismos e, acima de tudo, pensar que estas infraestru- Mendes garante que são da região e, mesmo, um pouco de todo o país. turas têm de ser mantidas. Também há quem pense que um caminho Todavia, há “cada vez mais estrangeiros e, fundamentalmente, aqui da municipal tem de estar perfeitamente limpo. Não! Tem é de estar em nossa vizinha Galiza. Daí que essa também tenha sido uma política do condições, nomeadamente de segurança, mas enquadrado naquilo que Município num turismo de proximidade com o país vizinho, no âmbito é a natureza. E, portanto, têm de ser coisas absolutamente naturais.” de um conjunto de projetos de cooperação transfronteiriça que se têm tomado bastante produtivos. A terminar, o autarca deixa, ainda, mais uma nota. “Quando estamos a falar de percursos pedestres, de pistas para o BTT, naturalmente que aproveitamos um conjunto de trilhos que já existem. O que fazemos é requalifica-los, limpá-los, colocar sinalética, de acordo com o regulamento municipal aprovado para os mesmos. E, naturalmente, promo- vê-los. Nós não construímos trilhos novos. Eles existem. É preciso pô-los à disposição daqueles que nos querem visitar. Quando falo em mais de 100 km são os que estão devidamente sinalizados, promovidos, têm um con- junto de informações que fazem parte do nosso regulamento e prontos a utilizar. Com informações em sites e brochuras, porque isso é que é prestar um serviço de qualidade para quem gosta de turismo de natureza.” www.valemais.pt 23

Reportagem #Paredes de Coura Texto :: Manuel S. TRIBUNAL PASSA A JULGAR “TODO O TIPO DE CAUSAS” Em Paredes de Coura, o tribunal, MAPA JUDICIÁRIO que chegou a estar fechado, acaba de passar a “juízo de competência O Conselho de Ministros aprovou, a 24 de janeiro, um decreto-lei genérica”, não se limitando a “matéria que altera o mapa judiciário, criando, pois, mais juízos especializados cívica ou criminal”, podendo julgar em algumas regiões do país onde a oferta era “insuficiente”, anun- “todo o tipo de casos”. ciou a própria ministra da Justiça. O tribunal de Paredes de Coura esteve Francisca Van Dunem. em conferência de imprensa, considerou que encerrado três anos, por alegada falta a reforma visou aumentar \"o número de tribunais especializados” e de procura, mas reabriu em janeiro “o número de juízos especializados” nos locais “onde se percebeu de 2017, como juízo de proximidade e que a oferta era manifestamente insuficiente”. após obras de beneficiação de cerca de 50 mil euros. O decreto-lei cria, ainda, juízos de comércio em “várias circuns- crições onde se percebeu que as questões relacionadas com o mundo empresarial e as necessidades das empresas o justifica- vam”, disse. Por outro lado, “criou-se também juízos de instrução criminal”, acrescentou. 24 www.valemais.pt

As alterações passaram também pela articulação “com os conse- COMUNIQUE lhos superiores das magistraturas, com os órgãos de gestão das comarcas e também muito trabalhado com as autarquias”. com os seus clientes REFORÇO DE QUADROS DIVULGUE Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o decreto-lei os seus serviços “estabelece o reforço” dos quadros de juízes e magistrados do dando visibilidade Ministério Público “tendo em conta a criação de novos juízos e do a sua empresa desdobramento dos já existentes”. FAÇA CRESCER O decreto-lei constitui, explicou a governante, o “segundo passo” da “intervenção corretiva” que o Governo decidiu em 2016 na sequên- o seu negócio cia de uma avaliação ao mapa judiciário e que “se traduziu basica- publicitando mente na reabertura de todos os tribunais encerrados” e na “possi- os seus produtos bilidade de serem realizados julgamentos em matéria penal, desde e serviços que ao crime correspondesse uma pena até cinco anos”. PEÇA ORÇAMENTO REFORÇO DA ESPECIALIZAÇÃO [email protected] Uma nota informativa do Ministério da Justiça (MJ) salienta que o 00351 925 987 617 “reforço da especialização” concretiza-se através da criação de juízos em matéria de comércio, família e menores, do trabalho, de instrução sem compromisso criminal e de execução, verificando-se, ainda, o desdobramento de www.valemais.pt 25 atuais juízos de competência genérica em juízos especializados. Desta forma, passa a existir o Juízo Misto de Família e Menores e do Trabalho da Praia da Vitória (Açores), Juízo de Família e Menores da Maia, Juízo de Comércio de Lagoa, Juízo de Comércio de Viana do Castelo, Juízo de Comércio de Vila Real, Juízo do Trabalho de Almada, Juízo de Instrução Criminal do Seixal, Juízo de Instrução Criminal da Amadora, Juízo de Pequena Criminalidade de Cascais, Juízo de Execução de Valongo, Juízo Local Cível e Juízo Local Crimi- nal de Santa Cruz, Juízo Local Cível de Vila do Conde e Juízo Local Criminal de Póvoa de Varzim (agregação com o Juízo Local Criminal de Vila do Conde). São ainda criados o Juízo Local Cível e Juízo Local Criminal de Grândola (agregação com Santiago do Cacém), Juízo Local Cível e Juízo Local Criminal de Santiago do Cacém (agregação com Grân- dola), Juízo Local Cível, Juízo Local Criminal de Ponte de Lima, Juízo Local Criminal de Arcos de Valdevez (agregação com Ponte da Barca) e Juízo Local Cível e Juízo Local Criminal de Peso da Régua.

Reportagem #Galiza Texto :: Manuel S. A autarquia da raiana Salvaterra de Minho anunciou que vai instalar uma piscina ecológica de dimensões olímpicas, de 50 por 25 metros, o que representa cerca de 1.250 metros quadrados de área habilitada para o banho, nos meses e verão. É– assevera - a primeira piscina ecológica na Galíza, com água Desta forma, a autarquia pretende que a piscina ecológica seja natural, não tratada como em piscinas convencionais que uma nova atração para visitar a vila de Salvaterra, inclusive com podem produzir intolerâncias nos banhistas. frequentadores da área de Vigo. Além disso, lembra, a ponte internacional que a liga a Monção é percorrida diariamente por 10 Ficará instalada na margem direita do rio Minho, próxima das mil veículos. instalações desportivas e das piscinas municipais. Esta plataforma flutuante permite o banho no mesmo rio Minho a moradores e A autarquia refere que espera que, deste modo, a zona tradicional visitantes e é complementar com a área próxima de relva da mar- de banho, junto às instalações desportivas, as piscinas munici- gem do rio onde se pode tomar sol e relaxar. pais e do parque de A Canuda, com piscina ecológica seja mais frequentadas. O banho no rio Minho será assim mais seguro e Para limitar a área de banho do rio Minho, coloca-se uma plata- agradável. forma removível feita de cubos flutuantes em todo o perímetro. A zona de banho está ligada a terra por um corredor do mesmo ma- Tentamos, sem êxito, obter mais esclarecimentos da autarquia terial com seis metros de comprimento e três de largura. Na borda salvaterrense. Pretendíamos, nomeadamente, saber do montante da estrutura da plataforma são instalados corrimões de um metro do investimento, se a utilização será livre ou implicará o pagamen- de altura, colocando cabos de nylon entre eles para delimitar o to de um bilhete e se a intenção é a de que a estrutura fique em perímetro e evitar que se caia na água. Salvaterra e seja montada todos os anos. A área de banho está disponível de junho a setembro. Terminada Refira-se, ainda, que o atual alcalde, Arturo Grandal Vaqueiro, a temporada de verão, e antes que comecem as inundações do anunciou, recentemente, que não se ia recandidatar ao cargo, rio, a instalação será desmontada. após 40 anos em funções, conforme já se previa! As eleições estão previstas para maio próximo e o PP, força política pela qual, O Município de Salvaterra solicitou a autorização da Confederação ultimamente, aquele foi eleito, deverá candidatar Marta Valcárcel, Hidrográfica do Minho-Sil. atual teniente de alcalde. 26 www.valemais.pt

