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Vale Mais Junho & Julho'18

Published by info, 2018-06-26 06:16:09

Description: Vale Mais n.º61

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9 772183 750096 00061 Ricardo Ferreira O mestre das cores e dos traços que vestem Ponte de Lima MELGAÇO CAMINHA GALIZA CARLOS PEREIRA LEMOS MIGUEL ALVES EXPLOSÃO EM TUI Com 92 anos é cônsul português na Austrália Moledo antes do Mundo acabar Paramos converteu-se num cenário de guerra valemais.pt 1 #N.º60 :: #ABRIL/MAIO :: #2018 :: #BIMESTRAL :: #PVP 1€ :: Diretor. AGOSTINHO LIMA

Seria fácil não ser DIFERENTESeguimos o caminho que escolhemosNuma altura em que os mass media vivem tempos difíceis, a VALE MAIS consegue consolidar-se e distinguir-se.Prestigiou-se e prestigiou o jornalismo, marcou a diferença, tem agenda própria e, com ela, tornou-se um marco dereferência que a distingue no panorama da Imprensa. Informação credível, confiável e de verdadeiro interesse. público.ONDE ENCONTRAR A VALE MAIS Papelaria & Livraria Né :: Melgaço O Moliceiro:: Moledo Quiosque S. João :: Viana do Castelo Rua Hermenegildo Solheiro Avenida Santana Rua S. JoãoBEQ - Combustíveis Pombo :: Monção Repsol V.P Âncora :: V.P. Âncora Repsol Arcozelo - AMF :: Ponte de Lima Estrada de Mazedo Rua 31 de Janeiro Rua S. Gonçalo - Arcozelo Papelaria Clemente :: Monção Tabacaria Central:: V.P. Âncora Repsol Feitosa :: Ponte de Lima Rua 5 de Outubro Rua Miguel Bombarda Via Foral Velho D. Teresa - Feitosa Papelaria Raúl :: Monção Intermarché:: V.P. Âncora KT Store:: Ponte de Lima Rua General Pimenta de Castro Poço Linho - Estrada Nacional 13 Rua Mestre João Lopes L & P Santa Teresinha :: Valença Nova Coura Papelaria :: P. de Coura Intermarché :: Ponte de Lima Avenida do Colégio Português Rua Conselheiro Miguel Dantas Rua da Cancinhola - Feitosa Café Restautante ‘Esplanada’:: Valença Intermarché Darque:: Viana do Castelo Gasolineira BP :: Ponte da Barca Avenida Miguel Dantas Avenida Conchada - Mazarefes Variante n.º101 - Coto de Talhós Intermarché :: Valença Tabacaria Ciso :: Viana do Castelo Gasolineira Galp :: Ponte da Barca Costa de Ervilha Av. dos Combatentes da Grande Guerra Rua Dr. Joaquim Moreira de Barros Repsol :: Valença Papelaria A4:: Viana do Castelo Rosa Isabel P. Dias :: Ponte da Barca Estrada Nacional 13 Rua de Monserrate - Monserrate Rua Conselheiro Rocha Peixoto Papelaria A4 :: V.N. Cerveira Casa Carneiro :: Viana do Castelo Gasolineira Galp :: Arcos de Valdevez Avenida Heróis do Ultramar Lg. João Tomás da Costa Rua Dr. Vaz Guedes - Paçô Loja das Prendas:: V.N. Cerveira Kioske ZR :: Viana do Castelo Versus Papelaria L. :: Arcos de Valdevez Rua Queirós Ribeiro Rua Cidade de Recife Rua Dr. Joaquim Carlos Cunha Cerqueira Gasolineira BP :: V.N. Cerveira Intermarché Areosa :: Viana do Castelo Tabacaria Atlético :: Arcos de Valdevez Estrada Nacional 13 - Alto das Veigas Avenida Além Rio - Areosa Praça Municipal Repsol Vilarelho :: Caminha Kyos :: Viana do Castelo 2 valemais.pt Rua do Corgo Shopping ‘Estação de Viana’

Opinião Chegamos a junho e o Verão promete. Não diria o Verão em28 | José E. Moreira Continuar ABRIL termos de sol, calor e bom tempo, pois esse parece ser uma30 | Mª Fátima Cabodeira Laivos Poéticos incógnita vendo as condições climatéricas que nos tem atri-32 | Adelino Silva Ricardo Ferreira - Mestre da aguarela bulado. Falo das iniciativas que por aqui vão decorrendo, e do36 | José M. Carpinteira Movimento pelo Interior crescimento do turismo que juntamente com a nossa diáspo-37 | Luís Ceia Parcerias Estratégicas ra, anunciam uma época com muito movimento.Secções Todos os anos, por esta altura, as vilas e cidades da nossa re-62 | Decor Cozinhas gião recebem milhares de visitantes e emigrantes que regres-64 | Saúde Suplementação para a cartilagem sam a casa à procura daquele carinho que foi deixado para66 | Nutrição Descodificar rótulos alimentares trás. O turismo é, nos dias que correm, o sector que mais se72 | Imobiliário Casa precisa-se desenvolve no país e o Alto Minho é um cartão-de-visita único74 | Desporto O futebol do 'Vale tudo' neste ‘pedaço de terra à beira mar plantado’.Reportagens A nossa região tem um atrativo enorme e, por estas datas, os12 | Ponte de Lima concelhos mostram o que de melhor têm para oferecer. Uns mais que outros. Mas essa é outra história. O que importa, aqui,AD Limianos realçar é que o Alto Minho não pára. Os nossos spots’s são, cada vez mais requisitados. Prova disso é que depois de uma tele-Campeão da AFVC novela ter sido gravada em Viana do Castelo é agora a vez de Moledo dar ‘vida’ a umas aventuras de verão, na televisão. Os18 | Arcos de Valdevez festivais de música – Vodafone Paredes de Coura; Vilar de Mou- ros; Neopop, entre outros – ou os de folclore – Folckmonção ‘OExpovez mundo a dançar’ juntamente com outros certames e festivida- des concelhias dão um brilho especial ‘as nossas terras’.Mostra de vitalidade do sector economico A região agradece, a economia também. É importante que te-24 | Paredes de Coura nhamos ‘matéria’, ‘substância’ para oferecer a quem anda por cá. Saibamos receber e acolher. A simpatia e o ‘tratar bem’ sãoGonçalo M. Tavares as nossas boas-vindas.A inteligência inquinada e os partidos Nesta época, não fique ‘simplesmente’ a ver. Faça acontecer. Converse, conheça, interaja, explique. Conte a um turista ou42 | Vila Nova de Cerveira visitante as riquezas que esta terra possui.Forte e Estação Arqueológica de Lovelhe Para tal, pode sempre servir-se de uma das 61 edições da Vale Mais. Em todas elas terá motivos mais do que suficientes paraIminente classificação como Sítio de Interesse Público gerar narrativas relevantes e conversas apaixonantes sobre a nossa região.46 | Monção Só nesta edição, entre Fortes e Rallys, passando por umRodrigo Guedes de carvalho cônsul, um Presidente e Câmara ou um Jornalista-Escritor, apresentamos-lhe um artista que tem deslumbrado Ponte deNo Norte há um cheiro e uma lua Lima. Ricardo Ferreira é a consagração de um mestre e a suaa dizer-me que estou em casa aguarela dá vida ao rosto da vossa Vale Mais. O Alto Minho somos todos nós.58 | Alto Minho JOSÉ C. SOUSARally de Portugal valemais.pt 3Thierry Neuville foi o vencedor

Reportagem #Melgaço TEM 92 ANOS E É O CÔNSUL PORTUGUÊS MAIS ANTIGO Melgacense Carlos Pereira Lemoscondecorado em Portugal, Timor e Austrália É cônsul honorário de Portugal em Melbourne e foi condecorado pelo governo australiano com a Ordem da Austrália. Texto :: Manuel S. De realçar que, também, o Município de Melgaço distinguiu Carlos Pereira de Lemos durante a cerimónia de atribuição das MedalhasCarlos Pereira de Lemos, o cônsul honorário português mais de Mérito, inserida no Melgaço em Festa, em 2017, com a medalha antigo, tem 92 anos, conta com mais de 30 anos enquan- de Cidadão de Mérito. to responsável em Melbourne. Agora, foi distinguido pelo governo australiano com a Ordem da Austrália. COMEÇOU A TRABALHAR AOS 12 ANOSApós a condecoração ser anunciada na Imprensa , foi parabenizado por Até que idade viveu na sua terra natal e o que o levou paradezenas de individualidades de renome através de emails, telefone e outras paragens?cartas. Condecorado por Portugal, Timor-Leste e Austrália, Carlos Pereirade Lemos é responsável por um consulado honorário que presta serviço a Nasci em Melgaço, mais ainda criança fui viver em Cousso ondeuma comunidade de cerca de 18 mil pessoas. frequentei a escola primária até à 3ª classe. Comecei a trabalhar quando tinha 12 anos, numa lojinha em Cubalhão, que o padre Mar-A Ordem da Austrália é altamente significativa nesse mesmo país, ques, pároco daquela freguesia, estabeleceu para fornecer produtosuma vez que a seleção é rigorosa. Uma Comissão investiga em detalhe aos operários que trabalhavam na construção da estrada que ligavaa vida da pessoa e só depois o Chefe de Estado aprova ou rejeita. É Pomares a Castro Laboreiro e Peneda.uma ordem de cavalaria estabelecida por Elizabeth II do Reino Unido,Monarca da Austrália, com o propósito de reconhecimento aos cidadãosaustralianos e outras pessoas por feitos ou serviços beneméritos.4 valemais.pt

Depois de a estrada avançar, a loja tornou-se desnecessária e eu ob- O que posso dizer é que desde que parti de Melgaço, cerca detive trabalho num café pertencente ao bem conhecido comerciante 1940, as mudanças são enormes. Basta dizer que Cousso e GaveHilário Gonçalves. A seguir fui indo para o sul; Monção foi a próxima não tinham acesso por estrada, lembro-me de ir de Pomares paraparagem, tendo trabalhado no Bar Mané. a Gave a cavalo de um burro. Não havia água corrente nas casas,Foi em Monção que se foi abrindo o horizonte, APESAR DA DISTÂNCIA, nem eletricidade. Na Gave existia um únicodevido, talvez, à minha obsessão em obser- TENHO MANTIDO telefone, numa lojinha.var as partidas e chegadas dos comboios. E CONTACTO COMquando tinha uns 14 anos meti-me num e Apesar da distância, tenho mantido contactoparti para Lisboa. Nesta cidade conhecia o MELGAÇO E AS ALDEIAS com Melgaço e as aldeias onde vivi, através demelgacense Gaspar Passos de Almeida, que ONDE VIVI, ATRAVÉS familiares e das muitas visitas que tenho feitoera dono do English Bar, no Cais do Sodré. Ele DE FAMILIARES E DAS ao longo dos anos. Uma das fontes é também o jornal A Voz de Melgaço.arranjou-me vários empregos, em casa parti- MUITAS VISITAS QUE Quanto à evolução de Melgaço, é sem dúvidacular e cafés, em Lisboa e Costa da Caparica, TENHO FEITO AO LONGO mais atraente e mais elegante do que era nosmas eu senti o desejo de mudar de vida e fui DOS ANOS. meus dias de jovem. O que é triste notar é quepara às Minas de Panasqueira, onde minha a população vai envelhecendo, porque os jovensmãe trabalhava. Como ajudante de um topógrafo. Quando regressei aLisboa consegui trabalho na Direção-Geral dos Serviços Hidráulicos, vão pelo mundo fora à procura do ganha-pão. Um dos problemas de Melgaço é a distância e a falta de transportes públicos. Neste contexto,numa Brigada de Estudos Marítimos que estava a estudar a baía de é de lamentar que os governantes tenham parado os comboios emCascais. Aqui relacionei-me com jovens da minha idade, que per- Valença. Ao contrário, se tivessem visão, a linha férrea devia ter ido detenciam à elite social daqueles tempos. Foi aqui que se tornou maisevidente que eu precisava de estudar para ir mais longe. Quando tinha Monção até S. Gregório, o que teria permitido o desenvolvimento do extremo norte do país. Quem retirou os comboios de Monção devia sercerca de 19 anos, fiz a 4a classe, sem ninguém saber…. encarcerado. Mas nem tudo é negativo. O Alvarinho e o Fumeiro ajudamA próxima paragem foi a Póvoa de Varzim, onde também era ne- a esquecer o resto.cessário fazer estudos marítimos. Foi aqui onde atingi talvez um dos PORTUGUESES DESCOBRIRAMpontos altos da minha vida, fiz o primeiro e segundo ciclos do liceu A AUSTRÁLIAnum ano. Então já me foi possível concorrer para topógrafo em con-curso público. Fui promovido. Em 1953, quando tinha 26 anos, fui para Fale-nos um pouco do que foi a sua vida pública e a relaçãoMoçambique, como topógrafo de 1a classe. Mas, ao fim de três anos, com a comunidade migrante?adoeci e como a medicina tropical estava mais avançada na África Estive sempre muito envolvido em atividades comunitárias. Ado Sul, resolvi ir para aquele país onde também procurei satisfazer a minha maior contribuição ocorreu nos anos de 1970 a 1980 quandominha ambição de obter educação universitária. Não conclui porque chegaram milhares de portugueses à Austrália e verifiquei que nadaas minhas economias foram secando. existia para dar corpo e alma ao que devia ser uma comunidadeEm 1960 fui para Timor, como topógrafo-chefe da Brigada de Portos. com identidade própria. Comecei por criar uma escola em 1972 paraEm 1961 casei com a Molly, que conheci na Universidade de Natal crianças, filhos de emigrantes. Em 1976 criei um programa de língua(África do Sul). Para a sua tese de mestrado ela fez um estudo das portuguesa do qual fui diretor e locutor até 1984. Ao mesmo tempo,Zulus, usando as teorias de Piaget. Um professor catedrático da estabeleci um ‘Grupo Comunitário Português’, de que fui presidenteUniversidade de Canberra teve conhecimento dele, contactou-a e a o qual, em colaboração com a Capelania, organizou piqueniques,universidade ofereceu-lhe uma bolsa de estudo para fazer o doutora- exibições de filmes portugueses e outras atividades, tendo tambémmento (PhD), com a condição de replicar o estudo com aborígenes da publicado uma revista com notícias locais.Austrália. E foi assim que fomos para lá em 1963, Entretanto, comple- Uma outra questão é a da descoberta da Austrália, que pertence aostei a licenciatura em ciências políticas e sociologia, tendo lecionado portugueses. Entre 1840 e 1890 foram vistos e reportados os restosnas universidades de Monash e RMIT. Fui ainda professor liceal. de um barco, no topo de umas dunas, que lá encalhou, perto da cidadeQUEM TIROU O COMBOIO DE MONÇÃO de Warrnambool, a 260 kms a sudoeste de Melbourne. A descriçãoDEVIA SER 'ENCARCERADO' que foi feita coincide com a construção das caravelas portuguesas e presume-se que a caravela teria pertencido a uma flotilha comandadaQual a relação que, ao longo do tempo, tem mantido com por Cristóvão de Mendonça que por lá navegou em 1522.Melgaço? Como tem observado a evolução deste concelho?Durante o período que vivi em Portugal fiz muitas visitas a Mel-gaço e à Gave, onde a mãe passou a viver. Mas depois de ir paraMoçambique, as visitas foram mais raras. valemais.pt 5

