Projeto Político-Pedagógico Colégio Magno Mágico de Oz 2020
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Apresentação Ao longo de sua história, o Colégio Magno/Mágico de Oz se deparou constantemente com o desafio de publicar seu Projeto Político-Pedagógico (PPP). Não pela falta de um projeto, evidentemente, mas pelo imperativo de conciliar forma e conteúdo: como escrever uma escola que se faz pela prática, pela ação, pelo pulso diário da vida educativa? Como traduzi-la em um documento repleto de referências teóricas, em linguagem acadêmica, como são, muitas vezes, esses textos? O Magno/Mágico de Oz pode se orgulhar de ter mantido uma linha de coerência em sua presença educativa desde a década de 1970, o que transparece em nossas conversas com as famílias, na formação dos professores, nas reuniões, nos textos internos e de comunicação. Nós sabemos exatamente quem somos. Por isso, esta primeira edição pública de um PPP é um passo institucional de grande importância, que também representa a maturidade de uma Escola quando chega aos 50 anos. Aqui estamos nós, retratados não apenas por nossos ideais de referência, como também pela prática que construímos ao longo do tempo – práticas sempre em revisitação, história em permanente reinvenção, a partir de valores que permanecem. Esperamos que todos entendam este PPP como um documento de trabalho, não como uma constituição ou como um livro de dogmas. Somos nós retratados em nosso percurso, sujeitos a críticas, colaborações, novas ideias e prontos a melhorar, sempre prontos a melhorar. E é com esses olhos que esperamos que leiam todos os capítulos que já estão escritos, e que nos ajudem naqueles que ainda estão por escrever. A história está apenas começando. A Direção 3
Projeto Político-Pedagógico do Colégio Magno 2020 Equipe editorial Cláudia Tricate Ana Paula Piti Paulo de Camargo Participaram da redação dos textos desta edição do PPP (por ordem alfabética) Andréa Perez Andréa Nascimento Ana Paula Piti Carlos Sassi Cláudia Tricate Daniela Camargo Fernandes Denilson de Paula Machado Flávia Savoia Eduardo Francini Maria Raquel Cintra de Campos Maurício Tricate Mônica Bayeux Paulo de Camargo Raildo Silva de Alencar Regina Célia Feitosa Roberto Schkolnick Silvana Scavone Tatiana Vargas Escobar Azevedo 4
Sumário CAPÍTULO 1 – INFORMAÇÕES GERAIS 7 1.1. Identificação da Escola 7 1.2. Equipe pedagógica e de apoio por Unidade 13 1.3. N ossa história 20 1.4. Nossos alunos 22 1.5. Recursos e infraestrutura 24 CAPÍTULO 2 – NOSSAS DIRETRIZES PEDAGÓGICAS 31 2.a . O que é uma boa escola? 31 2.b. O que é um Projeto Político-Pedagógico? 32 2.c. Nossos valores institucionais 32 2.d. Nossas competências essenciais 33 2.1. O Magno e seus valores 35 2.1. a. Educação em valores 35 2.1. b. Educação em valores 36 2.1. c. Responsabilidade social 37 2.1. d. Protagonismo 38 2.2. O Magno e a educação integral 39 2.2. a. Tempo integral 39 2.2. b. Nossa visão de arte e cultura 40 2.2. c. Educação para a sustentabilidade 41 2.2. d. Estudos do meio 42 2.2. e. A educação do corpo 43 2.3. O Magno e a cidadania global 45 2.3.a. Cidadania global 45 2.3.b. Internacionalização 45 2.3.c. O currículo internacional 47 2.4. O Magno e a inovação 49 2.4.a. A inovação como projeto 49 2.4.b. Lifelong Learning 50 2.4.c. Cultura digital 51 2.4.d. Aprendizagem criativa 52 2.4.e. Formação de educadores 53 5
CAPÍTULO 3 – MATRIZ CURRICULAR: REFLEXÕES GERAIS 55 3.1. Currículo 55 3.2. Avaliação formativa 57 CAPÍTULO 4 – ORGANIZAÇÃO DO TEMPO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 59 4.1. A Educação Infantil que queremos 62 4.2. O princípio pedagógico do brincar 63 4.3. Letramento e alfabetização 67 4.4. Educação Infantil e avaliação 68 4.5. Organização curricular e Projetos 70 CAPÍTULO 5 – DIRETRIZES PEDAGÓGICAS: O ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS 71 5.1. O Ensino Fundamental – Anos Iniciais que queremos 71 5.2. Avaliação no Ensino Fundamental – Anos Iniciais 74 5.3. A Orientação Educacional nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 75 5.4. Matriz curricular e organização 76 CAPÍTULO 6 – DIRETRIZES PEDAGÓGICAS: O ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS 77 6.1. O Ensino Fundamental – Anos Finais que queremos 77 6.2. Avaliação no Ensino Fundamental – Anos Finais 77 6.3. A Orientação Educacional para os adolescentes 81 6.4. Matriz curricular – 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental 82 CAPÍTULO 7 – DIRETRIZES PEDAGÓGICAS: O ENSINO MÉDIO 83 7.1. O Ensino Médio que queremos 83 7.2. A valiação no Ensino Médio 84 7.3. Matriz curricular e carga horária 85 7.4. O 3o+ 86 7.5. Matriz curricular do 3o+ 86 7.6. Itinerários Formativos do Ensino Médio 87 6
CAPÍTULO 1 INFORMAÇÕES GERAIS 1.1. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA Nome: Colégio Magno/Mágico de Oz Etapas atendidas: • Educação Infantil; • Ensino Fundamental - Anos Iniciais; • Ensino Fundamental - Anos Finais; • Ensino Médio. UNIDADE OLAVO BILAC Etapas atendidas: Educação Infantil, 1o ano do Ensino Fundamental Endereço: Rua Olavo Bilac, 26 Chácara Flora - São Paulo - SP - CEP: 04671-050 Telefone: (11) 5522-1555 E-mail: [email protected] UNIDADE CAMPO BELO Etapas atendidas: Educação Infantil e Ensino Fundamental I Endereço: Rua João de Souza Dias, 851 Campo Belo - São Paulo - SP - CEP: 04618-003 Telefones/Fax: (11) 5041-2566 - 5532-1741 E-mail: [email protected] UNIDADE SÓCRATES Etapas atendidas: Ensino Fundamental e Ensino Médio Endereço: Rua Duque Costa, 164 Jardim Marajoara - São Paulo - SP - CEP: 04671-160 Telefone: (11) 5685-1300 E-mail: [email protected] 7
Unidade Unidade Campo Belo Olavo Bilac 8 Unidade Sócrates
EQUIPE Diretora Geral Myriam Tricate Diretora Pedagógica Cláudia Tricate Malta Diretor Administrativo Maurício Tricate Diretor Financeiro José Luiz Salles COORDENAÇÃO DE SÉRIE UNIDADE OLAVO BILAC Berçário Baby Oz (Supervisoras) Silvana Antibas Margareth Kfouri Educação Infantil Sílvia Ramos Regina Célia UNIDADE CAMPO BELO Educação Infantil Andréa Perez Ensino Fundamental – Anos Iniciais Vera Helena Caetano 9
UNIDADE SÓCRATES Coordenadora Pedagógica – 2o ao 5o ano do Ensino Fundamental Sueli Joana Salgado Coordenador Pedagógico – 6o ao 8o ano do Ensino Fundamental Eduardo Francini Orientadora Educacional - 2o a 6o anos do Ensino Fundamental Mônica Bayeux Orientadora Educacional - 7o ano do Ensino Fundamental a 3a série do Ensino Médio Maria Raquel Campos Coordenador Pedagógico – 9o ano do Ensino Fundamental a 3a série do Ensino Médio e 3o+ Carlos Alberto Sassi Jr. Full-Time (tempo integral) Patricia Taubert COORDENAÇÃO DE ÁREA Linguagens Eduardo Francini Matemática Carlos Alberto Sassi Jr. Ciências da Natureza Daniela Camargo Fernandes Educação Física Fernando Adrezo Oscar Magalhães Ciências Humanas Raildo Silva de Alencar História Camila Koshiba Gonçalves Inglês Roberta Tassinari Saraiva Música Roberto Schkolnick 10
DEPARTAMENTO DE INOVAÇÃO Head of Innovation Ana Paula Piti Azevedo Fernando Soares Malta Chief of Technology Alexandre Benito Gutierrez Desenvolvedores de Produtos Milton Luiz Ribeiro Junior Ricardo Sugimoto Analista de Suporte de Rede Luiz Fernando Eduardo Wolf Produção de Inovação Tânia Lopes dos Santos Silva Produção de Conteúdo Christiane Toledo Aragão Miriam Takahace Silvana Regina Silveira Scavone Tânia Lopes dos Santos Silva BIBLIOTECA Bibliotecária Cátia Aparecida Dias Gonçalves Assistentes de biblioteca Sandra Moura Thomas Fernanda Regina Alves de Abreu Cleonice Floriano Bortolucci DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Paulo de Camargo Italo Roberto de Amorim Souto Daniel Shigueru Kussaba Morbi Rodrigo Francisco Messias Vinicius Cardoso da Silva Victor Rodrigues de Almeida Lucas Arnaldo Sugimoto Cuencas 11
GRÁFICA Encarregada de Serviços Gerais Marisa Auxiliadora de Paula Auxiliar de Serviços Gerais Marcia Regina Banzato Encarregado de Artes Ricardo Monteiro dos Santos Revisores Bráulio Augusto Lamego Machado Cristal Rodrigues Recchia Diagramadores Danielle Oliveira Gomes Marcia Maria de Siqueira Braga Desenhistas Marcelo Leonel Gagliano Roberto Massaru Higa Teruyo Kajiki de Sousa Impressor Gráfico João José da Silva Digitadora Sueli de Azevedo Isawa SAÚDE Médica Rosana Aparecida Bianchi Gongoni Enfermeiras Elaine Cristina Camargo Da Silva Thaisa Zanon Wodewotzky Auxiliares de Enfermagem Jucimara Santana Sampaio Luciana Olivieri Stschhahn 12
1.2. Equipe pedagógica e de apoio por Unidade UNIDADE OLAVO BILAC Coordenadoras Regina Celia Feitosa Vieira Silvia Lucia Caetano Ramos Assistente de Coordenação Lourdes Aparecida Nogueira Professores Ana Karina Lins Andrea Bucciarelli Andreetta Camilla Grasielli da Silva D Barbanti Carla Maria de Vincentis Chiarelli Christianne Lourenço da Silva Carai Cibele Andeloce Mikalauskas Cláudia Egídio de Araújo Barros Cristiano dos Santos Araújo Fabiana Ribeiro Amorim de Oliveira Flávia Savoia Dias da Silva Cera Gabriela Costa Paiva Luciana Settani Giglio Maria Sílvia Brega Mariângela Mônaco Calles Patrícia Garcia da Silva Sabrina Helena de Palma Oliveira Sizara Rejane Almeida Solange Maria Faria Granero Tuany Rafaelle Serafim Fialho Vesper Valle Olivetti Silva Auxiliares de Ensino Adriana Viler Batistini Kelly Marina Feitosa Andrade Munique Ane Soares Nogueira Pamela Meireles do Amaral Patrícia Antonele da Silva Patrícia Roschel Grandini Thabata Carneiro de Lima Pedro Thabata Rodrigues Pereira Ticiane Marsulo Franciozi Recreacionistas Bruna Husz Ricci Daniela Falqueiro Reis Maria Regina Krambeck Nathalia Santos Freitas Renata de Carvalho Morales 13
UNIDADE CAMPO BELO EDUCAÇÃO INFANTIL Coordenadora Andréa Perez Vasconcelos Assistente de Coordenação Heidi Caldeira Arvani Professores Adriana Petriccione Andreza Bianelli de Souza Merlo Barbara Zampini Preto Beatriz de Lima Zeza Carla Chimenti Claudia Regina Viola Kawamoto Ione Petroni Isabel Cristina Assunção Marques Joyce Avelino Santos Juliana Jesuina Moura Silva Liliane Andrade Pires Mohr Bell Micheli Custodio Patrícia Carvalho Girote Renata Nohra Rosseto Habenschuss Sabrina Gomes Matheu Silvana Oliveira Rezende Simone Aparecida Corelli Tatiana Feldman Costa Tatiana Vargas Escobar Azevedo Thatiana Ramalho Araujo Reboucas Thayrine Tieme Honda Marui Auxiliares de Ensino Cintia Andrade E Silva Debora Santos Xavier Fernanda Baptista Kamel Fernanda Gallo de Oliveira Fernanda Melo Pellegrino Menegário Gabriela de Sousa Mendes Luciana Roldan Costa Lima Silvana Oliveira Rezende Recreacionistas Gabriela Figueiredo Soares de Santana Luciana Hublet Pereira de Souza Michele Silva Paiva 14
ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS Coordenadora Vera Helena Bolliger Bandeira Caetano Auxiliares de Coordenação Patrizia Vautier Teixeira Giongo Wesley Carvalho de Oliveira Professores Adriana Cuccurullo Adriana Pinho Aparecida Magdala de Oliveira Daniela Gomes Abreu Fernanda de Alcantara Martinhão Karin Betim Paes Leme Rufino Leda Maria Capo Curci Lurdes Soares da Costa Patricia Viseu Barrozo Rosana Rodrigues Silvia Henriques Cabral Stella Castaneda Arias Inspetores André do Carmo Araújo Fabrício Barbosa de Trindade Joel Ferreira da Silva Luiz Pedroso Filho UNIDADE SÓCRATES ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS Coordenadora Sueli Joana Lafemina Orientadora Educacional Mônica Bayeux da Silva Inspetores José Carlos de Oliveira Marli Alves da Silva Professores Ana Paula Petricelli Silva Andrea Bucciarelli Andreetta Carla Gobernate Fávaro Clarissa dos Santos Bitencourth 15
Claudia Gomes Ferras Elaine Cristina Silva dos Santos Eliana Barbosa Maturano Gabriela Valdrigue Luís Claudio Santos da Silva Mariana Giordani Santos Torres Oliveira Maristela Della Barba Lopes da Silva Olga Regina Guedes de Sousa Santos Tamara Salomão Miamoto Vanda Cristina Machado Garcia Viviane de Cunto Fernandes Monitora Célia Maria Reis Casteleiro ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS FINAIS Coordenador Eduardo Fernando Francini Orientadoras Educacionais Maria Raquel Cintra de Campos Mônica Bayeux da Silva Assistente de Coordenação Patrícia Taubert Auxiliar de Coordenação Edson de Moura Inspetores Eduardo José da Silva Emerson Campanha Professores Alessandra Garcia Vieira Alex Marighetti Camila Koshiba Gonçalves Daniela Camargo Fernandes Felipe Antonio Nunes dos Santos Leal Gisele Aparecida da Costa Silva Guilherme Lazarini Ferreira Ivana Almeida Silva Marques Juan Carlos Ramirez Mondejar Jonas Borsetti Silva Santos Leandro Alcerito Antunes Roque 16
Neide Farias Paulo Rogerio de Oliveira Garrucho Roberta Los Reis Ponce Amieiro Roberta Tassinari Saraiva Silvia Torresani Christianini Salazar Thaís dos Santos Oliveira Veronica D Agostino Piqueira ENSINO MÉDIO Coordenador Carlos Alberto Sassi Junior Orientadora Educacional Maria Raquel Cintra de Campos Assistente de Coordenação Acidiniz Fonseca da Silva Auxiliar de Coordenação Reginaldo Soares Correia Professores Adriana Rodrigues De Paula Carolina Fernandez Achutti Danielle Capriolli Costa Silva Edson Rodolfo Silva Edson Yoshio Aihara Eduardo Orsolini Fernandes Eldimar Washington Barcellos Evelina Maria Chinaglia Navajas Gabriela Ramos Ribeiro Matins Giselle Fernandes James Ryo Kobayashi Jorge Luiz Assad de Mello Jose Marcelo de Oliveira Bussab Lázaro Divino Assunção Luciano Kenji Nakagawa Luís Carlos Pereira Márcio Raimundo Fernandes dos Anjos Marcos Cláudio Marcos Raphael Raimundo Pashoal Maura Bottcher Paulo Renato Minati Panzeri Renata Godoy de Jesus Renato Cintra Castilho Ricardo Pante Sergio Kocinas 17