Reportagem #Melgaço EM ÁGUA E SANEAMENTO Texto :: Manuel S. MELGAÇO COM UM DOS MAIORES INVESTIMENTOS NO ALTO MINHO População coberta com 100% na rede de água e 93% na de saneamento no final do ano Até ao final deste ano, Melgaço deverá ficar com cerca de 100% da população coberta por rede de abastecimento de água e perto de 93% pelo sistema de recolha de saneamento. Nesse sentido, espera concluir os 14 projetos que tem implementados. A garantia foi dada à VALE MAIS pelo presidente da Câmara, Manoel Batista. www.valemais.pt 27

No passado mês de janeiro, foram inauguradas as obras de requalifi- O preliminar inclui dois sistemas de gradagem para remoção de sólidos cação da ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) da Zona grosseiros e finos e um desarenador/desengordurador. Já o primário Industrial de Penso. Um investimento próximo de 650 mil euros, com passa pela homogeneização do efluente, correção do pH e nutrientes. quase 552 mil vindos dos Fundos Europeus Estruturais (fundos de O secundário é Biológico Aeróbio por lamas biológicas em modo SBR coesão), através do Portugal 2020. Um ato que registou a presença num reator com capacidade total para tratamento de 500 m3/dia de do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins. Este destacou a efluente, enquanto o terciário é constituído por um leito de areia de fluxo importância do empreendimento, considerando-a mesmo “uma obra ascendente. que traz fixação de empresas que darão ao Município e às infraestru- turas municipais uma oportunidade de parceria e de resolver bem os EM PAÇOS ESTÁ O SISTEMA TODO compromissos ambientais”. À VALE MAIS, Manoel Batista referiu que, na visita do membro do O membro do Governo salientou ainda os avanços que registados nesta Governo, procurou dar nota do estado da evolução de um conjunto de área, nos últimos anos, designadamente em Melgaço, onde tinha estado em investimentos que o concelho está a efetuar no ciclo urbano da água. 2017, então a presidir às comemorações do “25 de Abril” neste concelho. “Candidatamos, há perto de três anos, 14 projetos na área do círculo Carlos Martins falou, agora, das boas propostas municipais e do traba- urbano da água. Foram aprovados e estão todos, neste momento, imple- lho de equipa, de que Melgaço é exemplo, mas também da situação no mentados ou em fase final de implementação. Quisemos dar nota disso país, bem como do aproveitamento dos fundos europeus. No último ao secretário de Estado e, portanto, antes de vir aqui inaugurar estar triénio foram construídas perto de 300 novas ETAR’s no país e isso ETAR, fomos à freguesia de Paços, onde está o projeto mais dispendioso permite já o tratamento de 90% da água. Aliás, aludindo à sua vida e volumoso de estabelecimento da rede. Fomos fazer uma visita para profissional nesta área, referiu que, há 40 anos, a cobertura era só de ver como está a obra” – explicou. 3% e hoje já anda, pois, pelos 90%. O edil considera mesmo que se trata de um dos maiores investimentos, O equipamento agora inaugurado veio solucionar problemas relaciona- nesta área, no Alto Minho. “Melgaço conseguiu, assim, um importante dos com a falta de capacidade da antiga ETAR. Permite um tratamento apoio no fundo de coesão. Foram mais de 2 milhões e 200 mil euros”, de tipo biológico aeróbio por lamas ativadas, em modo descontínuo enfatizou. sequencial (SBR), conforme nos foi referido. O sistema é constituído por tratamentos preliminar, primário, secundário e terciário. Batista explica que é em Paços, marginal do rio Minho, que “está” o sistema todo. “Estamos a colocar 12 km de condutas e a fazer todo o sistema de saneamento. Visitamos também o espaço onde vai ser colocada a ETAR de Paços. Embora ainda lá não esteja o equipamento, já está lá preparado o espaço para o receber”. 28 www.valemais.pt

Manoel Batista mostrou-se convicto de que, no final do corrente ano QUEIJO DE CABRA de 2019, este equipamento e esta rede esteja pronto a arrancar no seu funcionamento. “Com a conclusão da rede de saneamento em Paços, O Leite dos Nossos Animais todos este conjunto de projetos ficam terminado”, garantiu. QUEIJO DE CABRAFelizes, Saudáveis e cheios de Energia, é a base de tudo ZONA EMPRESARIAL DE ALVAREDO o que fazemos. mAaFteaesliutznéeaçrsãiea,oSx-cpaqeurucidmeioáadOnvaaepLmileseqroeiuftseoeacihltadiqdaeoouaisposedsaNNefrdaooaéezsseossoEmosonsrsmoeeAsrAsag.nuinisialmitmda, éaedailoaisiscbidoeaosscoceosundQidseutaiettduuiojdioaeos. Entretanto, existe já um trabalho preliminar com vista ao plano da A sua eCxcOeMciPonRaOl VqEuaNliUdaMdAeLéOoJrAesPuEltRaTdOo DdEo ScuI!idado e urbanização da futura zona empresarial de Alvaredo. Uma proposta atenção que damos aos Nossos Animais e constitui a aberta à participação pública até 14 de março. Até lá, a população tem maPRtAéDrOiaSD-EpMrEimLGAaCOper| fWeiWtaW.pPRaArDaOSoDsEMmELaGiAsCdO.ePTlicio| sToLFs. 2Q51u4e14ij0o9s3. oportunidade de apresentar as suas sugestões e solicitar informações sobre o processo. COMPROVE NUMA LOJA PERTO DE SI! O principal desiderato é implementar um novo polo de dinamização PRADOSDEMELGACO | WWW.PRADOSDEMELGACO.PT | TLF. 251 414 093 empresarial , visando a qualificação da estrutura produtiva e o aumento da competitividade empresarial do concelho. “Estamos a trabalhar já há uns meses no sentido de alavancar, fazer, preparar esse projeto da nova zona industrial” – referiu-nos Manoel Batista. \"O PRINCIPAL DESIDERATO É IMPLEMENTAR UM NOVO POLO DE DINAMIZAÇÃO EMPRESARIAL, VISANDO A QUALIFICAÇÃO DA ESTRUTURA PRODUTIVA E O AUMENTO DA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL DO CONCELHO\" Em finais de janeiro, na sede da Junta de Freguesia de Alvaredo, de- correu mais um momento de apresentação pública daquilo que são os trabalhos efetuados até ao momento, o estudo prévio para a aludida zona industrial. “Respeitando o compromisso que tenho com a popula- ção desta freguesia, de apresentar como está o estudo prévio para ela dar também o seu parecer” – explicou-nos “Continuamos a trabalhar para que, no final deste ano, tenhamos concluída e aprovado esse projeto com o respetivo estudo de impacto ambiental da zona industrial”- adiantou o autarca. Esta vai situar-se mesmo numa área perto do riacho que divide Penso e Alvaredo. “É uma nova zona industrial que queremos para Melgaço, achamos importan- te” – considerou. A área de implantação anda pelos 20 hectares, mas terá uma zona de construção de equipamentos industriais na ordem dos 12 hectares. Quanto á conclusão, o chefe do município melgacense não quer assumir compromissos. “Estamos numa fase de projeto, é fundamental tratar- mos do financiamento, quero que os organismos de tutela, nomeada- mente os regionais, assumam este projeto como prioritário. Depois, então, faremos o resto do percurso” – observou. Ressalvou, porém, que “estas coisas são investimentos muito altos, não se conseguem rapidamente implementar”. “Julgamos que estamos no bom caminho. Fazer o trajeto certo para que implementemos o mais rápido possível”- concluiu. www.valemais.pt 29

