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Vale Mais Junho & Julho'19

Published by info, 2019-06-12 04:13:11

Description: Vale Mais n.º67

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05 PAREDES DE COURA 06 PONTE DA BARCA Ver através da Árvore Barca Dalila Gonçalves Pablo Pita Na primeira visita ao local onde se encontra a peça Olocal proposto é um local fronteira – ao “Ver através da árvore”, Dalila Gonçalves retomou a contrário de outros locais do projeto, não se memória da caminhada a Santiago que fizera muitos trata de um ponto completamente imerso anos antes. Lembrou-se do movimento duro da descida num cenário natural. O conceito da proposta que se segue a uma desgastante subida, da pedra – junto à qual apresentada pelos artistas é uma reação a essa condição, está a sua peça – como um momento de pausa, das árvores e da procurando criar a barreira entre duas realidades, mata que pautavam o caminho. Tentou perceber ao máximo as enaltecendo a natural. A intervenção apoia-se nessa sensações e as características do local para que, através dessa premissa sugerindo a implantação do objeto definido por relação emocional, pudesse conceber uma peça para o local. um simples gesto. Este materializa-se numa parede curva De certo modo, de forma mais ou menos inconsciente, acredita metalizada, implantada no extremo poente do Choupal que estas memórias estão dentro da sua escultura. A obra tem da vila de Ponte da Barca. No interior deste espaço, uma relação bastante direta com os materiais do lugar, com a um banco convida à permanência, à apropriação e à verticalidade da floresta e com o movimento descendente e em contemplação. Neste ponto, e ladeado pelas altas paredes curva do caminho. A artista procurou agarrar nas características que oferecem sombreamento, o enquadramento visual é do espaço, organizá-las de outra maneira e devolvê-las ao ponto limitado a um cenário bastante específico e selecionado. de partida. Acentuou o movimento e a curva do caminho pela A proposta é assim suportada por três dimensões que se forma e pela disposição das árvores numa espécie de fole. Um cruzam. Uma dimensão iconográfica, ao assumir-se como fole de madeira que podemos imaginar a correr e a desenhar a objeto abstrato num contexto natural. Uma dimensão paisagem como um portão sobre a calha da sua base. As tábuas espacial, pela sua geometria e espaço que cria. E uma na vertical guardam em si os contornos e as “imperfeições” das dimensão conceptual, pela narrativa que constrói e árvores que lhe deram origem, como se as abríssemos para que que a constrói, esperando que na sua abstração haja as pudéssemos ver por dentro. Por entre as tábuas, há frechas ambiguidade, dando espaço à apropriação, imaginação e que deixam passar os raios de luz e projetam as suas sombras. interpretação de cada utilizador. Não as podemos fechar nem mover, mas podemos ver através delas, como se espreitássemos com um olho cerrado por detrás de uma árvore. Um jogo de contacto com a natureza, de refúgio, de aparição e esconderijo como um qualquer jogo de criança que, ao mesmo tempo que se esconde, procura, através de um olhar analítico, o que está para lá da montanha. Conceber objetos que nem sempre implicam a transformação real das coisas, que se concretizam, em muitos casos, pelo simples uso inesperado, irónico, absurdo ou metafórico da matéria, faz parte do processo de trabalho da artista. Pela subtileza da informação utilizada, pela natureza dos materiais, ou pelo simples modus operandi são frequentes os jogos com a própria “perceção” e a ideia de “evidência”. Será, porventura, nestes momentos de estranheza, nessa espécie de fronteira entre a realidade física e a ficção, que são ativados os mecanismos do sentir e do pensar que aferem significado ao objeto artístico. www.valemais.pt 51

