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MOVE > Contatos Contemporâneos

Published by Dadivoosa criações&design, 2023-04-15 01:10:46

Description: Publicação concebida a partir da exposição “Contatos Contemporâneos”, selecionada para integrar a programação da XXIII Semana Cultural (1 a 15 de março 2022, dedicada ao tema “Tempo”). A exposição aconteceu no Claustro e corredor Poente – 1º andar, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, Rua do Colégio Novo, Coimbra – PT. A realização da exposição é da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação e Laboratório de Investigação e Ação Pedagógica / CES.

Keywords: contemporary art,contemporary contacts,research artists,art in the pandemic

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Sumário 04 08 Texto/Apresentação: Maria Jorge Ferro 09 Texto Artistas 19 Aglaíze Damasceno 29 Felipe Barbosa 39 Cristiana Nogueira 48 Jorge Cabrera 54 Texto Isaura Pena Ficha Técnica

Maria Jorge Ferro Aquando da apresentação do tema para a XXIV Semana Cultural da Universidade de Coimbra, que ocorreria em março de 2022, estávamos longe de imaginar mais uma deriva humana que nos convoca a ponderar quem somos e o sentido disto a que nos acostumamos a chamar vida. Sabemos mais uma vez, quanto o nosso Tempo está, de novo, abalado por uma espécie de deriva coletiva em fuga de temas que sabemos não poder descurar, mas que prosseguimos teimando fingir não lhes reconhecer esse valor inadiável: da Urgência. Saíamos de dois anos de medo coletivo, da experiência mundial da necessidade de união para o controle de um microscópico motivo que fez abrandar a corrida humana dita de acesso ao progresso, ao almejado desenvolvimento... e enquanto a palavra confinamento deu lugar a um número indeterminado de expressões, reflexões, gestos, textos, novas medidas de organização coletiva, também aquelas pessoas que se expressam essencialmente pela via das artes na contemporaneidade foram trazendo à luz as suas peças. Cada pessoa a sua expressão, cada artista a sua obra. Cada comunidade, a seu modo, procurou fruir a realização daqueles e daquelas que produzem uma qualquer forma de beleza ou que produzem inquietação em forma de objeto de arte. Durante os períodos de limitação de movimento e de impossibilidade de encontro presencial de pessoas, Jorge Cabrera, Cristiana Nogueira, Felipe Barbosa e Aglaíze Damasceno, foram artistas que se encontraram remotamente para debater as suas necessidades de produção, preocupações académicas, reflexões acerca do mundo e do seu caminho pessoal em contacto com a incerteza e o que garante sentido na vida de cada um, de cada uma. Desse encontro surgiram ideias comuns de mostra, de fazer chegar a público o resultado do fazer apesar da existência em quase reclusão. Das deambulações por dentro de si mesmas/ de si mesmos, conseguíamos, a propósito da Semana Cultural, ter de perto, presencialmente, à distância de um olhar atento, as propostas destas quatros formas próprias de re-ler a vida, das limitações à experiência de transcendência dos movimentos. Senão, vejamos: O trabalho de Aglaíze Damasceno remete-nos para a possibilidade, a superação,