Reportagem #Alto Minho Texto :: Manuel S. COMÉDIAS DO MINHO “Velocidade de cruzeiro” numa “viagem” As Comédias do Minho têm 15 anos e estão em “velocidade de cruzeiro”, refere o presidente da Direção, Vítor Paulo Pereira, também edil de Paredes de Coura. Acrescentando que, com eles, a CIM (comunidade intermunicipal) cultural iniciou-se antes da CIM política. MUSEU E RÁDIO SÃO NOVOS PROJETOS “A equidade é um pilar fundamental”, sublinham os responsáveis. Entretanto, a diretora artística, Magda Henriques, anuncia próxi- Os seus eixos de ação desenvolvem-se através da companhia de tea- mos passos que passam por um museu e uma rádio, ambos no tro e dos projetos pedagógico e comunitário. Nela trabalha, de forma espaço “cibernético”. direta, uma dezena de pessoas, incluindo quatro atores e responsá- veis da direção, produção, projeto pedagógico e comunicação. As Comédias do Minho é um projeto que se apresenta como uma rede cultural de cinco municípios do Vale do Minho – Melgaço, Os atores residentes da companhia de teatro trabalham com os Monção, Valença, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura, grupos de amadores dos cinco municípios, além de serem uma estando sedeado neste último – mas que faz questão de que a sua parte significativa do elenco das criações que circulam, entretanto, atividade se desenvolva por todos eles. ao longo do ano pelo território dos mesmos. 30 www.valemais.pt

VIAGEM A programação é, pois, vasta e inclui também as componen- tes dos projetos comunitário e pedagógico. Este terá, nas suas “Se estamos num aeródromo a fazer o lançamento, não é por diversas atividades, a colaboração de criadores como Sonoscopia, acaso. Em 2019 continuamos a nossa viagem em torno de uma Catarina Requeijo, Rita Pedro, Catarina Santos e Ricardo Casaleiro. ideia de Justiça. Este é o segundo ano, de quatro, a que nos dedi- camos a olhar e a trabalhar sobre esta ideia, a partir de diferentes ESPAÇOS NÃO CONVENCIONAIS perspetivas”, garante Magda Henriques que, em outubro de 2016, substituiu João Pedro Vaz na direção artística. Uma das notas das Comédias do Minho é o estar em pequenos espaços, com a cenografia sóbria e a proximidade com o público. A apresentação pública da programação para este ano ocorreu no últi- Todavia, questiona-se, será que este, por sua vez, entende sempre mo dia de janeiro e efetuou-se, na realidade, no Aeródromo de Cerval, o que lhe é apresentado. situado nos limites do concelho de V. N. Cerveira com o de Valença. Numa das gares do mesmo, o cenário foi montado para todos se senti- “Primeiro que tudo, este projeto foi criado pelo desejo de cinco rem “a bordo” na viagem, proposta em torno da ideia da justiça. presidentes de Câmara que se juntaram e pensaram que, depois das ditas necessidades básicas garantidas, era preciso criar uma compa- “No que diz respeito à companhia, vamos estrear dois espetácu- nhia de teatro que levasse este às aldeias. Por isso, na verdade, uma los. Um deles com o Teatro do Vestido (que se chama “Paisagem das dimensões do mesmo precisa de ter em conta essa particularida- com Pessoas” e vai até julho) e parte de um livro de José Sarama- de que é circular por espaços não convencionais. Por isso, mesmo em go, Viagem a Portugal”, anuncia-nos Magda Henriques. Neste se termos de cenografia, de figurinos e de adereços, tudo tem de ser cruza a história oral, o trabalho etnográfico e autobiográfico. pensado em função dessa especificidade”, refere a diretora. Entretanto, o segundo espetáculo, com o Teatro Meridional, é Já quanto às pessoas, “relativamente a perceberem ou não as Co- apresentado a partir de novembro e tem, como título, ‘Ca Minho’. médias, confesso que, para mim, não é uma questão. A arte faz-se, “Parte, também, de alguma forma, de uma viagem pelo território seja aqui ou noutro sítio qualquer, e ela é entendida de maneiras e pelo país”, revela, explicando que “esta criação entronca no Pro- diferentes por pessoas diferentes. Aqui, como em qualquer outro jecto Províncias, desenvolvido desde 2003 pelo Teatro Meridional, sítio, uns estarão mais próximos de alguns dos espetáculos, outros e viajará pelo Vale do Minho, no circuito habitual das Comédias menos. Mas isso faz parte, também, do respeito pela diversidade”. do Minho, e Lisboa, onde fará uma temporada”.   No entanto – observamos – existe sempre uma tentativa de comu- “Por isso, a viagem está aqui muito explícita, mas ela serve-nos nicação que pode ou não funcionar. também de mote, de uma forma mais subtil, para nos referirmos à viagem que cada um de nós faz ao longo da vida”, afere a respon- “Isso é inerente à própria criação artística. A arte pode ou não co- sável pela direção artística. municar melhor e há momentos em que isso acontece de uma for- ma mais empática e abrangente, consegue chegar a mais gente, e A merecer, ainda, referência, a 9ª edição do FITAVALE - Festival há outras situações que chega a menos. Mas isso são os processos Itinerante de Teatro de Amadores, entre 17 e 19 de maio, em es- que são próprios do fazer da arte”, contrapôs a responsável. paços dos cinco municípios. Trata-se do momento em que os gru- pos amadores apresentam o trabalho desenvolvido ao longo do Uma das particularidades das Comédias do Minho, é que, para os ano com os atores das Comédias. São eles Os Simples (Melgaço), seus espetáculos, os bilhetes são sempre gratuitos. Grupo de Teatro de Amadores do CTJV (Monção), TAC (Paredes de Coura), VerdeVejo (Valença) e Outra Cena (V.N. Cerveira). www.valemais.pt 31

“É uma opção nossa e essa também é possível porque temos o “Está em velocidade de cruzeiro. As pessoas sentem e gostam do apoio da DGArtes, do nosso mecenas (Ventominho), da Caixa Agríco- projeto. Até diria que o amam. O que, antigamente, era comum la e dos municípios. Mas é uma opção. Porque, ainda assim, podería- era o território comprar projetos culturais, estes realizavam-se de mos cobrar bilhetes, mas a opção é que isso não aconteça para que a forma efémera e acabavam. Este é um projeto cultural, artístico e dificuldade no acesso não se prenda com uma questão financeira”. criativo que vive no meio das pessoas, implica-as e elas acabam por participar nele. A cultura também é conhecimento. Hoje em MUSEU E RÁDIO dia sabemos que, no domínio das emoções, estas são fundamen- tais, e, até no projeto educativo que as Comédias desenvolvem As Comédias do Minho preparam, ainda, novos projetos. Magda com as escolas, queremos que os miúdos sejam competentes do Henriques não quer ainda deter-se muito para falar deles. ponto de vista curricular e escolar, mas também queremos que se- jam desenvolvidos e estimulados do ponto de vista da criatividade “Mas atiro já duas sementes. São o museu (digital) e a rádio e da arte. As Comédias do Minho fazem isso de uma forma, diria, (também digital) que estamos também a criar e com o desejo que ternurenta e invisível” – refere. possamos criar relações com rádios locais. Mas tudo isso ainda está na semente… e não queria desenvolver.” “O trabalho deles parece que é invisível, mas traz muito retorno para o território. É um projeto que implica as pessoas. Idosos, “De qualquer modo, posso dizer-lhe que, quer a rádio, quer o jovens, crianças, toda a comunidade, Ao implicá-las cria uma museu, vão ter uma relação muito estreita e deseja-se que sejam empatia. Toda a produção teatral, artística e cultural é mais consis- projetos que não só sirvam para preservar a memória, mas que tente porque as pessoas participam nos próprios projetos cultu- também sejam contextos ativos de reflexão e, sobretudo, partici- rais”, acrescenta, rematando que “trouxeram ao território foi uma pação ativa, que sejam tidos como espaços de cidadania e onde espécie de universidade invisível, de viagem maravilhosa, em que as pessoas possam ter voz. Quer a rádio, quer o museu, o desejo o caminho é feito por atores e pelas pessoas que nele vivem”. é que sejam construídos a partir das vozes deste território e para além deste. Recusamos qualquer noção paroquialista deste proje- CIM CULTURAL ANTES DA CIM POLÍTICA to. É daqui que partimos, mas é num diálogo sem fronteiras que nós queremos” – acrescenta, para, questionada, concluir: O também presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura considera que, às vezes, há laboratórios criativos que são impor- “Está a começar. Estará mais definido… provavelmente daqui a tantes em que a política também pode beber. um ano. Já estamos a começar a fazer algumas experiências.” “Quando cinco municípios se unem junto de um projeto cultural VÍTOR PAULO PEREIRA :: e conseguem obter sucesso e êxito, em que aquele é sentido e é PROJETO QUE VIVE NO MEIO DAS PESSOAS propriedade dos cinco, sem egoísmo, naturalmente que estavam aqui criadas as condições para que, depois, a CIM até fosse mais Vítor Paulo Pereira, presidente da direção da Direção das Co- fácil” – garante. médias do Minho - Associação para a Promoção de Actividades Culturais no Vale do Minho - está otimista com o trabalho desen- E deixa uma observação: “Há coisas que muitas vezes acontecem volvido e aquele que já está planeado. no âmbito cultural e que são laboratórios e experiências que po- dem ser replicadas na política”. 32 www.valemais.pt

