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Trabalho PIPSI IV

Published by Jayne Patricia, 2021-11-23 22:19:07

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FACEX CURSO DE PSICOLOGIA PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM PSICOLOGIA IV ANA CLARA MARINHO ARIANA FIGUEIREDO CECÍLIA CARVALHO HIANCA PEIXOTO JAYNE PATRICIA LUNE MARQUES ADOLESCÊNCIA E POLÍTICA: O ADOLESCENTE NA POLÍTICA E SEUS PROCESSOS DE INGRESSO. NATAL/RN 2021

ANA CLARA MARINHO ARIANA FIGUEIREDO CECÍLIA CARVALHO HIANCA PEIXOTO JAYNE PATRICIA LUNE MARQUES ADOLESCÊNCIA E POLÍTICA: O ADOLESCENTE NA POLÍTICA E SEUS PROCESSOS DE INGRESSO. Trabalho realizado em cumprimento às exigências da Disciplina PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM PSICOLOGIA IV no curso de Psicologia do Centro Universitário Facex (UniFacex). Orientadora: Izabel Feitosa. NATAL/RN 2021

1. Apresentação: Este presente trabalho trata de uma construção de um diário ao qual relata as experiências de um adolescente fictício e que tem como objetivo a execução da proposta de atividade avaliativa da disciplina Práticas Integrativas de Psicologia IV (PIPsi IV), através da integração multidisciplinar das disciplinas de Psicologia da Adolescência, Psicologia e Educação, Psicologia Social II, Psicopatologia II, Sistemas e Teorias III - Campo Fenomenológico-Existencial e Sociologia, disciplina está ministrada pela Professora Izabel Freitas e ofertada no Centro Universitário Facex para a turma do quarto período de Psicologia em 2021.2. O projeto da PIPsi IV visa a participação mais prática dos alunos e a interdisciplinaridade com as demais disciplinas obrigatórias do semestre, e a partir dos relatos do diário problematizar a temática Adolescência e Política: O adolescente na política e seus processos de ingresso, em que pudemos abordar o movimento de uma adolescente, tendo que conciliar seus ideias com a vida familiar e pessoal, bem como, seus conflitos internos e o pertencimento nos espaços de convivência. O diferencial deste trabalho é justamente mostrar como o relato de conflitos não é isolado, e aborda os diversos assuntos que permeiam o espaço do personagem principal. Por fim, o estudo realizado tem caráter qualitativo e foi desenvolvido por intermédio da técnica de entrevista e questionário. Sendo assim, utilizamos de um questionário aberto no qual pudesse abarcar as vivências acerca do processo de ingresso na política por parte do entrevistado.



14/09/19 Eu comprei você e não sei porquê, acho que isso é muito coisa de criança mas eu preciso falar pra alguém sobre minha vida e de fato preciso de uma amiga pra desabafar, sinto que se não fizer isso vou acabar me sufocando com tanto sentimento acumulado, ando passando muito mal ultimamente, com muita falta de ar, uma angústia enorme no peito que parece que não passa nunca, e como não quero ser um peso pra ninguém, resolvi escrever um pouco e então vamos lá… Vou começar falando sobre o maior motivo da minha vida está virada de cabeça para baixo: a minha relação com minha família. Ela sempre foi MUITO conturbada, principalmente com meu pai, não conseguimos ter uma relação boa, não consigo falar sobre meu dia a dia, sobre o que eu gosto ou qualquer outra coisa, somos completamente diferentes, e nossa relação anda tão ruim ultimamente que se torna torturante viver sob o mesmo teto que ele. Já a relação com minha mãe é completamente diferente, temos uma conexão única, ela é o grande amor da minha vida, meu alicerce em todas as situações, porém ela não mora aqui no Brasil, teve que se mudar para Portugal a trabalho já faz 4 anos, e mesmo não querendo, foi decidido em comum acordo entre meus pais o que eu mais temia: ficar morando com meu pai. Mesmo odiando a ideia desde o começo, era a melhor decisão, já que o emprego da minha mãe é muito instável, então, por conta dos meus estudos, a alternativa mais coerente era me deixar aqui. Infelizmente tive que concordar, mas se tudo der certo *e eu espero que dê*, vou passar na faculdade que eu quero e vou morar com minha mãe muito em breve, essa é a única esperança que eu tenho ultimamente.

