“O facto de sermos reconhecidos pelo BPI La Caixa continua a Prosseguindo: “Até porque a mão de obra, em termos de equipa motivar-nos a construir mais projetos e a desenvolver dinâmicas técnica, já existe e este projeto acaba por vir complementar um dentro da instituição. Já somos conhecidos há algum tempo de há já alguns anos, chamado Saúde em Movimento. Só que por algumas iniciativas pioneiras e não nos surpreende tanto tentamos criar uma ideia mais inovadora em termos digitais, o facto de sermos, agora, os únicos contemplados no Alto de novos equipamentos e da unidade móvel que nos permite Minho”, assinala, desde logo, Sónia Durães, lembrando que, que as coisas não aconteçam só na instituição, mas também anteriormente, CENSO foi agraciada com prémios do Ministério na comunidade e no domicílio. Um projeto que acompanha a da Saúde, da Fundação EDP e da Fundação Antónia da Mota, evolução da própria instituição. O primeiro, de 2010, financiado além de projetos como a SIC Esperança. Nota, porém, que há pelo Ministério da Saúde, representou a primeira vez, aqui na instituições que não fazem este tipo de candidaturas, uma vez região, que se dinamizou algo nesta área. No fundo, o que estamos que não têm o mesmo desiderato. a fazer é adequá-lo e trazê-lo a uma realidade nova, uma vez que a população idosa também tem vindo a sofrer algumas alterações.” ESPAÇO MEMÓRIA E ESTÚDIO EM MOVIMENTO EXIGÊNCIAS DA CANDIDATURA O projeto contempla duas vertentes distintas. O montante de financiamento que o projeto envolve é de 37 798 Maria João Carvalho explica. “No Espaço Memória queremos euros. adaptar uma sala para trabalho das capacidades cognitivas. Para além de outros equipamentos, pretende incluir uma plataforma A gerontóloga da CENSO observa que a candidatura visou, digital adaptada à Terceira Idade e às suas capacidades. No essencialmente, financiar os equipamentos e a viatura. “A Estúdio em Movimento, a ideia é implementar Pilates Clínico instituição já tinha os recursos humanos e aquilo que, no fundo, e Reabilitação Física, dinamizadas por mim, como terapeuta precisávamos era de financiamento para pormos este projeto em ocupacional, bem como criar uma aula de pilates, individuais prática a nível de recursos físicos”. ou em grupo, para a população sénior. Com equipamentos financiados pelo projeto”. Já a diretora técnica nota a exigência da candidatura, em termos de parametrização, de metas e objetivos. “Aqui há uns anos eram Catarina Rodrigues adianta, a propósito, que o projeto “irá menos objetivas e consistentes. A nível de fundamentação deste desenvolver-se não unicamente aqui na instituição, mas pelos projeto, baseávamo-nos que já tínhamos anteriormente exercido concelhos de Monção e Melgaço. Daí, juntamente com os dois parcerias, nomeadamente com a Universidade do Minho a nível espaços físicos, Estúdio em Movimento e Espaço Memória, que de investigação, o que também nos permitiu fundamentar, estão aqui na sede, vamos ter uma unidade móvel que nos irá de outra forma, a necessidade desta intervenção. Deu-nos um permitir levar este projeto não só até ao domicílio, mas a vários conhecimento mais específico e já validado das características e locais dos dois concelhos, como também trazer os utentes desses da forma de intervenção junto da população daqui.” locais até à instituição.” PREPARAR O ENVELHECIMENTO Sónia Durães assinala que “a melhoria dá-se não só a nível da qualidade de vida em si, no que diz respeito aos serviços básicos O projeto Irá abranger cerca de 100 pessoas com mais de 50 anos. de alimentação, de higiene e conforto, mas também ao nível “Aquilo que nos apercebemos é que, muitas vezes, a preparação das emoções”. para a reforma e o envelhecimento não existe. Quando as pessoas nos chegam, já vêm com determinados comprometimentos e RETAGUARDA DE IDOSOS limitações. Aquilo que se pretende, com este projeto, é trabalhar no envelhecimento ativo. Para que os idosos de amanhã tenham Há, porém, questões que se colocam, a nível de assistência na uma qualidade de vida diferente, para melhor, daquela que os saúde, para os idosos que vivem sozinhos. de hoje têm. Sendo que também se irá trabalhar sobre as pessoas que têm mais idade.” “Não há soluções, nem elixires da juventude. Mas conseguimos que haja uma melhoria, até no próprio recurso à saúde. Ou seja, Note-se, porém, que nem todos os utentes habituais da CENSO a orientação através da medicação, da frequência das consultas… estão referenciados com as características do projeto. “Geralmente, se calhar, o problema está nos idosos que não têm retaguarda de no início, é feita uma avaliação e, consoante as necessidades e nenhuma instituição. Esses, sim, é que nos preocupam. É também a capacidade de cada pessoa, tentamos criar uma abordagem a eles que gostaríamos de chegar”. centrada nela própria. Também com as expetativas e as vontades da família e do meio que a rodeia.” As responsáveis da CENSO acentuam mesmo. “Temos verificado é que quando eles chegam à resposta, seja ela qual for, têm ALAVANCA PARA AUTONOMIA até uma atitude positiva a longo prazo e aceitam muito bem. Mas constatamos que, anteriormente à chegada, havia um pré- O projeto vai desenvolver-se durante dois anos. Sónia observa: “a conceito sobre o que é a institucionalização - de ir para lá e nossa pretensão é que ele perdure no tempo. Assim como outros que esperar a morte.” foram financiados anteriormente. A ideia é criar uma ALAVANCA de início para o projeto correr sustentável e autonomamente.” visite-nos em: www.valemais.pt 51
Sonia Durães, Catarina Rodrigues e Maria João Carvalho Utentes do 'ginásio' Todavia, “depois das pessoas começarem a frequentar e a ter Catarina Rodrigues coloca a questão também a nível dos serviços acesso às respostas, percebem que as coisas não são assim. Eles de saúde. “Para acompanharmos um utente a uma consulta a criam aqui laços com outros pares, uma rotina, são mais felizes Viana do Castelo, por exemplo, acabamos por despender um dia. e têm com quem conviver. Isso, de certa forma, desmistifica isso”. Estamos numa região mais distante e isso acaba por, de certa forma, interferir na qualidade de vida da população idosa.” Notam, porém, que a ideia “não é institucionalizar as pessoas nos lares, mas que elas ainda se mantenham autónomas e com ATIVIDADES INTERGERACIONAIS as competências necessárias. Isto desde que possam estar no seu domicílio e no âmbito da sua família e comunidade”. A diretora técnica dá conta, ainda, das atividades intergeracionais. “Os miúdos (do pré-escolar) têm uma perfeita aceitação dos idosos DESERTIFICAÇÃO e convivem salutarmente com eles. Há tempos até se fez um ateliê de culinária em que as idosas os ensinaram a fazer o bucho. Estamos, porém, numa região com elevada desertificação e, por isso, poderá haver maiores preocupações quanto às retaguardas “Há uma série de atividades que desenvolvemos e é em parceria familiares. para eles perceberam as tradições e como era brincar, o ser criança no tempo deles. Também recebemos visitas. Ainda recentemente “Há de tudo. Ainda temos uma população idosa com muitos filhos de um grupo de alunos do Politécnico de Viana. Os da EPRAMI emigrantes e em que a retaguarda não funciona. Temos outro são também visita frequente. Os idosos interagem perfeitamente. tipo de retaguarda que não é familiar, mas é informal, a da Temos o cabeleireiro também aberto à comunidade e, de certa vizinhança. Depois, existem aqueles idosos que não têm vizinhos.” maneira, também traz cá, com frequência, pessoas que acabam por contactar, pois entram e saem, vêm ao que se passa. Existe A questão da solidão é, porém, muito abrangente. “Podemos estar até um protocolo. O espaço do cabeleireiro está aberto a toda a num meio urbano e sofrermos dessa mesma solidão. Temos idosos gente, quem vai lá paga pelo serviço e os utentes da CENSO têm que estavam sozinhos e não se sentiam sozinhos. Outros que até cuidados de imagem gratuitos.” estão na família e sentem-se deprimidos.” Sónia Durães reconhece, porém, que a imagem do idoso no sofá de Garantem, porém, que, a partir do momento em que chegam uma sala a olhar para a TV ainda não está no fundo do baú. “Temos à instituição, são acompanhados. “Preocupam-nos aqueles que de trilhar esse caminho de forma para que mude o paradigma”. não conseguem chegar à nossa e a outras instituições. Muitas vezes, o que os impede de recorrer a estes centros é essa ideia pré-concebida, errada.” Atividades na sala de convívio 52 visite-nos em: www.valemais.pt Ana Isabel, animadora sociocultural
