ZERO MIOPIA GRÁFICA
RICARDO FENAS RIO DE JANEIRO // RJ RFENAS@GMAIL.COM +55 21 99929.9664 ZERO DOIS
ZERO TRÊS
ZERO QUATRO
ZERO CINCO ZEROINTRODUÇÃO SEIS ZERO OITOGLITCH NÃO É DESIGN QUATOFOTOFOBIA RZE V I N T EM AÇ A R O C A VINTECARTAZES E OITO TRINTA E QUATROSÍMBOLOS STOBRREIMNIMTA E OITO
INTRODUÇÃO Esse compêndio possui a in- de escrever e você irá parar tenção de apresentar um por- de ler, mas tentarei manter tfólio de design gráfico. Ou o foco e me esforçarei para pelo menos tenta. No final prender ao máximo a sua nas contas indefinição é um atenção. Atenção. Atenção! boa palavra do que virá. - - Por que perco meu tempo Provavelmente o que virá a criando tais projetos sen- seguir seja uma série de ima- do que dificilmente alguém gens derivadas de experimen- irá ler. Acredito que os tex- tações gráficas e observações tos aqui sejam descartáveis. de diferentes estéticas visu- Estou pensando seriamente ais ou pedaços de projetos em inserir pedaços de textos inacabados que serão costu- genéricos pois tenho certeza rados um a um para não cair. de que ninguém ler. Qualquer Não pretendo descrever o pessoa irá folhear esse objeto passo a passo dos meus pro- em menos de três segundos jetos pois acho isso maçante e somente ver as imagens. e desinteressante. Não sei ao Falta de atenção. Será que certo. Escrevo essa abertu- seu olhar divaga enquanto ra sem ainda nem começar a ler? Deve está olhando para pensar tal material e como se algo bem mais interessante dará sua narrativa visual. que está acontecendo ao seu - redor ao invés dessa escrita Quanto ao texto, ele será as- besta. Será que alguém vai ler sim mesmo. Não possuo lite- isso no banheiro? Nunca pro- ratura o suficiente para usar jetei um livro para ser lido no os pronomes nos lugares cer- banheiro. Livro de papel hi- tos. A linguagem textual será giênico. Higienizar as idéias. o mais livre e espontânea, Será que esse texto vai caber na medida da minha paciên- na diagramação bonitinho? cia. Uma hora eu vou cansar Quantas alterações no texto ZERO SEIS
ZERO SETE irei fazer? Todo o conteúdo original será perdido para sempre com todas essas alterações. Ou será esse o texto origi- nal? Nem sei mais onde comecei. Te- nho que acabar logo essa introdução, já está ficando grande demais. - Por fim, pretendo (ainda!) me descrever e retratar minha personalidade, a par- tir dos resultados dos meus trabalhos, projetos e escrita: uma jornada já clichê de auto-conhecimento e aprendizado. Apesar de confuso espero que você lei- tor possa entender um pouco de como vejo o mundo ao meu redor. Um mundo de óculos, de miopia gráfica. RICARDO FENAS
GLITCH NÃO É DESIGN Glitch não é design mas mes- bém uma nova oportunida- mo assim insisto em tentar de de tentar novamente. Um fazê-lo. Uma falha inesperada vício eminente surge como em um sistema de computa- fumar cigarros já fumados e dor pode gerar na tela uma você tentar extrair um resto imagem imperfeitamente lin- de cinzas dali. da. Mas o mais interessante - mesmo é corromper proposi- Pensando bem, produzir uma talmente os arquivos digitais. falha intencionalmente é o Os resultados obtidos com a cúmulo da perda de tempo. destruição de arquivos digi- Sou um desocupado digital. tais podem ser magníficos e Pior ainda é ficar frustrado muitas vezes assustadores. com o resultado de uma falha imperfeita. Pra que produzir erro, do erro, do erro, imagens aleatórias que nun- do erro aparece e a ca (nunca?) serão aplicadas comercialmente. Tenho que frustração vem junto. parar com isso e tentar fazer Vem junto também uma outras coisas. “Coisas de de- nova oportunidade de signer gráfico”, tipo capa de facebook e logomarca. Desis- tentar novamente to de desistir e persisto nos erros. É um processo que necessita - de tempo e paciência.Muitas Tudo ao nosso redor pro- vezes ao destruir um arqui- duz falhas. Desde máquinas vo digital propositalmente, o a humanos. Só precisamos resultado imagético é inexis- olhar mais atentamente para tente, salvo a mensagem de esse erro e descobrir aspec- erro. O erro, do erro, do erro, tos dele invisíveis a um pri- do erro aparece e a frustração meiro momento. Televisores vem junto. Vem junto tam- com mal contato no cabo da ZERO OITO
antena, letreiros de ônibus quebrados, smartphones que sobreviveram a uma queda de cinco metros. Todos es- ses itens ao falharem expe- lem uma imagem gráfica im- pressionante, quase como um apelo para você olhar para ele e perceber sua beleza por um segundo. Um grito de estética no meio da lógica funcional maquinal. - Percebi que um pixel da tela é somente um elemento do erro no glitch. É preciso que outros milhões de pixels fa- lhem para que o glitch ocor- ra. Um somatório de infinitos erros que juntos são capazes de produzir uma estética úni- ca. De erro, em erro, em erro o mundo é formado também. A contribuição dos erros da sociedade forma um enorme glitch social que persiste a milênios, falhando e falhando diariamente.