DESENCAMINHARTE 2018 07 PONTE DE LIMA 08 VALENÇA Pedra sobre rocha Porta-caça do Mosteiro de Sanfins André Banha Barão-Hutter Aproposta de André Banha junto à Capela Senhora Aintervenção, no Mosteiro de Sanfins, propõe a de Fátima, no lugar do Pereiro, Rendufe, em reposição de um ritual anual, uma vaga estória Ponte de Lima, traduz-se num volume implantado que compelia à consagração do primeiro javali sobre uma enorme rocha ímpar aí existente. A e salmão aos frades do Mosteiro de Sanfins por escultura foi para o artista, desde os primeiros esboços, forma de “reconhecença”. Os autores criaram uma série um regresso a uma linguagem – que já não explorava há de artefactos para encenar, preparar e confecionar duas algum tempo – da criação de um dispositivo que permitisse presas por intermédio de uma ação teatral. Com esta a incursão ao interior. Fez-lhe todo o sentido pensar numa finalidade e para futuro usufruto da população, a dupla peça que proporcionasse a contemplação – sentar, esperar, disponibilizou dois porta-caça e um fogareiro com os seus repousar, observar, e se tornasse complementar à paisagem apetrechos de caráter quase litúrgicos na área do mosteiro – pela escala, pela cor, pela forma, pelo título –, que fizesse para este uso. Tirar-se-á partido da situação particular de parte da mesma, convergisse com ela. Composta por vários ruína do mosteiro e da sua tentativa de reposição. Durante módulos triangulares, de diferentes dimensões e ângulos, algumas horas, o silêncio do local deverá ser quebrado unidos e estrategicamente orientados, de forma a conseguir- apenas pelo som do cinzel que repõe a pedra ao mosteiro se uma imagem que, no seu conjunto, fosse orgânica. A peça e pelo som dos que preparam e executam o ritual de assemelha-se a uma rocha construída sobre a rocha local. Da forma solene, devendo mudar de tom à medida que seja morfologia do terreno, à transumância dos pastores, vários cozinhado e servido, já em forma de festejo. As duas foram os diálogos que se cruzaram. Pedra sobre Rocha é um peças, quase escultóricas e não referenciais, localizadas piscar de olho a um legado muito particular: faz alusão aos à entrada do adro do mosteiro são a materialização de primórdios da marcação no terreno pelo homem, como as um facto lendário, tornando-se num “estandarte” e um ancestrais referências de orientação e de abrigos feitos pelos ponto de paragem, observação e reflexão no lugar. A pastores na transumância do gado no nosso território. peça estabelece uma relação física com o lugar pela materialização de uma presença vigilante, como a de uma gárgula, uma entidade com forma grotesca e imperfeita que permite uma certa indagação, repúdio ou aceitação ou talvez até uma outra interpretação para a génese de uma nova estória. Os sistemas construtivos, materiais e acabamentos usados nas peças multifacetadas em pedra e aço são um déjà-vu e o conglomerado de diversas soluções simples e arcaicas desenvolvidas ao longo dos tempos. Prevaleceram na região ao sabor dos estilos, modos, modas, maneiras e gostos. 52 www.valemais.pt

09 VIANA DO CASTELO 10 VILA NOVA DE CERVEIRA Janela Rasgo no solo do parque de lazer do castelinho João Mendes Ribeiro Gabriela Albergaria Ainstalação da peça é definida pela opção técnica de não Aartista atuou no espaço como resposta ao afetar o património, criando uma instalação baseada nos próprio local, às suas características físicas e elementos existentes e que procura explorar a fruição sociais, criando o Rasgo no Solo do Parque de do espaço e a contemplação da paisagem envolvente. Lazer do Castelinho. Instalado num dos limites Perante as características únicas do terreiro, pretendeu-se que toda do parque e em frente ao rio, a peça iniciou com um e qualquer intervenção fosse reversível e o menos intrusiva possível, gesto simples de repetição da linha de água. A artista preservando integralmente o caráter original do lugar e o seu valor começou por marcar no chão essa linha e, a partir daí, patrimonial. A peça desenvolveu-se em três atos: em primeiro desenhou um retângulo paralelo ao rio, escavando-se até lugar, propôs-se a relocalização dos bancos de granito existentes, uma altura de 40 cm. Depois