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Reportagem #Ponte da Barca Texto :: Manuel S. PONTE DA BARCA Ex-vice regressa ao ensino e pelouros são redistribuídos A ex-vice-presidente da Câmara de Ponte da Barca anunciou ter formalizado o regresso à Escola Secundária do concelho, onde é professora, depois de ter sido informada da retirada de pelouros que detinha. Maria José Gonçalves confirmou ter formalizado, a 28 de janeiro, o “retorno” à escola, onde é professora da História. 34 www.valemais.pt

A vereadora disse ter tido conhecimento oficial, nesse dia, do despacho da REVISTA VALE MAIS Câmara nesse sentido. “O presidente da Câmara já me tinha comunicado, na semana passada, verbalmente, essa intenção”. JORNALISMO Maria José Gonçalves, de 55 anos de idade, detinha também as pastas da DE REFERÊNCIA Educação, Desporto, Apoio Social, Arquivo Municipal, Toponímia e Trans- portes. Agora, devolve responsabilidade de pelouros, passando a uma qualidade vereadora sem qualquer um destes a seu cargo. prestígio Em comunicado publicado no portal na internet da Câmara Municipal, Numa altura em que os mass media vivem referência datado de 25 de janeiro, a autarquia liderada por Augusto Marinho justifica a decisão de cessação das funções de Maria José Gonçalves como verea- tempos difíceis, a VALE MAIS consegue dora em regime de tempo inteiro com a “pública desarticulação política”. afirmar-se, consolidar-se e distinguir-se. Prestigiou-se e prestigiou o jornalismo, “Para uma melhor operacionalização do executivo municipal nas várias marcou a diferença, tem agenda própria e, com áreas de governação autárquica, tornando-o simultaneamente mais ela, tornou-se um marco de referência que a eficiente do ponto de vista dos recursos financeiros, o presidente da Câ- distingue no panorama da Imprensa. mara Municipal aceitou o pedido abnegado de suspensão do mandato do vereador José António Ribeiro da Costa, pelo período de 180 dias”, EXCLUSIVOS acrescenta o comunicado. Entrevistas e Reportagens Face a estas alterações, a “redistribuição de pelouros” será comunicada Realizamos entrevistas e reportagens numa na próxima reunião camarária, que deverá decorrer a 7 de fevereiro. Mais para o final deste mês, o assunto deverá ser também alvo de discussão agenda própria que muito nos prestigia. em Assembleia Municipal. O ORIGINAL EM GOZO DE FÉRIAS É SEMPRE MELHOR QUE A CÓPIA À Lusa, em finais de janeiro, Maria José Gonçalves referiu que, antes de deixar as instalações camarárias, falou com o presidente da Câmara, A Vale mais tem feito um jornalismo de referência ao divulgar para lhe dizer “olhos nos olhos o chorrilho de coisas que estavam por várias situações em que acaba por ser seguida por outros dizer”. Adiantou, ainda, estar em gozo de férias para “descansar da orgãos de comunicação. Alías, idênticas situações se pasam violência incrível” a que disse ter sido sujeita em cerca de um ano de com a nossa linha gráfica. mandato autárquico. opinião reportagens secções entrevistas “Fui sensata, mas agora é a minha dignidade e a verdade que está em jogo e, por isso, se estiverem reunidos os pressupostos e com susten- revista valemais tação jurídica, agirei judicialmente [contra o chefe do Município] sem Numwqwuwio.vsaqlueempaeirst.optde3s5i qualquer problema. E disse isso mesmo ao senhor presidente”, referiu. Entretanto, o PS barquense exigiu à maioria PSD na Câmara um com- portamento de “responsabilidade, estabilidade e verdade” face a “nova reviravolta” na composição do executivo municipal, Em seu entender, o presidente da câmara “deve uma explicação clara e ine- quívoca aos barquenses sobre o que, efetivamente, se passa com o executivo municipal e sobre as verdadeiras razões das constantes trapalhadas que mancham o bom nome e a dignidade do concelho”. Em reunião ordinária do executivo camarário, a 10 de janeiro, o presidente da edilidade barquense anunciou a nomeação de um dos três eleitos do PS como vereador a meio tempo na maioria PSD e a introdução de rotativida- de na vice-presidência, até aí desempenhada por Maria José Gonçalves. Em outubro, a então vice-presidente da autarquia absteve-se na votação do orçamento para 2019. Esta foi, porém, viabilizado pelo vereador do PS Inocêncio Araújo, agora em funções a meio tempo. Este, já na qualidade de funcionário da autarquia, foi, em janeiro, foi, recentemente, promovido de encarregado operacional a técnico superior na mesma. Já a estrutura concelhia do PS tinha, em dezembro, pedido, ao conselho de jurisdição da federação distrital, a sua expulsão do partido.

Opinião Texto :: Manuel Pinto Neves A PAZ NO MOVIMENTO ROTÁRIO No ano de 1900, nascia o genial Louis Armstrong e um jovem, Paul Harris, abria, na cidade de Chicago, um escritório de advocacia. Porém, ao ver-se demasiado só, começou a sentir a falta de um A Humanidade tem conduzido a civilização através de intermi- círculo de bons amigos. Teve, então, a ideia de formar um clube náveis e sinuosos caminhos e, agora, vê-se perante a ameaça de que lhe trouxesse o espírito da amizade. terríveis perigos. E, aqui chegados, pergunta-se: haverá alguma forma de vencer a corrente que nos arrasta para a destruição? A 23 de Fevereiro de 1905, Paul Harris reunia com três amigos e ex- punha-lhes a ideia que fervilhava na sua mente. Foi assim que nasceu O Movimento Rotário aponta-nos, concretamente, sete caminhos o Rotary como movimento de esperança, que tinha como objectivo para a Paz! inicial a melhoria do conhecimento dos homens através da solidarie- dade e da paz. O 1º é o do Patriotismo: “Os seus interesses irão além do patrio- tismo nacional e compartilhará da responsabilidade para No momento em que o Mundo se revolve drama- a melhoria da (…) paz internacional (…)”; ticamente em constantes conflitos, é tempo de reflectir sobre a “Paz”. O 2º é o da Conciliação: “Procurará en- contrar e desenvolver bases comuns para Ao abordar este tema, relembro a frase de uma criança: “a Paz é os chegar a um acordo com os povos de meninos do mundo inteiro, numa outras nações”; eira cor de mel, toda cheia de luz, de mãos numa roda”, O 3º é o da Liberdade: Defenderá ou divago e escrevo que pela (…) a lei e a ordem para preservar o estrada aberta e longínqua a direito do indivíduo de sorte a que criança, agora homem, avan- ele possa desfrutar da liberdade de çava olhando o sol cada vez mais enevoado. Do outro lado pensamento, palavra e reunião (…)”; do mar as ondas arrancavam reflexos pálidos na areia repleta O 4º é o do Progresso: “Apoiará de outros homens, esperando. a acção orientada no sentido de Então, estendeu as mãos para eles melhorar os padrões de vida de e sentiu-lhes os dedos ansiosos roídos todos os povos, compreendendo que pelo tempo perdido, e gritou-lhes que a pobreza em qualquer lugar ameaça era tempo de sacudir o pó da indiferença que a prosperidade em todos os lugares”; lhes tolhia as acções. Foi então que sentiu no céu, anunciando uma primavera em pleno inverno, um O 5º é o da Justiça: “Sustentará os princí- cântico de esperança imensa. Acreditou que tinha chegado a pios da justiça para com a humanidade, reconhe- hora de cumprir uma missão admirável: contribuir para que a Paz cendo que são fundamentais e de cunho universal”; deixasse de ser um sonho. O 6º é o do Sacrifício: “Esforçar-se-á sempre para promover a paz A Paz ancora-se em cada um de nós que tenha um Ideal de Servir. (…) e estará disposto a fazer sacrifícios por esse ideal”; Gente a quem se pede que seja capaz de abrir as portas que levem a encará-la como uma coisa que se vive, como um momento de O 7º é o da Lealdade: “Promoverá e cultivará um espírito de quase Absoluto. compreensão das crenças dos outros homens (…), reconhecendo certos padrões morais e espirituais (…). 36 www.valemais.pt É imperioso deixar entrar a luz da paz no coração de cada um, porque o tempo é escasso e Amanhã será tarde e teremos partido sem deixarmos algo que nos liberte da lei da morte.