CONVERSAS COM OS UTENTES CHEGAR COM DORES E SAIR SEM \"O facto de sermos ELAS reconhecidos pelo Na sala de convívio do centro de dia BPI La Caixa conti- encontramos os idosos em atividades, Numa das salas, um grupo de utentes está nua a motivar-nos a sobretudo em jogos de mesa. Alcina Lousada, numa pausa de atividades de ginásio. São construir mais pro- de 83 anos de idade, disse-nos que passa lá todas mulheres. jetos e a desenvolver as tardes, fazendo bonecos e jogando cartas, dinâmicas dentro além de conversar. Embora oriunda de Guilhermina Santos tem 73 anos de idade e da instituição. Já Badim, vive há 11 anos, em Valadares, com está convicta de que lhe fazem bem à saúde. somos conhecidos a filha. Gosta de cantar, muitas vezes até Sente-se até mais contente. Há sete anos que há algum tempo por com os colegas “enquanto não nos mandam pratica esta atividade duas vezes por semana. algumas iniciativas embora”. pioneiras e não nos Francelina tem 65 anos e é presença desde surpreende tanto Manuel Durão Caldas, de 65 anos de idade, o início. “Gosto muito. Contribui para o o facto de sermos, da freguesia de Penso, também se mostrava meu bem estar físico e moral. Faz-me bem, agora, os únicos alegre com o convívio. Tem 67 anos de idade sobretudo as aulas de pilates. Adoro. É muito contemplados no e passa lá o dia. No convívio com os amigos bom, espero continuar, mas só venho numa Alto Minho” que ali fez, a jogar cartas e dominó. vez por semana porque tenho dois netos; ocupo-me deles enquanto a minha filha “A melhoria dá-se João Trigo é um transmontano de Vila Flor, trabalha”. Gostava de vir as duas vezes não só a nível da mas há muito que vive em Monção. Também semanais e aprecia, particularmente, das qualidade de vida está contente. “Ainda há pouco estava ali sessões de movimento, pilates e ginástica. em si, no que diz chateado e veio aqui um senhor desafiar-me respeito aos serviços para umas cartas”, confidencia-nos. Maria do Céu Rodrigues tem 73 anos e básicos de alimen- corrobora as colegas. “Isto é muito bom. tação, de higiene e Amélia Vilarinho Gonçalves é outra utente, Venho sempre. Faz sentir melhor. Ajuda a conforto, mas tam- tem 81 anos de idade, desde há três anos que gente a não se ir abaixo”. bém ao nível das frequenta o centro de dia. Mora em Penso. “O emoções”. meu marido morreu, o meu filho trabalha, Maria Natália, de 66 ano, vive sozinha, já a nora também e eu ficava só em casa. Uns teve um AVC e também diz que a atividade dias venho de manhã, outros só à tarde”, a faz sentir bem. refere a educadora de infância reformada. “Fui eu que a bordei”, diz, apontando para O mesmo para Glória Lima, com 64 anos uma ‘sardinha’ exposta no espaço. “Também de idade. “Uma Maravilha. Às vezes, vimos coso à máquina e pinto”. Sente-se bem, fez com dores e saímos sem nenhuma. É bom amizades e diz-se “humanizada e valorizada”. para a nossa idade”. Quanto aos programas no âmbito do novo projeto, “é ótimo que não A animadora sociocultural informa-nos que demorem”. são cerca de 30 os utentes no centro de dia. “Fazem jogos de estimulação cognitiva e Falamos ainda com Isabel Pereira Bernardes. individual, jogam ao dominó, têm pintura, Tem 73 anos de idade e vive igualmente em fazem crochê, bordam os bonecos a que se Valadares. Tem o marido que teve um AVC referem como cabeçudos, cosem à máquina, e, enquanto outra pessoa fica a tomar conta vão conversando”. dele, vem a estas sessões de que tanto gosta. “Fazemos pilates, faz-me bem à memória, Quando a questionamos sobre as maiores também fisicamente e há o convívio que dificuldades que encontra no seu trabalho, temos todas juntas. É muito bom. Se houvesse inclui as emocionais. “Há pessoas mais ativas mais dias, também vinha.” e outras, com a mesma idade, com outras dificuldades”. Acerca do programa que agora Maria João, a terapeuta ocupacional, ouve vai ser levada a cabo, mostra-se convicta de se e explica-nos, que, paralelamente, o marido tratar de mais uma mais valia, com os idosos usufrui do serviço de terapia ocupacional no mais ativos e a possibilidade de desenvolverem domicílio. Dois utentes que são acompanhados outras atividades no dia a dia. e a serem integrados no novo projeto “Memória e Movimento”. visite-nos em: www.valemais.pt 53
Sexo & Amor texto :: Laura Couto TIPOS DE RELAÇÕES Em que ponto do seu relacionamento se encontra? Está na fase obsessiva inicial, em que tudo é excitante? Está na fase em que já dorme com a t-shirt e os boxers dele sem se importar como lhe ficam? Ou está naque- le ponto em que as mais pequenas coisas que ele faz a irritam e tem saudades de quando a vossa relação era sexy e divertida? Seja qual for o seu caso, todas as etapas e tipos de relações trazem consigo desafio e alegrias. As relações amorosas podem ser incrivelmente diversificadas, por isso um conselho geral não serve para todas elas: cada situação é específica e requer um conjunto de respostas para ter resultado. Para manter uma ligação emocional e sexual forte ao longo da vida, precisa de perceber em que fase da relação está e para onde quer que esta vá no futuro. Relações recentes Relações abertas O início de uma relação é um momento intenso e inesquecível. Desde Algumas pessoas acham que a monogamia é uma coisa do passado, o primeiro beijo até ao momento mágico em que nos apercebemos de incompatível com os dias de hoje. que estamos apaixonados, uma relação nova pode deixar de cabeça Numa relação aberta, ambos os parceiros podem ter relações sexuais no ar a pessoa mais sensata. A nossa libido fica ao rubro, os sentidos com outras pessoas. Estas relações assentam normalmente na premissa superapurados e a distância do novo amor parece insuportável. de que nós não podemos controlar o nosso desejo e que a sexualidade As coisas mais simples - uma troca de palavras em segredo, uma é uma área a explorar. No entanto, é preciso que haja honestidade confidência - deixam-nos sem respiração e todos os momentos passados quanto às expectativas. Se não procura uma relação de compromisso, juntos são preciosos. diga-o ao seu parceiro. Por outro lado, se alguma vez desejar tornar a Mas o percurso do amor pode ser sinuoso, e muitos dos problemas relação exclusiva com o seu companheiro, diga-lho também. com que um casal se debate no início da relação, desde estilos de As relações abertas trazem consigo o conforto e o companheirismo vida diferentes até ao relacionamento com as famílias, podem ser típicos de uma relação a longo prazo, assim como a constante excitação decisivos para o futuro da mesma. Por isso, a comunicação é muito de amores novos. A fase apaixonada mantém-se por mais tempo numa importante nesta fase. relação deste tipo, tal como acontece numa relação à distância. Isto dá- se porque a liberdade de ter sexo com outras pessoas, ou a distância, Relações de longo prazo criam uma barreira que impede que surja uma acomodação. O casamento e as relações de uma vida inteira são a essência das Embora muitas pessoas experimentem relações abertas, ter uma relação relações monogâmicas. A maioria das pessoas aspira a ter um amor estável parece primordial para a maioria dos homens e das mulheres. para toda a vida, embora os números dos divórcios estejam aí para Tenham ainda consciência de que as relações abertas podem ser provar que “felizes para sempre” é mais difícil do que parece. particularmente difíceis para as mulheres. Quando as mulheres atingem As relações a longo prazo prometem amor e companheirismo, aquilo um orgasmo, o cérebro liberta oxitocina, também conhecida como um por que todos ansiamos. químico do amor. Já os homens têm níveis mais altos de testosterona A maioria dos casais também tem aspirações comuns, tais como ter no cérebro, o que pode ajudar a contrabalançar este fenómeno. Por isso, filhos ou atingir determinados objetivos financeiros. Os membros do tenha cuidado ao envolver-se com um parceiro que não partilhe os seus casal confiam um no outro nos bons e nos maus momentos e sentem-se sentimentos: imponha limites e proteja as suas emoções ... e saúde. muito confortáveis juntos. Encontros casuais Embora esta fase traga consigo familiaridade e segurança, também Este tipo de ligações pode ser agradável durante algum tempo. pode acarretar o fim da paixão é da excitação inicial, assim como Baseiam-se habitualmente na satisfação sexual, como nos casos de uma algumas preocupações e dúvidas. Nesta etapa, os casais precisam de noite. O que é que eles representam, em média, na vida das mulheres? fazer um grande esforço para preservar o romance na relação. A maior parte das mulheres experimenta este tipo de encontros pelo Mantenham a vossa vida sexual estimulante, experimentando novas menos uma vez na vida, o que pode ser tentador quando nos sentimos posições ou técnicas e não se esquecendo de guardar tempo para o sozinhas. Com os devidos cuidados, os encontros casuais podem ser um flirt, o romance e a sedução. As fantasias, os materiais eróticos e os momento gratificante no percurso sexual de uma mulher. brinquedos sexuais podem ajudar a este nível. Se o trabalho e os Tire partido da efemeridade da situação e seja o mais louca e atrevida compromissos vos impedem de passar tempo sozinhos ou de fazer sexo possível. Afinal de contas, é só uma noite, por isso não precisa de com regularidade, fortaleçam a relação com carícias eróticas, beijos se sentir retraída ou envergonhada. Experimente posições novas e intensos e abraços apaixonados. liberte o seu lado de mulher fatal. Os encontros fortuitos podem não ser a ocasião certa para encontrar o amor, mas podem ajudá-la a desenvolver a sua experiência sexual. 54 visite-nos em: www.valemais.pt
Casais com diferença de idades Casais com filhos crescidos Uma diferença de idades considerável pode deixar a cabeça de muito Quando os filhos crescem e saem de casa, um ou ambos os pais boa gente à roda, incluindo familiares e amigos chegados. Também muitas vezes pensam que vão recuperar o romantismo da relação. pode ser complicado para os casais em si. Neste tipo de relações, tem No entanto, muitos casais chegam à conclusão de que, quando isto de estar preparada para se confrontar com problemas originados pela acontece, já não têm nada em comum. Sem a vida dos filhos para diferença de idades. discutirem, os pais muitas vezes sentem que o único tema de conversa Talvez um de vós tenha filhos adolescentes ou esteja perto da reforma que lhes sobra é o tempo. enquanto o outro acaba de chegar ao pico da carreira. Diferentes Esta síndroma é vulgar e previsível: na realidade, esta é a primeira idades também podem querer dizer diferentes níveis de energia e grande mudança de muitos casais ao fim de cerca de 18 anos. É óbvio cuidados de saúde. Embora os membros destes casais possam aprender que a relação vai ter de sofrer alterações e evoluir com esta situação. muito um com o outro, a verdade é que se deparam também com Pode ser que o problema se resolva por si, mas é natural que tenham de problemas relacionados com o envelhecimento. A idade pode não ser reaprender a viver um com o outro. Pense em recuperar os aspetos em um problema imediato, mas será que ainda sentirá o mesmo quando comum - interesses partilhados, como viajar ou praticar um desporto. tiver 60 anos e ele 45, ou 70 e 55? Será capaz de lidar com a doença Agora que os filhos já não ocupam tanto tempo, terão disponibilidade e o envelhecimento? para explorar novas atividades, sejam elas praticar um desporto, aulas Outro problema delicado são os filhos, quer um dos dois já os tenha de culinária ou de jardinagem, entre outras. Embora seja importante quer um queira e o outro já não. Lembre-se de que a relação não terem passatempos separados para manterem a vossa independência, passa apenas pela compatibilidade de serem pais - os objetivos praticarem atividades em conjunto pode ajudar-vos a ter tema de comuns, sentido de humor que trazem à vida do parceiro, os interesses conversa e objetivos em comum. partilhados, o carinho e uma boa comunicação são a base de uma boa relação. Se a questão dos filhos é essencial para si, não o obrigue a partilhar o seu ponto de vista. Terá de partir para outra relação e procurar encontrar alguém que tenha os mesmos projetos de futuro. visite-nos em: www.valemais.pt 55
