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Vale Mais Abril & Maio'18

Published by info, 2018-04-04 10:34:37

Description: Vale Mais n.º60

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ALTO MINHO E GALIZAMomento histórico nas relações transfronteiriças Arcos de Valdevez Viana do Castelo Caminha JOÃO ESTEVES EDIFÍCIO DAS TÍLIAS PREVENIR INCÊNDIOSDivirto-me imenso a ser presidente de Câmara Dinamizar Santa Luzia para atrair mais visitantes Primeiro-ministro escolhe-o como exemplo#N.º60 :: #ABRIL/MAIO :: #2018 :: #BIMESTRAL :: #PVP 1€ :: Diretor. AGOSTINHO LIMA valemais.pt 1

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Opinião Abril é o mês que nos trouxe a Liberdade. Pelo menos,32 | Pinto Neves Os Caminhos de Santiago foi esta a mensagem da “Revolução dos Cravos”, no já36 | Adelino Silva Os veleiros e os 'Almirantes' do lima distante 1974. Todavia, a plena Liberdade só é alcan-37 | Mª Fátima Cabodeira Que coisas são as Árvores çável quando uma sociedade incorpora outros valores,38 | Luís Ceia Centros Históricos do Alto Minho como a igualdade de oportunidades (valorizando, devidamente,40 | Emília Cerqueira É tudo uma questão de consciência o mérito), a solidariedade, efetivo combate à exclusão e políticas de inserção social, acesso à Saúde e à Educação de qualidade.Secções68 | Sexo & Amor Aprenda a dialogar Nesse sentido, torna-se necessário que o investimento se foque72 | Imobiliário Fundos de investimento imobiliário no que, na realidade, é primordial para alcançar esses objeti-76 | Nutrição Leite e derivados :: Nem vilões nem heróis vos. Todos sabemos, por exemplo, que uma sociedade é livre78 | Turismo Family friendly concelho a concelho quando está realmente informada. Este é, aliás, um dos pro-82 | Consultório Jurídico Violência doméstica e parentalidade blemas da sociedade atual, onde a suposta pluralidade de vias de informação constitui um paradoxo ao se verificar que isso,Reportagens muitas vezes, não corresponde a pessoas mais esclarecidas e,04 | Vila Nova de Cerveira com isso, capazes de tomar as melhores decisões.Cerveira Saudável Neste âmbito, coloca-se, a montante, a questão da quali- dade da Educação (formação) e de Informação e no quantoCaminhos de Santiago são o grande destaque isso é primordial para uma sociedade livre. A aposta real na Educação (e não a dirigida, essencialmente, para a obtenção08 | Ponte da Barca de ‘canudos’) e na formação dos seus agentes é inimiga, por exemplo, das fake news, da propaganda enganosa, dos fal-SkyMarathon Serra Amarela sos perfis, dos trolls e de políticas populistas. Só assim pode- rão existir pessoas formadas e informadas, valorizando-se eRegião devia-se tornar a capital valorizando a comunidade onde vivem.do Trail Running Nacional A Educação e a Cultura (nas suas diversas vertentes) devem es-20 | Paredes de Coura tar atentas, sempre, aos valores e às tradições locais, por mais ‘global’ que seja a ‘aldeia’, defender o património (ambientalMaria Pinto Teixeira e construído), potenciar os recursos disponíveis (a Educação Financeira, de que falamos nesta edição, é primordial) e muni-P3rsonalidade 2017 ciar-nos com ‘armas’ que permitem enfrentar melhor os esco- lhos que surgem no caminho.28 | Monção “Só há liberdade a sério quando houver/A paz, o pão/habita-Inventariar e preservar o 'Ribamourês' ção/saúde, educação” – assim se cantava no ano da “Revo- lução dos Cravos”. Apesar de tanto tempo já decorrido, é algoModo de falar próprio da aldeia mais isolada de Monção que permanece atual!52 | Melgaço Manuel S.4.º Alvarinho Trail valemais.pt 3Emoções fortes do Rio à Montanha62 | Ponte de LimaPáscoa em FontãoMordomo paga almoço a meio milhar de conterrâneos

Reportagem #Vila Nova de Cerveira ‘CERVEIRA SAUDÁVEL’ 18Caminhos de Santiago (por etapas) são o grande destaqueTexto :: José C. Sousa para todas as idades. Para a edição deste ano, o “Esta ideia surgiu na sequência da candidatura Município de Vila Nova de Cerveira propõe uma feita para a valorização do Caminho PortuguêsVila Nova de Cerveira é um novidade: a realização do caminho até Santiago da Costa e do sentir que as pessoas gostariam município saudável. Prova de Compostela, em seis etapas, aos segundos de fazer o percurso, mas deparavam-se com disso são as 16 iniciativas que domingos de cada mês, com transporte do algumas dificuldades em gerir as vidas particula-se realizam entre março e novembro. ponto de partida e o respetivo regresso. res de modo a fazê-lo de uma só vez. A definição de etapas ao longo de seis meses faz com queCom uma calendarização diferenciada, ape- A Vale Mais esteve à fala com a Vereadora da as pessoas possam organizar a sua vida pessoallativa e transversal a todas as idades, e numa Ação Social, Aurora Viães, que nos disse que e laboral, no sentido de poder cumprir um sonho.estreita parceria com as coletividades do “o grande destaque desta edição 2018 são os A organização não é difícil, sempre e quando seconcelho, Cerveira alia o desporto e bem-estar Caminhos de Santiago por etapas. Com esta tenham parceiros à altura, como é o caso dosou convívio com a natureza. Ao longo dos próxi- atividade, estamos a superar as expectativas, Celtas do Minho, porque se conjuga o interessemos meses, os fins-de-semana a programação e prova disso é que em escassas horas da com o saber fazer e a vontade de desenvolverapresentada pretende consolidar a promoção abertura de inscrições, o número de vagas projetos de todos e para todos”.de sessões monitorizadas de exercício físico previstas esgotou, estando a ponderar-se uma segunda edição deste percurso”.4 valemais.pt

No entanto, Aurora Viães não esquece as ‘Trilho dos Engenhos e dos Folhões’, e o ‘Trilho Da programação constam ainda uma sessãooutras atividades. da Carranca’ (com almoço vegetariano), para de danças de salão ao ar livre, uma experiên- além de uma Caminhada Solidária a Favor da cia de remo e uma ação de sensibilização“Não podemos deixar de referir a inclusão de Liga Portuguesa Contra o Cancro. de combate à obesidade animal com provasnovos trilhos pedestres associados ao projeto físicas para os animais.vencedor do Orçamento Participativo 2017”. Em relação às restantes atividades do projeto, a vereadora destacar “a profícua Este é um projeto consolidado, cuja primeiraSão seis trilhos pedestres que promovem a colaboração com as associações culturais, edição remonta a 2010, e todas as atividadesvisita por algumas freguesias do concelho e recreativas e desportivas do concelho, cuja realizam-se aos sábados e/ou domingos.respetivos pontos de interesse, nomeadamen- adesão é muito significativa”.te o ‘Trilho da Gávea’, o ‘Trilho Alto Picoito’, a valemais.pt 5Ecopista do Rio Minho, o ‘Trilho Alto da Pena’, o

Balanço muito positivo O Município de Vila Nova de Cerveira procura ser parceiro ativo na valorização da dinâmica desportiva, criando condições e desen-“O balanço que fazemos tem obviamente de ser positivo. volvendo a atividade física e o desporto enquanto valorAo longo destes anos de iniciativa têm-se adaptado de melhoria da qualidade de vida das populações, mashorários e dias de semana, de modo a ir ao encon- também na aquisição e partilha de valores necessáriostro da disponibilidade das pessoas. E realmente, para coesão social.nos últimos dois anos, temos sentido uma maioradesão por parte da população. No entanto, este Calendário das atividadesprograma não vive só da adesão dos cerveirenses,ele traz ao nosso concelho um número alargado ABRILde visitantes. E esta é também uma mais valia doprojeto, já que permite a troca de experiências e o Dia 8: Caminho de Santiago Tuy- Redondela (29kms).convívio mediante a consciencialização para a saúdee o bem-estar”, assevera Aurora Viães. Dia 22: Caminhada Solidária a Favor da LPCC, às 09h00, no Parque de Lazer do Castelinho.Danças de salão, experiências de remo ecombate à obesidade animal MAIO“As Danças de salão são uma atividade já habitual Dia 6: Ação de combate à obesidade animal, às 09h30,no programa do ‘Cerveira Saudável, e implica não no Parque de Lazer do Castelinho.só uma demonstração de algumas danças desalão, mas a possibilidade de experimentar esta Dia 13: Caminho de Santiago Redondela-Pontevedraarte, numa estreita parceria com a escola Pé de (24kms).Dança”. “Já a experiência de remo é, também, umaatividade comum à programação anual do projeto Dia 20: Trilho Alto Picoto (9,3kms).e adaptável a todos os públicos. O objetivo épossibilitar um primeiro contacto com a modalida- JUNHOde do remo, e que pode decorrer através da experi-mentação no tanque náutico ou em pleno rio Minho, com Dia 3: Percurso Ecopista do Rio Minho, às 09h00, nouma experimentação individual ou em grupo, dependendo das Parque de Lazer do Castelinho.capacidades e competências que forem aferidas pelos monitoresdo remo. Esta é uma atividade dinamizada pela Associação Dia 10: Caminho de Santiago Pontevedra-Caldas de Rei Desportiva e Cultural da Juventude Cerveira\". (23kms).“Depois há uma inovação apresentada pela JULHOAssociação Patas e Patas e visa sensibilizar apopulação em geral para a causa animal. Este Dia 7: Trilho Alto da Pena (10,8kms), 21h00, na Capelaano, mais do que uma cãominhada, a proposta é de Nossa Srª da Pena.um percurso com diferentes desafios que testamas habilidades dos caninos e dos seus tutores. Os Dia 8: Caminho de Santiago Caldas de Rei-Padrónobjetivos no fundo são dois: para além do combate (19kms).ao sedentarismo e a obesidade animal, é tambémintuito sensibilizar para a importância da socialização SETEMBROanimal. Um animal sociável é um animal saudável”. Dia 9: Caminho de Santiago Padrón-Santiago (24kms).Valorização e dinâmica desportiva Dia 16: Trilho dos Engenhos e dos Folhões (6kms), às 09h00, naCom a dinamização a viver das inscrições voluntárias da Capela do Sr. Dos Esquecidos.população em geral, esse é o grande desafio desteprograma, conseguir desenvolver atividades que OUTUBROcaptem a atenção/interesse da população criandorotinas saudáveis. Dia 14: Remo, às 09h00, nas Instalações da ADCJC.Enquanto serviço público de qualidade, a Câmara Dia 21: Danças de Salão, às 10h30, no Terreiro.Municipal tem obrigatoriamente de se preocuparcom questões não só burocráticas e organizacio- NOVEMBROnais, mas também com a sua comunidade, nosentido de os envolver em atividades e eventos Dia 4: Trilho da Carranca (5kms), com almoço vegeta-que promovam estilos de vida saudáveis e adequados. riano, na Igreja de Gondarém.Simultaneamente, este evento permite divulgar e promovertodo um património histórico, cultural, ambiental e patrimonial acerveirenses e visitantes.6 valemais.pt

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Reportagem #Ponte da Barca 'Região devia tornar-se aCapital do Trail Running Nacional'Texto :: José C. Sousa O promotor deste evento é Carlos Sá Nature Events, em parceria com o Município de Ponte da Barca. Quisemos saber um pouco mais sobreA10 de junho, dia de Portugal, Ponte da Barca recebe a esta extraordinária prova e sobre esta nova moda das caminhadas e do primeira edição do SkyMarathon Serra Amarela, uma running e para tal, conversamos com Carlos Sá que nos falou, aberta- prova que marcará a página de um dos desportos mente, sobre estes e outros temas.que mais crescem no Mundo: a Corrida em Natureza. O running está na moda em Portugal?O Skyrunning, na vertente de Corrida de Montanha, levará os seusparticipantes a percorrer trilhos inóspitos, aldeias preservadas, castelos, O Running e as caminhadas só estão na moda porque éramos um paísrios, vegetação luxuriante e verdejante, com vistas incríveis sobre os completamente sedentário, e estamos no início de uma mudança de hábi-espelhos de água da Albufeira de Vilarinho das Furnas e da Albufeira tos, este tipo de atividade é indispensável para o bem da saúde publica.de Tamente, neste maciço montanhoso do único Parque Nacional dePortugal - o da Peneda-Gerês. Somos ainda somente 10% da população portuguesa a praticar despor- to com regularidade, portanto, números alarmantes e com um potencialCom inicio e fim na Aldeia de Entre Ambos os Rios, este evento terá vá- de crescimento brutal e urgente.rias distâncias e será acessível a todos. A prova rainha terá cerca de 48kms e fará parte da Taça de Portugal SKY da Federação de Campismo e De tal forma que depois das consultas de saúde oral, no próximo anoMontanhismo de Portugal. alguns centros de saúde vão passar a ter consultas para prescrição de exercício físico. E já este ano os médicos de família vão começar a fazer perguntas para perceber o nível de atividade física dos utentes e terão um guia para lhes darem conselhos sobre atividade física a praticar.8 valemais.pt

