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Moluscontos, uma aventura cannabica

Published by Brasa Editora, 2023-06-04 13:28:41

Description: O livro Moluscontos, uma aventura cannabica, é um objeto de colecionador. Capa dura, lixa de fósforos na lombada, fitilho marcador de páginas, um álbum de figurinhas, pintura trilateral verde metálica e uma história em quadrinhos de 16 páginas no final. Vale cada risada!

As aventuras canábicas do Molusco já são conhecidas dos seus mais de 70 mil seguidores do canal Mundo Molusco, no YouTube. São 10 anos e mais de 60 contos protagonizados por ele e seus amigos. O livro MOLUSCONTOS – UMA AVENTURA CANNABICA é composto por 20 contos clássicos do Mundo Molusco, publicados pela primeira vez no formato de texto e ostentosamente ilustrados por Leandro Assis. Abertura escrita pelo humorista Gregório Duvivier.

https://www.brasaeditora.com.br/produtos/livro-moluscontos/

Keywords: quadrinhos,gregório duvivier,livro canábico,livro de humor,livro do molusco,mundo molusco,quadrinhos brasileiros

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) ______________________________________________________ Oliveira, Ulisses, 1973- Moluscontos : uma aventura cannabica / criado por Ulisses Oliveira e ilustrado por Leandro Assis. -- Porto Alegre : Moluscomix, 2020. ISBN 978-65-81503-00-0 1. Contos brasileiros 2. Humor I. Assis, Leandro. II. Título. 20-32974 CDD-B869.3 ______________________________________________________ Índices para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura brasileira B869.3 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 © 2020 MOLUSCOMIX Texto: Ulisses Oliveira Ilustração: Leandro Assis Edição: Lobo Preparação: Fabio Pinto Revisão: Maiara Alvarez e Tali Grass Design: Renato Faccini Diagramação: Samantha Desimon [email protected] 8

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Os contos que você tem em mãos estão para a cultu- ra canábica brasileira como a Ilíada está para a mitolo- gia grega, ou como Os Lusíadas está para Portugal. Estes relatos já fazem parte do inconsciente coletivo de todo maconheiro deste país. Sua linguagem se confunde com a nossa, e suas experiências também. Fui reler algumas histórias e pensava que tinham acontecido comigo. Acon- teceram com o Molusco. Não tem como não se envolver com suas peripécias a ponto de declarar: Je suis Molusco. Molusco c’est moi, mané! Alguns dirão que é tudo mentira. Que não é possível tanta coisa fantástica ter acontecido a um sujeito comum. É que Molusco não é um homem comum. Molusco não é sequer um homem. Molusco é uma entidade que baixou por aqui, num homem comum, trazendo relatos míticos contados — como a Homero também foi contada a Guerra de Tróia — por algum Deus ou por alguma musa. Um dia, quando a maconha for legalizada, este livro será tombado como documento histórico dessa época ne- fasta em que era preciso enrustir a sardola, fumar pren- sado com amônia e tomar esculacho da polícia. Nossos filhos, acredito, nunca saberão o que é viver à margem, dichavando na encolha, fingindo que é tabaco. Aliás, sa- berão. Graças ao Molusco, nosso Camões, está tudo aí. É mitologia, mas também é história. Qual a função da litera- tura, senão eternizar nossa breve passagem pelo planeta? Aperte os cintos. E o finola também. Aliás, finola, não. Melhor acender o tacape. E boa viagem, manéglégléglé! GREGÓRIO DUVIVIER 10

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Aos amigos que viveram comigo todos os per- rengues contados nestas histórias. Aos seguidores do canal Mundo Molusco, apoiadores fodásticos da ideia da publicação. Ao Leandrovski, que se de- dicou loucamente para dar cara aos personagens. Ao Lobo, por acreditar, coordenar e materializar esta viagem. Aos meus pais e à minha irmã, por me apoia- rem em tudo. À minha companheira e à minha filhota, a Molusquinha, que são o meu norte e sensatez. Também a todos que somaram com boas ideias e positive vibrations. E a você, que colaborou pra realização deste livro. Valeu, mané! MOLUSCO 20

