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RAÇA Sindi com expectativa alta para 2020 Grande exposição em Recife marca final de um ano produtivo para raça DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL P romovida dentro da 78ª edição da Exposição Nordestina de Animais e Produtos Derivados, no Parque de Exposições do Cordeiro, em Re- cife (PE), a 17ª Exposição Nacional da Raça Sin- di aconteceu de 12 a 19 de outubro de 2019. A mostra reuniu cerca de 150 animais para a pista de julgamento, torneio leiteiro e o 1º Leilão Sin- di FTI, promovido por Marcelo Tavares de Melo e convidados. A raça foi a mais representativa da Exposição Nordestina, e a que gerou maior movimentação de público e os maiores investimentos. 52 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Criadores de todo o país estiveram no Parque do Cordeiro para prestigiar a programação da raça, além de discutir as expectativas para 2020. Entre eles, mar- caram presença, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi) Ronal- do Andrade Bichuette, representantes da Associação Norte-rio-grandense de Criadores (Anorc), do Nú- cleo dos Criadores de Sindi do Rio Grande do Norte e de importantes plantéis da Bahia, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 53
RAÇA O jurado Márcio Diniz foi o responsável por de- finir os melhores animais entre um grupo de 108 ins- critos. Ele elogiou o nível de evolução genética do rebanho. “Eu estive no Recife há algum tempo. O gado está muito melhor atualmente e apresenta mui- tas qualidades. Nós conhecemos a realidade do Nor- deste e as diferenças da criação, principalmente pelas restrições em períodos prolongados de estiagem. Fi- quei muito bem impressionado com a estrutura e as características que destacam a dupla aptidão da raça. É essencial que os criadores entendam e busquem para cada região o tipo que seja mais adequado para cada sistema de produção”, pondera O presidente da ABCZ também comentou sobre a qualidade demonstrada na pista do Recife. “Os ani- mais são muito produtivos e de muita caracterização racial. O sindi é um trunfo para o cruzamento em termos de adaptação. Não apenas em regiões quen- tes e secas, mas, também em condições confortáveis para reprodução em regiões temperadas e subtropi- cais. Nós temos notícia do sucesso do sindi até no Rio Grande do Sul”, conta Arnaldo. Além da qualidade em pista, mais uma boa notícia do evento pernambucano foi a entrada de dez novos criadores na raça. “São nossos novos embaixadores do sindi, e com certeza nossos novos amigos. Nota- mos a adesão de investidores em pecuária, de criado- res que estão começando na atividade e também de selecionadores renomados de outras raças. Eu fico feliz e empolgado de ver como o sindi tem desperta- do interesse no mercado. Além dos talentos naturais da raça, isso também é mérito do trabalho de promo- ção e marketing desenvolvido pela nossa Associação, que continuará trabalhando muito em 2020”, garante o presidente da ABCSindi, Ronaldo. 54 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Remate O 1º Leilão Sindi FTI ofertou 33 lotes da sele- ção FTI e dos convidados Fazenda Bom Jesus, Sin- di Pé da Serra, Sindi Montana, Sindi Cerrado, Sindi FG, Sindi OT, Agropecuária J. França, Fazenda Asa Branca, Sindi P e Sindi Carrapicho. Sob o comando do leiloeiro Guillermo Sanchez, touros, garrotes, do- adoras, novilhas, bezerras, prenhezes e aspirações fo- ram arrematados por criadores de todo país. A média geral do remate ficou em R$ 16 mil, e o faturamento chegou a R$ 568 mil, posicionando o leilão entre os melhores do ano. “Eu me sinto muito grato por re- alizar esse leilão e por conseguir trazer tanta gente para resgatar, com o sindi, a tradição dos leilões e da exposição do Recife. Nós temos pouco mais de cinco anos de trabalho com a raça e os resultados positivos servem de estímulo para continuarmos focados no melhoramento genético da raça”, afirmou Marcelo. Anúncio ABCSindi Jan2020.pdf 1 29/01/20 11:05 JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 55
RAÇA SUPERIORIDADE GENÉTICA Tabapuã da UFLA recebe Certificado de Superioridade Genética depois de apenas cinco anos de trabalhos de melhoramento com a raça GDIVULGAÇÃO E JADIR BISON arantir carne bovina de qualidade para o consu- midor final tem sido o objetivo de inúmeros pro- dutores Brasil afora. Para que o produto ideal seja possível, é necessária genética de qualidade no início da cadeia produtiva. Para tal, pesquisa é essencial. Ao conciliar pesquisa e produção, os resultados alcança- dos superam as expectativas. Um exemplo que comprova isso são as pesquisas do Grupo de Melhoramento Animal e Biotecnologia (GMAB), da Universidade Federal de Lavras (UFLA), coordenados pela profes- sora Sarah Laguna Conceição Meirelles. Recentemente, duas fêmeas participantes dos estudos receberam o Certificado de Superioridade Genética (CSG), concedido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio do Programa de Melhoramento Genético de Zebuíno (PMGZ). 56 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
O CSG é oferecido aos 20% melhores animais de Professora Sarah Laguna (de branco) com os alunos participantes do GMAB Gustavo Ribeiro, suas safras, considerando as características genéticas, Mariana Matioli e Carolina Fernandes e também a sua avaliação visual comprovada por um técnico da ABCZ. Os animais certificados recebem Fêmeas da Ufla que receberam a certificação também a marca do PMGZ. Para receber o CSG, o rebanho deve estar inscrito no módulo completo do PMGZ Corte, o candidato deve possuir peso válido para a DEP de peso a desmama e ser ranqueado atra- vés do iABCZ (avaliação genética do PMGZ). A professora Sarah explica que, ao trabalhar a área do melhoramento genético, é possível unir superiori- dade genética com os efeitos ambientais (dieta, manejo e instalações) para obter uma carne de melhor quali- dade e contribuir com uma melhor genética dos no- vilhos na região do Sul de Minas. “Estamos honrados com a certificação, pois, com apenas cinco anos de um trabalho bem direcionado, selecionando animais supe- riores geneticamente, e conduzindo os acasalamentos, foi possível receber dois certificados de superioridade genética. É necessário que os animais preencham al- guns requisitos impostos pelo programa, por isso, é motivo de muito orgulho para nós a certificação des- sas duas fêmeas, fruto de um trabalho progressivo de melhoramento genético realizado pelo GMAB”, diz a coordenadora do Grupo. Os estudos com a raça Tabapuã na UFLA inicia- ram em 2008, por meio de doações de produtores da região. A partir de 2013, esse rebanho foi inserido no Programa de Melhoramento Genético de Zebuíno (PMGZ), com a finalidade de identificar animais supe- riores geneticamente da raça. Em 2017, esse programa começou a emitir certificado de superioridade genéti- ca, dado aos 20% dos animais superiores geneticamen- te do respectivo ano. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 57
RAÇA indubrasil impulsionado Concessão do Mapa aprova registro PO de fêmeas da raça sem ascendência, e medida servirá para resgatar e preservar genética GUSTAVO MIGUEL E m novembro de 2019, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aprovou a concessão do Registro Ge- nealógico Definitivo como Puros de Origem (PO) para fême- as da raça indubrasil sem genealogia ascendente conhecida. A proposta, pleiteada pela Associação Brasileira dos Criadores de Indubrasil (ABCI), recebeu apoio integral da comissão da raça no Conselho Deliberativo Técnico (CDT), órgão de deliberação superior integrante do Serviço do Registro Genealógico das Raças Zebuínas, o que contribuiu para sua aprovação em primeira instância e o referendo positivo do órgão federal. “Isso significa a disponibilização de uma maior variabilidade genética para o indubrasil. Vamos aumentar consideravelmente o rebanho de fêmeas da raça. Estamos fazendo o levantamento dos rebanhos que são puros, mas que deixaram de registrar. Com este novo livro, todos voltarão à origem PO e, sem dúvida alguma, será muito proveitoso para a raça. Este é um fato históri- co para a ABCI”, comemora o presidente da ABCI, Roberto Góes. 58 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
De acordo com o superintendente técnico da As- sociação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Luiz Antônio Josahkian, na prática aquelas fêmeas anteriormente registradas como PA (Puros por Ava- liação), mais conhecidas no mercado como LA, re- ceberão o status de Puros de Origem. “O pleito da ABCI é justo, considerando o estágio atual da raça, um patrimônio genético brasileiro que merece toda a nossa atenção e apoio”, afirma. Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges, pre- sidente da ABCZ, também foi um dos defensores da concessão. “Ao longo do tempo, muitos pecuaristas tradicionais deixaram de registrar o rebanho e estavam com o plantel desativado. Com a aprovação do Mapa, todo esse material genético será recuperado. A missão da ABCZ é fomentar todas as raças zebuínas, atenden- do as necessidades especiais de cada uma delas. Que- remos que elas cresçam e contribuam cada vez mais para a pecuária nacional, seja com animais produtores de carne e leite, seja como animais que preservem a história do nosso Zebu”, afirma o presidente. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 59