Embora os restos não tenham sido encontrados, o assunto tem tido Ser ‘Cidadão de Mérito’ de Melgaço, honra concedida em 2017, tembastante publicitado na Austrália. Aproveitando isso, transformei um sabor especial, por vir da terra onde nasci. Se é certo que poucoWarrnambool numa espécie de Meca Portuguesa nos Antípodas. tenho contribuído para a vila, devido à ausência, o presidente da Câ-Consegui a réplica de um Padrão, que lá foi erigido em 1990, e obtive mara tem-me tratado com distinção; falou da satisfação em saberos bustos em bronze de Vasco da Gama e Infante D. Henrique, que que um melgacense se distinguiu noutras longínquas paragens.foram colocados ao lado do Padrão, em 1999. Em 1991 estabeleci,naquele local, o Festival Português que todos os anos lá junta cente- Quanto à Ordem da Austrália, tem um significado especial pelanas de portugueses. Organizei também um Acordo de Cooperação maneira como é concedida. Não é um embaixador, ministro ouentre a cidade de Warrnambool e Lagos, no Algarve, sabendo-se que chefe de Estado que decide. Qualquer pessoa pode propor a con-muitas caravelas partiram de Lagos. Pela minha colaboração nesta decoração, para qualquer cidadã ou cidadão, e sugerir um mínimoárea, Warrnambool prestou-me várias homenagens; a mais notável de três pessoas ligadas à sua atividade que possam fornecer tes-foi darem o meu nome a uma rua da cidade, a ‘DELEMOS COURT’. temunhos ao Conselho da Ordem. E é esta organização, indepen- dente do Governo, que depois, exaustivamente, investiga o méritoO que representam, para si, estas homenagens? da pessoa proposta. No meu caso, além de serviços prestados à comunidade portuguesa, foi também considerado o meu trabalhoA Comenda da Ordem de Mérito, que me foi entregue pessoal- de 20 anos como secretário honorário do Corpo Consular de Mel-mente pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, em Melbour- bourne, onde existem mais de 70 consulados, as minhas atividadesne, em 2002, na presença de mais de 600 portuguesa, e altas relacionadas com a cidade de Warrnambool e a minha contribui-individualidades, foi sem dúvida um grande momento da minha ção à sociedade multicultural da Austrália. //vida. Depois, em 2016, também me deu grande satisfação recebero convite do Presidente de Timor para lá ir e receber a Ordem deTimor Leste. Momentos inesquecíveis, mas o reconhecimento foimerecido porque assisti muitos timorenses na Austrália durante aocupação pela Indonésia e, mais tarde, como cônsul, considerandoque muitos timorenses têm a cidadania portuguesa.6 valemais.pt

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Reportagem #Ponte da Barca FERNÃO MAGALHÃES É UM DOS SEUS Ponte da Barca celebra o Primeiro Abraço à Terra Primeira viagem de circum-navegação prestes a completar 500 anos Texto :: Manuel S. Fernão Magalhães liderou, ao serviço do Rei de Espanha, a primeira viagem de circum-navegação à terra (1519 – 1522). Que viria, po-É, cada vez mais, um dado adquirido em como Fernão rém, a ser completada pelo navegador basco Sebastián Elcano, após Magalhães é oriundo de Ponte da Barca. No seu a morte de Magalhães, em 1521, aos 41 anos de idade, durante uma testamento, que se encontra em Sevilha, cidade onde se batalha nas Filipinas. A Rota de Magalhães cruza oceanos, unindo casou, lê-se que “é oriundo do lugar de La Puente de La quatro continentes e nove países. Barca, de Las Terras de Nóbrega”, designação anterior deste concelho. Mais propriamente de Paço Vedro de Magalhães.8 valemais.pt

NOME EM RUA, PRAÇA, ESCULTURA E TRIDIMENSIONALIDADE DO ESPAÇOCENTRO INTERPRETATIVO Foi, pois, nesta que decorreu a conversa da VALE MAIS com MariaPonte da Barca orgulha-se de Fernão Magalhães e dos seus feitos. José Gonçalves, licenciada em História e Ciências Sociais e MestreNa vila, o navegador dá nome a uma rua e a uma praça onde, em em Ciências da Educação, Área de Especialização em Supervisãooutubro de 2016, foi inaugurado um monumento em sua homena- Pedagógica na Educação em História e Ciências Sociais, pela Uni-gem. A autarquia local tem apoiado a publicação de trabalhos cientí- versidade do Minho, vice-presidente e responsável pelo pelouro daficos sobre o navegador e, mais recentemente, no aniversário do seu Cultura da Câmara Municipal de Ponte da Barca.falecimento (27 de abril), ocorreu uma concorrida tertúlia que deu o“pontapé de saída” para o Ano Magalhânico e a celebração dos 500 Qual é o objetivo principal deste Centro Interpretativo que tem o nomeanos da viagem de circum-navegação. de alguém cuja naturalidade barquense não é totalmente pacífica?Ponte da Barca integra a Rede Mundial das Cidades Magalhânicas. O propósito é de dar a conhecer e promover aquilo que é o patrimó-Esta envolve cidades e localidades a nível mundial “que reclamam nio cultural material e imaterial de Ponte da Barca. Daí que estepara si um conjunto de evidências e factos históricos que as integra- espaço tenha sido pensado numa tridimensionalidade.ram, no passado, no grande projeto de circum-navegação de Fernãode Magalhães e revela uma enorme dinâmica de missão em elevar a Começamos com o território. É importante percebermos quemvida e a obra deste navegador a categoria mundial”. Integra Sabrosa, somos, sabermos de onde é que vimos. Há uma espécie de evolu-Lisboa, Sevilha (Espanha), Praia (Cabo Verde), Porto de San Julián (Pa- ção cronológica daqueles que começaram por povoar o territóriotagónia/Argentina), Catbalogan (Filipinas), Tenerife (Canárias/Espa- de Ponte da Barca. É essa perspetiva de saber de onde é que vimos,nha), Punta Arenas (Chile), Tidore (Indonésia) e Montevideu (Uruguai). como é que aqui chegamos, quando é que este território começou a ser ocupado, por quem e como se começou a desenvolver.Ponte da Barca atribuiu, ainda, o nome de Fernão Magalhães ao seucentro interpretativo, “um espaço de divulgação do património arqueo- Depois, temos numa outra sala, a perspetiva do desenvolvimento so-lógico e arquitetónico, que convida o visitante a percorrer o concelho cioeconómico. O que faziam essas pessoas, de que vivem, o papel dae a conhecer, no lugar, os pontos de interesse do concelho”. Constitui, água, que tipo de culturas, também a questão da fé… e isso justificatambém, uma oportunidade de, através das modernas tecnologias, que tenhamos grandes monumentos, alguns até património nacional.conhecer a vida e as aventuras da viagem de circum-navegação. Temos, depois, aqui, natural de Ponte da Barca – não é uma pes-Situa-se naquela que foi a Casa da Maria Lopes da Costa, entre- soa qualquer, temos essa sorte desta terra ter, na história, grandestanto adquirida pelo Município. Foi a primeira habitação assoalhada vultos…. e Fernando Magalhães foi um visionário.da vila, datada do século XIV, então algo muito à frente no tempo!Nela terá pernoitado El Rei D. João I, o de Boa Memória, na suaperegrinação a Santiago de Compostela. É verdade que se questiona ainda hoje a questão da sua naturali- dade – tivemos ainda recentemente uma tertúlia que discutiu isso. Neste espeço tudo gira em volta da sua pessoa e do seu grande feito que foi , gosto da expressão, o Primeiro Abraço à Terra. De facto, foi o primeiro a fazê-lo, a mostrar a sua esfericidade e, sobretudo, a provar que é possível contornar o nosso planeta. Como é uma grande figura, todos querem ser pai e assumir a sua naturalidade. Mas, indubitavelmente, o apelido Magalhães é aqui de Ponte da Barca e, portanto, temos cada vez mais argumentos sólidos para provar que é um natural desta terra. É importante a questão da naturalidade e temos feito trabalho nesse sentido. valemais.pt 9

CERTIDÃO DE NASCIMENTO Mas, em história, o conhecimento é provisório. Estou em crer queDE FERNÃO MAGALHÃES ainda havemos de encontrar a certidão de nascimento de Fernão Magalhães. Quando isso acontecer, dissipar-se-ão as dúvidas.Há cerca de um ano, Ponte da Barca passou a integrar a rede decidades magalhânicas. Nesta está outra terra que reivindica a sua Permita-me só este aparte. Estava eu a acabar de tomar posse e anaturalidade, Sabrosa. Como são as relações com Sabrosa? chegar ao meu gabinete, quando recebi de um senhor de Leça de Palmeira – é um interessado em Fernão Magalhães – uma publica-Este executivo está no primeiro mandato. Estamos cá há meia dúzia ção com referências de 1920 e 1936. Nela, pessoas com autoridadede meses. Claro que somos todos de Ponte da Barca e nos revemos na matéria, dizem taxativamente que a naturalidade de Fernãono grande feito de Fernão Magalhães. Cremos é que a investigação Magalhães é das Terras da Nóbrega, Ponte da Barca.histórica até se aprofunde para constatarmos isso. Reivindicamo-lo como nosso, mas, mais importante que a sua naturali-Coloca a questão de, no mesmo país, a naturalidade deste nave- dade, é o seu grande feito. Pudermos dizer que foi um homem visioná-gador ser disputada, especialmente, por Sabrosa e Ponte da Barca, rio, foi o primeiro a ABRAÇAR A TERRA, a fazer a primeira viagem demas também é por V. N. Gaia e, há quem diga, Ponte de Lima. Eu circum-navegação, a quem atribuímos, do ponto de vista da geografia, odiria: aqui não há problema! Estreito de Magalhães….Quem está de fora coloca a questão de como é que Sabrosa está in- CENTRO INTERPRETATIVO tegrada nas cidades magalhânicas. É um organismo internacional que PARA LOCAIS E TURISTASintegra os vários continentes por onde Fernão Magallhães andou… ofacto de Ponte da Barca ter sido reconhecido, estar integrado na rede, Que atividades são desenvolvidas aqui neste Centro?dá mais sustentabilidade ao facto dele poder ser daqui. Como qualquer centro interpretativo, as exposições são estáticas.Esta sustentabilidade decorre do trabalho histórico. Tivemos um Ainda que tenhamos estes quadros permanentes interativos, ohistoriador, Amândio Barros, que publicou uma 1ª edição de um sentido é o de dar a conhecer ao visitante – seja ele o barquense, oestudo, depois uma 2ª edição, sobre Fernão Magalhães. Não afirma estudante ou o turista – aquilo que temos em termos de patrimóniotaxativamente, mas diz, com quase toda a certeza, que Fernão e, depois, as pessoas irem ao local. Pode ser à Ermida, ao Lindoso, aMagalhães é de Ponte da Barca. S. Martinho de Castro, a V. N. Muia e contactar com esse património material que lá está... Este novo executivo pensou que, às vezes, temos de fazer um exercício um bocadinho diferente. Muitos barquenses, se calhar, passam aqui todos os dias e nunca entraram portas adentro – e isto, antes de mais, tem de ser visitado e vivenciado por nós. Nesse sentido aliamos aqui duas ideias.10 valemais.pt

Fazer deste espaço uma espécie de galeria de arte onde jovens e QUEIJO DE CABRAmenos jovens barquenses possam mostrar aqui também os seustrabalhos. Esta é a forma de trazermos artes para aqui. Também O Leite dos Nossos Animaischamamos as pessoas e damos a conhecer melhor o que este centro Felizes, Saudáveis e cheios de Energia, é a base de tudointerpretativo lhes permite observar, sentir e vivenciar. o que fazemos.Que público frequenta isto? A sua excecional qualidade é o resultado do cuidado e atenção que damos aos Nossos Animais e constitui aÉ um bocadinho abrangente. Sendo que maioritariamente são matéria-prima perfeita para os mais deliciosos Queijos.turistas nacionais e estrangeiros. Desde março que, a cada mês,temos aqui uma nova exposição de pintura ou fotografia. Isto está a COMPROVE NUMA LOJA PERTO DE SI!chamar um outro público. O local. Para vir saber o que se passa aqui.A expetativa é que, cada vez mais, seja um espaço para ser visitado, PRADOSDEMELGACO | WWW.PRADOSDEMELGACO.PT | TLF. 251 414 093sobretudo, pela comunidade educativa. Porque, de facto, temos aquiferramentas muito importantes para puderem, depois, ser desenvol- valemais.pt 11vidas em contexto de sala de aula.E no futuro?A ideia é tornar ainda este espaço muito mais interativo e apela-tivo. No âmbito da CIM Alto Minho, está projetado e prestes a serviabilizado um espaço que vai ser aqui alocado e que tem um cariztridimensional. Ou seja, levar o visitante a sentir-se verdadeiramenteno espaço. É tentar recuar às Terras de Nóbrega na época romanaou mesmo ao neolítico. É um trabalho que será uma espécie de umacaixa, um invólucro que nos vai transportar no tempo.Algo mais de pertinente por dizer?Desafiar as pessoas a virem conhecer este espaço e Ponte da Barca.Tem um património riquíssimo, uma multiplicidade de monumentosque, aqui, sabemos que existiram e que depois podemos ir in loco. Maisdo que elementos virtuais, é a realidade, é o podermos ir experienciaruma visita à Ermida e ver lá a pedra dos namorados, que é um monu-mento muito emblemático, é ir ao Lindoso visitar o Castelo e percorreros trilhos na Serra Amarela, ir a Bravães e ver aquela verdadeira joia doromânico rural que é o mosteiro de S Salvador de Bravães, ou a S Mar-tinho de Castro ou a V. N. Muía… e, sobretudo, conhecerem as pessoas.Só há Ponte da Barca porque há pessoas. //

Reportagem #Ponte de Lima AD Limianos é campeão da AF de Viana do CasteloTerminou mais um campeonato na Associação de Futebol de Viana do Castelo. O Limianos foi o grande vencedor da época 2017/2018 ao terminar a prova em primeiro lugar com 72 pontos, mais um que o segundo classificado, o Vianense. Ao campeonato juntou, também, a Supertaça depois de vencer o Sport Clube Valenciano (vencedor da Taça AFVC) por 4-1.Texto :: José C. Sousa Jaime Matos tem 50 anos e é Professor de Educação Física no Agrupa- mento de Escolas de Arcozelo. Casado, e com três filhos, há muito tempoAluta pelo título decorreu até ao último suspiro, visto que o que tinha o objetivo de presidir o Limianos. Chegou este ano à liderança e Limianos marcou o golo da vitória, ao minuto 93 da derradeira alcançou, de imediato, um dos objetivos para esta época. Ser campeão. jornada, o que lhe permitiu vencer o Vitorino de Piães por 1-2 e sagrar-se Campeão Distrital. Nessa última jornada o Vianense Foi treinador de futebol durante vários anos, com passagens pelostambém fez o seu trabalho e venceu em Paredes de Coura por 2-4. No escalões de formação da equipa limiana, onde foi campeão várias vezes,entanto, esse triunfo, não foi suficiente. e pelas equipas seniores do Desportivo de Monção e, claro está, pelo Limianos. Depois, intercalou o ‘relvado’ com o ‘escritório’. Chegou a serA Vale Mais foi até Ponte de Lima para conhecer melhor a realidade vice-presidente e treinador dos juniores, ao mesmo tempo. Fez umadeste clube que, desde o início, assumiu o objetivo de subir de divisão. pausa no futebol para voltar, alguns anos mais tarde, novamente como treinador, no Campeonato Nacional de Seniores.Entrevistamos Jaime Matos, o Presidente do clube e José Carlos Fer-nandes, o Treinador.12 valemais.pt

