REFLEXÃO INDIVIDUAL Identificação do formando: Celeste Ferreira Peralta Identificação do formador: Idalina de Oliveira Rito Gordo Modalidade: Oficina de Formação Duração: 15H Realizei a oficina de formação Operacionalização do Decreto-Lei nº 54/2018: a gestão do ensino e das aprendizagens, na perspetiva da pedagogia diferenciada, dinamizado pelo Centro de Formação Leirimar, não por necessidade de conhecimento da legislação, que estudo em formação docente desde 2017 com os projetos e propostas para a atual legislação, mas também porque, como docente de Educação Especial, estou atenta na adaptação da legislação à nossa realidade escolar e à sua constante evolução. Para mim foi importante reciclar, analisar e problematizar as dificuldades e desafios da educação, na atualidade (exigências e paradoxos em tempo de distanciamento social e de ensino à distância) e tomar consciência na metamorfose das funções da educação e o papel da escola, no desenvolvimento integral do aluno, na perspetiva tanto do professor, como do aluno. O mais profícuo foi realmente partilhar experiências e aprendizagens, no âmbito da resposta à diversidade de alunos e suas capacidades e adquirir ferramentas (conhecimentos, estratégias e atividades) necessárias ao desenvolvimento pessoal e profissional como suporte à melhoria da ação educativa, em grupo, com docentes dos vários níveis, ciclos e grupos de ensino, que formavam o grupo de docentes formandas. Construir e implementar um projeto (sendo uma planificação com adaptações curriculares não significativas, de uma unidade didática, ou a adaptação de materiais, a fórmula de avaliação), em sala de aula, promotora de inclusão, tomando como requisitos a presença, a participação e o desenvolvimento socioemocional e cognitivo dos alunos, foi sem dúvida o mais produtivo e feliz deste módulo de formação. De um modo mais individual, durante as sessões de formação ou na preparação da sessão seguinte, interpretei alguns textos disponibilizados pela formadora. Dei particular atenção ao artigo “A perspetiva ética dos sentimentos e emoções dos professores”, de Bahia, Freire, Amaral & Estrela, de 2011. Recolhi ideias chave e apontei desafios na sua leitura: a educação para os valores, o professor enquanto promotor de mudança de atitudes e de retorno a valores fundamentais, cujo desafio é a universalidade dos valores postos em causa por uma escola multicultural; os princípios e valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros e que garantem o bem-estar social, cujo desafio será o julgamento moral como um comportamento descrito em termos afetivos e cognitivos, na medida em que não se deve apenas ter em conta o princípio moral, mas também a sua aplicação em contextos
concretos de tomada de decisão; o sentido de responsabilidade ética para com os alunos, nomeadamente no que se refere ao seu contributo para o desenvolvimento de cidadãos capazes de construir um projeto de vida e de se apropriar não só de novos conhecimentos, mas de novas atitudes e comportamentos (função científica e pedagógica do professor), onde o maior desafio é continuamente promover a empatia e a simpatia para que o aluno reconheça no professor o carácter, a confiança, ou seja, um homem honesto, um homem benevolente; para ele reconhecer a experiência, o conhecimento, sendo exemplo para a construção do projeto de vida do aluno. Há, no entanto, mudança de paradigma, recentrando o processo educativo no desenvolvimento pleno e na emancipação de cada ser humano e da humanidade. Embora nunca tenham sido postos em causa os pressupostos éticos e morais do ensino, uma vez que educar é sempre veicular valores, o que estes textos reequacionam é a necessidade de os docentes estarem mais conscientes desse papel social e, por isso, o fazerem de uma forma mais intencional, face às dificuldades com que a escola e a sociedade se debatem na transmissão de valores éticos às novas gerações. Na mudança da mentalidade, da cultura e identidade nacional, da sociedade, gradual e mais restritamente da escola, os desafios que se impõem são os da afetividade em atitudes e comportamentos de respeito e preocupação pelos alunos, na capacidade de diálogo e de compreensão e na sensibilidade que é revelada face às necessidades individuais dos alunos e o cuidar dos alunos que para os professores implica algo mais que o questionamento das desigualdades sociais e estruturais que afetam a educação (na questão da marginalização). O caso dos professores que se envolvem tanto em cuidar incondicionalmente dos outros, e