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t ava matando e mutilando confortavelmente no Super Nin- tendo quando o telefone deu um bipe, avisando que chegou mensagem. “Águia para raposa, câmbio? Missão prioridade máxima pra hoje à noite. Alerta vermelho. Roger.” “Raposa para águia. Confirmado! Copy that!” Cara, se tem algo mais importante que o tão conhecido chamado do Batman é o chamado do Sarcello. Toda vez que ele mandou águia para raposa, nos demos bem com as bikes. Era um código megaurgente, da- queles que você tem que parar o que estiver fazendo e simplesmente ir. Prontidão pra putaria, manééé! Sarcello passou lá em casa e partimos pra missão. Mal entrei no ca- lhambeque e ele jogou uma tronca recém-confeccionada nos meus peitos. SARCELLO: Toma, Molusco, pila aí com teu cadarço! MOLUSCO: Ih, mané, os cadarços tão sem pontas, de tanto pilar. SL: As quatro pontas? ML: Como é que é? Tem que pilar com as quatro pontas? SL: Não. Você estragou as quatro pontas dos cadarços? ML: Foi! Deixa eu ver aqui no teu carro se eu acho alguma coisa pra pilar… Caralho, que zona essa zona, hein? Hmmm, resto de McDon- alds, filipeta de puteiro, lata de cerveja… Nem tem nada que sirva. SL: Aí, Molusco, pergunta pro maluco do banco de trás se ele tem um pilão. ML: Belê, qual o nome dele? SL: Sei lá, porra! Conheço não. O cara tava desmaiado aí. Tentei acordar ele mais cedo e nada. Tenta de novo. Que merda. Sarcello encontrou um doido apagado no banco de trás do carro dele. Isso que dá ter um bugre1. Já tinha acontecido outras ve- zes. Sarcello deve ter acostumado. Que se foda, o doido dormiu num lu- gar e vai acordar em outro. Acho que é mendigão. Pelo menos, se veste como um. Se bem que a gente também se vestia no Mending Style! ML: Doido! Ô, doido?! Acorda, manéglégléglé! 1 Que índio que nada, Bugre também é um tipo de carro pequeno, sem porta e sem capô, com rodas traseiras grandes para andar, principalmente, em dunas de areia e gramados. 24

MENDIGO: Hmmm, ahh, me deixa, porra! ML: Que mané me deixa. Tem um pilão aí? MG: Hã? Quem são vocês? O quê? Pra onde tão me levando? Vocês tão me raptando? Já aviso que não tenho dinheiro, não! ML: Caralho, você que chapou aí no carro do Sarcello. MG: Esse carro é do Sarcello? SL: Você me conhece? MG: Se for o Sarcello que vomitou na tevê do Mandíbula, na festa de aniversário da vó dele, aí eu conheço! SL: Como você sabe disso? Quem é você? Olha pra cá… Caralho, é você, Buk? ML: Quem é Buk? MG: Sou eu, cara! ML: É Buk de Bukowski? BUK: Quem é Bukowski? ML: Deixa pra lá! SL: Porra, nem reconheci você assim, sem sobrancelhas. BK: Como assim, sem sobrancelhas? ML: Caralho! Cadê tuas sobrancelhas, mané? BK: HÁ-HÁ-HÁ! Vocês são engraçadões! Porra, cadê as minhas so- brancelhas? SL: Foi o que eu perguntei. BK: Filhos da puta. Zoaram minhas sobrancelhas. ML: Quem zoaram? Tomara que tenha sido só nas sobrancelhas. SL: É! Será que rasparam teu rabo também? BK: Porra, sacanagem, imagina só se eu tivesse um emprego? Ia ser foda chegar sem sobrancelhas. ML: Relaxa, velhão, sorte que cê tá com teus rins aí. Você poderia pilar essa sardinha com a ponta do teu cadarço? BK: Meu cadarço tá sem ponta. SL: As quatro pontas? BK: Tem que pilar quatro pontas? Aí eu percebi: fodeu, a gente não ia conseguir explodir aquela tron- ca tão cedo. 25