Agora, ‘chegou a hora’ de ser o Presidente da Associação Desportiva Qual é relação do clube com a CâmaraLimianos. Municipal e com a vila?O objetivo da sua administração é reorganizar o clube, apostar na forma- É muito boa. Neste momento, o clube estáção e nos seniores. Apesar de não ser uma obsessão era um objetivo tirar aberto à vila e Ponte de Lima abriu as portas aoo clube da regional. “Cair lá é fácil mas é muito difícil depois sair”. clube. A todos os lados que vou, sempre recebo ajuda, nunca me dizem que não. Muitas empre-Qual é o lugar do Limianos no futebol? sas do concelho tem ajudado o clube e, neste aspecto, preciso destacar, para além da CâmaraO campeonato Nacional de seniores é a divisão do Limianos. Somos Municipal, o Intermarché que ajuda, não só orealistas e sabemos que mais do que isso é difícil. No entanto, queremos Limianos mas muitas instituições do concelho.fazer uma equipa ambiciosa para andar na parte de cima da tabela efazer um campeonato tranquilo. O orçamento tão ‘falado’...O Limianos sobe com uma boa base e É muito relativo, dizer que o orçamento do Limia-tem condições para ficar com 13 ou 14 nos, que pode ser um pouco mais elevado dojogadores desta época. Depois, quem en- que o vizinho do lado, é caro ou barato. Orça-trar, tem de ser mais-valias para o clube mentos elevados são aqueles que não conse-e para a equipa. guem atingir os objetivos. O Limianos atingiu os seus objetivos. Subimos de divisão. Fizemos umÉ difícil pensar mais alto? orçamento rigoroso, cumprimos estritamente com toda a gente e isso é o mais importante.Sinceramente, penso que sim. Consideroque, se a cidade estiver com o clube, só o A formação e o futsalSC Vianense é que poderia ter condiçõesfinanceiras para disputar outro campeo- O Limianos tem 12 equipas na formação. Sãonato. Sabendo a realidade de Ponte de 12 treinadores, 12 adjuntos, 8 fisioterapeutas e cada equipa tem doisLima e das localidades vizinhas, apenas diretores. A formação também precisa de um orçamento grande para seViana do Castelo, devido à sua industria, à poder trabalhar com qualidade. Temos um vice-presidente para o fute-Câmara Municipal que tem sido, pelo que bol jovens, um coordenador e um coordenador técnico que tem reuniõeseu tenho lido, fantástica no apoio ao clube, todos os meses com todos os treinadores da formação.poderá, eventualmente, conseguir disputaroutros campeonatos. No entanto é preciso Temos uma ideia de jogo igual e tudo é feito com um fundamento. Queremosmuitos apoios, ter o clube estável e uma fazer um trabalho de qualidade e tenho a certeza que já o estamos a fazer.direção que trabalhe a sério. Depois, também temos uma equipa de Futsal feminino que este ano foi campeã e venceu a taça. O futsal feminino é uma aposta do clube por- que esta modalidade já é uma realidade e terá muito sucesso no futuro. valemais.pt 13

A época e a última jornada O estádioSempre tive confiança na subida de divisão mas, sinceramente, houve alguns O estádio esta a ser reformado. A primeira parte - sede, balneários, la-percalços com os quais não estava a contar. Tinhamos valor para ultrapas- vandaria - esta pronta e vamos começar a segunda fase que será a lojasar certas equipas que nos tiraram pontos. Não entramos muito bem no do clube, o bar e as bancadas. Depois, iremos instalar uma iluminaçãocampeonato e tivemos alguns jogos em casa, onde perdemos pontos, e isso, nova e tentaremos colocar, novamente, o relvado natural porque paranão era espectável. A equipa, nessa altura, abanou um pouco, de forma um Ponte de Lima é importante. Já houve propostas de equipas profissio-pouco injustificada porque o plantel foi construído por jogadores experientes nais para estágios aqui em Ponte de Lima que se perderam porque aque jogavam no Campeonato Nacional. Contratamos jogadores de Ponte de relva não era natural. Ponte de Lima tem boas condições, tem bons ho-Lima, que estavam nesse campeonato, e fizemos uma equipa para não dar téis mas exige-se sempre relva natural e penso que num futuro próximohipótese. Sinceramente, pensei que seria mais fácil conquistar o título. Mas o poderemos avançar para essa situação.Campeonato Distrital não é tão fácil como se pode pensar. O ‘MISTER’ JOSÉ CARLOSA semana que antecedeu o último jogo, foi muito nervosa. Foi um FERNANDESsofrimento. Toda a vila falava do jogo. O Limianos não fez uma boaprimeira parte e o Piães acabou por ser feliz nesse período. Na segunda Também ele professor, aos 54 anos regressou a uma casa que bemparte a equipa pegou no jogo e desgastou o adversário. Na parte final conhece. Pai de três filhos, José Carlos, começou a sua formação, comoda partida (últimos 20 minutos) eles já estavam muito cansados e os jogador, no Limianos e também jogou no Vianense. Depois acabou pornossos jogadores juntamente com a força do nosso público e um pouco ir para a faculdade e deixou de jogar. Iniciou a sua carreira como treina-de felicidade, fez com que conseguimos atingir o objetivo. O Vitorino dor, ainda muito novo, nas camadas jovens deste clube, passou um anode piães fez o jogo deles e não tenho dúvidas que se jogassem sempre pelo desportivo de Monção, como adjunto de Jaime Matos e ainda pelasassim ficavam nos três ou quatro primeiros lugares. seleções jovens de Viana do Castelo. Mais tarde, foi convidado para ser o coordenado da formação do AD Limianos, mas acabou a treinar a equipaMomento chave – Quando empatamos em Távora. Nesse momento, sénior.os jogadores perceberam o que tinham de fazer, meteram pés ao cami-nho e julgo que a partir daí, não facilitaram mais. Esteve cerca de seis anos no clube antes de deixar o futebol de lado numa etapa de alguns problemas familiares, nomeadamente o faleci-Vitória mais sofrida – Foi em Piães. Um jogo dramático, muito sofri- mento do seu irmão, o que fez com que desligasse, completamente, dodo e onde eu cheguei a pensar que podíamos ‘morrer na praia’. desporto.Pior momento da época – A morte do nosso colega e vice-pre- Nesse período, foram vários os convites, mas nunca quis abraçar ne-sidente do futebol juvenil, José Maria. Não houve pior momento que nhum projeto. Passou quatro anos fora dos relvados. Regressou a épocaesse. Perdemos um amigo. Ele era muito querido, desde os miúdos mais passada no Correlhã mas este ano a direção do Limianos ‘encostou àpequenos até aos seniores. Foi um momento muito difícil para o clube. parede’. Estava, assim, de regresso ao clube.Às segundas-feiras, nas reuniões, ainda sentimos o vazio que ele deixou.14 valemais.pt

A programação da época e o plantel Isso foi criando alguns períodos onde surgiram pequenos problemas. Mas nesse aspeto não posso deixar de reconhecer o trabalho que foi feito pelosDesde o início, a aposta da direção foi a subida de divisão. A equipa foi forma- capitães de equipa que são três jovens de Ponte de Lima, o Jojó o Gustavo eda nesse sentido e isso criou, nos adversários, um efeito de ‘alvo a abater’. o Mika que foram fundamentais neste objetivo de sermos campeões.Ao contrário do que muita gente pensa, jogar no campeonato distrital, O último jogonão é propriamente fácil. Com todo o respeito pelos adversários, haviaequipas que, pela sua competitividade e até pela sua desorganização, A semana foi muito tranquila. Reconheço que tinha alguma expectativacomplicavam-nos o jogo. que o jogo fosse menos complicado daquilo que foi. Iniciamos o jogo in- tranquilos, levamos um golo relativamente cedo e isso complicou muitoDepois, reconheço que, alguns jogadores, sentiram alguma dificuldade as coisas. Evidentemente, eles estavam motivadíssimos e empenha-porque não estavam habituados a jogar, sempre, para ganhar. E isso é di- díssimos e colocaram no jogo uma intensidade e agressividade muitoferente. Inclusive tivemos de fazer alguns ajustes durante a época, e houve grande e o facto do campo ter as dimensões que tem também nosali um período menos bom, com muita gente a por tudo em causa. penalizou. Sempre que a bola era colocada na frente, entrava na área e isso dificultou muito o nosso trabalho. No final ganhamos porque acre-O plantel tinha muita qualidade em termos individuais e isso transmi- ditamos muito, fomos ao limite, tivermos uns adeptos determinantes nate-se para a parte coletiva. Terminamos o campeonato com a melhor ajuda e tivemos uma ponta de felicidade, ou de fé, para quem acredita.defesa, juntamente com o Vianense, e o melhor ataque, indiscutivel-mente. Somos uma equipa que gosta de ter a bola, que procura jogar Momento chave - Foi em dezembro, quando tivemos umas conver-pelo corredor central, pelos corredores laterias com forte incidência dos sas importantes com o grupo e com os capitães, em particular. Foi umdefesas e sobretudo com duas ideias fundamentais. Intensidade e mobi- redobrar de atenção para que todos percebessem que tínhamos de serlidade. Muitas trocas posicionais e ritmos altos. Depois muita liberdade mais exigentes mais determinados e levar as coisas mais a sério.no último terço para por em prática a qualidade que cada jogador tem. Próxima época - Conhecemos muito bem a realidade do próximoA sua liderança campeonato e sabemos o nível de exigência e dificuldade que ele comporta. O clube está muito bem preparado para esse passo. Agora éHá três/quatro coisas que para mim são absolutamente determinantes. preciso tratar das coisas com tempo.O respeito, a honestidade e frontalidade e a exigência. Ser treinador édifícil, tomar decisões é difícil e não podemos agradar a toda a gente. AFVC - Como qual outra Associação tem margem de crescimento. Há, clara-Nós treinadores, somos obrigados a privilegiar os interesses da equipa mente, coisas a melhorar. Desde logo, e julgo que já vai acontecer na próximaem prol de qualquer interesse individual, porque não colocamos ne- época, é deixar de haver campos ‘pelados’. Parece-me um bom princípio.nhum jogador dentro de campo só porque é mais simpático ou menossimpático. Colocamos aqueles que são os melhores em cada momento Depois, os clubes tem espaço para melhorar aquilo que fazem. E, nessepara os interesses da equipa e do clube. sentido, a nível de treinos, formação e formação de treinadores acho que a Associação deve ajudar os clubes para que tenhamos treinadoresPrincipais dificuldades que enfrentou melhor preparados.Tínhamos um belo grupo de jogadores em que alguns deles não Os árbitros, que também são parte importante deste processo, juntamen-assumiram aquilo que era o objetivo do Limianos com o sentido de te como os clubes, jogadores e técnicos, tem um trabalho de crescimentoresponsabilidade que nós gostaríamos. a fazer. Gostava de sentir, no campo, árbitros que ajudassem a promover o jogo e defendessem o jogo e as equipas que querem jogar. Uma das coi-Em alguns momentos houve gente que não colocou, em si próprio, a sas que eu lhes dizia, frequentemente, é que quem faz antijogo sente queresponsabilidade e exigência que estavam obrigados a ter. vale a pena fazê-lo. E aí, há alguns aspetos a melhorar. Por fim, temos de melhorar no respeito pelos adversários, pelas pessoas que vem ao estádio e sobretudo respeitarmo-nos a nós próprios. // valemais.pt 15

Reportagem #Valença IVcJoonrqnuaidstaasrdame MVaalrekneçtaingTexto :: José C. Sousa da sua experiência em Ecommerce; Flávio Gart, responsável da agência de comunicação Bazooka e que fez, também, uma excelente exposiçãoOrganizadas pela Escola Superior de Ciências sobre como se trabalha na área da publicidade; Ana Maria Lima, que Empresariais (ESCE) do Instituto Politécnico de Viana falou sobre estratégias de conteúdo; João Vítor, Social Media do F.C. do Castelo (IPVC), as IV Jornadas de Marketing Valença Porto contou-nos um pouco da realidade do clube nas redes sociais; foram, segundo a organização, um sucesso. João Miguel Lopes, explicou o que é o storytelling e a sua importância nesta área; e Vanessa Arlandis, contou a sua experiência no mercadoDaniel Gomes Basílio, um dos organizadores do evento revelou à Vale empresarial.Mais que o objetivo destas jornadas era contemplar a cidade de Valençacom este evento. Na sessão da tarde, houve uma ‘Mesa Redonda’ onde Raul Duro, or- ganizador do festival NeoPop e João Carvalho fundador do festival de“Esta iniciativa sempre foi desenvolvida num âmbito académico e esta- Paredes de Coura contaram histórias e peripécias sobre a organizaçãova demasiado prisioneira da Escola Superior de Ciências Empresariais. destes dois eventos. Também fez parte deste painel Alexandre Rosas,Como se desenvolve dentro da escola tínhamos alguma dificuldade em Vereador da Cultura da Câmara de ovar que contou como é organizartransmitir o evento para a cidade. O nosso objetivo é que Valença e o um dos maiores eventos de Carnaval do país e que envolve toda aAlto Minho tivessem conhecimento destas jornadas e, felizmente, isso população da cidade.foi conseguido, visto que tivemos a presença de várias pessoas ligadasa Câmaras Municipais e tivemos muitas empresas que se inscreveram Para a edição do próximo ano, Daniel Basílio pretende ser mais ambicioso.e participaram na iniciativa. Isso significa que conseguimos sair doambiente académico e chegamos às empresas”. “Queremos tornar este evento uma referência na cidade de Valença mas também no Alto Minho”.“Conseguimos perceber quais os temas que teriam mais interesse naregião, como é o caso do Marketing Digital, com o surgimento de novas Nesta região, nas empresas, ainda existe uma grande despreocupaçãoaplicações, a Publicidade, porque tem uma ligação muito próxima ao em relação a esta área, mas o fundamental é nós conseguirmos mostrarMarketing, e o Marketing de eventos e, os depoimentos destes oradores a importância que estas matérias têm a nível de resultados futuros. Eforam bastante esclarecedores daquilo que uma pessoa pode e deve acredito que, nesse aspeto, as apresentações serviram para demonstrarfazer neste ramo de atividade. o que se pode fazer no marketing”.O feedback que tivemos dos oradores e do publico foi muito positivo e A iniciativa decorre no auditório da Escola Superior de Ciências Empre-as pessoas gostaram de percorrer a cidade, visto que fizemos uma visita sariais do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESCE-IPVC), emguiada à Fortaleza para que pudessem conhecer o contexto de Valença. Valença e contou com o apoio da Câmara Municipal de Valença, Asso- ciação de Marketing do Norte e de diversas entidades do Alto Minho. //O evento trouxe a Valença profissionais da área do Marketing comoVera Maia, que realizou uma das melhores apresentações do dia falando16 valemais.pt