do rasgo escavado, as linhas agrupando-os segundo uma linha contínua, paralela ao muro de foram preenchidas com pedras de granito encaixadas contenção, a eixo do cruzeiro; em segundo lugar, habitou-se a usando o método tradicional local de assentamento de parede limite do miradouro, voltada a poente, com a introdução pedras, tendo ficado a execução a cargo dos artesãos da de dois bancos “namoradeiras” associados à varanda existente e região. Quis-se que a peça contivesse a ideia da linha de aos pilares centrais do muro e, em terceiro, inseriu-se uma faixa água do rio e da pedra local da montanha, em jeito de de reboco caiado, lateralmente à varanda, na qual se propõe a contaminação de matérias. O Rasgo é uma peça que surge inscrição de uma frase descrevendo o processo construtivo de através do desenho, como é o modo de atuar habitual da revestimento da parede. A solução construtiva adoptada abraça o artista: pelo desenho e o espaço, as peças emergem e muro existente, sem o ferir, e foi formalizada com metal, um material evoluem através da escultura para a criação de um espaço leve, por oposição ao peso dos muros em pedra pré-existentes, idealmente de fruição. Neste espaço, é possível entrar numa linguagem referenciada à obra do arquiteto Carlo Scarpa. A e usar-se as paredes para sentar e permanecer a olhar o intervenção resulta numa peça esbelta que dialoga com o muro e rio, de um lado, ou “dar de costas” ao rio e observar a o miradouro e, simultaneamente, evidencia o património existente. montanha e a presença de granito, do outro. Cria-se um Nesta obra, o uso da palavra escrita tem um duplo sentido, técnico jogo de afastamento e proximidade da matéria. A peça e poético. A primeira asserção corresponde à frase inscrita na aproveita uma área aberta e mais ampla, com o chão faixa de reboco caiado, aplicada lateral-mente à varanda, na qual coberto de erva e árvores que limitam o terreno ao mesmo se descreve o processo construtivo de revestimento da parede tempo que criam uma sombra agradável, convidando a (“reboco em cal aérea e areia para caiar a branco”). Com a inscrição, permanecer. O desenho do terreno e da área que o rodeia pretendeu-se exemplificar e sugerir, como intervenção futura, o lembra, em parte, os socalcos trabalhados na paisagem e revestimento com reboco à base de cal dos paramentos verticais usados para a prática agrícola típica do norte de Portugal. dos muros, nomeadamente dos tramos em alvenaria de pedra não Sob outro ângulo, a linha da frente faz adivinhar as marés aparelhada, deixada à vista. Esta operação, mais consentânea com do rio e as antigas cheias, pois veem-se linhas de terreno o modo tradicional de intervir, cria uma maior proteção à parede e, ondulantes que vão acompanhando o rio. simultaneamente, enfatiza os elementos de pedra em capeamentos, cunhais e pilaretes. A segunda, e provavelmente a mais imediata para quem visita o Miradouro da Capela de Nossa Senhora do Crasto, corresponde a uma inscrição de um poema de Sophia de Mello Breyner Andresen que se relaciona intimamente com a paisagem e com a sua contemplação. O poema escolhido, “Pescador”, fala sobre a analogia entre o lugar e a poesia, sobre ligação entre a terra e o mar. O terreiro e a paisagem envolvente estão em estreita ligação e a introdução desta inscrição reforça essa relação ancestral. DESENCAMINHARTE 2018 www.valemais.pt 53

Reportagem #Valença Texto :: José C. Sousa \"Oh Salgueiro! Como é que te meteste na política?\" 54 www.valemais.pt