Por quê a Serra Amarela?A Serra Amarela têm um potencial tremendo para a pratica de despor-tos de natureza, a vertente do concelho de Ponte da Barca já foi palcoda Open Race do Campeonato do Mundo de Trail 2016, e uma abor-dagem no ano seguinte da Federação Internacional para se realizar oCampeonato Europeu de Sky Running.Unindo as vontades do Município, Federação e da Carlos Sá Nature A Serra Amarela é a nona maiorEvents surge o projeto da Serra Amarela Sky Marathon. elevação de Portugal Continental e um dos grandes relevos que fazem parteQual é o estado do running, em Portugal, e no Alto Minho, do Parque Nacional da Peneda-Gerêsem específico? (PNPG), atingindo a sua cota máxima naO Running e o Trail são os desporto que mais crescem no país e talvez Louriça, a 1364 metros de altitude.no mundo. Longe vai a ideia que a corrida era o desporto dos pobres e A sua riqueza ecológica, paisagística,que era aborrecido correr. Hoje, os cidadãos portugueses têm prazer em geomorfológica, educacional, e científicaexplorar a natureza a correr, superar os seus desafios pessoais e preocu- evidência e difunde o reconhecimento,pações com o seu estado de saúde. por parte das autoridade nacionaisO Alto Minho é uma referencia, quer na corrida com grande símbolos, e internacionais, elevando acomo no Trail Running. Temos muitos dos melhores atletas nacionais, responsabilidade de gerir, conservar,provas e equipas de referência e tivemos o primeiro Mundial organizado valorizar e divulgar uma área com váriosno nosso país, portanto somos um grande motor nesta disciplina do ecossistemas praticamente inalterados,desporto Nacional. onde a rainha é a vida selvagem.Que dificuldades encontra na hora de organizar e desenvol-ver estas provas?Estamos numa serra muito sensível em termos ambientais, por isso, Existem Normas de Conduta e Recomendações. definir muito bem os trilhos em articulação com os Baldios e ICNF Para que servem?é fundamental para minimizar esse impacto. Temos a destacar que,felizmente, algumas aldeias envolventes a esta magnífica Serra têm Sim, a preocupação com o ambiente diminuindo o impacto ambientalexcelentes condições logísticas para criarmos as bases de apoio a um que um evento desta natureza pode causar está sempre presente, daíevento desta natureza. que as organizações criam regras como: proibir deitar lixo no chão, não fornecer copos de plástico durante os postos de hidratação, fazeremO apoio das entidades competentes é suficiente ou escasso? plantações de árvores regulares nos meios onde se pratica a modalida- de, entre outras iniciativas.Os Municípios apoiam no que está ao seu alcance neste tipo de iniciati-vas, mas cabe às entidades nacionais olharem da mesma forma para o O que tem de especial esta prova?desporto e ajudarem quer os atletas, quer as organizações, de forma apotenciar cada vez mais este estilo de vida saudável. Uma serra com uma beleza ímpar, trilhos, aldeias e gentes que sabem receber bem, e que vão, com certeza, surpreender todos aqueles que nos visitarem tornando esta prova num evento único. Depois, os desníveis consideráveis e trilhos técnicos vão tornar esta prova muito desafiadora. valemais.pt 9

O que é que os participantes podem esperar deste evento?À semelhança do trabalho que desenvolvemos na Serra D’Arga, do qual ASerra Amarela esta “ibéria na sua pureza essencial e graní- tica” como Torga lhe chamou será o palco para a primeiratornou essa Serra uma referência nacional e internacional, acreditamos edição desta prova que levará os participantes a percorrer um território onde a Natureza convive numa singular harmoniaque a Serra \"os desníveis Amarela possa com o Homem.ter as mes- mas condições O desporto de natureza encontra em Ponte da Barca um cenárioe num consideráveis e trilhos futuro muito ideal para a sua prática. Desde os desportos aquáticos aos depróximo ser, técnicos vão tornar esta também ela, montanha subsistem neste território as condições ideais para auma refe- prova muito desafiadora\" rência, quer na sua prática sendo a intenção do Município o reforço da sua atrati-pratica da corrida, bem vidade e o envolvimento da população nos mesmos.como em vários despor- Os praticantes das diversas modalidades e, neste caso mais particular os participantes na SkyMarathon, poderão desfrutar detos de Montanha e Natureza sendo que, proporciona, também, excelentes paisagens deslumbrantes, de cenários da nossa história, encontrar as nossas gentes, as nossas aldeias, tomar parte da nossa cultura,condições para os desportos náuticos, nas albufeiras do Rio Lima. das nossas tradições e claro da excelência da nossa gastronomia e dos nossos vinhos. É nestes detalhes que encontramos a nossaQuais as suas expectativas? identidade que se encontra vincada no que esta prova representa a excelência de Ponte da Barca, a Excelência da Natureza.As primeiras edições são sempre complicadas em termos de expecta- Augusto Marinhotivas, mas temos com o Município um projeto de longo prazo, Presidente da C.M. Ponte da Barcano qual acreditamos marcar este evento como umgrande evento, porque o potencial desta região é tão grande, que se deviam sentar todos os intervenientes e tornar esta região a Capital do Trail Running Nacional. Existem todas as condições para ostentar essa designação e acreditamos que mais cedo ou mais isso poderá acontecer.10 valemais.pt

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Reportagem #Caminha Prevenir incêndios Pela primeira vez, desde que há memória, apostou-se na prevenção dos incêndios de verão em pleno inverno. Isto após 2017 ter sido o pior ano de sempre na dimensão da área ardida, desde que há registos fiáveis, com cerca de 500 mil hectares e mais de uma centena de vítimas mortais.12 valemais.pt

Texto :: Manuel S. Além do primeiro-ministro, António Costa, integravam-na, designdamente, os ministros da Administração Interna, EduardoOGoverno tinha estabelecido, como obrigatória, a limpeza de Cabrita, e da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. Mais recentemente, matas e terrenos habitados junto a áreas florestais até 15 numa jornada também no âmbito desta temática, este último (natural de março. Todavia, neste mesmo dia, ficou a saber-se que a desta região) voltou a marcar presença no Alto Minho, bem como o imposição de coimas aos prevaricadores ficou sem efeito. seu homólogo da Cultura. Isto porque aprovou um decreto-lei para Em Caminha, falou-se de planeamento, prevenção e combate. Além de que não sejam terem sido programados visitas a locais onde decorriam trabalhos de limpeza aplicadas e gestão de faixas de combustíveis, decorreu uma sessão onde, além de coimas discursos, foram subscritos dois protocolos visando a formação de duas relativas equipas de intervenção (GIPS), enquadradas nas corporações de bombeiros. à Miguel Alves, presidente da Câmara e, por inerência, comlimpeza responsabilidades municipais no âmbito da Proteção Civil, foi odas matas, anfitrião desta visita e, mais recentemente, foi entrevistado pela VALEdesde que até MAIS. Fica aqui o principal das suas declarações.31 de maio estejamconcluídas. Na altura da visita ao seu concelho, o primeiro-ministro apelou para que acontecesse, este mês, uma grande ação de limpeza de terrenos, emCom efeito, o primeiro- vez de se plantarem árvores nos dias do Ambiente e da Árvore. Qual aministro, António Costa, garantiu que, após o final de março, a recetividade obtida?GNR começaria a levantar os autos, comunicando às autarquiasas situações de incumprimento, mas, até junho, não haverá coimas A limpeza dos terrenos será com certeza, este ano, o ato de maioraplicadas “se as pessoas, até lá, cumprirem as suas obrigações”. simbologia a assinalar os dias do Ambiente e da Árvore. Eu diria que o país está a fazer o trabalho que, durante séculos, não foi realizado, eEntretanto, alguns dias antes destas declarações, mais de uma dezena que já nos custou demasiadas vidas e uma riqueza que não podemosde associações florestais fizeram saber ao Ministério da Agricultura que desperdiçar. O que perdemos não é recuperável. Com coragem,o prazo de 15 de março era “errado” e que o mais acertado seria alargar lançamos todos mãos à obra, proprietários, baldios, autarquias eo período de limpeza das matas e florestas. Governo. Creio que osConsideravam, na oportunidade, que “limpar até meados de março resultados estão à vista,não previne os fogos florestais”, referindo que, “daqui até finais de não apenas no nossomaio, os matos e as ervas vão crescer e as florestas voltarão a ter concelho.combustível em excesso. Se as limpezas fossem feitas em maio,haveria, de facto, prevenção dos fogos florestais porque estaria Emtudo limpo no verão”, acrescentaram. Caminha assumimos estaFalavam, ainda, de especulação no refere aos preços praticados pela tarefa há algumlimpeza. Haveria até casos em que proprietários, ao verem os prazos a tempo, antes dasapertar, se disponibilizariam a pagar mais de três mil euros por hectare. tragédias que enlutaram Portugal. Assumimos a defesa do nosso território com determinação e com entusiasmo, algumas vezesEntretanto, como pano de fundo, fica a necessidade de políticas que com a incompreensão de certas forças, oferecendo o flanco aoassegurem a autossustentabilidade da floresta. aproveitamento político fácil, como aconteceu com a revisão do PDM. Mas estamos a conseguir bons resultados.PRIMEIRO-MINISTRO ESCOLHE CAMINHA valemais.pt 13No âmbito desta temática de defesa da floresta, o Governoapresentou-se, em fevereiro último, com a “delegação maismarcante de que há memória”, numa visita ao Vale do Âncora, noconcelho de Caminha.

Foi, aliás, como sabe, esse o motivo que levou didatura ao POSEUR. Acrescem mais 94,45ha,o primeiro-ministro a escolher Caminha como também em execução pelo Município, mas atra-exemplo para o país. vés do Uso do Fogo Controlado. Prevê-se uma área total de 158ha no âmbito de candidaturaTrabalhamos no planeamento, prevenção e aprovada ao Fundo Florestal Permanente.combate, em articulação, são complementares. As Unidades de Baldios deverão apresentarPermita-me destacar, a elaboração e aprova- novas candidaturas, que iremos acompanhar.ção do Plano Municipal de Defesa da FlorestaContra Incêndios (PMDFCI), em 2016; a Revi- Já no que toca à Rede Secundária, temossão do PDM, concluída em 2017, e a execução em execução 226,15ha de Faixas de Gestãodo Plano Municipal para o Fogo Controlado já de Combustível ao longo de Rede Viárianeste ano de 2018. Florestal, por parte do Município, no âmbito da candidatura ao POSEUR.Mas deste planeamento chegamos a umaconclusão, de enorme exigência: temos Também sob responsabilidade do Município,2.673,29 hectares de floresta para limpar estão ainda em execução 30,98 há de Faixassendo 636,14 hectares de espaços à volta de de Gestão de Combustível ao longo dasaglomerados populacionais e 525,67 hectares Estradas Municipais, a ser executadas pelosde rede viária florestal. É muito. Sapadores Florestais, bem como 10ha de Faixas de Gestão de Combustível, de proteçãoNo que se refere à prevenção, promovemos à Zona Empresarial da Gelfa.a sustentabilidade dos nossos Corpos deBombeiros, assegurando, por exemplo, a con- A Câmara, ao mesmo tempo, está preparadatinuidade da Corporação de V. P. Âncora, que para disponibilizar apoio, em situações deencontrámos em sério risco. carência, à execução das Faixas de Gestão de Combustível em torno das edificações.REDE DE COMUNICAÇÃOREFORÇADA Além de tudo isto, promovemos sessões de es- clarecimentos em várias freguesias, informando,Além disso, reforçámos a comunicação em desfazendo dúvidas, para a execução das Faixaso concelho, como é o caso da rede móvel na de Gestão de Combustível de proteção às edifi-Serra d’Arga, e investimos na rede de fibra cações isoladas e aglomerados populacionais.ótica, reforçando o investimento dos privados. CAMINHA COM PROJETO-Criámos a Equipa de Sapadores, em conjunto PILOTO NO PAÍScom a Associação Florestal do Vale do Minho,ao abrigo do Programa estabelecido pelo ICNF. Caminha foi é um dos 10 concelhos do paísExecutamos Ações de Fogo Controlado que, abrangidos pelo projeto-piloto do cadastrodesde o início do ano, se tornaram num Plano florestal e dispõe até de um serviço móvelintegrado e temos em curso um projeto piloto para responder às dificuldades de mobilidadepara a realização do cadastro rural e florestal – e ajuda na georreferenciação. Em que pontoBUPI – que inclui uma unidade móvel. está a elaboração desse cadastro?Finalmente, candidatámos, estamos a exe- Se faltam muitas? Começámos a trabalharcutar uma candidatura de mais de 500 mil no final do ano passado e 95% dos prédioseuros para intervenção na Rede Primária e rústicos (agrícolas e florestais) do concelhoSecundária de Faixas de Proteção. não estavam registados. O Balcão Único do Prédio - BUPi – é um grande projeto e opor-Em que ponto está a execução da Rede tunidade para todos os proprietários; todo oPrimária e Secundária de Faixas de processo é gratuito, durante um ano.Gestão de Combustíveis? As pessoas estão a aderir, mas há um enormeTenho comigo informação relativamente à trabalho por fazer. Caminha integra, desdeprimeira quinzena de março. Na parte refe- novembro, o “pelotão da frente”, composto porrente à Rede Primária, posso adiantar que 10 municípios (entre os 308). Caminha partiuforam executados pelas respetivas Unidades entre os 10 - e porventura entre muitos outrosde Baldios, no âmbito de candidatura ao - com a pior situação em termos de cadas-PDR2020, em Arga de Baixo, Argela e Gon- tro agrícola e florestal. Só se encontravamdar-Orbacém, um total de 142.54ha. formalmente identificados, com o competente registo, 5% dos proprietários.A estes valores somam-se 89.37ha, em execu-ção por parte do Município, no âmbito de can-14 valemais.pt