RAÇA BRASIL É O PRIMEIRO PAÍS A LANÇAR O SUMÁRIO GENÔMICO DE FÊMEAS SENEPOL DIVULGAÇÃO O documento foi elaborado pela Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol e ajudará os criadores a A selecionar matrizes de alta qualidade genética raça bovina de corte senepol foi mais uma a incorporar a genômica a seu Sumário de Fêmeas. A iniciativa coloca o Brasil na vanguarda da seleção genética da raça, sendo o primeiro país no mundo a dis- ponibilizar aos pecuaristas essa tecnolo- gia. Em parceria com a Embrapa Gado de Corte, a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol) lançou o Sumário de Fêmeas Senepol 2019/2020. Dados genotípicos de 3.274 animais foram utiliza- dos nas análises, permitindo a publicação de Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) tradicionais e genômicas de 12 características: peso ao nascer, peso à fase mater- na, peso à desmama, peso ao sobreano, ganho de peso pós-desmama, escore de conformação frigorífica à des- mama, escore de conformação frigorífica ao sobreano, perímetro escrotal ao sobreano, área de olho de lombo ao Fêmeas é a divisão das matrizes em duas categorias: sobreano, espessura de gordura subcutânea ao sobreano, “Seniores” (nascidas até 2012) e “Jovens” (nascidas a marmoreio e consumo alimentar residual. partir de 2013). A categoria “Seniores” apresenta as 100 melhores matrizes PO da raça com base no Ín- Para o ex-presidente da ABCB Senepol, Pedro Crosa- dice de Qualificação Genética (IQG). Na categoria ra Gustin, esta é mais uma tecnologia que permitirá aos “Jovens”, optou-se pelas 50 melhores. “Essa novidade criadores elevar a qualidade de seus rebanhos. “É uma visou a ampliar o leque de fêmeas com seus resultados grata surpresa constatar que a maioria dos animais que divulgados, em especial daquelas mais jovens. Agora, entraram nessa edição do Sumário de Fêmeas faz parte cabe ao criador utilizar, de forma efetiva, as informa- de fazendas participantes do Programa de Melhoramento ções do Sumário nas decisões de seleção dentro dos Genético da Raça Senepol [PMGS] e que adota as mais criatórios para que realmente haja o melhoramento modernas ferramentas para selecionar os exemplares de genético do rebanho”, destaca o pesquisador da Em- seus planteis”, assegura Pedro, que em 2020 passou a pre- brapa Gado de Corte e gestor do Programa Geneplus, sidência da entidade para o também selecionador da raça Gilberto Menezes. O Sumário de Fêmeas Senepol Itamar Netto. 2019/2020 pode ser acessado gratuitamente pelo site da associação (www.senepol.org.br). Outra novidade desta segunda edição do Sumário de 60 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
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RAÇA EXPOAPI se reafirma como maior evento da região Edição de 2019 foi um sucesso, e a de 2020 promete ser ainda maior P JÚNIORLOBO romovida de 30 de novembro a 8 de de- soluto: logo no primeiro dia de negociações, o pecua- zembro de 2019, a 69ª Expoapi lotou o rista promotor do evento Leônidas Freitas vendeu 70% Parque de Exposições Dirceu Arcoverde, dos animais disponíveis e, nos dias seguintes, liquidou na BR-343, em Teresina (PI). Foram mais toda a oferta. Além da comercialização, a Fazenda Vitória de 5,5 mil animais participantes, vindos também promoveu durante o evento a 2ª Copa Nelore de criatórios de 16 estados brasileiros, que Vitória, que julga animais produzidos e vendidos pelo consagraram a importância da mostra para o criatório durante o ano com objetivo de privilegiar e pre- setor agropecuário da região. O evento contou com jul- miar quem investe e acredita nesse trabalho de seleção. gamento, concurso leiteiro, vaquejada, cursos, palestras, O Leilão Fazenda JM, promovido no dia 5 pelo pe- leilões e shopping de animais. cuarista e empresário João Mádison Nogueira, também A feira foi organizada pela Associação Piauiense dos foi um sucesso. A oitava edição do remate ofertou 12 Criadores de Zebu (APCZ) e pela Associação dos Cria- fêmeas girolando, arrematadas ao preço médio de R$ dores de Nelore do Norte do Brasil (ACNNB), e contou 11,4 mil, 23 novilhas e matrizes gir leiteiro pela média com a participação das raças nelore, gir leiteiro, giro- de R$10,7 mil e um embrião por R$24 mil. lando e o curraleiro pé-duro, além dos bubalinos, que A 69ª Expoapi ainda contou com o 3º Leilão Joias participaram pela primeira vez da exposição. Na pista, da Raça Nelore, no dia 6, promovido pelos criadores o Grande Campeão da raça nelore foi Lorde FIV STV, Cicinato Leão (Nelore Leão), Naum Ryter (Igarapé do expositor José Gilmar de Carvalho, e a Grande Cam- Agropecuária) e João Mádison (Fazenda JM). Foram co- peã foi Inajá 4 FIV da Valônia. O Melhor Expositor da mercializadas 17 fêmeas e 13 touros nelore, além de em- raça foi Cicinato Leão, e o Melhor Criador foi Gilson de briões e pacotes de doses de sêmen. No total, o pregão Sousa. Já no gir, o Grande Campeão foi Nilton FIV do promovido pelos três tradicionais criatórios nordestinos Basa, do expositor André Maurício Nogueira, e a Gran- registrou faturamento de R$530,8 mil. de Campeã foi Gengis Khan de Brasília, também do ex- Agora, as expectativas são as melhores para a edição positor André, que levou o título de Melhor Expositor de 2020, que já está confirmada e celebrará os 70 anos da raça na Expoapi. O Melhor Criador foi Francisco Fei- de história da feira. “Temos certeza de que, a cada ano tosa de Albuquerque Lima. que passa, estamos crescendo e reafirmando a Expoapi Mas, os holofotes ficaram sob os dois remates e o como a maior exposição da região Nordeste e uma das shopping de animais promovidos dentro da programa- maiores do país. Vamos agora trabalhar para que faça- ção Expoapi. O 3º Shopping Nelore Vitória, que nesta mos um evento para marcar a história do agronegócio edição contou com a participação da Fazenda Maravilha, piauiense”, conta o criador e expositor André, que tam- foi promovido de 3 a 7 de dezembro. O sucesso foi ab- bém é presidente da APCZ. 62 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
CARNE#pecBR PRODUÇÃO . MERCADO . ARROBA Tendências de consumo A CARNE QUE O BRASIL QUER MERCADO ARROBA JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 63
CARNE O que o consumidor quer? Cada vez mais exigente, brasileiro tem perfil de consumo traçado por pesquisa que indica que procedência será cada vez mais essencial ANA MAIO, DIVULGAÇÃO E GISELE ROSSO 64 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Q uem produz qualidade tem Pesquisadora Marcela Vinholis coordenou estudo mercado garantido. Isso por- sobre hábitos de consumo do brasileiro que os consumidores estão cada vez mais cientes dos seus A consumidora Maria Luiza Giudicissi Valente, desejos e exigências, e querem de São Carlos (SP), se preocupa com a qualidade e pagar pelo que é bom. Prova pagaria mais por uma carne com garantia de procedência disso é que, em 2016, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Car- ne (Abiec), o Brasil importou mais de mil toneladas de cortes especiais, apenas dos Estados Unidos e Austrália. Isso significa de 30 a 38 mil bois abatidos por mês. Porém, para conseguir esse mercado, é necessário conhecer o cliente. Projeções da Federação das Indústrias do Esta- do de São Paulo (Fiesp) e MBAgro afirmam que, entre 2016 e 2027, a alta na produção de carne será de 21% no país. Como o mercado é exigente, ins- tituições de pesquisas brasileiras trabalham diaria- mente para que o Brasil ofereça um produto de alta qualidade. Exemplo é a pesquisa recentemente di- vulgada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- pecuária (Embrapa), que traça o perfil do consumi- dor brasileiro. A pesquisa mostra, entre outros dados, que mu- lheres com mais de 50 anos, renda elevada e grau de escolaridade superior são as que mais se preocu- pam com práticas sustentáveis relacionadas à cria- ção de animais na hora de comprar carne. Trata-se de um nicho de mercado que valoriza a qualidade do produto em detrimento do preço e dá alta aten- ção às informações contidas nos rótulos. Grupos de consumidores como esse são capazes de mo- tivar a expansão de práticas pecuárias sustentáveis que demonstrem cuidados com os animais, com o ambiente e com os trabalhadores envolvidos da produção. O estudo, coordenado pela pesquisado- ra Marcela Vinholis com a participação dos pesqui- sadores Waldomiro Barioni Júnior e Renata Tieko Nassu, foi apresentado durante a 64ª Reunião Anu- al da Região Brasileira da Sociedade Internacional de Biometria e 18º Simpósio de Estatística Aplica- da à Experimentação Agronômica (RBras-Seagro), em Cuiabá (MT). Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores aplicaram 634 questionários, que resultaram em 402 respostas válidas. A sistematização e publicação fo- ram realizadas recentemente. “Essa pesquisa pode representar uma oportunidade para a indústria de alimentos comunicar melhor o uso de práticas de produção ambientalmente mais sustentáveis como estratégia de diferenciação do produto no mercado brasileiro”, afirma a pesquisadora Marcela. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 65
CARNE Ela reconhece os consumidores como poten- ciais agentes de mudança. “Um comportamento 66 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020 mais responsável pode contribuir para o desen- volvimento sustentável”, explica a pesquisadora, lembrando que é importante continuar monito- rando o comportamento dos consumidores para verificar se essas características se mantêm ao lon- go do tempo. O estudo revela também que os consumidores buscam nos rótulos informações sobre a origem do produto. “A indústria que produz carne dife- renciada precisa estar atenta para não poluir os ró- tulos com excesso de informações”, destaca. Resultados sugerem ainda que os consumido- res são receptivos a mensagens da indústria sobre os benefícios ambientais na compra de produtos oriundos de práticas de produção ambientalmente mais sustentáveis. “O uso de selos e certificações nos rótulos é uma das possíveis estratégias para si- nalizar atributos diferenciais e estimular um com- portamento de consumo mais responsável”. Já um eventual excesso de informações pode gerar con- fusão e tornar-se um obstáculo para a mudança de comportamento. Tendência internacional A pesquisadora Renata Nassu trabalha direta- mente com a qualidade da carne. Engenheira de alimentos, além do conhecimento, ela desenvolveu uma curiosidade natural pelo assunto. Sempre que viaja, gosta de visitar supermercados e observar os padrões de compra de consumidores. Segundo ela, nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, os consumidores se preocupam com a rastreabilidade e valorizam carne sem antibiótico e sem hormô- nios. Redes de supermercados especializados em produtos diferenciados se multiplicam e ganham cada vez mais adeptos na busca por produtos mais sustentáveis. Renata relembra um fato curioso que notou em suas viagens: a venda em supermerca- dos da carne moída “de um boi só”, o que permite ao consumidor saber de onde veio o produto que está comprando. “No Brasil, o padrão é misturar carnes de vários indivíduos, mas lá eles estão agre- gando valor com essa identificação. É uma questão de transparência”, conta. Em São Carlos (SP), de acordo com a pesquisadora, já é possível encontrar prateleiras inteiras de produtos diferenciados nos supermercados. “É um nicho em crescimento no Brasil”, revela.