orge Manuel Salgueiro Mendes. E como foi a chegada a Valença? Nasceu na Sertã, distrito de Castelo Branco, em 1965. Foi Quando viemos para Valença, surgiu a possibilidade de leccio- nar numa Universidade do Porto mas, nessa altura, ainda esta- Jpara a capital do país em 1982 vam a concluir a autoestrada Valença-Porto pelo que era com- plicado fazer esse trajeto várias vezes à semana. Candidatei-me e daí saiu, casado, e com duas para leccionar à noite, o que acabou por acontecer, à noite e, filhas (hoje com 22 e 24 anos), mais tarde, também de dia, e mantive um outro trabalho que em 1998, para Valença, terra da fazia em Lisboa que era de consultor. esposa. Licenciado em Economia, foi professor, e é presidente da Câmara E a política? Como entra na sua vida? de Valença desde 2009. Antes, foi vereador eleito em 2001. Recebeu Foi por acaso. Foi em 2001 quando o Luís Campos Ferreira, a VALE MAIS no seu gabinete para foi candidato à Câmara de Valença e me convidou para ser o uma conversa descontraída e, sem número 4 da lista. Eu não conhecia o Luís (Campos Ferreira) qualquer constrangimento, falou- mas alguém recomendou o meu nome. Na altura foi um desafio nos, abertamente, da sua vida mas assumi o lugar na oposição, até 2009. Depois, em 2005, na pública e privada. segunda candidatura do Campos Ferreira já fui o número dois, e em 2009 assumi a candidatura e a liderança do Município. EH PÁ, OH SALGUEIRO, COMO É QUE TE METESTE NA POLÍTICA? Até então, não havia nada. Até me posicionava mais à esquer- da, porque muitos jovens ocupavam esses espaços mais reivin- Como é que um sertanense veio parar a Valença? dicativos, mas sempre longe de entrar na política. Cheguei a ser convidado várias vezes mas recusei sempre. E quando ganhei Nasci na Sertã em 1965, freguesia e concelho, onde vivi até aos a Câmara, alguns amigos meus ligaram-me a dizer: eh pá, oh 17 anos. Em 1982 e depois de completar o 11.º ano de escola- Salgueiro, como é que te meteste na política? (risos) ridade, e porque na Sertã, como na maioria dos concelhos do país, não havia 12.º ano (só nas capitais de distrito) tive de op- Mas foram as circunstâncias, nada disto foi premeditado. Até tar por ir para Tomar (que ficava a 50 km’s) ou para Lisboa. Aca- porque, quando me candidatei, não havia nada garantido. Havia bei na capital onde tinha uma tia/madrinha que me acolheu em uma sondagem que não nos dava em primeiro mas dava-nos sua casa, e onde fiz o 12.º ano e depois a universidade. Entrei e muito próximos do PS. E como eles estavam longe de ter a licenciei-me em Economia, na Universidade Nova de Lisboa. vitória assegurada, nos fomos no ‘talvez’ e conseguimos. Terminado o curso comecei a trabalhar na área do petróleo, na VITÓRIAS DESPORTIVAS Partex e também, como professor universitário. Esta situação E A 'OLP' METIDA AO BARULHO discorreu até 1998. Voltando à sua juventude na Sertã e em Lisboa. Mas, no entretanto, num baile da universidade, conheci uma O que gostava de fazer? jovem de Valença, que estudava na área de Letras, e que hoje é a minha esposa. Em 1998, depois do nascimento da minha Tenho muitas memórias da minha vida desportiva. Na universi- segunda filha, colocou-se a questão: ou ficamos em Lisboa ou dade, fui várias vezes campeão de voleibol e andebol. O futebol íamos para a terra natal de um dos dois. Geralmente, nestas também fez parte da minha vida, cheguei a jogar no Atlético da situações, as mulheres vencem sempre (risos) e então, nesse Tapadinha, que era o clube satélite do Sporting. Era defesa central mesmo ano, viemos viver para Valença. mas não pagavam nada, a não ser o passe do autocarro, portanto acabei por desistir. Todavia, na universidade ainda fomos várias Sempre gostou de economia ou sonhava fazer vezes campeões, até porque tínhamos uma bela equipa com outra coisa? malta que jogava no Guimarães, Portimonense, Benfica, Sporting, Chaves, entre outros, mas que devido à universidade acabavam Achava que ia ser engenheiro. Tinha uma certa vocação para por abandonar a bola. Sempre tive uma grande conexão com o montar e desmontar coisas. Sempre tive essa destreza e sem- desporto. No voleibol também fui federado, em Lisboa. pre fui muito curioso. Por isso pensava que ia enveredar pela electrotecnia e electrónicas. Estudei numa escola industrial e, Antes disso, na Sertã, tinha um grupo de amigos que eram um no 9.