Até ao momento desta entrevista, foram efe- Anunciei, a 17 de fevereiro, para situações O concelho dispõe de duas equipas de inter-tuadas umas 400 georreferenciações (...) Mas de carência económica, que a Câmara iria venção permanente. No incêndio de gran-sabemos que uma importante fatia da área lançar no início de março um programa de des dimensões, em finais de fevereiro,florestal é baldia ou de juntas de Freguesia apoio às famílias, de modo a poder assumir a sua ação fez-se sentir?que ainda não fizeram a georreferenciação. total ou parcialmente os encargos com a limpeza dos seus terrenos, desde que este- O concelho foi contemplado com uma equipaAlém de outras entidades, a autarquia jam identificados nos planos e seja provada de sapadores florestais, de cinco elementos,fez uma candidatura para investir nas a insuficiência económica. (...) já constituída e a executar ação de prevençãoações de limpeza? estrutural, nomeadamente a Faixa de Prote- Os terrenos que poderão ter enquadramento ção à Zona Empresarial da Gelfa.Viu aprovada uma candidatura ao PO- nestes apoios terão que estar localizados nasSEUR, num valor de investimento total de faixas de gestão de combustível em torno O Município também assinou um protocolo com525.237,63€, para a execução, em 2018 e de edificações isoladas e de aglomerados a Autoridade Nacional de Proteção Civil para2019, de áreas inseridas em Rede Primaria a constituição de duas Equipas de Intervençãoe de Faixas de Gestão de Combustível (Rede populacionais, que são definidas nos termos Permanente (24 horas/dia, 365 dias/ano), cadasecundária) ao longo de Rede Viária Florestal, do art.º 15.º do D.L.124/2006, de 28 de junho, uma tem cinco elementos, sedeadas nas duasdefinidas em PMDFCI. Já se encontra em na sua redação atualizada. corporações de bombeiros – Caminha e V. P.execução em duas frentes de trabalho. Âncora. Estas estão em fase de recrutamento, da Definimos capitações e percentagens de responsabilidade das respetivas corporações.No ano passado, investiu mais de 76 mil apoio. Por exemplo, se o rendimento per capitaeuros na beneficiação da rede viária florestal. do agregado familiar for inferior ou igual a Por outro lado, já foram desenvolvidas ações deOs estradões foram limpos de vegetação, os 10% do salário mínimo nacional, o serviço fogo controlado, como as executadas em cumpri-aquedutos e valetas desobstruídos e limpos será prestado pelo município sem encargos. mento do respetivo Plano Municipal, e por solici-e o piso melhorado. Temos vindo a fazer este Se for superior a 10% e inferior ou igual a 35% tação de pastores e baldios na Serra da Arga. Atrabalho também nos anos anteriores. do salário mínimo nacional, 50% do valor do área executada em 2017 foi 67,51ha e este ano já orçamentado para o serviço, assim como os executamos ações deste tipo em 29,38ha.APOIO ÀS FAMÍLIAS restantes 50% do valor em causa, podem serCARENCIADAS pagos até 12 prestações mensais. Mas se o Temos envolvidos um técnico do Município, em rendimento per capita do agregado familiar colaboração os dos outros municípios do dis-Anunciou um programa de apoio às famílias, for superior a 35% do salário mínimo nacional trito, do ICNF ou Força Especial de Bombeiros,nos encargos com a limpeza de terrenos! e inferior ou igual a 50%, há ainda possibilida- apoio das corporações de bombeiros, sapado- de do proprietário beneficiar da prestação do res florestais, GIPS e Unidade Local de Covas.Sabíamos que teríamos de ser solidários serviço por parte do Município, procedendo aocom a população, gerindo sempre os recur- pagamento até 12 prestações mensais. Não damos tréguas a este desafio. //sos, o dinheiro público, com cuidado e rigor. valemais.pt 15

Opinião A Floresta da Esperança No passado dia 21 de março fez um ano que o governo aprovou em Conselho de Ministros a ’reforma da floresta’, uns meses antes da onda de incêndios que varreram Portugal e que infelizmente provocaram a morte a mais de 100 pessoas. O último verão mostrou-nos ser urgente resolver os problemas estruturais com que nos confrontamos há décadas e que têm sido agravados, nos tempos mais recentes, pelo fenómeno das alterações climáticas.Texto :: José Manuel Carpinteira E até final deste semestre prevê-se concluir o ção que cabe em primeiro lugar aos proprietá- processo de ordenamento, com a aprovação dos rios, privados e públicos, mas se os proprietáriosAvalorização e defesa da floresta requer Planos Regionais de Ordenamento Florestal. não cumprirem as suas obrigações, dentro dos não só uma reforma do setor que prazos, os municípios terão de substituir-se proteja os seus recursos e promova os Por absurdo, poderá dizer-se que o negó- aos proprietários nessa tarefa e poderão tomarseus ativos, mas também um novo modelo de cio dos fogos é bem mais rentável que o posse administrativa dos terrenos e recolher osprevenção e combate aos incêndios, que torne da prevenção, mas o que se passou no ano proveitos dos seus rendimentos.o território mais resiliente, as populações mais passado foi mau demais para se repetir. O paísseguras e que contribua para a vitalidade do não pode acordar com notícias tão trágicas Neste contexto, o governo decidiu, e bem, obri-mundo rural. É óbvio que os efeitos estrutu- como as de junho e outubro do ano passa- gar todas as entidades envolvidas nos terrenosrais da ‘reforma da floresta’ só serão visíveis do. A prevenção tem de ser assumida como a limparem-nos, a bem ou à custa de multas,a prazo, mas como qualquer plano a longo uma prioridade, seja através da diminuição da mas consciente de que alguns proprietáriosprazo são necessárias medidas imediatas carga combustível, seja através do reforço das têm fracos recursos para contratar pessoal,que contribuam para assegurar a redução do equipas que durante todo o ano cuidam da deliberou alargar o prazo para a limpeza dasrisco de incêndio. Assim, nestes últimos seis floresta. E nesse sentido o governo procedeu matas até junho e sem multas. Além disso, omeses, o governo simplificou processos e à abertura do concurso para 500 novos sa- primeiro-ministro, António Costa, tem referidopromoveu a criação de entidades de gestão padores florestais, que constituirão 100 novas várias vezes que “a limpeza das matas é umflorestal, que permitem o arrendamento das equipas, a que se juntam 21 técnicos intermu- desígnio e não uma caça à multa” e diz maispequenas propriedades de forma que possam nicipais e 55 novos vigilantes da natureza. “não pague a coima, limpe o mato”.ser exploradas numa escala maior, o queconstitui condição essencial para a valorização A limpeza dos matos constitui um passo funda- Nunca, como nestes últimos meses, houve tãoe ordenamento da floresta e para o aproveita- mental para termos uma floresta mais resiliente profunda consciência do dever de prevenir osmento da massa combustível. Continua-se a e resistente ao risco de incêndio. Revela-se, pois, incêndios e cuidar melhor da nossa floresta.promover, em colaboração com as autarquias, prioritário dar cumprimento à legislação que Nota-se uma sensibilização coletiva para quea realização do cadastro rural e florestal, cujo obriga à limpeza das propriedades, uma obriga- não se verifique o mesmo que em 2017. //projeto piloto tem mais de 12 mil prédioscadastrados e 50 mil agendados.16 valemais.pt

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Fotorreportagem #Teatro #V. N. CerveiraFotografia :: Vítor Ferreira A 7ª edição do 'ETC… Encontros de Teatro de Cerveira' apostou nas boas emoções que o teatro transmite aos públicos. Durante o mês de março, o teatro foi a arte performativa de eleição, celebrando-se o seu Dia Mundial, no dia 27. O programa desta edição foi ambicioso e aliciante, oferecendo três espetáculos diferentes protagonizados por três companhias de teatro do Norte: Comédias do Minho, Krisálida e a Companhia de Teatro de Braga.18 valemais.pt

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Reportagem #Paredes de CouraMARIA PINTO TEIXEIRA P3rsonalidade de 2017 Maria Pinto Teixeira, da Animais de Rua, a P3rsonalidade de 2017, numa eleição promovida pela P3 do Público sobre “pessoas que vale a pena conhecer”. Com poiso habitual em Paredes de Coura – em particular na Quinta das Águias – a VALE MAIS aproveitou a ocasião para a conhecer melhor.20 valemais.pt

Texto :: Manuel S.Fundadora, em 2005, da Animais de Rua, que já permitiu a esteri- QUINTA DAS ÁGUAS COMO OÁSIS lização de mais de 21 mil gatos e cães em Portugal, tinha 15 anos de idade quando começou a fazer voluntariado com animais em Tem uma afinidade especial com Paredes de Coura. A Quinta associações do Grande Porto. Com 37 anos, esta ativista da causa das Águias, de sua mãe e padrasto, funciona como uma animal, 'abdicou' da advocacia para se dedicar inteiramente à mesma. terapia para si. Este santuário dos aninais resgatados, que não acabam na panela, é parceira ‘privilegiada’ dos Animais O que representou, para si, ser escolhida para a P3rsonali- de Rua. Conte-nos um pouco como é isso? dade de 2017? A parceria com a Animais de Rua surgiu pela necessidade de abrigoFoi para mim uma honra enorme ter sido Costumo dizer para alguns animais em risco, que acaba-eleita P3rsonalidade de 2017 no P3, não que Paredes de Coura ram por ser acolhidos pela Quinta. Todossó a nível pessoal, mas, principalmente, é a terra dos sonhos os dias, tanto a minha mãe como o meupela visibilidade que esta distinção trouxe padrasto, cuidam dos animais da Quinta, eà causa da proteção animal e à Animais cada um deles recebe cuidados e atençãode Rua, organização sem fins lucrativos individuais.que dirijo, e que foi também beneficiada É, de facto, enternecedor ver a Mãe Ivonepor esta nomeação. Não posso, no entan- cuidar da sua horta biológica com umto, deixar de louvar o trabalho desenvolvido pelas restantes personali- séquito de gatos silvestres atrás (todos eles resgatados e esterilizados peladades em votação, nas suas respetivas áreas, a quem dou também os Animais de Rua), que apenas se aproximam dela e de mais ninguém.meus parabéns.DESDE OS 15 ANOS NOS ANIMAIS DE RUA A Quinta das Águias e a Animais de Rua levam a cabo durante o ano várias iniciativas, como foi o caso da Agenda e Calendário de 2018, queDesde os 15 anos, ou seja, há 22 anos que se dedica aos acabam por beneficiar ambas as associações.Animais de Rua. Chegou a exercer a advocacia, mas, em2009, deixou-a para se dedicar, em exclusivo, à causa. O que Pessoalmente, vejo a Quinta das Águias como um oásis que nosa levou a uma opção tão radical de vida? Percebeu que o relembra que está nas nossas mãos fazer alguma coisa para deixar umDireito não era tão apelativo? Mundo melhor às gerações vindouras.O Direito continua a ser a minha formação de base e uma área da qualnunca estarei totalmente desligada, apesar de, neste momento, não aexercer. No entanto, a partir de determinado momento da minha vidae do meu envolvimento com a área da proteção animal, decidi que oDireito só faria sentido, no meu percurso pessoal ,se posto ao serviçodas causas que defendo.Depois de colaborar com várias associações de protecção de animaisem risco, em 2005 apercebi-me que não existia, ainda, a nível nacional,uma resposta adequada às necessidades especificas das colónias degatos silvestres que, já então, faziam parte da nossa realidade. Decidimergulhar a fundo nessa área, participei em formações em Nova Iorquee em Londres sobre o método Capturar-Esterilizar-Devolver (CED), que éusado internacionalmente para o controlo das populações felinas silves-tres e decidi trazer esse conhecimento para Portugal com a fundação daAnimais de Rua, em 2008. No âmbito deste trabalho, tenho muitas vezesa oportunidade de colocar em prática os meus conhecimentos jurídicose, talvez até melhor posto, o pensamento jurídico, metódico, que se ganhacom o estudo do Direito e a prática da advocacia.Sei que, fundamentalmente, divide a sua vida entre o Porto,onde reside, e Lisboa.Sendo assim, conte-nos um poucocomo é a sua rotina diária?Neste momento divido mais o meu tempo entre Lisboa e Paredes deCoura. Passo bastantes dias a trabalhar no computador e em reuniõespresenciais e online com voluntários, parceiros, instituições, e em Paredesde Coura tenho oportunidade de conviver com os animais acolhidos pelaQuinta das Águias e que me relembram o sentido de todo o restantetrabalho que faço. valemais.pt 21

