Introdução Advento: o que é “Advento” significa “vinda”. É o nome dado ao tempo litúrgico que antecede o Natal, evocando a vinda de Jesus: a sua encarnação, mas também a sua vinda permanente à nossa vida em cada momento, em cada pessoa, em cada acontecimento do hoje da nossa história, e a sua vinda última, plena e definitiva no final do tempo. Nas circunstâncias tão particulares e difíceis de que se reveste este Advento e Natal de 2020, marcados pela doença, a perda, a crise económica e pela impossibilidade de nos aproximarmos fisicamente das pessoas e de vivermos este período com as tradições que nos serviam como expressão do Natal, como reconhecer, acolher Deus que vem? E como celebrar o nascimento do Deus-connosco? O Advento é um tempo de esperança. No meio das adversidades da vida, até as mais dramáticas, Deus vislumbra um caminho, uma oportunidade. Deus espera-nos. Ele tem esperança que nos abramos à sua luz, isto é, ao seu amor, aos apelos do seu Espírito. Ele espera a nossa espera n’Ele, porque quando pomos em Deus - e só a
Deus - a nossa esperança, à semelhança do “sim” de Maria, Ele encontra nós lugar para encher-nos de si e da sua vida, gera em nós uma vida nova, mais plena e feliz. Por isso, o Advento é um tempo especial de preparação, conversão e atenção, para que a celebração do Natal do Senhor seja sobretudo o “re-nascer” da nossa amizade com Jesus, princípio de toda a esperança e de vida nova. A oração é, para isso, meio essencial e insubstituível. ESTE CADERNO É, por isso e antes de mais, uma proposta a fazer, em cada Domingo de Advento e na Solenidade da Imaculada Conceição, um tempo de oração maior, mais cuidado e silencioso para acolher Deus. Deus é e está connosco continuamente, mas sem silêncio e sem oração, somos irredutivelmente incapazes de o reconhecer e de o acolher como convém, isto é, intimamente. O silêncio, enquanto escuta orante, permite abrir e oferecer a Deus a nossa humilde cabana para que ele possa fazer nela a sua casa. O acolhimento acontece no íntimo e na verdade da nossa humanidade, ou não acontece. Ele implica sempre escuta, disponibilidade, dar a Deus o primeiro lugar e aceitar que Ele nos transforme. Neste caderno propõe-se alguns passos, símbolos, textos e instrumentos que pretendem ajudar, a quem o deseje, abrir em si um trilho a partir da liturgia do Advento, para que, no encontro íntimo e silencioso com Deus, o orante possa decidir acolher Deus, dando-se, convertendo-se totalmente a Ele. Deus gerará em nós a vida nova do seu amor, uma nova humanidade, mais fraterna, espelho da própria vida de Jesus: eis que será Natal. COMPOSTO POR SEIS PASSOS, desde o Primeiro Domingo do Advento até ao Natal, cada passo oferece 5 elementos que o orante pode livremente usar, de acordo com o que mais o ajudar à oração, sabendo que o que mais importa é estar na presença de Deus e entrar em relação de amizade com Ele. Para isso, diz- nos Luiza Andaluz, «valem menos as palavras do que os afetos do coração.» São eles: 4
#1Uma Palavra da liturgia do respetivo domingo; #2Uma meditação a partir da Palavra; #3Um pensamento da sabedoria espiritual de Luiza Andaluz; #4Um símbolo que conduza a penetrar mais a fundo o sentido da Palavra; #5Um gesto, como sugestão prática de vivência da Palavra. Passos para a oração Há muitos modos de rezar, mas em todos eles, o importante é 5 o encontro de coração a coração com Deus. A oração silenciosa, isto é, a de recolhimento e que vive mais da escuta do que de muitas palavras, é uma forma que melhor leva a este encontro profundo; mas não acontece de forma espontânea, precisa de ser cuidada e cultivada. Deixam-se, por isso, aqui a sugestão de alguns passos a ter em conta: Fazer silêncio Preparar ou escolher um espaço com ambiente propício para a oração, sem ruído e sem distrações (desligar o telemóvel, computador, etc.). Pode ser vazio ou ter alguma imagem que ajude a colocar-me na presença de Deus, uma vela, etc. Escolher uma posição estável para o corpo. Procurar o silêncio interior e a concentração, pacificando perturbações, ansiedades e pensamentos. Pôr-me na presença de Deus e pedir a sua graça. Imaginar Jesus sentado ao meu lado ou à minha frente. Pode ajudar focar um ponto ou repetir lentamente alguma expressão curta e significativa, p. ex.: Jesus, ou Jesus, tem piedade de mim.