oferecia-nos uma via de evasão e auto-cuidado que confere resignificação à ansiedade. Em DesenhoSonora e transportando-nos para o tema daquela experiência coletiva vivida de forma urgentemente solitária, “Dentro e Fora” foram hipóteses de sublimação da angústia. As imagens de considerável dimensão prendiam-nos o olhar na mancha de cor, numa leveza perdida do cotidiano como motivo de criação. Como se avizinhava ser em DesenhoSonora, uma proposta de surpresa, de possibilidade de escutar no mais fundo do fundo de cada pessoa inquieta, de escutar -até- o bater de asas de uma borboleta. Já Felipe Barbosa cuida de nos levar numa caminhada meio imaginária, meio meticulosa pelos gestos repetidos e expeditos de quem tem um olhar atento aos padrões, às insignificâncias das coisas de que faz sobressair o espanto: como podem os desenhos da natureza ser tão intricadamente parte de tudo? Do pedaço de papel inscrito, feito corda de memórias. Do velho cinturão de luta, feito lugar charneira de um novo olhar. Partir dali? Correr para ali? Jogar à bola ou reparar na possibilidade de uma não-bola que nos questiona? As marcas da natureza trazidas do desenho espiralado da amonita aos materiais deste século (talvez) demasiado rápido, certamente na corrente deste que é o nosso tempo. Entretanto, Cristiana Nogueira obriga-nos a desassossegar certezas. Obriga-nos? Ou chama num grito seco o caminhar desatento para o passo que se estanca e arrepia: que lugar é esse? Que figura é esta que se expõe e se transcende nessa múltipla identidade, mulher-criada, mulher-desejo, mulher-repulsa? Como anda a arte conectada com o pôr o dedo na ferida das tantas expressões de iniquidade? Na voracidade do faz-de-conta que tudo está sereno, na necessidade de nos atrevermos a parar para pensar e mudar o que urge ser mudado, voltamos à tão anciã questão: O que pode uma Mulher? Qual o seu lugar na pandemia? Rainha do Lar? Que lugar na vida? Qual? O que ela quiser. Jorge Cabrera prossegue outro caminho, o desassossego é outro também. É a pessoa-bicho que nos habita? Será a pessoa que não vemos, não reconhecemos. O confronto do eu distinto d’O Outro. Ou o reconhecimento de que eu só serei quando na presença de Outrem? Os outros, todas as pessoas, como possível reflexo de mim, eu como necessário reflexo de toda a humanidade. Vermo-nos além do insignificante que seremos se sempre ou apenas sós... Neste século de

Maria Jorge Ferro disfarces, neste seguir dos dias, fechados, ligados, ansiosos, perdidos, regressados, a interrogação “Haverá amanhã para nós?” instiga-nos ao atrevimento de ver além das máscaras. O mote era o Tempo, esse contar que tanto nos humaniza quanto pode retirar-nos humanidade, esse lugar de ciclos e mudanças, essa língua onde se cadenciam memórias e esperanças. De onde se nasce e por quem se procura fugir da morte. Ou do vazio? Procurar fugir do vazio será, pela certa, o que cada pessoa faz na sua caminhada identitária, e este coletivo de artistas insta-nos a ir mais longe, a fazer bem mais que singelamente tentar driblar o tempo. Sussurra-nos, exige olhar minucia, desassossega, questiona e sugere alternativas. Assim as queiramos achar... Chamou-se ao grupo e à reunião de ação artística no meio da Escola (porque a Universidade é escola, porque é da vida que se repensa que resulta a obra) Contatos Contemporâneos: da Distância ao Encontro. Da introspeção (possível e se possível) imposta (proposta?) pelo isolamento à reflexão. A proposta ou a forma de lembrar experiências, impressões, o silêncio, cada murmúrio, alguma palavra, o que foi feito da aglomeração de gentes, onde anda toda a gente, onde permanece toda a gente? Ficar. Não sair. Gritar. Conter. Combater a desumanização. Simplesmente isto, sempre ou, a propósito da pandemia: como reconciliar a pessoa humana com a sua falibilidade? Organizou-se ainda um debate, uma visita quase guiada às obras, uma narrativa partilhada, entre artistas e comunidade que se quis associar, para pensarmos em proximidade o que a pandemia nos fizera (fazia) adiar. Haverá (na vida) sentido que nos uma? Serão as distâncias sempre tão longas, tão longas, que só uma ParedeTela possa sugerir elevação? Ou, de uma geometria redescoberta em reversos físicos, os paradoxos todos de cada dia nos sugiram outras realidades, mais livres. Onde cada um (ou especialmente cada uma), ao habitar-se em liberdade plena, sinta que é a própria vida digna a coabitar consigo. Que haja sempre um amanhã inteiro, que haja o desejo límpido de acordar para as maiores lutas todas as manhãs. Como? Talvez a resposta se encontre numa ou outra proposta de arte.