º ano, tinha de optar por seguir Saúde, Comercio ou Mecâ- pouco reguilas mas sempre educados. Eu como era bom aluno nica e Eletricidade. No dia da abertura das matriculas não fui de apesar de fazer algumas patifarias, elas passavam ao lado. manha, só fui à tarde, e quando cheguei os meus colegas já se tinham inscrito em Electrotecnia e já não havia vagas. Resulta- Lembro-me de um torneio de Voleibol, estes que se faziam no do, fui para Mecanotecnia. Eu até gostava daquilo, mas havia verão, e onde criamos uma equipa que era a OLP, Organização uma parte da formação que era desenho de máquina, e dessa de Libertação do Putos. (risos) parte, não gostava nada. Então mudei para contabilidade. Per- deu-se um engenheiro e ganhou-se um economista-gestor. www.valemais.pt 55

Quem organizava o torneio era a Câmara e ninguém reparou no CONTINUA A SER 'O PROFESSOR' nome OLP. Quando chegamos ao pavilhão e os nossos amigos começam a cantar OLP, OLP, aqui gerou um sururu enorme claro, E consegue concilia vida privada, nomeadamente devido à OLP - Organização para a Libertação da Palestina -. filhas, com esta vida profissional? Chegamos à final, mas perdemos. No ano seguinte já não nos As minhas filhas entenderam o trabalho do pai. No início ou- deixaram inscrever com esse nome. (risos) viram algumas boas, porque os jovens, por vezes, conseguem ser um pouco diabólicos, mas depois não tiveram problemas O que mudou na sua vida desde que chefia o nenhuns, e a esposa sofrem um pouco mais porque ouvem umas Município? bocas e ainda por cima a minha mulher é professora e numa escola é natural ouvir-se de tudo. Não mudou muito. Foi sempre minha preocupação que a passa- gem pela política não me modificasse como pessoa. Há sempre Mas ela sofre e sofreu, sobretudo, pela ausência, porque muitas alguns aspectos que temos de alterar, mas não queria que as vezes teve de ser mãe e pai e, depois, ainda tem me aturar. questões éticas, morais, da amizade e do bom relacionamento com as pessoas e acho que isso se manteve. As vezes diz-se que As minhas filhas tem 22 e 24 anos. Uma está a terminar a Uni- na passagem pela política se ganham muitos inimigos, mas eu versidade e outra está em Budapeste, a trabalhar há três anos. considero o contrário, acho que tenho mais amigos hoje do que Temos feitos uns intercâmbios e se não vamos lá, ou ela não tinha. Claro que há pessoas que nem sempre gostam das nossas vem cá, é a meio caminho. Vamos agora tirar férias e vamos decisões, também há decisões que nem sempre correm bem mas convergir no mesmo destino. Assim nós podemos sair e viajar e levo da política uma boa experiência. ela também o pode fazer, apesar de Budapeste ser uma cidade muito simpática e atrativa. Mas a responsabilidade tirou-lhe horas de sono? Foi professor em Valença, de muitos jovens que Sim, isso tirou. Sobretudo nos primeiros tempos. A política tem hoje se cruzam na rua consigo? Como lidou com dois efeitos que são demolidores. Primeiro, o tempo, porque essa alteração de cargo e de posturas? as agendas são muito apertadas, e hoje em dia temos de ir a reuniões da CIM, da CCDRN, temos de ir a Lisboa por tudo e por Para eles continuo a ser o professor e mantenho uma relação mui- nada, e depois temos a família. Muitas vezes queixa-se, e com to aberta e acredito que os resultados políticos que temos obtido razão, da nossa ausência. Eu faço um grande esforço para, duran- também se devem a esse tipo de relações que sempre mantive te o fim-de-semana estar em casa, com a família, mas durante a com as pessoas, antes e depois de ser presidente. semana é manhã, tarde e noite. 56 www.valemais.pt