Ler a Palavra e a meditação (e restantes elementos) propostos. Se necessário, voltar a ler para interiorizar. Posso imaginar-me dentro da narrativa, observar o contexto, o que acontece, a reação das personagens, os seus sentimentos, etc. Deter-me naquela(s) palavra(s) ou aspeto mais interpelante. Saborear e meditar esse aspeto, isto é, refleti-los interiormente: Porque é que me impressiona? O que é que me diz a mim? Que pensamentos, memórias, sentimentos me suscita? Dialogar sobre isso com Jesus, com confiança e simplicidade - como um amigo fala com outro amigo - e escutar o que Ele tem para me revelar. Contemplar como o Senhor veio ao meu encontro. Saborear a sua presença. Agradecer o nosso encontro e o que me revelou. Comprometer-me. Finalizar com alguma oração que me pareça adequada. 6
I Domingo de Advento Vigiar ou velar é a atitude própria de quem, movido pelo amor, espera. Assim faz o jardineiro que rega, nutre e protege das intempéries a sua sementeira ainda oculta, a mãe que vigia sobre o filho recém-nascido, o enfermeiro que escuta atentamente o respirar do doente cuja vida está por um fio para que não morra sozinho; os apaixonados, esperando o momento de se encontrarem novamente. Vigiar é estar atento, escutar, perscrutar, cuidar, nutrir, proteger, esperar. Deus vigia sobre mim em cada momento, porque ama-me e quer conduzir- me ao maior bem. Ele espera ansiosa e pacientemente que eu acenda a minha vigilância aos seus pequenos sinais na minha vida. Parar e fazer silêncio é condição essencial para vigiar. A oração é a forma mais excelente de vigiar, porque abre uma pausa de silêncio na pressa contemporânea. Ela é uma forma de resistência à obsessão pelo imediato. Ela permite permanecer atento: a Deus, a mim, aos outros, ao mundo. Crio silêncio. Acendo em mim tempo para Deus. Disponho-me aqui e agora a dar a Deus toda a minha atenção, a ele que atende continuamente sobre mim.
#1 Uma Palavra Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai- vos e vigiai, porque não sabeis quando chegará o momento. Será como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, deu plenos poderes aos seus servos, atribuindo a cada um a sua tarefa, e mandou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, portanto, visto que não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia- noite, se ao cantar do galo, se de manhãzinha; não se dê o caso que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!». (Mc 13, 33-37) #2 Uma meditação O tempo é um grande bem, um dom de Deus. Cada momento, cada instante, esconde uma promessa, uma oportunidade única. Mas para quê? Normalmente vivemos o tempo no frenesim das tarefas. Fazemos previsões e cálculos sobre o tempo no sentido “lucrativista”: produzir, rentabilizar, conquistar, gozar, etc. Pensamos dominar o tempo, mas somos dominados pela velocidade. Desgasta-nos o stress. Os estímulos contínuos, a comunicação em rede e em processo, a sede de entretenimento e o medo da nossa insignificância consome-nos e adormece- nos, toldando o nosso olhar, que fica fraco em reconhecer no tempo as pequenas e simples oportunidades que Deus nos dá para realizarmos aquilo que nos chama a ser e a dar, para sua glória, bem dos outros e da Casa Comum. A pandemia veio alterar as nossas rotinas e a lógica de vida. Força-nos (a re-aprender) a estar em casa: na habitação física que nos serve de lar e a confrontarmo-nos com a casa que é a nossa interioridade, o santuário da nossa consciência, fora do qual vivemos demasiadas vezes. Agora somos obrigados a viver um dia de cada vez, a travar evasão, a conviver com a solidão, com rotinas simples, com a finitude da vida e de todos os esquemas 8