E que isto não é uma ideia abstracta que está nas mãos de governantes A partir deste ano, 2018, a lei passa a criminalizar os mausou outras entidades igualmente inatingíveis, mas algo que cada um de nós tratos e a proibir o seu abate. Há meios para esterilizar aindapode concretizar de forma direta através das nossas escolhas diárias. mais animais de rua (impedindo a sua reprodução massiva)?A ação dos Aninais de Rua já permitiu a esterilização de Felizmente, os maus tratos e abandono de animais de companhia foramcerca de 22 mil animais. Que apoios tem registados para já criminalizados em 2014. Em 2018 entrará em vigor a proibição doessa tarefa? abate como forma de controlo populacional de animais de companhia.O maior apoio é, sem dúvida, o dos voluntários, que dedicam a maior Com a aprovação desta lei, a Animais de Rua tem sido cada vez mais procu-parte do seu tempo a desempenhar as mais diversas tarefas na asso- rada por autarquias em todo o país para a implementação do método CEDciação, desde o trabalho no terreno a identificar colónias de gatos sil- como a única forma humana e eficaz de controlar a população de animaisvestres, a capturá-los, a devolvê-los e, consequentemente, a monitorizar errantes. Estamos no caminho certo, apesar de haver ainda muito a fazer.as colónias já esterilizadas para garantir que todos os animais estãobem e saudáveis, até ao trabalho administrativo que é já considerável Por muito boas condições que tenham ou venham a ter os canis muni-numa associação da dimensão da Animais de Rua. cipais, a sua capacidade é sempre finita. O trabalho de acolhimento e encaminhamento para adoção por parte dos centros de recolha oficiaisOs Municípios são também fundamentais, pois o nosso trabalho apenas terá sempre de ser complementado com medidas eficazes de controloé possível quando realizado em estreita cooperação com as autorida- da população, como é o caso da esterilização em massa dos animais dedes locais. Temos também parcerias com clínicas veterinárias que nos rua, e é aí que nós entramos, em estreita colaboração com os municípios.apoiam nas esterilizações dos animais. Temos ainda o apoio de marcasde alimentação, como é o caso da Royal Canin que nos fornecerem con- ESTERILIZAÇÃO AUMENTA ESPERANÇA dições especiais para garantirmos a alimentação dos animais. DE VIDAAs Famílias de Acolhimento Temporário são também um grande apoio A esterilização aumenta a esperança média de vida dosno caso de animais dóceis que são encontrados nas colónias e que animais - afirmou, recentemente, numa entrevista. Como seprecisam de abrigo, até lhes ser encontrada uma família. explica isso?E, claro, nunca esquecemos todas as pessoas e empresas que fazem A esterilização dos animais, nomeadamente nas fêmeas, evitam, por sidonativos e que nos ajudam a manter a nossa actividade no dia a dia. só, uma série de doenças que decorrem do cio, das gravidezes suces- sivas e da amamentação, como é o caso, por exemplo, de infeções e tumores uterinos e mamários.22 valemais.pt

Está provado que a incidência de tumores em gatas e cadelas é significati- Costumo dizer que Paredes de Coura é a terra dos sonhos e o Festi-vamente maior quando não são esterilizadas e quando continuam a trazer val de Rock e o Congresso Paredes de Coura Vegetariana são apenasao mundo ninhadas atrás de ninhadas. No caso dos machos, prende-se, dois exemplos disso, sobretudo tendo em conta a forma humilde comoessencialmente, com a questão comportamental, pois ao serem esteriliza- começaram e os eventos de referência internacional em que se trans-dos eliminamos a necessidade de “perseguirem” as fêmeas por altura do formaram. Para que sonhos destes se tornem realidade é necessário umcio, o que muitas vezes é comportamento que causa lutas entre os gatos executivo camarário visionário, mas também uma comunidade recetiva emachos e que resulta em ferimentos graves ou mesmo em morte. de espírito aberto, e encontramos as duas coisas em Paredes de Coura.A cópula é também a principal forma de propagação de doenças infecto- Relativamente a hobbies, adoro praticar yoga e conviver com os amigos. -contagiosas no contexto das colónias de gatos assilvestrados, logo seguida A leitura é também um hábito diário que só períodos de trabalho acrescidodas mordeduras em contexto de lutas entre machos inteiros. Ambos os na Animais de Rua, por vezes, me fazem descurar. Também viajo bastante,comportamentos são fortemente reduzidos com a esterilização das colónias. quer a trabalho quer a lazer, e essa é uma parte importante da minha vida. //A esperança média de vida de um gato de rua é de entre 2 a 3 anos,enquanto que se estiver esterilizado aumenta para cerca de 6 ou 7.Os direitos dos animais e o veganismo, opções prioritárias parasi, são vistas, por muitos, como uma moda, algo conjuntural,também por parte de algumas pessoas que, muitas vezes, os-tracizarão o seu semelhante. Acha que existe alguma verda-de ou fundamento nesta asserção? Como reage a isso?Tudo depende da atitude de cada pessoa perante o tema e das razõespelas quais opta por defender os direitos dos animais ou por adoptaruma dieta vegana.É difícil pensar em defesa dos animais e não estender essa compaixão àsvacas, porcos e outros animais tradicionalmente criados e mortos paraconsumo humano e que têm precisamente o mesmo grau de senciência doscães e dos gatos que a maioria das pessoas já considera dignos de proteção.Porém, não existe ainda uma relação directa entre a defesa dos direitosdos animais e o veganismo, pois há muitas pessoas que, a título individuale/ou empresarial, apoiam, por exemplo, a Animais de Rua e que não sãonem veganos nem vegetarianos, e respeitamos isso. Da mesma formaque há pessoas que são absolutamente contra eventos tauromáquicos,mas que incluem carne na sua alimentação. Cada pessoa faz as suasescolhas e penso que a preocupação com os animais e com o meio am-biente frequentemente suscita um processo individual que, com frequên-cia, evolui da preocupação com o cão e o gato para uma preocupaçãomais abrangente, onde se incluem outras espécies e o próprio planeta.Podemos, eventualmente, estar a travessar um período de tendência oumoda para a defesa dos animais ou para o veganismo, mas acreditoque, cada vez mais, as pessoas estão conscientes do impacto que a suadieta tem, não só no bem estar animal como também nas questõesambientais e da sua pegada ecológica.Fale-nos um pouco do Alto Minho e da sua relação comParedes de Coura. O que mais gosta de fazer aqui, além docontacto com os aninais? Quais são os seus hobbies?Paredes de Coura, em especial a Quinta das Águias, é, como referi an-teriormente, um refúgio e o local onde me sinto mais em casa. O factode estar rodeada de natureza e ter oportunidade de ter contacto diáriocom animais de várias espécies ajuda-me muito, não só a relaxar mastambém a trabalhar com mais foco e clareza.Para além da Quinta, encantam-me as pessoas de Paredes de Coura,que rapidamente nos fizeram sentir em casa. valemais.pt 23

Reportagem #Viana do Castelo EDIFÍCIO DAS TÍLIAS \"Dinamizar Santa Luzia para atrair mais visitantes\"Texto :: José C. Sousa SOBRE O EDIFÍCIO DAS TÍLIASAConfraria de Santa Luzia acaba de inaugurar É constituido por três pisos. No 1.º está situado o Museu com o espólio o edifício das Tílias, um imóvel que integra da Confraria e o restaurante que também prestará apoio ao albergue. diversas valências e é considerado um Este situa-se no 2.º andarn e é constituido por seis camaratas com“equipamento estrutural” com albergue de lotação 36 pessoas, além de uma outra com duas camas para pessoasperegrinos/hostel, museu e um espaço de restauração. com mobilidade reduzida. O 3.º piso está destinado aos serviços admi-A inauguração decorreu no passado dia 24 de março e nistrativos e armazenamento de material.a cerimónia foi presidida por Anacleto Oliveira, Bispode Viana do Castelo. Aproveitamos a ocasião para Para Pedro Reis, “Este edifício foi idealizado com o propósito de umentrevistar Pedro Reis, presidente desta Confraria que albergue para peregrinos que se aventurassem nos caminhos de San-foi fundada a 19 de Março de 1884. tiago de Compostela, mas também para aqueles peregrinos que a sua devoção seja Santa Luzia e o sagrado coração de Jesus\". \"Foi pensado, não só para acolher o albergue mas também para ser dotados de várias valências que á data da sua idealização não existiam em Santa Luzia, nomeadamente o museu da Confraria, um restaurante de apoio e diversos espaços de apoio aos trabalhos da confraria, tais como oficinas e espaços de trabalho\".24 valemais.pt

\"A ideia de criar este edifício plurifuncional surgiu pela profunda \"A obra foi suportado, na totalidade, pela Confraria de Santa Luzia, nãoconvicção que esta valência é demasiadamente importante para tendo existido qualquer apoio externo. Este investimento representouque o espaço possa projetar ainda mais a estância de Santa Luzia, um enorme esforço e dedicação da parte da confraria na concretizaçãoa atrair cada vez mais a devoção ao sagrado coração de Jesus e a do sonho da Estância desenvolvido no plano de pormenor de 2012.Santa Luzia. De salientar, ainda, que a criação do museu da Con-fraria, exporá a maravilhosa história da construção do templo, bem Os trabalhos foram iniciados no final de janeiro de 2017 e concluídoscomo a enorme riqueza que a Confraria possui, nos seus textos, em final de janeiro de 2018, tendo sido cumprido o prazo estipulado\".projetos, imagens e outros objetos de incalculável valor histórico eque merecem lugar de elevado destaque”. OUTRAS OBRAS RELEVANTESPedro Reis não tem dúvidas que “a oferta de um local onde se possa per- \"No ano passado foram realizadas inúmeras obras de manutenção enoitar e um local onde se possa tomar uma refeição quente para o peregri- recuperação de todo o templo de Santa Luzia e do seu espaço envol-no é sem dúvida uma lacuna existente na nossa maravilhosa estância”. vente. Todas as obras realizadas foram feitas ao abrigo dos fundos co- munitários Portugal 2020 com uma candidatura elaborada no inicio deAs expectativas são as melhores. “Acreditamos que este edifício vai di- 2016 no valor total de aproximadamente 500.000€. Destacamos asnamizar ainda mais a Estância atraindo cada vez mais o culto a Santa obras de recuperação e manutenção do exterior do templo MonumentoLuzia e atraindo cada vez mais visitantes ao espaço”. de Santa Luzia, que contemplou a estabilização das rosáceas do tem- plo, a limpeza geral do paramento em granito, a limpeza e recuperaçãoPara o presidente da Confraria este “é o concretizar de uma pequena das coberturas em telha, com a substituição de pare destas e de todosparte do plano de desenvolvimento da estância e a criação de uma os sistemas de impermeabilização e águas pluviais e a substituiçãovalência inexistente num espaço que pedia claramente por este edifício. de caixilharias em madeira existentes no alçado posterior do templo.Significa também um aumento da responsabilidade para quem gere e Realizamos, ainda, as obras de recuperação do interior do templo, quefaz parte desta equipa de trabalho”. contemplaram a substituição do mobiliário interior, a criação de novos corta vento interiores nas portas, recuperação e melhoramento daA CONSTRUÇÃO DECORREU SEM SOBRESSALTOS iluminação interior e implementação de um sistema de contagem de pessoas que nos visitam. Tivemos, também, as obras de recuperação e\"A construção foi concluída dentro dos prazos e custos definidos inicial- conservação dos muros e envolventes ao templo, colocação de novasmente. Esta obra foi lançada a concurso público com um valor base sinaléticas exteriores e informações diversas, restruturação do site dade 1.100.000€ e foi adjudicada por 1.049.000€. No final o valor do internet, adaptando o existente às novas tecnologias, e a criação deorçamento global da construção não ultrapassou o 1.040.000€\". uma aplicação para smartphones, onde podemos conhecer de forma integral a estância de Santa Luzia e a sua maravilhosa história e\"Já o custo total da obra foi de aproximadamente 1.200.000€, incluindo espólio. De salientar que nestes trabalhos realizados existiu um apoioneste valor, o valor integral da construção (1.040.000€) os equipamentos importante da Câmara municipal e Viana do Castelo.\"diversos no seu interior, desde mobiliário do albergue e do museu, bem comovariados custos de estudos, projetos, licenças, certificados entre outros\". valemais.pt 25

A MISSÃO DA CONFRARIA A SUA HISTÓRIA\"A principal missão é o embelezamento, manutenção e melhoramento \"Após constituição da Confraria, um dos principais objectivos foi ada estância de Santa Luzia, promovendo o culto e devoção ao sagrado melhoria dos acessos à capela. Nesse sentido, a 17 de Agosto de 1890coração de Jesus e a Santa Luzia. foi inaugurada a estrada de Santa Luzia. Para ajudar na angariação de fundos, foi fundada em 1893 a Comissão de Melhoramentos doEm 1882, o Capitão de Cavalaria Luís de Andrade e Sousa, sofrendo Monte de Santa Luzia. Em 1894, com o mesmo intuito, o padre Joaquimde problemas oftalmológicos, começou a frequentar a capela de Santa Dias Silvares organizou uma peregrinação à capela de Santa Luzia emLuzia. Por devoção, decidiu melhorar as condições do culto no cimo do honra ao Sagrado Coração. Estavam então reunidas condições paramonte. Para tal fundou a Confraria de Santa Luzia em 1884, da qual se avançar com um novo templo. Nesse sentido, o arquiteto Miguelfaziam parte ilustres cidadãos da sociedade vianense da época. Ventura Terra apresentou o projeto do atual edifício, pensando não só na devoção a Santa Luzia mas também ao Sagrado Coração de Jesus.Hoje em dia, a Confraria desenvolve, no seu essencial, trabalhos de As obras decorreram de 1904 a 1910, tendo sido retomadas de 1926 amanutenção e melhoramento da Estância de Santa Luzia, proporcionan- 1954 sob a direção de Miguel Nogueira e mais tarde do mestre canteirodo aos seus visitantes as melhores condições para disfrutarem de uma Emídio Lima. Na primeira metade do século XX destaca-se ainda o anovisita agradável e única. Desenvolve ainda o culto ao Sagrado Coração de 1918, com o voto de se subir anualmente o Monte de Santa Luzia emde Jesus e a Santa Luzia, o objectivo principal do templo-monumento. A peregrinação em honra ao Sagrado Coração de Jesus.gestão diária de um espaço tão importante da cidade de Viana do Caste-lo, exige muito dos 19 funcionários que esta confraria possui, executado Atualmente, no primeiro domingo de junho, é celebrada a peregrina-estes todos os trabalhos de limpeza e manutenção do espaço, trabalhos ção ao sagrado coração de Jesus que este ano assinala os 100 anosde venda de merchandising e oferta ao nível da restauração e bebidas e da sua existência. No dia 13 de dezembro é celebrado o dia de Santamais recentemente a criação de um espaço dedicado ao peregrino, que Luzia e no fim de semana seguinte são celebradas as festividades emmarcará a diferença ao nível da oferta neste tipo de espaços\". honra de Santa Luzia.\" //26 valemais.pt