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Reportagem #Arcos de Valdevez EXPOVEZ – Feira do Alto Minho‘Mostra de vitalidade do sector económico de Arcos de Valdevez’Texto :: José C. Sousa Para João Esteves, o momento de maior destaque, desta edição, devido ao grande envolvimento dos empresários e do seu dinamismo, vitalida-Arcos de Valdevez recebeu a 19.º edição da Expovez - Feira do Alto de e sustentabilidade, foi a cerimónia de entrega de prémios de méritoMinho, que decorreu nos dias 4, 5 e 6 de maio, no Centro de Exposições. empresarial e mérito agrícola a 50 empresários da região.Para João Esteves, edil local, com quem a Vale Mais esteve a conversar Esta Feira, que começou há 28 anos no edifício da Escola Secundária,sobre este certame, “o balanço desta edição é bastante positivo”. passou pelo Campo da Feira e, depois de uma interrupção, chegou ao Centro de Exposições, local atual da sua realização, contou com a pre-Milhares de pessoas passaram pelo recinto e aproveitaram para se sença de cerca de 150 expositores, dedicados à promoção e valorizaçãodivertir, provar a gastronomia local e ficar a conhecer melhor a oferta do comércio e serviços, da indústria, com maior ênfase nos três Parquesempresarial da região. Empresariais do Município, da agricultura, do artesanato, da gastronomia e dos produtos locais mostrando, assim, a dinâmica que o tecido empre-“O grande objetivo desta Feira é mostrar a dinâmica do sector económico, sarial possui, assim como a sua importância no contexto económico ee como tal, foi estabelecida uma estratégia entre e Câmara Municipal e sociocultural.um conjunto de parceiros, nomeadamente, a ACIAB - Associação Comer-cial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca e da Cooperativa O Presidente da Câmara asseverou que esta iniciativa serve também,Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, à qual se juntou, mais para se realizarem muitos contactos, particularmente, entre empresários,tarde, a ARDAL e a InCubo, para divulgar o que melhor se faz em termos destacando, a relação que este certame também tem com a diáspora.industriais e comerciais no concelho, o melhor do mundo rural, do arte-sanato, turismo, restauração, entre outros. Neste sentido, a Expovez tem “Nesta altura há muitos emigrantes que aproveitam para conhecer osido uma grande mostra daquilo que se faz em Arcos de Valdevez mas que se faz em determinados sectores, como por exemplo, no sector datambém em alguns concelhos vizinhos, principalmente, Ponte da Barca”. construção civil, no turismo, etc..18 valemais.pt

É, ainda, uma excelente oportunidade para as pessoas terem umcontacto para uma oportunidade de emprego, além de uma enormefesta que pretende ser o ponto de encontro entre clientes, fornecedo-res e população em geral.Há uma enorme compra e venda de diversos produtos que vão destecarros e tratores agrícolas a projetos, cozinhas ou mobiliários”.Para o autarca, este é um espaço em crescimento, que cada vez émais procurado e o programa de animação juntamente com o espa-ço gastronómico, rico em produtos locais, catapulta o certame e fazcom que passem pelo recinto milhares de visitantes.“Há duas maneiras de analisar a integração da população na Feira.Uma, a mais natural, que é a adesão dos expositores. Este anotivemos cerca de 150 o que demonstra uma consolidação impor-tante. Depois é a enorme afluência de pessoas que entre sexta-feirae domingo visita a Feira. Apesar do sucesso, a aposta, nos próximosanos, é para ser reforçada, com novos desafios, para que possamosatrair investimento e assim afixar população”.Essa mensagem foi transmitida à Secretária de Estado da Indústria,Ana Teresa Lehmann, que esteve presente no certame.“Temos de articular, com a administração central, medidas para criarmelhores condições para as nossas empresas. Outra situação quecolocamos à Secretária de Estado prende-se com a necessidade demelhoramento das acessibilidades aos nossos parques empresariais.Dessa forma podemos abrir novos caminhos para fixar talento e levara descentralização efetiva de unidades de investigação, desenvolvi-mento e ensino, para territórios como o nosso”.Para concluir, João Esteves afirmou que a Expovez tenciona reforçar aideia de ponto de encontro da economia local e regional. // valemais.pt 19

Opinião Expovez 2018 Texto :: Emília Cerqueira No fim de semana de 4 a 6 de Maio decorreu a 19ª edição da Expovez – Feira do Alto Minho, em Arcos de Valdevez Este certame é organizado em parceria pela Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, a ACIAB - Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, a In.Cubo e a ARDAL - Associação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima. No ano seguinte a ter atingido a maioridade a Expovez afirma-se, cada vez mais, como um espaço de dinamização das atividades económicas do concelho, bem como montra privilegiada de promoção do concelho e da sua oferta, nomeadamente, ao nível do turismo de natureza. Para além de diversas iniciativas de caráter cultural, que em muito contribuíram para a animação do certame, a Expovez contou com a presença de cerca de 150 expositores ligados a vários sectores de atividade, nomeadamente do comércio, serviços, indústria, artesanato, restauração, agricultura e turismo, bem como as novas tecnologias de empresas vocacionadas para a exportação. Esta variedade de expositores permite dar a conhecer a um universo alar- gado de pessoas o que de melhor se faz no Alto Minho e em particular em Arcos de Valdevez e desta forma promover a economia local nas suas diversas vertentes promovendo e dinamizando a economia circular. Pois, quem por lá passou, e foram uns largos milhares de visitantes, pôde verificar in loco uma perfeita harmonia entre a tradição e a inova- ção que ali coabitaram lado a lado e que nos dão a conhecer as diversas vertentes de que é composto o tecido económico do concelho. Apenas para exemplificar no interior do Centro de Exposições pôde contac- tar-se com dezenas de espaços destinados à promoção e valorização do comércio, serviços e indústria, enquanto no exterior pôde contactar com uma variada exposição de produtos locais, artesanato e turismo, bem como com a participação do setor agrícola que nos dá a conhecer diversas raças autóctones, e ainda hortos. Por fim, mas não menos importante, contou também com um espaço de- dicado à gastronomia, onde marcaram presença várias tasquinhas onde foram servidos os petiscos e os excelentes vinhos verdes da nossa região. De salientar que este género de eventos têm vários virtuosismos, como seja o facto de permitir que os diversos agentes económicos possam interagir entre si, ou o facto de, para quem os visita, poderem a contactar com as diversas ofertas que o concelho lhes pode oferecer, bem como em muito contribui para que territórios de baixa densidade possam ser encarados como locais de atratividade para a fixação das novas gera- ções, em que vale a pena viver, trabalhar, visitar e investir.20 valemais.pt

Reportagem #Galiza EXPLOSÃO EM TUI ‘Paramos’ converteu-se num cenário de guerraQuarta-feira, 23 de maio de 2018. 16h20. Quem vive em Tui e nos concelhos limítrofes jamais esquecerá este dia. A explosão de uma nave lotada de material de pirotecnia, adjunta a uma residência familiar, no lugar de A Torre, Paramos, Tui, fazia doismortos, 37 feridos, destruía, por completo, mais de uma dezena de casasque se encontravam, num raio de 300 metros, e danificava outras largasdezenas de habituações num espaço de 800 metros ao redor.A explosão teve magnitude tal que, a onda expansiva foi sentida à váriosquilómetros de distância, provocando a quebra de vidros em edifíciose veículos e até incêndios florestais. O estrondo foi sentido em várioslocais havendo relatos de pessoas que sentiram o ocorrido em VilaNova de Cerveira, Caminha, Vigo, Cangas, etc.. Em Valença, o impactofoi enorme e os bombeiros voluntários deste município (que faz parteda Eurocidade com Tui) foram dos primeiros a dirigirem-se para o local,prestando, de imediato, toda a ajuda possível.A explosão provocou uma bola de fumo similar à imagem das bombasnucleares, visível a dezenas de quilómetros de distância. valemais.pt 21

A devastação da zona é aterradora e este terrível acontecimento tirou a PIROTECNIA COM ORDEM DEvida a um casal que se encontrava numa das casas que rodeavam o local DEMOLIÇÃO E MAIS ARMAZÉNSonde estava armazenada a carga ilegal. O homem, de 56 anos, e a sua ILEGAISesposa, de 45, viram a sua própria casa cair-lhes em cima e acabaram pordeixar órfãos dois filhos, de 13 e 8 anos de idade. O mais velho foi quem Os dias seguintes a este fatídico acidente trouxeram novidades,alertou as autoridades que os seus pais estavam dentro da habitação. alarmantes, sobre este caso. A Pirotecnia La Gallega SL situada em Baldráns, Tui, a cerca de quatro quilómetros do local onde se deu aPor outro lado, ficam desalojadas mais de 20 familias que viram as suas explosão, tinha, desde 2014, ordem de demolição e o Tribunal Superiorcasas e os seus pertences desaparecer. de Justiça da Galiza ordenou o encerramento e, até mesmo, a demolição de uma parte das instalações, porque não se ajustavam à legalidadeAs primeiras notícias já davam conta de se tratar de um armazém clan- urbanística. No entanto, tal procedimento nunca foi executado.destino, o que se viria a confirmar. No seu interior, mais de 1.500 quilosde substâncias explosivas. No sábado, dia 26 de maio, três dias depois do acidente, e no segui- mento de várias denúnicas de vizinhos eram descobertos mais doisO responsável deste material é Francisco González Lameiro, proprietário \"armazéns\" cheios de material pirotecnico. Auténticas \"naves bomba\" re-da Pirotecnia La Gallega SL que, no mesmo dia da explosão, foi detido cheadas de pólvora e explosivos, todas num raio de 300 metros à voltapela Guardia Civil Espanhola, mas colocado em liberdade de seguida. da 'La Gallega'. Locais que ocultavam mais de 1750 quilos de materialNo entanto, na terça-feira, dia 29, um juiz determinou a sua prisão sem explosivo, situados, também, entre inúmeras casas e moradias.fiança. Desde o Tribunal de Justiça de Galiza indicaram que o proprie-tário está agora sob investigação para o crime de riscos catastróficos, No primeiro depósito, a apenas a uns 100 metros da oficina emhomicídio imprudente, danos imprudente, lesão imprudente e posse Baldráns, os técnicos da Tedax localizavam 600 quilos de explosivos,ilegal de explosivos. 475 quilos de pólvora e outros 120 de material pirotécnico prepara- do para distribuição no mercado.22 valemais.pt

O segundo armazém ilegal está localizado num antigo depósito Angulas Miguel Lourenço, bombeiro há cerca de 22 anos e comandante hána área de \"Las Pólvoras\", também nas proximidades. No seu interior quase um, confessa que nunca tinha convivido com um incidenteforam interceptados 1.500 quilos de matéria-prima para a preparação desta magnitude. “Já estive num com uma pirotécnica, não tinha casasde pólvora: nitrato de potássio e enxofre, material, muito parecido ao que vizinhas, houve alguns vidros partidos, telhas deslocadas, mas ali… ascausou a catástrofe. coisas eram totalmente reduzidas a escombros”.Por este motivo, o juiz entendeu que, após o aparecimento destes depósitos, Quanto a pessoas no local do sinistro, devido à hora a que se registou,cuja existência não esta mencionada no seu primeiro depoimento, na sema- a meio da tarde, muitas poucas deveriam estar em casa. “Daí tambémna passada, as circunstâncias mudaram, decretando assim a sua prisão. o baixo número de vítimas, digamos, para o cenário registado. Quanto às que vi pela estrada, a policia fez um cordão se segurança e estavamPirotecnias La Gallega SL tem a sua sede fechada, mas, ao que tudo in- todas cá em baixo. A gente vai focado no que vai encontrar e vai fazer,dica, continua a fornecer fogos de artifício para vários clientes, incluindo quase nos abstraímos das pessoas que estão na área envolvente. Na ruao próprio Concelho de Tui. Desde a explosão em Paramos que destruiu não deu para perceber se eram vítimas, se estavam lá por mera curiosi-o bairro de A Torre, os vizinhos têm pavor de que algo semelhante dade… e, não sei se é virtude, mas vamos centrados no que vamos fazerpossa acontecer noutro lugar e suspeitam que ainda pode haver mais e não tive grande perceção a nível do estado anímico das pessoas” –naves clandestinas. referiu-nos.BOMBEIROS DE VALENÇA De algo um pouco semelhante, só tem a memória que lhe foi passadaFORAM OS PRIMEIROS A CHEGAR por bombeiros mais velhos. ”São coisas que já não são do meu tempo, mas um cenário que pudesse ter uma magnitude como o que agoraOs Bombeiros Voluntários de Valença foram os primeiros a chegar ao aconteceu só a do incendio na fábrica Cam Fran, em Tui. Mas isso já foilocal do sinistro. O comandante desta corporação, Miguel Lourenço, con- há muitos anos (na década de 70 do século passado). Recordo-me defirma, em declarações à VALE MAIS, que, quando lá chegou, encontrou me falarem desse incêndio como uma grande catástrofe.”um cenário desolador, de destruição e vários focos de incêndio. O que acha de um armazém com aquele potencial explosivo, situado“Caíram várias chamadas aqui no quartel. Pensamos, inclusive, que seria no meio de um aglomerado populacional? Não há nenhum modo deo gasoduto ou a estação de gás, em Ganfei. Saí com uma viatura de detetar um armazém daquelas dimensões? Em Valença alguém poderiaComando, ligeira, anda mais depressa, fui bater a zona e, pouco depois ter um armazém com esta carga explosiva e ninguém se aperceber dede passar o gasoduto, apercebi-me que era em Espanha” – contou-nos. nada? – perguntámos-lhe.Em articulação com o Comando Distrital de Viana do Castelo (“dados “Pelos comentários que ouvi lá dos populares, o dono do armazém seriaos protocolos não podíamos ir lá assim, livremente”), no “espaço de um detentor de uma pirotecnia noutro local e ele sempre referiu que ali sóou dois minutos, houve logo indicações para avançar para o local”. armazenava as canas e os canudos para depois encher, na confeção dos foguetes. Pessoalmente, não desconfiaria, é uma zona de casas um“Conhecemos a área, inclusivamente de um acidente, nada com aquela bocado retirada da estrada; agora o pessoal da zona não sei se suspei-gravidade, a cerca de 2 km daquele. Foi relativamente fácil dar com a tava ou não”. Todavia, “com a explosão que foi e os destroços que fez, azona e depois, também em Espanha, normalmente, a policia já está pelo carga de explosivos deveria ser bastante considerável.”caminho a sinalizar ou com um carro no caminho que nos manda seguiratrás em direção ao local.” A concluir, o comandante deixa, ainda, uma nota: “Ali, no meio da des- graça toda, o que me orgulha foi a estreita colaboração entre as diversasDe Valença seguiram, pois, 17 bombeiros com seis viaturas. Do lado de corporações espanholas e nós, em que facilmente nos organizamoslá, a corporação mais próximo situa-se no Porriño, um destacamento, logo à primeira impressão e conseguimos fazer um trabalho muitoque chegaram praticamente ao mesmo tempo. “Estivemos a colaborar positivo, sem vítimas para os combatentes e nenhum entrave. Trabalha-com eles, a trabalhar com eles” – explicou o comandante da corporação mos como se o estivéssemos habituados a fazer no dia a dia. Foi a partevalenciana. mais positiva no meio da desgraça.” //O local, confirma, mais parecia o de um cenário de guerra. “As imagenscom que fiquei fazem-me recordar as imagens que vimos na TV, daguerra na Síria, de destruição total.” valemais.pt 23