que produzimos e a constatar a nossa, afinal, fragilidade. Este momento pode ser ele mesmo uma oportunidade para, na lentidão a que a paragem obriga, perguntarmo-nos, em verdade, qual o sentido a imprimir aos nossos dias: • Vivo para quê e para quem? • O que faço com o tempo? • Empenho o meu tempo, a minha vida e os meus dons na “tarefa” que Deus me chama a realizar em favor dos outros? O modo como escolho viver o tempo define a casa que eu sou. Ela é o melhor bem que posso dar para a construir a Casa Comum. Só o silêncio orante permite “estar em casa” para aí escutar-me e escutar a voz de Deus que me segreda e aponta caminhos de eternidade e de paz. #3 Um pensamento de Luiza Andaluz Estejamos atentos à voz do Senhor, quando no silêncio e no recolhimento nos aponta o caminho. #4 Um símbolo | Ampulheta Em lugar do relógio mecânico ou digital, a ampulheta serve para contar uma determinada porção de tempo. Os grãos de areia do balão superior correm para o inferior através de um fino canal. A ampulheta não emite som, como um despertador. É silenciosa. Pede a minha atenção cuidada sobre o fluir do tempo, sobre cada minúsculo grão - quase invisível, como um instante - mas que somado a tantos outros, desenham o tempo e o curso da história. 9
#5 Um gesto Em casa, preparar um espaço de oração: um lugar onde, em particular ou em família, parar todos os dias e recolher-me/ recolhermo-nos em Deus, para ver à sua luz toda a vida e as oportunidades que ele ofereceu ao longo do dia para lhe abrir a porta. 10
II Domingo de Advento Desde a minha infância, Senhor, Tu depositaste na minha alma A Tua Luz, Esta Fonte de Vida para irradiar a minha volta. Contudo hoje eu a vejo lá, Congelada, paralisada, imóvel no fundo de mim como uma pedra de mármore. Neste tempo de Advento, estou diante de Ti Esperando o milagre de Natal: Eu só gostaria que me ajudasses, A devolver o movimento a Tua Luz na minha vida. Senhor, por favor, prepara-nos para o milagre do Natal! (Origem desconhecida)1 Ao iniciar este tempo de oração coloco diante de Jesus as minhas disposições de coração e peço-lhe que me conceda a graça de O escutar de modo a deixar-me transformar pelo seu amor. 1 http://www.idees-cate. com/le_cate/avent1.html 22/11/2020
#1 Uma Palavra Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Está escrito no profeta Isaías: «Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas’». Apareceu João Baptista no deserto, a proclamar um batismo de penitência para remissão dos pecados. Acorria a ele toda a gente da região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém, e eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. João vestia-se de pêlos de camelo, com um cinto de cabedal em volta dos rins, e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. E, na sua pregação, dizia: «Vai chegar depois de mim quem é mais forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as correias das suas sandálias. Eu batizo-vos na água, mas Ele batizar-vos-á no Espírito Santo» (Mc 1, 1-8) #2 Uma meditação “A tribulação, a incerteza, o medo e a consciência dos próprios limites, que a pandemia despertou, fazem ressoar o apelo a repensar os nossos estilos de vida, as nossas relações, a organização das nossas sociedades e sobretudo o sentido da nossa existência.” (F.T, nº 33)2 • Ao ler o Evangelho e o paragrafo do nº 33 da Fratelli Tutti, o que ressoa em mim? Marcos começa a sua narração com a frase; Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Evangelho significa Boa Notícia. Uma boa notícia é uma notícia que traz alegria, felicidade, às pessoas e às suas vidas. Que Boa Notícia Jesus nos veio anunciar? Que Deus nos ama muito e que cada um de nós é seu filho(a) bem-amado(a). 2 http://www.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-frances- co_20201003_enciclica-fratelli-tutti.html 19/11/2020 12
• Sinto que a vinda de Jesus é uma Boa notícia para mim? Sentir-se filho(a) amado(a) de Deus, é tomar consciência que não estamos sós na vida, que somos importantes aos olhos de Deus. «Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas». Philippe Bacq refere que João Batista prepara a visita do próprio Deus na nossa história ao apresentar Jesus. Através das suas palavras e dos seus gestos ele vai aplanar o caminho para Jesus, o Cristo, o Filho de Deus. Pela sua presença e o seu convite João vai despertar nas pessoas o desejo de verdade e de maior autenticidade nas suas vidas. Ser verdadeiro, reconhecendo as suas falhas e os seus limites. Esta