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Reportagem #MonçãoInventariar e preservar o “ribamourês”Modo de falar próprio da aldeia“MAIS ISOLADA” de MONÇÃO Preservar o “ribamourês” como património cultural é o principal objetivo de Alda Barreiros e Maria Alves, uma professora e outra contabilista. ambas na vila de Monção. Mantêm, porém, residência em Riba de Mouro, aldeia serrana que as viu nascer há umas quatro décadas.28 valemais.pt

Texto :: Manuel S. Mas, daqui a 10/20 anos, estas poderão já não existir.Desde 2012 que estão a inventariar o linguajar próprio da aldeia, Se não for registado agora o que sabem, a maneira como falam, com de pouco mais de nove centenas de habitantes. Essencialmen- este vocabulário, ninguém o conhecerá.” te entre os de idade mais avançada. Paralelamente, registam tradições e costumes, mezinhas, lengalengas e histórias de vida. Observa: “Até nós próprias que falamos e conversamos com os maisMuito desse trabalho tem sido divulgado nas redes sociais com êxito, velhos, já há palavras que automaticamente nos saem.nomeadamente, entre os que estão emigrados. Agora, porém, o objetivoé mais ambicioso, dar-lhe corpo Mas, se perdermos o contacto,num livro. Começamos com esta provavelmente esquecemos e jáA VALE MAIS visitou esta freguesia nem nos lembramos das palavras.e, na oportunidade, conversou com ideia, mas as outras As pessoas mais velhas, acima deestas duas amigas de infância. 50/60 anos, falam desta maneira”.“Isto, oficialmente, não é um dialeto, pessoas também gostam. “A globalização tardou em chegar cá. Há 50 anos, nem estradasmas tem características. O nome… Já há muita gente, nas existiam em termos para Riba depoderá ser ‘ribamourês’. Onde esta Mouro, de modo a que as pessoasmaneira de falar se nota mais é no se deslocassem facilmente. Ouredes sociais, a falar achimVale do Mouro,freguesias de monta- seja, praticamente não falavamnha. E, de todas, sobretudo em Riba com ninguém, a não ser entrede Mouro porque é a mais isolada. elas. O que sabiam e falavam era aquilo que lhes tinha sido passadoNo concelho de Melgaço, Castro Laboreiro tem situação idêntica. Com oralmente.”palavras comuns, mas também há as que se usam numa e não noutra” –começa por sublinhar Alda Barreiros Alda explica: “Temos uma lista de expressões e de palavras (mais deMaria Alves nota, por sua vez, que a ideia partiu da amiga que a con- 300) e, grande parte delas, se formos procurar no dicionário galego,vidou para o projeto. “Para não deixar perder os nossos costumes, as estão lá, mas no português não existem. Isso deve-se a essa influêncianossas tradições, as nossas receitas. Quem fala essa linguagem assim do galaico-português. Até ao séc 16 falou-se, em Portugal e na Galiza,de uma forma mais cerrada e genuína são as pessoas mais velhas. a mesma língua. O galaico-português. Riba de Mouro é uma freguesia raiana, e que é de montanha. Fica a 23 km da sede do concelho. Este valemais.pt 29

isolamento, normalmente associado a um coisa negativa, teve este A explicação para o orgulho pela linguajar agora existente é dada poraspeto positivo de conseguir preservar, até hoje, esta linguagem.” Alda.Pormenorizando: “O que as pessoas falam, o vocabulário delas, anda “Houve uma altura, anos 80/90, em que a ideia era sair das aldeias, que nãotodo à volta, essencialmente, do que faziam no campo. A maior parte interessavam a ninguém, um atraso de vida, o mundo urbano e a cidade édele está ligado ao trabalho, ao artesanato, à agricultura, à pecuária, aos que era. Também por necessidade. E existia, sobretudo da parte das pes-animais, ao vestuário, às receitas, alimentação, comida, mezinhas… tudo soas mais novas, uma certa vergonha de ser de uma aldeia, atrasada, nãoo que era passado através da tradição oral. Nada escrito. Iam passan- se passa nada, as pessoas nem sequer sabem falar, esse estigma.”do de geração em geração e, por essa razão, há muitas corrupções depalavras. Por exemplo, ‘ polvinhar o pão’ (deitar farinha) que significa “De há uns tempos para cá, nota-se, mesmo a nível nacional, empolvilhar…. A palavra ‘correta’, provavelmente, nem sabem qual é… pessoas, inclusive, com cursos superiores, que foram estudar para atantas assim” – remata Maria. cidade e regressam ao campo, uma valorização do mundo rural. É neste que está a pureza na alimentação, no ar e na maneira de estar… e háOS MAIS NOVOS um certo saudosismo de voltar às origens. Acho que é, por isso, que as pessoas aqui, também, pensem que não devem ter vergonha dasAntes, os mais novos eram gozados nesta maneira de falar quando se origens. Temos de valorizar o que é nosso. Se não formos nós, quem édeslocavam para outros meios, designadamente para a vila de Monção, que vai ser?” – questiona.onde estudavam. Agora, até têm orgulho em serem desta terra, empreservar a linguagem. NÃO SIGNIFICA ATRASO“Começamos com esta ideia, mas as outras pessoas também gostam. Um modo de pensar que não existia há 15 ou 20 anos, assevera Maria.Já há muita gente, nas redes sociais, a falar achim” – conta-nos Alda. “O trabalho que fazemos ajudou muito a que isto acontecesse. PorqueMaria acrescenta: “Tem características do galego, embora a maior parte havemos de ter vergonha da maneira como falamos? É preciso tam-sejam palavras portuguesas. Por exemplo, em vez de dizer Não, dizemos bém dizer às pessoas que esta maneira de falar não significa atraso. IstoNom, como na Galiza, com os sons nasais alterados: Tche, Mai, Manham é de um valor patrimonial e cultural de que as pessoas não têm noção.”é influência galega. Os sibilantes todos, as trocas dos V pelos B e do Xpelo Tch. Também, como os galegos, não se utiliza a determinante antes Os mais velhos, contam-nos, têm valorizado, sobremaneira, o trabalhodo nome. Um exemplo: Diz-se ‘Luis’ em vez de ‘O Luís’. Mas, se for de de documentar este modo de falar. A página que elas têm no Facebookfora, alguém que casou cá, já se diz “O Luís”. tem sido um êxito, com os mais novos a mostrarem-nas, muitas vezes, aos de escalão etário mais elevado. Um facto sentido, particularmente, na comunidade emigrante. José Veloso Alves, João Branco Fernandes e Armindo Estevess conversam em ‘ribamourês’ enquanto podam30 valemais.pt

“Riba de Mouro deve ser a freguesia de Monção com mais emigrantes” “Já temos alguns contactos, fomos à Câmara apresentar a nossa propos-– diz-nos a Maria Alves. ta e sabemos que foi aprovado no orçamento, em dezembro, uma bolsa literária, à qual vamos concorrer. Estamos à espera que saia o concurso.“Também fazermos o levantamento de receitas e mezinhas, histórias,testemunhos, profissões. Antigamente, por exemplo, havia vergonha Haverá um júri externo, pelos vistos, baseado em determinados critérios,de falar dos carvoeiros, era assim umas pessoazinhas … e em 2014 que elegerá o livro e a autarquia apoiará. Se formos selecionados, ótimo;fomos entrevistar dois carvoeiros e desenterramos o assunto. A partir se não, temos de tentar ir por outro lado.”dali, fez-se o cortejo, o João Capela viu-o, achou-o muito interessantee resolveu-se fazer um filme. Somos a base de muita coisa que se tem O objetivo de todo este trabalho é, pois, a preservação “de um patrimó-passado aqui na área.” – acrescentam ambas. nio que é imaterial” e a valorização do mundo rural. //A inventariação das palavras é através das conversas com os mais ve- FALAR À RIBAMOURÊSlhos. “Ultimamente temos estado a registar o significado de todas elas, éum trabalho bastante exaustivo.\" - Andas a tapar as traliscas Marquinhas? Ende foste às flores? - Topei mi ben delas por riba do balado de Tone! Hai que le dar um jeito pra\"Mas o nosso objetivo também não é fazer uma pesquisa a nível linguís- l’abrir a porta à cruz.tico, porque isso levaria a fazer investigação em cima de investigação” , - Eu tamén andei a labar as escaleiras que estaban tcheias de esterco dasrefere Alda, para Maria acentuar: “É mesmo só preservar”. galinhas. - Na hora da cruz hai que as prender.INVENTARIAÇÃO DE COSTUMES - E teias d’aranha, estan os forros tcheios. tênho que as tirar ben qu’o crego olha xempre pra riba.Paralelamente, está a ser desenvolvida uma inventariação de receitas, - Ah puis ê! Eu tamén já as tirei. Bas à mixa da alelua?mezinhas, diálogos que ficcionam, em que utilizam as tais palavras, - Bou que quero trazer a auga benta.tradições ou hábitos que se foram perdendo. Há pessoas que vêm ter - Entôn, ó fin de cear, tchama por min qu’imos ambas a duas.com elas para lh’os contar. - Esta ben! - Quina diz que tamén bai mas exa ê c’mó bento xieiro, nun xe pode pôrO desiderato é, pois, o livro. bexada c’o ela. - Ai ixo ê berdade! Ela xe qujêr que nos bá acadar end’ó campo de Neca que“O trabalho está bem alinhavado. Praticamente pronto. Se o quisésse- bai connosco. Olha, bou-me indo qu’inda bou gobernar o bibo enqanto hai dia.mos publicar agora, o espólio está reunido. Falta organizar umas coisitas. Osdespois tchamo entôn por ti.Neste momento, não há muito mais onde ir. Não podemos inventar - Beiçôn! Bai cun Deus!coisas que não existem. Andamos há cinco anos e meio a fazer umlevantamento. Chega-se a um ponto que… claro que vai haver sempre TRADUÇÃOalgo que vai ficar, é normal, há muita coisa que se perdeu.”- garantemMaria e Alda à VALE MAIS. - Andas a tapar os buracos Maria? Onde foste às flores? - Encontrei muitas por cima do campo do Tone! Há que dar um jeito para lhe“Uma coisa que notamos é que, quando vamos ter com as pessoas, elas abrir a porta à cruz.primeiro dizem ‘não sei nada disso, não me lembro’…mas, depois aca- - Eu tambén andei a lavar as escadas que estavam cheias de porcaria dasbam até, se for necessário, por ficar uma tarde inteira a contar as coisas” galinhas.– dão-nos conta, felizes pelo trabalho desenvolvido. - Na hora da cruz há que as prender. - E teias de aranha, estão os forros cheios. Tenho que as tirar bem que padre“Nada fica perdido. Está ‘registado’. Os nossos textos no Facebook, as nos- olha sempre pra cima.sas conversas, isso tudo. Então, se ficar em livro, melhor ainda. Às tantas, se - Ah pois é! Eu também já as tirei. Vais à missa da aleluia?não tivéssemos começado com este trabalho, irmos ouvindo uma ou outra - Vou que quero trazer a água benta.palavra em contacto com os mais velhos, acabava” – confessa Maria. - Então, depois do jantar, chama por min que vamos as duas. - Está bem!“Acredito que, há 100 anos, aqui em Riba de Mouro, além de não se saber - A Quina diz que também vai mas essa não é certa, não se pode marcar nadafalar de outro modo, o ribamourês era muito mais cerrado. Ao longo dos com ela.tempos foi-se misturando com o português, com a língua normal e foi - Ai isso é verdade! Ela se quiser que vá ter ao pé do campo do Neca que vaificando, assim, mais diluído. Agora, se dizer que daqui a 30 anos ou 50 connosco. Olha, vou indo que ainda vou dar comida aos animais enquanto háanos, se ainda houver cá gente.... porque isto... as pessoas que cá vão dia. Depois chamo então por ti.morar ainda vou falar ‘achim’, provavelmente não” – prossegue Alda. - Obrigada! Vai com Deus!“Mas vão-se lembrar que alguém falou. Eu e a Maria, se estivermos aqui Algumas palavras usadas em Riba de Mouroem Riba de Mouro, com as pessoas mais velhas falamos ‘achim’.... Oimportante não é as pessoas falarem o ‘ribamourês’. Em Miranda do • Antcho – largo • Orniar - mugirDouro não se fala mirandês e, no entanto, é um dialeto reconhecido • Beiçôn – obrigado • Prosa – vaidadeoficialmente. O importante é que fique registado.” • Cunca -tigela • Que se amole (que x’amole) – que se dane • Descanda – da mesma idade • Reça – nesga de solNesse aspeto, para Maria, a disponibilidade para o livro já era para “on- • Escânceli – liscranço • Saramela – salamandratem”. Alda, mais explícita, conta: • Fatchoqueiro – fogueira grande • Tunir – tocar • Geriar – andar por aí • Xalmote – tolo • Hêrda – herança • Zurzir – dar uma tareia • Inçar – desenvolver, propagar • Jambre - blusa • Lacôn – mão do porco • Maniscoto – canhoto, esquerdino • Nun hai ende pôr berga – não há nenhum que se aproveite valemais.pt 31