Reportagem #Paredes de Coura Com obra para \"ler antes de morrer\" GONÇALO M.TAVARESA inteligência inquinada e os partidos Essa questão dos partidos vicia a inteligência! - reconhece Gonçalo M. Tavares. Dificilmente poderia ser mais claro, referindo-se às tomadas de posição política. Ressalvou, porém, que os “partidos são importantes para a democracia”. Aconteceu durante a edição deste ano do REALIZAR:poesia, em Paredes de Coura.Texto :: Manuel S.Opoeta e romancista português, nascido em Luanda há 47 “Quando se reduz a política a partidos e uma pessoa a parte de anos e que viveu entre os três e os 18 anos, em Aveiro, uma posição partidária, de algum modo está logo constrangida é um dos mais galardoados escritores de língua portu- no seu pensamento e raciocínio. Não vai pensar de uma forma guesa. Uma das suas obras, “Jerusalém”, foi incluído na completamente livre….” – referiria à VALE MAIS, a propósitoedição europeia de “1001 livros para ler antes de morrer – um guia daquela afirmação.cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos”. INQUINADA… PORQUE LIMITAOs seus livros deram origem a peças de teatro, objectos artísticos,vídeos de arte, ópera, etc.. Existem perto de 220 traduções da sua Sem falsas presunções, mas com a convicção de quem reflete eobra é distribuída em 45 países. pensa no que diz, Gonçalo M. Tavares não deixa de concordar que a inteligência acaba por ficar inquinada.24 valemais.pt

Assusta-me ser enganado por um por aquela ‘coisa mais básica’.. .ainda se está na fase de alguém achar que, se digo que vou lavrar o campo, este fica lavrado.” Sublinha mesmo: “Há uma espécie de devoção ao asso- ciarmos a palavra escrita a uma espécie de verdade. Vem\" desde o livro religioso até à lei e, como os textos indivi- duais se multiplicaram, não temos a noção de que toda a gente hoje produz texto. Ainda temos uma espécie de crença antiga, quase antropológica, de que a escrita é de lei e somos uns crentes ingénuos na linguagem”.“Porque limita… claro que a politica não é uma guerra, mas imagine Sublinhando: “Um dos aspetos é pensar que a linguagemdois exércitos em confronto. Não faz sentido eu (ao integrar um) dar faz coisas. Um exemplo: estamos numa igreja, diante de um padre,razão ao outro exército. Numa guerra não se trata de argumentar. este pergunta se você casa com a Maria e, quando dizemos sim, estaQuando há um conflito claro entre duas posições, muitas vezes as palavra faz coisas, muda. O mesmo quando assinamos um papel.pessoas, precisamente porque sentem que estão numa das partes Há alguns pormenores da linguagem, quer escrita, quer falada, quede um dos exércitos, nunca ouvem o outro pensando e que ele pode realmente representam fazer coisas.”ter razão. O outro é sempre o outro lado” – explica. Todavia, “a maior parte da linguagem é uma discussão que tem aGonçalo M. Tavares observa, mesmo, que, em termos gerais, quando ver, na política e na democracia, com o decidir, argumentar com oum escritor toma uma posição política, a sua obra perde força. melhor a fazer. Se o melhor a fazer é lavrar este ou aquele campo.“Há muitos casos, na literatura, de pessoas que escreve-ram livros, nomeadamente romances, a tomar uma posi-ção política, e o que se percebeu é que, mais tarde, a obranão era suficientemente forte. Porque são dois mundoscompletamente diferentes. Quando eu quero assumir umaposição politica e quando eu quero fazer uma obra de arte!É raro, mas há exceções, felizmente… mas á raro fazer-seuma obra de arte utilizando posições politicas. São doistipos de pensamento diferente” – garante.ARMADILHAS DA LINGUAGEMO escritor alertou, também, para as armadilhas da lingua- Discutimos e chegamos à conclusão que o melhor é aquele. A ques-gem e a importância de as compreender. tão da linguagem é fundamental para argumentarmos, contra-argu- mentarmos e chegarmos a uma decisão de maioria e decidimos o“Há muita gente que não percebe nada sobre linguagem. Hoje, que vamos fazer. Portanto, tem a ver com o fazer.”quando vou no carro e de repente mudo para uma emissora deuma igreja muito partícular.. o que me assusta é que ouço aquela Garante: “A política instalou-se na linguagem… quando a politica,argumentação, do género de alguém que veio, estava muito doente, no limite, seria feita por mudos... como a sueca que é jogada porna quarta-feira entrou na igreja, 15 dias depois teve um emprego, mudos.. devia ser jogada, ninguém falar. No limite, a boa politica nãohoje tem muito dinheiro… estamos em 2018... como é que alguém é precisa de linguagem. A linguagem aparece quando há o outro.”enganado por estas palavras?! TWEET E SMS NÃO EXPRIMEM PENSAMENTO Um slogan, um tweet ou uma sms não são um pen- samento. “É engraçado pensar nalgumas lógicas de internet. É impressionante. Uma pessoa assumir que está a falar de linguagem na questão das sms. Estes são uma funcionalidade. A linguagem tem a ver com o pensa- mento, com a imaginação, com a criatividade e Gosto/ Não Gosto não é um pensamento.” valemais.pt 25

Perentório: “Dizer que isto é bom ou ótimo não é um pensamento.De alguma maneira, pessoas como nós, bem formados, no sentidode curiosos, todos nós podemos entrar, sem perceber, no mundo doGosto/Não Gosto. Ou seja, é como ter várias imagens e… Gosto ouNão Gosto”. Reduzir o ser humano ao “Gosto/Não Gosto” é “comouma criança a falar”.Então o que é o pensamento? “Passa uma imagem, eu paro. O queé isto? O que isso significa? De onde é que isto vem? Quem é quefez isso? O que é isso? É uma imagem.” “Não temos essa noção,mas grandes pintores… o Miguel Ângelo fazia viagens de três mesespela Europa para pintar um quadro…“. Hoje, se calhar, damos 30segundos a cada quadro (aparte).A propósito, o escritor não deixa de fazer uma observação: “Hoje, seestivemos na internet, numa hora temos mais imagens do que, naIdade Média, um ser humano em toda a vida. Aliás, havia pessoasque, por exemplo, nos séc XV ou XVI, não viam nenhuma imagem,nenhuma representação, nenhuma pintura… hoje, numa hora, pode-mos ver centenas de imagens. Portanto, cada imagem vai perdendoa sua força. E requer um esforço.”“Ser verdadeiramente culto no séc 21 é mais difícil que em séculos passa-dos; é muito mais difícil pensar no séc 21 que no séc 20” – rematou. //REALIZAR: PoesiaEVENTO DE MÚLTIPLAS LINGUAGENSPromovido pelo Município de Paredes de Coura, o REALIZAR:poesiaprocura estabelecer afinidades entre a poesia e as demais atitudes artís-ticas – literatura, música, cinema, artes performativas e também aquelasde menos evidente convergência como a política, ciência, filosofia, etc.Com direção artística de Isaque Ferreira, esta 3ª edição (pelo 3º anoconsecutivo) voltou a decorrer em vários espaços do território courense.Constituiu-se como uma reunião de eventos de múltiplas lingua-gens e origens, em que as leituras, as conversas, as conferências,os lançamentos de livros, as performances, a exibição de filmes,os concertos e as intervenções dedicadas às crianças e jovens sereencontram na esfera da sua essencial afinidade: “a poética, no seusentido mais vasto”, porque “para lá da materialidade da linguagem,há uma metalinguagem do imaginário.”26 valemais.pt

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Opinião Continuar ABRILFoi sumamente importante festejar, comemorar, em conjunto, com simplicidade solene, com disponibilidade e abertura,o DIA DA LIBERDADE, no 44.º ANIVERSÁRIO da restauração da LIBERDADE e da DEMOCARCIA que restituiu a cadaportuguês e a Portugal a possibilidade de sermos livres e felizes.Texto :: José Emílio MoreiraSer livre é ser feliz. A liberdade e felicidade estão juntas. Ser feliz é A Liberdade, a Felicidade e a Democracia estão juntas. Mas não se herdam estar de acordo consigo próprio, individual e coletivamente; é pôr em somente. Também não se impõem: conquistam-se e vigiam-se para não se desenlace as suas potencialidades e crescer até onde a sua energia, desviarem ou perderem.a sua capacidade e a sua opção chegar. E se este estar de acordo connoscopróprios nunca é total, pois o homem é finito e temporal e há sempre obstá- Na história, porém, de muitos indivíduos e de muitas coletividades, nem sem-culos que o impedem e balizam, podemos concluir que ser feliz é antes um pre foi assim! EM PORTUGAL, POR EXEMPLO! Durante quase meio século,esforço, uma tensão para a felicidade, como ser livre é estar constantemen- um grupo pequeno de privilegiados tentou escolher por nós, impor-nos o quete à procura da liberdade, à procura da sua lhes convinha, não deixando que fossemos nós a escolher à nossa maneira,afirmação. não permitindo, quantas vezes, com meios atrozes e cruéis, que cadaMas este estar de acordo um escolhesse o seu caminho: foi a DITADURA desse “mongeconnosco próprios laico” que nos deve sempre perseguir e encher a alma denão é seguir o medo, chamado SALAZAR.ímpeto isoladoe egoísta Salazar e os seus acólitos: porque não foi sódos nossos Salazar! Muitos políticos, muitos ban-impul- queiros, muitos empresários, muitossos ou “mestres” religiosos e laicos, muitosinteresses indivíduos que, até hoje, se apresen-indivi- tam como defensores da liberdade eduais ou da democracia, estiveram com Sala-corporati- zar e seu delfim Marcelo Caetano ouvos, porque seus seguidores contemporâneos ouser homem é posteriores, assumidos ou disfarçados.realizar-se na suadimensão individual Desses, ontem, hoje e amanhã, há que estare social, na coletividade atentos em vigilância constante…Esses foram ospróxima ou mais longínqua, na responsáveis por essa longa e espessa noite escuraempresa, na autarquia, na Nação, no Estado. que varreu a nossa pátria e os nossos corações durante longos e sofridos 48 anos.Não há, contudo, um caminho único, como não há valores exclusivos e ab-solutos, como não há mestres infalíveis. Há sempre alternativas a explorar ea escolher. Cabe a cada homem, só ou coletivamente, decidir o seu caminho,aceitar o desafio de cometer erros, de voltar atrás e voltar a escolher, nodomínio ético, estético, religioso e político. É a DEMOCRACIA.28 valemais.pt

Mas houve o 25 DE ABRIL. Passaram 44 anos. Por todo o Portugal se festejou e É preciso que tenhamos governos sensíveis a esta nova diretriz da história.se comemorou. Mas festejar e comemorar em liberdade, para além de avivar os Contrariamente à opinião de alguns, regionalizar não é dividir. Só a verdadei-valores fundamentais daí provenientes, tem que ser também RECONHECER E ra REGIONALIZAÇÃO acaba com as crescentes assimetrias regionais e é aAGRADECER. Reconhecer e agradecer é homenagear quem merece: condição necessária para a autêntica coesão nacional. Saibamos os regio- nalistas, políticos do poder central, autarcas e simples cidadãos, interpretá-la• Devemos prestar homenagem, reconhecendo e agradecendo sem em profundidade e defendê-la com afinco e perseverança.reservas, sem nunca esquecer, sem tentar varrer da memória coletiva e • Como autarca que fui e sou (embora, agora, com menores responsabili-de cada um, a generosidade, o altruísmo dos CAPITÃES DE ABRIL, que,pondo em risco a sua própria liberdade, o seu próprio bem-estar pessoal e dades!), não queria terminar este meu testemunho escrito sobre ABRIL, semprofissional, nos devolveram a possibilidade de vivermos livres, democratas prestar uma profunda homenagem a todos os Presidente de Câmara e Verea-e felizes. Negar esta gratidão aos que já faleceram e aos que conti- dores, Presidentes e Membros de Assembleias Municipais, Membros de juntas enuam connosco é trair o próprio ideal do 25 de Abril! Assembleias de Freguesias, passados e atuais, pelo papel importantíssimo que tiveram e tem e terão, na continuação da defesa da Liberdade e do Desenvolvi-• Mas celebrar o 25 de Abril é também homenagear todos aqueles que mento Integral, para que a FELICIDADE seja de todos sem exceção.deram corpo histórico ao ideal da Revolução de Abril; por isso, aos políticos, Que se continue a fazer Portugal, cumprindo-se ABRIL. A revolução de Abrilàs instituições, aos intelectuais, aos cidadãos em geral que lutaram e lutam ainda não está consumada. Tem de continuar.ainda hoje para que esse fogo ateado não se apague, devemos o nossoagradecimento, o nosso reconhecimento e a nossa homenagem. Temos todos de continuá-la! //Que os jovens de hoje, que não sentiram nas suas vidas as causasque justificaram o 25 de Abril, nunca se esqueçam e sejam eles oscontinuadores dos ideais de Abril; que não deixem dominar a sua gene-rosidade altruísta e a sua alma sonhadora de futuros transformadores pornovos ditadores camuflados de neutros tecnocratas ou políticos submissosao serviço de sistemas financeiros que não respeitam as pessoas, masvisam somente o lucro dos investimentos, a maior parte escandalosamenteespeculativos; que não se deixem seduzir por “populismos”, “messianismos”ou “sebastianismos”, falsos atores capazes de cercear a liberdade individuale coletiva , a única dinâmica construtora da nossa história.• Porem, para cumprir o 25 de Abril, outro fator exerceu e exerce um papel in-substituível e crucial: sem ele, tenho a certeza, o 25 de Abril teria estiolado, o Paísnão se teria desenvolvido, o centralismo burocrático teria tomado novamenteconta do rumo da nossa história e a oferta dos CAPITÃES DE ABRIL teria sidoinútil: estou a referir-me ao PODER AUTÁQUICO que, com uma ínfimaparte do Orçamento Geral do Estado, mas com vontade e capacidadesem limites, revolucionou a face deste país, dos centros urbanos às peri-ferias, do litoral ao interior. O poder autárquico constrói-se com a políticado tu-a-tu, da proximidade afetiva com o cidadão, com o conhecimentopessoal dos recantos do território, tantas vezes esquecido dos meios dacomunicação social ou das estatísticas genéricas e abstratas. Que seriada dinâmica e do enriquecimento económico, cultural e social do interior portu-guês sem o trabalho, a estratégia e a luta dos agentes do PODER LOCAL?Apesar das várias crises políticas e económicas por que passamos e da durae bárbara crise mundial que nos quase sufocou, sobretudo a partir de 2008,ninguém pode negar que o nosso País mudou imenso nestes últimos 44 anos.É que LIBERDADE, DEMOCRACIA, FELICIDADE implicam outra dimensãofundamental: DESENVOLVIMENTO para todos e em todo o PORTUGAL. Odesenvolvimento dum estado, sem ter em conta a sua grande importância, não semede só pelo PIB (riqueza produzida na sua totalidade) nem pelo PIN ( produtointerno nacional que resta depois dos lucros que saem do país…), mas pelo graude felicidade em que vive o cidadão e a coletividade, quando atingem um nívelrazoável de satisfação existencial em vários domínios da vida , como na saúde, naeducação, no emprego, na cultura, na habitação, nas acessibilidades, na segurança,etc. É aqui, porém, que ainda falta muito cumprir o 25 de Abril. Para tal, entre ou-tras reformas estruturais no domínio económico e social, é preciso saltar para umsegundo patamar da REVOLUÇÃO DE ABRIL de há 44 anos e que muitos deten-tores do PODER CENTRAL tem tentado inviabilizar: não uma desconcentração defunções, frágil e simulada, mas uma VERDADEIRA REGIONALIZAÇÃO com umaDESCENTRALIZAÇÃO EFETIVA EM MEIOIS, EM PODERES E COMPETÊNCIAS. valemais.pt 29