Opinião Texto :: Luís Ceia 2019 O PAÍS, A REGIÃO E AS EMPRESAS O ano de 2019 afigura-se segundo as diferentes previsões como um ano de sustentabilidade do crescimento da economia europeia e da portuguesa por inerência Depois de anos de um ajustamento necessário, à luz do contexto nacional e internacional, a economia portuguesa retomou o caminho do crescimento e da convergência real com as economias europeias. Retomou o caminho da confiança e do otimismo. Mas, não podemos ficar por aqui, devemos ser mais audazes A aposta no setor do comércio deve ser retomada, há anos que não e ambiciosos e continuar a reclamar políticas públicas que existem programas de apoio à modernização da atividade comercial. favoreçam o crescimento real das empresas e muito em Vai-se começar pelo digital, mas a aposta deve ser mais arrojada, sob particular das micro e PME´s. pena do pequeno comércio, que emprega muita gente e serve de supor- te às urbes e meio rural poder desaparecer. Para isso, importa continuar a reclamar um quadro fiscal mais previsível, mais estável e amigo das empresas. A própria taxação fiscal tem de con- Na nossa região, está praticamente em vias de conclusão a eletrificação tinuar a diminuir sob pena de afogar as empresas que têm viabilidade. da Linha do Minho e o seu prolongamento até Vigo. Os acessos ao porto de Mar de Viana do Castelo parecem finalmente desbloqueados. Urge resolver os problemas de financiamento às empresas, pela sessão Estes dois pontos são-nos particularmente caros, pois como é publico, de divulgação que realizámos em Viana do Castelo com o IFD - Insti- a AEVC e a CEVAL estiveram desde a primeira hora na reclamação tuição Financeira de Desenvolvimento S.A, o caminho parece vir a estar destes investimentos. Assim como continuamos com a questão das mais facilitado. Importa fomentar políticas e medidas de apoio que esti- portagens em cima da mesa, ainda recentemente fomos ouvidos na mulem a capitalização das empresas, particularmente daquelas que tem Assembleia da República em sede da Comissão de Economia Inovação provas dadas no mercado e demonstram facilmente a sua viabilidade. e Obras Públicas, na sequência da petição publica que fizemos para a retirada do pórtico do Neiva. Continuaremos a reclamar a conclusão O reforço da aposta no capital humano é um dos fatores indispensá- da A28 até Valença, que poderá passar pela sua ligação à A3, e assim veis ao aumento da produtividade e do potencial de crescimento da interligar em rede vários parques empresariais do distrito. economia. Importa, pois, tomar medidas que que reforcem e estimulem a qualificação dos recursos humanos, constituindo estes um fator crucial Em suma, o país, a região, as empresas têm potencial. Os empresários para o crescimento económico com base na produtividade. já deram provas de serem capazes de resistir e encontrar soluções perante grandes adversidades. A regularização urgente dos pagamentos em atraso por parte das enti- dades públicas aos fornecedores privados, será também certamente um Um excelente 2019! desbloqueio enorme ao desenvolvimento das microempresas e PME´s. www.valemais.pt 37

Opinião Texto :: M.ª Fátima Cabodeira O EXERCÍCIO DA CURIOSIDADE Quando esta crónica for publicada, a folia carnavalesca andará à solta no país e, em muitos outros locais da europa e do mundo. Na minha infância, os amigos organizavam-se para sair à rua, com vestes improvisadas. Eram os caretos. Havia quem preparasse o quadro satírico com minúcia, revisitando acon- tecimentos da freguesia, e havia, também, quem integrasse a comitiva em cima da hora. Jornais, revistas, perucas, roupas em desuso, serviam o propósito dos mascarados, num ambiente de galhofa. Para confundir a plateia, estudavam-se percursos alternativos à es- trada principal: carreiros, caminhos, vinhas antigas serviam de abrigo a quantos desfilavam, nos dias consagrados ao carnaval, que incluíam o domingo magro e o domingo gordo. Dentro de casa, degustavam-se as filhoses, que ajudavam a vencer a geada de fevereiro, tem- po de tangerinas e de fogueiras em forma de pirâmide, com os ramalhos acabados de podar. O calendário para 2019, diz-me que, no dia 20 de março, e não já no 21, como sucedia, se dá o Equinócio da Primavera. Os dias tornar-se-ão maiores e, assim esperamos, mais amenos. Este início de 2019 começa conturbado, com a saída do Reino Unido da União Europeia, mais conhecida como “Brexit”, a assumir protagonismo, no domínio da política internacio- nal, pelo grau de incerteza que essa decisão contém. Em França, o braço-de-ferro do movimento dos denominados “coletes amarelos” continua aceso nas ruas de Paris, transformada no palco principal do descontentamento social. No panorama cultural, celebram-se os 500 anos da morte do génio renascentista Leo- nardo da Vinci (1452-1519). Os países que detêm património da sua autoria investem em ações de divulgação física e digital. Itália, França, Inglaterra e Espanha desdobram-se em iniciativas para re(descobrir) o enig- mático mestre de Mona Lisa, sendo Florença o epicentro das comemorações. As exposi- ções são o cerne dessa evocação. O que impressiona na personalidade multifacetada de Leonardo da Vinci é a curiosidade torrencial, que o levou a domínios do conhecimento muito para lá do tempo em que viveu, conforme revelam os seus cadernos manuscritos. Pintor, poeta, cientista, tinha particular fascínio pelo movimento, que estudava incessan- temente como contraponto à harmonia presente nas suas obras - autênticas janelas abertas à interpretação. Em jeito de conclusão, relembro que a história da curiosidade não se fez sem agravos; basta pensar nas diferentes formas de censura impostas pelas estru- turas dominantes ao longo dos séculos. 38 www.valemais.pt

