Um Passeio Monumental Uma aventura em Porto Alegre Sandra Aymone VENDA PROIBIDA
Autora Sandra Aymone Coordenação editorial Sílnia N. Martins Prado Preparação e revisão Katia Rossini Ilustração Pierre Trabbold Projeto gráfico Linea Creativa Realização Fundação Educar DPaschoal www.educardpaschoal.org.br F: (19) 3728-8129 Esta obra foi impressa na Gráfica Editora Modelo Ltda. em papel cartão (capa) e papel couché fosco (miolo). Esta é a 1ª edição, 6ª reimpressão, datada de 2011, com tiragem de 60.000 exemplares. Agradecemos aos nossos parceiros a colaboração na distribuição destes livros: Argius Transportes Ltda., Braspress, Hiperion Logística, Trans-Iguaçu Transportes, Transportadora Capivari Ltda., TRN Pavan. Sobre a Fundação Educar DPaschoal Criada em 1989 para a promoção da educação cidadã como estratégia de transformação social, desenvolveu inicialmente a “Academia Educar”, que promove a formação de núcleos de lideranças juvenis em escolas públicas, criando oportunidades para que o jovem descubra seu potencial, tornando-se capaz de transformar sua realidade, a de sua escola e da comunidade. Em 1999, criou o “Prêmio Trote da Cidadania”, que estimula o empreendedorismo universitário como forma de propagar valores e práticas sustentáveis. Recentemente, desenvolveu o Fórum Empreender com Valores, a fim de proporcionar um espaço de troca de experiências cidadãs entre universitários. Em 2000, iniciou o projeto \"Leia Comigo!\", que produz e distribui gratuitamente livros infanto-juvenis que incentivam o gosto pela leitura, facilitam o aprendizado na escola e o pleno desenvolvimento da criança e do jovem. São histórias que contribuem para a construção de cidadãos e uma visão mais humanista. A DPaschoal acredita que incentivar a leitura e o debate crítico é o melhor caminho em direção ao verdadeiro desenvolvimento do país e da sociedade.
Autora Sandra Aymone Ilustração Pierre Trabbold
Parecia um sonho! Serginho, Carolina, Julinho, Luciana e o resto da turma estavam passeando com sua professora, tia Sônia, na cidade de Porto Alegre, a capital do Rio Grande do Sul. Naquele momento, eles estavam andando por um caminho arborizado às margens do rio Guaíba e faziam comentários sobre a bela paisagem. — Que rio largo! — admirou-se Carolina. — Quase parece o mar... — Dizem que o pôr-do-sol aqui é tão bonito que as pessoas vêm de longe para admirar — disse tia Sônia. 2
— Pois eu estou achando tudo aqui lindo! — exclamou Julinho. — Tem tantos parques e árvores! Estou adorando este lugar... Tia Sônia disse: — A cidade é linda mesmo. E tem uma grande quantidade de centros culturais também. Os gaúchos têm muito orgulho de sua história e de sua cultura, e aqui ela está bem viva. Vocês sabiam que o símbolo da cidade, escolhido pelos próprios moradores daqui, é um monumento chamado O Laçador? 3
As crianças ficaram em silêncio. Luciana levantou a mão: — Não entendi bem, tia. O que é um monumento? Tia Sônia aproveitou para perguntar ao resto da turma se alguém sabia esclarecer a dúvida de Luciana. — É uma estátua? — perguntou Serginho. — É uma construção? — arriscou Carolina. — É uma homenagem a uma pessoa famosa? — opinou Julinho. 4
— Pode ser tudo isso, mas é muito mais — disse tia Sônia. — Um monumento é uma obra criada por um artista para lembrar uma pessoa ou um fato importante da história de uma cidade, ou de um país. Geralmente, ele é colocado em um lugar de destaque, como uma praça, para ser visto e conhecido por todos que passarem por lá. — Por quê? — quis saber Serginho. — Ora, porque aquilo que a gente vê sempre fica difícil de esquecer, não é, tia? — respondeu Carolina. — Deste jeito, mesmo que passe um tempão, a gente nunca vai se esquecer daquela pessoa ou daquele acontecimento importante... 5
— E o que esse tal Laçador fez pra ganhar um monumento e virar símbolo da cidade? Tia Sônia riu e explicou: — O Laçador não é uma pessoa. Ele é muitas pessoas ao mesmo tempo. Pessoas corajosas, lutadoras, que ajudaram o Rio Grande do Sul a ser o que é hoje. Mas não se preocupem: quando nós chegarmos lá, vocês vão entender... Antes disso, vamos conhecer outros lugares e outros monumentos... A turminha entrou no ônibus, curiosa, e continuou tagarelando sobre aquele assunto. Como podia um laçador só ser muitas pessoas? 6
— Eu acho que um monumento é uma coisa assim como um filme... — disse de repente Luciana, com um ar sonhador. — Filme? — estranhou Serginho — , que ideia maluca! — É sim! — insistiu a menina. — Porque ele conta uma história! Quando chegaram a um parque, tia Sônia pediu para o motorista parar. Aquele era o Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção. Na entrada principal, as crianças viram uma construção imponente e perguntaram o que era. 7