Reportagem #Ponte da Barca Texto :: José C. Sousa ZEZÉ FERNANDES 'O MEU SONHO ERA TOCAR NOS METALLICA OU IRON MAIDEN' José Luís da Silva Fernandes, mais conhecido por Zezé Fernandes, nasceu no dia 26 de Junho de 1966. Vive, atualmente, em Ponte da Barca e faz da música o seu modo de vida. Toca cavaquinho, bandolim, cavaquinho brasileiro, braguesa, cuatro venezuelano, guitarra clássica, viola baixo, sintetizadores, flauta de bísel, bateria e diversas percussões, mas durante esta entrevista assumiu que, neste momento, o bandolim é o instrumento que está mais presente no seu coração. Estudou guitarra clássica e formação musical, no Conservatório de Música de Viana do Castelo, e frequentou o Curso de Operador de Som e Sonoplastia da Rádio TSF. Tocou cavaquinho no Rancho Folclórico e Etnográfico de Ponte da Barca, bateria no grupo de heavy metal Fieís Defuntos, sintetizadores e percussões no grupo punk rock Atacadores Desapertados, bandolim e braguesa com o artista Luís Portugal (Ex-Jáfumega) e percussões no “Ó que som tem” do percussionista Rui Júnior. Desde 1991 que é músico profissional em nome próprio, e conta já com uma carreira com mais de 25 anos e mais de 1000 concertos. Acaba de lançar o seu 6.º CD “É porreiro este país” para dançar e agitar as águas. Como surgiu o teu interesse pela musica? 56 visite-nos em: www.valemais.pt
Desde pequeno que tenho os 30 anos de carreira, porque interesse pela música. O considero que está na altura acordeão foi o primeiro de mostrar, realmente, o meu instrumento que consegui fazer valor no cavaquinho. Será uma melodia. Com seis, peguei um voltar às origens. Será um num, e sem que ninguém me álbum que, em princípio, será ter ensinado nada, consegui todo tocado por mim. fazer algumas melodias. O cavaquinho é o teu Mas só mais tarde, em 1981, instrumento de eleição? quando o Júlio Pereira lançou o álbum do Cavaquinho, é O cavaquinho é o que eu que mostrei interesse, acrescido, toco melhor e o que está mais pela música. ligado à minha carreira, mas o bandolim é o que estou Para isso, ajudou o facto da mais agarrado. Aliás a minha casa dos meus pais ter uma fonte de inspiração, para criar sala onde se faziam umas festas músicas é sempre o bandolim. com os amigos, sendo que dois desses amigos, (João Guimarães Há diferenças entre e Abel Cerqueira) tocavam José Luís Fernandes e viola e cavaquinho. E numa Zezé Fernandes? dessas festas ensinaram-me a tocar cavaquinho. José Luís da Silva Fernandes pessoa tem algumas Passado algum tempo, quatro semelhanças com Zezé ou cinco meses, lembrei de Fernandes músico, mas há um comprar um cavaquinho e, afastamento muito grande. mediante o que eles me tinham ensinado comecei a tocar. Sempre fui uma pessoa muito envergonhada, mas os Fui estudar o cavaquinho e a espetáculos deram-me traquejo técnica do rasgado e comecei, para lidar com essa timidez. em algumas brincadeiras, a tocar em festas, casamentos, Lembro-me que das primeiras cafés, etc.. vezes que toquei num palco, tinha as pessoas a dois metros E quando começa a tua e mim, a olhar para mim, carreira? olhos nos olhos. Eu olhava para as pessoas, mas ficava Em 1991 é quando dou início atrapalhado e olhava para à minha carreira. Foi quando o lado. Chegou uma altura fiz o meu primeiro espetáculo que tive de criar uma defesa. que, por incrível que pareça, E passei a olhar fixamente as foi em Londres, no auditório da pessoas de modo a que sejam Universidade de New Bedford. elas a ter de virar o olhar. Mas antes de aparecer o Zezé Ou seja, essa pessoa tímida que Fernandes como o conhecemos era, já não tem nada a ver tive um projeto na onda do com o Zezé Fernandes que sobe Rodrigo Leão, Madredeus, etc. ao palco e não tem vergonha Não passou de uma cassete, nenhuma mas está guardo em casa e tem muita música para ser gravada. Um dia, irei pegar nisso. Agora, em 2020 vou gravar um álbum, para comemorar visite-nos em: www.valemais.pt 57
Que importância tem a música na sua vida? Algum espetáculo que te marcasse? Neste momento preciso mais da música para viver do que, Tive muitos. Às vezes, não é por tocar para 40 mil pessoas que tens propriamente, no dia a dia. Até já estou um pouco cansado de o espetáculo mais marcante. Recorda-me um, no ano passado, em ouvir música. Passo perfeitamente uma semana sem ouvir música. Castanheira de Pêra, onde as pessoas estavam, estão, e continuaram Tenho muito amor pela música, tanto que optei por fazer disso a estar tristes e de luto, devido aos incêndios que deixaram muitas modo de vida, mas, consigo passar muito tempo sem ouvir música vítimas daquela terra. e sem ir a concertos. Antes do espetáculo avisaram-me que as Vou mais depressa ver amigos meus, Tirarem-me pessoas não se iriam entusiasmar muito e que aqui na região, do que vou a concertos de Refóios nem iria ter muita gente, mas a verdade é que ditos grandes que existem por esse país (Queima das ainda consegui trazer algumas pessoas para o fora. Fitas do IPVC), palco para cantarem comigo, e no final recebi foi o maior os parabéns da organização porque as pessoas Onde te inspiras para fazer as desgosto que gostaram muito. músicas e as letras? tive em termos de espetáculos. Depois, houve uma fase em que toquei em Quando fiz a primeira música, perguntei Refoios, na queima das fitas do IPVC, e em a um amigo meu, músico, como é que 20 anos era sempre eu que lá tocava. Fizeram ele fazia originais. E ele disse-me que era um ano de pausa, meteram outros artistas, fácil, que lhe saia naturalmente. Mas a mas aquilo nem correu bem. Posso afirmar mim não. que nos meus 20 melhores espetáculos, 15, são Então, fui para casa, meti um disco dos Iron Maiden a tocar, seguramente, em Refoios. Mas agora não toca lá mais. Conseguiram- peguei no Bandolim e comecei a fazer uns acordes. Comecei me tirar de lá há mais de 8 anos. Foi o maior desgosto que tive em a explorar aquilo, gravei, e a partir daí comecei a explorar as termos de espetáculos. Mas a maneira que me tiraram de lá, não minhas sonoridades. foi a correta. Como caracterizas a tua música? Quem pertence ao teu grupo? Sendo eu uma pessoa ligada ao Folclore do nosso Minho apresentei O meu grupo tem quatro pessoas. O Paulo Lagarto, na bateria; o a minha música, numa altura, que só tinha dois formatos de música Jorge Dinis na viola/baixo; a Patrícia Silva no Acordeão e o Zezé popular. O Quim Barreiros, e os tradicionais grupos de música Fernandes, claro. portuguesa. Eu nem queria ir para o lado do Quim Barreiros nem Acabas de lançar o teu sexto CD. \"É porreiro este país\". para o lado dos grupos. Então fiz a música popular à minha maneira. Com bateria, com Neste CD tive a necessidade de fazer músicas com letras baixo, e com sons de pop e rock. que chegassem diretamente às pessoas. Antes não tinha essa preocupação, mas neste, tenho. O CD integra 13 temas que contam Depois, outra das coisas que quis fazer para marcar a diferença, com a participação de nomes tão diversos como Quim Barreiros, além da minha postura em palco, foi fazer uns arranjos diferentes, Augusto Canário, Zé Amaro e Jorge Nande. onde pudesse brincar com rock, com o pop, com o heavy metal, o hip-hop, o fado, etc... É porreiro este país fala de situações sérias, engraçadas e típicas do nosso Portugal. E foram essas brincadeiras que marcaram a diferença com os outros artistas. Depois, onde marquei ainda mais a diferença, foi na postura em palco. Como eu sou brincalhão e gosto de heavy metal, criei uma personagem que demonstra aquilo que eu quero mostrar da música. Porque se eu pudesse ser um músico de heavy metal, preferia. O meu sonho era tocar nos Metallica ou nos Iron Maiden. Isso é que era o meu sonho. Mas atenção, gosto muito da música popular e daquilo que faço. 58 visite-nos em: www.valemais.pt