DEZ
ONZE
DOZE
TREZE
FOTOFOBIA Apesar de trabalhar e viver Voltando ao abstrato mais diariamente com imagens, uma vez. O mais interessan- nunca gostei de tirar foto. te seja talvez olhar qual- Tenho fotofobia. Não gosto quer objeto bem imagético da minha imagem retratada. ou icônico e vislumbrar uma Parece que sempre tem mais imagem abstrata no meio de erros que o normal. Contu- todo aquele realismo. Ob- do, aprendi a tirar fotos como servar uma mesa de corte e forma de expressão técnica. achar beleza em suas linhas, Nunca soube desenhar coi- um fundo de garrafa cheia sas muito realistas e fiéis ao de abstração e paredes com olho: minha miopia sempre veias imateriais. Experimen- me atrapalha. Fujo então para te olha uma garrafa de Coca- o abstracionismo. Produzir Cola bem de perto e observar imagens abstratas é a forma suas gotas de filosofia. Por que encontrei para burlar mi- vezes, isso se torna quase nha dificuldade e falta de ta- como um manifesto abstra- lento em produzir desenhos cionista no meio de tanta re- realísticos e icônicos. alidade. - - Toda a fotografia depende do Será que existe uma guerra olhar do fotógrafo, que con- entre o plano real e plano da tamina o ambiente com ele. abstração? Um embate épico Nunca uma imagem fotogra- que já dura há milênios, sem fada poderá ser igual a outra nenhum vencedor (aparente- também fotografada, mes- mente). Torço para a abstra- mo que tente. Não tem como ção levar esse caneco. Só as- plagiar um olhar fotográfico. sim, viveremos em mundo de Seria melhor sequestrar um sonhos cheio de cores, textu- fotógrafo e obrigar ele a tirar ras, formas, linhas e pontos. fotos e dizer que são suas. Esqueceremos todo o funcio- Empresas já fazem isso. nalismo do mundo. Q U AT O R Z E
QUINZE
DEZESSEIS
DEZESSETE
DEZOITO
DEZENOVE
MAÇAROCA A abordagem do corpo como Usar a tecnologia junto ao uma superfície de trabalho corpo é outro ponto impor- gráfico sempre me interessou. tante, creio eu. Não para E não estou falando de tatu- criar um ciborgue que tra- agens. Não possuo nenhuma balha sem parar para ganhar e acho que não posso ter, dinheiro, mas sim misturar o devido a problemas na pele. digital ao analógico de forma Me interessa mais a mistura contundente. Eu tinha que da pele humana com outras inserir a palavra contundente superfícies. O que acontece- em algum lugar do texto. Era ria se misturasse couro com um parâmetro desse projeto. a pele humana? O que seria Usar e abusar do scanner para pele? O que seria couro? O criar o que eu que quiser que seria bicho e o que se- ria gente? Uma maçaroca de também é um parâmetro. sentidos, texturas e formas. Volto aquela coisa de - não saber desenhar Teria que cortar pedaços de realisticamente. O couro e estilizar com um pi- scanner me pos- rógrafo para se assemelhar a sibilita de forma pele humana ferida ou a pele rápida e barata de pessoas idosas, cheias conseguir uma de rugas e reentrâncias. De- imagem de qua- pois teria que grudar o couro lidade, além de na pele e digitalizar com um me permi- scanner as partes do corpo, tir interferir muitas vezes contorcendo os com a mão membros para obter um re- na forma sultado satisfatório. As ima- durante gens criariam uma espécie de o pro- bicho nunca vista. ces- Chamaria de Maçaroca. so. VINTE
VINTE E UM O QUE ACONTECERIA SE MISTURASSE COURO COM A PELE HUMANA?