Aglaíze Damasceno - Cristiana Nogueira - Felipe Barbosa - Jorge Cabrera Contatos Contemporâneos Como tornar possível um contato contemporâneo por meio da arte? Uma possibilidade é pensar em agentes que se encontram para criar, por vias possíveis, em ambiente de pandemia. Contato é uma forma de criar e investigar em coletivo a arte contemporânea estabelecendo relações. Ou talvez contato seja um mecanismo para sobrevivermos em coletivo num mundo que pede uma nova organização. Podemos pensar que o contato é possível nos processos criativos inseridos numa arte que convoca a transversalidade como contato entre saberes diferentes, que convertem a arte contemporânea em trabalho de campo. Por sua vez, o contato pode decorrer do processo de criação e investigação interartes, multidisciplinares ou multimédia, que interligam linguagens artísticas. Seja por transversalidade ou multidisciplinaridade, as criações em arte contemporânea colocam processos e resultados no mesmo patamar de importância. A presente proposta surge a partir da vontade de artistas e investigadores do Doutoramento em Arte Contemporânea do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, apresentarem suas investigações e criações elaboradas durante a crise pandêmica, assim como conectarem-se por meio das temáticas de pesquisa e de produção artística com outras redes de conhecimento. Disparadores Criação de um espaço de reflexão, de trocas e de convivência criativa para compartilhar, enquanto artistas e investigadores de arte contemporânea, as produções realizadas em contexto de pandemia. Pensar de que maneiras nossas produções avançaram durante a pandemia: Que tipo de experiências e contatos foram possíveis? Como isso afetou nossa produção/pesquisa? Em que medida isso transparece e permanece na prática artística ao longo desses quase dois anos de contexto pandêmico?

AglDaAízMeASCENO

31 de dezembro 2019 OMS em 21 de abril 2020 aniversário alerta vários casos pneumonia cidade de wuhan zoom sentir presença longa china covid-19 mundo máscara distância afeto amigas nova cepa 7 de março 2020 brindes partilhas vivências memória três anos depois da amigos esperança oração som minha chegada portugal arte pesquisa construção poeta som som escrita tese tudo leitura casa op1 sol comboio passa pandêmica reflexão escadas monumentais olhares equipamento de proteção livros voz janela rádio vida individual kwid protocolos frio quebra costas escuta rio mondego afeto cafés parque sextas-feiras tardinhas verde microfone corta vento shabat shalom domingos pedro e inês arturia 10 de julho 2020 em 10 horas plátanos intervenção urbana de reunião aprovação do amor desenho biblioteca penedo da saudade ensino remoto equipamentos aulas canto arco de almedina amizade soa inclusão digital período letivo especial 21 de ponte experimentos fones setembro 2020 aulas on-line cidade sonora aulas aglomeração brompton bicicleta jardim da sereia caminhar paço das escolas distanciamento físico cores chuva choupal sé velha alimentação whatsapp zeca afonso minha saída assíncronas microfone coimbra saudade 8 de março aberto tempo google meet 2020 brasil chegada Aglaíze Damasceno juazeiro do norte/ce casa vídeochamada link sala 9 de março 2020 google classroom avatar sala universidade federal do de aula chat levantar a mão cariri retorno sala aula síncronas tela fechada reencontros distância vírus dias e horas desfazer as calendário acadêmico malas países em grandes ambiente virtual faz tempo mudanças onda corpo contato saiu da sala entrou na sala contágios mortes mesmo tempo caiu conexão encontros nave proteção hospitais máscara facial álcool gel 17 de tanto tempo 8 dezembro 2020 março 2020 primeiro lockdown juazeiro isolamento social tv vacina pfizer/biotech reino unido margareth keenan 90 noticiários face anos emoção navegantes shield orientações conexões conexões agendamento filas ciência plantões apartamento celular criações varanda 11 de abril 2021 arte condomínio leituras fotografia inauguração daladeira máscara táxi lives paredetela 21 de abril 2021 supermercado feed táxi lavar aniversário dentro fora mãos coronavírus máscara telas quarto vídeos cozinha máscara deck videochamada poltrona postagens banheiro família tempo todo criações sala paciência cadeira tv 11 de junho 2021 primeira chá reels música sobreviver dose vacina astrazeneca meditação mesa chá almoço jornal lanche séries curva falou amizade coimbra pássaro passará sons juazeiro do norte trabalho bicicleta paisagem varanda atenção existimos obras horizonte netxflix silêncio tempo poemas intervenção silêncio silêncio contemplação desenhosonora urbana hello my name is espera ação pesquisa dança realizar 5 de março 2022 corpo ferramenta entrevistas tempo tempo tempo contatos rotina visão. contemporâneos somos move.