Além disso, na escola também anda bem complicado, porque me sinto muito diferente dos meus colegas, me sinto deslocada... na real sinto que estou vivendo dentro dos meus próprios conflitos e não estou sabendo sair disso. Fico pensando se sou chata como meu pai mesmo diz ou se tenho razão em ter minhas indignações. E pra piorar tudo, o meu relacionamento com Lucas, no caso o meu namorado, anda bem estranho, estamos mais pra lá do que pra cá, não estamos mais em sintonia e sinceramente eu não sei mais o que fazer.

19/09/19 Passei alguns dias sem escrever porque não sei muito bem como falar sobre o que sinto já que sinto muitas coisas kkkk. Acho que por eu ter tido uma criação muito rígida não sei bem como reagir a certas situações. Por exemplo, quando eu era criança questionei meu pai sobre as pessoas viverem na rua, se elas não tinham casa e ele me disse que eram pessoas diferentes e a vida era assim mesmo e eu não deveria pensar sobre isso, então eu não tive mais como falar sobre. Eu me interesso muito pela lutas sociais, pelos movimentos libertadores e uma das bases que me norteiam é a sócio-histórica, “sua pesquisa traz a ideia do homem como unidade de corpo e mente, ser biológico e ser social, membro da espécie humana e participante do processo histórico” (FREITAS, 1996). Procuro ler sobre esses assuntos porque eles acabam preenchendo o espaço de eu não ter com quem conversar e discutir sobre a influência do contexto histórico na formação de uma vida futura. Esses dias conheci os estudos de uma filósofa chamada Silvia Lane e, não sei se pelo destino ou coincidências da vida, acabei lendo um texto dela chamado “A história via família e escola” no qual ela diz o seguinte “a instituição familiar é, em qualquer sociedade moderna, regida por leis, normas e costumes que definem direitos e deveres dos seus membros e, portanto, os papéis de marido e mulher, de pai, mãe e filhos deverão reproduzir as relações de poder da sociedade em que vivem” (LANE, 1981, p.40.). Fiquei refletindo a respeito e é muito doido como isso se aplica na minha casa, vivendo com meu pai… quero tanto sair desse sistema, mas não faço ideia de como farei isso porque me sinto cada vez mais pressionada a seguir um padrão de

comportamento para não ter que lidar com as confusões, já que divido um teto com ele!!!! às vezes a minha cabeça é um grande cenário apocalíptico :(

20/09/19 Hoje eu achei uma pagina do meu antigo diário de 2010, quando eu tinha 8 anos e ao ler me lembrei de como eu sempre tive uma conexão muito forte com minha mãe e o quanto somos parecidas. Colei uma foto de nós duas no meu diário da época e ela me fez recordar a euforia daquele dia, do movimento das pessoas e de toda “festa” em prol do que minha mãe disse que era uma mudança. Enfim, esse dia foi muito importante pra mim por surgir meu interesse na política, sentir necessidade de participar de algo muito maior. Apesar de sempre gostar, nunca tinha pensado na ideia de colocar pra frente meu interesse nisso, mas ultimamente com tudo o que estamos passando, sinto a necessidade de uma mudança, então decidi começar a procurar algo pra me motivar cada vez mais, não sei o que ainda, mas espero encontrar.