VINTE E DOIS MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA MAÇAROCA
VINTE E TRÊS
VINTE E DOIS
VINTE E TRÊS
NÃO SEI O QUE ME LEVOU A ESCOLHER------ DESIGN COMO MINHA ATUAÇÃO.----------- - - - NÃO SEI SE É CULPA DOS MEUS PAIS OU DO - - - TABELIÃO QUE ME REGISTROU.ENFIM. M E U ------NUNCA TIVE MUITO CONTATO---- N O M E ----COM ARTES OU DESIGN NA MINHA - - - É - - - INFÂNCIA. FILHO DE UM PORTEIRO R I C A R D O -------E UMA COSTUREIRA, NUNCA - F E L I P E - APRENDI QUEM ERA VAN GOGH. - - - - D O - - - - PORTANTO NÃO É CULPA DOS N A S C I M E N T O , MEUS PAIS. SERÁ QUE O NASCI EM VINTE TABELIÃO ERA DESIGNER? E SETE DE------- ---------NUNCA SABEREI. OUTUBRO DE MIL ----TALVEZ SEJA MINHA N OV E C E N TO S - - - - - - - --CULPA MESMO. ANTES E NOVENTA E UM,--- ---DE FAZER DESIGN, ÁS QUATRO HORAS E ---- FUI TÉCNICO EM---- ZERO MINUTOS---------- ELETRÔNICA.----- NA MATERNIDADE-------- DETESTAVA .----- CARMÉLIA DUTRA,--------- --NÃO LEMBRO NO MUNICÍPIO DO RIO DE---- --NADA DISSO. JANEIRO, NO ESTADO---------- Ó B V I O - - - - - DE MESMO NOME, NA REPÚBLICA ---------- FEREDERATIVA DO BRASIL-------- - - - - - - - - FUI REGISTRADO NO DIA SEIS DE ------- NOVEMBRO DE MIL NOVECENTOS E - - - - - NOVENTA E UM E ESTAVA PRESENTE O - - - - TABELIÃO MARCO A .C BRANDÃO.------ - - - NÃO LEMBRO DE NADA DISSO. ÓBVIO-------
ME INTERESSO MAIS PELOS PROJETOS SMD-- -IE-GP-IMNEETXERTPIE-UEMUSSRAPEINMDOEIANENCSNCHO.LTUMPUAMREISCMOA.OJRAIESTMÍT.AIOSESESTSAQMFPULAEAEESRIISCOANIAUNQISRNAUSTCEOÍA-SP-ETES-I-REAC-RCDO-ÃHES-ORE-- E X PA N D I R QUE ESTOU FALANDO QUE ARTE - - - - - M U I TO SEJA INÚTIL. FAÇO PROJETOS - - - M I N H A COMERCIAIS TAMBÉM E------ P E R S O N A - --------PROSTITUO MINHA LIDADE E MEU MÃO-DE-OBRA A PREÇOS- MODO---------- POPULARES.PRECISO--- DE AGIR E PENSAR. DE DINHEIRO. SÓ------ ---------NÃO IMAGI- ESSA PUBLICAÇÃO---- NO MAIS MINHA VIDA SERÁ 60 REAIS. UMA TAFSVCD--- ---OEEUOIES---MRSIRU---,IEA---GCBFP--SNOE--RRMT.A-SINAOTE-OESLTVOPR-RRA-ATERC-VAORMEOU-SEERA-RMMLTMCN-PMEAPE-OIRSM-OEUE-P,NSQ.NLAEUCITUADSÇNEOMEVEISÕSDF.RAATEAOPOEGJUSNERSOEÁDDRMMBFAVEOCSAARIAOESCSTCNSUA,HERSNÃ-DDXOEÃOIEA-DRDSOEASIM.TNSSMO-EOIOEO-G-BS-RN--RFA-R--OEL--EQV-.M--RV-AU----AEERE----II. HORAS DA MINHA VIDA PENSANDO - - - - -----------------------SOBRE ASSUNTOS - - ----------------RELACIONADOS AO DESIGN.