Inspetores Everton Silva de Sousa Mario Jesus da Silva Washington Barbosa Porto 3o + Professores Clodoaldo Lessa Eder Rodrigues Pereira Jemusu Go Takano Marcos Hideaki Ono Raildo Silva de Alencar MIDDLE SCHOOL E HIGH SCHOOL Coordenadora Luiza Rodrigues Dutra Assistente de Coordenação Liliane de Santana Monitores Adam (pegar o nome com Dpto Pessoal) Adrian Chanel Clifton Daniela Mitsue Ono Herman Clifton III Marianne Ruth Silva Michael Adam Mcculley Sabrina Lynde Bohlen William Scott Cowie FULL-TIME Coordenadora Patrícia Christel B. Taubert Monitoras Ana Cristina Moreira Tocci Ana Christina Dantas Araújo Andrea Marques Fontoura Martins Denise Perez dos Santos Evelyn da Silva Lima Joseane Marques da Silva Luciane Riccotta Márcia Marzocchi Samantha Maria Alves Moraes Solange Maria Vieira Lopes 18
FITNESS Coordenador Fernando Gonçalves Andrezo Monitores Adriane De Souza Silva Romano (Inglês) Almyr Ferreira De Souza (Vôlei) Ana Maria Mendes Formiga (Inglês) Ana Paula Russo Wormser André Alex Vicente Rodrigues Andréa Correa Airoso (Natação) Carla Christina Andrade Lisboa Clayton Dourado Oliveira Cleiton Alves Mariano Denilson De Paula Machado Denise De Fatima Righi De Lima Fabiola Moraes De Lucca Gabriel Rocha Alves Gislaine Marta Mendes Alves Guilherme Assis De Siga Jader Cassio da Silva (Judô) Jéssica Vieira Ferreira João Victor Lacerda Souza Leandro da Silva Lima Leonardo Todeschini Sant´Ana Luiz Antonio Gonzaga Júnior Luiz Felipe Piasentin Rebouças Maysa Pereira Mundim Rebeca Israel da Silva Regis Trois de Avila Roberval Costa de Carvalho Vanessa Ramos Gazola Vitor Marciano de Souza Filho Vivian Cristina Fuentes Chambrone Wagner Tadashi Uchida Instrutores Tainá Francis Soares de Souza Thiago Da Silveira Nascimento Laboratorista Adriana Dubas Leal Konno 19
1.3. Nossa história O Colégio Magno/Mágico de Oz iniciou suas atividades no dia 31 de março de 1970, em uma unidade na rua Barão de Jaceguai, no Brooklin, por iniciativa das educadoras Dalva Veras Viégas e Myriam Tricate, mãe e filha, com a participação de Cláudio Tricate, então marido de Myriam. Com a ideia de uma educação renovada, focada na criança e em seu desenvolvimento integral, aberta ao brincar, às diferentes formas de expressão e à construção da autonomia das crianças, o projeto logo decolou. A Escola começou com apenas três alunas, entre elas, Cláudia Tricate, atual Diretora Pedagógica do Magno/Mágico de OZ e, ao final do primeiro ano, alcançou uma centena de meninos e meninas. Em pouco tempo, a Escola teria 500 alunos e se tornaria, ainda na década de 1970, uma das instituições de ensino de referência da capital paulista. Entre as décadas de 1980 e 1990, o Magno/Mágico de Oz chegou à sua configuração atual, como uma Escola para a vida inteira, atendendo crianças do berçário ao Ensino Médio. Ao longo dos seus 50 anos, o Colégio construiu uma identidade cultural em que permanece a orientação de construir um projeto de ensino que responda às demandas do mundo contemporâneo, sem ficar apenas voltado para o passado, de reconhecer a criança e o adolescente como sujeitos integrais, com diferentes talentos e torná-los capazes de construir seus próprios projetos de vida, num progressivo processo de conquista de autonomia. Essas características fizeram com que o Magno estivesse à frente de muitas inovações pedagógicas que marcaram a educação nas últimas décadas. A Escola foi pioneira na introdução do uso de computadores em sala de aula; no desenho de um projeto de educação integral de livre escolha do aluno, com dezenas de opções; na ênfase do trabalho sobre os esportes e sobre a música, na busca pela internacionalização do projeto de ensino, entre outras faces do trabalho educativo. Todos são traços presentes da Educação Infantil ao Ensino Médio, que só se aprofundaram ao longo da história da Escola. Veja, a seguir, alguns marcos desta evolução. 20
Marcos históricos Unidade Washington Luiz – 1976 1970 – Criação da Escola Introdução de computadores – 1983 1980 – Unidade Olavo Bilac 1985 – Unidade Sócrates Sistema Magno de Comunicação – 1993 1994 – Início do Full-Time Berçário Baby Oz – 1995 1996 – Entrada - Rede PEA-UNESCO Observatório Astronômico – 1997 1998 – Núcleo Ambiental Unidade Campo Belo – 1998 1998 – Criação do 3º + Espaço Vila Oz – 2005 2016 – Sistema MagLab Escola de referência Google – 2017 21
1.4. Nossos alunos Desde a sua fundação, o Colégio Magno/Mágico de Oz pretendeu ser uma Escola para a vida inteira, ou seja, que pudesse realizar todo o atendimento educacional previsto pela legislação brasileira: Berçário, Educação Infantil, Ensino Fundamental - Anos Iniciais, Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio. Tudo nos períodos regular e integral, com total apoio às famílias. Os alunos do Magno/Mágico de Oz são oriundos, em sua maioria, de famílias moradoras da região Sul de São Paulo, de classes socioeconômicas B e A, com pais que trabalham em empresas e/ou em empreendimentos próprios. Por isso, precisam que a Escola possa oferecer todo o suporte necessário, em um ambiente educativo, seguro e afetivo. Para atender às expectativas das famílias, o Colégio se estruturou como uma Escola completa e integral, com atendimento que vai além do tempo integral existente na maior parte das escolas. O Magno também oferece um curso preparatório para o vestibular, o 3º +, que conta com 600 horas a mais de aula na 3ª série do Ensino Médio e, por fim, uma complementação curricular que equipara o currículo brasileiro ao norte-americano. Os alunos ganham, assim, o direito da dupla titulação, em uma perspectiva de educação internacionalizada. O projeto pedagógico do Magno tem, por essência, preparar o aluno para todos os seus sonhos. A totalidade dos estudantes opta por buscar aprovação nos vestibulares das principais universidades brasileiras e, cada vez mais, também buscam experiências internacionais em universidades de alto nível do exterior. Hoje, o Magno tem alunos que seguem seus estudos universitários nas universidades públicas mais concorridas, como a USP, UNICAMP, UNESP, UFSCAR, bem como em instituições particulares de reconhecida qualidade, como PUC, FGV, Insper, Fei, Mauá, Senac, em todas as áreas, com um perfil muito diversificado de escolhas. Essa variedade de caminhos reflete, justamente, a liberdade e a autonomia construídas pelo Magno. Assim, formou-se uma comunidade harmônica e participativa. Atualmente, uma parcela importante de ex-alunos têm filhos matriculados na Escola, o que mostra o acerto do projeto educativo e a confiança depositada pelas famílias. 22
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1.5. Recursos e infraestrutura Nas escolas inovadoras, como o Magno se propõe a ser, a sala de aula é apenas um dos locais da aprendizagem. Existem diversos espaços interdisciplinares, em que os alunos aprendem de forma significativa, por meio da experiência, fazendo links entre a teoria e a prática, desenvolvendo procedimentos científicos, ampliando a percepção da realidade. O uso desses espaços rotineiramente é essencial no projeto pedagógico do Colégio Magno/Mágico de Oz, como nos relacionados à aprendizagem criativa. A rede MagLab é composta por um conjunto de ateliês reconfigurados, para que os alunos desenvolvam projetos que envolvem Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (dentro do conceito de Steam). São espaços makers, dotados de recursos como impressoras 3D, cortadoras a laser e ferramentas; são espaços interativos diversos, que tornam a educação uma experiência significativa, real, autoral e criativa. Há, até mesmo, um laboratório específico para o ensino de Matemática, o MatLab. O Laboratório de Mídias Sociais permite a produção de conteúdos digitais para web, alimentando canais como o Facebook e o YouTube. Da mesma forma, o Núcleo Ambiental e a Vila Oz são iniciativas diferenciadas da Escola que antecipam tendências e são, cada vez mais, importantes para o trabalho educativo do Mágico de Oz. Educadores e alunos também têm à disposição ambientes como Teatro (com som, luz e arquibancada), Sala de Música, Estúdio de Som, Salas de Projeção, Laboratório de Astrofísica e Conference Hall. Bibliotecas Cozinhas experimentais As bibliotecas do Magno/Mágico de Oz não são No Magno/Mágico de Oz há três cozinhas aqueles espaços cerimoniosos, quietos, como se experimentais completas, o que significa dizer que convencionou pensar das bibliotecas. São espaços há todos os equipamentos necessários para uma vivos de leitura, dinâmicos, promotores de projetos e aula: fogão, geladeira, utensílios de toda espécie e, até atividades de leitura e, por isso mesmo, frequentados mesmo, uma estrutura de espelhos, que permite aos pelos alunos com liberdade e interesse. alunos acompanhar tudo o que se faz nas bancadas. Além dos clássicos, regularmente são comprados Todas são utilizadas também em aulas de culinária. livros que frequentam o topo das listas dos mais Na verdade, cada vez mais a prática culinária é vendidos. Ao mesmo tempo, há disponíveis usada para trabalhos em todas as áreas, inclusive em assinaturas das revistas pedagógicas mais projetos interdisciplinares e formativos. importantes, dos títulos que interessam crianças e jovens e também dos principais jornais. São seis Há muitas outras possibilidades: em Matemática, bibliotecas voltadas para a Educação Infantil, o trabalhar com pesos e medidas, com frações e Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II formas; com produções em Inglês; a química e Ensino Médio, ou seja, com espaços e títulos dos alimentos em Química. Por isso, são espaços especializados conforme as etapas preferenciais educativos valorizados. de atendimento. Todo o acervo das bibliotecas do Magno pode ser consultado (e reservado) via Internet, pois foi sistematizado em um banco de dados integrado, como as mais modernas bibliotecas. 24
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Espaços artísticos e cênicos • piscina semiolímpica aquecida • ginásio poliesportivo Tão importantes quanto os espaços tecnológicos são • sala de ginástica e musculação os ambientes para o desenvolvimento de atividades • sala de dança artísticas. Em suas três Unidades, os alunos do • parede de escalada Magno/Mágico de Oz têm acesso a ateliês de arte, salas de balé e jazz, estúdio de som, sala de produção Laboratórios de Biologia, Física e audiovisual, entre outros recursos. Química Fitness Quando falamos em laboratórios, podemos pensar que já sabemos exatamente o que encontraremos O Magno conta com um fitness aparelhado e com por lá. Vêm à mente as pipetas, os microscópios profissionais capacitados. Entre as modalidades convencionais, etc. Mas, recomendamos sempre de exercícios disponíveis estão Musculação, aos educadores e alunos que ultrapassem essas Cardiovascular, Ginástica Funcional, Natação, ideias preconcebidas e conheçam todos os recursos Hidroginástica e diversas modalidades de atividades disponíveis em nossos laboratórios. O Magno/ físicas, como Alongamento, Supercircuito, Aerokids, Mágico de Oz tem uma tradição forte nesse Bike, Triatlhon e Corrida de Rua. Há equipamentos trabalho. Isso vale para os professores das disciplinas modernos como os que se encontram em fitness científicas, mas também para os educadores de profissionais. Diversos recursos são utilizados como todas as áreas. Mesmo quem não é especialista espaços de aprendizagem. É possível, por exemplo, pode utilizar esses espaços, pois em cada um deles imaginar aulas sobre o corpo humano, o aparelho há profissionais contratados para dar suporte ao cardiorrespiratório, a musculatura, ao mesmo tempo professor. em que se fala sobre a importância do exercício físico para a saúde. Laboratório de Astrofísica Novamente, os projetos transversais e Por que uma escola precisa ter um observatório interdisciplinares podem encontrar, num espaço astronômico? Não seria melhor perguntar: por inusitado, um ambiente muito mais estimulante do que uma escola, no século XXI, deixaria de ter um que apenas a sala de aula. recurso tão útil ao ensino como esse? Hortas sustentáveis e sistema de Desde que entrou em funcionamento, o Observatório biodigestão já permitiu a realização de centenas de estudos em todas as disciplinas, que vão da observação de Marte Nas Unidades Sócrates, Olavo Bilac e Campo Belo, ao estudo do mapa celeste inscrito na bandeira do os alunos dispõem de hortas que integram o sistema Brasil. de produção de biogás do Magno. Além de gerar alimentos para as cozinhas, as hortas permitem o Posteriormente, o Observatório Astronômico teve estudo de processos de desenvolvimento sustentável, seu espaço transformado, permitindo um conjunto já que recebem matéria de compostagem produzida mais amplo de atividades, e passou a ser chamado a partir das sobras dos restaurantes e processada em Laboratório de Astrofísica. tanques especiais. O telescópio não é, assim, o único instrumento do Complexo poliesportivo Observatório: os alunos têm acesso a astrolábio, lunetas e diversos instrumentos que fazem parte da O Magno/Mágico de Oz possui um dos maiores história da Astronomia. complexos esportivos das escolas de São Paulo, o Centro Integrado de Esportes e Educação do Magno. O CIEEM inclui, entre outros: 27