texto :: Emília Cerqueira Opinião ASSIM VAI O PAÍS... Se há alguns meses ninguém se cansava de elogiar Mário Centeno, o apelidado Ronaldo das Finanças, e aqueles que, como eu chamavam CENTENO: O Ronaldo ou o à atenção das consequências das cativações e da falta de execução Coveiro dos serviços públicos? orçamental, eram apelidados de catastrofistas e outros “mimos” similares, neste início da legislatura os mesmos que faziam grandes Neste princípio de legislatura seria natural estar títulos a elogiar Mário Centeno são os mesmos que hoje publicam a escrever sobre o programa do governo e sobre títulos como: “Centeno nega a Cabrita verba extra de 80 M... para os desafios que este mesmo governo se propõe policias”, “Centeno aumenta cativações em mais de 60% em junho”, alcançar... seria natural, mas impossível. “Bruxelas quer mudanças imediatas no ISV e aperta prazo a Centeno”, Impossível? Perguntar-se-ão alguns. “Bloco ataca Centeno «o principal adversário do SNS chama-se Ministro das Finanças»”, ou ainda “Centeno está isolado no PS e no Sim, impossível porque isso implicaria não falar na falta de meios e de Governo”... A mim ocorre-me, a este propósito, um título que escrevi profissionais que tem gerado o caos na saúde, da falta de professores e há uns meses “Centeno o Ronaldo ou o Coveiro das Finanças?”, parece assistentes operacionais nas escolas mais de dois meses após o início do que afinal é o Coveiro dos serviços públicos... ano escolar, da insatisfação generalizada nas forças de segurança, no adiamento da ferrovia, no buraco financeiro da TAP, no aumento da pobreza entre os portugueses empregados, no aumento da mortalidade infantil, nos atrasos nos pagamentos a fornecedores, na maior carga fiscal de sempre, ou no efeito catastrófico que as cativações estão a causar nos serviços públicos, e mais, muito mais... De facto, o estado de degradação a que chegaram os serviços BIENAL públicos, sempre negados pelo governo, e que o PSD vinha a de Vila Nova de Cerveira alertar, tornou-se de tal forma gritante que já é impossível ao governo continuar a negar. E então que faz António Costa? O A Bienal de Artes de Vila Nova de Cerveira é a Bienal de arte mesmo de sempre: culpa os outros. Ainda tentou timidamente mais antiga do país e Península Ibérica em atividade e, apesar culpar o anterior governo, esquecendo-se provavelmente que o de todos os constrangimentos com que se tem deparado ao longo anterior governo era o seu e já não o do PSD/CDS, mas quando das suas quatro décadas de existência, muitas delas decorrentes viu que já não resultava veio prometer fazer tudo o que não tinha do facto de existir fora dos chamados grandes centros urbanos, feito nos últimos quatro anos e arranjar quem culpar... assim, impôs-se como um dos acontecimentos mais relevantes de arte contemporânea fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Sucede que, não obstante o governo anunciar o investimento na cultura e a necessidade de ser promovida a descentralização das artes, veio a público que a DGARTES não atribuiu qualquer verba à Fundação Bienal de Artes de Vila Nova de Cerveira, colocando assim em causa a viabilidade e a continuidade daquela que é a mais antiga Bienal de Artes do nosso país. Uma situação que o todos deve indignar e relativamente à qual eu e o PSD não podemos e não vamos ficar indiferentes, sendo que tudo faremos para que esse financiamento seja mantido e a Bienal continue o seu grande trabalho em prol da cultura e das artes. visite-nos em: www.valemais.pt 59
Reportagem #Paredes de Coura Texto :: José C. Sousa PAREDES DE COURA CELEBROU O 40.º ANIVERSÁRIO DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE Paredes de Coura recebeu, nos dias 28 e 29 de novembro a jornada evocativa do 40.º Aniversário do Serviço Nacional de Saúde - Sob o olhar da micro-história; Subsídios para o roteiro da Saúde Pública em Paredes de Coura durante a 1.ª República e Estado Novo (1910-1974). 60 visite-nos em: www.valemais.pt
A conferência “Serviço Nacional de Saúde, oportunidade e No fundo, trata-se de transferir competências, mas não puder e ameaças”, por Constantino Sakellarides, bem como o Programa capacidade de decisão. Não quer isto dizer que agora queiramos Nacional de Vacinação foram alguns dos temas que foram mandar no hospital, isso seria imprudente e descabido, mas abordados nestas jornadas. gostamos de participar na gestão, administração e naquilo que nos diz respeito na saúde. A Vale Mais esteve presente e conversou com Vítor Paulo Pereira que nos explicou a importância destas jornadas. Acho que há um caminho muito longo porque há uma tarefa, que as câmaras municipais já estão a fazer, e que considero que “Passamos por períodos conturbados porque, porventura, pensamos devemos continuar, quer na educação para a Saúde, na prevenção que o Serviço Nacional de Saúde era uma coisa eterna, para toda e, sobretudo, nos cuidados primários. a vida, e que era uma herança. Mas o SNS é uma conquista da democracia pelo qual deveremos Promovida pelo Município de Paredes de Coura em parceria com lutar, até porque considero que é um património democrático que a Sociedade Portuguesa de História da Enfermagem, esta jornada assegura, de forma real, a ideia de igualdade e liberdade. evocativa contemplou, ainda, alguns casos de estudo como a ‘Vacinação contra a varíola: de Bernardino António Gomes ao Por outro lado, como Paredes de Coura recolheu muita documentação Programa Nacional de Vacinação (1812- 1965). O caso de Paredes que estava no Hospital da Misericórdia, e no antigo Sanatório, de Coura’ ou ‘A luta contra a tuberculose em Paredes de Coura’, e como temos um grande acervo documental relativamente há mas também a inauguração da exposição “A arte de curar e de história da saúde em Paredes de Coura consideramos que fazia conservar a saúde em Paredes de Coura”. todo o sentido relembrar o 40.º aniversario do serviço fazendo uma pequena reflexão e, sobretudo, dar a conhecer alguns trabalhos Ao longo de dois dias, passaram, por esta jornada evocativa, que estão com este assunto, o que para muitos ainda está bastante reconhecidos académicos e profissionais que emprestam os seus distante porque pensam que este serviço existiu sempre como hoje conhecimentos científicos e técnicos para um melhor Serviço existe, e não é verdade, foi uma longa evolução. Nacional de Saúde, reconhecido unanimemente com das mais importantes conquistas do Portugal contemporâneo. Paredes de Coura está num período de transição de transferência de competências, mas essas competências são mais no sentido da O Município de Paredes de Coura também procedeu a uma manutenção dos edifícios e nada tem a ver com a fixação de horários, simbólica homenagem aos antigos profissionais de saúde que ou aquelas situações que queremos para o nosso Centro de Saúde local. exerceram a atividade no concelho. visite-nos em: www.valemais.pt 61
texto :: José Manuel Carpinteira Opinião ABRAÇAR O FUTURO COM ESPERANÇA Terminado o debate sobre o Programa do XXII Governo Constitucional é hora de olharmos para o futuro, sem esquecermos o percurso que foi feito para aqui chegar. Depois de cumprido com êxito o programa de recuperação de rendimentos e da confiança, da economia e do emprego, bem como das finanças públicas e da credibilidade internacional do país, abre-se agora um novo ciclo na sociedade portuguesa. É, necessa- riamente, um ciclo de consolidação da recuperação económica, mas é, também, um ciclo em que temos de garantir a sustentabilidade no longo prazo. Éneste contexto que o Programa Ninguém teve a ousadia de insinuar, muito “Então não é que os partidos da geringonça do XXII Governo, assume quatro menos de propor, a rejeição do Programa, querem calar à força os três deputados, dos desafios estratégicos: combater as maioritariamente sufragado pelos portugueses três novos partidos?” “Não os deixam falar”, alterações climáticas; responder ao a 6 de outubro, com o voto de confiança ao “não lhes dão tempo para usar da palavra desafio demográfico; construir a sociedade Primeiro-ministro, António Costa. em todos os debates”, “o Regimento não prevê digital e reduzir as desigualdades. Contudo, o Na verdade, rejeitar o Programa de Governo estas situações”, “um deputado não tem os sucesso em cada um destes desafios pressupõe era uma quase impossibilidade prática nos direitos de um Grupo Parlamentar”, eram uma grande articulação entre as instituições termos da Constituição. alguns dos protestos da histeria coletiva, bem comunitárias, nacionais, regionais e locais. Desde logo, porque demitir um Governo estimulada por comentadores arregimentados. Mas também estabilidade política. acabado de sair de eleições era violar o E como tudo isto lhes convém, os “pobres Fundamental para o investimento, o princípio constitucional de que Portugal é excluídos” do sistema deixaram-se crescimento e a confiança. Assim as forças um Estado democrático. instrumentalizar e manipular politicamente. político-partidárias no Parlamento o Depois porque não há uma alternativa política Vale tudo para ter tempo de antena nas compreendam. É neste quadro que devemos séria e credível neste quadro parlamentar. televisões e nos jornais. refletir o futuro que nos desafia. Finalmente porque a Assembleia da República Até agora, e em plenário, ainda só cerca Ao contrário do que seria de esperar, não foi não pode ser dissolvida nos seis meses de 30 deputados tiveram a oportunidade a discussão do Programa do Governo o tema posteriores à sua eleição. de intervir. Mas esses três novos deputados, que marcou o primeiro mês parlamentar. Assim, e como a aprovação do Programa do das três novas forças políticas com assento A oposição à direita e os partidos à esquerda Governo não era notícia, depressa se encontrou parlamentar, já falaram várias vezes. do PS, limitaram-se a cumprir os serviços uma novidade e se transformou um não Evidentemente que é necessário alterar o mínimos, reservando-se, ao que tudo indica, assunto no tema central do debate político. Regimento da Assembleia da República, para a batalha do Orçamento do Estado. mas não vale a pena vitimizarem-se. Todos os deputados têm limitações, até constitucionais, no exercício do seu mandato. É igual para todos. 62 visite-nos em: www.valemais.pt
