POR AYR ALISKI | 22 de Março de 2018Fórum da Água derruba mito de que agricultura é “vilã hídrica” Fatos e mitos que afetam a imagem ambiental da atividade rural foram debatidos no evento, em Brasília;CNA e Embrapa apresentaram dados científicosInformações falsas que prejudicam a imagem ambiental da atividadeagropecuária brasileira estão sendo derrubadas no 8º Fórum Mundialda Água, realizado esta semana em Brasília. Especialistas,pesquisadores e representantes do setor produtivo estão provando
que não são verdadeiros os conceitos como os de que a irrigaçãodesperdiça muita água e é responsável pela crise hídrica das cidadesou que a agricultura polui os rios e prejudica a população.“Às vezes as pessoas exageram em determinados pontos de vista,com algumas crenças. Por exemplo: de que árvores necessariamenteproduzem água. É bom que se diga que árvore bebe água, comoqualquer outra planta. Para poder crescer e gerar biomassa é precisode água”, disse o pesquisador da Empresa Brasileira de PesquisaAgropecuária (Embrapa) Cerrados Jorge Werneck. Ele explicou que épor isso que um eucalipto – de uma floresta plantada – exige tantaágua e que o mesmo ocorre com outros tipos de árvores, mesmo deas de florestas. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA), por sua vez, lançou a cartilha “Fatos e Mitos” para o Fórum daÁgua esclarecendo conceitos que afetam negativamente a atividaderural.“Mesmo a floresta tem uma grande dinâmica em si que acaba tirandoágua do solo e levando para a atmosfera. Essas coisas precisam serestudadas com calma, com a ciência presente nesse processo”, disseo pesquisador da Embrapa. Werneck é um dos representantes doBrasil no Comitê Diretivo Internacional (CDI), instância decisóriamáxima das ações do Fórum. Ele participou nesta quarta-feira (21) dasessão “Agricultura e serviços ecossistêmicos: produtores ruraispodem salvar rios e ainda lucrar?”.Questionado pela revista Globo Rural se é possível “salvar rios”,Werneck argumentou, sob o foco científico: “É um pouco demais. Édifícil a gente salvar rios, mas você consegue, sim, utilizar os recursosnaturais de forma mais adequada para ter o mínimo impacto possíveldentro dos rios e possa, assim, compartilhar essa água com maispessoas e com o meio ambiente”. Ele disse que já existe tecnologiapara alcançar esse objetivo, inclusive muitas tecnologias antigas,como o plantio direto. “A crise hídrica pode, inclusive, ter um ladopositivo, de aumentar a conscientização sobre o uso racional do solo,da água. Aos poucos o Brasil tem avançado no aumento dasustentabilidade de sua agricultura”, completou.Cada ambiente precisa ser estudado e compreendido em relação àspossibilidades de atividades agrícolas e necessidades de preservação,
destacou Werneck. “Nem sempre árvore vai ser adequada. Vide oPampa, que é um ambiente que não tem árvores”, argumentou. “Outroerro é acreditar que tudo que vem de cima é acumulado pelas matasciliares. Isso também não é verdade, pois há caminhos preferenciais.Não que as matas ciliares não sejam importantes. Sãosuperimportantes”, afirmou. O pesquisador apontou que oplanejamento do uso do território e da água é fundamental, pois nemtodo o uso do solo e da água para agricultura representa impactosignificativo aos recursos hídricos. É preciso considerar pontos comoaptidão de solos e áreas, escala, capacidade de suporte e legislação,entre outros critérios.Ao se discutir biodiversidade, destacou o pesquisador da Embrapa, oestudo não pode envolver apenas a água. É preciso haver um estudointegrado do ambiente, do espaço, para garantir produção de água,produção de alimentos, fibras, energia e também a manutençãoadequada da qualidade do meio ambiente. Werneck alertou que oBrasil tem, sim, condições de melhorar o uso das áreas já disponíveispara a atividade agropecuária e que a intensificação sustentável é umponto imprescindível para equilibrar a equação entre a necessidade deconservação e de produção agropecuária. É indispensável,enfim, avançar a discussão sobre o nexo água-alimento-natureza,destacou o representante da Embrapa, deixando de lado as crenças ecom forte aposta na ciênciaFatos e MitosA CNA elaborou uma cartilha que confronta fatos e mitos queenvolvem a atividade agropecuária especialmente para o 8º FórumMundial da Água. O primeiro mito hídrico citado na publicação é o que“70% da água no Brasil é usada para irrigação”. A cartilha esclarece alegislação brasileira (Lei nº 9433/97) deixa claro que a prioridade égarantir o abastecimento humano e sanar a sede dos animais. A CNAexplica, ainda, que é exigida a manutenção de uma vazão mínimapara evitar a degradação ambiental. Somente o excedente hídricopode ser utilizado pela agropecuária.A CNA informa também que é falsa a informação de que “pivô centralgasta muita água”. A entidade explica que a irrigação oferece àsplantas a quantidade ajustada e necessária de água, sem desperdício.
A Confederação mostra que estão erradas as hipóteses de que airrigação causa falta d’água nas cidades e que agricultura polui aságuas que chegam aos centros urbanos.“Se a questão é escassez, o produtor rural tem mais soluções do queproblemas”, destaca o coordenador de Sustentabilidade da CNA,Nelson Ananias Filho. Ele cita a importância das fazendas na recargade aquíferos e na formação de estoques de água, que acabamalimentando os cursos d’água. Ananias lembra que a agricultura sofrecom a poluição dos rios vinda das cidades – esgoto -, pois asplantações exigem água limpa, de qualidade, para a produção dealimentos.Fonte: https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2018/03/forum-da-agua-derruba-mito-de-que-agricultura-e-vila-hidrica.html
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