Núcleo Ambiental Rede MagLab Quem pensa em tecnologia, pensa em computadores, Uma minifazenda no coração de São Paulo, um mas não é só isso. Além dos próprios computadores laboratório a céu aberto. Há muitas maneiras de pessoais, há diversos outros recursos que podem se definir o Núcleo Ambiental e, também, de usufruir tornar instrumentos de grande importância para o desse espaço ímpar. professor, seja por ampliarem as possibilidades de pesquisa, seja por motivarem os alunos a partir de Em uma área de 572 metros quadrados, é possível mídias e linguagens que já fazem parte do cotidiano. encontrar animais grandes, como pônei, vaca, O Magno possui diferentes espaços de inovação: ovelhas; animais pequenos, como coelhos; e inúmeras laboratórios de informática, de robótica, espaço aves, como patos, marrecos, perus, galinhas de maker, dotado de impressora 3D e outros recursos que várias raças, entre outros. O Núcleo também abriga permitem aos alunos desenvolverem atividades que dezenas de árvores e plantas, temperos, horta, flores, unem o conhecimento conceitual à materialização parreiras, e um sistema hídrico, que inclui uma roda de projetos reais. Trata-se, na verdade, de uma rede d’água e um pequeno lago. integrada de espaços direcionados a uma educação não convencional, voltada para o aprendizado mão Trata-se de um local de observação e, sobretudo, na massa e para o desenvolvimento do pensamento de experimentação e criação. Em meio ao Núcleo criativo. há, por exemplo, um completo ateliê artístico, propositalmente integrado ao verde. Há, também, Vila Oz uma arena para a contação de histórias, concebida A Vila Oz foi concebida para que as crianças possam com o intuito de aproximar o contador e o ouvinte, vivenciar e representar simbolicamente a experiência estimulando a participação ativa e espontânea das de viver na cidade. No mercado, na casinha, na oficina crianças. mecânica, no lava-rápido, na padaria, na peixaria, no salão de beleza, no metrô, enfim, em todos os espaços O Núcleo permite o acompanhamento dos ciclos as crianças podem viver simbolicamente a experiência na natureza, do desenvolvimento dos animais, da da vida adulta. gestação dos mamíferos, incluindo o aleitamento. Isso implica realizar tarefas com autonomia, tomar Os alunos podem produzir alimentos como queijos, decisões, fantasiar, explorar o que imaginam ser a vida iogurtes, sucos e outros derivados de produtos dos adultos. No mercado, é possível aprender sobre da natureza, bem como realizar trabalhos sobre sustentabilidade e preservação ambiental, manejo de animais e acompanhar o trabalho de profissionais, como o veterinário. Os animais do Núcleo são renovados a cada dois anos, para que não fiquem confinados por muito tempo. Todos os bichos recebem alimentação adequada, orientada diariamente por profissionais. Há um veterinário responsável pela orientação de dois tratadores e pelo acompanhamento de todos os animais, que são vacinados e fazem exames clínicos sistematicamente. São muitas espécies que podem ser reconhecidas e até classificadas pelos alunos. Além dos animais que vivem no Núcleo, é grande o número de aves que aparecem à procura de frutas e insetos que se encontram no local. Lá, todos aprendem, sobretudo, que para respeitar o ambiente e desenvolver a ética da sustentabilidade, é preciso aprender muito sobre as maravilhas da natureza. 28
consumo, alimentação, fazer contas para o troco, escrever lista de compras. No mecânico e no posto, pode-se trabalhar relações, serviços e trânsito. E no Cabeloz, vê-se estética, beleza, hábitos urbanos e saúde. Os espaços, totalmente equipados para que as crianças extrapolem suas fantasias, são também flexíveis. Por exemplo, a clínica pode ser uma maternidade, uma clínica pediátrica, uma clínica veterinária ou até uma clínica oftalmológica. Todos os ambientes são minuciosamente planejados. No consultório de dentista há até a típica cadeira reclinável em que os pacientes são atendidos. A Vila Oz é continuamente repensada e ganha novas construções, como o Banco Oz e, mais recentemente, uma estação de metrô. Em cada contexto, tudo está preparado para que as crianças brinquem e dramatizem as situações típicas vividas nesses ambientes. Demais espaços diferenciados Além dos espaços diferenciados, laboratórios e bibliotecas, o Magno/Mágico de Oz entende todos os seus espaços como ambientes potencialmente educativos, e são estruturados para esse fim. Desse ponto de vista, por exemplo, merecem destaque: • Sala de Esgrima • Parque da Educação Infantil • Sala de Música • Parque do Ensino Fundamental • Laboratório de Mídias Sociais • Conference Hall • Sala de Xadrez • Salas ambiente do 3ª+ • Sala de Dança • Salas do High School • Sala dos Professores 29
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CAPÍTULO 2 NOSSAS DIRETRIZES PEDAGÓGICAS 2.a. Projeto Pedagógico O que é uma boa escola? Diante de tantas demandas, expectativas, projetos, mudanças, torna-se cada vez mais complexo definir o que é uma boa escola – aquilo que, em última instância, instituições como o Magno/Mágico de Oz querem ser. Mas, em vez de simplesmente elencar um conjunto de características, sempre importantes, podemos e devemos buscar o olhar daqueles a quem a escola serve: as famílias, ou seja, pais e alunos. Desse ponto de vida, uma boa escola é aquela que amplia nossas possibilidades de nos tornarmos adultos realizados e felizes, dentro das expectativas e dos sonhos de cada um. Isso significa dizer que a boa escola busca a melhor correlação entre excelência acadêmica e formação humana integral. Excelência acadêmica implica dar valor ao conhecimento, formar cidadãos que valorizem a ciência, a cultura, o saber, que dominem um conjunto de conhecimentos essenciais para que sigam as suas vidas nas universidades que escolherem, nos projetos que construíram. Formação integral significa entender que crianças e jovens não são apenas cabeças, mas corpos, mãos, corações, desejos, mistérios. A escola precisa educar pessoas mais completas, para que consigam se colocar no mundo e viver suas interioridades com mais recursos, mais formas de compreensão de si e do outro, mais formas de expressão e de posicionamento para além do mundo científico, lógico e matemático. Para isso, são essenciais os esportes, as artes, a música e tantas outras atividades que precisam encontrar espaço real no currículo de uma boa escola. Mas, também, essas dimensões não esgotam a busca de uma boa escola, há um outro âmbito que perpassa todos os demais: os valores. Uma boa escola trabalha, com a família, para o desenvolvimento de um conjunto de valores humanistas universais, como o respeito mútuo, a honestidade, a valorização da diversidade, a repulsa a todas as formas de preconceito, a ética sustentável, entre diversos outros. Esse é um trabalho cotidiano, realizado sempre em parceria com os pais. Cada dia em uma boa escola é uma experiência formativa, que pode e deve ser diferente do dia anterior. Por isso, é imprescindível que esse espaço de desenvolvimento coletivo seja inevitavelmente marcado pela confiança e pela transparência nas relações humanas. E é assim, num dia após o outro, que se constrói um ser humano mais completo, capaz de realizações no campo acadêmico, balizado pela ética, atento ao outro, comprometido com o mundo, capaz de cuidar de si, com autonomia, no plano da saúde, das interações com o outro, do afeto, do ambiente no qual está inserido. Essa não é uma tarefa que tem começo e fim. Assim como as pessoas, escolas são obras sempre em processo, em aprimoramento, e ter essa consciência e essa humildade é uma condição sine qua non de bons projetos educativos. Da mesma forma, precisamos saber que formar pessoas assim não é tarefa para um único profissional, o professor, mas, sim, como diz um ditado africano, “requer toda uma aldeia”. Os pais precisam estar presentes, os educadores precisam estar conscientes de que seu papel vai além do ensino de sua disciplina, a comunidade precisa agir como tal. Esse consenso dos valores importantes deve fazer parte desde a escolha da escola, aquele momento em que pela primeira vez pais, alunos e escola conversam para decidir se, afinal, aquela é a melhor escolha. É preciso clareza, sinceridade e vontade de pensar no futuro de uma forma mais ampla e corajosa. Não basta saber se, ao final de tantos anos, os alunos irão bem no ENEM e na universidade. É preciso saber, sobretudo, o que ocorrerá até chegarem lá. Serão boas pessoas, capazes de seguirem a vida com equilíbrio e confiança? Serão bons seres humanos, capazes de viver em comunidade e contribuir para a construção do mundo? Serão indivíduos que se aceitam, conhecem seus potenciais e sabem o que lhes traz realização e alegria? Se a resposta para essas perguntas for “sim, faremos isso juntos”, pronto, aqui podemos dizer, de fato, que encontramos uma boa escola. Cláudia Tricate Diretora Pedagógica 31
2.b. Projeto Pedagógico Finalmente, o PPP não é um documento de gestão, e, portanto, imposto, mas um texto construído a partir O que é um Projeto Político- de reflexões internas da equipe pedagógica, dos Pedagógico? coordenadores e professores, bem como da escuta atenta da comunidade de alunos e pais, manifestada Ao completar 50 anos, o Colégio Magno/Mágico em reuniões, diálogos e em toda a vida cotidiana de Oz tem a alegria de compartilhar com a sua escolar. Por isso, a adesão a este projeto está desde comunidade seu projeto político-pedagógico, logo definida, pois ele nasce do que a Escola já documento que reflete os princípios e as convicções realiza e aponta para onde queremos chegar. Trata- pedagógicas desta instituição. São as grandes linhas se, assim, de um documento de diálogo e troca entre mestras das quais decorrem as escolhas pedagógicas a comunidade educativa e as famílias. cotidianas, que representam as ações educativas. Procuramos construir um documento que cumpra Chama-se Projeto, porque é ação projetada no sua função de comunicar com clareza os nossos tempo: irá orientar nossas ações no futuro a curto, caminhos a todos os que compartilham deste médio e longo prazo, ainda que seja um instrumento projeto. Afinal, o Magno/Mágico de Oz fez 50 anos em permanente construção. com toda a energia para continuar a fazer parte da construção do futuro, responsabilidade que cabe a É um Projeto Político, porque esta Escola não cada um de nós. Para esta Escola, o futuro nunca forma apenas indivíduos, mas cidadãos plenos e foi um sonho, mas um projeto que devemos realizar participantes da sociedade e de seu próprio tempo juntos. histórico, conscientes de sua responsabilidade comunitária e de seu poder de transformação social. 2.c. Projeto Pedagógico Um projeto educativo é sempre coletivo no plano familiar e social. Nossos valores institucionais Por fim, trata-se de um Projeto Político-Pedagógico, Ao longo dos últimos anos, o Magno/Mágico porque assim circunscreve o seu campo de trabalho: a de Oz investiu na definição de um conjunto de educação e, em especial, a educação na sua perspectiva valores institucionais que, embora acompanhassem integral, que inclui as dimensões acadêmica, social, o desenvolvimento da Escola desde há muito socioemocional, ética e moral, física, estética – todas tempo, precisavam ser escritos e reconhecidos pela inseparáveis do desenvolvimento humano. comunidade. É importante que se compreenda, também, que o Foram realizadas reuniões em âmbito de gestão, PPP não se trata de um estudo teórico e idealizado. atividades coletivas com professores e colaboradores, É um documento de identidade da Escola, no bem como realizado um esforço de comunicação qual se declaram e se compartilham as convicções junto às famílias. Assim, este Projeto Político- pedagógicas, os propósitos que alicerçam seu fazer Pedagógico assume como sua base oito valores que pedagógico, seus objetivos e as evidências que o Colégio Magno/Mágico de Oz considera centrais balizam as ações. em sua ação pedagógica, bem como no conjunto das dimensões escolares, como administrativa- Tampouco, o PPP não é uma constituição imutável, financeira, logística, de tecnologia, manutenção e mas um texto vivo, submetido diariamente ao estrutura, entre outras. questionamento da realidade, flexível às inovações, aos avanços científicos, às demandas sociais, às inspirações pedagógicas. Está, portanto, em permanente desenvolvimento. 32