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Reportagem #Caminha Texto :: José C. Sousa CAMINHA E A GUARDA I ENCONTRO DE ECOTURISMO & GASTRONOMIA DO RIO MINHO Caminha e A Guarda receberam o I Encontro de Ecoturismo & Gastronomia do Rio Minho. Esta iniciativa foi promovida pela Deputación de Pontevedra e o Centro de Estudos Euro Regionais (CEER) através do projeto de cooperação transfronteiriça Visit Rio Minho, da qual fazem parte a CIM Alto Minho, o AECT Rio Minho. Oencontro começou no dia 17, no Centro Cultural de A O Museu Municipal de Caminha foi o local escolhido para um Guarda, com o I Congresso Turístico do Rio Minho, uma debate sobre gastronomia e turismo onde ficou no ar uma questão. jornada dedicada aos profissionais do turismo, quer de âmbito empresarial como da administração pública. Esta região quer ser um destino gastronómico ou quer ser um destino turístico onde a gastronomia tem um papel importante? Foram abordados vários temas dentro desta temática, como por exemplo; o Marketing Digital; Criar Marca; Turismo No final deste debate decorreu um Showcooking realizado pelo Transfronteiriço, Experiências Europeias; Criar Alianças; Packs Chef Alberto González, do restaurante Silabario. Da parte da Turísticos. Neste congresso estiveram presentes mais de 15 oradores. tarde aconteceram pequenas conversas e apresentações com mais sete oradores. No dia 18, foi a vez do concelho de Caminha receber as I Jornadas Gastronómicas do Rio Minho. Confira as imagens dos vários momentos deste I Encontro. 64 visite-nos em: www.valemais.pt
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Cinema texto :: AO Norte 9.ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CINEMA CHAMADA DE TRABALHOS ABERTA Iniciada em 2012, a Conferência Internacional de Cinema de Viana do Castelo situa a sua temática nas intersecções entre o cinema, a escola e a educação, para além de acolher reflexões e debates em torno do cinema nas suas múltiplas dimensões culturais, artísticas e tecnológicas. Na edição de 2020, a Conferência pretende também dar visibilidade a projetos de interseção entre cinema e ensino, e fomentar o intercâmbio dessas práticas no mundo da lusofonia. Assim, para além das suas tradicionais linhas temáticas As temáticas a abordar na “Cinema e escola” e “Cinema, arte, ciência e cultura”, será Conferência são: realizada uma mesa-redonda de “Práticas de cinema na escola”, acolhendo e debatendo apresentações de projetos Cinema e escola - a representação da escola no cinema e as práticas nacionais e internacionais de cinema em contexto escolar. de cinema na escola; Cinema, Arte, Ciência e Cultura - Nesta temática pretende-se debater Objetivos o cinema como arte, ciência, tecnologia e cultura, mas também os contextos sociais, económicos e políticos em que continuamente se A Conferência Internacional de Cinema de Viana é um espaço de reinventa. reflexão e de partilha de experiências visando a construção de uma A 9ª Conferência Internacional de Cinema ocorre no âmbito dos XX comunidade internacional de interesses e de divulgação de projetos Encontros de Cinema de Viana e tem lugar na Escola Superior de relacionados com duas temáticas centrais do cinema – Cinema e Educação de Viana do Castelo (Avenida Capitão Gaspar de Castro), escola; Cinema, arte, ciência e cultura. Procura-se assim: nos dias 7 e 8 de maio de 2020. • Promover o confronto de olhares entre estudos e experiências vividas As inscrições podem ser feitas online na página web dos Encontros de em projetos que envolvam o cinema e as suas múltiplas formas de Cinema, até 14 de fevereiro de 2020. manifestação. A organização é da responsabilidade da Associação AO NORTE, • Apreender o complexo processo de mudança na linguagem do Câmara Municipal de Viana do Castelo, Escola Superior de Educação cinema, nas tecnologias, na economia, nos objetos que aborda, nas do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e CEMRI – Media e histórias que conta, nos vários géneros que apresenta. mediações culturais da Universidade Aberta e Rede de Cooperação • Problematizar os temas da sociedade, da cultura e da interculturalidade Internacional em Educação, Artes e Humanidades. a partir do estudo e análise de obras cinematográficas. • Refletir sobre as possibilidades educativas do cinema na escola e na sociedade a partir da sua apropriação / fruição, análise e produção em contextos de formação ou de animação (social, cultural e artística). 66 visite-nos em: www.valemais.pt
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Reportagem #Ponte de Lima Texto :: Manuel S. PONTE DE LIMA CAPITAL DO SARRABULHO Prato comercializado desde 1860 Éo ex-libris de Ponte de Lima, o arroz de CONFRARIA GASTRONÓMICA sarrabulho. Comercializado desde 1860 e publicitado, em termos turísticos, desde A Confraria Gastronómica do Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima 1886, há décadas que, durante todo o ano, viu as suas primeiras sementes lançadas aquando das Jornadas enche Ponte de Lima e os seus restaurantes de de Turismo promovidas pela Escola Profissional de Agricultura e gente vinda das mais variadas partes, sobretudo, do Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima, em junho de 2003. norte do país e da vizinha Galiza. Todavia, só a 25 de janeiro de 2006 é que se viria a concretizar a sua fundação. A Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento O Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima, é, mesmo, um dos Rural de Ponte de Lima, Câmara Municipal de Ponte de Lima, Região polos gastronómicos do país, com os seus sabores singulares, fortes e de Turismo do Alto Minho, Associação Empresarial de Ponte de servido em doses generosas. Ele faz da “Vila mais Antiga de Portugal” Lima, Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Adega Cooperativa um dos principais destinos nacionais no domínio gastronómico, ligado de Ponte de Lima e, a título individual, Abílio Sá Lima, Adelino Tito à terra e à tradição. Por via disso, um dos motores do desenvolvimento de Morais e Franclim Castro e Sousa assinam, na qualidade de sócios económico do concelho. fundadores, a escritura da sua constituição. Um ex-libris já consolidado e que faz, nomeadamente, do porco O seu objeto social é o de promover o prato Sarrabulho à Moda de uma base da cozinha de Ponte de Lima. Desde a perna de porco às Ponte de Lima, “realçando o seu valor gastronómico, o seu significado belouras, do chouriço de verde às farinhotas. O louro, o cravinho, a histórico e o seu interesse popular, turístico, cultural e económico.” noz-moscada, o sal e a pimenta temperam as carnes que, após serem Na atividade, destacam-se, à terça-feira (segundo nos informaram), cozinhadas e desfiadas, se juntam ao arroz. as tertúlias gastronómicas sob a égide do Sarrabulho à Moda de Neste âmbito, a XII Feira do Porco e as Delícias do Sarrabulho, a Ponte de Lima. decorrer entre o próximo 31 de janeiro e 2 de fevereiro, no Pavilhão Após um primeiro e breve contacto telefónico, apesar dos nossos de Feiras e Exposições de Ponte de Lima (Expolima) ocupa lugar esforços, não conseguimos chegar à fala com a sua atual presidente. especial, onde, até de prato na mão, os comensais se banqueteiam. 68 visite-nos em: www.valemais.pt
DESCENDENTE DA Para lembrar essa tradição, a Câmara Municipal, na altura liderada “MÃE DO SARRABULHO” por Daniel Campelo, comprou o antigo edifício da Clara Penha e adaptou-o a um centro de formação, com base na enogastronomia, Adelino Tito de Morais é um conhecido historiador limiano, com nos vinhos e na comida, onde também hoje a confraria do sarrabulho uma vasta obra produzida, e fundador da confraria do sarrabulho. É faz as suas tertúlias. “É um local emblemático e primeiro registo que descendente (tetraneto) de Clara Penha, a “mãe do sarrabulho”, cujo aparece no sarrabulho servido em termos de circuito comercial, com restaurante, com o mesmo nome, laborou até finais dos anos 80 do ementa em restaurante. Até aí, como disse, era um prato mais do séc. XX. Depois dela, seguiu-se, na gerência, a sua sobrinha Adelina e mundo rural, essencialmente de casas ricas.” a filha desta, Belozinda, irmã de Deolinda. Esta, avó daquele, decidiu, Adelino Tito de Morais dá-nos conta, ainda, que o sarrabulho atingiu porém, ir para Angola. Na fase final, ainda viria a ser gerido por maior projeção, como prato icónico de Ponte de Lima, a partir de finais Conceição Fernandes e família, a qual continua ligada a esta área. da década de 40 do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. À VALE MAIS, Adelino Tito dá conta de que, originalmente, se “A minha tia-avó Belozinda Varela, neta da Clara Penha, falecida tratava de um prato típico do mundo rural, do lavrador rico, abastado, em 1924, contava que, até então, em casamentos, jantares, convívios, de fidalgos ou da casa do abade. “Faziam uma confraternização, com eram servidos mais outros pratos, como língua estufada com ervilhas, os serviçais, no fim das vindimas, às vezes também no verão ou a peru assado, pescada (que iam buscar a Vigo)”, revela-nos o nosso preparar no inverno a matança do porco, a fazer os enchidos e essas interlocutor. coisas todas.” – conta-nos. “A partir de 1950 há referências claras. Em 1959, o Conde d’Aurora fala disso, da Clara Penha e do meu bisavó, o Luís da Clara (sobrinho, NORTE DO CONCELHO por afinidade, de Clara Penha), no bairro do Pinheiro. Depois há COM SARRABULHO “MAIS FARTO” outra coisa boa, começa a aparecer algum dinheiro. Em casamentos de emigrantes, acontecimentos importantes, gente bem sucedida, Adelino Tito de Morais sublinha mesmo que, o prato era típico da contratadores de gado, etc.. coloca-se o sarrabulho como um prato aldeia, do mundo rural; depois valorizado para ser adaptado a uma obrigatório. Até lá, digamos, não era com tanta regularidade e passou receita de restaurante. a ser, especialmente, em eventos oficiais”. “Ou seja, é um prato do camponês que não é igual em todo o lado. O historiador limiano sublinha ser a partir daí que se conhecem As freguesias ricas em arroz de sarrabulho, onde existem melhores restaurantes de referência, como o Manuel Padeiro, Gaio, Encanada e quintas, abastadas, são Beiral, Correlhã, Arcozelo e Moreira do Lima. Maria Preta (sucedâneo do Petiscas). O que verificamos, quando foram feitas as pesquisas, com apoio das É, pois, no Restaurante Clara Penha que aparece o sarrabulho, numa escolas Profissional Agrícola e Superior Agrária, é que a zona sul ementa, em 1860. Já no livro Minho Pitoresco, em 1886, o escritor José do concelho é mais pobre (da Facha para lá). Isso tem a ver com Augusto Vieira se refere ao prato típico de Ponte de Lima. Em 1924, a produção agrícola. Não é tão farta em termos de variedade de há uma outra personalidade distinta na época, António Oliveira carnes. Onde existe com mais abundância, o prato é mais rico, com Belo, que destaca outra vez o sarrabulho. Em 1969, na sequência de variedade de carnes e tudo isso, e com mais tradição. Isto tem a ver eventos do género, é o prato oficial da comemoração da chegada da com dois restaurantes que lhe deram dignidade em termos de servir à luz elétrica à freguesia de S. Julião de Freixo. mesa, a extinta Petiscas, no Largo S. João, e a Clara Penha, no Bairro Entretanto, já em outubro último, desapareceu, aos 75 anos de idade, do Pinheiro (este, o mais antigo, de 1860)”. Maria Gracinda Pelote, conhecida como Cinda Borges, também uma das figuras mais emblemáticas da gastronomia e do sarrabulho limiano. Natural da freguesia da Correlhã, fundou três restaurantes, um dos quais a conhecida Casa Borges, hoje geridos pelos filhos. Adelino Tito de Morais visite-nos em: www.valemais.pt 69