Gosta de ser presidente da Câmara? Acha UMA GRANDE PRAÇA CENTRAL que face ao tem de abdicar, as vantagens ONDE AS PESSOAS SE ENCONTREM compensam? E o que é que gostava de mudar em Valença, Se não gostasse e não me sentisse bem neste lugar já me tinha mesmo sabendo que é muito difícil? ido embora. Este cargo é desgastante mas tem um particula- ridade. Por vezes, vou na rua e, não só as pessoas me cumpri- Uma coisa que estamos a tentar e criar um espaço central que mentam, como me agradecem por coisas que fiz e que, muitas Valença não tem. Uma grande praça central onde as pessoas se vezes, eu nem me lembro de ter feito, porque para nós são cruzem e se possam encontrar. Estamos a trabalhar nesse sentido coisas pequenas, como o arranjo de uma estrada ou uns pas- para à volta do Colégio Português, conseguir essa centralidade. seios mas as pessoas dão muito valor. E essa proximidade e Já estivemos perto, depois o processo recuou, agora com o facto das pessoas reconhecerem esse trabalho é uma das mais vinda do Hospital da Trofa acho que temos pernas para andar. valias destes cargos políticos. Até porque a área de intervenção é grande. Implica a avenida da estação, o Colégio Português, parte do espaço onde estava a Os cidadãos tendem a dizer mal da política e dos políticos e Artística, o Jardim Municipal e o antigo Campo da Feira. Tem de muitas vezes, os próprios políticos, quando saem dos cargos, ser uma coisa integrada, discutida publicamente. também dizem mal. “Aquilo é uma chatice, era isto e aquilo”. Quais os seus hobbies? Realmente, os cargos públicos e políticos tem, hoje em dia, uma grande exposição, e muitas vezes, as pessoas não são Caminhadas. Já não corro tanto como gostaria porque algumas simpáticas connosco, sobretudo nas redes sociais e pessoas lesões no joelho já não deixam, portanto agora é sobretudo cami- que nós nem conhecemos e que não nos conhecem. Tratam- nhadas, trails e sempre que posso faço tanto sozinho como acom- -nos mal, porque somos políticos, e portanto somos todo panhado. Por vezes, quando andamos a pé, temos de fechar os iguais, é só tachos, é só interesses... Se saísse hoje da política olhos e sentir o coração, os pulmões o intestino, e todo o sistema podia dizer que levo mais amigos daqueles que tinha quando a funcionar. Por isso é que, quem faz uma peregrinação a Santiago, entrei. E saía da política gratificado. muitas vezes, não vai por uma questão religiosa mas sim para se encontrar consigo próprio. E a caminhada proporciona isso. Do que é que mais gosta em Valença? Depois passear e viajar sempre que possível. Não sou apologis- Das pessoas. Tratam-me com carinho, com estima, ta daquelas férias de uma semana sempre na praia, sou mais de mesmo quando temos de tomar decisões difíceis há sempre respeito e consideração pelo trabalho que conhecer o mundo. E ás vezes, nos sítios mais inóspitos, dos temos feito. E depois gosto muito do entorno onde quais, à partida, não temos uma boa impressão, é onde se vivemos e desta relação com Tui, do Rio Minho pelo encontram as melhores surpresas, de pessoas que vivem meio e os afetos que ligam valencianos e tudenses e com muita dificuldade, não têm nada, mas são felizes. que, para mim, é único, em Portugal e no mundo. Já Nós aqui temos tudo e estamo-nos sempre a queixar. tive oportunidade de conhecer muitos lugares deste mundo e não há nada disto. Há fronteiras, há estigmas, Quais foram as viagens que mais o há conflitos e aqui não. Se por algum motivo, marcaram? e para mal dos nossos pecados, se hoje a Europa implodisse, e colocassem aqui, África marcou-me muito. Angola, Moçambique, Cabo novamente, uma fronteira, acho que Verde, Marrocos (uma viagem onde fiz toda a costa, havia aqui uma guerra porque ninguém ia aceitar e certamente seria a frontei- desde Tanger até Agadir, com a mulher e ra com mais ilegalidades de todo o com as filhas, em 2009, e que foi muito mundo. (risos). E quem nos visita, e arriscado ir com elas as três, mas hoje em dia passam aqui milhares onde descobri coisas e pessoas fan- de peregrinos, acham estranho, e tásticas que só o facto de estamos o sentimento de vir livremente e a passar lá e dizermos olá já era passar a ponte sem problemas e gratificantes para elas e isso é entrar noutro país, é algo que, fantástico. para nós, é dado como adqui- rido, mas para 2/3 do mundo Costumam ir ao cinema, não é assim. teatro ou algum espetáculo musical? Mais cinema, e em casa. No Teatro, acompanho quase todos os espetáculos das comédias do Minho, em especial aqueles onde dá para rir bastante. www.valemais.pt 57