Produção integrada que o gado come, se ele se alimenta de transgênico, De acordo com os pesquisadores, o fato de os remédios que ele toma, como é o pasto, se é or- o Brasil ser um importante exportador de carne gânico ou que tipo de pesticidas eles usam”, opina. bovina gera demandas por adoção de práticas de produção mais sustentáveis e que minimizem o A jornalista e blogueira Lylia Diógenes, de Brasí- impacto ambiental associado à produção pecuá- lia (DF), também se encaixa no perfil identificado na ria convencional e extensiva. O estudo cita como pesquisa. Ela tem 62 anos, nível de educação supe- exemplo os sistemas integrados de produção, rior, consome carne regularmente e diz que pagaria aqueles que situam em uma mesma área a pecuária, a mais por um produto ambientalmente sustentável. a lavoura e, em alguns casos, a floresta. “Considero que a saúde está em primeiro lugar e “A adoção dos sistemas de produção integrados acredito que uma carne produzida de forma ambien- tem sido recomendada e estimulada para a recupe- talmente sustentável seja mais saudável”, diz. ração e renovação de pastagens degradadas”, frisa a pesquisadora. Ela conta que esse modelo ajuda Já a analista Paula Telles, pós-graduada em direi- ainda na manutenção e reconstituição de cobertura to processual e moradora de Franca (SP), ainda não florestal, pois prevê o uso de boas práticas agrope- atingiu a faixa de 50 anos – tem 45 –, mas sugere cuárias, adequação da unidade produtiva à legisla- que também pagaria mais pelo produto em questão. ção ambiental e maior diversificação da renda. “Acho que pagaria sim, dependendo do nível da di- A consumidora Maria Luiza Giudicissi Valente, ferença que determinadas condutas podem causar. de São Carlos, representa o grupo diagnosticado Mas teriam que me falar das condições do meio am- na pesquisa. É mulher, empresária, tem curso su- biente que são preservadas. Se eu souber disso, posso perior, 52 anos, e se preocupa com a qualidade dos pagar sim”, afirmou. A pesquisa não levantou a por- alimentos que consome. “Eu pagaria mais por esse centagem que os consumidores estariam dispostos a tipo de carne por respeito à vida dos animais, das desembolsar a mais. pessoas que trabalham nessa cadeia e por respeito à minha família”, argumenta. A empresária imagi- na que essa carne seja proveniente de um sistema que aplique técnicas de conservação da natureza e respeite as pessoas envolvidas na produção, da fazenda ao frigorífico. Segundo ela, a identificação desse produto nas prateleiras depende do rótulo, que informe a pro- cedência por meio da rastreabilidade. “Deveria ter um código na embalagem que permitisse que a gente soubesse, imediatamente, na hora da com- pra, de que fazenda veio, como essa propriedade trabalha, como é a relação com os funcionários, o JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 67
CARNE E o preço? A pesquisadora Marcela explica que as práticas de produção mais sustentáveis costumam ser mais caras porque envolvem uma gama de tecnologias, como os sistemas integrados entre lavoura, pecu- ária e floresta (ILPF), produção orgânica, entre outras. Além disso, segundo ela, a baixa escala de produção também impacta o valor de mercado. Muitas vezes, a produção diferenciada ocorre em pequenas propriedades rurais, que não conseguem diluir o custo no volume de produção, como a produção em massa. “No caso dos cultivos orgâ- nicos, o alto custo dos produtos reflete também os gastos com insumos, como fertilizantes espe- cíficos permitidos para esse tipo de produção”, exemplifica. Ela explica que, em todos os casos, trata-se de um aspecto da qualidade do produto chamada de “crença”. “Ou seja, o consumidor tem que acredi- tar que o produto foi produzido com práticas mais sustentáveis. Ele não consegue avaliar de forma objetiva no momento da compra ou do consumo. É diferente de um indicador mais palpável, como aparência ou sabor, que ele consegue visualizar ou sentir. Para resolver esse problema, a maioria desses produtos diferenciados envolve a certifica- ção do processo de produção, que visa sinalizar e garantir ao consumidor que aquela informação é crível. Isso também infere um custo adicional ao processo”, pondera a pesquisadora. 68 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
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RAÇA O QUE ESPERAR PARA 2020? Depois do valor da arroba bater R$200 no final de 2019, o consumo interno desacelerou e agora está por volta dos R$190, mas, a expectativa é de um ano estável O APTAEDIVULGAÇÃO setor pecuário nacional começou 2020 com perspectivas de que o mercado siga firme. De acordo com pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/ USP, o fundamento vem da baixa oferta de animais para o abate e da possível continuidade da demanda internacional aquecida. Nesse sentido, em 2020, a pecuária nacional vai ter que responder com au- mento de produtividade para conseguir atender à crescente demanda por novos lotes para abate. No geral, o cenário econômico brasileiro é favorável. O Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) no encerramento de dezembro, prevê crescimento de 2,3% da economia brasileira em 2020. Além disso, esti- mativas indicam inflação controlada e taxa de juros baixa, contexto que pode atrair novos investimentos na produção e estimular a demanda. 70 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Do lado da oferta, a disponibilidade de animais está baixa em todas regiões acompa- nhadas pelo Cepea. De modo geral, de aporto com a entidade, esse cenário é resultado do crescente abate de fêmeas em anos recentes. Além disso, os preços considerados baixos por operadores de mercado entre 2017 e início de 2019 também desestimularam parte dos pecuaristas, o que freou o ritmo de investimentos nos últimos anos. Nesse sentido, os preços do bezerro devem continuar firmes ao longo dos próximos dois anos. Quanto à procura, pesquisadores do Cepea indicam que a esperada melhora da eco- nomia tende a elevar a demanda por carne bovina. Ressalta-se, contudo, que o atual alto patamar dessa proteína pode fazer com que parte dos demandantes migre para proteínas mais competitivas, como a suína e a de frango. Já no contexto internacional, os persistentes casos de Peste Suína Africada (PSA) na China podem manter o país asiático comprando volumes elevados de carne bovina brasileira. O alto patamar do dólar, por sua vez, deve continuar estimulando frigoríficos exportadores a realizarem novos contratos externos. Importante lembrar que, em no- vembro de 2019, novas plantas frigoríficas brasileiras foram habilitadas para exportar carne à China e, para 2020, há possibilidade de abertura de novos mercados, como a Indonésia. Assim, agentes do setor acreditam que os embarques brasileiros de carne bo- vina sigam acima de 100 mil toneladas por mês, cenário que tem sido verificado desde julho de 2018, conforme dados da Secex. As perspectivas são de aumento nos custos de produção da pecuária de corte em 2020. O principal motivo é a baixa oferta de animais de reposição e sua consequente valorização – vale lembrar que esse item chega a representar mais da metade dos gastos JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 71
RAÇA dentro da fazenda de recria. Somado a isso, os fun- damentos atuais indicam sustentação nos preços do milho, que estão mais elevados no mercado domés- ticos, devido, entre outros fatores, às exportações re- cordes desse cereal em 2019. Planejamento para o ano dos animais e do pasto. “O grande gargalo da pecu- Em todo o início do ano as pessoas fazem um ária nacional é que ao animal é oferecido uma for- balanço, planejam novos projetos e traçam estraté- ragem que não o permite comer aquilo que precisa gias para atingir suas metas. Na pecuária não é dife- consumir durante o dia. É preciso ter uma boa es- rente. Além de ser um bom período para se planejar, trutura de pasto, ou seja, disponibilizar folha para o início de ano para os pecuaristas também é época o animal para que ele consiga colher muito em um de ganhar dinheiro. No início do ano, no chamado só bocado. Com isso, ele atinge o ganho de peso período das águas, o custo de produção da arroba do adequado. Conseguir um pasto com essa estrutura gado de corte cai e o produtor tem a chance de lucrar depende de técnicas de manejo, da escolha de forra- mais, isso, é claro, se tiver feito um bom planejamen- geiras adequadas para o tipo de solo da propriedade to. O pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia e no tempo correto de inserir e retirar o animal da- dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agri- quele ambiente”, explica. cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Rezende Siqueira, dá algumas dicas para Com o ganho de peso lá em cima, o custo de que o produtor aproveite o período de chuvas para produção da arroba despenca, fazendo desta a épo- deslanchar no ganho de peso dos bovinos de corte. ca mais lucrativa do ano para o produtor rural. “O Segundo ele, este é o momento mais importante custo de produção da arroba é obtido pela divisão para o gado atingir as metas de ganho de peso tra- do valor gasto pelo produtor pelo ganho de peso do çadas pelo pecuarista ao longo do ano. Um pasto animal naquele período. Isso significa que o produ- bem formado, com folhas, e bem manejado é fun- tor pode gastar a mesma coisa agora do que gasta na damental para que os animais alcancem até 80% da época da seca, porém, os ganhos tendem a ser muito meta anual. “É difícil falarmos no ganho de peso maiores, porque o animal vai ganhar mais peso. Isso que pode ser alcançado. Isso depende da estratégia impacta diretamente no custo de produção deste do pecuarista. Porém, é possível que o animal alcan- animal e na lucratividade da fazenda”, explica o pes- ce de 700g a um quilo de peso por dia nessa época quisador da APTA. do ano”, afirma Siqueira. O pesquisador da APTA conta que o segredo De acordo com o pesquisador, se o objetivo do para atingir os resultados é fazer um bom manejo produtor for a recria dos animais, é preciso usar su- plementação para potencializar os ganhos. Se a ideia é terminar os animais, é necessário adequar a suple- mentação para o alcance da meta. “Muitas vezes o produtor acha que não deve usar suplementação nes- te período, porque tem um bom pasto. Isso não é verdade. Vale a pena suplementar, porque ele estará imprimindo ganhos maiores na arroba mais barata, ou seja, terá lucro mais fácil”, afirma. 72 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