O Magno define-se como uma Escola: em que os próprios conceitos de trabalho estão em transformação, é essencial preparar os alunos para • Internacional, na medida em que trabalha pelos empreenderem em suas próprias vidas. princípios da cidadania global e fortalece, em seu currículo, o aprendizado de outros idiomas e 2.d. Nossas competências essenciais culturas, além de buscar conexões com realidades Embora tenha sempre procurado construir um educativas de outros países. Esse projeto encontra projeto aberto, que extrapolasse o currículo sua maior expressão na parceria com a Mizzou tradicional e os formatos estabelecidos, o Magno/ University, que permite a dupla titulação dos alunos Mágico de Oz sempre foi rigoroso ao seguir, em no Ensino Médio. todos os âmbitos, as orientações da legislação vigente. Assim, prontamente se preparou para seguir • Integral, porque acredita que a educação jamais a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na pode se restringir ao aspecto acadêmico. O ser Educação Infantil e no Ensino Fundamental, dentro humano reflete sempre a interação entre suas formas dos prazos estabelecidos. No entanto, da mesma de expressão na sociedade, no desenvolvimento do forma, o Colégio também nunca abriu mão das corpo e da mente, no uso de todas as linguagens características centrais e definidoras do seu projeto como forma de estar no mundo e dele participar. pedagógico que, afinal de contas, representam a sua própria identidade institucional. • Academicamente forte, pois a Escola tem por princípio de existência garantir às novas gerações Essa introdução é necessária para apresentar uma o acesso aos saberes historicamente constituídos, das inovações propostas pela BNCC, a definição como herança civilizatória a ser ampliada, e permitir de um conjunto de 10 competências básicas, que a realização de seus projetos de vida, na universidade, devem permear o currículo, a saber: quaisquer que sejam suas escolhas. • Conhecimento; • Inovadora, por buscar sistematicamente conhecer os avanços da ciência, da tecnologia e da pedagogia • Pensamento científico, crítico e criativo; para incorporar ao seu projeto educativo, em todas as frentes da inovação, seja no que se refere às • Repertório cultural; concepções, às metodologias ou ao uso de novos recursos. • Comunicação; • Acolhedora e individualizada, porque este • Cultura digital; sempre foi o DNA do Magno/Mágico de Oz: receber e conhecer individualmente cada aluno e • Trabalho e projeto de vida; sua família, compreendê-los e trabalhar com eles, da melhor forma possível, em suas especificidades. • Argumentação; • Sustentável e socialmente responsável, • Autoconhecimento e autocuidado; porque ser sustentável é mais do que uma postura pedagógica, é uma atitude consciente de cuidar da • Empatia e cooperação; herança que os adultos de hoje deixarão para as novas gerações, na casa comum chamada Terra. • Responsabilidade e cidadania. • Empreendedora, por fim, pois o princípio do empreendedorismo é fortalecido pelas novas características da economia criativa. Em um mundo 33
O Magno/Mágico de Oz procurou concretizar Comunicação: a competência da comunicação o encontro das competências explicitadas no mostra-se cada vez mais importante. Desde o início, documento da BNCC, com as competências que foi uma das competências mais valorizadas no estruturam sua própria visão de educação. Dessa projeto pedagógico da Escola, presente nas diversas maneira, o Projeto Político-Pedagógico do Magno oportunidades em que os alunos precisam defender assume como essenciais em sua proposta e, portanto, suas ideias ou fazer apresentações públicas, com contempladas em todas as suas ações educativas, as ênfase na produção textual e em outras formas de competências: expressão. Apreço à cultura e ao conhecimento: o Magno Cultura digital: os alunos nasceram e cresceram acredita que uma das funções essenciais da Educação sob o signo do digital. Porém, a cultura digital não é formar novas gerações que valorizem o saber, se constrói apenas a partir da experiência autônoma saibam reconhecer beleza na produção intelectual e do usuário. É preciso desenvolver competências, acreditem no processo de aprendizagem como algo como o pensamento computacional, linguagens, que compete a todos, ao longo de toda a vida. como a da programação, bem como o sentido de ética necessário para um mundo marcado cada vez Pensamento crítico, científico e criativo: é mais pela tecnologia. preciso aprender a pensar. Na Escola, nas aulas, nos projetos e nas demais atividades educativas, Cidadania global: por fim, todas as competências os alunos precisam aprender a pensar de forma anteriores levam à concepção de uma nova ideia de crítica e questionadora. Devem, também, conhecer cidadania, preconizada pela UNESCO. Somos todos as características do pensamento lógico, ou seja, habitantes de uma casa comum, o planeta Terra, e as formas de inquirir a realidade e construir novos corresponsáveis pelo legado que deixaremos para conhecimentos a partir dos marcos do saber seus futuros moradores. Este sentido de cidadania científico, com método e racionalidade. Por fim, compõe-se de valores, atitudes e competências devem ser capazes de imaginar, extrapolar, transitar que as novas gerações precisam desenvolver para entre áreas para produzir soluções inovadoras e serem capazes de pensar globalmente, a fim de agir criativas. localmente. Cooperação e trabalho coletivo: o mundo do século XXI é o mundo das redes, das conexões, da produção coletiva do conhecimento e da colaboração. A Escola é um espaço privilegiado para que os alunos aprendam a compreender e a valorizar a diversidade como caminho para a construção de um olhar mais amplo e empático sobre o mundo e seus desafios. Autonomia e construção de projeto de vida: desde os primeiros anos da Educação Infantil, a construção da autonomia dos alunos é um dos eixos centrais do trabalho pedagógico do Magno. Para a Escola, educar é sempre educar para a autonomia, uma competência essencial, que possibilita a construção de projetos sólidos de vida. 34
2.1. O Magno e seus valores Quando escola e família se encontram, trazem uma bagagem que precisa ser compartilhada a favor do 2.1.a. Educação em valores desenvolvimento do filho, que agora também é aluno. Para a família, entre todos os alunos, aquele A Declaração de Valores da “um”, o seu filho, é o que importa. Por outro lado, Escola mesmo interagindo com uma grande quantidade de alunos ao mesmo tempo, a capacidade de responder Educar é uma missão complexa, e o fato de a escola individualmente aos pais precisa estar entre as ser a instituição especializada em fazer esse trabalho competências e valores de qualquer escola. não diminui tal complexidade. Num mundo em acelerada transformação, a escola assume o desafio À medida que declara para a família quais são os de compartilhar a busca por respostas ou, pelo princípios que orientam seu trabalho, a escola menos, por horizontes. Para tudo isso, as ferramentas auxilia a família nessa escolha e em sua permanência que possui são os saberes, os valores e a convivência ao longo do tempo. Na verdade, as famílias em grupo. prezam e praticam seus próprios valores, mas sua explicitação não é uma condição sine qua non para o Trata-se de um processo que, necessariamente, relacionamento familiar. pressupõe a participação da família. Compartilhar com a instituição educacional a responsabilidade de Já para a instituição educacional, é fundamental educar os filhos traz diversos caminhos educativos que tais princípios sejam declarados, pela grande que a família ou a escola sozinhas não teriam como diversidade de alunos e famílias envolvidas. A construir. No entanto, é inegável que esse encontro importância da comunicação com os pais reside, de perspectivas produz uma série de pontos de então, no fato de assegurar que os valores praticados reflexão e, às vezes, de conflito. estejam em comum acordo, assim como deve existir um consenso mínimo viável para a construção do Um dos motivos para que isso aconteça é que horizonte de desenvolvimento dos jovens. o trabalho educativo conjunto entre a família e a escola se faz no presente, ao longo de anos, Qualquer relação de parceria depende, em grande vislumbrando, também, o futuro, um futuro que nós medida, da qualidade com que as partes estabelecem não conhecemos. Educar, portanto, é sempre uma sua comunicação. Por isso, é fundamental alinhar as aposta que se baseia em informações, percepções, expectativas sempre que necessário, pois, embora diálogo e conhecimento de mundo. a escola e a família tenham o mesmo objetivo, nessa cooperação de longa duração, o trabalho O primeiro núcleo social de um indivíduo é a educacional apresenta muitas nuances na forma de família, que garante o necessário para a sua vida e termos, processos, atividades, métodos, que exigem o seu bem-estar. A família é, também, quem decide contínua revisão e aprimoramento da comunicação. qual instituição escolar pode ser a mais adequada para a educação dos filhos. Trata-se de uma escolha O filho/aluno é quem se beneficia de uma parceria feita com base em critérios que variam de família constituída dessa forma. A esse filho/aluno para família. E, cada vez mais, o conceito de família chegam comunicações em grande quantidade, abrange uma diversidade de modos de ser, pensar e cotidianamente, de ambas as instituições, tanto da agir, que conformam um conjunto de características família quanto da escola. Se quisermos potencializar que o aluno leva consigo. seu efeito para o melhor desenvolvimento do aluno, precisamos todos falar a mesma língua, em termos Essa diversidade é intrínseca ao ambiente escolar, e de regras, rotinas e necessidades específicas. a escola deve acolher, integrar, organizar e orientar todas essas visões de mundo. Quaisquer que sejam Assim, nessa tarefa em parceria, a escola e a família os critérios em que se pautem a escolha da família, é precisam retomar sempre a conversa de início: uma decisão que gera expectativas quanto ao modo que indivíduo, que pessoa, que cidadão queremos de trabalho da instituição escolar e aos valores que entregar para o mundo? Além disso, todos os direcionam essa ação. 35
atores envolvidos precisam se comunicar intensa e pois o cognitivo é indissociável do mundo do corpo continuamente a esse respeito. Há um vasto conjunto e das relações com objetos e pessoas. de valores envolvidos, mas um deles se sobressai no Essa dimensão estará sempre presente, nos mais projeto pedagógico do Magno: a autonomia. diferentes momentos e idades: arrumar o próprio material escolar, cuidar de uma rotina de estudos, Um jovem autônomo é capaz de enfrentar desafios, pentear os cabelos, escovar os dentes, sair sozinho ou seja, resolver problemas de diversas ordens, com os amigos, dormir fora de casa, administrar abandonando, paulatinamente, as fórmulas e uma mesada. Cada uma delas representa um avanço respostas prontas, que muitas vezes são úteis como em direção à formação da individualidade e da ferramentas de aprendizagem. Um jovem autônomo capacidade de cada um cuidar de si. também é aquele que desenvolveu as habilidades Estimular os alunos a construírem esses aspectos da necessárias para se relacionar em sociedade e no autonomia é papel da escola e deve ser executado de mundo do trabalho, para além do ninho familiar e forma consciente, constante e intencional, desde o dos muros da escola. início da Educação Infantil, e terá repercussões tanto na vida acadêmica como na vida social e cotidiana. Esse jovem, portador de uma série de saberes, Seres humanos autônomos, protagonistas, que valores e habilidades, se torna um indivíduo capaz resolvem problemas, começam a ser formados na de contribuir para a sociedade e, ao mesmo tempo, infância. realizar-se pessoalmente e profissionalmente. Mas há outra dimensão da autonomia, que está na origem da palavra e não pode ser esquecida: 2.1.b. Educação em valores trata-se da autonomia moral. A anomia refere-se à criança pequena, que não tem qualquer espécie de A construção da autonomia autorregulação de conduta. A heteronomia designa a obediência a normas externas. A autonomia No século XXI, ainda há quem acredite que o representa a condição de indivíduos conscientes ambiente escolar tem como objetivo principal das regras, que escolhem respeitá-las ou contestá- o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Seria, las, movidos por valores internalizados. Nessa desta forma, um cenário ideal para que as crianças perspectiva, a autonomia moral representa a pudessem desenvolver seu intelecto, o que garantiria construção paulatina de atitudes e valores morais a elas um lugar privilegiado, quando fora dos muros compatíveis e regulados ao contexto social em que da escola. Mas, esta é uma visão equivocada sobre o está inserido. papel da escola, que é bem mais amplo. O espaço e o Uma atitude moral não depende da aquisição de tempo escolar contribuem com o desenvolvimento regras e princípios morais, mas, sim, de valores moral de seus alunos e de todos aqueles que morais, ou seja, das ligações afetivas estabelecidas compartilham do ambiente escolar, influenciando com o outro. Uma criança entra em contato com a a forma com que se relacionam e resolvem seus moral por meio das regras sociais e, assim, descobre conflitos. que algumas coisas podem ser feitas e outras não. É O desenvolvimento da autonomia deve estar presente justamente essa distinção que faz despertar aquilo nos projetos político-pedagógicos das instituições que conhecemos como senso moral. de ensino de forma tão ou mais relevante do que Assim, o papel da escola é fazer com que a criança o ensino de Matemática ou de Língua Portuguesa. compreenda a distinção entre obediência e crescimento. É importante pensar nas diferentes dimensões da Na escola, trabalha-se dessa forma a cooperação. É no ideia de autonomia, especialmente porque há uma ambiente escolar que se desenvolve a autorregulação estreita ligação com o campo da ética e da moral. moral e intelectual, em uma perspectiva pedagógica, Uma primeira dimensão é a do autocuidado provocando os alunos a buscarem respostas em um e da capacidade de tomar conta de si, que é papel absolutamente ativo. particularmente importante para as crianças Juntamente com a família, a escola é o terreno mais bem pequenas. Cada conquista, como o sentar, o fértil e apropriado para que esse exercício diário seja engatinhar, o andar, o comer sozinho, representa estabelecido com delicadeza, paciência e sabedoria. uma nova plataforma de desenvolvimento global, 36