é a atitude que dispõe cada um de nós a acolher Jesus que vem. 3 Junto-me as pessoas da Judeia e de Jerusalém de modo a preparar o meu coração, reconhecendo o que ainda é fechamento em mim. Peço ao Senhor que transforme o meu coração, num coração melhor, mais belo, mais amoroso, mais puro e agradeço- lhe o dom da sua presença na minha vida… #3 Um pensamento de Luiza Andaluz Que Deus tome o teu coração e que Ele aí faça a sua obra! Prepara-te e vive do amor. #4 Um símbolo | Caminho 13 Um caminho leva-nos a algum lugar, através dele podemos vislumbrar um novo horizonte, ou chegar a um espaço mais aberto, mas para que isto aconteça temos de percorrer o caminho, decidir caminhar. Jesus disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Para nós cristãos Jesus é o caminho que nos leva ao Pai. Caminhando com Ele a nossa vida ganha um novo sentido e um outro horizonte. 3 Ph. BACQ, O. RIBADEAU DUMAS, Un goût d’Évangile, Marc, un récit en pastorale, Brux- elles, Lumen Vitae, 2008, p. 21
#5 Um gesto Nesta semana vou desenhar o meu caminho com Deus. Em cada dia escreverei os seus toques. Estarei atento a passagem do Senhor pela minha vida, tomando maior consciência das minhas atitudes e de como Deus me interpela a ir mais longe nas minhas relações. A dar o primeiro passo com quem sinto mais afastado. No final da semana releio o que escrevi e vejo por onde Jesus caminhou comigo e como isso me ajudou a ser mais humano e a melhorar os meus relacionamentos. 14
Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria Só o silêncio nos permite «escutar o rumor dos passos do Senhor no jardim» (cf. Gn 3,10), a brisa suave da sua presença, a palavra que nos segreda no lugar mais interior da nossa casa. É ele que permite entrar em oração. A oração salva-nos de nós próprios. Chama-nos a cuidar da unidade do coração e da vida na companhia de um Deus compassivo e dador de vida. A oração, a pequena oração, semeia na vida a unidade. É possibilidade do novo. Pede a Maria, a cheia de graça, que te ensine a docilidade de coração para abrires-te a Deus e deixares que ele te unifique. #1 Uma Palavra Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. O Espírito Santo virá sobre ti e a
força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. Porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça- se em mim segundo a tua palavra». (Lc 1,26-31.35.37-38) #2 Uma meditação Deus, no seu amor infinito, criou-nos cheios de potencialidade, mas simultaneamente frágeis e pequenos. Não obstante, vendo a sua obra, «considerou-a muito boa.» (Gn 1,31) Embora Deus nos ame assim, quando o escutamos a perguntar-nos «Onde estás?», frequentemente respondemos-lhe como Adão: «Ouvi o rumor dos vossos passos no jardim [...] tive medo e escondi-me» (Gn 3,10). O medo e a desconfiança paralisa-nos, enreda-nos em nós mesmos, divide-nos, torna-nos opacos em vez de transparentes, escravos em vez de livres. E se Deus, afinal, não é bom? E se ele não tem em conta os meus anseios mais sinceros? E se não valer a pena confiar em Deus? Temos medo tantas vezes de admitir e aceitar a nossa fragilidade. Um medo que anda a par da desconfiança conduz-nos a armarmo-nos e a defendermo-nos de Deus e dos outros, a tornarmo-nos autossuficientes. Em Maria vemos uma atitude diversa, a que Deus sonhou e espera continuamente de nós: humilde, não regateia ser grande, aceita a sua pequenez e aparente insignificância, não deixa que o medo crie nela resistência, deixando Deus de fora. Podemos escutar na resposta de Maria: «Ouvi o rumor da tua presença e abri-Te a minha casa.» A confiança plena em Deus, pura bondade e misericórdia, levam-na a abrir-se totalmente a ele, a abandonar- se aos seus planos, que permanecem mistério. Maria abre a Deus a totalidade da sua liberdade, deixando que o amor que Deus é ocupe integralmente o seu ser e impere nas suas decisões. E Deus unifica com o seu amor todo o palpitar da vida em Maria operando nela uma «ecologia integral». A pureza de Maria está em dar a Deus o centro de si mesma, a inteireza do seu coração; não guarda reservas à ação livre do 16