LEITE #pecBR NUTRIÇÃO . PRODUÇÃO . ORDENHA Bezerras de reposição PORQUE É IMPORTANTE NÃO DESCUIDAR DELAS ABCGIL NOVO SUMÁRIO JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 73
LEITE A importância da reposição adequada Um dos maiores desafios na atividade leiteira é a criação de fêmeas para reposição, que representa o futuro da produção em qualquer propriedade, e nem sempre recebe o devido cuidado CARLOS LOPES, DIVULGAÇÃO E GUSTAVO MIGUEL 74 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
O futuro de qualquer atividade pecu- Alexandre Mota ária reside na produção de animais Heloise Duarte, médica veterinária e diretora-geral do IILB jovens, de melhor qualidade que as gerações anteriores. São os chama- dos “animais de reposição”, essen- ciais para continuidade e evolução da produção, seja de carne ou leite. A principal finalidade da criação de bezerras e novilhas é produzir animais de alta qualidade para a reposição de vacas a serem descartadas, melhorando assim o mérito genético e, portanto o potencial de produção do rebanho. Especificamente na atividade leiteira, a criação das novilhas de reposição tem um impacto profun- do na lucratividade da fazenda, e nem sempre recebe a devida atenção. De acordo com o Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB), divulgado em 2019, 15% das bezerras com menos de um ano de vida morrem nas fazendas brasileiras por problemas sanitários e de manejo. Isso quer dizer que quinze em cada 100 bezerras nascidas em fazendas de leite no Brasil mor- rem antes de completar doze meses, na maioria dos casos por questões de resolução simples e barata, como manejo e boas práticas sanitárias e profiláticas. O número real pode ser ainda maior, pois os dados são referentes a 900 fazendas que estão entre as mais tecnificadas do país, responsáveis pela produção de 1,37 bilhão de litros de leite por ano, aproximada- mente 4% da produção nacional. “A informação de sobrevivência é um importante recurso para realizar projeções de rebanho e plane- jamentos financeiros. Das 69 mil bezerras nascidas entre abril de 2018 e março de 2019 nessas fazendas, foram registradas aproximadamente 11 mil baixas, desconsiderando-se os descartes voluntários”, con- tabiliza Heloise Duarte, médica veterinária e direto- ra-geral do IILB. Segundo ela, 56% das mortes de bezerras regis- tradas pelo levantamento do IILB devem-se a três fatores: diarreia (21%), tristeza parasitária (20,43%) e pneumonia (14,29%). “Essas são causas que podem ser resolvidas com ações de gestão simples, que não exigem investimentos vultosos. A diarreia decorre da falta de higiene nos currais, a tristeza parasitária é transmitida por carrapato e a pneumonia pode ser reduzida com maior cuidado na acomodação dos ani- mais”, exemplifica. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 75
LEITE Engenheiro agrônomo Alexandre Pedroso Para ela, pode-se notar a diferença entre as fazen- das que gerenciam esses problemas. Pelos dados do IILB, nas fazendas posicionadas entre as “top 10%”, a mortalidade das bezerras é 41% menor. “Nessas, morrem nove a cada 100, e isso é uma grande di- ferença”, diz ela. Outro ponto de comparação feito pela diretora: nos Estados Unidos, uma referência entre as fazendas de leite, a Dairy & Calf Heifer As- sociation (DCHA) indica que a expectativa ideal é de uma mortalidade de 10% de bezerras e novilhas até os 24 meses (dois anos). Para o consultor técnico em bovinos de leite da Cargill Nutrição Animal, Alexandre Pedroso, a pro- dução de boas novilhas é essencial para substituírem as vacas que naturalmente saem do rebanho, pelos mais variados motivos. “Mesmo que a ‘perda’ de va- cas no rebanho por doenças ou outros distúrbios seja pequena, a vida produtiva desses animais é limitada, de forma que é imprescindível ter na fazenda um bom programa de criação de bezerras e novilhas para garantir a reposição adequada dessas vacas”, diz ele. Porém, de acordo com Alexandre, infelizmente muitas fazendas ainda não dão a devida atenção a essa questão. “Ainda há produtores que pensam nas bezerras e novilhas apenas como um item de custo na fazenda, quando, na verdade, deveriam encarar a criação desses animais como um dos investimentos mais importantes para a lucratividade. Via de regra, esse é um dos grandes exemplos de que o barato pode sair muito caro”, explica. Para o especialista, um bom programa de criação de bezerras e novilhas deve ter por objetivo principal a “entrega” de novilhas parindo em bom estado por volta dos 24 meses. “Para tal, há algumas metas a cumprir, que são parâmetros fundamentais para ga- rantir a eficiência do processo, como garantir a in- gestão de quantidade adequada de colostro de boa qualidade nas primeiras 24 horas de vida da bezerra. Outro parâmetro importante, ou meta a ser atingida, é conseguir que aos 90 dias de vida a bezerra apre- sente pelo menos 17% do peso adulto desejado. Isso significa que se o PV adulto é de 600 quilos, as bezer- ras deverão pesar pelo menos 102 quilos aos 90 dias de vida”, afirma Alexandre. 76 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Médico veterinário Mario Viderman Nutrição das bezerras Apesar da importância das bezerras de reposição, elas nem sempre são as mais bem cuidadas da fazen- da. Muitas vezes, as bezerras são as últimas a serem atendidas em suas necessidades nutricionais. E essa pode não ser a melhor estratégia para o futuro do projeto, como orienta o gerente de Bovinos da Aus- ter Nutrição Animal, Mario Viderman. “De maneira geral, as atividades de rotina nas propriedades têm como foco ações que visam a ob- tenção de resultados imediatos. No caso das fazen- das de leite, a prioridade é cuidar bem das vacas em produção. Sem contar as emergências frequentes, devido à baixa atividade preventiva”, destaca Mario Viderman Oliveira, gerente de Bovinos da Auster Nutrição Animal. O especialista recomenda que é muito importan- te ter atenção ao futuro da produção. “Em nossas casas, frequentemente focamos em ações de resulta- dos imediatos. Raramente separamos um tempo pre- parando o futuro. É como se dedicássemos menos tempo na formação de nossas crianças e mais tempo lavando a louça”, exemplifica Mario. Para Alexandre, para a criação de uma boa bezer- ra de reposição é preciso seguir um bom programa de aleitamento e iniciar precocemente o fornecimen- to de ração inicial. “O consumo de alimentos sólidos é restrito nas primeiras semanas de vida, mas, é fun- damental que sejam introduzidos precocemente para que o desenvolvimento do rúmen seja estimulado o quanto antes. O objetivo de um bom programa nu- tricional nessa fase é atingir o consumo de ração ini- cial (concentrado) de 2 kg/dia para promover a des- mama, entre 60 e 90 dias de vida. Obviamente essa ração deve ser de alta qualidade, contendo aditivos específicos que ajudem no desenvolvimento ruminal e na prevenção de doenças. Nos primeiros 90 dias, a ocorrência de doenças não deve passar de 10% e a mortalidade de bezerras deve ficar abaixo de 5%”, projeta o especialista. Após a desmama, Alexandre explica que o foco é atingir o peso adequado para a primeira cobertura, por volta dos 13 a 15 meses de idade. “A meta é ter JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 77