2.1.c. Responsabilidade social atendidos em casas de acolhimento, e desenvolvem diversos projetos ao longo do ano, que podem ser a Ação social, formação recuperação de uma biblioteca, a produção de roupas transformadora e brinquedos, ou a celebração do Dia das Crianças, da Páscoa e outras datas das quais, normalmente, Produzir milhares de máscaras em série para essas pessoas são privadas. distribuir em asilos, colocar na web, em poucos dias, um marketplace para que uma comunidade O outro campo de intervenção social do qual o indígena pudesse vender seu artesanato e continuar Magno/Mágico de Oz participa intensamente é a sobrevivendo, promover um jogo de futebol com Rede de Escolas Associadas da UNESCO no Brasil refugiados, atuar na recuperação de um córrego (PEA-UNESCO). poluído, produzir inovações que melhorem a qualidade de vida de idosos. A imensa diversidade de Essa rede representa o braço da UNESCO nas ações sociais que acontecem no Magno regularmente escolas de educação básica de todo o mundo. Criada têm um eixo condutor: o princípio de que todo em 1953, a Rede PEA-UNESCO une quase 12 processo educativo deve servir, em última instância, mil escolas de 190 países em torno de princípios à transformação da sociedade em que vivemos. difundidos pela UNESCO, entre eles o de construir a cultura da paz, promover a educação para o O Magno foi uma das primeiras escolas de São desenvolvimento sustentável e formar gerações Paulo a incluir, no histórico escolar do aluno, suas conscientes de seu papel como protagonistas de experiências em projetos sociais e comunitários. No uma cidadania global. Brasil, essa é uma cultura ainda incipiente, diante do que ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos, onde Uma escola associada da UNESCO se caracteriza o engajamento no chamado serviço social é um dos como um laboratório de ideias, que promove novas critérios de admissão nas universidades. abordagens de ensino e aprendizagem baseadas nos valores e nas prioridades da UNESCO. Apresenta- Atuar em projetos de intervenção social não é apenas se, também, como um polo de formação e uma forma de manifestação de solidariedade ou de aprendizagem colaborativa, permitindo aos diretores espírito filantrópico, vai muito além disso. Por um das escolas, professores, estudantes e à comunidade lado, trata-se de implicar, comprometer, desenvolver escolar integrar os valores da UNESCO e se tornar o sentido de responsabilidade social dos alunos diante modelos em sua comunidade. de outros seres humanos que precisam de apoio. Por outro, é um caminho especialmente importante para As produções realizadas pela Escola dentro a construção das chamadas competências sociais, dos princípios desse trabalho são apresentadas como a empatia, a resolução de problemas reais, o anualmente na Mostra UNESCO, com centenas trabalho cooperativo, a resiliência, entre outros. de produções dos alunos e conta com a presença maciça da comunidade. Há um Grupo de Trabalho No Magno, a ação social desenvolve-se em dois permanente, constituído por coordenadores, programas principais: no Projeto de Voluntariado professores e outros colaboradores para desenvolver Educativo “E Eu com Isso?” e na participação da as estratégias de trabalho, envolvendo todas as Rede de Escolas Associadas da UNESCO. etapas de ensino e todos os setores da instituição. O Projeto “E Eu com Isso?” é regularmente Além disso, a Escola vem participando de viagens desenvolvidoporalunos,professoresecolaboradores, pedagógicas a outros países e de encontros em conjunto com entidades assistenciais escolhidas. Em visitas semanais, os participantes conhecem e tecem relações com idosos, crianças e adolescentes 37
promovidos pela ONU e pela UNESCO, enviando É muito importante que, ainda no tempo da alunos e educadores para representar o Magno/ Educação Básica, os alunos pensem sobre o próprio Mágico de Oz e o Brasil. futuro, aprendam a reconhecer suas habilidades mais naturais, a desenvolver aptidões que ainda não O Magno/Mágico de Oz não apenas integra possuam, tendo em vista um propósito de vida. ativamente a rede, como tem na sua diretora-geral, Isso requer compreensão da realidade mundial, desde 2007, a Coordenadora Nacional da Rede autoconhecimento, planejamento a longo prazo PEA-UNESCO no Brasil. e o desenvolvimento de competências, como a capacidade de adiar gratificações, tal como num Embora existam esses dois eixos centrais, os esforço necessário no momento presente, que apenas projetos de caráter social também se materializam em um tempo futuro trará o retorno esperado. no programa de viagens internacionais, em ações realizadas em diferentes disciplinas, em projetos de Como é possível desenvolver tais atitudes com inovação e outras áreas. Um exemplo recente é a crianças e adolescentes? Em primeiro lugar, viagem de um grupo de jovens alunos aos Estados promovendo um ambiente no qual os alunos Unidos, em um programa que incluiu o célebre MIT efetivamente se tornem protagonistas nos projetos e a escola inovadora Nuvu, no qual os adolescente que desenvolvem, por exemplo, na organização de construíram aplicativos e outros dispositivos para uma mostra de conhecimentos, em projetos de ação melhorar a qualidade de vida de idosos. Trata-se social ou na realização de propostas colaborativas. de uma forma exemplar, no âmbito pedagógico, de pensar localmente e agir globalmente – a síntese da No entanto, é possível ainda ir além: na sociedade cidadania planetária que hoje está sendo construída. do século XXI, a escola pode também se pensar como o ambiente para nutrir sonhos e competências 2.1.d. Protagonismo empreendedoras, o ambiente para se pensar sobre a transformação do emprego e do trabalho, o Aprendendo a construir desaparecimento de ocupações e o surgimento de projetos de vida novas profissões, as mudanças do ensino superior, as tendências da inovação exponencial que podem A escola não é um fim em si mesma. É um meio para dar efeito ampliado à ação de indivíduos. a humanidade, para a sociedade, para o indivíduo. É a instituição responsável por reunir, atribuir valor e O Magno vem trilhando esse caminho para que seus democratizar o acesso ao conhecimento construído alunos sejam protagonistas de seus destinos, em um pela civilização – tem uma missão, por assim dizer, tempo em que as incertezas também representam civilizatória. A escola também representa um oportunidades: realizando eventos como bootcamps, elemento de coesão social, pois consolida e organiza que reúnem jovens para que aprendam a criar seus as demais instituições, e prepara os indivíduos para próprios empreendimentos digitais, promovendo o exercício da cidadania, para a vida coletiva, para experiências transformadoras no Brasil e em viagens a compreensão da importância do saber como um ao exterior. Os alunos deixam o lugar de estudantes, bem comum. para entenderem seus papéis transformadores. Mas, não podemos nos esquecer, também, de que A escola é o lugar em que as pessoas devem aprender a instituição de ensino deve representar, para as que sonhos fazem parte da realidade, desde que novas gerações, o tempo de construção de futuros. se tornem ações organizadas e conscientes, e que Tão importante quanto aprender sobre as ciências, o futuro é uma construção da qual não podemos desenvolver valores é se tornar capaz de se inserir deixar de fazer parte. no mundo como autor e protagonista: isso é bem mais do que entrar na universidade. 38
2.2. O Magno e a educação integral nos diferentes espaços de criação da Escola – os laboratórios maker, os ateliês, a orquestra, os treinos 2.2.a. Tempo integral esportivos, o teatro, o coral e outras possibilidades formativas. Uma escola para todos e para cada um Nas modalidades de Tempo Integral, esse conceito ampliado de educação acontece de forma regular e A ideia de uma escola integral não é recente na estruturada. Educação, ela está presente desde sua origem e encontrou sua expressão completa ao longo do Na Educação Infantil, chama-se Total Care (para século XX, como no movimento da Escola Nova, e bebês) e Integral (para pré-escola). No Ensino em autores como John Dewey, Anísio Teixeira, entre Fundamental, recebe o nome de Full-Time. Aqui, tantos outros. Uma educação integral diz respeito a o princípio de educação integral alcança a sua uma visão única e inteira do ser humano: quando expressão máxima de forma lúdica e envolvente. vem à escola, uma criança não chega apenas com Trata-se de um tempo dedicado ao aprimoramento uma mente para aprender conteúdos disciplinares. individual e coletivo, tanto no campo acadêmico Vem com seu corpo, com seus ouvidos, seus olhos, como nos esportes, nas artes, na música, na suas mãos, sua sensibilidade, seus desejos, sua tecnologia ou na gastronomia. vontade de brincar, fazer amigos, viver experiências novas, correr, saltar. No Total Care e no Integral, as atividades de artes, esportes, música e outras são equilibradas com os O progresso recente das ciências cognitivas, cuidados necessários no trabalho com as crianças entre elas as neurociências, vem mostrando que pequenas, o que inclui o tempo de sono e banho, todos somos capazes de desenvolver diferentes por exemplo. modalidades de inteligência, como provou Howard Gardner. A escola é, por excelência, um espaço Já a matriz curricular diária do Full-Time é composta de desenvolvimento integral, que precisa prover por quatro tempos vespertinos, sendo dois, oportunidades aos alunos em todos os campos. obrigatoriamente, dedicados ao estudo assistido. Nesse período, os alunos fazem suas lições de casa Desde o surgimento do Magno/Mágico de Oz, esse e podem tirar dúvidas com professores especialistas. princípio esteve presente. A Educação Integral faz parte do DNA do projeto educativo do Magno/ Cumprido o tempo de estudo, cada aluno pode Mágico de Oz, isso significa propor uma educação escolher atividades em um menu com mais de 30 que abra espaço para que todos desenvolvam seus opções, todas ofertadas com programas próprios, talentos, construam seus caminhos e se aprimorem infraestrutura avançada e profissionais de alto nível. em qualquer dimensão humana. São desde atletas e ex-atletas de destaque, inclusive internacional, a profissionais reconhecidos em Essa proposta não está restrita aos modelos de seus campos de atuação, como pesquisadores e ensino em tempo integral, embora neles encontre especialistas. sua principal expressão. No Magno/Mágico de Oz, a formação artística, esportiva, musical, cognitiva faz Por conta dessas características, o Full-Time parte do cotidiano dos alunos, que podem construir também acaba por suprir experiências que crianças um currículo mais amplo do que o das disciplinas da e adolescentes perderam no mundo atual, é o caso, matriz regular. São atividades formais ou oferecidas por exemplo, de aprender a andar de bike, praticar em caráter informal, obrigatórias ou eletivas, que canoagem ou escalar. promovem o desenvolvimento de aprendizagens que extrapolam o trabalho curricular em sala de Em todas as opções, é um tempo para o criar, o aula. É o caso, por exemplo, de tudo o que acontece pensar, o fazer e o conviver, em que competências socioemocionais também são desenvolvidas 39
nas práticas coletivas e individuais. Por tudo No decorrer dos anos, a Escola identificou a riqueza isso, o Integral e o Full-Time devem ser vistos dos elementos constitutivos dos processos de como oportunidades de desenvolvimento, hoje formação cultural de valores pessoais, reconhecendo aproveitadas pela maioria das famílias do Colégio. o campo como importante objeto de conhecimento e estudo, incluindo-o como conteúdo de diferentes O sistema é aberto, e os alunos podem optar por áreas (expressivas e de conhecimento geral), em seu frequentar apenas determinados dias ou cursos (no currículo regular e complementar. caso do Full-Time). Isso possibilita a todos os alunos do Colégio Magno uma grande abertura curricular e A cultura constitui um excelente campo de pesquisa uma nova perspectiva de formação. e aprendizado sobre a nossa história, nossas tradições e, sobretudo, sobre a nossa identidade. Por 2.2.b. Nossa visão de arte e cultura exemplo, quando nossos alunos criam projetos maker a partir de padrões indígenas; ou se trabalhamos Arte e cultura como caminhos com o cordel nas aulas de Literatura, vamos a para a cidadania plena uma exposição de artistas como Cildo Meireles ou Portinari; ou apresentamos um repertório musical Na educação contemporânea, tão pressionada específico ao estudante, como o canto das lavadeiras por lógicas de resultado e entrega, poucas escolas do Nordeste do Brasil. Assim, estamos trabalhando conseguem preservar em seu currículo o tempo, o com a ampliação das referências multiculturais pensamento e a ação cultural. No entanto, à medida pertinentes ao país no qual vivemos. que o mesmo mundo cobra desempenho, espera também receber cidadãos criativos, com repertório No caso da música, trata-se não somente do amplo, flexíveis, sensíveis, multiculturais, o que fica trabalho com a linguagem musical – o canto, os evidente que sem arte e cultura, as escolas pouco instrumentos, a estrutura melódica e harmônica, têm a oferecer. mas do conhecimento de todo o contexto histórico- cultural em que essa música foi concebida. Isso O conceito de cultura advém da antropologia e possui também promove o sentimento de pertencimento e várias acepções. Porém, a mais comum é a formulada de apropriação, de empatia. por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as A partir do trabalho com pesquisas e referências crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos de diferentes culturas, a diversidade cultural é outra os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo marca importante que possibilita ampliar a visão de homem como membro da sociedade”. mundo dos nossos alunos. Partindo de um recorte de uma manifestação artística característica de uma Quando indicamos que a cultura é um complexo determinada região do Brasil ou do mundo, podemos de ideias e ações promovidas pelos indivíduos conhecer os costumes e tradições, as danças típicas, numa sociedade, é fundamental entendermos o vestuário, os rituais, a língua falada, a localização que esse processo é dinâmico, está em constante geográfica e o modus vivendi do habitat. No campo transformação, e toda e qualquer pessoa está incluída da música, isso possibilita que os estudantes se nessa trama. Ou seja, somos sujeitos protagonistas aproximem das sonoridades musicais de diferentes da nossa história, promotores da nossa própria povos. cultura. A cultura popular representa um excelente campo Historicamente, as escolas reconheciam a cultura de experiências de aprendizagens em diferentes como uma expressão relacionada às datas festivas áreas, porém, é na música e dança que encontramos, do calendário nacional e religioso, com ênfase nas talvez, sua maior expressão coletiva, constituindo comemorações pontuais e circunscritas àquele excelente campo de pesquisa dos conteúdos das período, por exemplo, Carnaval, Dia do Índio, festa diversas linguagens. junina. 40