Tem algumas superstição? Não tenho nenhuma embora sinta que há uma certa energia que, Senão, tenho tido muitos convites do sector privado, antes de por vezes, parece que cria um equilíbrio no mundo. Há situações chegar a Câmara e com certeza que aí não faltaram desafios que acontecem que parece que tinham mesmo de acontecer e eu aliciantes. acredito que há uma certa ordem no mundo e que não consigo explicar e que influencia as nossas vidas. Uns acreditam que é O TIAGO FOI CANDIDATO À uma energia positiva e há outros que acham que só vem desgra- CÂMARA DURANTE TRÊS MINUTOS ças e que o amanhã vai ser sempre pior do que hoje. Eu acho que nos momentos difíceis temos sempre de acreditar que virão momentos melhores e que o futuro será risonho, mesmo, com todas as dificuldades que as pessoas tem. E o seu local preferido para passar férias? No final da entrevista quisemos saber uma O mundo em geral. Gosto muito da Europa, sobretudo da Europa situação caricata que lhe tenha ocorrido, enquanto autarca. central, e gosto muito de fazer férias sem marcar nada. Que planos tem para o futuro? Tivemos um momento muito engraçado na segunda campanha Há duas viagens que ainda quero fazer. Uma é ir até Vancouver eleitoral, em 2013. Estávamos em Friestas, numa sessão de escla- descer até São Francisco e depois vir de comboio até Nova Ior- recimento, e no final era aberta a parte de perguntas do público. que. Claro que isto não se faz numa semana. E um senhor queria fazer uma pergunta sobre o cemitério, e eu disse-lhe; sim, senhor, faça favor; e ele disse-me: não é consigo, Outra é ir até ao extremo da Rússia, de comboio, até Vladivostok, é com o candidato a presidente. E eu, insisti; pronto, eu sou o e depois passar para o Japão. Também essa requer muito tempo candidato, diga!; e ele volta a dizer-me; não é consigo que quero para se fazer. falar é com o candidato a presidente; eu sei bem quem é o can- didato. É esse senhor que está aí ao lado. Na ocasião era o Tiago E as próximas eleições? Não se podendo Alves ( Chefe de Gabinete de Apoio à Presidência). recandidatar, já pensou no que vai fazer? E foi o Tiago Alves que respondeu e que durante três minutos Na política não podemos fazer planos, porque podem sair com- foi candidato a Presidente da Câmara. (risos). No final, o senhor pletamente ao contrário. Nunca pensei vir para a política e vim, levantou-se e veio-me cumprimentar dizendo: Obrigado Presidente. nunca pensei ser Presidente da Câmara e sou, quando acabar o Houve ali alguma coisa que se passou, mas não sei bem o quê. (risos) mandato, poderei voltar para a minha vida profissional e depois, se surgir uma oportunidade na área da política cá estarei, se o projeto for aliciante, para mim e para quem me convida. 58 www.valemais.pt

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Reportagem #Melgaço APRESENTA-SE EM AGOSTO Texto :: Manuel S. Melgaço volta a ter RANCHO FOLCLÓRICO Mais de meia dúzia de anos após o desaparecimento do folclore em Melgaço, com o rancho de Paderne, anuncia-se, agora, a apresentação de um novo grupo, abrangendo todo o concelho. Sedeado nas instalações da Casa do Povo, na sede do concelho, tem prevista a sua apresentação em agosto próximo. A par dos ensaios, tem-se registado um trabalho de investigação no sentido de conferir autenticidade aos trajes e cantares do grupo. Fernando Pereira e Marina Gonçalves são as faces mais visíveis deste projeto que envolve, ainda, a colaboração do antropólogo Álvaro Campelo. Foi com eles que conversamos. 