LEITE pelo menos 75% das novilhas prenhes aos 15 meses de idade, com, no mínimo, 55% do PV adulto quan- do tiverem a prenhez confirmada. Trata-se de um objetivo totalmente possível, mas, infelizmente isso ainda é um desafio em muitas fazendas. No entanto, é preciso entender que atingir essa meta é fundamen- tal para garantir a lucratividade da operação leiteira”. De acordo com o especialista, investir correta- mente em nutrição durante a fase pré-púbere pode resultar em redução na idade de primeira cobertu- ra e, consequentemente, de primeiro parto, o que é altamente desejável. “No entanto, esse investimento precisa gerar retorno financeiro positivo em um pra- zo mais curto e, para tal, é fundamental adotar tec- nologias corretas, usar alimentos de alta qualidade, formular adequadamente as dietas e fazer um bom acompanhamento do ritmo de crescimento das be- zerras e novilhas em cada etapa”, acrescenta. Sendo assim, é preciso enxergar toda a cadeia produtiva do leite como um todo, sem deixar para segundo plano os animais que são o futuro da ativi- dade. “É muito importante que produtores de leite e técnicos envolvidos no manejo dos rebanhos leiteiros entendam que a criação de novilhas é um investimen- to que pode ter retorno em prazo mais longo ou mais curto, de acordo com a qualidade do trabalho feito com esses animais e com o nível de investimento em manejo, qualidade dos alimentos e uso adequado de tecnologias. Esse investimento determina a vida útil desses animais no rebanho e o quanto eles darão de retorno financeiro ao produtor”, finaliza Alexandre. 78 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
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LEITE ABCGil recebe material para genotipagem Resultados serão divulgados em duas etapas, na ExpoZebu e na ExpoGenética A GUSTAVOMIGUEL menta fundamental para decisões técnicas e té o dia 20 de fevereiro de 2020, comerciais internas a cada plantel”, afirma a Associação Brasileira dos Jean Carlos de Oliveira, auxiliar administra- Criadores de Gir Leiteiro (AB- tivo da ABCGil. CGil) está recebendo amostras genéticas para serem genotipa- Já o ranking com os animais Top 10% da raça serão divulgados apenas no lançamen- das, e posteriormente divul- gadas no 3º Sumário Brasilei- to do Sumário. Na oportunidade, a ABCGil ro de Fêmeas e 3ª Avaliação também promoverá um seminário sobre a Genômica de Fêmeas Jovens importância do genoma e sobre como utili- e Adultas da Raça Gir Leiteiro, a ser lançado em zar melhor as informações. agosto, na ExpoGenética, em Uberaba (MG). Os envelopes para coleta do pelo deve- Este ano haverá uma divulgação prévia dos re- rão ser solicitados à associação pelo telefo- sultados, durante a ExpoZebu, em abril, somente ne (34) 3331-8400 ou através dos e-mails para os proprietários dos animais participantes. [email protected] ou girleiteiro@gir- “Serão divulgadas, para os respectivos cria- leiteiro.org.br e posteriormente enviados dores, as informações referentes à GPTAs de de volta. O investimento da genotipagem seus animais com suas respectivas confiabili- por animal é de R$140 para associados ou dades. A informação para cada criador é ferra- R$200 para não associados. 82 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
GENTE#pecBR PECUARISTAS . ESPECIALISTAS . CRIADORES Empreendedorismo feminino SAMAI IDALLÓ INVESTE EM GENÉTICA DE PONTA PERFIL HELENA LEONEL CURI JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 83
CRIADORES Paixão que virou negócio 84 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Nome por trás do criatório Nelore Idalló e da estreante marca H7 (Haras Seven Horse), Samai Idalló investe em Uberaba (MG) e entra para o time das grandes empreendedoras apaixonadas que movem o agronegócio brasileiro A GUSTAVOMIGUEL empresária, nelorista, criadora de cavalos, e agora até apresenta- dora de TV, Samai Idalló é a perfeita representação da força da mulher que sabe o que quer. Com apenas 32 anos, está traçando uma carreira de vitórias e conquistas que colocam seu nome entre as grandes representantes femininas do agronegócio. Não é para menos. Samai é apaixonada pela vida no campo e pela agropecu- ária, e tem a força realizadora de quem trabalha com o que ama. É ela o nome por trás do criatório Nelore Idalló e do Haras Seven Horse, que em 2019 estreou brilhantemente na seleção do cavalo quarto de milha. Logo de início, a empresária investiu pesado no sonho de criar equinos e adquiriu exemplares de genética que são referência mundial. Entre os destaques está a égua Dee Whiz Girl (Whiz In Chex TPC x Starstruck Girl), premiada em primeiro lugar no Campeonato Mineiro de Rédeas, logo na estreia da marca H7 nas competições. Dee Whiz Girl está sob os cuidados do conhecido treinador de rédeas Gilson Diniz Filho, que também está treinando outra égua do Haras Seven Horse, a First Night. Ela é filha do premiado One Time JR com Hope Question, e irmã do Cam- peão Potro do Futuro 2018, Fiat Best Chex. Elas são apenas alguns dos exemplos do investimento que Samai fez em seu sonho. “A minha paixão por cavalos veio da infância e, inclusive, antecede o meu amor pelo gado. Desde criança eu queria ter um cavalo quarto de milha, e hoje, graças a muito trabalho, tenho o Haras Seven Horse, que abriga não apenas um, mas, vários JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 85
CRIADORES dir esforços e investimentos. No nosso se- tor, adquirindo os animais certos, com ma- nejo adequado e paixão pelo que se faz, não tem como errar”, sentencia Samai. Led Skeets Peppy, um dos primeiros animais adquiridos pelo Haras Seven Horse Nelore Apesar dos projetos com os equinos, o amor exemplares da raça, todos com muita qualidade genéti- da criadora pelo nelore não diminuiu. Nem os ca”, conta Samai. investimentos, que mostram resultados a cada dia. Em 2019, na Exposição Agropecuária de Além de Dee Whiz Girl e First Night, o Haras Se- Uberlândia (MG), uma cria do Nelore Idalló ven Horse também possui uma filha do mundialmente foi destaque absoluto na pista: Fauzi FIV Idal- conhecido garanhão quarto de milha tríplice coroa nos ló (Landau da Di Genio x Hodiria FIV FNT) Estados Unidos Spooks Gotta Whiz, a Spooks Prime foi consagrado Campeão Bezerro, com onze Mil, e uma filha do maior reprodutor em atividade no meses na época. Em 2020, o criatório completa momento segundo o Ranking da Associação Nacio- três anos de seleção, e o trabalho continua a todo nal do Cavalo de Rédeas (ANCR) Gunner Boy, Oprah vapor. Para pista que abre o ano dos neloristas, a Gunner. São duas fêmeas de grande peso genético que Expoinel Mineira, Samai vai levar uma novidade também já estão sendo preparadas para competir. do criatório: Zafira (Elkro x Hodiria) uma novi- lha de 18 meses que “promete” grandes feitos, “É o que há de melhor em genética da raça no mun- leva também o Munir (Alarme x Elegance 2) e do. Já começamos bem. O importante não é você ter Palácio (Alarme x RBB Noandha). muitos animais, mas sim ter qualidade, que é o que bus- camos incansavelmente”, garante Samai. Para 2020, ela “Temos o prazer de constatar que estamos prevê muitas competições e premiações. A expectativa sempre entre os melhores nas pistas que partici- já é grande para participar da competição Derby ANCR pamos. Esse sucesso é resultado de uma equipe 2020, promovida em Avaré (SP), em março. focada e determinada, trabalhando de maneira muito sincronizada em prol de um objetivo em Por conta do investimento na raça, Samai foi entre- comum. E vamos continuar marcando presen- vistada no programa Zebu Para o Mundo, do Canal do ça. Esse ano, o Nelore Idalló estará com força Boi, da qual saiu com um convite para ser apresentado- total nas pistas de julgamento. Começaremos o ra convidada. Até junho, ela comanda o programa na ano com pé direito, levando cinco animais de companhia do apresentador Luiz Crosara, mostrando o qualidade excepcional para Expoinel Mineira, melhor do agronegócio e da criação de cavalos. e depois queremos fazer também ExpoZebu e outros eventos importantes no país. Estamos Nas gravações, ela conheceu um dos maiores cria- com uma expectativa alta. Nossos animais estão dores de cavalo crioulo do mundo, Turmo Schaffner, da mais bem preparados do que nunca”, garante a Cabaña La Entrerriana, da Argentina, que a convidou pecuarista. para conhecer o criatório no país vizinho. A pecuarista foi, conheceu o trabalho, gravou o programa, e ainda voltou de lá com a perspectiva de firmar parceria para exportar a raça para o mundo todo. Como boa empre- endedora que é, tem a habilidade de enxergar as oportu- nidades, e agora desbrava novas possibilidades. Sempre pensando em se superar como profissional e crescer como pessoa. “Meu objetivo é sempre melhorar, crescer e evoluir, ganhando cada vez mais espaço. Sem me- 86 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