Clara Penha CLARA PENHA NA ORIGEM DO ARROZ DE SARRABULHO DE PONTE DE LIMA “Cinda Borges era da Correlhã, uma freguesia farta em sarrabulho com boa tradição em aves de capoeira e animais de pasto. Tem Clara Penha (1836–1924) é considerada a pioneira da restauração uma diferença em relação a outras freguesas: a travessa do contemporânea de Ponte de Lima e a grande referência da origem do sarrabulho, geralmente, é servida com costelas do porco em cima, Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima. ao passo que há outras em que é mais simples, apenas decoram No início do século XX, pela intervenção de Clara Penha, dona de a travessa com umas rodelas de limão e salsa espetada”, observa uma das mais importantes pensões de Ponte de Lima, o Sarrabulho, Adelino Tito de Morais. de cozinha étnica e familiar, rico de ingredientes e sabores, passou a Atualmente, o Arroz de Sarrabulho à Moda de Ponte de Lima ser servido nos mais diversos restaurantes da Ribeira Lima. encontra-se ainda em fase de certificação, envolvendo uma Conhece-se o profissionalismo de Clara Penha, que alguns textos equipa que integra elementos da respetiva confraria e das escolas registaram para o futuro, como acontece com o testemunho de um Superior Agrária e Profissional de Ponte de Lima. dos primórdios momentos de restauração do Arroz de Sarrabulho à Enquanto isso, o prato “saltou” já as fronteiras e, segundo nos Moda de Ponte de Lima, na Missa Nova do Cónego Barbosa Correia: contaram, um grupo de confrades, estabelecidos no setor da “Tocavam os sinos… Fatos domingueiros, argolas e fios a reluzir… A Matriz enchia-se, nesse primeiro dia de 1916, para ver Manuel José restauração em países como França, Bélgica ou Luxemburgo, Barbosa Correia, o filho do Mestre-de-obras do rico brasileiro da Villa servem já uma média anual de 2 mil pratos de Morais a celebrar a sua Missa Nova. sarrabulho. Clara comandava um regimento de mulheres a preparar o repasto para o jovem padre, fidalgos, clero e ricos-homens do Vale do Lima. Cozia-se o arroz, fritava-se a beloura, alourava-se os rojões, enfim preparava-se o Sarrabulho enquanto a pequena sobrinha, vaidosa nos socos novos, namoriscava o leite-creme e a aletria...” Sua sobrinha, Belozinda Penha Varela (1908-2002), deu seguimento ao seu labor, o qual se foi proliferando na restauração de Ponte de Lima, pelas ligações matrimoniais com outras famílias ligadas à gastronomia limiana, sobretudo a de Rosa de Sá, bem como através de muitas cozinheiras afamadas, originando um notável conjunto de restaurantes que dão continuidade ao trabalho iniciado por todas aquelas precursoras. O emblemático edifício onde funcionou o Restaurante Clara Penha, na Rua General Norton de Matos, em Ponte de Lima, foi recuperado pelo Município de Ponte de Lima em 2013, sendo agora um espaço (Clara Penha – Casa dos Sabores) destinado a promover e a valorizar a cozinha do Alto Minho, nomeadamente o típico e genuíno Arroz de Sarrabulho, bem como a desenvolver acções de defesa e promoção da gastronomia tradicional limiana, funcionando também como centro de formação na área gastronómica. 70 visite-nos em: www.valemais.pt
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Reportagem #Galiza ANDREA GONZÁLEZ ELEITA TOP 100 DAS MULHERES LÍDERES EM ESPANHA A tudense foi reconhecida na categoria de 'Cultura e Desporto', sendo uma das cinco vencedoras mais jovens desta edição Agala ‘TOP 100 Mulheres Líderes da Espa- tocou recitais em países como Cuba, Itália, Inglaterra, Austrália, nha’ comemorou a sua 8.ª edição com a fi- Espanha e Portugal, claro está. nalidade de tornar visível o talento femini- no e reivindicar o acesso das mulheres aos Recebeu bolsa de estudos das fundações Barrié de la Maza e espaços de decisão. O evento decorreu em Madrid e Seguno Gil Dávila e é mestre em gestão de negócios musicais na reuniu personalidades notáveis da sociedade espa- Universidade de Westminster, em Londres, além de um mestrado nhola, entre as quais as finalistas de 2019. em piano no Giuseppe Verdi Coservatory de Milão, como estudos de administração na Accademia Teatro alla Scala. É membro Junta Andrea González Pérez, natural de Tui, pianista e gestora musical Directiva de Juventudes Musicales de España e Referente Galega de foi eleita na categoria Cultura e Desporto. Executivas de Galicia. Lançará em 2020 um disco sob a licença da Warner Music com as composições de Fray Rosendo Salvado. Presidente da associação Xuventudes Musicais Eixo Atlántico, fundadora e diretora do International Keyboard Festival & Gala 'Top 100 Mulheres Líderes de Espanha' Masterclass, - festival que tem feito as delícias dos amantes do piano, na Eurocidade Valença-Tui. A fundadora de ‘TOP 100 Mulheres Líderes’ é Mercedes Wullich, especialista em liderança feminina, que nesta gala fez um discurso Diretora do festival Camiños Sonoros da Xunta de Galicia. inspirador pedindo “para se 'pressionar' por uma mudança Premiada em competições nacionais e internacionais de piano, definitiva que faça desta uma sociedade plural, na qual homens e mulheres estejam seguros. 72 visite-nos em: www.valemais.pt
Vivemos tempos voláteis e é nossa obrigação defender com coragem o progresso alcançado, para que ninguém pense que é possível voltar atrás. A mudança está a acontecer, e é por isso que está ameaçada. A realidade diz-nos que é hora de ser militante”. Margarita Robles, terceira ministra da Defesa da história da Espanha, ou Cristina Gallach, alta comissária da Agenda 2030 da ONU, foram duas das presenças notáveis d a categoria ‘Função Pública, Institucional e Política’. Mas houve muitos mais rostos notáveis nesta valorização do talento feminino. Assim, entre as ‘Académicas e Investigadoras’, foram reconhecidas Perla Wahnon, a primeira mulher a presidir a Confederación de Sociedades Científicas de España, ou Marisol Soengas, investigadora e oncóloga do CNIO (Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas); em ‘Alta Direção’ foram destacadas María Jesús Almazor, ou Adriana Domínguez, CEO’s da Telefónica España e Adolfo Domínguez; em ‘Cultura e Desporto’, além de Andrea González, a diretora Mabel Lozano e Patricia Rodríguez Barrios, a única diretora geral de um clube de futebol profissional, e ainda, duas líderes de Comunicação Empresarial: María Luisa Martínez Gistau, do CaixaBank, e Ana Palencia da Unilever. Entre as ‘Empresárias’, encontramos a que hoje é consultora de 50&50, Gloria Lomana, ou a hoteleira Isabel Llorens. Ana Rosa Quintana, Carme Chaparro ou Sonsoles Ónega foram a cara dos mídia, no ranking, enquanto que, entre as ‘Pensadoras e Expertas’, estão a advogada Cruz Sánchez de Lara ou Mercè Boada, especialista em doenças neurodegenerativas. Finalmente, na categoria ‘Revelação e Empreendedoras’, Laura Baena, presidente do Club Malas Madres ou Nerea Luis, investigadora em robótica, e no Terceiro Sector, Sandra Ibarra e a sua fundação ou Mar Medeiros da Fundación Once. Durante a gala foi utilizada uma flor violeta no peito em homenagem ao dia internacional contra a violência de género, que coincidiu com a data do evento. visite-nos em: www.valemais.pt 73
Reportagem #Melgaço Texto :: Manuel S. Valter Alves bloga “Entre o Minho e a Serra” HISTORIADOR DE MELGAÇO TEM MAIS DE 900 MIL VISITANTES Valter Alves divide a sua paixão entre a Geografia e a História. Vive na área metropolitana do Porto, onde é docente do ensino básico e secundário, mas é natural de S. Paio, concelho de Melgaço. Em paralelo, desenvolve investigação centradas na História Local da sua Melgaço. Vem publicando regularmente artigos no blog “Melgaço, Entre o Minho e a Serra” que alimenta desde 2012, contando, até ao momento, com cerca de 700 postagens. São histórias, documentos e ilustrações sobre a terra que o viu nascer há 43 anos. Muitos documentos e factos inéditos, do séc. XV ao XX, sobre os mais variados assuntos são divulgados graças ao seu trabalho que já lhe valeu mais de 900 mil visitantes. Um número impressionante alcançado por alguém que desenvolve uma atividade sem interesses financeiros, mas que obedece a regras e disciplina próprias. A VALE MAIS quis conhecer este distinto melgacense. 74 visite-nos em: www.valemais.pt