Opinião Os Caminhos de Santiago começaram por ser rotas medievais percorridas pelos peregrinos que iam até Santiago de Compostela visitar o túmulo do Apóstolo. Pode-se dizer que esses viajantes, vindos do sul, estavam, em determinado momento, a seguir em grande parte uma das mais antigas vias romanas, a que vinha de Ponte de Lima para Valença e atravessava o rio Minho para Tui.Texto :: Manuel Pinto Neves quando os nossos antepassados e pagãos eu- solidária de uma civilização que fundia as suas raí- ropeus partiam em busca desse acontecimento zes com o mundo clássico, mas que se expressavaAsaída de Valença era feita através da Porta sagrado que era o pôr-do-sol misterioso, atraídos com uma linguagem profundamente cristã. de Santiago, que dava acesso à margem pelo fascínio do lugar dos mortos, simultanea- Se toda a Europa recebeu a notícia sobre o Após- do rio. Depois, para se atingir a cidade mente maravilhoso e aterrador. tolo, mais facilmente ela se espalhou pelo Norte detudense, tomava-se uma barca de passagem. Portugal que tinha com a Galiza uma forte relação As peregrinações tiveram o seu auge nos séculosNo primitivo assento do povoado de Valença, no XI e XII e mantiveram-se até ao século XV, com humana, cultural e económica. Isto é perfeitamen-denominado local das Lojas, é referido por vários relativa intensidade. Elas continuam nos nossos te compreensível pois ambas as regiões estiveramhistoriadores que nessas “lojas” pernoitavam os dias, embora sem as características e, convenha- unidas administrativa e politicamente desde operegrinos em demanda de Santiago. Alguns mos, sem o fascínio de outrora. tempo dos romanos e, depois, dos suevos.passariam para Tui, buscando no velho burgo de Os Caminhos de Santiago aparecem, assim,granito negro a guarida para retemperarem forças Essas peregrinações favoreceram a realização de como um laço que foi ligando, século após século,e outros, ainda, iriam até ao convento de Ganfei, novos mercados e feiras e a reactivação econó- as gentes mais diversas dentro de um ideal reli-também local de pousada de romeiros. mica ao longo de todo o itinerário. Os peregrinos gioso. Do calor dessa fé produziu-se um fecundoEstas peregrinações às terras galegas do “Finis estrangeiros eram privilegiados por um estatuto extravasar de formas artísticas, de sementes cul-Terrae”, suportadas pela lenda do barco de pedra, que os deixava circular livremente, os isentava de turais. Assim, acabou por surgir o estilo românicode origem pagã, remontam a tempos imemoriais, peagem e outros impostos, e facilitava a sua fixa- como o primeiro definidor da unidade europeia, ção definitiva em terras a repovoar ou em urbes ainda que enriquecido por influências orientais.32 valemais.pt onde se tornavam comerciantes ou artesãos. A via “jacobea” ficou aberta à Europa, na época românica, como a mais precoce e bem sucedida Na verdade, desde o ano de 950, quando o bispo experiência turística. A sua vitalidade manteve-se Godescalco chegou ao sepulcro do Apóstolo, que durante o período gótico e continuou em plena a estrada “jacobea” deu início aos mais fecundos época renascentista e mesmo barroca. contactos espirituais entre os povos do Ocidente. Apesar das resistências que surgiram no princípio do século XI, originárias da sensibilidade cristã visigótica-moçárabe, a Europa medieval sentiu-se Peregrinar os Caminhos de Santiago, nos dias de hoje, significa o reviver de um processo histórico-artístico cheio de sentido espiritual.

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Opinião O Regulamento(EU) 2016/679 e a Diretiva (UE) 2016/681 do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de Abril de 2016 geral de Proteção de dados relativa à proteção de dados de pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoais e á livre circulação desses dados entra em vigor no próximo dia 25 de Maio. Texto :: Vítor Veiga O teste decisivo para decidir se são dados pessoais para o RGPD ou não, consiste em avaliar se esses dados podem ser usados direta ou indiretamenteEstá na ordem do dia, ainda mais quando estudos do final de 2017 para identificar uma pessoa. apontam que apenas 2% das empresas portuguesas já puseram em prática as medidas exigidas e cumprem as mesmasNa prática, as 173 alíneas, os 99 Artigos do Regulamento, as As organizações têm de conseguir provar que cumprem107 Alíneas e os 65 artigos da diretiva, estabelecem um com o regulamento, nomeadamente:conjunto de regras relativas á aquisição, tratamento,manipulação, segurança e eliminação dos • Que os dados pessoais que possuem sãonossos dados pessoais. legítimos e estão limitados ao que é necessárioO Regulamento Geral de Proteçãode Dados da UE (RGPD) reforça • Que os dados estão atualizados,a privacidade dos cidadãos da seguros e confidenciaisUnião Europeia. • Que têm políticas, procedi-No fundo, existe uma mudança mentos, códigos de conduta ede paradigma relativamente instruções internas, forma-ao atual quadro legislativo. lizadas e capazes de seremRedução de burocracia atra- disponibilizadas às entidadesvés da abolição do princípio de supervisão.geral da notificação prévia,o que implica uma maior • Que possuem sistemas parafiscalização e a existência de monitorizar se as políticasum sistema de balcão único para e procedimentos estão a sera proteção de dados na U.E. seguidas.O Regulamento aplica-se a todas Autoridades, organismos públicosas entidades publicas e privadas que tra- e entidades privadas que controlemtem dados pessoais, ou seja, que realizem regularmente dados pessoais e/ou queoperações que envolvam os mesmos. Sejam tratem dados terão de nomear um Dataestas entidades que determinem as finalidades e Protection Officer (DPO) , um Encarregado daos meios de tratamento de dados pessoais, mas também Proteção de Dados.as que efetuam essas operações em regime de subcontratação,um exemplo concreto serão os Gabinetes de Contabilidade que fazem pro- Se o tipo de tratamento de dados for suscetível de implicar umcessamento de salários para os seus clientes ou empresas de telemarketing. elevado risco para os direitos e liberdades dos titulares dos dados, deve ser efetuada uma avaliação de impacto das operações de tratamento a realizar.É considerada identificável uma pessoa singular que possa ser identificada, Privacy Impact Assessment (PIA) Avaliação de Impacto de proteção dedireta ou indiretamente, em especial por referência a um identificador, como dados.por exemplo um nome, um número de identificação, dados de localização,identificadores por via eletrónica (E-mail) ou a um ou mais elementos especí- As consequências de uma violação de dados podem ser graves. As multasficos da identidade física, fisiológica, genética, mental, económica, cultural ou potenciais sob a gama RGPD até 20 milhões € ou 4% do volume de negóciossocial dessa pessoa singular. anual, dependendo do que for maior.34 valemais.pt Mais informação consulte Comissão Nacional de Proteção de Dados https://www.cnpd.pt/

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Opinião PONTE DE LIMA Estávamos em pleno século XV. O leito do Lima ainda não padecia de assoreamento e Ponte de Lima (PL), que organizava “a feira mais concorrida da região” (José Norton), florescia como um destacado e atrativo entreposto comercial, recebendo, no refúgio do seu luminoso porto fluvial, as míticas caravelas portuguesas que “traficavam com a Irlanda e os portos do Mediterrâneo” - como nos diz Jaime Cortesão. Texto :: Adelino Silva Nos rústicos embarcadouros das suas margens coloridas atracavam esses nobres veleiros - os “água-arriba” -, com os seus 15 metros deEsta influente rota comercial - com o passar do tempo - foi sofrendo comprimento, providos com o seu altivo mastro, ao centro, e com o seu transmutações hidromorfológicas que vieram dificultar a pujante delicado leme, à retaguarda, sempre manobrados por dois ou três tripu- navegação fluvial com a costa atlântica. lantes - os valorosos, sábios e experientes “almirantes do Lima”. O assoreamento do leito afastou as caravelas do bucólico Belion, tendo Nos anos 80, Francisco Dantas, também ele um devoto e insigne “se- Miguel Lemos imputado esse comprometimento “ao péssimo sistema nhor do rio”, dizia-nos para um programa de rádio, emitido na Antena 1: que os nossos lavradores seguem” de “roçarem os matos”, provocando “Era bonito vê-los a chegar à nossa vila - os ‘água-arriba’ - lá ao fundo, o arrastamento de areias dos “montes e outeiros”. junto à Guia, de vela içada, enfunada com o vento!” O povo manifestou as suas preocupações; os políticos cogitaram as Também os “água-arriba” são hoje uma imagem remota, perdida na me- mais variadas soluções. mória dos arquivos pictóricos, tendo sido vencidos pela força do progresso. Aqui triunfaram os transportes rodoviários, já que, os ferroviários - Linha do Em 1784 - conta-nos M. Lemos - a Sociedade Económica de PL, que- Vale do Lima - foram uma “quase-realidade” do século XX e são, ainda hoje, rendo estimular a navegabilidade do rio, propôs ao Governo a sua cana- lização, estreitando o seu curso. Essa obra foi aprovada em 19/02/1805, um pesadelo intermi- iniciou-se em abril desse mesmo tente (e oculto) para ano, mas foi parada, defi- todos nós. nitivamente, no último dia de 1807. O Lima conti- nuou com as suasDAS metamorfoses e aCARAVELAS Agência PortuguesaAOS “ÁGUA- do Ambiente (APA)ARRIBA” diagnosticou-as explicitamente. As lendárias cara- velas deixaram de Diz a APA que as poder subir as águas barragens construí- plácidas do român- das a montante de tico Olvido, mas este PL (1992 e 1993) rio antigo continuou trouxeram uma a ser seduzido pela “quebra do continuum circulação viva e fluvial e alteração do abundante de outras regime de escoamento embarcações: as pi- natural” e adianta as soluções: torescas “barquinhas” eliminar a barragem; recuperar a morfologia para a passagem natural; repor o regime hidrológico. Mas aponta as consequências: desa- entre margens e os garbosos “água-arriba”, com deslocação “à vela”, para pareceria a capacidade de regularização de cheias a jusante… transporte de mercadorias. Sendo assim, será que alguém “compra” estas soluções? Mas se há povoação onde o bulício do tráfego fluvial marcou, durante sécu- Talvez… talvez um dia! los, a fisionomia da paisagem, é a medieva e sempre adorável vila limiana. 36 valemais.pt

OpiniãoQue coisas são as ÁRVORES Por entre ventos e tempestade, é agora quase inverosímil a azáfama no amanho dos montes, sobretudo junto às estradas nacionais e municipais.Texto :: M.ª Fátima Cabodeira No meu quintal de família, cada árvore conta uma história, que fala de quem habitou aquele espaço - estão lá reminiscências das brincadeiras infantis,Os matos são roçados, como acontecia na minha infância, e as dos verões preguiçosos e das colheitas - e ali colocou a seiva da esperança. espécies arbustivas mondadas e /ou desramadas. O mesmo acontece com as plantas. E há lições silenciosas de resiliência. No tempo em que as populações alto-minhotas habitavam as Algures num ano de temporal, a vetusta e portentosa nogueira tombou.localidades rurais e se dedicavam à agricultura, essas práticas eram Pensou-se que não sobreviveria às mazelas, mas com o tronco inclina-vulgares. do, fincou as raízes na terra e foi procurando a luz em direção ao céu. As nozes continuam a cair, na estação certa.Porém, o progressivo abandono do campo a que se assistiu em todoo país, fez crescer os silvedos que tudo abafam, colocando em perigo Trepar às árvores não era apenas uma forma de esbanjar energia, àhabitações e habitantes. falta de melhor ocupação, era uma aprendizagem para se lidar com os obstáculos da vida; implicava saber dosear o peso corporal, ter agilidadeAinda que por força da lei, a floresta assim aprimorada ganha outro en- e colocar o pé no ramo certo, mormente na copa.canto e, sobretudo, utilidade, fazendo-nos recuar ao universo dos contosinfantis. O bosque é um lugar misterioso, onde o perigo espreita. A propósito, vem-me à memória um comovente livro “A História do Sr. Sommer”, de Patrick Suskind, cuja leitura recomendo também aosMas este é apenas o lado poético da paisagem nas suas múltiplas suges- adultos. O autor insiste na temática, extensiva à sua obra, da dificuldadetões, que em nada contrasta com a necessária valorização económica dos de integração do indivíduo no tecido social.pinhais e bouças, a par da consciencialização de que há vegetação au-tóctone nobre, como o carvalho e o sobreiro, (de crescimento mais lento), As árvores. Símbolo da vida, do conhecimento e da eternidade, há quempara lá do pinheiro, do eucalipto e da praga das infestantes háqueas. se dedique a contemplá-las, a desenhá-las, a abraçá-las, a conversar debaixo dos seus ramos quando o calor se torna mais intenso.Desde tenra idade, foi-me transmitido um profundo respeito e admiraçãopela abundante natureza. A relação dos povos antigos com o meio am- Em plena exuberância da rebentação da folhagem, aguardo a chegadabiente era da ordem do sagrado. Plantar uma árvore, por exemplo, obe- da primavera já prenunciada.decia a preceitos, que o meu avô levava à risca. Se “pegasse”, o primeirofruto era aguardado pacientemente, e seria colhido por uma criança. valemais.pt 37