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Perfeita representante da mulher pecuarista, Helena Leonel Curi é exemplo de sucessora e profissional apaixonada antes mesmo de pegar o diploma de médica veterinária Uma pecuarista por vocação H PITTYelena é um daqueles casos lis, interior de São Paulo, quando tinha apenas 15 preciosos de filhos que anos. Com o tempo, a lista de suas responsabilida- não precisam ser conven- des foi aumentando, junto com sua determinação e cidos a serem sucessores. importância para o funcionamento da propriedade. Qualquer um que a veja na lida da fazenda ou apresen- Quando chegou a hora de cursar o Ensino Su- tando o gado nas pistas de perior, mudou-se da sua cidade natal, Ribeirão Preto (SP), para Uberaba (MG), cidade interna- julgamento pode perceber cionalmente reconhecida como formadora de pro- o olhar apaixonado de quem fissionais de excelência para agropecuária. Hoje tem a sorte de amar profundamente o que faz. com 24 anos, a jovem pecuarista está terminando Seja no manejo do gado sindi ou dos muares, a graduação em Medicina Veterinária. Já mora na sempre acompanhada pelos seus fiéis e amados Fazenda Porangaba, administrando de perto o ma- cachorros heelers, Helena transborda alegria nejo do gado, os acasalamentos, as apartações e a em trabalhar com os animais. E não tem tempo preparação para apresentação nas pistas de julga- ruim para ela, que vai da pista para o cocho, mento, nas quais ela conduz os destaques da sele- faça chuva ou faça sol, com a naturalidade e ati- ção, que sob sua condução já conquistaram várias tude de quem nasceu para isso. premiações. Mas, apesar das grandes emoções das Filha dos pecuaristas Felipe Curi e Cláudia pistas, ela confessa que a parte mais satisfatória é o Leonel, da Fazenda Porangaba, Helena tem no dia a dia no campo. sangue a paixão pela pecuária. O gosto pelos “Minha missão é com a raça. Quero trabalhar animais veio de casa, ensinado pelos pais, que para fazê-la conhecida e pintar o Brasil de ver- também a incentivaram a estudar e conhecer melho, cor de sindi! Confio na minha raça e no tudo sobre a raça sindi, o zebuíno que a famí- melhoramento genético que eu e muitos criadores lia seleciona há 13 anos. Pouco tempo depois estamos fazendo, pois sei que ela tem muito po- que começaram a trabalhar com o sindi, Helena tencial e muitas qualidades que fazem dela a raça começou a trabalhar na fazenda, em Jardinópo- perfeita para nosso tipo de manejo”, garante. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 89
SOCIAL Aciole e Zenilda Amanda e Henrique Benedita, Fabiano, Antonio Sposito, Vinicius e Rodolfinho Camila e Thiago Cássio, César, João e Paulinho Daniela, Mayara, Ibaneis, Zezão e Marcelo Fabiano, José e Bruno Guilherme e Poliana Henrique, Simone, Bavaresco e Juliano Joy, Paulo, Jairo, Zezão e Guto Kado e Renata Marília Gabriela, Fabiano, Tatá, José Furtado e Bruno Pedro, Maria Helena, Lee Esse e Leonardo Zé de Marchi, Brunno, Zé Furtado, Dindo e Kado Juliano, Mohana e Helena 90 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Barbara, Dalila e Carlos Neto Bill, Hanny, Dalila, Marino, Arlinda, Mariana e José Carlos Dr Botelho e Dalila José Carlos e Clementina Lucila, Sergio, Marcelo, Dalila, José Carlos, Neusinha e Dalila Victor, Mariana e Victória Sergio, Dalila e José Carlos Waltinho, Dalila e Bethânia Mathias, Thiago, Dalila Neta, Dalila, Bárbara, Carlos Neto, Joaquim, Clementina e José Carlos JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 91
SOCIAL Amandio, Teresinha, Aurico e Osvaldo Breno e Andrea Bruno, Matheus, Amanda e Pedro Cicinato, Gerson e Gilson Darci e Arruda Matheus, Amanda, Geovana, Victor, João Carlos e Eny Equipe e diretoria Flamboyant V2 Família e Diretoria Matsuda Isadora, Eurico e Flávia João, Hélio, João e Fernanda Larissa, João Guilherme, Priscila, Márcio e Mariza Leonardo, Betinho e Valeria Lyria, Beatriz, Tatiane e Cristina Milton, Silvestre e Ronan Naum e José Gilmar 92 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
Neider, Gustavo, José Gilmar, Cristina e João Osvaldinho, Osvaldo, Tereza e Felipe Paulo, Cláudia, Neiara, Ciça e Vanessa Rafael, Dr Fernando, Juliana e Gustavo Ricardo, Marisa, Nabih, Bruno, Max e Paula Romildo, Ronan, Silvestre, Eurico e Renato Valeria, Betinho e Bill Vinicius, Fabiano, Diego e Júnior Wellington, Evandro e Maria Letícia JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 93
PONTO DE VISTA “É o animal PO que faz a diferença no melhoramento genético. É o certificado da genética, desenvolvida há 100 anos pela ABCZ, que comprova que determinado animal é capaz de transformar o rebanho do produtor. Não existe genética melhoradora no mercado paralelo. Não existe concorrência. Valorizar a carne e o leite de zebu será nossa prioridade. É preciso divulgar e reforçar que o zebu está presente diariamente na carne bovina que chega à mesa dos consumidores brasileiros. É inaceitável que a população consuma carne premium fruto de cruzamentos em que a base é zebu e não conheça a origem desse produto”. Rivaldo Machado Borges Júnior, empresário, pecuarista e novo presidente da ABCZ 94 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
“Precisamos acreditar no Brasil e reverter o sentimento de que esse país não tem jeito. Após vários anos de baixos preços da arroba, o que acabou levando muitos produtores a abandonar a pecuária, agora, chegamos a um bom momento, com o preço da arroba mais justo. As medidas econômicas tomadas pelo Governo Federal também devem refletir positivamente na economia. Cabe ao produtor continuar fazendo a sua parte, adotando tecnologias para produzir alimentos de qualidade e com rentabilidade”. Itamar Netto, produtor rural e novo presidente da ABCB Senepol “É notável o clima de confiança e consciência dos desafios ligados à profissionalização do setor, em ritmo, intensidade e abrangência sem precedentes em nosso país. O agronegócio, antes lembrado apenas por símbolos tradicionais como o chapéu, botina, cavalo, vacas e tratores, agora ganhou uma conotação bem digital. Estamos falando de máquinas autônomas, produtores com tablets e smartphones, drones, mapa de colheita na tela do tablet, sistemas de ordenha automáticos (sem interação humana), dentre outros recursos que têm transformado este segmento e está atraindo novos profissionais e empreendedores, que chegam com uma visão bem diferente da tradicional”. James Cisnandes Júnior, diretor da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital “Inovação não é algo que você pode ter, é algo “Hoje, o setor agropecuário é que você tem de aplicar. Não importa qual o o mais dinâmico da economia setor em que você esteja, ele será transforma- brasileira, tanto em suas taxas de do pela tecnologia. Arrisque, teste, este é o crescimento da produção e das melhor momento para isso”. vendas externas, como em avanços Jonathan Medved, fundador e CEO da OurCrowd, a maior tecnológicos e em inovação. plataforma do mundo de crowdfunding de capital Nossa produção rural sustenta o equilíbrio das contas externas e alimenta as diversas cadeias do agronegócio, que dão vida ao conjunto da economia, mesmo em tempos de crise”. João Martins, presidente da (CNA) JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 95
OPINIÃO Luís Eduardo Mendonça de Almeida Acadêmico de Zootecnia nas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e diretor comercial da Fazupec Eficiência Animal [email protected] TÉCNICO Até onde é culpa do boi? milhões de hectares de pastagem, é possível calcular a efetividade dessas áreas na retirada do CO2 da atmos- D entre os muitos aspectos positivos da fera, o que foi, inclusive, um dos fatores que viabilizou pecuária nacional, os pontos negativos a criação de programas de produção sustentável, como são os constantemente citados na mídia. os programas Carne Carbono Neutro e Carne Baixo As críticas em relação à pecuária podem Carbono, destinados às propriedades que produzem ser divididas em fases, onde já foram al- em sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta vos: as áreas destinadas para produção (ILPF), e aquelas onde a maior parte do ciclo produtivo animal, quantidade de água utilizada nos é baseado a pasto, respectivamente. sistemas produtivos, e, mais recentemente, a produção dos gases de efeito estufa (GEE) pelos ani- Os bons números da pecuária tendem a melhorar mais e a destinação dos dejetos bovinos. cada vez mais, tendo em vista a continuidade do em- Porém, diferente do que é dito comumente nas prego tecnológico em nossos sistemas, junto à uma grandes mídias, a pecuária brasileira consegue aliar a mão de obra cada vez mais qualificada. Projeções apon- eficiência produtiva com a preservação do meio am- tam que até 2050 a população mundial será de cerca biente. Isso é facilmente perceptível pelo crescimento de 9,2 bilhões de pessoas, e atribui-se ao Brasil a res- exponencial no número de animais e de índices produ- ponsabilidade de alimentar 1/3 dessa população, o que tivos a cada ano, enquanto as áreas destinadas à produ- vai demandar um aumento superior a 70% na nossa ção reduziram desde a década de 90. Ou seja, o nosso produção. Atingiremos essa meta de forma eficiente e sucesso produtivo está relacionado de forma mais dire- sustentável, como sempre fizemos, desde os prelúdios ta com o emprego tecnológico e de técnicas de manejo da pecuária brasileira. do que com abertura de novas áreas. O Código Florestal Brasileiro, criado pela lei nº 4.771 em 1965, é considerado o mais completo do mundo, sendo os produtores rurais do Brasil os únicos do planeta a terem a atribuição por lei de preservar pelo menos 20% de suas propriedades como áreas de reserva legal, além das áreas de preservação permanen- te (APP) nas propriedades por onde passam cursos hídricos. Isto, aliado às áreas de reservas indígenas e unidades de conservação, são responsáveis pela preser- vação de mais de 65% do nosso território. Tendo em vista a grande quantidade de bovinos produzidos no país, superando 200 milhões de cabeças, há uma grande pressão da mídia sobre como a produ- ção de GEE, sobretudo metano (CH4), pelos animais, pode impactar no meio ambiente, sendo eles constan- temente colocados como vilões do aquecimento glo- bal. Mas, serão mesmo os bovinos os maiores respon- sáveis por esse processo? Pois bem, os nossos sistemas produtivos se baseiam quase em sua totalidade em pro- dução a pasto. Sistemas estes que possuem um grande potencial de sequestro do carbono, gás emitido em lar- ga escala pelas grandes indústrias e automóveis. Além disso, trabalhos voltados à melhoria da qualidade das dietas dos ruminantes mostram eficiência na redução da produção de metano através da fermentação entéri- ca. Desse ponto de vista, a pecuária sai do papel de vilã para peça fundamental na diminuição de gases na at- mosfera, fato que raramente é colocado em evidência. Um hectare de pastagem em boas condições tem capacidade de sequestro de cerca de oito toneladas de CO2/ano. Levando em conta os nossos mais de 160 96 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