03/10/19 Lembra quando eu falei de Lucas??? então, acho que eu mudei completamente de ideia. Hoje saímos pra jantar e foi tudo TÃO perfeito, eu tenho CERTEZA que vou casar com esse homem!!!!!!! Sinto que as coisas estão começando a andar... conversamos sobre tudo o que estava nos incomodando, o que podíamos melhorar, o que queríamos para o futuro, colocamos os pingos nos i’s, de fato precisávamos disso. Toda essa situação me deixava muito ansiosa, porque é uma merda se sentir assim principalmente por causa do seu próprio namorado *que ele nunca saiba disso*, sempre fui insegura com a nossa relação e meio louca achando que estava faltando alguma coisa nela, mas isso tudo já estava passando dos limites. A gente namora há 3 anos e sempre foi uma relação muito calma, sinto que ele é necessário pra minha vida, tenho sorte de ter alguém como ele ao meu lado, ele sim é um homem de verdade, diferente daquele ser que eu chamo de pai, eu tenho certeza que Lucas é o homem certo pra mim e que vou ser feliz o resto da vida com ele. Só que ultimamente a gente não estava na mesma vibe, não sei. O que eu sei é que ano de pré vestibular sempre é muito complicado, principalmente para relacionamentos, mas não pensei que seria tanto!!! Como ele é um ano mais velho que eu, e principalmente pelo fato de ter vivido tudo isso ano passado, sempre tentou ser muito compreensível, respeitando meu espaço, entendendo sempre que eu preciso estudar e quero me ocupar em outros projetos e sempre se propôs a me ajudar, mas sempre sentia que não estava tudo tão bem assim e foi assim que começaram as discussões e as brigas… ainda bem que foi resolvido, porque apesar de tudo, eu sei que mereço ser amada de verdade por alguém foda como ele.

06/10/19 Hoje não tô muito bem, tive uma discussão com meu pai porque não dá pra ignorar o caos que está o país e eu o questionei se ele estava feliz por ter ajudado a eleger um presidente que não faz nada pela nação. Tem menos de 1 ano, mas parece uma eternidade porque os efeitos negativos e a frustração já estavam acontecendo desde as campanhas, os jingles e as frases de efeito. Como foi que o Brasil conseguiu cegar assim? Eu tenho medo do que acontecerá nos próximos anos, medo mesmo… to desesperançosa, não tenho apoio e nem forças pra lidar com tudo isso sozinha dentro de casa. Essa situação me fez lembrar que minha mãe adorava o existencialismo, vivia falando algumas frases de um tal de Kierkegaard, nem sei dizer o nome dele. Me lembro quando eu ficava frustrada e ela me explicava sobre a angústia na visão desse boy, dizia que a angústia não necessariamente era um sentimento negativo e sim o acordar para nossa própria condição de ser humano. Assim a angústia se tornaria a liberdade quando eu aprendesse a me angustiar de verdade, pois eu nunca me perderia dentro de minhas frustrações. ( HARBSMEIER, 1993) Acho essa ideia bonita, ainda estou aprendendo a me angustiar com essas coisas. Escrever aqui aliviou um pouco… espero que amanhã eu esteja melhor.

13/10/19 Da última vez que vim aqui, disse que estava desesperançosa e sem apoio, mas a vida sempre dá um jeito de achar seu caminho (ainda bem!!! valeu, vida!). O país está um caos e protestos estão sendo organizados para reivindicar nossos direitos enquanto cidadãos. Lá estava eu, olhando as redes sociais e passei por um folder, chamando para o ato do dia 10/10 em prol das universidades federais e o fato do presidente querer privatizar TUDO. Decidi ir, sozinha mesmo, pra ver como seria porque senti a necessidade de me “agarrar” em algo que pudesse me dar esperança. E essa foi a melhor decisão que eu poderia ter tido!!! Apesar de ainda termos que lutar, eu me senti acolhida, me deu forças pra gritar, gritar mesmo! Mandar ele e toda essa corja pro raio que o parta! Lá eu encontrei pessoas de todas as idades, inclusive jovens como eu! EU NÃO TO SOZINHA NESSA! Fiz amizade com algumas pessoas que participam de coletivos, grupos que se organizam na luta contra opressões, explorações e qualquer tipo de dominação sobre um povo, uma minoria. Eles me convidaram para participar de um encontro e eu claro que aceitei! to ansiosa desde já!!!!!