Opinião Texto :: Emília Cerqueira MÁRIO CENTENO RONALDO OU COVEIRO DAS FINANÇAS? Para os que acham Mário Centeno é o Ronaldo das Finanças justificam tal qualificativo pelos grandes avanços conseguidos na redução do défice, na redução das taxas de juro pagas pelo estado, no controlo das contas e da dívida pública. A par de todos estes feitos ainda lhe atribuem grandes méritos no crescimento económico, na descida da taxa de desemprego, no bem-estar social e muitos outros feitos… Quando olhamos para todos esses indicadores assim parece ser e A par disso os portugueses vivem o maior garrote fiscal de que podemos ser tentados a concordar, que de facto, estamos perante há memória no Portugal democrático, especialmente através dos um verdadeiro génio que resolveu todos os problemas do país… impostos indiretos, e as empresas foram completamente esqueci- aliás secundado nesse discurso pelo Primeiro Ministro. Parece, das demonstrando a falta de visão em disse eu, porque se olharmos com mais atenção talvez não seja bem assim… matéria de política económica para ajudar ao desenvolvimento económico do país. Dirão muitos de vós que apenas coloco a hipótese de não ser bem assim, que o faço por má vontade para com este governo, mas, E foi assim que surgiu o Ronaldo das Finanças… E quando for como dizia um conhecido dirigente partidário “olhem que não”, necessário fazer os investimentos congelados nos últimos anos (e faço-o porque não me contento com a simples aparência das paga-los), quando se começar a pagar às farmácias, a recrutar os coisas e dou primazia á substância em detrimento da forma. funcionários para resolver o problema das 35 horas, SENÃO VEJAMOS pagar as dividas do sector publico, acabar com os tempos de espera no SNS, fazer face à Nenhuma reforma estrutural foi levada a cabo, para fazer face degradação generalizada dos serviços ao desequilíbrio estrutural de que Portugal padece, por- públicos a que temos vindo a assistir? que este governo optou por navegar à vista por forma a convencer os parceiros de governação e os portugueses Quando for preciso pagar que estava tudo bem, que a crise tinha passado, até as a conta talvez passemos vacas podem voar, tudo isto num país onde não havia, a falar no Coveiro das tal como não há dinheiro para tais desvarios... Finanças… Face a estes devaneios a nossa sorte foi a conjuntu- ra favorável na Europa, de que beneficiámos, bem como o alívio propiciado pelos programas de com- pra de dívida do BCE. que nos permitiram refinan- ciar a dívida pública a taxas de juro aceitáveis. E esta conjuntura favorável juntaram-se as famosas cativa- ções, por muitos consideradas o verdadeiro golpe de génio de Mário Centeno, que tem conduzido à degra- dação de serviços fundamentais do estado, como é o caso da saúde, do maior corte no investimento público de que há memória, o aumento da dívida aos hospitais e às farmacêuticas, e muitos mais exemplos com os quais não vos vou maçar. Apesar desta conjuntura favorável e das cativações a divida pública continua a subir, rondando os 125% do PIB. www.valemais.pt 39

Opinião Texto :: Adelino Silva FRANCISCO DE ABREU DE LIMA REVELAÇÕES INÉDITAS EM “NARRATIVAS DA MINHA VIDA” Francisco Maia de Abreu de Lima (FAL), um dos mais proeminentes “senadores” da vida política e social limiana, presenteou Ponte de Lima (PL) — e o País — com a publicação do seu primeiro livro, ao qual atribuiu o título de “Narrativas da Minha Vida”. Esta obra, que seguramente fará história, apresenta-nos ao longo de 167 nárquico; o respeito por quem pensa de forma diferente; a inesgotável páginas, 76 narrativas sedutoras e muito bem contadas, que ilustram, dedicação ao País; o sólido espírito independente; a coerência pessoal e numa prosa genuína, transparente e frontal, as diversas circunstâncias política; a dedicação, sem limites, ao serviço público; os fortes vínculos dos tempos que o autor viveu, com quem conviveu e quem conheceu, cha- aos assuntos sociais, humanos e sindicalistas. mando à luz do dia episódios relevantes em que esteve envolvido. UMA SINFONIA LITERÁRIA É uma obra-prima irrepetível, um inestimável tesouro literário, histórico, sociológico, antropológico e ético, a merecer a atenção do País e das escolas O autor nasceu em PL (com quem mantém uma ardente e infinita pai- — porque a identidade de um povo também se faz de memórias —, escrito xão), numa distinta família aristocrática; brincou e cresceu junto dos jovens por uma das personalidades mais íntegras e mais estimadas em PL. das classes populares; frequentou a escola primária da velha vila medie- val; conclui o seu percurso académico na mítica cidade do Mondego. O autor, através de um relato desassombrado, construído numa estética expressiva, cristalina e cativante, com esplêndidos fragmentos de fino Já licenciado em Direito — e instalado em Lisboa — iniciou a atividade humor, nada nos oculta: a simpatia pelo Estado Novo e pelo regime mo- profissional como Secretário do Ministro das Corporações e Previdência Social, tendo exercido funções, até ao “25 de Abril”, em diversas estrutu- 40 www.valemais.pt ras do Estado (muitas vezes em acumulação e pro bono).

INFORMAÇÃO CREDÍVEL, CONFIÁVEL E DE INTERESSE PÚBLICO Na Vale mais realizamos um opinião jornalismo independente, sem sensacionalismos e secções juízos de valor. Procuramos cultura trazer o melhor conteúdo informativo sobre a região. Diariamente, destacamos o que de mais importante acontece nos nossos municípios e na região. Conheceu, como profissional, o Estado Novo por dentro; sofreu — in- INFORMAÇÃO DIÁRIA justamente e injustificadamente — os “excessos revolucionários” e os “saneamentos arbitrários” no “pós-25 de Abril”, apesar de ser reconhecido, Informação credível, confiável e de interesse por todos, como um homem íntegro; trabalhou no setor privado (SAPEC); público. Arriscamos no jornalismo mais sério, que presidiu à Câmara Municipal de PL e à Segurança Social do Alto Minho. vai ao detalhe e evita o sound bite, na conquista Antes do “25 de Abril”, o seu altruísmo puro depressa se disseminou, de um público mais exigente e que procura a sendo procurado, durante anos a fio, por muitos cidadãos, sobretudo qualidade na informação. limianos, para lhe solicitarem um emprego no Estado. RIGOR E ISENÇÃO Na sua obra, FAL conta que, quando cessou funções no Ministério, um seu assessor, lhe transmitiu que “tinha conseguido dar satisfação a mais Contra o jornalismo fast-food de “faca e alguidar” de duzentos pedidos”. O nosso projeto vinga pela diferença e pela qualidade. Com uma Mas FAL, no seu estilo autêntico e assertivo, recorda, sem filtros, as “fa- objetividade e isenção de que nos podemos orgulhar, não procuramos o like cadas” de ingratidão de que foi alvo, no “pós-25 de Abril”, provenientes das fake news ou do jornalismo barato de “faca e alguidar” satisfazendo, de muitos dos que generosamente socorreu e auxiliou!… eventualmente, interesses económicos ou políticos. Redigida num estilo extraordinariamente esplendente, esta obra deslum- destaques reportagens notícias entrevistas bra pela profundidade das verdades e das histórias que transmite e en- feitiça o leitor pela beleza e refinamento da tessitura da narrativa — uma www.vvaislietem-naoisse.pmt encantadora sinfonia literária, urdida numa trama muito bem burilada! www.valemais.pt 41 Ao longo de décadas, FAL teve uma companhia inseparável — sua esposa, Maria Corina A. Vieira Lisboa (já falecida) — e, em jeito de ho- menagem a essa apreciada união, publica-se um registo fotográfico do Arquivo da Casa do Antepaço. É uma honra para PL ser a “vila mátria” de Francisco de Abreu de Lima, figura que irradia uma insofismável grandeza humana e que conquistou, como intelectual, um lugar distinto no “mundo das letras”.