dar um passo. A ponte parecia ter vida própria, se sacudia toda, e Den- tola lá no meio. Deus do céu. ML: Sai daí, Dentola! Você vai morrer! Merda, quando gritei, percebi que continuava com voz de pato. Dentola se ligou que eu ainda tava pirado e voltou. Não sei como esse puto tava tão de cara. DL: Porra, Molusco, vamos embora antes que dê merda pra gente. Segura minha mão e fecha os olhos. Velho do céu, a ponte parecia uma serpente de madeira. Fechei os olhos, Dentola correu que nem um queniano e eu fui atrás, encagaçado até a alma. Corri, corri, e, lá no fim da ponte, dei uma topada numa tábua levantada. Caralho, quase arranquei o dedo! Só aí me liguei que tava sem tênis. ML: Dentola, você viu meu tênis? DL: Que tênis? ML: Puta que pariu, quando é que essa voz vai embora, caralho? DL: Que voz? ML: Essa voz de pa… Ih, caralho, voltou ao normal! Porra, achei que ia ficar assim pra sempre! DL: Foi a topada. Chegamos na fuca e Dente não conseguia achar a chave. Era só o que faltava. Devia estar junto com o meu tênis. Dentola meteu a mão no bolso e puxou o grampo da Duenda. Forçou e a porta abriu. Aí olhou pra mim com aquela cara de “tem que acreditar…”. Entrei no carro, ele forçou a ignição e o carro ligou. DL: É um fusca, Molusco. Basta um grampo… ML: … Pra qualquer um roubar essa merda. Vambora! Andamos alguns metros quando me liguei… ML: Dente, impressão minha ou só tá funcionado um farol? DL: Relaxa, Molusco, basta dirigir com um olho só, pra compensar. ML: Filho da puta. 293

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Ser alienígena sem so- Graças ao herói Dento- brancelhas que se ma- la, que travou uma luta terializou no bugre do barulhenta com ela dentro Sarcello, vestindo um da barraca de camping, modelito mending style. Molusco se salvou. Pesando cerca de 180 Ele sempre vai reclamar quilos, foi responsável seus direitos e curtir a por esmagar Dentola após vida, nem que seja pes- uma turbulência de fazer cando uma churrasqueira cagar nas calças, lite- às duas da manhã. ralmente. 295

Tinham tudo para desmora- Segurou na mão do Molusco lizar Molusco e Dentola, e mostrou a saída da “flo- mas subestimaram Munrá. resta” (também conhecida como cerca viva). Entrou raivoso no apê, às Após anos de falsas quatro da manhã, enquanto promessas, se converteu Molusco tentava defender à igreja da putaria e sua vida com uma faca de se batizou na água benta cortar rocambole. mijada da Jacuzzi. 298

Tão carente que leva uma Apresentaram a sardola caixa de som gigante no mais lendária de todas. carro pra dizer isso alto e claro, pra quem quiser e não quiser ouvir. Contribuíram para o Serviu um caldo de cana fracasso do Molusco no bem estranho. vestibular da Universida- de Rural. 299

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Este livro foi impresso às 4:20, em uma enevoada tarde de verão na cidade de osasco, SP, na gráfica interfill. os Textos dos contos foram compostos em Gentium Book Basic, por Victor Gaultney, e Cast Iron, por West Wind Fonts; e os da hq em telegraphem. a cobertura da Capa dura foi Impressa em couché brilho 150g e o miolo em Pólen Bold 90g.

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