OpiniãoCENTROS HISTÓRICOS DO ALTO MINHO Estratégia de Eficiência Coletiva para a Valorização Comercial“O urbanismo comercial refere-se à integração do comércio com o ordena-mento do território no planeamento do crescimento e transformação urbana,na dupla vertente das orientações sobre o desenvolvimento da actividadecomercial, por um lado, e uso do comércio como instrumento de acção urba-nística, por outro” (Salgueiro, 1996:30)Texto :: Luís CeiaComo sustenta Catarino (1995), uma boa política de urbanismo comer- cial deverá ter em mente: integrar o comércio como função importan- te; proceder ao ordenamento de novos centros de comércio; facilitaro tráfego e estacionamento; promover a qualidade dos espaços públicos epromover o diálogo entre os diferentes atores urbanos.O urbanismo comercial, segundo Tarrago (1992) surge assente em trêsvertentes: a regulação, o comércio e a cidade. A função reguladora do urba-nismo comercial constitui um dos atributos mais positivos destas políticasWarnaby et al., (2004), destacam a necessidade de haver uma maior atitudeempreendedora das entidades com responsabilidades políticas, para que ascidades se tornem mais competitivas. Esta atitude pró- activa, empreendedora,deve-se manifestar em termos do estabelecimento de parcerias entre o sectorpúblico e privado. Estas interacções afectam crescentemente, o carácter e bomdesempenho dos espaços locais, através da conciliação de agendas e activida-des dos vários actores intervenientes na gestão do centro urbano.No caso concreto de Portugal, as primeiras medidas tiveram lugar na dé-cada de 90, com a implementação de programas de incentivo à requalifi-cação do centro das cidades e de renovação da sua imagem, no âmbito doII Quadro Comunitário de Apoio a partir do programa PROCOM – Progra-ma de Apoio à Modernização do Comércio e mais tarde já no âmbito do IIIQuadro Comunitário de Apoio a partir do URBCOM – Sistema de Incentivosa Projetos de Urbanismo Comercial. Só depois, o governo cria legalmente afigura jurídica das UAC´s – Unidades de Acompanhamento e Coordenação,através da Portaria n.º 188/2004, de 26 de fevereiro.38 valemais.pt

Aqui, aprovou o Regulamento de Execução do Sistema de Incentivos integrado de valorização turística e comercial dos centros históricos in-a Projectos de Urbanismo Comercial (URBCOM), o qual prevê, na sua tegrados na Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) aprovadas nos PARU /alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º “…as unidades de acompanhamento e PEDU, abrangendo o apoio a parcerias integradas pelo município e pelacoordenação (UAC) como entidades beneficiárias dos apoios financeiros associação comercial /empresarial do território de intervençãoprevistos no citado Regulamento”. (ii) Programa integrado de investimentos empresariais de micro e pe-CONSIDERANDO, quenas empresas orientados para a valorização da atividade comercial nos centros históricos integrados na Áreas de Reabilitação Urbanao sucesso da aplicação dos programas de urbanismo comercial PRO- (ARU) aprovadas nos PARU / PEDUCOM e URBCOM, como se constata do grande numero de intervençõesocorridas no espaço publico das urbes e nos estabelecimentos privados aí A região saberia uma vez mais corresponder com nota alta.localizados. Foram investidos no total 647 049 757€, cabendo 529 096573€ a iniciativa privada num total de 8408 empresas (DGAE, 2010);a favorabilidade destes Programas, ainda hoje referenciada pelos autar-cas, responsáveis de Associações do Setor e empresários intervenientesnas referidas parcerias público-privadas;o impacto positivo que as intervenções tiveram em todos os agenteseconómicos ligados ao sector da construção, decoração e mobiliário,entre outros;a regeneração urbana como uma função que se deve preocupar com arequalificação urbana, mas também com a vitalidade das urbes, desem-penhando o comércio de proximidade um papel crucial;o Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, que estabeleceu oRegime Jurídico da Reabilitação Urbana, estruturou as intervençõesde reabilitação com base em dois conceitos fundamentais: o conceitode «área de reabilitação urbana» (ARU) e o conceito de «operação dereabilitação urbana». (Por área de reabilitação urbana, designa-se a áreaterritorialmente delimitada que, em virtude da insuficiência, degradaçãoou obsolescência dos edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos deutilização coletiva e dos espaços urbanos e verdes de utilização coletiva,designadamente no que se refere às suas condições de uso, solidez,segurança, estética ou salubridade, justifique uma intervenção integrada,através de uma operação de reabilitação urbana aprovada em instru-mento próprio ou em plano de pormenor de reabilitação urbana).O Alto Minho, pela sua localização transfronteiriça, pela rede de centroshistóricos bem preservados, pela dinâmica enquanto região coesa eresiliente, pelo fato de a CEVAL ter promovido uma pós-graduação emgestão de Centros Históricos da qual resultou a edição do livro “Rede deCentros Históricos um desfio a construir no Minho-Lima”, poderia seruma região piloto na aplicabilidade de medidas que fossem de encontroà grande reforma que o comércio de proximidade está carente. Sendoassim, seria importante a aplicabilidade ao território de uma Estratégiade Eficiência Coletiva para a Valorização comercial de centros históricos,envolvendo, nomeadamente, a apresentação, por parte de uma parceriaterritorial integrada por municípios e por associação do setor, de umaproposta de valorização comercial de centros históricos integradosna Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) aprovadas nos PARU / PEDU,abrangendo, nomeadamente, as seguintes tipologias de ações:(i) Estruturação, capacitação e dinamização de um programa anual valemais.pt 39

Opinião No momento em que se encontram em discussão na Assembleia da Republica propostas lei que pretendem que os Jovens possam proceder a partir dos 16 anos, junto do Registo Civil, à alteração de género e sobre a Eutanásia não poderia deixar estes temas tão fraturantes sem uma pequena reflexão.Texto :: Emília Cerqueira Por outro lado, dizem os seus defensores que o recurso à eutanásia se justifica pela defesa da dignidade da vida humana e pela possibilidade de escolha deAmbas as matérias devem convocar-nos a todos para uma discussão mais acabar com a vida quando esta já não apresenta qualidade.profunda do que aquela que parece à primeira vista. Temos de nos questio-nar sobre os nossos valores e o tipo de sociedade que pretendemos. Afinal toda a vida deve ser preservada, independentemente das circunstân- cias ou apenas se for uma vida com “qualidade”?EUTANÁSIAEsta matéria convoca-nos para a escolha entre duas perspetivas Atualmente qualquer cidadão com mais de 18 anos pode proceder à diferentes em relação ao chamado direito à vida. Por um lado, temos alteração de género no Registo Civil, desde que a sua situação seja aqueles que defendem que o direito à vida é inviolável e que não devidamente atestada medicamente por relatório que comprove a temos o direito de lhe pôr termo em circunstância alguma; por outro lado perturbação de identidade de género elaborado por equipa multidisciplinar temos aqueles que defendem que qualquer cidadão deve ter a faculdade de de sexologia clinica. Agora pretende-se que qualquer jovem, a partir dos 16 por termo à vida quando considere que esta já não lhe permite viver com a anos, possa proceder à alteração de género por mera declaração de vontade dignidade e ausência de sofrimento a que tem direito. e sem que essa vontade seja atestada por qualquer especialista que declare o desvio de género!!! Perante este pretendido facilitismo, numa decisão que Postos perante este dilema torna-se imperativo distinguir dois conceitos vai afetar o jovem que tomar esta decisão para o resto da vida, urge pergun- que se confundem frequentemente: eutanásia de distanásia: a eutanásia tar se num país onde um jovem com menos de 18 anos (menor de idade) refere-se ao direito a colocar fim à vida por opção da pessoa, ato esse que não pode conduzir, votar, celebrar negócios e de um modo geral praticar se materializa pela intervenção de um terceiro que coloca à disposição os qualquer ato de disposição por ser considerado incapaz perante a lei, poderá meios necessários para a chamada morte assistida, enquanto a distanásia, ou estará preparado para tomar uma decisão destas?! também conhecida por obstinação terapêutica, consiste na aplicação de tratamentos e terapias inúteis para o paciente. É o país que queremos para os nossos jovens… Eu não. Feita a distinção entre ambos os conceitos importa ir ao cerne da questão. EM SÍNTESE: ambas as matérias são, cada uma a seu modo, fraturantes na nossa sociedade, razão pela qual vos deixo o desafio de refletir sobre elas. Dizem os críticos desta medida que estamos perante uma violação do direito à Embora a resposta seja naturalmente complexa, em última análise tudo se vida e que a grande solução para estas situações passa pelo reforço dos cuida- resume a uma questão de consciência…. dos paliativos por forma a que seja afastado o sofrimento e se proporcionem condições de dignidade à pessoa até ao seu último suspiro. 40 valemais.pt

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Reportagem #Valença AECT RIO MINHO Momento históriconas relações transfronteiriças O Alto Minho e a Galiza deram um passo fulcral para a cooperação transfronteiriça. A criação da AECT Rio Minho, oficializada no passado dia 24 de fevereiro, pretende dar um contributo importante para a cooperação entre o Norte de Portugal e a Galiza e surge na sequência da autorização por parte dos governos português e espanhol.. Texto :: José C. Sousa nacional, a partilha de serviços de saúde assim como equipamentos de emergências e de combate aos incêndios, a criação de uma rede deOs principais objetivos desta AECT passam por contribuir para transportes públicos conjunta e a possibilidade de concorrer a fundos o desenvolvimento socioeconómico e da coesão institucional comunitários com outra força e visibilidade. do território de intervenção, a promoção do património cultural e natural transfronteiriço, a valorização das potencialidades Foi na Pousada de Valença que decorreu a cerimónia de constituiçãodos seus recursos endógenos, a criação e consolidação da marca turística deste Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Rio Minho.transfronteiriça Rio Minho e outras marcas no âmbito nacional e inter-42 valemais.pt

Presentes, estiveram vários representantes dos governos de Portugal e O documento foi assinado por Maria del Carmen Silva Rego, presidenteEspanha e das 26 câmaras municipais envolvidas neste agrupamento. da Deputación Provincial de Pontevedra e por José Maria Costa presi- dente da CIM Alto Minho.O AECT Rio Minho tem como associados a CIM Alto Minho e a Depu-tación Provincial de Pontevedra, abrangendo os 10 concelhos da NUT Enquadrada no projeto Smartmiño, cofinanciado pelo Programa InterregIII Alto Minho e 16 concelhos galegos da Província de Pontevedra com V-A, a constituição deste Agrupamento Europeu vai certamente induzirligação ao rio Minho. um novo impulso na procura de soluções conjuntas para a resolução e eliminação dos ainda persistentes obstáculos à permeabilidade e com-SÃO ELES: petitividade transfronteiriça. A CAÑIZA - A GUARDA – ARBO - ARCOS Foram várias as figuras que tomaram da palavra neste dia. A primeira DE VALDEVEZ - AS NEVES – CAMINHA foi Jorge Mendes, presidente da câmara de Valença, localidade onde COVELO – CRECENTE – MELGAÇO – MONÇÃO – MONDARIZ - MONDARIZ ficará situada a sede deste Agrupamento. BALNEARIO – OIA - O ROSAL - “A Constituição da AECT Rio Minho não visa por em causa nenhu- PAREDES DE COURA – PONTEAREAS ma outra organização; nem outra AECT, nem a Junta da Galiza ou a PONTE DA BARCA - PONTE DE LIMA CCDRN; antes pelo contrario, pretende ser mais um órgão que possa aportar atributos, não só, para a união entre a Galiza e o Norte de PORRIÑO - SALCEDA DE CASELAS Portugal mas sobretudo para unidos, encontrarmos, outras valências SALVATERRA DO MIÑO – TOMIÑO – para, junto da União Europeia, tentarmos alcançar mais atenção e mais TUI – VALENÇA - VIANA DO CASTELO verbas para a nossa região”. VILA NOVA DE CERVEIRA “Pretendemos unir os municípios e as regiões da Galiza e do Norte de Portugal e, com a nossa voz, ir mais longe, reclamando assim, mais apoios para a nossa região”. valemais.pt 43