seu Espírito na sua humanidade. Quando assim é - quando Deus é o centro - tudo no ser humano e no cosmos adquire o seu lugar justo e belo. • Reconheço-me frágil e confio nas mãos de Deus a minha fragilidade? • Abro a Deus, em confiança, toda a minha liberdade? • Dou a Deus a inteireza do meu coração? #3 Um pensamento de Luiza Andaluz Na escola de Maria é que a alma, desprendendo-se de si, pode aprender os segredos da verdadeira humildade. #4 Um símbolo | Um vitral A confiança total em Deus, como vemos em Maria faz dela transparência, sem obstáculos à luz de Deus. Ela é como um vitral, vidro transparente que deixa a luz entrar, terna e suave, com diferentes matizes de cor no íntimo do espaço, tornando-o favorável ao encontro com Deus (como uma capela). Quanto mais confiança, menos obstáculos; mais puro e transparente é a matéria onde incide a luz, permitindo que ela o atravesse e ilumine outros. Henri Guérin. Vitral da cripta da Catedral de Chartres, 2010 #5 Um gesto 17 Abrir o coração a Deus com confiança, rezando o terço sozinho ou em família, contemplando a grande confiança de Maria. Abrir o corpo a Deus, através de um gesto concreto de partilha ou de serviço inteiramente gratuito e amoroso.
III Domingo de Advento Ao iniciar este tempo de oração coloco-me diante do Senhor e expresso o que vai no meu coração. Peço ao Espírito Santo que venha em meu auxílio e me conceda a graça de escutar a Palavra do Senhor para me deixar transformar por ela. #1 Uma Palavra Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?». Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram- lhe: «Então, quem és tu? És Elias?». «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?». Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?». João respondeu-lhes: «Eu batizo na água, mas no
meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava a batizar. (Jo 1, 6-8. 19-28) #2 Uma meditação Ao ler este trecho do Evangelho vejo que a palavra testemunha(o) aparece quatro vezes. Neste texto ela é uma palavra importante. Testemunha é alguém que presenciou algo e por isso está em condições de relatar o que viu, ouviu, sentiu. A sua presença naquele momento faz dela uma pessoa especial. Ela fica marcada por aquilo que presenciou e por isso a revela. João aparece como testemunha da Luz, ele dá testemunho dela. Jesus é essa luz que João anuncia ao seu redor. Sabemos a importância que tem a luz nas nossas vidas, ela ilumina, permite a vida, e dá alegria. Jesus é a Luz que nos guia. Ele mostra-nos o caminho, conduz-nos a felicidade e á vida plena. Nas dificuldades Ele nos ilumina. Com a sua força podemos conhecer e amar as pessoas a nossa volta. • Jesus é a minha luz? • Sou testemunha de Jesus? Os sacerdotes e os levitas interrogam João Batista sobre a sua identidade: Quem és tu? Que dizes de ti mesmo? João responde: Eu sou a voz que clama… João é uma voz posta ao serviço, de modo a preparar os corações para o encontro com Deus. • E eu? Tenho também desejos, sonhos para a minha vida. Gostava de os pôr ao serviço do Senhor? #3 Um pensamento de Luiza Andaluz Na vida espiritual há os mais diversos caminhos, mas o da humildade é sempre seguro. 20
#4 Um símbolo | Eco Muitos de nós já fizemos a experiência de escutarmos o eco da nossa própria voz no cimo de uma montanha. Ele reproduz a nossa voz, repete o que dissemos e nada mais. No entanto ressoa pelo espaço e todos ouvimos. A Palavra de Deus deve ressoar dentro de nós do mesmo modo para que todos possam beneficiar dela. Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam para lá, senão depois de a fecundar e fazer germinar, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão. (Is 55, 10-11) #5 Um gesto Durante esta semana vou pensar e escolher uma das ações onde posso dar melhor testemunho de Jesus. Ser uma voz e falar ou cantar. Ser um ouvido e escutar. Ser uma mão e construir. Ser uma mão e criar. Ser uma mão e curar. Ser um sorriso e consolar. Ser uma presença e rezar. Ser olhos, ver e ficar maravilhado. Ser um corpo e servir. Ser um coração e amar. (...) Em cada dia faço o registo do que vivi.4 Senhor Jesus, dá-me força para correr riscos, E sobretudo para correr o risco de acreditar em Ti. Quando o mundo me puxa para o outro lado; Correr o risco de responder 4 http://www.idees-cate.com/le_cate/jeanbaptistetemoin.html, 22/11/2020. 21
