VEDUTEVeduta SP2São Paulo (2017)150 x 250 cm
Por mais de uma década, venho visitando e catalogando grandes cidades como Cingapura, Beijing, Abu Dhabi, Moscou, Roma, Barcelona, Paris, Nova York, Miami... No Brasil, fotografei milhares de paredes – virgens, coloridas ou marcadas pela época de Dom João VI, dos imperadores Dom Pedro ou dos presidentes da República das capitais brasileiras. Mas o acolhimento caloroso dos cidadãos brasileiros me inspirou, para imortalizar seus sorrisos, a fazer uma hiperfotografia de mais de 50 metros de comprimento desse meu “passeio brasileiro”. Assim, realizei nestes últimos quatro anos quase 200 mil cliques no Rio, Brasília, Salvador e São Paulo para criar este inventário do patrimônio brasileiro da humanidade. Depois de centenas de quilômetrosJEAN-FRpercorridos a pé nas ruas dessas cidades banhadas de sol e de calor, digitalizei milhares de edifícios, olhares, plantas e obras de arte. De modernistas como Athos Bulcão em Brasília até Eduardo Kobra em São Paulo. De volta ao meu estúdio em Paris, limpo de cada imagem os fios elétricos, mobília urbana, veículos, plantas... Por fim, vou reunindo as mais belas fachadas de cada edifícioRAUZIEpara compor uma paisagem urbana ou“Veduta”, obtendo assim a imagem ortofotográfica de uma cidade sonhada.
Estas hiperfotos mostram, assim, a memória do patrimônio arquitetônico de uma cidade inteira, ampliada em grandíssimo formato. Este formato é necessário porque a altíssima definição de meus clichês permite ver uma moeda atrás de uma janela. Trata-se, para mim, de deixar um legado para a inteligência das gerações futuras, um testemunho da realidade desses lugares de vida, às vezes ampliando-os. Esta série também permite comparar as particularidades e as semelhanças dessas cidades cheias de vida. Apaixonado pelo mito de Babel, criei também uma “Babel” para cada cidade; uma torre constituída por uma compilação de suas construções mais emblemáticas. É também uma alternativaRANÇOISpoética e bem-humorada às torres desproporcionais que as megacidades constroem em seu crescimento exponencial. Estas duas séries, Veduta e Babel, que realizo após cada viagem, fazem parte de uma coleção maior de obras, como os temas idealizados e classificados em “Deep Learning”, que lidam com o grande desafio que a humanidade enfrenta no século XXI comERa filosofia transumanista americana que questiona o acaso da Criação, a integridade de nossos corpos e de nossa consciência.
fOanBtráasstiilcsoobdeoRreaualzisiemr oÉ com imensa gratidão que escrevo sobre o trabalho do fotógrafo francês Jean-François Rauzier no Brasil. Depois de quatroanos de trabalho e de mais de 200 mil fotos tiradas, chegou a hora de o artista publicar o resultado dessa experiência em solosbrasileiros. O que Rauzier fez com o material captado por suas lentes em Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo agora podeser visto por mais outros milhares de brasileiros nas páginas deste livro.Esse trabalho é um presente para o Brasil e para nós, da Caixa Seguradora, que pudemos patrocinar algo tão especial e único.Mesmo em uma época em que milhões de talentos no mundo dominam as técnicas de manipulação digital, ninguém consegueo toque de realismo fantástico das hiperfotos de Rauzier.Essa arquitetura imaginária, que já teve como pano de fundo cidades como Cingapura, Abu Dhabi, Roma e Paris, chegou aoBrasil e o resultado foi o melhor possível. Tão importante quanto os cenários, no entanto, foi a recepção dos brasileiros. O artistaimortalizou seus sorrisos e criou, em suas próprias palavras, um“inventário da herança brasileira da humanidade”.A Caixa Seguradora tem orgulho de apoiar essa iniciativa, que valoriza a inserção social e cultural da população e o intercâmbioentre Brasil e França. Laurent Jumelle Presidente do Grupo Caixa Seguradora
BABELSPoderSupremo TribunalFederal, Brasília(2015) 170 x 100 cm
“Hiperfoto-Brasil” por Jean-François Rauzier Este artista-fotógrafo digital, cubista, mosaicista, surrealista, escultor, artista do barroco digital... apontou seu olhar caleidoscópico para as quatro capitais brasileiras: Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e, por fim, São Paulo, a capital econômica do país.Suas fotografias, impressas em grandíssimos formatos, intensificam o mundo sobre o qual ele lança seu olhar. Com ocomputador, ele fabrica uma hipercolagem na qual são reunidas inúmeras imagens captadas durante suas viagens,criando uma espécie de casamento entre o macro e o micro, o virtual e o real, assim como o imaginário. Desta manei-ra, ele nos mostra uma versão original e excepcional das cidades, das paisagens e dos temas abordados.A realidade perfeita não é a temática de Jean-François Rauzier. O olho do espectador perderá suas referências na pro-fusão oferecida e nos ângulos abordados. “Enxergar ao mesmo tempo mais largo e mais perto, parar o tempo e poderexaminar todos os detalhes da imagem fixada”, sublinha o artista.O digital permite a Rauzier este pontilhismo magistral onde suas bonecas russas se expandem quase ao infinito.O espectador é convidado a uma caça aos detalhes e, vendo tudo simultaneamente, com todos os elementos damemória do sujeito abordado entregues em uma única imagem, ele deverá se prestar ao jogo paciente e atento da>reconstituição proposta.