C A R TA Z E S Segundo o dicionário, cartaz ca consigo finalizar um cartaz é o seguinte: “um anúncio ou em menos de 12 horas e sem- aviso de dimensões variadas, pre tenho coisa para mudar. geralmente ilustrado com de- Não que as mudanças irão senhos ou fotografias, apro- melhorar. É como ficar me- priado para ser afixado em xendo uma panela de macar- lugares públicos. Achei uma rão para não grudar no fundo definição meio pobre. e criar uma pasta insossa e Para mim um cartaz é isso que pega no dente. Não me- também mas mais. “Mas lhora mexer o macarrão. mais” é um cacofonia, te- - nho que tirar isso depois. Os Tem gente que faz cartaz cartazes tem um objetivo de achando que vai mudar o transmitir uma mensagem mundo. Eu me incluo nesses clara ou subjetiva, realista ou tipos. Cartazes com temas abstrata. Mas se for assim, sobre política, racismo, hu- qual a diferença de um cartaz manidade, guerra, medicina para uma obra de arte? Atual- e etecetera. Será um míse- mente creio que o cartaz te- ro cartaz ajuda alguma des- nha ganhado o status de obra sas coisas ou é muita pre- de arte. Não sei por que. tensão? Geralmente esses - cartazes são para promover Para fazer um cartaz é ne- algum debate.Debate-se e cessário ser chato. É preciso debate-se para nada. Como o mudar aquelas formas mi- cartaz. Pelo menos foi feito. lhares de vezes até a achar a Pelo menos foi debatido. Ex- composição certa entre foto- pressado, expelido e gritado! grafia, texto e imagem. Fazer Depois deve vir uma pessoa e a mão ou fazer no computa- despendurar todos os carta- dor? Usar semiótica ou algum zes antes pendurados e tirar layout quadradão com o títu- as cadeiras do debate. lo em helvetica? Sei lá. Nun- Meio triste. VINTE E OITO
VINTE E NOVE 29
T R I N TA
TRINTA E UM
SÍMBOLOS Por que grandes empresa que empresas usam seus símbo- são quase dono do mundo in- los para aumentarem os va- TRINTA E QUATRO vestem bilhões para criar um lores do seu produto ofere- pequeno desenho que nin- cidos, quase como um selo guém sabe se chamam de lo- que permite você a explorar gotipo, logomarca ou marca? o consumidor. Ou seja, caso No final é melhor chamar de queira aumentar o preço do símbolo. Esses símbolos re- seu produto, invista em de- presentam uma grande fatia sign e nessa coisa chamada no mercado de design e tiram branding, não há como errar. muita gente da miséria. - - Esquecendo um pouco a eco- Os símbolos tem a finalidade nomia, mesmo que minhas de sintetizar todo os valores contas me lembrem sempre, de um número de cnpj ou ou voltamos a criação de sím- número de cpf. Tem que ser bolos. Desenhar eles é quase de fácil reconhecimento, me- que uma alquimia. É preciso morável e principalmente: dosar a quantidade de sig- vender o produto que aque- nificado, forma e função. Se le oferece. Não sejamos hi- adicionar muit significado é pócritas, design serve em capaz de ninguém entender sua maioria para fazer girar seu símbolo e por conseguin- a economia. Economia criati- te não conseguir vender o seu va, indústria cultural e rome- produto. Muita função você ro britto tudo embarca nesse transforma seu símbolo em trem rumo ao progresso. um ícone tipo de banheiro: - só serviria para sinalização. E “Mas Ricardinho minha em- muita forma perderia a legi- presa vende experiências, não bilidade facilmente, transfor- somos assim!” A é, tem o tal mando seu símbolo em uma de branding. Quem foi que pintura. Com sorte consigo inventou esse termo? Muitas montar minha receita secreta.
TRINTA E CINCO
TRINTA E SEIS
TRINTA E SETE
SOBRE MIM Ano de 2018, atualmente es- Sei usar razoavelmente bem tou cursando Comunicação os softwares de edição grá- Visual na Pontifícia Universi- fica da Adobe, por ordem de dade Católica do Rio de Ja- habilidade: Illustrator, Inde- neiro. Meu objetivo é termi- sign e Photoshop. Também nar a faculdade no final desse me arrisco a usar softwares ano e ganhar experiência no de vídeo como o Adobe Pre- mercado de trabalho durante mier e After Effects. Evito os próximos. Tentarei traba- usar o Dreamweaver pois ele lahar com a maior diversidade me assusta mas acredito que de projetos possíveis com o consigo vencer essa quimera. intuito de aperfeiçoar minhas - habilidades adquiridas. Sempre priorizarei meus pro- - jetos pessoais. Reitero. Sem- Já trabalhei em algumas em- pre priorizarei meus projetos presas durante minha vida pessoais. São os únicos que acadêmica. A primeira foi me mantém ativo criativa- como monitor na Pontifícia, mente. ensinado os softwares Adobe Illustrator e Adobe Pho- toshop. Depois aprendi du- rantes três meses um pouco de edição de vídeo e motion graphics na empresa MedGru- po. Também passei um ano como estagiário na Fundação Getúlio Vargas atuando como web designer. Por último atuei no Fluminense Football Club como designer gráfico, onde fique seis meses. TRINTA E OITO
TRINTA E NOVE
Q U A R E N TA
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