OPINIÃO Breno Molina PRODUÇÃO Pecuarista, empresário e presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT) [email protected] Pecuarista, um sobrevivente da crise M ato Grosso possui cerca de 100 mil pe- Do que adianta termos o maior rebanho do país, com 30,2 milhões cuaristas, mais de 80% deles possuem no de animais, se não temos apoio para manter a atividade? máximo 290 cabeças. Então, quando fa- lamos no setor da pecuária e do aumento Realmente, não tem lógica, principalmente se pensarmos que na arroba bovina, estamos nos referindo mesmo com uma margem negativa ou muito próxima disso, te- em sua grande maioria a pequenos produ- mos que modernizar a pecuária, investindo em novas tecnologias tores que enfrentam há mais de cinco anos e genética. Porque a qualidade da carne que vai à mesa do cidadão uma grave crise financeira com a estagna- passa pelo investimento que cada um de nós vem fazendo e que ção no preço da arroba bovina. infelizmente ninguém sabe ou não quer ver, inclusive o próprio Claro que nós, pecuaristas, não vamos comemorar o encare- governo! cimento da cesta básica ou a restrição no consumo desse alimento tão importante para a população brasileira, que é a carne. Por ou- Em meio às críticas recentes, chegamos à conclusão de que o tro lado, quem hoje critica o reajuste nos preços tem ideia de que povo brasileiro desconhece como é a vida no campo e os percalços muitos produtores vêm diminuindo o próprio rebanho, arrendan- pelos quais passam os produtores rurais. Comprar os alimentos em do ou vendendo parte das suas terras para sobreviver? prateleiras de supermercados gera a falsa impressão de que tudo é Apesar de os insumos voltados à produção na pecuária terem muito simples e fácil, porém, a nossa atividade exige muita paixão sido constantemente reajustados em mais de 100% nesse período, pelo que se faz. Caso contrário, já teríamos desistido. entre eles, óleo diesel, encargos trabalhistas, energia elétrica, ração, sal mineral, arame e medicamentos, com a atual valorização, o pre- O cenário está melhor sim e ao invés de comemorar, estamos ço pago pela arroba de boi subiu somente 40%, ou seja, menos aproveitando o momento para pagar contas e ter um fôlego para da metade. 2020. Não temos certeza sobre os preços, se vão ou não se estabili- Pesa sobre nós ainda outro item importante: uma alta carga zar, mas neste primeiro ano do governo Bolsonaro nós obtivemos tributária. Se nos compararmos a estados vizinhos, como Pará ou conquistas importantes, entre elas, a abertura de novos mercados Mato Grosso do Sul, pagamos até 12 vezes mais impostos e somos de exportação com a venda dos nossos produtos para Oriente Mé- muito pouco competitivos em vários aspectos no mercado interno dio e China. e externo. Ainda assim, sempre que o Estado passa por problemas de gestão, por investir mal os impostos arrecadados, ameaça de É fundamental refletir ainda sobre a manutenção no câmbio taxação o agronegócio induzindo a população ao erro de acreditar do dólar. A política adotada pelo ministro Paulo Guedes contri- que somos “barões”. buiu para a valorização do nosso produto por parte das indústrias, No início do ano de 2019, inclusive, nos posicionamos con- e esse é um fator decisivo para a regulação do mercado. Entenda trários à manutenção do Fethab 2 e também criticamos os inúme- que não é o pecuarista que determina o preço da arroba bovina, ros impostos (Fethab 1, Fabov, Fesa, etc), que sobrecarregam o mas a indústria frigorífica que diz o quanto pode pagar. produtor, mas não são revertidos em melhorias na infraestrutura que é necessária para o escoamento da produção mato-grossense. Como boa parte da nossa produção da carne é exportada, os LAYOUT RODAPÉ REVISTA PECUÁRIA BRASIL - JANEIRO 2020 (7 X 21 CM).pdf 1 28/01/2020 08:00:43 preços praticados nas últimas semanas vêm beneficiando toda a cadeia produtiva, inclusive o produtor. Ainda assim, o incremento médio para nós foi de apenas até 40%, o que não conseguiu equi- parar ainda as perdas sofridas nos últimos cinco anos. Pelo con- trário, estamos nos recuperando de uma longa e acentuada crise. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 97
OPINIÃO Celso Luiz Moretti Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) [email protected] VISÃO Alimentos para o mundo C om tecnologia moderna, a agropecuária gia, incorporou à matriz produtiva brasileira 45% dos 200 brasileira alimenta hoje mais de 1,5 bilhão milhões de hectares de cerrados, área inóspita e desacredi- de pessoas em todo o mundo, o que equivale tada até a década de 70. Em 2019, os cerrados produziram a um Brasil e uma China juntos. Em pouco mais de 50% dos grãos e da cana-de-açúcar do Brasil. Com mais de 10 anos, a população mundial che- tecnologia, a tropicalização do gado europeu e indiano tor- gará a 8,5 bilhões de pessoas. O processo de nou o país um grande produtor de leite e o maior exporta- urbanização se acelerará. A melhoria de ren- dor de carne bovina. da, associada ao aumento da longevidade e mudanças nos padrões de consumo, produzirá crescimento na demanda A Embrapa e seus parceiros do setor público e privado por alimentos (35%), energia (40%) e água (50%). tiveram responsabilidade decisiva nesse processo. Tecno- Nem todos os países conseguirão enfrentar os desa- logias foram e são geradas, transferidas e adotadas pelo fios sociais, ambientais e geopolíticos impostos por essas setor produtivo. Em 2018, quase 50% da área agrícola e mudanças. Disputas localizadas e migrações crônicas e em pecuária do país adotava pelo menos uma tecnologia da massa ocorrerão em busca de segurança alimentar. Ainda Embrapa e seus parceiros. Não é pouco. Esses números hoje, o flagelo da fome atinge mais de um bilhão de pes- demonstram, de forma inequívoca, a conexão da pesquisa soas em todo o mundo. Mais do que produzir em quanti- com o mundo rural. dade e com qualidade, o grande desafio está na distribui- ção e na redução do desperdício, que pode chegar a 20% A pesquisa pública contribui para que o agro seja uma na produção de grãos e a estratosféricos 50% na produção potência, um dos setores mais competitivos da economia, de frutas e hortaliças. colocando alimentos baratos na mesa do brasileiro. É es- Apenas alguns países, nas últimas décadas, desenvolve- tratégica para o desenvolvimento sustentável do Brasil. ram tecnologia de produção agropecuária e estão prepa- Nos bancos genéticos da Embrapa, por exemplo, estão rados para enfrentar tais desafios. Eles podem alimentar armazenados o futuro da segurança alimentar das novas sua população e a de outros países. É o caso do Brasil, gerações de brasileiros. É lá que estão conservados genes exemplo único no cinturão tropical do globo. Em pouco ou microrganismos para enfrentar as mais de 400 pragas e menos de cinco décadas, o país deixou de ser um importa- doenças que batem à porta do país, querendo entrar pelos dor líquido para se tornar um dos maiores produtores de portos, aeroportos e fronteira seca. Manter esse banco ge- alimentos, fibras e bioenergia do mundo. A agropecuária nético e a expertise em utilizá-lo sob controle do Estado brasileira exporta para mais de 180 países. O agronegócio brasileiro é questão de Segurança Nacional. responde por quase 25% do PIB nacional, emprega um terço da população ativa e é responsável por quase metade A demanda por alimentos crescerá nas próximas déca- de tudo que é exportado. E faz isso de forma sustentável. das. Acordos comerciais, como o que está em negociação O Brasil protege, preserva e conserva 66,3% de sua vege- entre o Mercosul e a União Europeia, possibilitarão que tação e florestas nativas. Mais de um quarto do território os alimentos produzidos no Brasil contribuam para a se- brasileiro está dedicado à preservação da vegetação nativa gurança alimentar de um número crescente de pessoas em dentro das propriedades rurais. todo o mundo. A pesquisa agropecuária continuará a ter O país só chegou a esta situação porque investiu de um papel central para liderança e competividade do país forma consistente e contínua em ciência, tecnologia e ino- na produção de alimentos. Seguir investindo em pesquisa e vação agropecuária nas últimas décadas. Graças à tecnolo- desenvolvimento agropecuário garantirá, não somente ao Brasil, mas também a vários outros povos ao redor do glo- bo, a manutenção da segurança alimentar e da paz. 98 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