As manifestações culturais e datas comemorativas 2.2.c. Educação para a sustentabilidade significativas (bumba meu boi, capoeira, Carnaval) são trabalhadas durante todo o ano letivo, de acordo Por uma Escola mais com o viés e interesse do ensino e da aprendizagem. sustentável Da mesma forma, parlendas e brincadeiras cantadas ainda encantam as crianças das séries iniciais, que O que uma horta suspensa, a piscina aquecida, a água estão em processo de alfabetização e letramento. dos chuveiros e restos de comida têm em comum? A pergunta pode parecer um tanto inusitada. Mas, Os estudantes do Magno/Mágico de Oz têm no projeto pedagógico do Colégio Magno/Mágico a possibilidade de conhecer e trabalhar com de Oz, a relação faz todo o sentido. O conceito de diferentes manifestações culturais integradas às sustentabilidade, que considera aspectos ambientais, artes expressivas e/ou conectadas às diversas áreas sociais e econômicos, vem fazendo parte essencial de conhecimento geral, populares ou eruditas. da rotina de alunos, professores e colaboradores do Colégio. Os alunos são incentivados a buscar formas de expressão culturais no campo da música, da dança, Durante a aula de Natação, entre uma braçada e das artes visuais, da literatura, das línguas, da contação outra, por exemplo, as crianças descobrem que a de histórias, entre tantas outras manifestações. Isso água na casa dos 28°C é aquecida através da energia inclui, até mesmo, a possibilidade de ter contato com solar. Esse processo foi iniciado há 10 anos, em estilos e instrumentos da chamada cultura erudita, parceria com a Universidade Federal do Rio Grande participando das orquestras de cordas, sopros ou do Norte (UFRN). Em breve, 100% da energia metais do Magno. consumida na Unidade Sócrates virá da instalação e operação de placas solares e da produção de biogás. E assim, desde a Educação Infantil, criando, fazendo No projeto da Escola, todas as Unidades devem releituras, produzindo, tendo contato com a tinta, ser inteiramente sustentáveis, do ponto de vista do a tela, a argila, uma vasta diversidade de técnicas e consumo energético, até 2023. materiais, conhecendo os instrumentos, tocando, cantando, os alunos vivem a arte e a cultura em seu O trabalho vai além da economia de energia. cotidiano. Com uma média de 700 refeições diárias, servidas pelo restaurante, o Magno desenvolve uma ampla Vale lembrar que é essencial sempre valorizar o política de destinação correta e de reaproveitamento conhecimento prévio dos alunos, com cuidado para dos resíduos sólidos. Mais que reciclar, o desafio não desqualificar suas experiências de compreensão é não gerar. O projeto “Educação pelo Sabor”, e aprendizagem autônoma do mundo e das coisas. desenvolvido pela Escola desde o início do ano Nossa intenção é estabelecer um debate saudável de 2020, propôs uma série de mudanças, não só sobre a estética e a cultura, de forma ampla, partindo no cardápio dos alunos, como no manuseio dos de múltiplas referências. alimentos, com novas rotinas de preparação e logística, otimizando custos e evitando o desperdício. A Escola tem o propósito e o compromisso de apresentar um repertório de qualidade, possibilitando Atualmente, são geradas 2,5 toneladas de lixo, que os estudantes possam experienciar uma das quais mais de 50% é lixo orgânico. Além das relação positiva com os elementos essenciais do composteiras, que geram adubo para a horta conhecimento, do saber popular e da construção e os jardins da Escola, o material é usado para de referências multiculturais, ampliando, assim, abastecer dez biodigestores instalados na Unidade suas formas de intervenção no mundo. Valorizar a cultura significa trilhar nosso caminho à cidadania plena, potencializar nossa autoestima e, sobretudo, poder reconhecê-la como instrumento genuíno de expressão, saber popular e de transformação da nossa sociedade. 41
Olavo Bilac. Utilizando tecnologia israelense, os 2.2.d. Estudos do meio equipamentos convertem a energia gerada pelos resíduos orgânicos em biogás, uma combinação de A escola fora da escola gás metano e dióxido de carbono. Este gás aquece a água dos chuveiros utilizados pelos alunos. A escola é um microcosmo social. Não há porque afirmar que o conhecimento, em particular no século O Colégio também se dedica ao reuso da água. XXI, se faz exclusivamente dentro da escola ou, de Atualmente, são quase 200 mil litros de água de forma ainda mais restrita, está contido na relação reuso, usados para fazer toda a limpeza dos pátios aluno-professor. A escola não é um espaço isolado, e sistema de irrigação, armazenados em dezenas de ela reflete noções e princípios humanistas, como a caixas d’água instaladas nas três Unidades. A previsão autonomia e a liberdade, e se expressa em contextos é construir um uma miniusina para beneficiamento sociais e políticos. Cabe à escola potencializar do recurso, ampliando o reúso para as pias e os possibilidades, buscando o que está a ser descoberto, vasos dos banheiros. unindo áreas e conhecimentos fragmentários. A ação sustentável vale até mesmo para itens nem Faz-se necessário acelerar a integração da escola sempre lembrados nos programas sustentáveis, como básica com os diversos espaços das esferas sociais. é o caso das fraldas. Levando até 600 anos para se Não se trata de transformar a escola em uma arena decompor, as fraldas descartáveis são consideradas onde outros chegam para assistir, mas aceitar a grandes vilãs do meio ambiente. Em parceria com escola ampliada. Se o planejamento desconsidera uma empresa especializada em tecnologia para o essa dinâmica relacional, passa a perder energias descarte de resíduos, o Magno iniciou o processo para “inventar a roda”, em um recorte apenas de reciclagem de fraldas descartáveis usadas pelas pedagógico e burocrático. crianças pequenas. A resina plástica gerada é transformada em canetas. Essa transição entre a escola contida no espaço escolar e aquela ampliada para o mundo, seja nas Além dessas propostas estruturais, muitas outras atividades extraclasse, em estudos do meio, saídas estão em curso, como a coleta seletiva. Seguindo pedagógicas, visitas ou ações de intervenção, precisa padrões internacionais, os resíduos são distribuídos acontecer de forma muito planejada. em três lixeiras, a fim de separar recicláveis, orgânicos e rejeitos. Outras duas lixeiras reúnem resíduos Deve-se evitar, ao máximo, o espontaneísmo. eletrônicos e óleos, em especial, o de cozinha. Os Certamente, a prática está distante da teoria, e, por alunos vêm participando, também, de torneios para isso, devemos ficar atentos às necessidades que arrecadação de lixo eletrônico, entre diversas outras surgem no processo. iniciativas. Há outra dimensão importante a ser considerada São muitas as frentes de atuação: energia solar, água, na reflexão sobre uma escola que vai além de seus resíduos, como o lixo eletrônico, nas quais é possível limites físicos. A escola é um espaço de ensino que nossas Unidades abram espaço para que pais e de aprendizagem, mas, também, de produção do até a vizinhança possam descartar equipamentos conhecimento, tanto por seus profissionais quanto eletrônicos. O objetivo é que o Magno seja um lugar por seus alunos, que ganham cada vez maior que segue o conceito de emissão zero. Um lugar autonomia e expressão de ideias. 100% sustentável. Lembremos que, na origem, escola vem de um termo grego, “scholé”, que significa lugar do ócio, 42
tempo livre, e no qual aprender e descobrir são uma 2.2.e. A educação do corpo opção mais do que uma imposição. Ajudar a criar, utopicamente ou não, um mundo de pessoas livres, é A criança, o adolescente, o uma das nossas funções. A ideia de uma escola fora movimento da escola como proposta interna pode ser melhor entendida nesse contexto. Quando nossos ancestrais decidiram descer das árvores e dar os primeiros passos, as mudanças Isso vale para os estudos do meio que realizamos físicas e o desenvolvimento de habilidades cognitivas em todas as etapas de ensino, mas pode também e motoras originariam o Homo sapiens. A partir ser extrapolada para nossa participação crescente desse momento histórico, nos deparamos com a em seminários internacionais. Quando recebemos importância que o movimento humano exerce sobre convites para participarmos de eventos em nossos corpos, nossa origem e a necessidade de nos outros países, procuramos levar mensagens de manter em movimento. uma relevância extraordinária, que ultrapassa, naturalmente, não apenas os muros da Escola, mas No âmbito escolar, a Educação Física é a área de os muros da educação básica. Um exemplo foi a conhecimento que dispõe de ferramentas para participação em um congresso internacional de estimular e desenvolver as capacidades e habilidades iniciação científica realizado em Santarém, Portugal, motoras, cognitivas e afetivas. A Base Nacional onde estivemos com duas alunas. O trabalho Comum Curricular estimula a integração do aluno à desenvolvido sobre a deterioração dos oceanos foi de cultura corporal de movimento, e define a Educação extrema valia, rendeu e renderá frutos. Entre eles, o Física como “o componente curricular que tematiza convite para novos eventos, como uma subsequente as práticas corporais em suas diversas formas de participação em um congresso científico, desta vez codificação e significação social, entendidas como no Brasil. manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no Esse é um processo que tende a ser aprofundado, decorrer da história”. colocando sempre os alunos como protagonistas. A importância das ciências humanas nessas ações Por muito tempo, acreditou-se que o objeto de é grande, em particular pelo seu caráter transversal. estudo da Educação Física, como o próprio nome Os temas transversais, como ética, saúde, meio ressalta e, de forma errônea, fosse o corpo físico ambiente, orientação sexual, trabalho, consumo, desprovido de outros elementos, como aspectos pluralidade, cultura e mais outros assuntos, não cognitivos, afetivos e sociais. Esse componente devem ser trabalhados isoladamente ou, somente, curricular, assim conceitualmente reduzido, fazer parte de um projeto. acabou servindo para atender a demandas como o treinamento militar e a preparação para a guerra, Esses temas devem direcionar o projeto da Escola demonstração de ordem e disciplina, higienismo, a cada minuto e servirão, na apresentação da preparação física e esporte de rendimento. Ou seja, proposta à comunidade, para dimensionar quem a prática da Educação Física não estava associada ao realmente deve estar, entrar e ficar dentro da Escola. processo e, sim, ao resultado final atingido. Todo o processo de uma escola “para fora” deve ser incorporado ao ensino, ao conhecimento, à Diante das novas concepções educacionais e das formação integral e libertadora para todos. relações que os alunos desenvolvem com esse micromundo que é a escola, as áreas de conhecimento traçaram competências e habilidades que são 43