Opinião LAIVOS POÉTICOS30 valemais.pt Texto :: M.ª Fátima Cabodeira “O maio de 68 foi um acto poético”. A frase é de Teresa Rita Lopes, escritora, pro- fessora catedrática, investigadora especialista na obra de Fernando Pessoa, dita aos microfones da Rádio TSF, no âmbito das celebrações dos 50 anos do movimento estudantil, que, a partir de Paris, (re)disseminou os valores da liberdade, fraternidade e igualdade, fundadores da “Revolução Francesa”. A poesia, que tantas vezes associamos injustamente a um estado de contemplação e placidez, é aqui entendida como o motor para a construção de uma sociedade melhor. Dito de outra forma: tem um papel performativo. Sensibilizou-me ainda, por estes dias, o testemunho do jornalista Henrique Garcia, ao confessar ter sido surpreendido com a notícia do seu afastamento televisivo, alegadamente devido à idade. O Festival da Eurovisão, organizado pela primeira vez em Portugal, no passado mês de maio, contribuiu para o esforço de divulgação do país no mundo. A prece de Salvador Sobral “Amar pelos Dois”, que versava sobre um amor absoluto, bem ao jeito dos livros de Marguerite Duras, deu lugar ao “O Jardim”, de Isaura e Cláudia Pascoal, cujo tema fala sobre a ausência. Recordo-me de José Saramago ter dito numa entrevista que morrer era “Deixar de Estar”. “Agora que não estás, rego eu o teu jardim”. Os laivos poéticos, a melancolia e o sofrimento estão presentes em ambas as canções e interpretações, pelo que há nelas, apesar das inegáveis diferenças, elementos identitários do sentir luso. O tempo presente, contudo, revela-se demolidor para com o silêncio e a respiração das palavras, preferindo enaltecer o ruído de fundo compassado por batidas eletrónicas. Mas, mudando de assunto: os dias põe-se agora a prumo até atingirem o ponto-al- to no solstício de verão, em junho, convidando-nos a sair para a rua. No Alto Minho, felizmente, há inúmeros roteiros interessantes para explorar, tanto nas frentes marítimas, como nas zonas de montanha. //

8 A 10 DE JUNHO 2018 CENTRO CULTURAL valemais.pt 31

Opinião RICARDO FERREIRAA consagração de um mestre da aguarela Ponte de Lima está a viver um apaixonante “terramoto” artístico, que tem vindo a deslumbrar a comunidade limiana — de forma transversal —, tendo como “epicentro” o artista plástico emigrante — o limiano Ricardo Ferreira.Texto :: Adelino SilvaTudo isto porque Ricardo, nascido há 56 anos numa das mais AS CORES E OS TRAÇOS QUE VESTEM PONTE DE LIMA genuínas e populares ruas do centro histórico da antiga “vila realenga”, — a rua de “Dentro da Vila” — passou a divulgar Ricardo transformou-se num prodigioso retratista, criou um estilo nas redes sociais, com uma regularidade surpreendente, as distintivo de comunicar — passou da fase “a preto e branco” para amais esplendidas aguarelas, por si concebidas, que retratam com fase “limianista” — e transporta, até nós, os espaços mais pictóricosuma narrativa estética viva e eloquente, os infindáveis ângulos dos da sua terra-mãe, através de um grafismo que a todos enfeitiça peloidílicos recantos da bucólica e poética vila granítica. seu aristocrático esplendor.Se a saudade das terras do Lima inspirou o “diplomata-escritor” Nos retratos, Ricardo joga magistralmente com as nuances daAntónio Feijó para a composição dos mais deslumbrantes textos tessitura da cor, mistura os pigmentos, doseia os tons, estabeleceliterários, esse sentimento — tão intensamente limiano — serviu os cambiantes e trabalha os brilhos e, no final, veste o pitorescode ímpeto para que Ricardo, a partir de terras da Suíça, onde se casario com pinceladas multicolores, onde ressaltam, umas vezes, osencontra radicado há 30 anos, passasse a retratar e a difundir, a matizes luzentes e as tonalidades doces e harmoniosas e, outras, asum ritmo vertiginoso, a fisionomia da esplendente e paradisíaca cromias garridas e exuberantes.vila que o viu nascer. O talentoso artista, ora utiliza os traços firmes e precisos para ilus-Com efeito, para além da afabilidade, da generosidade e da sim- trar os rendilhados da cantaria, como se fossem delicadas linhas deplicidade que o artista irradia — com uma fulgência ofuscante —, filigrana, ora contorna, em riscos cavados e arredondados, as lajesRicardo transmite-nos um ardente e contagiante “limianismo” e uma graníticas dos lanços intemporais das velhas muralhas.mística e penetrante paixão pela sua vila “mátria”. É caso para se afirmar que estamos a assistir à consagração de umEnquanto mestre da paleta, Ricardo moldou o dom natural da sua eminente artista da paleta, um homem do povo, que veste com en-inteligência artística, refinou a sua sensibilidade estética, apurou as genho e mestria os recortes mais românticos, mais formosos e maistécnicas do desenho e da pintura, e, hoje, presenteia-nos com um pitorescos da paisagem urbana medieval da lendária vila limiana.original e requintado talento criativo. Ricardo ocupa hoje — fatalmente — um lugar cimeiro no mundo dasTalento de um génio, que o mago do pincel diz ter recebido de seu artes plásticas limianas, sobressaindo, com incontestável merecimen-pai — Olímpio Manuel —, um distinto mestre na arte da alfaiataria, to, como o mestre “das cores e dos traços que vestem Ponte de Lima”.que marcou, durante décadas, a sociedade limiana. Tal como Torga fez com a sua terra transmontana, Ricardo — que nasceu com a “alma limiana” gravada na essência da sua genética —, abraçou Ponte de Lima como o seu “reino maravilhoso”, com quem vive uma comovente e enternecedora paixão, festivamente celebrada na fascinante policromia das suas telas. //32 valemais.pt

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Opinião A PONTE é um abraçoNo pretérito mês de Março, comemorou-se mais um aniversário da inauguração da denominada Ponte Internacional que liga Valença a Tui. Texto :: Manuel Pinto Neves O abraço protagonizado pelos representantes dos dois países foi bem o símbolo da ligação entre a comunidade valenciana e a tudense. Des-No sentido próprio, as pontes são construções destinadas a de há 132 anos a esta parte, a Ponte Internacional, verdadeiro monu- ligar as margens de rios e a tornar mais fáceis as relações mento de ferro, maciço, pesado, por onde o silvo das duas locomotivas recíprocas de duas comunidades, facilitando trocas comer- anunciava a união de elementos da mesma raça, é efectivada, através ciais e encontros mútuos que originam famílias constituí- dos caracteres étnicos, das condições mesológicas, dos costumes e da das pelas populações de ambos os lados. língua, na harmonia espiritual dos representantes luso-galaicos. Esta ligação concreta entre Valença e Tui leva-me a invocar as pa- E, para uma reflexão final deixo um breve excerto de um poema lavras de um dos maiores poetas portugueses do século XX, Miguel de Octávio Paz: “Entre instante e instante, /entre eu sou e tu és,/ a Torga: “De um lado terra, doutro lado terra; / De um lado gente, palavra ponte. (…) / De uma margem à outra / há sempre um corpo doutro lado gente; / Lados e filhos desta mesma serra, / O mesmo que se estende, / um arco-íris. / Eu dormirei sob os seus arcos”. céu os olha e os consente. (…)”. Porém, não ficando adormecidos sob os arcos da ponte, nem sob o Era assim, antigamente, mesmo antes da ponte, a velha fronteira, arco-íris, as duas comunidades souberam sentir que, em pleno sécu- dois países, duas comunidades divididas pelas políticas centrais, que lo XXI, era tempo de se olharem, olhos nos olhos, de estabelecerem não pelas ligações locais e milenares. E retrocedo no tempo até às parcerias e projectos comuns, dando e recebendo entendimento, barcas de passagem, que dantes fizeram de ponte. compreensão, solidariedade e amizade através de um mútuo dar de mãos, tão bem simbolizado por esta ponte. E, depois de muito esforço de ambos os lados, chegou-se ao dia da inauguração da ponte. Dos jornais da época aqui se deixam alguns Ela continua, para além de uma extraordinária expressão de arqui- excertos sobre o acontecimento: tectura e engenharia, a representar aquele abraço dado sobre os carris, naquele já longínquo ano de 1886, e que é renovado, todos os “O comboio inaugural saiu da estação de Valença (…) e seguiu em direc- dias, pelas gentes das duas comunidades. ção à ponte (...). Minutos depois ouviu-se o silvo da locomotiva espanho- la, dirigindo-se para a ponte. Ali diminuiu de velocidade e aproximou-se Continua a ser tempo de ler Rosalía e Pondal, Camões e Eça, e, depois, do comboio português (…) até que as máquinas tocaram uma na outra. partir por entre estas paisagens comuns de dois, rumo ao futuro. (…) os responsáveis (…) de ambos os lados(…) apearam-se e abraçaram no meio da ponte.(…)”. À noite, iluminou-se a ponte, (…), que até uma E, com o pensamento de que a ponte é um abraço, sentirmos que é hora avançada foi percorrida por imenso povo das duas margens”. chegado o tempo! //34 valemais.pt

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Opinião Movimento pelo INTERIOR Num país com a geografia de Portugal o interior só é interior porque, em 40 anos de democracia, o Poder Central não foi capaz de descentralizar. Texto :: José Manuel Carpinteira seja demasiadamente tarde. É obvio que se fosse assim tão simples o problema do interior já estava resolvido. Mas, ainda, não está e nem seHá anos que autarcas, empresários, geógrafos e agentes de sabe muito bem se algum dia virá a estar. desenvolvimento regional reclamam contra este círculo vicioso que condena dois terços do território nacional. Há anos que Recordo-me bem do Programa de Recuperação de Áreas e Setores se anuncia, em matéria de Fundos Comunitários ou políticas Deprimidos (PRASD) que, em 2003, o Governo de Durão Barroso imple- fiscais, a “discriminação positiva” para os territórios de baixa densidade. mentou e que prometia romper com este círculo vicioso e, no entanto, Mas depois das promessas o que aconteceu foi a redução dos serviços as assimetrias regionais continuam. públicos básicos, o afastamento do Estado e o despovoamento. Contudo, agora, é tempo de renovar a esperança com os contributos do Após os trágicos incêndios de junho e outubro do ano passado, que ‘Movimento pelo Interior’ e com o Programa Nacional de Coesão Terri- devastaram uma parte significativa do território nacional e que deixaram torial deste Governo. Aliás, o recente despacho do Governo que obriga todo o país traumatizado, surgiu o ‘Movimento pelo Interior’ composto as Universidades e Politécnicos de Lisboa e do Porto a cortarem 1100 por académicos, empresários, gestores, ex-governantes e autarcas. Tendo vagas nos cursos do próximo ano letivo para aumentar o número de apresentado, no passado dia 18 de maio, mais de duas dezenas de pro- alunos do ensino superior no interior é um excelente ponto de partida. postas nas áreas da fiscalidade, da educação e da ocupação do território, com o objetivo de revitalizar o interior do país. O ‘Movimento’ constatou Mas é preciso fazer muito mais para ajudar a que entre 1960 e 2016 a população residente reter e fixar as pessoas nos territórios de baixa no litoral aumentou 52%, enquanto no interior densidade. É preciso assegurar oportunidade de diminuiu cerca de 38%. emprego qualificado, mas também valorizar os recursos endógenos e a capacidade de valorizar Assim e no sentido de inverter esta tendência o o património natural e cultural do interior. ‘Movimento’ propõe para os territórios de baixa densidade a redução da carga fiscal sobre as O Governo tem procurado criar as condições pessoas e as empresas; mais subsídios, abonos necessárias para a atração de investimento e antecipação nas reformas; deslocação de privado e em fazer chegar serviços públicos de serviços públicos; mais estudantes no ensino qualidade de forma mais flexível aos territó- superior e também mais escolas e pós-gra- rios de baixa densidade. Por isso, acredito que duações; criação de unidades de investigação e na reprogramação do programa comunitário ainda o reforço da cooperação transfronteiriça. ‘Portugal 2020’ e no Orçamento do Estado Enfim, pedem o Estado de volta ao interior. Mas para 2019 haverá já propostas concretas para o dizem que a sua responsabilidade com cerca interior do país. Mas o essencial é que as novas de dois terços do território nacional terminou e políticas para o Portugal esquecido sejam coe- agora passam a bola para o poder político. rentes e consistentes. Apesar de alguma polémica e de um certo Esperemos que o nosso Alto Minho e o IPVC, radicalismo de algumas medidas, acho esta a comemorar o seu 32.º aniversário, também iniciativa do ‘Movimento pelo Interior’ muito im- beneficiem destes ‘Movimentos’ e que tenham portante e muito interessante. Porque alguma acesso à “descriminação positiva”. // coisa de extraordinário tem de ser feita para inverter o despovoamento do interior, antes que 36 valemais.pt

Opinião É premente a necessidade de haver uma maior atitude empreendedora entre as entidades com responsabilidades políticas para que os territórios se tornem mais competitivos. Esta atitude pró-ativa e empreendedora deve manifestar-se através do estabelecimento de parcerias entre os setores público e privado. Estas interações afetam crescentemente o caráter e bom desempenho dos espaços locais através da conciliação de agendas e atividades dos vários atores intervenientes na gestão do centro urbano. Texto :: Luís Ceia Considerando: que estes grupos de interesse constituem as partes in- teressadas no sistema urbano. – stakeholders urbanos: a inexistênciaOresultado final de uma parceria de sucesso é sempre de dialogo permanente e sistematizado entre os vários atores urba- mais do que a soma das partes. As parcerias são alta- nos; a necessidade de coordenar as politicas de urbanismo comercial; mente eficientes, de larga aplicabilidade, de baixos riscos ser determinante o acompanhamento e monitorização dos principais e plurianuais. Normalmente arrancam como uma cola- indicadores da vitalidade do comércio local de proximidade e que osboração informal em um determinado projeto, acabando depois por investimentos e ações de promoção do comércio local de proximida-evoluir até satisfazer outros objetivos comuns aos parceiros envolvi- de serão mais se concertados e eficazes se executados em parceria.dos. É de importância fundamental para o sucesso das parcerias, ofacto de se acordar em partilhar responsabilidades. A aplicação das Urge reforçar o diálogo institucional entre as entidades intervenien-parcerias à gestão do centro de cidade é prática corrente em muitos tes no centro urbano/território através da criação de um grupo deprojetos de gestão urbana e envolve, normalmente, cinco caracterís- trabalho que reúna os diferentes stakeholders nas atividades urba-ticas principais: continuidade, confiança, comunicação, responsabili- nas e que desenvolva estratégias locais concertadas para o desen-dade e capacidade (Balsas, 2002). volvimento do comércio local de proximidade. O grupo de trabalho deve reunir de forma periódica e deverá ter funções consultivas e deA cidade surge como um espaço de intercâmbio onde convivem ci- acompanhamento das ações em curso que visem a dinamização dodadãos (potenciais e eventuais residentes, atuais residentes, comuni- comércio local de proximidade, permitindo uma boa coordenaçãodades vizinhas e trabalhadores residentes em localidades próximas de todos os agentes envolvidos. Deverão ser partes integrantes doque se deslocam diariamente para a cidade); instituições públicas grupo de trabalho representantes dos stakeholders locais. Estes gru-(âmbito internacional, nacional; regional; municipal e local, para pos devem no mínimo ser de âmbito municipal, podendo ser criadosalém de outras de carácter sectorial); investidores (empresas locais; grupos no âmbito intermunicipal (NUT III). //associações de empresários) e turistas (turismo urbano, visitantes denegócios, visitantes de shoppings, turismo cultural, turismo de sol e valemais.pt 37praia, turismo de conferências e turismo de negócios e lazer).