à agressividade com a gentileza, ao egoísmo com a generosidade. Permite-me entrar na Tua maneira de ver. Faz-me parecer contigo Tanto quanto possível, E assim posso ser tua testemunha E um raio da tua luz. (Pascale Schneikert ) Esperança é a confiança num futuro com as cores de Deus 22
IV Domingo de Advento A alegria consistente nasce no silêncio. O silêncio permite esvaziar a nossa casa de ruído para dar lugar a Deus, que traz sempre consigo a promessa de algo novo, inesperado, talvez pequeno e invisível, mas prenhe de grande alegria. Abro a Deus a minha esperança. Se estou triste, descrente e sem ânimo, peço-lhe que a sua graça trabalhe em mim, tornando possível o que, pelas minhas forças me parece impossível; peço para abrir-me à fé, crendo que ele fará nascer em mim uma vida nova. #1 Uma Palavra Quando David já morava em sua casa e o Senhor lhe deu tréguas de todos os inimigos que o rodeavam, o rei disse ao profeta Natã: «Como vês, eu moro numa casa de cedro, e a arca de Deus está debaixo de uma tenda». Natã respondeu ao rei: «Faz o que te pede o teu coração, porque o Senhor está contigo». Nessa mesma noite, o Senhor falou a Natã, dizendo: «Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar? Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus
inimigos. Prepararei um lugar para o meu povo de Israel: e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio. O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa. estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti. Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. A tua casa e o teu reino permanecerão diante de Mim eternamente e o teu trono será firme para sempre. (2 Sam 7,1-5.8b-10a.11b 12.14a.16) + Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: «Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.». Maria disse, então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra». (Lc 1, 28.38) #2 Uma meditação Neste Domingo somos convidados à alegria. Mas como alegrarmo-nos no momento presente, marcado pela doença, o isolamento, a grave crise da economia, o terrorismo e a indiferença, a morte? A alegria que sou chamado a abraçar neste dia é aquele expresso pelo termo grego chaîre, usado na saudação que o anjo dirige a Maria na anunciação: “Chaîre, Maria”. Esta alegria não é uma emoção ou uma boa disposição que podemos experimentar espontaneamente diante de algo agradável. Esta é uma alegria muito mais profunda, que não depende das circunstâncias em que a pessoa vive. A razão desta alegria di-la o profeta a David: «O Senhor anuncia que te vai fazer uma casa», mas sobretudo, di-la o anjo a Maria: «ó cheia de graça, o Senhor está contigo». É a alegria messiânica, a alegria pela vinda do Messias. Deus manda dizer que ele está connosco, está contigo, e que fará a sua morada em nós, enchendo-nos de si, da sua graça. Ele edificará connosco algo novo. Não estamos sós. Para isso, Deus precisa de uma só disposição da nossa parte: a decisão íntima de colocar nele a esperança. Esta alegria, 24
mais profunda que os sentidos, é possível ainda que estejamos rodeados de dramas e, até, de sofrimento, porque enraíza-se na fé: acreditar que o amor de Deus, infinito, misericordioso e fiel não deixará que a tristeza, o mal, a dureza do coração humano, o pecado e a morte tenham a última palavra. A alegria vem de crer na promessa de Deus: ele está connosco para nos salvar. A conversão é, por isso, princípio de alegria. • Decido-me a crer e a esperar totalmente em Deus? A dar-lhe o espaço total na minha casa? • Deixo que a sua alegria me inunde? • Qual é o anúncio, a promessa e o pedido que Deus me faz hoje? #3 Um pensamento de Luiza Andaluz Ó Maria, que trazes em teu seio o próprio Deus e os tesouros da Sua Graça, entra com Ele na minha morada. #4 Um símbolo | Casa A casa é símbolo do nosso coração e também símbolo da sociedade, das nossas relações, da nossa família e, ainda, da Terra que habitamos. Quando a confiamos, sem reservas, nas mãos de Deus não perdemos nada. Pelo contrário Deus edifica em nós algo de novo, uma nova ordem, uma nova arquitetura. Aí pode nascer uma alegria duradoura alicerçada nesta verdade: Deus é bom e fiel e está connosco. 25