ESTÓRIAS DE ANTIGAMENTE O que o levou a fundar e alimentar, sem qualquer contrapartida financeira, este blog? Já, anteriormente, tinha desenvolvido algo sobre esta temática? Desde pequeno que gosto de ouvir estórias de antigamente e o meu gosto pela História é precoce. Ouvi muitas estórias, sobretudo da minha mãe e da minha avó, algumas relacionadas com a personagem do Tomás das Quingostas. Os pais deste foram donos de uma quinta que pertenceu aos meus bisavós e avós, onde havia uma mina de água que servia de esconderijo para o Tomás quando era perseguido pelos soldados da rainha. Este tipos de estórias fascina qualquer criança. Depois, havia um outro assunto que me encantava. A igreja paroquial da minha freguesia, em frente da qual passei a minha infância. Sempre ouvi dizer que poderia ali ter existido um mosteiro com mais de 900 anos de existência, mas que nunca foram descobertas provas materiais mas apenas referências documentais que ainda hoje levantam dúvidas aos investigadores acerca da sua existência. Além de tudo, a minha terra encontra-se repleta de edificações cheias de História e acerca dos quais pouco sabia. Cheguei a uma época da minha vida em que quis saber muitos mais acerca destes temas. Quis saber qual era o fundo de verdade acerca de muitas estórias que tinha ouvido na minha infância, algumas bastante rocambolescas. Depois das primeiras pesquisas e da descoberta de uma significativa quantidade de material relevante, senti que o conhecimento não tem grande valor se não o partilharmos com as outras pessoas. Daí, a criação do blog em meados de 2012. Os temas vão desde a história ao património, passando pelas atividades económicas, turismo, história, lendas, postais. Tem posts, inclusive, relativos a assuntos do séc XV. Quais são as suas fontes de consulta? Também há quem lhe envie documentação sobre estes temas ou o apoie na elaboração dos trabalhos? Regista a colaboração de alguém ou o seu trabalho é solitário? As fontes de consulta são sobretudo a internet, documentos manuscritos antigos e alguns livros. Hoje em dia, na internet, podemos aceder a um enorme conjunto de documentos históricos de relevante interesse sem qualquer custo inerente. Temos, naturalmente, que conhecer os arquivos digitais. Por vezes, é necessário a deslocação a arquivos históricos para consulta in loco. Contudo, em alguns casos, recebo algumas contribuições de pessoas que me enviam documentos interessantes (fotos, jornais, manuscritos, entre outros). Tirando essas situações, o blog é fruto das minhas investigações. Que metodologia usa para editar a matéria que coloca nos posts? Quais são os temas que mais o cativam? Além dos temas que já mencionei atrás, que me são queridos por questões afetivas, gosto particularmente de tudo o que está ligado à emigração de gentes de Melgaço desde meados do século XIX para destinos na América do Sul, e não apenas o Brasil. Recentemente, descobri que o meu bisavô de Castro Laboreiro esteve emigrado na Argentina desde 1910. Agrada-me muito também o tema da emigração “a salto“ durante o Estado Novo. São épocas em a emigração era uma experiência totalmente diferente da atualidade. visite-nos em: www.valemais.pt 75
Por último, destaco ainda o período da guerra civil espanhola e da Qual a mais valia que encontra nele? repressão franquista que provocou uma afluência de refugiados espanhóis, sobretudo galegos, que atravessaram a fronteira e se Além de eu procurar que seja um arquivo, com as suas virtudes e falhas, refugiaram em algumas aldeias de Melgaço, especialmente em das origens culturais de Melgaço, como já aludi, procuro também que Castro Laboreiro. Aqui chegaram a ser cerca de 400. ajude as pessoas e as instituições. Quero que seja útil à comunidade local e regional. Posso dizer que já me pediram investigações de Tem alguma rotina de trabalho diária ou semanal índole genealógica, materiais do blog para elaboração de trabalhos de trabalho para este blog? de investigação, materiais para a produção de eventos, entre outros. Não tenho nenhuma rotina. O blog depende dos meus tempos Quais as reações que tem recebido a este seu livres. Tenho a minha atividade profissional, a docência, que trabalho? Até quando pretende prosseguir com também me absorve bastante e faz-me trazer bastante trabalho ele (trabalho)? para casa. A investigação sobre Melgaço é o meu passatempo favorito, sem qualquer dúvida. As pessoas felicitam-me, até me agradecem. Por vezes, também criticam. Eu procuro assimilar tudo. Este projeto durará enquanto Que reações tem recebido ao seu trabalho? tiver vontade e, acima de tudo, enquanto notar que é uma mais valia para a terra. A minha maior satisfação neste projeto é reparar que o mesmo não é indiferente às pessoas. Tem tido uma aceitação bastante positiva TESOURO HISTÓRICO e noto que o público o valoriza, quer pelo número de visitas, que já ultrapassou as 900 000, quer pelas reações e comentários nas redes Dos cerca de 700 posts, pode-nos destacar sociais, quer ainda pelas mensagens que vou recebendo dos leitores. algum pelo inusitado da situação relatada, importância que teve para Melgaço ou modo E que utilidade encontra nele? como lhe chegou a informação às mãos? Vejo o blog como um arquivo, o mais transversal possível, sobre as Vou citar uma publicação que surge na sequência de uma raízes dos melgacenses, sobre o nosso berço cultural. Isso alicerça-se na pequena investigação que me foi pedida pelo Senhor Provedor da sua História, no seu Património, quer material, quer imaterial. Quero Santa Casa da Misericórdia. Nela, foi possível descobrir, entre o que os leitores vejam no blog a respostas para as questões “Quem seu espólio, um Compromisso (documento estatutário), datado de somos os que aqui estamos? De onde viemos?”. 1517, que faz parte da primeira edição de Compromissos impressos. Um verdadeiro e raro tesouro histórico, muito importante para Tem-se notado uma ligeira diminuição no número a instituição e para a terra, comprovando que a Santa Casa de de posts ao longo dos anos? Isso deve-se a quê? Melgaço tinha cinco séculos de vida. Nos primeiros tempos do blog, o número de publicações era mais Pelo que este trabalho lhe deu a conhecer e pelo elevado. Com o tempo, a exigência, para comigo próprio, das que conhece de Melgaço, que mais valias aponta publicações foi aumentando. Com isso, procurei diminuir o número neste concelho e para quem nele vive, investe de publicações, privilegiando a qualidade. Desde há vários anos que ou visita? E, já agora, as maiores carências que as publicações são semanais e penso que é um intervalo equilibrado. têm levado tantos distintos filhos da terra a irem viver para outras paragens? PROCURADO POR BRASILEIROS Melgaço sofre, como outros concelhos, do despovoamento e do O número de visitantes, pelo contrário, tem envelhecimento das suas gentes. Fala-se, por um lado, que os empregos vindo a aumentar? Sabe dizer-nos onde vivem, existentes não conseguem fixar os mais novos. Por outro lado, alguns maioritariamente, estes e com que finalidade setores têm dificuldades em contratar mão de obra. consultam o blog? A verdade é que o modo de vida na atualidade não é o mesmo Nos primeiros tempos do blog, o número de visitas era escasso. de outros tempos. Melgaço tem ingredientes diferenciadores Contudo, as redes sociais ajudaram na sua divulgação e o número essenciais para gerar rendimento. Potencialidades como o turismo de visitas cresceu. Estamos a caminho do milhão de visitas. Além de natureza, os desportos radicais, ou os produtos agrícolas de do público em Portugal, os visitantes são oriundos de países extrema qualidade (vinho, presunto, enchidos, entre outros). As como França, Suíça, Alemanha, entre outros países europeus águas minerais e o seu parque termal carecem atualmente de uma ou da América do Norte, destinos da emigração das gentes valorização. Veremos no futuro! da terra. Depois, há o público brasileiro, também importante, maioritariamente emigrante ou luso-descendente. É interessante o facto de, com alguma frequência, ser contactado por brasileiros que procuram as suas raízes em Melgaço. São descendentes de melgacenses que emigraram para terras de Vera Cruz há um século ou mais e que nunca mais cá voltaram. Apenas ouviram falar que alguns dos seus antepassados eram de Portugal, de Melgaço do Minho. Querem saber mais sobre as suas origens. 76 visite-nos em: www.valemais.pt
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texto :: Maria Fátima Cabodeira Opinião VENEZA E AS MARÉS A imagem de um turista a nadar, em pleno mês de novembro, na Praça de S. Marcos, que Napoleão dizia ser a “sala de visitas” da Europa, em Veneza, Itália, causa perplexidade. Os registos da “Acqua Alta” não deixam dúvidas quanto à subida do A decadência, mais notória nas sapatas dos prédios ocres, confere-lhe C nível das águas, que atingiu máximos históricos dos últimos 53 anos. parte do seu charme e mistério. M Desde finais do século XIX, os venezianos estão habituados a medir as Assim vai o mundo. As fotografias nas manchetes dos jornais retratam Y cheias e a lidar com a água do mar que transborda e inunda aquele a crueza das alterações climáticas. CM lugar tão singular. Em Portugal, a notícia de um recém-nascido encontrado num caixote MY Munidos de galochas, os visitantes lidam com o fenómeno de forma do lixo pelos sem-abrigo dá nota das desigualdades sociais. Neste CY ligeira, encarando o seu lado “pitoresco”, numa ânsia de capturar acontecimento, com final feliz, assomam as fragilidades dos que estão CMY apenas o instante para postar nas redes sociais, mas um olhar mais abandonados à sua sorte. K atento antevê os danos quase irreparáveis nos edifícios patrimoniais e A tristeza abate-se sobre o país. Somos confrontados com o a, consequente, quebra de receitas. desaparecimento de José Mário Branco. Por razões de segurança, a autarquia decretou o estado de emergência, Lúcido, acutilante, homem de convicções, tinha na música o seu modo e a Praça de S. Marcos, onde está edificada a Basílica com o mesmo de expressão. Cantor, instrumentista, produtor, ator... lutou contra a nome foram encerradas ao público, bem como os históricos cafés, em ditadura e regozijou com a instauração da democracia. cujas esplanadas as orquestras entoam músicas dolentes. Nas últimas décadas vimo-lo a dirigir musicalmente alguns dos Lugar mítico, situado entre o oriente e o ocidente, exótico interposto nomes mais relevantes do fado, Camané e Kátia Guerreiro. comercial durante séculos e fervilhante espaço da tipografia e Cumpre-nos, em homenagem a José Mário Branco, continuar a cartografia, Veneza fez parte do roteiro sentimental de muitos reivindicar os valores da “Revolução de Abril”. viajantes. 78 visite-nos em: www.valemais.pt