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Aglaíze Damasceno daladeira paredetela > série de nove fotos, registros da montagem e inauguração (10 e 11 de abril 2021), do espaço expositivo daladeira paredetela, criado na fachada de uma casa na Rua do Horto, Juazeiro do Norte (Ceará/Brasil), para exposições artísticas, promover campos diversos das linguagens da poesia visual, com foco nas artes da palavra realizadas por mulheres artistas, e formar público. Primeiro trabalho em exposição > a r t e t e r á, 2021, poema visual - impressão sobre papel – 3,30 x 1,85 cm) e poema sonoro, (2’15”).

BARBOFeSlAipe

Felipe Barbosa Trabalho Remoto Tridimensional ou Gabinete Doméstico de Curiosidades. A partir do século XVI intensificam-se, com as grandes navegações, as viagens a lugares cada vez mais longínquos. Começam a surgir principalmente na Europa, coleções que pretender captar o espírito das novas terras descobertas, reunindo artefatos culturais ou naturais, selecionados primordialmente por um critério pessoal, sem necessariamente utilizar a metodologia ou rigor científico catalogador para reunir as novas descobertas. Os denominados Gabinetes de Curiosidades representam uma narrativa, através dos objetos colecionados, sobre o tempo e os lugares por onde os olhos e os interesses de quem os reuniu passou. De alguma maneira a minha prática artística insere-se no campo do colecionismo diletante. Não me interessa o arquivismo científico ou curatorial de uma coleção, pelo contrário, tal como Aby Warburg, e´ na lacuna entre os objetos e suas possíveis relações conflitantes que pretendo encontrar o discurso das minhas obras. Colecionar e´ antes de tudo reunir material de trabalho que vai alimentar o atelier e minha produção. Quando começou o período de confinamento imposto pelo Covid-19, havia acabado me mudar do Brasil para Coimbra. Um dos propósitos dessa mudança era ampliar meu olhar sobre os objetos a partir de pesquisa de campo em feiras de velharias, mercados de pulgas e lojas de usados. Deslocando a procura de materiais para um novo cenário o trabalho artístico e´ impulsionado e enriquecido. Impedido de circular por conta das restrições impostas pelo Covid voltei-me ao ambiente doméstico, criando relações entre os objetos de uso cotidiano para criar novas obras de arte.

O Que Não Mata Fortalece 2021 Cadeira parcialmente comida por bicho e palitos de madeira 60 x 30 x 30cm

Propagação Geométrica 2020 Partes de bolas de futebol ao avesso costuradas manualmente Dimensões variáveis

Alvo Arco-íris 2022 cinto de artes marciais 60 x 60 x 5cm

Alvo com setas 2022 cinto de artes marciais 46 x 46 x 4cm

Geometria Descritiva 2003 Física Experimental 2022 Compendio de Algebra e Geometria 2021 3 livros de geometria descritiva formando um icosaedro a partir 2 livros de geometria antigos perfurados e encaixados uns nos 3 livros antigos de geometria perfurados e encaixados uns nos dos vértices dos livros perfurados e encaixados uns nos outros outros outros 22 x 22 x 22cm 22 x 22 x 22cm 22 x 22 x 22cm

Morula Metálica 2021 Mineral Plástico 2020-21 Formas de metal soldadas Guias de setas coladas 15 x 15 x 15cm 11 x 11 x 11cm

Vírus 2021 Fibonatti ou Saudades do mar 2019-2022 Elásticos de máscaras de proteção Conchas de diversos tamanhos organizadas 14 x 14 x 14cm (em processo de crescimento) em sequência 10 x 9 x 6cm (em processo de crescimento)

Felipe Barbosa O café (e o açúcar) estão na Origem 2021 Corrente feita com embalagens de café e açúcar Aproximadamente 135 x 60 x 10cm