... O trabalho de Jean-François Rauzier não é um jogo de azar: suas composições são extremamente trabalhadas, seu surrealismo “controlado”. Ele liberta a criação de qualquer limitação e de qualquer lógica. Ele transforma o mundo ao evitar sujeitos preconcebidos e, como gostava de dizer André Breton, repousa sobre certas formas novas de associação, e sobre a potência do sonho de um mundo sem limites. Personagens, animais, superabundância de objetos, inundações, balões vêm habitar assim seus generosos panoramas e suas arquiteturas ou paisagens repetidas e misturadas. Jean-François Rauzier sabe, com virtuosidade, multiplicar os efeitos da ilusão. Utilizando as possibilidades do digital, suas fotografias “espetáculo” associam as perspectivas dessas composições ao jogo de luz e sombras para obter um novo tipo de realismo. Sua excentricidade brinca com o inesperado e visa suscitar emoção. Seu estilo estruturado joga abundantemente com o fantástico e com a simetria para prestar homenagem ao patrimônio das cidades onde ele lança seu olhar. Ele recria assim suas incríveis arquiteturas imaginárias, buscando o efeito mais inesperado e mais teatral. O artista também maneja o vídeo com brio. Para São Paulo, ele apresenta uma incrível série dando conta do tempo e da energia desta cidade, cujo dinamismo é frequentemente comparado ao de Nova York. A colagem de imagens em movimento se torna assim vertiginosa e mergulha o espectador na quintessência do fervor paulistano. Esta exposição propõe assim uma grande viagem brasileira, onde o espectador poderá reconhecer, através das imagens, alguns ícones das cidades visitadas. Mas o visitante terá também de quebrar a cabeça para identificar alguns detalhes de monumentos menos conhecidos que capturaram a atenção do artista nesta bela jornada brasileira efetuada entre 2015 e 2017. Escolhemos não apresentar a obra de Jean-François Rauzier cidade por cidade, mas, pelo contrário, tentar valorizar diversos temas que ressurgem da profusão das fotos que ele fez nestes três últimos anos: Herança, Vedute, Babel, Religiões, Arte Urbana e Deep Learning. O público descobrirá textos explicativos de cada uma destas seções. Marc Pottier Curador da exposição
VEDUTE Vedute significa “o que se vê”, e, portanto, “como vemos”. As obras jogam com a pesquisa de espaço e com a prática da perspectiva. Este termo aparece na história da arte no século XVIII, em pintores como Canaletto, Bernardo Bellotto e Francesco Guardi. É o gosto pelas lembranças de viagens induzi- das pela prática do “Grand Tour” europeu que lembra aos aristocratas suas >viagens da juventude. Os primeiros vedutistas utilizam métodos próximos Veduta RJ1 Rio de Janeiro (2014) 180 x 300 cm
VEDUTE... Brasília da cartografia e das projeções com finalidade to- pográfica, realizando tomadas panorâmicas. O Praça dos Três Poderes, Brasília estilo evoluiu para cenas total ou parcialmente (2015) 180 x 300 cm imaginárias, conhecidas pelo nome de “capricci” ou “vedute ideate” (vista imaginada), obras que são mais próximas das que Jean-François Rauzier nos propõe hoje.
BABELS Lemos na Bíblia que, pouco após o Dilúvio, quando todos falavam a mesma língua, os homens chegaram a uma planície na terra de Sinar (ao sul da Mesopotâmia). Lá eles se instalaram e começaram a construir uma cidade e uma torre cujo topo alcançava o céu. Deus então embaralha a língua dos homens para que eles não >mais se entendam, e os dispersa por toda a superfície da Terra. A construção é Babel São Paulo 43 São Paulo (2017) 207 x 120 cm ... interrompida. A cidade é então chamada de Babel, que podemos traduzir por “embaralhados”. Em uma das interpretações, Babel é construída coletivamente para ser o local da desobediência dos homens a Deus. Mas aquilo que é frequentemente traduzido em hebraico por “nome” pode também significar“monumento”. Para Jean-François Rauzier, Deus está ausente de suas “babéis”. Rauzier só faz celebrar a embriaguez do Homem que quer sempre ir mais alto. Suas “babéis” completam suas “vedute”, oferecendo ao público uma forma mais condensada de descrever as cidades que ele visitou.