que ficam eles próprios emocionalmente exaustos. Numa outra sessão, incorporei o meu papel de aluna e como aluna refleti sobre o meu ritmo e estilo de aprendizagem, o modo e o meu papel enquanto aprendiz individual e em grupo, o que me motiva e me torna mais difícil o processo de ensino e aprendizagem. Quanto a propostas para debate na formação, sublinhei por escrito, junto da formadora, que a formação enquanto sala de aula telemática pode ser mais prática, com casos em estudo, aplicando à nossa necessidade e prática pedagógica. Fazer com que o conhecimento tenha utilidade prática e resolva questões e dificuldades que enfrentamos de facto em sala de aula. De igual modo para com os nossos alunos, porque dar o sentido prático de uma qualquer matéria e o recurso a casos práticos, objetos para manipular ou experiências para viver como estratégia de ensino/aprendizagem, facilita a visualização, a concretização e a verdadeira aplicabilidade da aprendizagem de um determinado conteúdo, transmitindo segurança e apoio na concretização individual desse mesmo conteúdo na vida prática/profissional e consequente sucesso. Numa das últimas sessões, para a qual me preparei, mas não assisti, analisei dois casos, uma turma de 5º ano e outra de 7º. No 1º caso, o enfoque incidiu sobre o
processo de avaliação da necessidade de medidas de suporte: focado no currículo, nas aprendizagens, nos alunos e nos contextos. Foram identificados por mim poucos ou raros momentos para trabalhar a leitura e a expressão escrita em sala de aula, uma vez que as aulas são um comboio de alta velocidade de lecionação de matérias sem qualquer tipo de treino. Perderam-se os momentos de escrita coletiva em quadro, jogos de escrita. Já há algum tempo, e graças à leitura recreativa nos programas de português e ao Plano Nacional de Leitura, julgo haver o reaproveitar de leitura de obras integrais, leitura partilhada em sala de aula. Essas técnicas de escrita e leitura poderiam ser trabalhadas em apoio ao estudo ou Antecipação e Reforço de Aprendizagens (ARA), mas muitas vezes estas aulas não são mais que a consolidação em ficha de trabalho do que foi feito em sala de aula. Há também mais debitação de matérias do que dar à descoberta dos alunos. Os professores seguem muitas vezes os materiais propostos pelos manuais, sendo que utilizam muitos textos para o mesmo conteúdo. É mais profícuo trabalhar um só texto e a partir da experimentação do aluno: ele a interpretar, ele em grupo com os seus pares a deduzir regra gramatical ou outro conteúdo; e só depois explanar e consolidar respeitando o rimo de aquisição do aluno e os estilos de aprendizagem. Relativamente ao aluno com isolamento social e dificuldade na gestão de comportamentos face á imprevisibilidade, deve a professora antecipar os conteúdos e matérias que vão ser lecionadas e fornecer ao aluno pistas ou trabalhos de pesquisa sobre as mesmas, para que o aluno não enfrente o desconhecido, e ao mesmo tempo ao apresentar algo que preparou o faz sentir-se mais integrado e valorizado no seio do grupo turma. A aluna com procura de conflitos com pares e dificuldade em terminar tarefas no tempo definido parece de facto exemplo de quadro de hiperatividade e défice de atenção, sendo que tem necessidade de participar mais ativamente na sala de aula. Deve ser questionada sempre que o nível de concentração baixe para manter foco em sala de aula e evitar comportamentos desajustados e perturbadores. Deve propor-se realizar pequenas tarefas de organização de espaço e distribuição de materiais, ser convidada a ler os resumos anotações por parte da professora em quadro ou do trabalho de grupo, para a manutenção da atenção e uma atitude mais proativa, sem tempo para conversas paralelas e comportamentos perturbadores para com os pares. Sente-se assim mais útil. Muitas destas questões denunciadas aqui neste caso resolvem-se com a aplicação de uma planificação de atividades e unidade mediante os 3 pressupostos do Desenho Universal das Aprendizagens – Modo de apresentação, envolvimento e expressão. Deve não só a professora de Português como todo o conselho de turma aplicar múltiplos meios de representação, expressão e envolvimento traduzidos em tarefas de reconhecimento, tarefas estratégicas com base nos interesses e dimensão emocional. Todos estes 3 princípios doutrinam a diferenciação pedagógica e acomodações curriculares expressas ao nível das medidas universais. Essa planificação é realizável em conselho de turma, sem necessidade de intervenção da EMAEI ou Direção.