16/10/19 VOU PRA REUNIÃO DO COLETIVO HOJEEEEEE!!!!!

17/10/19 EU AINDA TÔ EUFÓRICA COM A FORMAÇÃO DE ONTEM!!!! Fui pra reunião do coletivo e era uma formação sobre A sexualidade e disciplina do trabalho na ordem social burguesa, um artigo do autor Pablo Biondi, em que ele fala sobre identificar uma conexão entre as formas capitalistas de controle e influência sobre a sexualidade e a disciplina do trabalho que é própria da sociedade burguesa e de sua ideologia. É tão bom se sentir pertencente em alguma coisa! Aos poucos sinto que estou me encontrando, tendo consciência do meu próprio eu, do que acredito e do que quero fazer no futuro. O assunto debatido na reunião foi tão importante pra mim porque são discussões que sempre quis ter, mas não sabia como abordar esse assunto com meus colegas já que me sinto muito diferente deles. Foi importante ter acesso a outras informações, outras realidades e outras visões... enfim, tô feliz! Espero poder compartilhar mais dos meus dias dentro do coletivo aqui.

05/12/2019 Passei um tempo sem escrever aqui, muita coisa acontecendo nesse último mês, não tive tempo para escrever e no meio disso tudo me peguei refletindo sobre o que eu vinha falando por aqui, e percebi como eu sou realmente diferente do meu pai. Além dele achar que o que eu acredito é peba, ainda tem o fato de eu ser bi. Pouco tempo atrás eu chutei o balde e disse tudo pra todo mundo da família, meu pai ficou puto por querer que eu sempre escondesse tudo. MAS COMO????? Agora eu tenho uma namorada!!! Sou completamente apaixonada e não vou esconder nada de ninguém… Mas ok, pra você não ficar sem um contexto (meu deus, acabei de perceber que me afeiçoei a um caderno e to aqui dando satisfação pra ele! kkkkk), eu vou explicar essa reviravolta. Bom, eu como tantas outras meninas que gostam de meninas, sempre senti algo que não sabia o que era, sempre fiquei nervosa perto delas, cheguei até a ter uma super amiga, Luísa, no meu ensino fundamental, que olhando hoje, nós nos gostávamos, só não sabíamos. Mas, deixei essas coisas de lado porque claramente eu não devia sentir algo que não fosse amizade por ela, já que não se falava muito sobre isso e meus pais sempre projetavam uma filha ao lado de um homem, nunca de uma mulher. E eu namorei ANOS com Lucas, e realmente gostava dele, inclusive foi difícil demais acabar com ele, mas ele sempre muito compreensível entendeu completamente o meu lado… e sendo sincera? acho que pra ele o nosso namoro também havia acabado há algum tempo, tanto é que ele já está namorando com outra pessoa também. Mas graças a Deus, nossa amizade permanece firme e forte, sei que posso contar com ele pra tudo.

Voltando ao assunto, acho que por isso sempre fui muito confusa, não sei, por um tempo achei que fosse só uma fase meu interesse em mulheres e como meu namoro com lucas sempre foi muito bom e durou muito tempo, nunca tentei de fato entender tudo o que acontecia comigo. E aí conheci Bia no coletivo, tão linda, tão cheia de si, e algo diferente de tudo que eu havia sentido despertou em mim. Com o passar do tempo e a convivência me apaixonei completamente por cada detalhe dela, ela é incrível demais, o jeito que ela acredita nas coisas, a vontade de mudar o mundo, a personalidade única, a forma como ela me olha e sente orgulho do caminho que estou trilhando, o fato de não medir esforços pra me ajudar com tudo, e principalmente aquele sorriso... MEU DEUS, AQUELE MALDITO SORRISO!!! não consigo negar, eu sou completamente louca e apaixonada por essa mulher, tudo nela é inexplicável, e também tem aqueles cachinhos que eu fico *MEU DEUS, SOU LOUCA PELOS CACHINHOS <3*.