— É o Monumento ao Expedicionário – disse a professora. — Foi construído aí para homenagear os soldados brasileiros que lutaram na Segunda Grande Guerra. Atualmente, aos domingos, acontece aqui uma feira de artesanatos e antiguidades, conhecida como Brique da Redenção. Aqui também existe um local próprio para shows, o Auditório Araújo Vianna. As crianças adoraram o parque, que tinha ainda um orquidário, um lago com pedalinhos, um trenzinho turístico, um minizoológico e um miniparque de diversões. Depois de brincarem bastante, voltaram ao ônibus para conhecer novos lugares. 8
Pararam novamente em frente a um monumento de estilo moderno. Era o Monumento dos Açorianos. — Quem foram estes? — quis saber Serginho. — Foram portugueses que viviam nas ilhas dos Açores. Por volta do ano de 1750, nessas ilhas, já havia muita gente para pouca terra. No Rio Grande do Sul, era o contrário: havia campos imensos e pouca gente para cultivá-los. Naquele tempo, o Brasil ainda era colônia de Portugal. Então, o rei português decidiu enviar famílias de açorianos para povoar as terras gaúchas. Milhares de famílias vieram para cá, cheias de esperanças de uma nova vida, e influenciaram o povo daqui com seus costumes... 9
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Um monumento que encantou a turminha foi o de Obirici. Diz a lenda que Obirici era uma índia, filha de um cacique. Ela e sua amiga Iurá se apaixonaram pelo mesmo homem, um moço chamado Araken. Não sabendo qual das duas escolher, Araken propôs um concurso de arco- e-flecha. A índia que tivesse melhor pontaria seria a escolhida para se casar com ele. Obirici atirava melhor, mas, como estava muito apaixonada, ficou nervosa e se saiu mal. Araken se casou com Iurá. Obirici tranformou-se, então, em uma fonte de águas cristalinas. Tia Sônia explicou que os índios deram uma contribuição importante para a formação do povo gaúcho. As crianças acharam a história um pouco triste, mas muito poética... Enquanto o ônibus se aproximava, finalmente, do lugar onde a turminha ia conhecer o Monumento ao Laçador, Carolina ficou pensativa. Disse: — Sabe, tia Sônia, na minha cidade eu já vi monumentos sujos, pichados, quebrados... Acho que isso não está certo! As pessoas deveriam cuidar muito bem deles, porque eles lembram acontecimentos bacanas da nossa história... E, se os monumentos acabarem, esses fatos também vão acabar sendo esquecidos! — E eu acho também — completou Julinho — que, com eles, as cidades ficam muito mais bonitas! 11
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Finalmente chegaram ao Sítio do Laçador, o local onde, atualmente, o monumento se encontra. E o que viram foi a estátua de um homem de expressão forte, vestido com as roupas típicas do rio-grandense. Em uma das mãos, ele trazia uma corda, usada pelo homem do campo para laçar animais. — Como eu tinha dito — explicou tia Sônia —, esta estátua não representa um homem só. Representa o povo gaúcho, o orgulho que ele tem de suas tradições, a coragem, o espírito lutador. É aquele que nunca desiste diante das dificuldades. — Vejam que interessante! — continuou a professora: — A estátua foi criada por um artista chamado Antônio Caringi, para participar de um concurso que houve durante as comemorações do Quarto Centenário de São Paulo. Quem melhor representasse o homem gaúcho seria o vencedor. A estátua ficou tão bonita que o povo gaúcho não quis ficar sem ela e pediu que o prefeito de Porto Alegre comprasse a obra e a trouxesse para cá... Alguns anos depois, ela foi eleita o símbolo da cidade. 13
Tia Sônia contou ainda que quem posara para o artista esculpir O Laçador fora um homem que lutou muito para não deixar que as tradições rio-grandenses fossem esquecidas. O nome dele é Paixão Cortes. As crianças ficaram por algum tempo paradas em torno da obra, admirando aquele homem que era muitos... Em seguida, fizeram uma rodinha e começaram a cochichar. A professora ficou curiosa. O que estariam planejando? Depois de algum tempo, contaram a ela o que tinham decidido. Serginho falou: 14
— Decidimos lançar uma campanha na escola para proteger os monumentos! Vamos falar para os nossos colegas sobre a importância deles e fazer cartazes, faixas, um monte de coisas! — Queremos que todos ajudem a conservar os monumentos bonitos e limpos, pra que eles continuem sempre contando sua história pra todo o mundo — continuou Luciana. — E a Carolina já inventou até o nome da campanha: “Monumentos da história são cidade com memória!” — Olha, que bacana! — admirou-se tia Sônia, batendo palmas para a ideia. 15
9 788576 941767
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