OPINIÃO Carlos Alberto Marino Filho Engenheiro agrônomo especializado em Zootecnia e jurado das raças zebuínas [email protected] GENÉTICA Qual o equilíbrio na seleção de uma raça?om o decorrer dos anos, muito conhecimen- um indivíduo. A balança só mede o peso absoluto. Mas, saber to e muitos formatos de seleção foram uti- se um animal é pesado e compõe bem seu peso, ou seja, possui lizados, testados, melhorados ou esquecidos. musculatura farta, bom acabamento e boa distribuição, isso só Sem dúvida, cada fase e cada moda teve sua o olho traduz. Na prática, essa análise resulta em seleção de ani- importância indelével no desenvolvimento das mais superiores em rendimento de carcaça, mais eficientes em C raças zebuínas no Brasil. Porém, hoje, após tan- ganho de peso e de melhor qualidade na composição dos seus to tempo, tantas modas e com a acumulação de cortes cárneos. tantas tecnologias, muitos selecionadores ainda se perguntam: A caracterização racial também merece um exemplo: animais “qual o melhor caminho a seguir?”. racialmente enquadrados apresentam características que direta e Quando falamos na raça nelore, a discussão tem se tornado indiretamente afetam a eficiência de um rebanho. Isso porque o cada vez mais acirrada para se definir qual caminho seguir. Hoje, padrão racial estipulado pela ABCZ não foi baseado apenas em ferramentas como avaliação genética, baseada nos Programas beleza, mas, principalmente, em características com correlação de Avaliação, têm sido amplamente utilizadas. A tecnologia produtiva. Um quesito é a conformação da boca do animal. Um também nos proporcionou a condição de utilizar a genômica. animal com boca bem desenvolvida e bem articulada é certa- As medidas de ultrassom, também têm um grande espaço no mente muito mais eficiente na ingestão de alimentos, porque o mercado. Essa linha de trabalho hoje entra em atrito com li- fator de maior impacto na eficiência de pastejo de um animal é o nhas mais tradicionais, ou como se fala coloquialmente, com o tamanho do bocado, ou seja, a capacidade em apreender maior “olho”. É aí que entra o equilíbrio. quantidade de forragem em uma só ação de captura do alimento. As avaliações genéticas têm uma importância fundamental, Portanto, animais de boca mais volumosa, mais bem articulada já que os dados colhidos ajudam a traduzir a capacidade de trans- e mais bem encaixada têm, sem dúvida alguma, maior eficiência missão de características produtivas e reprodutivas. A genômi- para ganhar peso em sistemas de produção a pasto. ca é muito interessante, pois auxilia a identificar os animais que Nos exemplos citados, que são pouquíssimos ainda frente possuem os genes positivos para características de importância a todas as características que são avaliadas visualmente em um econômica na seleção. As medidas de ultrassom são um indica- animal, buscamos demonstrar que o olho ainda é e continuará tivo direto da capacidade de um animal em ter alto rendimento sendo sumamente importante na seleção zebuína. Na maior par- produtivo na sua carcaça. Mas, há alguns fatores que nenhuma te dos países do mundo, como por exemplo, na Grã-Bretanha, ferramenta de seleção ainda pode identificar em um animal. Por famosa pela seleção secular de raças altamente eficientes para a isso, a avaliação visual, nunca vai deixar de ter sua importância. produção de carne, a avaliação visual e análise dos biotipos ani- A análise de características funcionais mostra a importância mais continua sendo colocada em posição de destaque dentre as da seleção visual no processo de criação. Podemos citar como ferramentas para seleção e melhoramento. exemplo a observação dos aprumos de um animal. É comum É aí que se encontra o equilíbrio de uma seleção na atualida- observarmos animais de ótima avaliação genética, porém, com de: a utilização de ferramentas tecnológicas como a avaliação ge- algum senão ou defeito nos aprumos. Por exemplo, um repro- nética, a genômica, a ultrassonografia, a eficiência alimentar e to- dutor com os jarretes de angulação reta não conseguirá cobrir das elas aliadas a avaliação visual. Todas essas ferramentas devem um lote de fêmeas a campo com a mesma eficiência que outro ser sinérgicas. É fundamental que o selecionador e seu técnico com correção neste quesito. Isso resulta em diminuição da efi- estejam sempre cientes de que os animais podem ter destaque ciência reprodutiva de um rebanho, e este é um impacto econô- em apenas uma ou outra ferramenta de seleção, e que os animais mico que afeta muito a receita de uma fazenda. Outro aspecto mais interessantes para o melhoramento massal da pecuária de produtivo de enorme importância é a análise do comprimento corte nacional são aqueles que reúnem equilibradamente mais e da largura corporal de um animal. Essa é a característica de positividade em cada uma das ferramentas disponíveis. É assim maior impacto no peso do animal de corte, e a peça muscular que se melhora o rebanho de todo um país, e assim que um país que gera maior receita para um pecuarista de corte é o contra- se mantém como maior exportador de carne bovina do mundo, filé. Isso é o mesmo que dizer que através da análise visual é com todos os elos da cadeia trabalhando de forma eficiente e possível se identificar qual a verdadeira composição de peso de lucrativa. JANEIRO/FEVEREIRO 2020 | #pecBR 99
OPINIÃO Eduardo Muniz de Lima “Mineiro” Médico veterinário especialista em Produção de Ruminantes, MBA em Gestão Empresarial, MasterMind Aliança Agrotalento e diretor da Central de Receptoras Minerembryo [email protected] MERCADO Uma revolução está por vir em 2020 Aarroba resolveu “gangorrar” no início de puxadas pela China, que continua com a Febre Suína 2020, se ajustando ao gap de novembro de Africana, as queimadas na Austrália, nosso concorren- 2019. O mercado chinês continua com- te direto, e o dólar atraente aos exportadores. prando como nunca. O leite se abre para mercados internacionais. A economia in- Quanto ao leite, o preço tem se mantido firme ao terna mostra sinais claros de aquecimen- longo das águas e com tendência de alta, de acordo to após um ano de novo governo. Na com o Cepea, aliado ao câmbio que inviabiliza a im- outra ponta, da genética, estamos prepa- portação. Os valores de animais geneticamente supe- rados para vender touros de corte e matrizes de leite riores se mantiveram altos e o genoma entrou com avaliados nesta nova realidade? tudo na seleção de rebanho. A Ministra da Agricultura O ano de 2020 começa quente na pecuária com Tereza Cristina vem fazendo um trabalho sensacional um ajuste de preços depois do gap criado em novem- e já abriu os mercados do Egito, China, e agora, em bro de 2019 de escassez de gado e forças robustas de janeiro, na Índia, fechou parcerias para a produção e o demanda. Como as chuvas demoraram a cair no cen- processamento de leite. tro-sul do Brasil, não tivemos o boi de pasto em no- vembro e os bois do segundo giro dos confinamentos O mercado interno mostrou recuperação da eco- diminuíram depois dos resultados pífios do primeiro nomia com mais de um milhão de novos empregos, giro com @ estacionada e milho e soja subindo. Con- taxa Selic mais baixa da história, vendas de final de clusão: faltou o boi gordo em quantidade. Do lado da ano aumentando mais de 10%, déficit baixou em 59 Bi, procura, tivemos a China comprando como nunca e IBOVESPA acima de 120.000 pontos (23/01/20), au- de um pool maior de frigoríficos e o mercado interno mento considerável de investimentos externos no Bra- se aquecendo, somada à liberação da primeira parcela sil e, para ajudar, a Argentina taxou sua carne em 30% do 13º salário. Conclusão: explosão dos preços da @ para exportação. Acho que, depois disto tudo, posso do boi chegando a R$231,00/@, em SP. afirmar: Deus é brasileiro mesmo! Já em janeiro vemos uma @ de R$ 190,00, por enquanto, mas, tudo dentro da normalidade de rea- Agora, volto uma pergunta a você criador: será que dequação de mercado dentro de uma nova realidade estamos fazendo a pecuária que este mercado aque- de preços, e não mais aqueles R$150,00 que insistiram cido exige hoje? Será que estamos usando a genéti- por praticamente três anos. ca, sanidade, manejo e nutrição necessária a este novo De acordo com a ABIEC, o Brasil exportou mercado nacional e internacional? Estamos investindo 1,847 milhão de toneladas de carne e gerou receita de nas tecnologias certas que nos permitem mais lucra- U$7,59 bilhões, respectivamente aumentando 12,4% tividade em nossa atividade? Quais as ferramentas de e 15,5% em relação a 2018. Devemos dar destaque reprodução estamos usando para o melhoramento? à China (quase 45% juntando-se a Hong Kong), UE, Medimos e avaliamos nossa seleção? Fazemos uso Egito, Chile, Emirados Árabes e a Rússia, que voltou econômico da FIV? a importar depois de dois anos. Para 2020, a ABRA- FRIGO acredita em aumento de 10% nas exportações E já falo aqui: se preparem para o que virá em 2020. Temos uma equipe preparando tecnologias completa- mente disruptivas no campo e acesso a material gené- tico com genoma a valores justos que irão revolucio- nar a pecuária do brasil e do mundo. Aguardem! 100 #pecBR | JANEIRO/FEVEREIRO 2020
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