“É importante criar outras figuras no âmbito da cooperação que nospossam dar outra legitimidade, quer em termos de gestão de território,quer em captação de fundos europeus, e de forma agrupada temosmuito mais força do que individualmente, ou seja, município por municí-pio. Passamos a ter uma voz coletiva que não tínhamos até agora”.À Vale Mais disse, ainda, que “há duas temáticas que continuam naordem do dia. A questão da partilha dos serviços de saúde, porquequeremos ter a possibilidade de escolher em que lado da fronteira que-remos ser atendidos, e a questão dos transportes, pois consideramosque devemos “Pretendemos unir os ter uma redede transpor- tes públicosque una, no municípios e as regiões caso, Valençae Tui. Por fim, da Galiza e do Norte temos a áreado turismo. de Portugal e, com a Já existe umconjunto de visitantesmuito inte- nossa voz, ir mais longe, ressante masprecisamos reclamando assim, mais de nos afir-mar como um destinoturístico apoios para a nossa numa regiãoúnica que região”. nos conheçalá fora”. Jorge MendesSobre o local onde a sedefica instalada, Jorge Mendes afirmou que “Valença foi escolhido comomunicípio sede desta AECT de uma forma natural. As reuniões e encontrosno âmbito da cooperação transfronteiriça Galiza - Norte de Portugal, quan-do abrangem temáticas da fronteira, por norma, realizam-se em Valençae depois, o trabalho que tem sido desenvolvido no âmbito da Eurocidadetambém nos deu outro protagonismo”.Quem tomou da palavra, logo de seguida, foi Carmela Silva, Presidenteda Diputación de Pontevedra.“Sinto-me profundamente emocionada e digo isto do fundo do coração.Hoje é um dia histórico. É o dia em que Portugal, Espanha, o Norte dePortugal e a Galiza, constituem uma instituição que vai permitir quesejamos capazes de responder aos novos reptos do século XXI.E esse retos passam por acabar com as fronteiras, ser capazes de uniras pessoas e os seus interesses políticos, económicos e sociais. Temosde cuidar as nossas populações, fazer com que haja um desenvolvi-mento sustentável, e permitir que sejamos espaço de excelência ondeas pessoas possamdesenvolver \"Vivemos num espaço uma vida dequalidade”. que, certamente, é respeitar“Temos de extraordinário. Vivemos var o meioe preser- no paraíso. Mas isso não é o nossoambiente,património, a suficiente\". nossa culturae a nossa língua. Vi-vemos num Carmela Silva espaço que,certamente, é extraordiná-rio. Vivemos no paraíso. Mas isso não é suficiente. Porque este paraísojá cá estava. Nós apenas o herdamos. Agora temos de o converter numespaço e num lugar onde mereça a pena viver e onde as pessoas sesintam orgulhosas de viver. Temos um património natural, paisagístico44 valemais.pt

e meio-ambiental que é um espanto e temos trabalho e o sonho das nossas comunidades. estados o rio era algo que separada, mas parauma economia potente, baseada no sector nós que vivíamos aqui o Rio Minho sempre foiprimário, nos serviços e na industria e temos A cooperação transfronteiriça é uma forma algo que nos uniu. Apesar de décadas onde asde continuar a promove-la. Temos uma cultu- concreta de podermos desenvolver esta coesão respetivas ditaduras impediam que nos relacio-ra milenária das mais antigas da humanidade. territorial aprofundando a cooperação e assim nássemos, nós realizávamos grandes negócios, estamos a cumprir um amizades e até casamentos”.Temos uma população desígnio que é melhorar- “Hoje, somos o centro de uma grande áreadinâmica, vanguardista, \"em 900 km’s de fronteira mos as condições de vida com um forte dinamismo económico.inovadora, com muito entre Portugal e Espanha das populações.talento, com formação Estamos no meio de uma área, entre Vigo ee, portanto, temos todos é aqui que temos maior Estamos num momento Porto, com mais de três milhões e meio deos instrumentos que nos intensidade de atividades, complexo. Assinamos um habitantes. Somos a fronteira mais povoada entre Espanha e Portugal. Registamos 47% dopermitem converter este maior população, mais tratado e estamos, na fluxo de veículos ligeiros entre os dois países.espaço numa referência”. centros urbanos e mais União Europeia, nas vés- Esta localização geoestratégica é o principal atividade económica\". peras do próximo quadro motivo para considerarmos que temos muitas\"Hoje, tenho o privilegio comunitário de apoio. possibilidades de desenvolvimento. Mas não éde ser a voz da Depu- a única. O território Transfronteiriço do Minho tem uns valores ambientais únicos. Este riotacion de Pontevedra e José Maria Costa Sabemos que hoje, os deu e continua a dar muita riqueza através da pesca fluvial artesanal.de ser a mulher que, não cidadãos europeus temsendo muito habitual que sejam as mulheres novas exigências, em matéria de segurança,a assinalar os dias históricos, assinou esta de defesa e de imigração. Hoje os cidadãosconstituição. exigem mais da europa.No entanto, não sou a protagonista da Hoje precisamos de dar respostas concretas Trata-se de um território que no início destacriação desta AECT. Os protagonistas são os aos cidadãos. irracional fronteira sofreu guerras que nospresidentes de câmara do Alto Minho e daProvíncia de Pontevedra que compõem esta Estamos numa zona de fronteira e em 900 deixam um enorme património histórico comoAECT e que com paixão e convicção alcança-ram este feito”. km’s de fronteira entre Portugal e Espanha é são a rede de fortalezas transfronteiriças. UmTambém José Maria Costa, presidente da aqui que temos maior intensidade de ativida- território onde compartimos cultura, tradição e onde falamos a mesmaCIM Alto Minho, falou num dia histórico. des, maior população, mais Para Madrid e Lisboa língua”.“Hoje é, de facto, um dia histórico. É o dia em centros urbanos e maisque duas comunidade se unem, através de umrio que une em vez de separar, para constituí- atividade económica. Eu o rio era um limite, e “Todos os agentes políticosrem um instrumento de trabalho que possa diria que este AECT é uma algo que separada, e sociais devem-se unir e prova de vitalidade e de mas para nós que cooperar num território que aprofundamento da nossa vivíamos aqui o Rio nos dá identidade e a AECT relação”. nasceu precisamente paradar sequência aquilo que tem sido o percurso Uxio Benitez, deputado Minho sempre foi algo isso. Nasceu um instrumentode cooperação e de desenvolvimento ao longo com validez jurídica em am-dos últimos anos. da Deputación de Ponte- que nos uniu. bos os países, estável e com vedra responsável pelaGostava de agradecer a Junta da Galiza e Uxio Benitez vocação de cooperação ea CCDRN porque foi através dessa coope- Cooperação Transfronteiriçaração que muitos dos projetos da nossa impulso político para apagareuroregião surgiram. realçou que “efetivamen- a fronteira e desenvolver o nosso território”.No entanto esse espaço já não era suficiente te, hoje é um dia histórico e um dia muitopara a vibrante atividade das instituiçõesque existem no terreno e hoje é necessário especial para todos aqueles que nasceram e “Uma das áreas mais importantes será o tu-criarmos outros instrumentos que facilitem o cresceram no Minho. rismo. Um âmbito onde a cooperação é muito O Rio Minho volta a ser o centro. Somos o importante. Não podemos gerir o turismo a centro e não o final. Para Madrid e Lisboa o rio partir de um único concelho. era um limite, uma esquina, um final. Para estes valemais.pt 45

\"entre Espanha e Em representação do Governo do Estado Espa- porque ainda é diferente se queremos utilizar C Portugal mas também equipamentos que pertencem aos diferen- M nhol esteve Juan Inácio Romero, Secretá- tes estados, e porque também é diferente Y com França, foram gerirmos alguns recursos comuns, nomea- CM constituídas 19 rio Geral de Coordenação Territorial, onde afir- damente, o Rio Minho, que hoje nos faz estar MY mou que “muitas vezes, nos governos centrais, aqui. Ou seja, todos sabemos os ganhos que CY AECT’s mas nenhuma somos acusados de estarmos muito longe e existem com a cooperação, com a eliminação CMY tem o volume ou a para nós, assim como para Portugal será um de investimentos redundantes, com a partilha K transcendência que grande desafio conhecer as necessidades e fi- desses equipamentos e com a existência tem esta\" nalidades destes instrumentos que são criados de “Do ponto de da CCDRN a cooperação para melhorar a vida dos cidadãos”. transfronteiriça é da maior importância. Juan Inácio Romero “Como todos já disseram hoje é um dia feliz, \"ainda é diferentePor isso, devemos unir-nos e oferecer ao um dia importante e o governo de Espanha candidatar-me a ummundo um produto turístico tão apetecível quer participar dele, não à distância, mas aqui, posto de trabalhocom é o território do Rio Minho. É um produto em primeira mão”. em Portugal ou emcompleto se tiver todos os concelhos juntos enão separados. Felizmente temos uma con- “Na minha experiência dentro da cooperação Espanha\"dições inigualáveis. Derrubemos a fronteira. transfronteiriça, entre Espanha e PortugalCooperemos”. mas também com França, foram constituídas Ester Gomes da Silva 19 AECT’s mas nenhuma tem o volume ou a transcendência que tem esta. Estamos a Aliás, nós, juntamente com a Junta da Galiza falar de mais de 375 mil pessoas e de 3 mil fomos pioneiros a criar uma comunidade de quilómetros quadrados de área” e por isso trabalho porque, sejamos claros, a fronteira e termino, dizendo apenas que estou disponível a cooperação mais dinâmica ocorre, precisa- para, desde o governo central, prestar toda a mente, aqui, nesta região, pelo que, não é por colaboração que considerem necessária”. acaso que os principais avanços institucionais, no que respeita a fronteira entre Portugal e A encerrar a cerimónia discursou Ester Go- Espanha, decorram aqui”. // mes da Silva, vice-presidente da CCDRN. “Estou, precisamente, junto aos cidadão que mais sofrem com a existência de uma fronteira, que não sendo política, pois essa foi esbatida no processo de integração europeia, continua a ter problemas de fronteira e conti- nuam a existir custos de contexto. Isto porque, ainda é diferente candidatar-me a um posto de trabalho em Portugal ou em Espanha,46 valemais.pt

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Reportagem Literacia dá competências a lidar com dinheiro Decorreu, há dias, a final da 2ª edição das “Olimpíadas de Educação Financeira”, que decorreu em escolas de 34 municípios do Norte do país, nomeadamente, nos do Alto Minho. Texto :: Manuel S. Trata-se de uma necessidade cada vez mais premente, numa altura em que as estatísticas mostram que uma em cada quatro pessoas viveNeste aspeto, pode-se dizer que as escolas alto-minhotas fizeram num estado de pobreza e que o nível de endividamento das famílias boa figura. A Escola Básica Vale do Âncora (turma 4º A, tendo portuguesas ainda se mantém muito elevado. por professora Susana Anjos), foi, a par Básica de Arouca (6º B), a grande vencedora desta iniciativa. Do Alto Minho figurou, também, A importância da literacia financeira foi também reforçada recentemen- no pódio, a EB 2,3/S Paredes de Coura (turma 6ºD, com o docente Rui te pelo World Economic Forum que a considera uma das cinco compe- Alvim Barroso). tências essenciais no quotidiano dos alunos do século 21. Esta iniciativa – que se insere no projeto “No Poupar Está o Ganho”, con- Sobe esta iniciativa, ouvimos Maria Amélia Cupertino de Miranda, cebido em 2010 para promover a literacia financeira junto de crianças presidente da Fundação António Cupertino de Miranda, entidade que e jovens em idade escolar – pretende incentivar o interesse dos alunos promove esta iniciativa. do primeiro e segundo ciclos do ensino básico pelos temas da educação financeira para que, de forma lúdica, se consciencializem da importân- cia do dinheiro e adquiram competências com vista à aquisição de um comportamento responsável do ponto de vista financeiro.48 valemais.pt

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O que são as Olimíadas de educação financeira?As Olimpíadas de Educação Financeira (OEF) são uma iniciativa da Fun-dação Dr. António Cupertino de Miranda e têm por objetivo incentivar ointeresse dos alunos do 1º e do 2º ciclos do ensino básico pelos temasda educação financeira para que de forma lúdica se consciencializem daimportância do dinheiro e adquiram competências com vista à aquisiçãode um comportamento responsável do ponto de vista financeiro.Integram-se no projeto de educação financeira “No poupar está o ganho”.Em que consisten?Consistem num “Quizz” que tem por objetivo responder corretamentee no menor tempo possível ao maior número de perguntas sobre osvários temas de Educação Financeira que, de acordo com o Referencialde Educação Financeira publicado pelo Ministério da Educação, deverãoser lecionados no 1º e 2º ciclos do ensino básico.E como é que se realizam?Em duas fases. Uma etapa On-line - jogo realizado na plataforma eletrónicahttp://educacaofinanceirafacm.net e que visa apurar uma turma por ciclode ensino, de cada município, para participar na 2ª Fase - Etapa Final.Em 2018 participaram no jogo on line 153 turmas, cerca de 3.000alunos. Foram apuradas para a final presencial 26 turmas do 1ºciclo e 5turmas do 2º ciclo. Na 2ª fase, etapa Final, com o jogo a realizar presen-cialmente, entre as turmas apuradas na 1ª fase, na sede da Fundação Dr.António Cupertino de Miranda, no Porto.NÃO TER COMPETÊNCIAS PARA GERIR DINHEIROQuais os principais perigos da iliteracia financeira?Quem não é financeiramente educado, não tem conhecimentos finan-ceiros, não tem competência para gerir dinheiro e, consequentemente,não consegue tomar decisões financeiras corretamente. Muito facil-mente cairá no endividamento e quiçá no sobre-endividamento. Nãosaberá de certeza, fazer planeamento e gestão do seu orçamento, nãoterá conhecimento do sistema e dos produtos financeiros básicos, nãosaberá poupar e muito menos investir o seu dinheiro.Quais são as principais aspetos do projeto e que apoiosregistam?Com este projeto tem-se conseguido dar a perceber que a importância daeducação financeira é tão grande que tem de envolver pais e professorese ainda estimular os jovens a terem boas práticas no uso do dinheiro.É um projeto de continuidade que se desenvolve de setembro a junho decada ano letivo e que fornece a professores e alunos todas as ferramen-tas para o processo de ensino/aprendizagem da educação financeira.O que distingue, na realidade, este projeto é o facto de ser um projeto decontinuidade, para todos os ciclos de ensino, que se desenvolve ao longode todo o ano letivo, a proximidade que estabelece com os professorese recursos que oferece.A credibilidade dos conteúdos é assegurada através da parceria que aFundação mantém, desde o início da implementação do projeto, com aFaculdade de Economia da Universidade do Porto.50 valemais.pt


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