Apesar de tudo isso, por muito tempo me peguei na confusão de aceitar minha sexualidade, além do mais uma vez eu li em um livro que dizia que “muitos jovens têm uma ou mais experiências homossexuais, mas experiências isoladas ou mesmo atrações ou fantasias ocasionais não determinam a orientação sexual.” (PAPALIA, 2013) e fiquei meu deus, será????? Será que era apenas atração e fantasia? será que era apenas o momento? todo esse fogo e o despertar das emoções? e fiquei com isso na cabeça, sempre me questionando “porra, como eu posso ser tão confusa?” Levei esse questionamento várias e várias vezes para a terapia, até conseguir aceitar minha orientação sexual e aceitar quem eu sou. Acho que quando as coisas são pra ser, elas simplesmente acontecem, me aceitar bissexual foi difícil, mas foi libertador aceitar quem eu sou.

10/12/19 Só faltam poucos dias pra acabar o ano e confesso que ando muito atarefada com o fim do ano letivo, provas, enem, namorada, preparativos pro natal… Sempre faço uma retrospectiva na minha cabeça de como foi o meu ano e quero compartilhar aqui. Esse ano, apesar de eu achar que não consegui nada, fiz ótimas amizades, principalmente a minha com Lucas, parece que nossa amizade e companheirismo só aumentou, inclusive conheci a nova namorada dele há um tempo e amei os dois juntos, ela é muito gente boa, já saímos várias vezes. Conheci a mulher da minha vida e tenho orgulho dela ser a minha namorada, aff a Bia é perfeita, sem condições!! Me assumi e me assumi pra minha família toda, além disso, entrei no coletivo, estudei bastante pro enem, até gostei da prova mas vamos esperar o resultado *não gosto de comemorar antes*. E a melhor parte do ano está por vir….. vou passar o natal esse ano com todos meu amigos, E MINHA MÃE VEM DE PORTUGAL <3 ansiosa demais para revê-la e conhecer meu padrasto e o filhinho dele pessoalmente, só conheci por vídeos chamadas, nos falamos toda semana, mas não vejo a hora!!! Enfim, foi um ano bem conturbado, mas foi um ano cheio de realizações, fico feliz por partilhar um pouco disso tudo com você. *olha eu de novo, falando como você fosse alguém de verdade kkkkkk*

29/03/2020 Confesso que entrar no coletivo tá sendo uma boa experiência apesar de eu estar meio frustrada de só ter pegado esse formato EAD que é um saco e não poder ter a experiência completa que eu queria. Mas também me fez aprender muito e ter com quem discutir isso já que aqui em casa eu não tenho abertura pra falar sobre e na verdade por nunca ser levada a sério, nem tenho mais vontade. Pude ter uma noção que eu não teria se não participasse e procurasse entender. Perceber o quanto nós jovens somos importantes nesse meio político faz com que eu me sinta útil e pela primeira vez como se o que penso não fosse ignorado pelas pessoas diferente do que acontece aqui dentro. Pude ter uma compreensão melhor dos problemas sociais e assim poder discutir em debates sobre esses problemas com o intuito de, além de gerar pensamentos também gerar soluções, debater a importância de agir nessa luta, que nós movemos todo o país, pela economia, saúde e tudo, e depois de nós, poderemos passar isso para as outras gerações e por isso eu sei que devo sempre saber me posicionar. Queria poder fazer meu pai entender isso e mostrar que minha opinião deve ser levada em conta sim, tô cansada de me sentir ignorada.