Reportagem #Viana do CasteloFotorreportagemSWR BARROSELAS METALFEST é um dos festivais mais antigos demúsica extrema em toda a Península Ibérica, ativo desde 1998. Localiza-do desde a primeira edição, em 1998, na pacata vila de Barroselas, Vianado Castelo, o festival conta com dois palcos interiores mais um exterior,este último de acesso livre.Já com duas décadas de existência, o festival é uma paragem obrigató-ria para todos os fãs de heavy metal e os “derivados” mais extremos.Este ano, nem a chuva que se fez sentir arrefeceu os ânimos dos festi-valeiros. O grande destaque desta 21.º edição foi para “Suffocation”,um dos maiores nomes do death metal atual. E pode-se dizer que elescumpriram com as expectativas. A banda norte-americana levou aodelírio o público presente.Ao longo dos três dias passram, ainda, pelos três palcos, Carpathian Fo-rest, Exhorder, Master’s Hammer, Church of Misery, Nifelheim, Cock andBall Torture, Mortiis, Agathocles, Suma Mortuary Drape e Obliteration,entre muitos outros. O nosso colaborador Vítor Ferreira, deixa-nos umregisto do que esta 21.º edição do festival. //Fotografia :: Vítor Ferreira38 valemais.pt

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Reportagem #Vila Nova de CerveiraForte e Estação Arqueológica de Lovelhe Iminente classificação como Sítio de Interesse PúblicoTexto :: José C. Sousa Estivemos com a vereadora da cultura de Vila Nova de Cerveira, Aurora Viães, que nos falou, um pouco mais, sobre a relevânciaOProjeto de Decisão que ditará a tão pretendida deste projeto para o concelho. classificação como Sítio de Interesse Público (SIP) do Forte e Estação Arqueológica de Lovelhe, no concelho de Vila Como se iniciou o processo para obtenção desta Classificação? Nova de Cerveira, já foi publicado em Diário da República. A preservação e valorização do património tem sido uma constan-Encontra-se, assim, sob consulta pública, até 18 de junho, o processo te para todos os executivos de Vila Nova de Cerveira. O presenteadministrativo, encetado em 1977, que agora poderá estar perto da processo de classificação remonta a 1977, tendo-se arrastado devidosua conclusão. à alteração do pedido inicial de classificação, que incluía apenas o Forte. Posteriormente, com a aquisição de lotes de terreno que eramSegundo o dossier de fundamentação, o Forte e a Estação Arqueológica importantes para a preservação da estação arqueológica e com ade Lovelhe “testemunham uma memória, identidade cultural cujo signi- definição de critérios de intervenção naquele local, conjuntamenteficado se contextualiza no âmbito nacional e não só. De fato, no mesmo com o Ministério da Agricultura, a Câmara Municipal de Vila Novalocal em termos de ocupação do território estão presentes elementos de Cerveira avançou com a reformulação do pedido de classificaçãoconstruídos de diferentes cronologias que por si têm valor excecional no integrando as ruínas arqueológicas.contexto histórico-social, arqueológico, arquitectónico, técnico-científico,bem como em termos paisagísticos e paisagem humanizada”. Qual a importância do Forte e da estação arqueológica de Lovelhe para o município?É, ainda, assegurado que “estamos, assim, perante valores culturais queimportam proteger, conservar e salvaguardar dado a sua singularidade Este é um local que, do ponto de vista histórico e patrimonial,e autenticidade no âmbito do património cultural português e ibérico”. contribuiu não só para a fixação de população, mas também para a criação de uma identidade local que se afirmou fundamental naÀ semelhança do Fortim da Atalaia – classificado como Imóvel de defesa local e nacional. Pela longa diacronia da ocupação do sítio,Interesse Público (IIP) em 2017, após 38 anos, espera-se, também, pela quantidade e qualidade do espólio e ruínas exumadas, e pelosque o procedimento administrativo de classificação do Forte e Esta- episódios históricos associados ao local, trata-se de um dos maisção Arqueológica de Lovelhe tenha uma decisão favorável, condi- importantes sítios patrimoniais do concelho, merecendo destaque,zente com a importância daquele espaço. inclusivamente, a nível nacional.42 valemais.pt

E que importância tem a atribuição desta classificação? Só para exemplificar, o parapeito do Forte de Lovelhe foi reparado pelos menos quatro vezes, tantas quantas foram as guerras registadas nestaAlém do reconhecimento oficial, a classificação deste conjunto fronteira, entre o século XVII e XIX; nomeadamente a Guerra da Restau-histórico-patrimonial abre portas a possíveis financiamentos para ração, a Guerra da Sucessão de Espanha, a Guerra do Pacto de Família,executar intervenções não só de conservação, que são prementes e e a Guerra Peninsular.urgentes, mas também de valorização em várias vertentes. HISTÓRIA DO FORTEQual o estado atual do conjunto do Forte e da estação ar- E DA ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICAqueológica de Lovelhe? O Forte de Lovelhe e a Estação Arqueológica de Lovelhe locali-Nos últimos anos, esta autarquia tem realizado um grande esforço zam-se no lugar da Breia, na União de Freguesias de Vila Nova dena manutenção e valorização dos espaços, mediante uma contí- Cerveira e Lovelhe. É formado por um amplo conjunto patrimonialnua conservação e a melhoria da iluminação noturna. Ao nível de que inclui a Fortaleza, mas também um vasto conjunto de ruínasdivulgação, tem-se procurado difundir o conhecimento existente arqueológicas, a Estação Arqueológica.resultado das diferentes intervenções e estudos que se efetuaramno local, ou mesmo do espólio aí recolhido e analisado por diferen- Ocupam todo o cabeço localizado na margem sul do Rio Minho e ostes entidades universitárias e investigadores, destacando o papel terrenos que se estendem até às margens do rio, tendo, assim, assumidopreponderante do Prof. Doutor Brochado de Almeida, o principal uma posição estratégica com a envolvente. No local foram efectuadasresponsável pela investigação que até hoje se fez no local. escavações arqueológicas, (no âmbito da abertura da estrada de acesso ao Inatel), sob a orientação de Carlos Brochado de Almeida.O que se pretende fazer no local caso seja concedida aclassificação? Segundo a documentação existente (no processo de classificação da autoria deste investigador), na área que se encontra homologadaÉ já um desejo antigo a criação de um núcleo interpretativo para o para classificação, foram referenciados vestígios provenientes dasForte de Lovelhe e a estação arqueológica; no entanto, esta von- seguintes ocupações: forte setecentista; igreja medieval; villa roma-tade não se pode sobrepor à necessidade de preservação. É neste na; habitat da idade do ferro.contexto que se pretende revitalizar um dos espaços já existentesna envolvente para a concretização do núcleo. Este espaço terá, prin- A villa romana foi construída sobre o povoado pertencente àcipalmente, um cariz expositivo, que permitirá ao público ter um con- Cultura Castreja, o qual seria um castro, tipo agrícola, construído notacto próximo com o espólio recolhido. Paralelamente, pretende-se decurso do século I a.C.criar um conjunto de materiais e estruturas de apoio que permitam aleitura e interpretação dos vestígios encontrados. Na escolha do local terá pesado, mais do que a fertilidade dos terrenos circunvizinhos, a óptima posição a partir da qual poderia dominar e con-Há algum episódio marcante na história deste Forte? trolar a navegação e o comércio pelo rio através dele. O pequeno castro, instalado em patamares, ocupou a totalidade do monte, formandoSim. O papel que desempenhou durante a segunda invasão francesa, pequenos núcleos habitacionais, sendo delimitado, pelo menos, por umem 1809, quando Soult tentou passar o rio Minho com as suas tropas, fosso, identificado aquando da construção da rotunda de acesso à pontemas deparou-se com uma forte resistência da companhia de infantaria internacional, e parcialmente localizado sob o cemitério de Lovelhe.que, em conjunto com as defesas da vila, impediu a entrada do exércitofrancês em território de nacional. valemais.pt 43

O advento da romanização e a estreita ligação do povoado com o rio, Por fim, são ainda visíveis elementos destinados à proteção da guarni-colocou-o numa linha privilegiada para o desenvolvimento das trocas ção. Desde logo, coroa os muros, um parapeito de atiradores totalmentecomerciais. Terá sido, muito provavelmente, desta forma, que se deu em torrão, intercalado por aberturas canhoeiras. Ao longo da muralhaa introdução de materiais exógenos, em que a ânfora apresenta um em terra vislumbra-se, ainda, um caminho coberto que assegurava apapel de destaque. O castro acabaria por, na sua maioria, ser abando- defesa avançada do forte. No interior da praça de armas, um conjuntonado, sendo reforçada a ocupação na vertente voltada ao rio, também de 4 edificações de que hoje apenas existem indícios, providenciavam oela em patamares, mas com uma morfologia de ocupação diversa. aquartelamento, o paiol e, muito provavelmente, uma pequena capela.Reformulada diversas vezes, atingiria o seu apogeu no século IV d.C. Por A fortificação foi construída e preparada para resistir às tentativas devolta do século VI, sobre os escombros da vila romana foi construída uma união ibérica, preconizada pela dinastia filipina, mas acabaria por prestaroutra, de grandes dimensões, e que perdurou até às invasões árabes. outros relevantes serviços ao país nas guerras que se seguiram – Guerra de Sucessão de Espanha; Guerra do Pacto de Família; Guerra Peninsular.O Forte de Lovelhe ocupa a parte superior do monte e a sua cons-trução contextualizou-se no âmbito das guerras da restauração. Se no decurso das Guerras de Restauração a sua presença foi deter-Conjuntamente com a Fortaleza da vila e com a Atalaia, formavam minante na dissuasão invasora por parte das hostes filipinas, nestao triângulo defensivo desta parte do Minho e tinham como objetivo última, a sua ação foi tanto mais relevante porque impediu as tropasdissuadir e impedir qualquer tentativa de travessia do rio Minho. francesas, sob o comando de Soult, de efetuar a pretendida travessia do Rio Minho, no dia 13 de fevereiro de 1809.Foi construído na sua totalidade seguindo os princípios da técnica aba-luartada, Vauban, que apresenta uma forma pentagonal marcada por 5 Entre 1797 e 1801, o Forte teria sido reconstruído pelo capitão de en-baluartes e respetivas guaridas. Um dos baluartes localiza-se numa das genharia José Joaquim de Naussane de Sousa Lira. Estas obras terãozonas mais sensíveis da fortaleza, o qual defende o caminho de acesso colocado a fortificação em estado de defender a Fronteira do Minho,à porta de entrada. Os restantes 4, de formato irregular, podem-se em 1809. Mas terminaria aqui o seu uso militar em contexto de guerra,agrupar em dois grupos; vertente este e vertente oeste. Estes últimos, até porque o exército francês, após a sua entrada por Chaves, retorna-de menores dimensões, visam permitir o remate da cortina e favorecer ria a estas paragens e, entre outras ações, incendiaria o forte.o tiro flanqueado. Os primeiros, situam-se nos lados voltados para orio, favorecendo um ângulo de tiro mais aberto e, por consequente, um A partir de 1820 terá servido para aquartelamento de veteranos, emaior controlo sobre o rio. Os paramentos a Norte e Este apresentam em 1857, por altura do surto de febre-amarela, terá servido de arqui-uma forma semicircular, o que é incomum nas fortificações abaluarta- vo histórico militar.das, devendo-se à morfologia do terreno onde está implantado. Em 1868 foi definitivamente abandonado em termos militares,Faz parte deste sistema fortificado o fosso, definido pela escarpa, devido ao desmantelamento da Praça de Cerveira. Manteve-se, noque sustenta os paramentos pétreos e a contraescarpa, definida a entanto, na posse da administração militar e os terrenos mais baixos,partir de uma segunda linha de muralha, desta vez, totalmente em a Norte, foram integrados na quinta do Forte, que atualmente é,torrão. Esta, do lado exterior, cria uma esplanada mais ou menos também, propriedade estatal. //alongada, regularizando a topografia original do monte e eliminandopontos de refúgio. A eficácia da fortificação era garantida por trêsrampas de acesso aos terraplenos, as quais partem de uma praça dearmas central, rebaixada, o que resguardava do fogo direto.44 valemais.pt

Reportagem #Monção Monção a postos para a ‘nova’ FEIRA DO ALVARINHO Texto :: Manuel S. Já quanto a visitantes da Feira do Alvarinho, a expetativa é que seja em número superior aosEstá já praticamente tudo delineado para a ediçãode 2018 da Feira do Alvarinho de Monção, a das últimas edições que, segundo o divulgado,decorrer, entre 29 de junho e 1 de julho, no terá sido na ordem dos 80 mil.Parque das Caldas. Uma mudança de localque corresponde a uma ideia já antiga do EM 21 E 22 DE JULHO:atual chefe do município, o qual defende EVENTO PARAque se trata de um local mais acolhedor e PROFISSIONAISconfortável, até porque o evento decorre jáem pleno verão. Entretanto, também no Parque das Caldas, irá decorrer, entre 21 e 22 de julho, o “Mon-A segurança será também uma preocupação. ção & Melgaço - The White Experience”.Nas Caldas, a zona junto ao passadiço estaráfechada e serão contratados seguranças. Será a edição inaugural de uma prova de vinhos brancos portugueses e de outrosO certame apostará somente em produ- oito países europeus, numa iniciativa datos de Monção. A exceção é para o néctar Comissão de Viticultura da Região dos Vi-de vitivinicultura que está na Sub-Região nhos Verdes (CVRVV) e dirigida, sobretudo,de Monção e Melgaço. Conforme nos re- a profissionais, mas também ao público emferiu João Rafael Oliveira, vice-presidente da geral. Para entrar no certame, deverá ser necessá-Câmara, com os pelouros da Ação Social, Cul- rio adquirir um bilhete no valor de 10 euros.tura e Turismo, marcarão presença 29 produtores.Destes, 10 são de Melgaço e os restantes de Monção. Durante o mesmo, deverá ser apresentada uma seleção de vinhos brancos de oito produtores da sub-região de MonçãoNo restante – tasquinhas, restauração, artesanato e associa- e Melgaço, de 20 produtores de outras zonas da Região Demar-ções -, será apenas Monção que estará representada. Neste cada de Vinhos Verdes e oito produtores de Espanha, França,aspeto – adiantou-nos João Rafael Oliveira -, haverá uma Alemanha e Áustria.novidade, uma PRAÇA DA RESTAURAÇÃO, com a presença derestaurantes locais e onde se poderá almoçar ou jantar. “Esta ação foi pensada com o objetivo de dar resposta a um público exigente e que aprecia vinhos brancos de Portugal e doOutra novidade será a colocação de dois palcos para espetá- mundo”, refere, a propósito, em nota divulgada, Manuel Pinheiro,culos musicais, nomeadamente, de folclore, fado e jazz. Nota, presidente da CVRVV.também, para workshops de folclore, denominados “É Hora deDançar”, em que o público poderá dar um pezinho de dança com A iniciativa é da CVRVV e acontece no âmbito da implementação doelementos de grupos folclóricos. Referência, ainda, para o final acordo, alcançado em 2015. Este, recorde-se, visou resolver um dife-de tarde do primeiro dia, uma sexta-feira, com uma emissão em rendo entre os produtores da Sub-Região de Monção e Melgaço, quedireto da Rádio Comercial. detinham o exclusivo da rotulagem DOC [Denominação de Origem] Alvarinho, e os da restante Região dos Vinhos Verdes, que reclamaramSegundo nos referiu o autarca, ainda não estão definidos os valo- o fim deste. Todavia, segundo o anunciado, a produção de vinho DOCres exatos do orçamento para esta iniciativa da Câmara Municipal Vinho Verde Alvarinho, a partir de uvas produzidas fora da sub-região,de Monção. Todavia – sublinhou – não deverão divergir substan- só deverá acontecer com a vindima de 2020/21. //cialmente dos valores de 2017, os quais rondaram os 280 mileuros. valemais.pt 45