desenvolvidas nos diferentes níveis de escolaridade humano, consciência corporal, desenvolvimento e, como não poderia deixar de acontecer, a psicomotor são todos componentes presentes nas Educação Física deixou de ser coadjuvante e passou práticas pedagógicas dentro da escola. a contribuir para a formação humana e integral. Inúmeros são os autores que afirmam e, entre eles, Busca-se, no ambiente escolar, desenvolver as Le Boulch (1992, p. 13), que “[...] a criança desde práticas corporais inerentes a cada faixa etária e suas seu nascimento apresenta potencialidades para necessidades de movimento, permeando as relações desenvolver-se, mas que elas não dependem só da do saber, do saber fazer e do ser. A essência dessas maturação dos processos orgânicos, senão também relações não deve esbarrar na dicotomia entre corpo de intercâmbio com o outrem”. e mente. Essa relação com outro e consigo mesmo advinda Segundo Freire (1991), descrever o homem se de atividades motoras dirigidas são experiências movimentando é descrever sua inteligência e que a criança deve vivenciar na fase escolar, a seus sentimentos. Portanto, sua motricidade e fim de permitir-lhe viver e organizar melhor sua corporeidade estão em funcionamento já que o imagem corporal. Esse intercâmbio influencia, movimento é a única realidade visível do ser humano. determinantemente, a orientação do temperamento e da personalidade, e é por meio destas relações com Segundo Navarro e Prodócimo (2012), como a as outras pessoas que a criança se descobre e que sua ação física é a primeira forma de aprendizagem, é personalidade se constrói pouco a pouco. importante que essas atividades estejam sempre presentes na escola. A importância que o movimento exerce na interação do aluno com o mundo pelas sensações A criança, estimulada a se movimentar, explora é plenamente atingida quando o colocamos em com mais frequência e espontaneidade o meio em práticas corporais tematizadas e adequadas ao seu que vive, aprimora a mobilidade e se expressa com processo de desenvolvimento. A rica gama de jogos mais liberdade. Geralmente, nos primeiros sete anos e brincadeiras, lutas, ginásticas, atividades rítmicas, de vida, os pequenos têm um vocabulário gestual, esportes e as práticas corporais de aventura são muitas vezes, maior do que o oral. De acordo com os temas que dispomos nas aulas de Educação pesquisas recentes feitas na área da neurociência, é Física, para que o vocabulário motor dos alunos cada vez maior a relação entre o desenvolvimento seja desenvolvido e melhorado de forma adequada, da inteligência, os sentimentos e o desempenho lúdica e significativa. corporal. Fica para trás, portanto, aquela visão tradicional que separava corpo e mente, razão e emoção. Esses questionamentos levam à pergunta: qual é, então, o objeto de estudo da Educação Física? Enquanto componente curricular, o objeto de estudo da Educação Física é o corpo em movimento. Compreender esse objeto de estudo nos remete a outros que também justificam os ensinamentos que os alunos estão preparados a receber. Cultura corporal de movimento, motricidade, movimento 44
2.3. O Magno e a cidadania global cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver problemas complexos. 2.3.a. Cidadania global Por essa definição, um caminho (ou currículo) Caminhos para navegar em um eficiente é aquele que prepara um cidadão mundo interconectado competente, capaz de analisar questões locais, globais e interculturais, para entender e apreciar as Uma das ideias principais de currículo é a do caminho perspectivas e visões de mundo dos outros, para a ser percorrido pelo estudante em sua trajetória interagir de maneira aberta, adequada e eficaz com escolar. Intencionalmente desenhado para garantir pessoas de diferentes culturas, e agir para o bem- os objetivos da Proposta Pedagógica, o currículo estar coletivo e desenvolvimento sustentável. é a interface escolar que se conecta, ao mesmo tempo, com as características das faixas etárias dos “Aprender a aprender” é, talvez, a competência alunos, com as demandas das comunidades locais as central do processo educativo e da busca pelo quais serve e com os desafios atuais e futuros das projeto de vida. Geralmente, traduzida em inglês sociedades globais. como lifelong learning, a ideia de aprendizado ao longo da vida inverte a lógica do percurso curricular: É justamente esse caráter tridimensional que se o conhecimento acumulado pela humanidade, manifesta no fenômeno da internacionalização que antes era visto como base na aprendizagem curricular, cujas práticas são: competências para escolar, passa a fazer sentido somente a partir o século XXI, personalização da aprendizagem, de uma ação cognitiva e dentro de determinado experimentação, uso do território e novas contexto. Quer dizer, o “o que” (conteúdo) e o certificações. “como” (procedimento) surgem no currículo por competências, que formam o cidadão global, Tais práticas aparecem nas experiências educacionais acompanhados de uma atitude que o aluno deve de países como Canadá, Dinamarca, Estados ter com tal conhecimento/procedimento (por que/ Unidos, Finlândia e Inglaterra. No Brasil, o foco para quê) e dos limites dessa ação (onde/quando). no desenvolvimento de competências é o núcleo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), É certo que o caminho se faz caminhando. É alinhando nossos propósitos educacionais aos da certo, ainda, que caminhos são criados e refeitos Organização das Nações Unidas para a Educação, a considerando as prioridades e as necessidades de Ciências e a Cultura (UNESCO) e da Organização cada tempo. No caso dos percursos escolares, estes para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico são pedagogicamente provocados de modo que os (OCDE), responsável pelo Programa Internacional estudantes possam, ao longo de suas trajetórias na de Avaliação de Alunos (Pisa). escola, refletirem sobre a própria aprendizagem, sendo agentes críticos corresponsáveis por suas Em pesquisa de maio de 2018, o PISA perguntou formações. a alunos do mundo todo, incluindo o Brasil, itens do tipo “O que você aprende na escola?” e, entre 2.3.b. Internacionalização as possíveis respostas, havia alternativas como: “Eu aprendo a resolver conflitos com outras pessoas A criança e a cidadania global em sala de aula”, “Eu aprendo sobre como as pessoas de diferentes culturas podem ter diferentes O Colégio Magno/Mágico de Oz é internacional, perspectivas em algumas questões” e “Eu aprendo a formamos cidadãos globais com solidez acadêmica, me comunicar com pessoas de diferentes origens”. direito à expressão e ao conhecimento apoiado na multiculturalidade. Essas propositivas somente são possíveis em um currículo por competências, ou seja, no qual É importante notar que essa dimensão está presente o propósito das aprendizagens na escola é a na forma curricular de um currículo internacional, mobilização dos conhecimentos (informação, que teve início no Ensino Médio, com o High conceitos e procedimentos), habilidades (manuais, 45
School, evoluiu para o Middle School (no Ensino funções executivas do cérebro, do desenvolvimento Fundamental – Anos Finais) e agora se inicia, sempre cuidadosa e planejadamente, no Ensino do pensamento abstrato e da compreensão do outro. Fundamental – Anos Iniciais e na Educação Infantil. No ano de 2020, foram introduzidas no 1º ano do Em uma era digital e de difusão das redes sociais, a Ensino Fundamental a disciplina Maths e, no último neurociência resgata o poder das interações pessoais ano da Educação Infantil, a matéria Science. ao afirmar que aprender interagindo socialmente, sem telas, é fator crítico para a aquisição de outro De forma global, desde março de 1970, o Magno idioma e, ainda que pesquisas sobre plasticidade tem o compromisso de garantir uma educação cerebral confirmem a contínua reestruturação do pluricultural e cidadã, desafio que ultrapassa cérebro, evidências mostram que a apreensão de e conecta campos de experiência, conteúdos, uma segunda língua ocorre mais facilmente antes afetividade, coletividade e construção da autonomia. dos sete anos, especialmente nos seis primeiros meses de vida. A linguagem é a peça-chave para o exercício da cidadania da criança global que atua sobre o No Baby Oz, as crianças entram em contato com o mundo. Por isso, na Educação Infantil são muitos inglês aos quatro meses de idade, fase em que são os momentos de escuta, rodas de conversa, jogos verdadeiros cidadãos globais, por serem capazes de simbólicos, parque, leituras, situações-problema, distinguir quaisquer fonemas. O Mágico de Oz se resolução de conflitos, pontos de discussão, diferencia por propor um modelo de exposição à elaboração de narrativas e de questões, mais de língua inglesa diário, com um currículo que engendra perguntas do que de respostas, para que as diferentes uma solidez acadêmica de forma transdisciplinar e formas de expressão possam ser desenvolvidas de multidisciplinar, e incentiva o prazer e a curiosidade modo eficaz. pelo idioma. A Base Nacional Comum Curricular, aprovada em Compreendemos a língua como uma linguística 2017, entende a expressão como um direito de aplicada, uma manifestação de comunicação aprendizagem de um sujeito criativo, dialógico e pragmática que favorece as interações e contribui que se expressa por meio de diversas linguagens. para a formação do cidadão global. As atividades Essas diretrizes são concretizadas quando o neste campo são propostas por um time ambiente educacional em que a criança está inserida qualificado, parceiro e inovador, que delineia compreende que a linguagem é um meio de praticar currículos adequados para cada faixa etária, com sua cidadania no mundo. intencionalidade educativa e flexibilidade, esta a partir da reflexão sobre a documentação, em Afinal, a linguagem é um sistema universal na um planejamento que valoriza os interesses que sociedade humana e, portanto, central para que emergem dos grupos. Criamos possibilidades a criança seja, desde cedo, introduzida a um comunicativas que se conectam a diversas áreas do pensamento cosmopolita e para que possa exercitar conhecimento, para que a criança sinta-se segura em uma autonomia intelectual como indivíduo livre. ampliar e sofisticar sua compreensão e expressão. Em nossa Escola, a criança se apropria da linguagem Ao longo da Educação Infantil, a criança é convidada em suas várias facetas e torna-se fluente em um a participar de atividades dinâmicas, interativas, idioma fundamental para sua plena inserção e atuação curiosas, em contextos que contemplam situações global, o inglês. Estudos mostram que crianças reais e também jogos simbólicos, mundos imaginários expostas ao aprendizado de uma segunda língua e futuros, aprendendo a linguagem por meio da possuem maior vocabulário e flexibilidade cognitiva. aplicabilidade e da afetividade. Neste caminho, ela Da mesma forma, têm melhor performance das desenvolve a capacidade leitora e interpretativa, torna-se produtora de narrativas, aprende a apreciar diferentes linguagens, é incentivada a expressar-se em diferentes linguagens e constrói, gradualmente, 46
um repertório intelectual e cultural que lhe permite os alunos usam o idioma como protagonistas, e não compreender, criticar e se relacionar com o mundo, como meros repetidores de frases. em sua jornada de curiosidade e descobertas. Para isso ser possível, além de uma equipe bem Em sua trajetória, no Mágico de Oz, a criança inicia formada e competente, a Escola reserva um tempo sua formação como cidadã global, que sabe se curricular significativo, de pelo menos quatro horas comunicar com o mundo, conhece e usa a tecnologia semanais, com muitas oportunidades de interação com responsabilidade, se envolve em projetos e usos da língua em projetos internacionais, sociais e tem coragem para atuar contra injustiças, é videoconferências, leituras, entre outras situações consciente e busca soluções para a sustentabilidade, integradas ao cotidiano pedagógico. vivencia a pluralidade cultural, reconhece e respeita a diversidade, respeita a democracia, a convivência e a O projeto internacional do Magno possui uma individualidade, desenvolve a inteligência emocional, dimensão efetivamente global, inclusive pelo aprende a respeitar limites e a ter recursos para lidar convênio com uma das principais universidades com frustrações, cultiva sua autoestima e tem o norte-americanas, a University of Missouri, entre domínio da linguagem a seu favor, para poder ser outras frentes em que o Colégio atua, como é o quem quiser no mundo. É uma criança feliz. caso das ações ligadas à Rede de Escolas Associadas da UNESCO, além de parcerias com instituições 2.3.c. O currículo internacional estrangeiras. Nos últimos anos, o aprendizado de uma língua Aprender línguas não é uma questão de dominar adicional, como inglês ou espanhol, tornou-se uma vocabulário ou esquemas gramaticais. É preciso prioridade para as famílias. O domínio de outros mobilizar repertórios, compreender e ser capaz de idiomas, em especial a língua inglesa, deixou de se expressar interculturalmente, tecendo conexões e ser visto como um diferencial útil para se tornar construindo pontes. competência essencial. O Magno optou pela internacionalização, que Imprescindível no mundo do trabalho, o domínio compreende o inglês como “língua de encontro”, de línguas utilizadas por diferentes povos e culturas de possibilidades, de compartilhamento de culturas, tornou-se pré-requisito para a consciência de além de ferramenta de acesso ao conhecimento, de uma cidadania planetária, para o sentimento de mobilidade entre países tanto para o estudo quanto que pertencemos a uma humanidade comum, para o trabalho, de aprendizado, de comunicação para a compreensão real do plurilinguismo e da para uma cidadania planetária. multiculturalidade, para o desenvolvimento da empatia, da solidariedade e do respeito. Por isso, desde a Educação Infantil, com a presença de profissionais preparados, as crianças entram Essa é a perspectiva do Colégio Magno/Mágico de em contato com os sons e o universo cultural da Oz, que há muitos anos compreendeu a centralidade língua inglesa. De forma lúdica e significativa, o do ensino de línguas na educação escolar, sem aprendizado é integrado ao currículo e aos projetos precisar adotar o termo “bilíngue” (muitas vezes interdisciplinares. desconectado de seu sentido original), mas com práticas de linguagens inseridas em um novo Ao longo dessa etapa, as crianças desenvolvem a conceito de multiletramento, em todos os campos consciência fonológica e a significação do mundo ao de atuação da vida humana. seu entorno por meio da exposição à língua inglesa, com recursos didáticos específicos, incluindo livros, Por isso, o ensino da língua inglesa está integrado ou seja, uma progressiva imersão na língua. ao nosso projeto pedagógico de forma orgânica, desde os primeiros anos da Educação Infantil. Da No Ensino Fundamental I, todos passam a ter pelo aproximação com a sonoridade e com o ritmo do menos quatro horas semanais de atividades regulares idioma à progressiva complexidade comunicativa, em inglês, além dos projetos interdisciplinares. Os alunos do programa Full-Time ainda têm acesso a um curso de inglês mais focado na 47