#5 Um gesto Aprimorar a refeição de hoje com um doce, um cozinhado ou bebida especial. Em alternativa posso cuidar, com algum pequeno sinal (ornamento de Natal, arrumação ou disposição dos móveis) da beleza do meu lar, deixando-o com um ambiente mais alegre, suave e agradável para quem lá mora. 26
Natal do Senhor Peço ao Espírito Santo que me disponha a acolher Jesus, que Ele habite em mim, para que nas minhas relações com os outros eu me torne um pouco mais amor cada dia. #1 Uma Palavra Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efetuou- se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles, e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado
numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados». Quando os Anjos se afastaram dos pastores em direção ao Céu, começaram estes a dizer uns aos outros: «Vamos a Belém, para vermos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer». Para lá se dirigiram apressadamente e encontraram Maria e José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado. (Lc 2, 1-20) #2 Uma meditação Nesta passagem do Evangelho, os pastores aparecem como personagens relevantes. Eles eram homens que pernoitavam nos campos e guardavam o rebanho durante as vigílias da noite. Por isso estavam atentos e vigilantes ao que se passava ao seu redor. Lucas apresenta-os como pessoas que têm o coração aberto; que acolhem a Palavra; que a guardam, a protegem, e a meditam juntos. Com a sua simplicidade eles não hesitam em se deslocar e mudar os seus hábitos para entrar mais profundamente na Palavra, dispondo-se para visitar e acolher Deus. Por último eles anunciam a Boa Nova e louvam a Deus, tal como os anjos o fizeram ao princípio. Tornam-se assim “anjos” do Senhor. A Palavra acolhida pelos pastores transforma as suas vidas. Há um antes e um depois e entre ambos há a passagem da Luz de Deus nas suas vidas. 28
JF Kieffer Hoje, este texto fala a cada um de nós e nos recorda que a passagem da Luz de Deus na vida humana abre á alegria, à paz e que toda esta felicidade é contagiante. Isto não é algo que está longe do nosso alcance, ela é sempre possível nas nossas vidas. • O que faz com que as nossas vidas insignificantes se transformem em vidas cheias de luz? Ao contemplarmos os pastores eles nos despertam a ser como eles: pessoas vigilantes, atentas, de escuta, que se deixam guiar. Todos os evangelistas começam os seus Evangelhos com o tema do nascimento, mas não narram da mesma maneira. Eles sublinham a relevância da palavra “nascimento” (que é mudança, abertura para uma Outra Vida, mais luminosa, mais relacional ...). • Neste dia de Natal, que nascimento Deus espera de nós? Somos infinitamente amados. Sentir-se amado(a) deve encher o nosso coração de alegria e nos despertar para viver uma vida transfigurada. #3 Um pensamento de Luiza Andaluz A Providência divina tem delicadezas tão elevadas e sublimes que bem nos deixam sentir quão perto Deus está de nós. 29
#4 Um símbolo | Abraço O abraço expressa o que vai no coração e que as palavras não conseguem dizer. Ele é expressão de carinho, de amizade, de amor, de proximidade, de alegria. Natal é o abraço de Deus a nossa humanidade. Jesus é o Deus connosco, o Emanuel, que veio ao mundo para nos dizer o quanto Deus nos ama. «A riqueza de Deus é o Amor.» (Luiza Andaluz) #5 Um gesto Nesta semana de Natal vou rezar junto ao presépio e convido os membros da minha família a unirem-se a mim nesta oração. Elaboro uma pequena oração para cada personagem do presépio e no momento próprio peço a cada um que retire uma e reze com a personagem que lhe calhou. Ou então, cada um escolhe uma personagem e faz a sua oração de acordo com ela. 30
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