Opinião Texto :: Manuel Cunha_Pólen VILARINHO DA FURNA HARMONIA, GRANITO E ÁGUA Eis que o cortejo atinge o fim, a população de Vilarinho da Furna remonta a serra, os últimos a partir levam o caixão de defunto que transportava os mortos para o cemitério: um único caixão, bastava para todos.  Jorge amado – Vilarinho da Furna Era Vizela, fim de semana de fevereiro abraçado a 2005. de adereços impossíveis para um espaço que herdas de memórias Portanto adolescente agora. Os amigos músicos, cansados, a visuais… destilar maduros, pelas 5 da manhã rumaram a casa. O Hen- rique, já com a carrinha a trabalhar,  acenando adeus ainda disse; - Sentados, ali ficámos por uns tempos, como numa catedral a é verdade, sabes que a aldeia de Vilarinho está à mostra? Ah sim? meditar em vaidades efémeras e servidão humana. Conquistas Hum… lá se foi o descanso e a bebedeira. Tinha a Zenit, 4 rolos e Portugalidades. Os primeiros invasores foram os Vândalos, e sono nenhum. O amigo tinha uma caçadeira digital. E lá fomos. Suevos e Alanos no ano de 409. Os Vândalos voltaram em Por Braga, Caldelas, S. João do Campo e por fim, aquele muro 1971… Atacaram com cimento e criaram um viveiro eléctrico. barrigudo da barragem para encostar o carro. Nascia o dia quando o lugar foi acontecendo por patamares de ma- A Montanha, que era a grande Mãe de todas as suas crenças, gia. O silêncio pigmentava de anilinas azuis o reflexo da água. A luz vivências, sobrevivências e o eterno futuro ficou de molho. Para abria em leque o seu mostruário de diferentes matizes entre o ama- governo de meia dúzia de voltes… ou quilovolts, sei lá… Dar cabo relo e o ouro. Era um silêncio em bicos de pé… aos poucos fomos dum sítio assim, só mesmo na cabeça dum mesquinho humanoi- chegando ao ponto em que o desmaio do espanto tenta a sua sorte. de… perto de 60 habitações, 250 habitantes, duas ou três capelas, Quando, no mirante casual, a aldeia surge em todo o seu esplen- duas pontes medievais,2 fornos do povo, milhares de cabeças de dor, com semelhante luz, a alma localiza o granito e senta-se… O gado, um sistema comunitário único onde a palavra corrupção olhar grita e quer fugir. O que é isto?? Tanta beleza oprimida em inexistia… enfim, amputou-se uma célula viva da nossa mais pura demasiado silêncio. herança de amor à terra e ao próximo… Um esmagamento que se alarga, murmura e funde por todo o Vilarinho não é uma ruína. A alma não precisa de telhados. Quan- espaço. Somos poeira num lugar assim. Foi a segunda vez que do se visita um lugar assim, visita-se um templo único em que a passeei na lua. A primeira foi em sonho quando não sonhava memória prevalece. Aquela estrutura óssea de granito e fendas, realidades. A densidade do corpo fica reduzida ao olhar. Nada mais de riachos  e vales que direcionam a perspectiva para o encon- faz falta. Um acorde duma flauta dum pastor, talvez. Aqui e ali. Um tro  dos mares, não desaparece nunca. Até penso que é a própria balido duma ovelha… talvez… mas aquilo agora é só harmonia, natureza a recuperar aquilo que lhe foi pedido emprestado. Da granito e água. E o bruto basqueiral do silêncio. O próprio caminhar maneira como corre o mundo atual, alguém já disse, que se Vila- apantufa o passo. Um húmus seco, prateado, lunaticamente brilhan- rinho fosse “vivo”, hoje teria uma avenida de “mesons” e outros te, nos sussurra a cada pegada. Por vezes, há partículas de medo a atentados do género  do seu lugar até S. João do Campo… segredar-nos ao ouvido. Medo de quê? Que se acabe a magia, que Vilarinho permanecerá eternamente Belo na memória daqueles as águas voltem? Sim… se calhar o medo daquele lugar é a água… que mais o sentiram. e por isso vê onde pões os pés… e por isso respeita este teatro Harmonia, Granito e água… 42 www.valemais.pt

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Opinião Texto :: José Manuel Carpinteira ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E O AQUECIMENTO GLOBAL Há em todos os anos um países, em particular os mais sentido de recomeço. Ainda desenvolvidos, devem contribuir que tudo seja velho, para a redução das emissões preparamo-nos para o de um conjunto de seis ga- novo. Perante o que ses com efeito estufa. Por- vivemos, podemos tugal assumiu em 2016 o sempre ter duas compromisso de atingir posturas: ou olhar a neutralidade carbónica para trás, fazendo até 2050. Está assim, e um balanço do desde já, comprometido melhor e do pior, a reduzir as emissões de ou olhar em frente gases com efeito estufa. e perspetivar o que Para esse objetivo será gostaríamos de construir reforçada a prioridade à para o ano novo. eficiência energética e a aposta inequívoca na energia Qualquer destas posturas é enriquecedora, mas, hoje escolho o de fonte renovável (vento, sol tema das Alterações Climáticas porque o aquecimento global é, atualmente, a maior ameaça ao bem esta-estar da população e água). Portugal tem a ambição mundial e ao equilíbrio da natureza. De acordo com a Convenção Qua- de atingir 80% de fontes renováveis dro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, assinada, em na produção de eletricidade em 2030 1992, na Conferência do Rio de Janeiro, ‘Alteração Climática’ significa e de atingir uma incorporação de renováveis uma modificação no clima atribuível, direta ou indiretamente, à ativida- nos transportes de 20%. Tal esforço deverá ser comple- de humana que altera a composição da atmosfera global. mentado com medidas de eficiência energética, alteração de hábitos de consumo e gestão de resíduos, com transição para uma economia Nas últimas décadas, a emissão de gases poluentes de combustíveis circular. Mas também reforçando as medidas preventivas, no âmbito fósseis (carvão, petróleo e gás), aumentou a concentração desses das alterações climáticas, nomeadamente na Orla Costeira. gases na atmosfera, tornando a camada de gases mais espessa, o que dificultou a dispersão da radiação solar e provocou maior retenção de A propósito, este ano, o ´Programa Parlamento dos Jovens’ - que é calor. É justamente essa retenção de calor que provoca o aumento da organizado pela Assembleia da República com o objetivo de promover temperatura na Terra, o chamado aquecimento global. Nesse sentido, a a educação para a cidadania e o interesse dos jovens pelo debate de comunidade científica tem vindo alertar para as evidências do impacto temas da atualidade - escolheu como tema para debate o fenómeno da atividade humana sobre o clima e considera inequívoco o aqueci- das Alterações Climáticas, especificamente, o seu impacto sobre os mento global da temperatura média da atmosfera e dos oceanos. oceanos e ainda o aquecimento global, suas causas, consequências e ações desenvolvidas para reverter ou minimizar os seus efeitos. O tempo urge para sustermos as calamidades das alterações climá- ticas acima dos 1,5 graus de aquecimento global. Por isso, todos os Tive o prazer de participar no debate em três sessões, de escolas do nosso Alto Minho, e foi estimulante ver a dinâmica dos alunos, a sua responsabi- 44 www.valemais.pt lidade e o seu interesse nos temas desenvolvidos. Revelador do excelente trabalho dos professores na preparação dos temas e a grande capacidade dos alunos em se organizarem e apresentarem propostas para a necessi- dade de medidas preventivas no âmbito das alterações climáticas. Assim se formam cidadãos responsáveis e com elevada intervenção cívica.

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Reportagem #Valença Texto :: José C. Sousa Núcleo Museológico de Valença CONTENTOR DE HISTÓRIA QUE TRANSPORTA AO EXTERIOR Estivemos no Núcleo museológico “Este edifício é um contentor de história que faz a ponte com o de Valença, dentro da Fortaleza, exterior. O nosso museu está no exterior. Este é apenas um espaço mais precisamente na Rua Mouzinho que nos permite fazer a recepção e canalização dos visitantes” de Albuquerque, mais conhecida por assevera-nos. Rua Direita onde conhecemos, pela voz da Museóloga, Isilda Salvador, Presente desde a sua fundação e uma das criadoras deste Núcleo, um pouco mais sobre a história Isilda Salvador começa por nos explicar, numa das salas do 3.º an- deste espaço. dar, que este núcleo foi instalado numa antiga moradia régia, que noutros tempos - há cerca de 6 décadas – serviu como cadeia civil. 46 www.valemais.pt