competência comunicativa, em um período de No Middle School, os alunos do Ensino Fundamental tempo complementar. Avaliações rotineiras, como a II têm a oportunidade de ampliar seus horizontes Consolidation Activity, ajudam a orientar o trabalho em um curso cujo objetivo é preparar “agentes de pedagógico e fornecem um retrato imediato e mudança” do século XXI, a partir de um currículo completo do aprendizado. internacionalizado, que integra as áreas de ciências humanas à língua inglesa. Com carga horária de Vale notar que, nessa faixa etária, o estudo de quatro horas semanais (que se somam às quatro outro idioma tem impacto positivo sobre a horas do curso regular), o Magno Middle School neuroplasticidade do cérebro e atua como estímulo tem sua grade baseada nos temas globais da ONU, cognitivo, por exemplo, na atenção plena e no tempo com adaptações alinhadas aos valores da UNESCO. de resposta, tanto como na ampliação de conexões sinápticas para construir sentidos. A proposta antecipa para os alunos do Ensino Fundamental conquistas que já caracterizam o No Ensino Fundamental II, a partir do 6º ano, os Magno High School, entre elas, o aumento de projetos diversificam-se e o inglês torna-se cotidiano. fluência no idioma, uma vez que aprendem em Os alunos passam a realizar apresentações para a situações reais de uso dos norte-americanos e com comunidade, desenvolvem projetos com outros professores nativos. países e vivem a ideia de uma cidadania global nos projetos relacionados ao Programa das Escolas O High School confere a dupla titulação aos Associadas da UNESCO, do qual o Magno faz parte. alunos, ou seja, o reconhecimento de seu diploma de conclusão do Ensino Médio tanto no Brasil Os alunos também passaram a ter o espanhol como como nos Estados Unidos. Tão importante língua adicional, em um projeto que traz os mesmos quanto, também é a possibilidade que os alunos princípios do inglês, mas com estratégias específicas ganham ao entrarem em contato com temas de e duas horas semanais de aulas. economia, política, literatura de língua inglesa, além de habilidades pouco trabalhadas na educação Assim como no caso do inglês, o trabalho com o brasileira, como a argumentação oral (Speech). espanhol vem se fortalecendo e se diversificando no Magno. Afinal, o espanhol também é uma das O Magno High School se desenvolve inteiramente línguas mais faladas do planeta e o idioma que em inglês, com professores nativos, utilizando permite nos aproximar de nossos vizinhos ibero- o idioma em situações reais e sendo avaliados americanos, com quem compartilhamos fontes de diretamente pelas equipes da universidade norte- nossa cultura. americana. Universidade do Missouri Outro ganho importante é o da autonomia, uma vez que os alunos têm diante de si o desafio de estudar A qualidade do trabalho realizado no Magno com base na metodologia de outro país, sob um viabilizou a realização de programas internacionais, modelo distinto de relação com o aluno, que valoriza como a parceria com a Universidade do Missouri a argumentação, a proposição de ideias e a produção — o Middle School (do 6º ao 8º ano) e o High acadêmica. School (do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio), que acontecem totalmente em O diploma internacionalmente válido, passaporte língua inglesa e de forma integrada ao currículo. Está que viabiliza qualquer trajetória pós-ensino médio, em curso em 2020, igualmente, a implantação de um coroa a maturidade que os alunos agregam, projeto-piloto que leva a educação internacional para desenvolvendo uma grande capacidade de realização, a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental – tornando-se mais confiantes em suas próprias Anos Iniciais. habilidades e, principalmente, com projetos mais ousados de futuro. A parceria com a Universidade do Missouri concretiza a perspectiva da educação internacional No High School, aprender línguas não é uma questão oferecida no Colégio Magno. de dominar vocabulário ou esquemas gramaticais. É preciso mobilizar repertórios, compreender e ser capaz de se expressar interculturalmente, tecendo conexões e construindo pontes. 48
Avaliações externas Da mesma forma, deve-se lembrar que a Escola implantou o modelo BYOD (Bring your own device) Todo esse trabalho é certificado por avaliações para todas as séries a partir do Ensino Fundamental externas de Cambridge. A qualidade do projeto de – Anos finais. Ou seja, o equipamento pessoal foi língua inglesa do Magno é confirmada, também, incorporado ao conjunto de materiais didáticos pelo resultado dos nossos alunos nos principais obrigatórios para todas as famílias, assim como exames de proficiência. livros e cadernos, em um processo plenamente aceito e valorizado pela comunidade. O Magno tornou-se uma referência nos exames de Cambridge, realizados na própria Escola. Ao mesmo tempo, vem sendo efetivado um programa Praticamente todos os alunos conseguem atingir as permanente de formação de professores. Todos os competências para a certificação PET (no Ensino colaboradores são estimulados, por exemplo, a obter Fundamental) e FCE (no Ensino Médio). Eles a certificação atribuída pelo Google For Education, atestam o trabalho de uma Escola que, na prática, com proficiência no uso das suas ferramentas entrega alunos capazes de ler, falar, conversar e se digitais, em seus diversos graus, do básico aos mais expressar em inglês. Os alunos também podem elevados. Há um programa em curso de Alunos realizar o DELE, exame correspondente da língua Tutores, ou seja, alunos adolescentes, igualmente espanhola. certificados, que atuam apoiando o trabalho em sala de aula, organizando formações para adultos e 2.4. O Magno e a inovação participando de eventos no campo da inovação. 2.4.a. A inovação como projeto Por fim, o ciclo se completa com as parcerias de startups e outras empresas que já atuam no mundo Se é certo que as escolas precisam trilhar os caminhos da transformação digital, provendo conteúdos e da inovação para fazer frente às demandas do século serviços educativos. Em diversas séries e disciplinas, XXI, é igualmente verdade que inovação não pode os alunos já trabalham apenas com livros digitais, ser sinônimo de novidade, de equipamento ou acessíveis aos seus dispositivos pessoais. Da mesma de tecnologia. Trata-se de um movimento mais forma, em todas as etapas, há serviços já prontos profundo, cultural, integrando o planejamento e o do universo digital, de uso cotidiano, no campo da próprio Projeto Político-Pedagógico. leitura, da escrita, da matemática e outras áreas. Há mais de uma dezena de parcerias fechadas nesse É esse movimento que o Magno vem fazendo, nos sentido, arejando o ambiente escolar e promovendo últimos anos. Há um projeto de inovação em curso, trocas em que todos ganham, principalmente os com etapas definidas, direção e sentido rumo à alunos. transformação digital, com todos os cuidados para não se descartar aquilo que deve permanecer, nem A inovação, é preciso sempre lembrar, não se descaracterizar os valores e os objetivos centrais resume ao uso de recursos digitais ou equipamentos que definem a identidade da Escola para a sua tecnológicos. Frequentemente, ela se materializa comunidade de pais e educadores. na transformação do currículo, trazendo para a realidade escolar outros paradigmas, como é o caso Em primeiro lugar, é importante assumir que os da aprendizagem criativa, já abordada em outro projetos de inovação devem ser realistas do ponto momento deste Projeto Político-Pedagógico. de vista da estrutura física. Não se faz transformação digital apenas com boas intenções. Por isso, à medida A implantação dos processos de aprendizagem que o projeto do Magno vem se desenvolvendo, criativa no Magno/Mágico de Oz fez o percurso também se amplia o parque tecnológico, que hoje necessário do envolvimento dos educadores, da é composto por mais de 500 Chromebooks, 32 formação de professores, da conquista de espaço óculos de realidade virtual, mais de 100 lousas digitais e projetores, além de dezenas de câmeras e equipamentos de transmissão, notebooks, tablets e smartphones, todos dedicados ao uso pedagógico. 49
e tempo dentro da matriz curricular. Foi formado 2.4.b. Lifelong Learning um Grupo de Trabalho integrado por mais de uma dezena de educadores, que fizeram o encontro de Educação para um mundo em expectativas entre as ideias e a prática pedagógica, mudança acompanhando de perto a implantação do projeto, hoje já consolidado na Educação Infantil e no Em tempos tão intensos e complexos como o Ensino Fundamental – Anos Iniciais, e a caminho que vivemos, há pouco tempo para sedimentar do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino experiências, amadurecer ideias, planejar, embora Médio. Apenas assim, com reflexão, planejamento, este seja sempre o ritmo inercial da educação: calma ação, e mais reflexão, e mais planejamento, e mais e tempo para absorver, reelaborar, devolver a um ação, é possível promover mudanças duradouras, mundo urgente e exigente de rápidas respostas. Este que renovem a própria cultura pedagógica escolar. é um paradoxo vivido por todos nós, educadores, nos tempos contemporâneos. Por fim, tudo está circunscrito em uma perspectiva mais ampla, que se denomina Alfabetização Digital, O novo contexto ganha diferentes interpretações, formando crianças e adolescentes capazes, também, mas algumas se tornam mais conhecidas. Entre elas, a de se expressarem na linguagem com a qual se definição moderna do mundo VUCA. Formada pela escreve o futuro – o pensamento computacional e primeira letra das palavras de língua inglesa Volatility os códigos. Desde a Educação Infantil, os alunos (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity aprendem a lógica que preside a programação e, (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade), a sigla progressivamente, operam as ferramentas digitais simboliza este cenário desafiador, em constante que lhes permite pensar programando. Com as mudança e, sobretudo, de valores cambiantes, crianças, por exemplo, o Scratch (criado no MIT) marcados pela fugacidade e pela ambiguidade. é uma forma de expressão. E assim, ao longo do tempo escolar, poderão, em diferentes frentes, Tudo o que envolve nosso modo de vida, sejam os dominar e criar a partir das linguagens que já existem modelos de negócio, de produção ou os processos ou que ainda serão criadas. de trabalho, sofre alterações diárias e constantes. A única permanência é a mudança, que afeta, No Ensino Fundamental – Anos Finais e no sobremaneira, as relações humanas. E é para manter Ensino Médio, começam a organizar e/ou a viabilidade da presença humana na Terra, desses frequentar hackathons, bootcamps e outros modelos de seres capazes de se adaptar e reinventar, que se empreendedorismo digital. As viagens pedagógicas torna indispensável aprender, não apenas por razões transformam-se em oportunidades de vivências imediatas, mas por uma razão de sobrevivência: inovadoras, centros de pensamento científico e aprender sempre. incubação de startups. Aprender é um processo que depende Com tudo isso projetado na linha do tempo essencialmente da prática e da experiência, para que pedagógico, o horizonte a ser alcançado é o de uma novas associações sejam feitas sucessivamente. É escola que, cada vez mais, forme pessoas capazes de nesse contexto, na década de 1990, que no relatório pensar de maneira inovadora, resolver problemas de da UNESCO “Educação: um tesouro a descobrir”, forma criativa, trabalhar colaborativamente e serem surge o conceito de lifelong learning. “O conceito capazes de se expressar por meio da linguagem das de educação ao longo da vida é a chave que abre máquinas – os algoritmos. Assim, desenvolverão as portas do século XXI; ele elimina a distinção competências essenciais para os cidadãos do século tradicional entre educação formal inicial e educação XXI. permanente”, escreveu Jacques Delors, coordenador do relatório. 50
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