Se quiséssemos reduzir a obra de Jean-François > HERITAGERauzier, poderíamos dizer que se trata de um artistacatólico fascinado pelo Barroco e pelo patrimônio Azulcultural em geral. Mas o artista vai muito além. Elebusca a medula substancial da criação, seja ela Claustro da Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia (2016) 150 x 250 cm... Gabinete Real barroca ou modernista, histórica ou ainda da História em construção. Ele coloca o (Tríptico) Real Gabinete Português de Leitura, público no coração de uma celebração de Rio de Janeiro (2014) 3 painéis, 200 x 135 cm conhecimentos variados de um patrimônio que não para de se construir. >
DEEP LEARNINGO “deep learning” é um conjunto de métodos e técnicas que possibilitaram >avanços rápidos e importantes na análise de dados ligados às áreas visuale sonora, especialmente no reconhecimento facial ou vocal, na visão porcomputador ou no processamento automático da linguagem. Nos anos 2000,esses avanços receberam fortes investimentos, especialmente por parte doSolarBiblioteca Nacional de Brasília (2015) 150 x 250 cm
DEEP LEARNING... Palimpsesto Planalto Palácio do Planalto, Brasília (2015) 120 x 120 cmGAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon). As pesquisas nesta área buscamconstruir melhores representações do real e criar modelos capazes de apreenderessas representações. O deep learning permite coletar e acumular uma grandequantidade de imagens, o que seduziu Jean-François Rauzier. Mas seu trabalhopropõe um contraponto a esta superinformação. Ele introduz em sua obra apoesia e, sobretudo, uma noção que nenhum deep learning soube introduzir atéhoje: o humor. Uma vez mais, o artista supera a técnica ao utilizá-la.
SPIRIT Esta seção é certamente a mais evidente. Pensar o Brasil é também propor uma viagem a um mundo espiritual onde aparecem os tesouros da arte barroca >provenientes de Portugal, mas também as diferentesCatedral ... formas de sincretismo que este país soube construir,Catedral Metropolitana com populações vindas dos quatro cantos do mundo,Nossa Senhora Aparecida, partindo dos ritos indígenas, passando pelos ritosBrasília (2015) 150 x 250 cm dos escravos africanos e chegando à ascensão da presença evangélica.
SPIRITMikvé SantoSalvador, Bahia (2016) Salvador, Bahia (2016)150 x 90 cm 150 x 90 cm
URBAN ART Para Jean-François Rauzier, os grafites que encontramos nas ruas das cidades são um dos modos de expressão da saúde da democracia. Não há grafite nos países onde reina a ditadura. Em São Paulo, ele ficou fascinado pelo contraste entre a chegada de avião em meio a um mar de edifícios cinza e o dinamismo >das diferentes expressões dos artistas de rua. Para ele, é a expressão daHiperAtlântidaCopacabana, Rio de Janeiro(2014) 150 x 250 cm
URBAN ART... Arte rua 1 juventude, da liberdade. Ele não soube identificar bairros homogêneos em São Paulo, mas viveu a cidade São Paulo (2017) 150 x 250 cm como uma selva. Para Rauzier, os grafites, sejam eles selvagens ou encomendados por uma empresa ou pela cidade, recuperam esta cidade desordenada, dando-lhe este aspecto jovem, animal e livre.