CriNstOiaGnUaEIRA

Cristiana Nogueira Nesta exposição, decidi que meu trabalho deveria estar por toda parte, mas também estar quase (in)visível. Rainha do lar começou com uma foto-instalação em 2021, em uma residência de dois meses e uma exposição também coletiva na galeria da Camponeza em Coimbra. Lá a proposição era imersiva, com uma foto em tamanho real, fones de ouvido e perfume de gerânio, dentro de um dos cômodos da casa. Quase sem escapatória. No áudio, que pode ser acessado pelo QRcode, eu sussurrava as estatísticas de violência doméstica que colhi de várias fontes durante o ano de 2020 no auge da pandemia. A proposta era trazer à tona esse debate através da produção artística. Aqui, a ideia era ficar subliminar, justo no prédio de Psicologia e Ciências da Educação e seus arredores. Quase invisível, eu estava presente em todos os ambientes do prédio: banheiros, salas de aula, corredores, lixeiras, painéis elétricos e na cafeteria. Uma presença constante, repetitiva, mas também quase despercebida. No entanto, não só fui capturada pelo olhar minucioso da página do Instagram @coimbrastreetart, como também suscitei questionamentos sobre o que era aquilo e porque estava ali, que soube por comentários de amigos que frequentam o prédio. Há alguns anos venho trabalhando com performance e possíveis representações femininas e suas respectivas violências. Esse desdobramento do trabalho inicial foi importante para entender o que quero com esta mulher da imagem e com a expansão dela pela cidade. Até hoje, ao percorrer as ruas, vejo alguns dos adesivos ainda colados por aí.

Rainha do Lar 2021- Autocolante e som 6 x 4,5cm











colagem em Frankfurt e Documenta de Kassel 2022 print instagram @coimbrastreetart

Cristiana Nogueira colagem em Frankfurt e Documenta de Kassel 2022 aplicação adesivo Universidade de Coimbra

CABREJRoArge

Jorge Cabrera Haverá amanhã para nós? Colocar-me no lugar do Outro (Fanon, 1961) no ambiente de pandemia pela COVID-19 (2020) me levou trabalhar numa série que chamei “Haverá amanhã para nós?”, em linguagens de videoperformance e de fotoperformance durante o lockdown no Brasil, em 2020. A COVID-19 parecia inicialmente uma pandemia que não escolhia corpos pelas suas cores, crenças e camada social, mas os marcadores de desigualdade entre sujeitos no Brasil foram decisivos, também, nesta seleção pandêmica com impacto especial em grupos negros e pardos, nas regiões Norte, Nordeste e em São Paulo (Universidade de Cambridge/ Universidade Federal do Espírito Santo, 2020). As medidas públicas de contenção da pandemia (isolamento, home office, saneamento básico e outros) colocadas para uma população de forma igualitária, população que possui diferenciação de acesso a bens de desenvolvimento humano (educação, emprego, sanidade, entre outros) aumentou de forma desigual o impacto da disseminação do vírus e da diferença porcentual entre os mortos por cor de pele e classe social. «Haverá amanhã para nós?» responde em forma de pergunta à incerteza de um setor da população mais afetada pela disseminação da COVID-19, agravada pela fome, o desemprego, a falta de acesso à internet, trabalhadores informais, entre outros. A experiência de elaboração desta poética para fotografia e vídeo me levou a isolar-me na área rural durante um bom tempo. Para este trabalho confeccionei um dispositivo a partir de referências de máscaras elaboradas pela comunidade indígena Jurupixuna, da Amazônia brasileira, declarada extinta no século XIX. São objetos carregados simbolicamente de extermínio, de memorias ancestrais, de grupos Outros minimizados por serem diferentes da norma. «Haverá amanhã para nós?» é uma pergunta que se faz em muitos lares brasileiros, lares de periferia, lares de comunidades indígenas, que lutam pela sobrevivência num meio que não oferece as mesmas oportunidades para todos e todas.