Reportagem #Monção Rodrigo Guedes de Carvalho com a VALE MAIS“[NaodNizeorr-tme]ehqáuuemescthoeuireomecuamsaa”lua Texto :: Manuel S. ESCRITOR - JORNALISTARodrigo Guedes de Carvalho nasceu há 54 anos no Porto, é jornalis- Começamos, desde logo, por o provocar com o facto de se dizer, muitas ta há 32 e viu publicado o seu primeiro livro há 26. É, há já alguns vezes, que um bom jornalista dificilmente será bom escritor e vice-versa. anos, uma das figuras mais mediáticas do meio televisivo. Rodrigo refutou a ideia. “Podia falar de dezenas de nomes… mas acho Além disso, tem-se revelado, a par de um sóbrio e exigente jornalista, que Heminghway e García Márquez foram bons jornalistas e bons um escritor e ficcionista criativo e imaginativo, detentor de uma qualida- escritores. Oitenta por cento dos escritores que apreciam, as pessoas de literária acima da média. Ainda recentemente viu isso reconhecido mal sabem que tiveram, de alguma forma, algo a ver com o jornalismo… pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), que lhe atribui o prémio penso que, no meu caso, as pessoas carregam muito na palavra jornalis- de melhor ficção narrativa de 2017. ta porque o meu jornalismo é de exposição pública através da TV. Acho que se pode fazer bem, como se pode fazer mal, as duas coisas. Nenhu- No último mês esteve em Monção, numa iniciativa inserida no âmbito ma influencia a outra, operam em campos não só diferentes, como, por da apresentação dos seus dois últimos livros, e dialogar com os leitores vezes, diametralmente opostos. O jornalismo é essa caixa fechada da e admiradores do seu trabalho. realidade onde tudo tem exatamente de ser o que é. A ficção é o oposto. É aquilo que eu quero que ela seja.” A VALE MAIS aproveitou a ocasião para uma conversa. Foi num final de tarde soalheiro, algures numa varanda debruçada sobre a estância termal e o rio Minho que nos separa e enamora da Galiza.46 valemais.pt

Como escritor, foi já premiado por duas vezes!. Eles tem é de ser leitores de factos; de os cruzar e, eventualmente, analisá-los e ir à procura de outros. Não quero dizer que, às vezes, estão“Um de Jovens Talentos da ONU, aquando do primeiro livro, e, recente- a entrevistar uma pessoa e conseguem exatamente lê-la.”mente, um de peso, o da SPA. Que gostei muito de receber, é um prémiodos meus pares. É um orgulho, um reconhecimento do trabalho que Por outro lado, “acho que um ficcionista, um escritor que não saiba lerfiz, mas tenho pleno consciência de que ele não me aquece, nem me pessoas ou não tenha essa curiosidade… e ler pessoas, atenção, não éarrefece, em muitos outros setores. Não me torno melhor escritor, não eu estar perante uma pessoa e transpô-la exatamente como ela é parame sinto mais responsabilizado nas próximas obras só porque o ganhei. um livro! É ver as suas incongruências, as suas fraquezas, as suas forças.Quer-me parecer que, em termos de reconhecimento do público e da Isso inspira-me para alguma narrativa Agora, sim, sou alguém quecrítica, é um pouco irrelevante. conhece uma pessoa e, imediatamente, a está a ler, a analisá-la. É uma coisa que nasceu comigo.”Agora, no sentido de reconhecimento do trabalho, obviamente que éimportante para o amor próprio. Só isso!” CONHECER O FIM NO PRINCÍPIOComo escritor, tudo se resume a duas palavras: amor e Rodrigo falou-nos também da metodologia que usa para construir osmorte. É assim? seus argumentos. Que lhe aparecem não sabe como, nem de onde vem.“São os dois únicos temas que há para escrever. De tudo que li na vida “Uma das técnicas que tenho e trabalhei muito nestes dois últimose gostei, dos escritores que me marcaram, quando se escava nas impu- romances - e, penso, é assim que será no futuro – é que, ao contráriorezas e o pó do resto da escrita, está-se a escrever sobre esse enorme de muitos outros escritores, começo a escrever sabendo o fim. Sei pormistério, que é o amor, e, ainda maior mistério, o medo da morte. Depois, onde vou e isso ajuda imenso na construção da narrativa. O facto deas histórias variam.” se começar a escrever, sem saber para onde se vai, pode levar-nos a alguns devaneios e a curvas que não interessam para a história, nemO Rodrigo-escritor é um leitor de pessoas e materializa, por para o leitor. Depois é a arte de manter o suspense, o interesse do leitorvia da escrita, os seus medos e ódios… mas leitor de pes- até que o consiga levar onde eu quero.”soas é também uma função jornalística!? Muitas pessoas se interrogam acerca do interregno que entre a publi-“Sim, necessariamente. Mas não é uma condição sine qua non para se cação da primeira e segunda obra, “Daqui a Nada” a A Casa Quieta” (13ser jornalista. Mas é para se ser ficcionista. Conheço muito bons jorna- anos), e entre a quarta e quinta, “Canário” e “O Pianista de Hotel” (10listas que não são grandes leitores de pessoas. anos). O escritor explica. “Foi uma coisa muito pragmática, não tem poesia. O primeiro interregno foi porque coincidiu com o arranque da SIC. Foi uma literal carga de trabalhos para o jovem jornalista, que eu e os meus colegas éramos. Estávamos a trabalhar pela nossa sobrevivência no mercado. O tempo voa e não dei conta.” Já o 2º interregno “coincidiu com uma altura em que fiz parte da Direção da SIC e, portanto, isso aumentou imenso a minha carga de trabalhos. Não tinha o tempo físico ou mental para escrever. Assim que voltei a tê-lo, regressei à escrita. Tenho muito essa necessidade e, agora, espero que os interregnos sejam bastante menores. Não tenho nenhu- ma obrigação, nem perante mim, nem perante a editora, de publicar todos os anos. Nem quero. Mas sinto e sei que não voltarei a ter um interregno de 10 anos.” valemais.pt 47

ESCREVE DE MANHÃ Para escrever o livro fui fazer alguma pesquisa e o jornalismo, na essên- cia, não é muito diferente do que sempre foi. Nasceu para ter audiência.Qual é a altura do dia que se te revela mais produtiva? As pessoas gostam de o pintar de outra forma, mas é um negócio.”“A manhã. Não tenho nada a figura poética do escritor boémio que escreve Mas que tem de ter, também, uma função pedagógica? –à noite com uma garrafa de uísque. Sempre fui uma pessoa muito matinal, atalhamos.desde criança, e isso continua em adulto. Depois, as próprias responsa-bilidades da vida obrigaram-me a levantar cedo e é a altura em que me “Sim. Mas a premier press nasceu com os miúdos nas esquinas a agitar asinto mais desperto. Quando sinto que estou em condições de começar o gazeta onde estavam os pormenores do crime de Jack O Estripador. Nãoromance, estabeleço a mim próprio um autêntico horário de trabalho, como vamos entrar naquela coisa de que o jornalismo sempre foi uma atividadetenho no emprego, na SIC. Um mínimo de cinco horas diárias.” muito nobre e que hoje em dia é uma atividade sanguinária e virada para as audiências. Tem de as ter no sentido de ter que chegar às pessoas.”No jornalismo, há tempos que têm de se cumprir, independentementeda disposição e fluidez. Na ficção, isso não se verifica. ESPALHAR A MEDIOCRIDADE“A ficção não tem nada a ver com jornalismo. O resultado dessas cinco Reconhece, porém que “o que lhes oferecemos pode estar a moldarhoras diárias é sempre desigual. Há dias em que escrevo 10 páginas, de gostos, a moldar sociedades ou gerações com um manto e espalharque me orgulho muito, e outros em que escrevo uma página e não gosto de mediocridade que me assusta e pode ser perigoso no médio e,dela. A questão é que eu estou lá na cadeira, frente ao computador, com sobretudo, no longo prazo. Mas eu até atiro isso para outros campos. Atempo disponível para o livro e, como dizem alguns escritores, para que maior parte das músicas que as rádios mainstream hoje difundem sãoa musa apareça. Escrevo em casa, no espaço que foi quarto do meu filho”. o elogio da mediocridade. Há um certo espalhar de mediocridade que, depois, é potenciado e multiplicado pelas redes sociais onde pessoasLIVRO A FALAR DE FAKE NEWS medíocres espalham coisas medíocres. É assustador.”O jornalismo vive uma fase de profunda transformação, da rapidez “Cabe a cada um de nós, dentro do seu núcleo familiar e de amigos, tentarna notícia, muitas vezes sem tempo para refletir se se trata de meros combater isso. Educar as nossas crianças a não se contentarem com afait-divers, likes e redes sociais em que qualquer escreve o que entende, mediocridade, a procurarem as coisas belas, bonitas, de excelência, e quefake news e manipulações.... e redações desfalcadas. elas se juntem a outros miúdos que também façam a mesma coisa.”“Há pouco estava a dizer-te que não sinto nenhuma necessidade de pu- Que futuro vê, então, para o jornalismo?blicar todos os anos. Provavelmente, agora vou fazer uma pausa maior.Mas quando lancei ‘O Pianista de Hotel’, falei com a minha editora e “Com preocupação. O jornalismo é uma mediação (não tem a ver comdisse que precisava de escrever já um livro. É este o que saiu agora, os falta de objetividade) entre o acontecimento e o recetor. Aí tem uma‘Jogos de Raiva’.” função de alerta, pedagógica, de denúncia que faz parte inerente da raiz da profissão. O problema é que se está a assistir a um jornalismo que“E precisava de o fazer já... porquê? Pela primeira vez, escrevi um livro se está a demitir dessa função. Não pode ser, por exemplo, um órgão decompletamente centrado na atualidade. Tudo isso que enumeraste é comunicação que transmite um vídeo só porque apareceu no youtube.ali referido: fake news, pressa, audiências, redes sociais, likes. Está tudo Sem qualquer tipo de mediação, contextualização.concentrado nisso. Isto dava toda uma noite de conversa.48 valemais.pt

Isso vai fazer com que qualquer dia, para o recetor, não haja qualquer Quase a concluir.diferença entre um trabalho jornalístico e o de um miúdo qualquer [oumanipulador] que põe uma coisa no youtube com o qual pretendia “Fico muito contente pelo feedback que vou tendo do livro. Não sendoalgum efeito. Esse é o meu medo.” em grande quantidade, é muito especifico e apaixonado. As pessoas es- tão a gostar e muito. Falam-me da narrativa e, sobretudo, uma coisa queRodrigo também escreveu para cinema e teatro, tendo familiares nestas áreas. me agrada muito, com carinho das personagens, como se elas realmen- te existissem. Isso é a maior vitória para um ficcionista.”“O meu irmão Tiago sempre quis ser realizador e, depois, chegou àquelafase que todos chegam. Ele queria e tem talento. Mas precisa da história, Não tem medo das palavras?do conteúdo, da escrita. Falou comigo para eu escrever o argumento.Este tem uma técnica muito particular, damos um corpo narrativo para “Não tenho medo, mas um grande respeito por elas. Gosto de usá-las.que o realizador opere em cima dele, que faça a sua própria transforma- As certas no momento certo.” //ção. Portanto, quando me pus a escrever, aí, sim, tratei de estudar para ofazer de forma séria”“Já a única peça de teatro foi um desafio da minha cunhada IsabelAbreu que é atriz e que m’a propôs. Escrevi-a para quatro personagens echamou-se Os Pés no Arame”.Por outro lado, também tentou entrar no campo da música, mas é o seufilho que, afinal, anda por lá.“O meu filho não é baterista, toca bateria, quer continuar e ter algumfuturo na música. Eu fui aluno de música muito antes de pensar emescrever ou ser jornalista. Tenho uma enorme paixão pela música, mastive o azar de ter uma má professora que me afastou desse mundo...”Quais são as suas referências?“Não cabem aqui… gosto um pouco de tudo… sou capaz de ouvir, nomesmo dia, Led Zeppelin e Bach.”Estamos no Alto Minho. O que conhece?“Conheço melhor a zona costeira. Moledo, Caminha e Cerveira muitobem. Aqui no Minho, alugávamos casa na Apúlia, durante o verão, efazíamos umas investidas a estas terras..”NO NORTE ESTOU EM CASAE, nesta região, que mais aprecia?“Sinto-me muito bem. Estou fora do Porto; há 32 anos que vivo emLisboa. Também acabei por construir uma casa no Alentejo. Mas tenhocom o Norte uma relação muito boa e estranha. Cada vez que chego cá,sinto que há qualquer coisa, um cheiro e uma lua, a dizer-me que estouem casa. Vá para onde eu for, o Norte de Portugal estará sempre comi-go. Aliás, neste último livro, a casa de família centrei-a no Porto.”E já conhecia Monção?“Não. Tinha bastante curiosidade… mas é exatamente a mesma sensa-ção que tenho em qualquer parte do Norte.” valemais.pt 49

Reportagem #Monção “eMncahrecue”lorueams Me poansçsãeoiosTexto :: Manuel S. S. Jorge e a Coca, que durou apenas uma dezena de minutos e, como quase sempre, terminou com a vitória do cavaleiro a simbolizar, paraA Festa do Corpo de Deus e da Coca, que decorreu em quem acredita, um ano fértil em vinho. Monção, no passado dias 30 de maio, foi das mais concorridas de sempre. Houve até, com algum exagero, Após chegar junto ao edifício da Câmara, no Largo do Loreto, o chefe quem a comparasse à da Virgem das Dores, em agosto, de Estado fez, a pé, o trajeto até à Igreja Matriz, onde assistiu à Missa.as festas mais participadas do concelho. Nesse sentido, o grande Depois, participou na Procissão que se lhe seguiu, atrás do pálio e aoresponsável terá sido Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da lado do presidente da Câmara, António Barbosa.República, que, participou, à tarde, na Missa e Procissão Solene. Neste espaço de tempo, foram muitos populares que se esforçavam“Eu fiquei de visitar os Municípios atingidos pelos incêndios do passado para as ‘selfies’, abraços e beijinhos. O Presidente, com quem “ninguémdia 15 de outubro. E havia algumas lacunas”, disse à comunicação consegue estar zangado”, como disse o presidente da Câmara, esforça-social. “Havia uma lacuna importante no meu espírito, que me pesava va-se por retribuir aos muitos que enchiam bermas e passeios, esfor-na consciência, que era Monção”, acrescentou. No entanto, o tempo não çando-se para o ver e fotografar o melhor possível. //lhe permitiu visitar a área queimada, nem, tão-pouco no combate entre50 valemais.pt


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