URBAN ARTPassagemLiteráriaPassagem literária daConsolação, São Paulo(2017) 180 x 300 cm
BIOGRAFIA As gerações futuras que estãoJean-François Rauzier desenvolvendo novas filosofias de convivência devem herdar diferentesArtista francês ( nasceu em 1952) maneiras de integrar a realidade com imagens e menos textos. A guerra dosCriador não convencional de um mundo onírico pós- poderes vira uma guerra de inteligência-moderno, Jean-François Rauzier se interroga, através que se intensificará com o “Deepde suas hiperfotos, sobre o futuro de nosso patrimônio. Learning”, em que o computador cruzaCom seus mundos quiméricos, ele oferece uma dados mais rapidamente do que todosreflexão sobre nossa percepção do mundo e sobre e especialmente aprende a aprender.os grandes temas que alicerçam nossas sociedades: a As belezas do mundo, como o sitecultura, a ciência, o progresso, a opressão, a ecologia, de Palmira na Síria, são digitalizadasa utopia, a liberdade, a saúde... Reconhecido por e mantidas em uma nuvem desuas arquiteturas imaginárias e por suas numerosas computadores poderosos, protegidosreferências culturais e populares, ele transforma de todas as ameaças naturais e humanas.os vestígios em verdadeiras utopias e questiona Porém, os artistas devem continuar aa cidade do futuro, bem como o nosso lugar no desafiar o público a imaginar analogiasmundo moderno, através de padrões de construção ao transferir a aparência, as emoções,diferentes. Chamado de “reencantador do real” pelo o conhecimento deles de um assuntocrítico de arte e curador de exposição Damien Sausset para outro. Um “Deep Thanks” a todose colocado no mesmo patamar dos artistas “barrocos aqueles que apoiaram este projeto desdenuméricos” pelo curador de exposição Régis Cotentin, 2014; Jean-François Rauzier, a CaixaRauzier já teve sua obra exposta em várias instituições Seguradora, estranhos benevolentes,internacionais (Fundação Annenberg de Los Angeles, empresas, amigos e todos devem sePalácio das BelasArtes de Lille, MoMA de Moscou, orgulhar do sucesso da Hiperfoto-Brasil,Centro Cultural de Botânica de Bruxelas etc.) e está que é deles!presente em coleções de arte contemporânea (LouisVuitton, Instituto Cultural B. Magrez, Cidade de Bertrand DussaugeVersalhes etc.).Jean-François Rauzier é representado por diversas Idealização e Produçãogalerias através do mundo: Nova York, Londres, Paris,Amsterdã, Barcelona, Istambul etc… e seu agente éBertrand Dussauge, da KDB Partners em Bruxelas, Parise Rio de Janeiro.
VEDUTE Veduta RJ2 cHoipmeurn- idade Brasília Veduta SP2 Veduta RJ1 Pelô Veduta SP1 Codex Gabriella Cidade Baixa BSãaobePlaulo 42 BSãaobePlaulo 43 Vermelho JaburuBABELS HERITAGE IBgarbeejals26 Poder TdeemRpeeasistade Catetinho Guanabara CMidaaradveilhosa NiMac Alvorada Vertigo Gabinete Real
HERITAGE DEEP LEARNING Azul Francesco Oscilação Brazil MatarazzoHiperReal Joia Memória Vortex JustiçaSolar CúpulaEscola MPaaltimarpaszezsoto Horizontes PPalalinmalptsoesto SPIRIT CMoalotarirdaozzo Cristo 8Cristo 9 São Bento Silêncio CatedralPdeenSt.áFpratincocisIgcoreIjIaI STeãtooFIrgarnecjaiscdoe Nossa Senhora Da Cruz
SPIRIT Santo Mikvé Obaluayê Batismo Saludo Oxóssi Xangô ABrrtaesírluiaa Arte rua 2 Do Carmo HiperAtlântida JK Arte rua 6 PLiatsesraágrieam Arte rua 1 PBoralíspíltiiacoURBAN ART Arte rua 4 Arte rua 5 Selarón PALIMPSESTOS Redes PSãoolípPtaicuolo Arte rua 3 Arte rua 7
Prefeitura de São Paulo Equipe Hiperfoto-BrasilJOÃO DORIA Curador: MARC POTTIER Idealização e Produção: BERTRAND DUSSAUGESecretaria de Cultura Coordenação de Produção: GABRIELA WEEKS Identidade Visual Original do Projeto: STÉPHANE BOUELLEANDRÉ STURM Design Gráfico: BITTY NASCIMENTO SILVA POTTIER Gerenciamento e Assessoria Jurídica: FRÉDÉRIQUE JUNCQUACentro Cultural São Paulo Gestão de Recursos Incentivados: CLARICE MAGALHÃES Ampliação das Fotografias: FINE ART FACTORYDireção Geral: CADÃO VOLPATO Produção São Paulo: KÁTIA D’AVILLEZ Museografia São Paulo: TATIANA DURINGANProgramação | Coordenação: CADÃO VOLPATO Projeto de Iluminação: SAMUEL BETTS | BELIGHT Assessoria de Imprensa: A4&HOLOFOTE COMUNICAÇÃOCuradora de Artes Visuais: MARIA ADELAIDE PONTES Tradução: JEAN-MARC SCHWARTZENBERG Revisão: DUDA COSTAArquiteta de Exposições: ISABEL XAVIER Para mais informações: [email protected] de Exposições: VANESSA MARCELINOEstagiário: GUILHERME TEIXEIRACoordenação de Projetos: KELLY LEANI SANTIAGO WALTER TADEU HARDT DE SIQUEIRA hiperfoto-brasil.com #hiperfotobrasil #jfrauzier
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