01/04/20 Acho que estou ficando louca e precisando mais de você agora do que nunca, as pautas sobre saúde mental estão sendo muito abordadas dentro do coletivo, *que inclusive me chama atenção para atuar mais no campo político*, MEU DEUS, nós simplesmente estamos numa pandemia, num contexto social do qual ninguém pode sair de casa, dá pra acreditar nisso?? por que eu não! Sempre tive medo daqueles filmes futuristas que mostram o vírus acabando com tudo, então… É bem isso que tá rolando!!! mais cedo eu tava lendo umas coisas sobre transtornos mentais e meu Deus! não paro de pensar na possibilidade de estar com algum, olha esse aqui: segundo o Dalgalarrondo, 2019 p.646 Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais “O quadro de TAG caracteriza-se pela presença de sintomas ansiosos excessivos, na maior parte dos dias, por vários meses. A pessoa vive angustiada, tensa, preocupada, permanentemente nervosa ou irritada. Nesses quadros, são frequentes sintomas como insônia, dificuldade em relaxar, angústia constante, irritabilidade aumentada e dificuldade em concentrar-se. São também comuns sintomas físicos como cefaléia, dores musculares, dores ou queimação no estômago, taquicardia, tontura, formigamento e sudorese fria. Alguns termos populares para esses estados são: “gastura”, “repuxamento dos nervos” e “cabeça ruim”, mas acho que não é pra tanto, apesar de eu ter me identificado bastante… Acho que a esse ponto você já deve ter percebido que eu não ando muito bem, sempre fui muito ansiosa, mas ultimamente sinto que estou mais, não sei explicar, é como se minha cabeça não desligasse nunca! A pandemia fez tudo ficar pior… estou com o psicológico fudido, fudido de verdade, e aí estou há muito tempo frequentando

as reuniões de forma online, inclusive antes mesmo da pandemia., é como se já não me reconhecesse mais.

06/04/2020 Ultimamente tá sendo muito difícil eu me concentrar nesse negócio de EAD, fico me perguntando se estou realmente aprendendo ou só existindo... sinceramente, acho que chutei o balde! Mas me preocupa muito o fato de que a cada dia que passa, o Enem fica mais perto. Estava conversando com meus colegas do coletivo no grupo do whatsapp sobre esse assunto e aparentemente ninguém tá podendo fazer nada pelos adolescentes que vão fazer, fico refletindo: imagina as pessoas que não tem acesso a internet? Isso me deixa mais pensativa ainda, hoje eu tô só: a vontade de rir é grande mas a de chorar é maior!!!! Ah, e como se isso não bastasse, vi algo que me deixou PUTA DA VIDA!!! simplesmente vi uma reportagem de uma mãe que gravou um vídeo chorando pois mandaram seu filho autista se retirar da sala pois a escola não tinha ninguém para acompanhá-lo… (MEU DEUS???) sem contar que: todos já sabiam que ele ia voltar para a escola, isso meio que já devia estar resolvido, né? O texto da nova LDB, no artigo 58 81, estabelece que \"haverá, quando necessário, serviços de apoio especiali­zado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial\" É ISTO!!!! precisava desabafar, pois me coloco muito no lugar das pessoas, sabe? Nem imagino a dor da mãe, que inclusive tem outra filha que não é autista e ela ficou na escola, mas e garotinho não, ele foi mandado pra casa... passei o dia pensando nisso, como as coisas são injustas. :/

07/04/2020 Eu to meio desanimada com o coletivo… fui chamada pra ser parte da presidência dele há mais ou menos um mês junto com Bia, como você já sabe ela é uma mulher toda pra frente, acabei sendo arrastada pelo momento e a alegria dela. Mas na verdade tô numa baixa no coletivo, ela tem puxado minha orelha em relação a isso, mas ela devia entender também que eu passei na faculdade!!!! e tô preocupada em render bem… acho que deveria conversar com ela sobre isso...