Haverá amanhã para nós? 2022 Série de 6 fotografias Fotoperformance









Jorge Cabrera



Isaura Pena



Aglaíze Damasceno Felipe Barbosa Artista Multidisciplinar. Doutoranda em Arte É artista visual, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ, Contemporânea, Colégio das Artes Universidade de bacharel em Pintura pela Escola de Belas-Artes da UFRJ Coimbra - Portugal. Mestre em Artes visuais (EBA-UFRJ). e atualmente é doutorando em Arte Contemporânea no Pesquisa e realiza projetos em artes, linguagens visuais Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. e artes do som. > Residência artística: Rádio Baixa Tem participado de importantes exposições no Brasil e (2018/2019, Coimbra); Fábrica Viarco (2018, São João da no exterior, como por exemplo: Jardins Móveis – Centro Madeira); Espaço Mira (2018, Porto); Salão Brazil (2018, Cultural Teatro Usiminas, Ipatinga, MG (individual); -Lado Coimbra). > Ações e performances sonoras em Coimbra: B - O Disco de Vinil na Arte Contemporânea Brasileira – Estou ahqui, ahqui estou (2020); SER EM CANTO (em colab Sesc Belenzinho, São Paulo; - Alegria – A Natureza Morta com Dori Nigro – 2019, Atelier Aberto, Colégio da Artes/ nas Coleções do MAM - Museu de Arte Moderna do Rio UC); Sonorah sonorah (2018, Programa 5’de poesia, RUC); de Janeiro; 2019. Análise Aleatória- Museu Chácara do AHQUI (2018, Rádio Baixa); AA Residência (2018, Salão Céu (individual); Hermès Window – Visual Game projeto Brazil). > Exposição Individual: Rádio Escuta (2019, Rádio específico para a vitrine da grife Hemès Iguatemi, São Baixa). > Exposições Coletivas: Mostra Poesia Expandida Paulo;2018. Jardins Móveis – Museu Vale – Vila Velha ES (2023, Casa das Rosas, SP); UnSightly Sound Poetry (2022 (individual); 2017. “Cap sur Rio”, The Olympic Museum, e 2023 Sound Pedro/Long Beach, EUA); Viva o Brasil (2022, Lausanne, 2016 (em parceria com Rosana Ricalde); CARTES, UC); Move – Contatos Contemporâneos (2022, “The record: contemporary art and vinyl”, Henry Art UC); Motel Coimbra #4 (2019, CARTES, UC); Desenho Gallery, Seattle, EUA, 2012; “Ya sé leer”, Centro de Arte Multiplicado (2019, Viarco, São João da Madeira); Contemporáneo Wilfredo Lam, Havana, 2011; “Parangolé: A marca do encontro (2019, Espaço Mira/Porto); XX fragmentos desde los 90 en Brasil, Portugal y Espanha”, Bienal Internacional de Cerveira (2018, Cerveira); Qwerty Museo Patio Herreriano, Valladolid, Espanha, 2008; - 2ª Mostra de arte digital (2018, Espaço Mira/Porto); “The beautiful game: contemporary art and football”, ZineFest PT (2018, Porto); The Xx Atack, Inthependant Brooklyn Institute of Contemporary Art (Bica) e Roebling Contemporary Jewellery Gallery (2018, Porto); Via Aberta Hall Gallery, Nova York, “Human game. Winners and (2018, Porto); Rrevolução (2017,CARTES, UC); > Em 2021, Losers”, Fondazione Pitti – Stazione Leopolda, Florença, criou o espaço expositivo DALADEIRA PAREDETELA, Itália, 2006; InSite05 – Trienal Internacional, Tijuana/San dedicado às artes da palavra de artistas mulheres. É líder/ Diego, EUA, 2005; “Unbound: installations from seven idealizadora do Projeto de Cultura NAVE UFCA, 2016. Criou artists from Rio”, Parasol Unit Gallery, Londres, “Nova e coordena o Projeto Ciclos (PROCULT-UFCA, 2014). Como arte nova”, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, Joalheira, pesquisa, desenvolve e realiza projetos em 2004; “Caminhos do contemporâneo”, Paço Imperial, Rio arte joalheria. É curadora independente. Atua nos temas: de Janeiro, 2002; MAD03 Centro Cultural Conde Duque, arte contemporânea, desenho, artes do som, design, arte Madrid, 2003; “Rumos da nova arte contemporânea joalheria, cultura e curadoria. É docente universitária brasileira”, Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2002. desde 2002 e Professora efetiva Adjunta da Universidade Federal do Cariri (UFCA), desde 2010.Vive e trabalha em @felipe_barbosa_artist Juazeiro do Norte/CE. https://aglaizedamasceno.bandcamp.com/ @desenhosonora


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