PODEMOS CONTAR A HISTÓRIA DE VALENÇA NESTE EDIFÍCIO Em 20 novembro de 2008 nasceu aqui o Núcleo Museológico e, desde então, é um espaço onde se pode conhecer e perceber a cultura, património e história de Valença. O edifício está organizado com as restrições que o próprio espa- ço impõe. “É pequeno mas nas várias divisões estão expostas e retratadas várias épocas. Há a sala de arqueologia, onde temos a história mais antiga. Desde bifaces da pré-história, uma repro- dução de uma gravura rupestre, do período romano, uma lápide romana e dois marcos miliários das vias romanas que atravessa- vam Valença. Da idade média, temos os produtos que resultaram de escavações arqueológicas decorridas em Sanfins e Gondomil. Nesta sala é possível ver a Lápide Epigráfica Romana que foi reclamada ao Museu Nacional de Arqueologia de Lisboa, onde estava emprestada, desde 1903. Com a criação deste núcleo foi possível resgatar esta peça” conta-nos a museóloga. Na sala da história medieval de Valença conseguimos, através de uma enorme maquete, perceber como era Valença quando EM ABRIL DE 1809 AS TROPAS DE SOULT REBENTARAM COM A FORTIFICAÇÃO DE VALENÇA. ESTA, LEVOU 10 ANOS A SER RESTAURADA nasceu - por volta de 1200 - com a designação de Contrasta. Podemos, ainda, viajar à realidade fronteiriça entre o castelo me- Trata-se do castelo medieval que está nas fundações da atual dieval de Valença e a imponente Cidade Episcopal de Tui a quem fortificação e é a melhor forma de percebermos a história do pertencíamos – em termos eclesiásticos - no início da nacionalida- período medieval de Valença, que dura mais de 300 anos, até de portuguesa. que se transforma numa praça forte – Fortaleza. Existe, ainda, a sala onde está retratada a parte da história mais “Foi construída uma maquete de grandes dimensões que retrata violenta. “Em 10 de abril de 1809 e depois de um desvio estraté- o castelo medieval de Valença, antes de passar a Fortaleza. gico, as tropas lideradas por Soult, a mando de Napoleão, param Nesta sala podemos recuar no tempo e com muito cuidado e cá, com 10 mil militares. Valença não teve outra alternativa que detalhe conseguimos perceber que era Valença. A mudança não fosse capitular. A capitulação - ato ou efeito de rendição, de praça medieval para fortaleza é tão drástica que quase não desistência – era uma estratégia que se pressupunha que corres- se reconhece. Mas nessa maquete podemos viajar no tempo e se bem, no entanto, ao final de 7 dias e na altura da retirada, os perceber a história - antes das guerras da restauração - de uma franceses rebentaram com a fortificação de Valença. Esta, levou forma muito correta” explica Isilda Salvador. 10 anos a ser restaurada. Esse é um episódio que está retratado, também em maquete”. www.valemais.pt 47

O MUNICÍPIO No entanto, no futuro as exposições temporárias que não tem PROPORCIONA CERCA fundamento histórico irão terminar e haverá apenas temáticas de longa duração em parcerias com o Museu Militar do Porto. DE 3000 VISITAS GUIADAS POR ANO, A MAIS DE 200 MIL VISITANTES DE 57 NACIONALIDADES ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS E ESCOLAS Já passaram por este espaço mais de 200 mil pessoas de 57 nacionalidades, sendo que os espanhóis estão em clara maioria. EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS Depois, alemães e italianos. No entanto, também cresceu, o nú- mero de portugueses. “Além destas exposições, ainda conseguimos espaço para abor- dar, de forma temporária, temas relacionados com Valença. Já “A taxa de visitantes portugueses era impressionante. Depois organizamos mais de 50 exposições temporárias. desta crise esse número reduziu muito e agora são os espanhóis quem mais nos visita. O facto de estarmos num dos pontos mais visitados de Valença, faz com que muitos voltem e se tornem visitantes habituais que vem Mas, no verão, há dias em que temos de encerrar as portas, por ver a exposição que está patente (em termos temporários)”. que não podemos ter mais visitantes cá dentro”. Por aqui já passaram exposições desde a arqueologia, peças “E não podemos esquecer os peregrinos. Alguns vão com pressa romanas que resultam das escavações nesta fortaleza, temas me- mas outros gostam de explorar os locais por onde passam. dievais relacionados com vários reis, o trapiche e o contrabando, a I guerra mundial, entre muitas outras. Mas no global, a grande curiosidade dos visitantes é saber o por que desta imponente fortaleza com 5,5 quilómetros de Neste momento decorre a exposição sobre brinquedos históricos, fortificação. que surgiu a propósito do Natal. São brinquedos, de valencianos, com cerca de 80 anos. VISITAS GUIADAS E RECRIAÇÕES HISTÓRICAS “Em termos de atividades realizadas, a maior componente é para a parte pedagógica. Trabalhamos muito as visitas para o público escolar e depois, também, para o turismo sénior. 48 www.valemais.pt

UMA FACTO ENGRAÇADO É O FACTO DE ENTRAREM NO NÚCLEO MUITOS PAIS E FILHOS, POR QUE AS SENHORAS ESTÃO ÀS COMPRAS, E MUITOS DELES APROVEITAM PARA CONHECER ESTES ESPAÇOS. Também promovemos eventos que nos levam ao exterior, como as recriações históricas. No verão, temos a semana do museu e pontualmente temos visitas temáticas”. Para o vereador da Cultura, José Monte, este núcleo museológico representa muito para Valença. “No fundo é a história de Valença. Pelas diversas salas deste edifício é possível ver o reflexo daquilo que foram os inícios de Valença, desde a fortaleza medieval, os achados históricos que se fizeram no nosso território, uma via romana que foi o elo de ligação e comunicação e foi primordial no desenvolvi- mento desta região. E ao estar inserida nesta fortaleza permite dar a conhecer, a quem nos visita, aquilo que realmente Valença representou e que signifi- cado teve na história”. VERÃO É A MELHOR ÉPOCA “Há épocas do ano que são claramente mais fortes. Mas quando há eventos que são âncora nesta fortaleza o número de visitantes aumenta. São mais de 200 mil que, sobretudo no verão, pelo número de pessoas que vêm conhecer a fortaleza, pelo aspeto turístico e pe- las condições climatéricas que nessa época são muito favoráveis, regista o seu pico. Mas nos restantes meses há um equilíbrio”. UM ESPAÇO QUE TODOS OS VALENCIANOS DEVIAM CONHECER “Temos feito um esforço para que os valencianos venham conhe- cer este espaço, com diversas exposições temáticas que preten- dem sensibilizar a população para que saibam que há um espaço que lhes dá a verdadeira história daquilo que foi Valença. Nas ex- posições temporárias tentamos dignificar muitos valencianos com os seus trabalhos e com aquilo que desenvolvem na área cultural. Tentamos, também, junto das escolas, incutir a vinda dos jovens para conhecer a nossa história, mas sabemos que há, ainda, muito por fazer. www.valemais.pt 49

Reportagem #Alto Minho :: Viana do Castelo Texto :: José C. Sousa 'FATO FEITO À MEDIDA' Sete municípios do Alto Minho formalizam parceria para gerir Água Foi assinado, no passado mês de Esta Parceria Pública será uma realidade nos próximos meses – em janeiro, em Viana do Castelo, o junho estaremos em condições de termos a constituição efetiva Contrato de Parceria para a criação - segundo José Maria Costa e terá impacto nos serviços de cada da empresa pública Águas do Alto autarquia e no tarifário do sistema. Serão criadas lojas especiali- Minho, para gestão dos sistemas de zadas na região e introduzidas novas metodologias de controlo, água e saneamento nos concelhos de passando o pagamento dos serviços, reparações e investimentos a Viana do Castelo, Ponte de Lima, Arcos ser efetuadas pela nova empresa Águas do Alto Minho. de Valdevez, Caminha, Valença, Vila Nova de Cerveira e Paredes de Coura. Neste momento decorrem trabalhos técnicos, com as equipas dos Monção, Melgaço e Ponte da Barca municípios e das Águas de Portugal, e está-se a preparar a nova não quiseram aderir. entidade gestora a nova estruturação e organização. Também se está a preparar um conjunto de investimentos no valor de 21 milhões de euros em candidaturas a fundos comunitários. A nova parceria tem como objetivo articular competências entre sis- temas, promover uma maior eficácia através da redução das perdas de rede, garantir a qualidade da água e possibilitar o investimento de 75 milhões de euros, no conjunto dos sete Municípios aderen- tes. Com o Contrato de Parceria, foi também firmado um Protocolo 50 www.valemais.pt


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