14/04/2020 Oi!! estive todos esses dias pensando muito como falar com Bia sobre aquela situação que eu te falei, ontem eu peguei ela pra Judas, pedi que viesse aqui em casa *ainda que estivesse muito preocupada com a situação da pandemia* Quando meu pai estava trabalhando e expliquei a situação, disse que realmente adorava o que a gente fazia no coletivo, mas que achava que não era um bom momento para presidência agora e queria ser compreendida… já basta meu relacionamento com meu pai sempre estar na mesma né. Ela parecia meio triste, devia ta animada demais com nós duas fazendo isso juntas, mas que entendia, que também manter o EAD não devia tá sendo fácil. Pelo menos eu acho que ela vai ser uma boa esposa kkkk.

22/04/2020 Hoje estava me lembrando em como você fez diferença na minha vida, parecia que finalmente podia me sentir próxima de alguém. Sei que você é apenas um caderno pela lógica, mas te sinto uma amiga. Só vim avisar que tá tudo bem, e se lembra quando eu falei sobre aquele bla bla bla bonito existencialista de angústia? Acho que tá acontecendo.

2. Relatos de vivências: Com base na prática da PIPsi, realizada por intermédio da entrevista com aplicação de questionário, cada integrante do grupo pôde participar de uma experiência aproximada da prática do psicólogo, sendo essa uma das propostas da PIPsi, seja pela aplicação do questionário, condução de dinâmica ou a observação. A prática deste trabalho, bem como da disciplina de PIPsi no geral, é importante porque é uma oportunidade de discutirmos sobre alguns temas que não são contemplados pela academia. Nós, como um grupo de jovens, sabemos da necessidade de sermos ouvidas, e ter a chance de desenvolver um trabalho em que a adolescente é protagonista, nos motiva a mostrar cada vez mais a nossa potência quanto ao entendimento de questões mais complexas, como por exemplo, a política. Encontrar uma adolescente que quisesse participar da entrevista não foi um problema, visto que é um tema do qual compartilhamos vivências. Antes de nos encontrarmos com ela virtualmente, elaboramos um questionário para direcionar nossa entrevista, mas não nos prendemos apenas nele. Ela demonstrou interesse e fomos além das perguntas desenvolvidas anteriormente, no fim, estávamos ali, 7 jovens, numa roda de conversa, compartilhando pensamentos e despertando uma certa união. Por fim, a interdisciplinaridade com as demais disciplinas nos mostrou que a política está em tudo, já que os conflitos que acompanham um adolescente permeiam os caminhos do ser politizado. As mudanças internas e externas, o contexto-histórico, a prática estudantil, as confusões mentais, o se descobrir em si, tudo isso faz parte da vida e tudo isso faz parte da política.

Referências bibliográficas: BIONDI, P. Sexualidade e disciplina do trabalho na ordem social burguesa. Cadernos Cemarx, Campinas, SP, n. 10, p. 131–149, 2018. DOI: 10.20396/cemarx.v0i10.10924. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cemarx/article/view/10924. Acesso em: 15 nov. 2021 LANE, SILVIA T. M. O que é Psicologia Social (Coleção Primeiros Passos), São Paulo, (13ª.ed.), 1987. (1ª. ed em 1981.) FREITAS, MARIA T. de A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Juiz de Fora, Minas Gerais, março, 2003. HARBSMEIER, Eberhard. Kierkegaard – Pessoa e Obra – Biografia e Filosofia. Revista Educação e Filosofia, 7 (13). Uberlândia, jan./jun., 1993, p. 193-205. DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia, educação e LDB: Novos desafios para velhas questões? Em Guzzo, R. L. (Org.) Psicologia Escolar e a nova conjuntura educacional brasileira (pp. 11-34). Campinas: Átomo, São Paulo, 1999. PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.


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