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Ambiente texto :: Brito Ribeiro PLANTAS INVASORAS Plantas invasoras são plantas não nativas que causam impactes ambientais e económicos negativos. Algumas plantas que nos rodeiam foram transportadas do seu habitat natural para Portugal, umas vezes introduzidas voluntariamente, outras vezes por acidente. Parte destas espécies coexistem com as espécies nativas de forma Estas características não precisam de estar todas presentes numa equilibrada, sem danos significativos para o ecossistema, mas espécie invasora. Bastam estarem algumas para o sucesso da invasora. outras há que se desenvolvem muito rapidamente e escapam Portugal tem vindo a ser invadido por espécies exóticas que alteram ao controlo, tornando-se nocivas e passando a designar-se por substancialmente os ecossistemas originais. Uma floresta de acácias, invasoras. por exemplo, torna-se tão densa, com ramos e folhas apertadas umas contra as outras, que as demais plantas desaparecem, bem como as Hoje apenas referimos plantas invasoras, mas há organismos invasores aves ou outros animais. em todos os grupos de seres vivos Um ecossistema abriga um conjunto de espécies animais e vegetais em perfeito equilíbrio e que dele dependem. Tudo isso desaparece As espécies invasoras podem ser comparadas a uma forma de quando uma espécie invasora se torna dominante. poluição que, ao contrário de outras, não cessa quando se elimina a São geralmente difíceis de erradicar e muitas vezes os esforços de as fonte de emissão. destruir torna-as mais fortes e prolíferas. É o caso do jacinto de água, que tem reprodução vegetativa, bastando uma pequena porção da Apesar da grande diversidade de plantas invasoras há algumas planta para dar lugar a uma nova planta, pelo que retirar e cortar características que são comuns a muitas destas plantas: em pedaços é ajudar a espalhar a infestante. Em Portugal estão registadas cerca de 200 infestantes, sendo cerca • Têm crescimento rápido e/ou grande capacidade de de 50 as espécies com presença mais generalizada por todo o dispersão. território. Uma parte significativa destas espécies foram introduzidas para embelezamento de jardins ou lagos, mas também chegam • Competem mais eficientemente pelos recursos disponíveis acidentalmente em barcos (agarradas aos cascos), em contentores ou do que as espécies nativas. em madeiras tropicais. As principais espécies exóticas que estão a invadir o nosso território são: • Produzem muitas sementes, as quais podem ser viáveis por muito tempo e podem ser estimuladas pelo fogo, o que • Acácia austrália – Arbusto ou árvore nativa da Austrália, é particularmente grave numa área Mediterrânica como impede o desenvolvimento da flora nativa e reduz o fluxo das a nossa. linhas de água, além de alterar a composição e a microbiologia do solo. • No local onde são invasoras, não têm inimigos naturais uma vez que que estão deslocadas do seu local de origem. • Reproduzem-se vegetativamente sem necessidade de produção de sementes para dispersar. 80 visite-nos em: www.valemais.pt
• Acácia mimosa – Características idênticas à anterior. INFORMAÇÃO CREDÍVEL, CONFIÁVEL E DE INTERESSE PÚBLICO • Erva-das-pampas – Conhecida pelas vistosas plumas brancas, é originária do Chile a Argentina, tem grande opinião capacidade para invadir novos terrenos, pois uma única planta pode produzir um milhão de sementes secções que são dispersas pelo vento. cultura Na Vale mais realizamos um jornalismo independente, sem sensacionalismos e juízos de valor. Procuramos trazer o melhor conteúdo informativo sobre a região. Diariamente, destacamos o que de mais importante acontece nos nossos municípios e na região. • Chorão-da-praia – subarbusto rastejante de INFORMAÇÃO DIÁRIA flores amarelas ou rosadas, originária da África do Sul, estende-se por dunas e falésias, impedindo o Informação credível, confiável e de interesse desenvolvimento da vegetação nativa e acidificando público. Arriscamos no jornalismo mais sério, que o solo. vai ao detalhe e evita o sound bite, na conquista • Háquea-picante – Arbusto de folhas em agulha, de um público mais exigente e que procura a natural do sul da Austrália, introduzido em qualidade na informação. Portugal para formação de sebes; esta espécie forma bosquetes impenetráveis à demais flora e fauna, RIGOR E ISENÇÃO reduz a quantidade de água disponível e aumenta a probabilidade de fogo ao qual as suas sementes são Contra o jornalismo fast-food de “faca e alguidar” resistentes. O nosso projeto vinga pela diferença e pela qualidade. Com uma • Sanginária-do-Japão – Erva de folhas grandes, objetividade e isenção de que nos podemos orgulhar, não procuramos o like originária do Japão e China, tem crescimento rápido e das fake news ou do jornalismo barato de “faca e alguidar” satisfazendo, pode atingir três metros de altura. eventualmente, interesses económicos ou políticos. • Jacinto-de-água – Erva flutuante com flores violetas destaques reportagens notícias entrevistas ou azuis, natural da América do Sul, forma tapetes que podem cobrir totalmente a superfície da água, diminuindo a luz disponível com a consequente destruição do ecossistema original. • Elódea-africana – Planta aquática que forma tapetes flutuantes até três metros de altura, impedindo a penetração da luz e eliminando as plantas nativas. visite-nos em: www.valemais.pt 81 www.vvaislietem-naoisse.pmt
Lendas do Alto Minho RIO LETHES texto/fonte :: CIM Alto Minho A LENDA DO RIO LIMA Era uma vez um rio. Nascera, sem pressa, entre espessa prenhas, numa serra galega e, sem pressa, foi des- cendo de um vale ameno, bordado de salgueiros e veigas viridentes, avistado, débil pela distância, dos altos montes vestidos de pinheirais, e onde, nos cimos, se abrigavam o refúgio e a agressividade dos velhos castros. Era azul e liso. Não tinha nome, ainda. Opovo que lhe usava as águas, para a rega, a pesca e a Tomado de pavor pelos avisos desta condenação, todo o exército sede, era rude, selvagem, mal sabendo talhar na pedra o se recusou a mergulhar, naquelas águas encantadas, a poeira das machado da lenha; a faca lascada para dilacerar a rês, sandálias, obrigadas a calcar o vau da passagem que o levaria, destinada ao fulgor das brasas; a ponta de lança para a sem perigo à margem oposta. defesa e o ataque contra a violência que lhe roubava o gado e lhe Em vão os comandantes davam ordem para avançar. Em vão o chefe raptava a mulher. supremo, Décio Júnio Bruto, lhe ameaçou a desobediência com a prisão e Pela calma do entardecer, a tingir de vermelho os céus do mar a morte. Ninguém se movia dali, paralisado pela emoção e pelo medo. próximo, o pastor, recoberto de peles de fera, conduzia os rebanhos Mas Décio Júnio Bruto teve uma decisão feliz. Apeando-se do seu ginete, até às areias finas das margens, a beberem frescura na limpidez do atravessou, lento, as águas feiticeiras, com o escudo a proteger-lhe a rio, longa, longamente... Mas esta paz de paraíso não tardou a ser cabeça, a curta espada desembainhada na firmeza da mão. E, mal perturbada pelo passo duro e cadenciado do soldado estranho. atingiu o areal da margem direita, vencendo o rumorejar do arvoredo, A Roma imperial enviara as suas legiões aos campos agrestes da o gorjeio mavioso dos rouxinóis, começou a bradar pelos seus homens, Ibéria, vencendo batalhas, edificando estradas lajeadas, as pontes, hirtos, perfilados à sua frente, como estatuas estáticas, preferindo, de os aquedutos, as muralhas guerreiras, os templos para os deuses, os cada um deles, o nome exacto sem revelar esforço de memória. anfiteatros e as arenas para os prazeres da arte e do desporto. Só desta forma convenceu os seus soldados que, afinal, o rio que Elas invadiam, implacáveis, o bucolismo da paisagem doce, lhes corria aos pés não era o Lethes do esquecimento, apesar da sua empunhando a agudeza da lança e o escudo de coiro lavrado, beleza, apesar do seu fascínio. entre o arruído dos pesados carroções e o tropear febril dos cavalos. Então, todo o exército atravessou, sem hesitar as águas claras e E, um dia, eis que o arreganho destas legiões chega junto à brandas, e seguiu para novas paisagens, novos montes e vales, margem do sul do rio de que vos falo, com os seus pendões rubros, novos rios, embora nenhum deles tão deslumbrante. constelados de águias, sacudidos por uma brisa mansa. E aquele rio, que, por um momento de paixão e temor, fora baptizado - E estaca, rendido, deslumbrado! de Lethes, continuou a correr, sem pressa, até ao desenlace da foz. No arrebatamento da visão, toda a soldadesca excitada supõe estar - O rio tem, hoje, o nome de Lima. diante daquele rio Lethes, o Rio do Esquecimento, um rio sem par E, tal com outrora, ei-lo que fascina, pela sua beleza, quem dele de que lhe falavam as lendas e as narrativas do seu país. se abeira, lhe escuta o leve fluir, já ladeado agora pela riqueza e - E do Esquecimento, porquê? nobreza dos santuários milagreiros; pelos escuros solares armoriados Porque se dizia que quem ousasse atravessá-lo, enfeitiçado pela sua e a brancura alegre dos casais; pelo bulício de antigas povoações beleza, logo esqueceria a pátria, a família, o próprio nome. com as suas elegantes pontes arqueadas sobre barcos pesqueiros; e, por todo o horizonte, as torres, os pelourinhos, as cruzes... - Rio do Esquecimento? - Não, Rio da Lembrança. Lembrança viva destas terras amoráveis, por onde desliza e que parece beijar. 82 visite-nos em: www.valemais.pt
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Feliz Natal e um fantástico 2020 84 visite-nos em: www.valemais.pt
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