No 2º caso, com lente sobre processo de avaliação, gestão e intervenção em situações que exigem uma articulação entre vários setores, parece-me estar o Conselho de Turma perante um aluno com capacidades e talentos superiores com aptidão académica específica nos domínios académicos, linguístico, lógico-matemático, que presta boas provas, mas que não se sente à vontade em grupo e presença social nem nas atividades mais artísticas. Tipicamente um quadro de sobredotação não identificado, não avaliado, e com discrepância, com níveis heterogéneos de desenvolvimento entre inteligência e psicomotricidade, grafo motricidade, inteligência e afetividade e dessincronia social. Realmente estamos perante rejeição por parte dos colegas, que o não entendem. Revela-se oposição ao meio, intolerância, impaciência, dificuldade em aceitar o ilógico, o superficial e conhecimentos mal estruturados, indefinidos, desinteresse pela rotina, necessidade de inventar constantemente, necessidade de domínio precoce das habilidades fundamentais, falta de estímulo familiar e escolar apropriado. Neste caso específico, há necessidade por parte da escola de reconhecer, apoiar e evidenciar o melhor deste aluno, por isso: de identificação, avaliação das áreas potenciais, desenvolver um plano estruturado, usar todos os meios escolares e da comunidade escolar onde o aluno se mais evidencia (clubes de robótica e ciências e concursos de matemática onde o aluno possa crescer e desenvolver as suas capacidades, explorar o seu potencial máximo e encontrar pares de mesmo nível onde se sente mais compreendido. De igual modo é possível investigação e pesquisa em escolas superiores onde possa trazer esse conhecimento para o seio da sua turma em dadas matérias e ser reconhecido/ estimular a sua autoestima e o seu valor social. Na fase final da formação, trabalhei em grupo heterogéneo, de idade, de formação de base e de ciclo de ensino diversificado. Neste trabalho, e com base na construção de uma planificação de um bloco temático, cruzamos 3 plataformas importantes que servem de base à escola atual em Portugal: o Perfil do Aluno à saída da escolaridade obrigatórias, as Aprendizagens essenciais e o Desenho Universal para a Aprendizagem. Assim, compreendemos, no decorrer do estudo da turma e da proposta de planificação, que a escola acolhe uma diversidade de alunos de diferentes vivências socioeconómicas, culturais, e com diversas capacidades cognitivas e motivacionais. Para que a escola seja a base humanista, equitativa e inclusiva, deve ser garantido que: o acesso à aprendizagem e à participação dos alunos de igual modo, uma ação educativa flexível e coerente, adaptar metodologias a novos contextos e estruturas, mobilizar competências, atualizar conhecimentos num mundo em constante transformação e novas descobertas, capacitando os alunos para o desempenho de novas funções. No final da escolaridade obrigatória, queremos que o aluno seja livre, autónomo, responsável e consciente de si e do mundo onde habita e que saiba analisar, questionar e interpretar a realidade, usufruir de informação que soube previamente selecionar, e ser capaz de pensar por si só e tomar autónoma e criativamente decisões que respeitem os seus direitos e liberdades, enquanto se desenvolve pessoalmente ao longo da vida e
intervém socialmente. O aluno deverá ser capaz de utilizar diferentes linguagens e símbolos associados às línguas, às tecnologias e em diferentes contextos de comunicação. No estudo de uma obra literária, o aluno deve desenvolver, mais especificamente no trabalho que apresentámos, competências na área da sensibilidade estética e artística, na exploração e desenvolvimento da sua expressividade pessoal e dos seus pares; reconhecer especificidades e intencionalidades de um autor como agente de manifestação cultural de um país e de uma época histórico-social; experimentar em processos próprios das diferentes formas de arte; também de apreciar criticamente a mesma realidade artística em diferentes suportes tecnológicos; e ainda reconhecer e valorizar o papel das várias formas de expressão artística e do património literário e cultural do seu país/comunidade. Como turma, será necessário que aprendam a adequar comportamentos em contextos de cooperação, partilha, colaboração e sã competição; trabalhar em equipa, em tutoria de pares, e usar diferentes meios para comunicar e interagir com tolerância, empatia e responsabilidade, e argumentar e aceitar diferentes pontos de vista e modos de participação social. Na preparação das atividades letivas, sejam elas, presenciais em sala de aula, ou na modalidade de ensino à distância (com momentos síncronos e assíncronos), com vista à realização de tarefas autónomas propostas aos diversos tipos de alunos. A nossa prática pedagógica deve fazer uso de variadas formas de apresentação da informação e dos conteúdos, de modo a servir as múltiplas inteligências que nos assistem. Devemos promover diferenciação de materiais, de modo a que todos possam experimentar diversos meios de aquisição de uma mesma informação, esbatendo entraves sensoriais; vivenciar modos de expressão para que se sintam à vontade para realizar uma participação mais fluída, aniquilando barreiras de comunicação; e proporcionar funções de execução acessíveis para cada um dos estilos de expressão dos alunos. Por último, e não menos importante, permitir diferentes opções de trabalho e dinâmicas, dentro ou fora de sala de aula (de forma síncrona ou assíncrona), dando primazia à experiência já vivida pelo aluno e aos seus interesses dirigidos ao mesmo tema, para cativar e motivar cada um para o seu envolvimento efetivo e afetivo no seu processo de aprendizagem. Reforçamos junto das docentes que connosco partilharam a formação que as práticas pedagógicas, tendo por base o DUA, devem oferecer oportunidades, fomentar desafios, mantendo elevadas expetativas de aprendizagem com vista à satisfação e realização pessoal e, por conseguinte, também formas alternativas de avaliação, com enfoque na modalidade formativa, que implica acompanhamento, monitorização dos processos (das etapas de aprendizagem) e da evolução dos alunos, com respetiva auto e heteroavaliação responsável, partilhada pelos pares (com critérios definidos em comum para cada etapa e registados em grelha síntese).
Avalio esta formação como Excelente, por tudo acima mencionado e o que me trouxe para reflexão e apoio colaborativo na mudança de prática docente numa escola que se reinventa no início deste novo século.
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