'QUE NÃO SEJA APENAS ETNOGRÁFICO' temos também a parte das imagens, das fotos antigas. Por causa dos trajes. Há coisas que se conseguiram passar de boca em boca, mas as Fernando Pereira é dirigente da Casa do Povo de Melgaço e conta-nos imagens também ajudam muito. A forma de vestir, sobretudo do início como surgiu o projeto. do séc. XX.” E“ stava com a Marina a fazer o planeamento de atividades e na Uma pesquisa em que a colaboração tem sido essencial. conversa concluímos que tínhamos de fazer algo para que, em Melgaço, também surgisse um grupo folclórico. Era vergonhoso, “A pesquisa é feita pelo Dr. Alvaro Campelo, mas também tenho em parte, por ser o único concelho do Alto Minho sem um único ajudado, há a colaboração de algumas pessoas da Junta de Freguiesia rancho. E não tinha a ver com a densidade populacional. Tem a ver com de Castro Laboreiro. No museu local têm os fatos antigos. Lá em cima, a falta de bairrismo, de interesse pelo folclore. Há concelhos tão pequenos como o nosso que talvez por, na altura, ser uma comunidade mais fechada, têm vários ranchos” – observa. conseguirem manter mais tempo as tradições, os trajes e os costumes. E as danças. E garante: Não queremos ser nem Algumas só há em Castro Laboreiro.” melhores, nem piores que os outros. Vamos tentar ser um grupo diferente Fernando Pereira garante que há dos outros. Na altura falamos com o danças só de Melgaço e que o Dr. Álvaro Campelo para nos ajudar na grupo abrangerá todo o territó- parte da pesquisa. Combinamos uma rio concelhio. reunião. Não queremos que o grupo seja só etnográfico, mas vá buscar as “Depois temos algumas raízes do concelho, do monte à ribeira. pessoas que nos ajuda- Começamos a fazer uma pesquisa, ram a nível de informa- já vai com dois anos, e têm surgido coisas novas. Além das entrevistas ção, tanto de cantigas no terreno, nomeadamente com antigas, como de as pessoas mais idosas, imagens. 60 www.valemais.pt

Posso citar três que nos têm ajudado muito: o professor Valter Alves Entre os instrumentos que usam, estão duas concertinas, acordeão, reco (que tem um blogue); a senhora que é sobrinha do Manuel Alves de reco, bombo, ferrinhos e o instrumento que, como acima se disse, está a San Payo, o melgacense que foi o fotógrafo oficial do Salazar e que tem tentar ser introduzido. O ensaiador é José Rodrigues, de Castro Laboreiro. grande espólio, mesmo a nível de filmagens, de meados do século pas- sado; e a artesã Rosa Maria, de Prado, que já começou a fazer os trajes REGISTO EM AUDIO E LIVRO e também tem muito material que vamos utilizar, além de pesquisa que fez a nível do traje antigos. São pessoas que nos têm ajudado muito.” Fernando Pereira sublinha, ainda, a importância da colaboração de Álva- ro Campelo e do desejo que tudo fique registado a nível de áudio e em DESDE HÁ TRÊS ANOS livro. “Para mais tarde, alguém que queira pegar nisto já tem uma base de dados feita. Não deixar que fique esquecido no tempo”. O trabalho de pesquisa dura há já perto de três anos e os ensaios do grupo, com cerca de 30 pessoas, decorrem desde outubro último. Tam- Inicialmente, os ensaios decorriam semanalmente. Agora são já quin- bém já estão a ser onfecionados, pela Rosa Maria, os fatos. A Câmara zenais, à sexta-feira à noite, na Casa do Povo. “Ensaiamos a coreografia, Municipal tem apoiado a nível de pesquisa e, para o traje, existe uma todo do espetáculo, prepararamos tudo para quando chegar ao mês de candidatura da Casa do Povo de Melgaço (a que o rancho pertence). agosto fazer a apresentação que, em princípio, será no dia 16, na Festa do Emigrante, aqui na vila de Melgaço.” Os integrantes do grupo são de todo o concelho, designadamente de Castro Laboreiro, Gave, Alvaredo, Paderne, Chaviães e outras freguesias. Quanto ao nome para o rancho, “estamos com a ideia de Grupo Etno- A pessoas mais nova tem à volta de 10 anos e os mais velhos andam gráfico da Casa do Povo de Melgaço, mas ainda não sabemos se vamos pelos 55/60 anos. introduzir algum nome diferente.” “Não queremos ser uma cópia do que já existe. Não vamos estar aqui Fernando Pereira, a terminar, quis ainda “agradecer às pessoas que têm em Melgaço a usar os trajes, por exemplo, que se usam em Viana do colaborado, porque não é fácil. Dá muito trabalho. É difícil, às vezes, che- Castelo ou em Caminha. Sei que quando o rancho se apresentar, se gar porque não querem compromisso. Acredito que, depois do rancho calhar, vão dizer que tem roupas muito escuras. Mas era isso que se estar formado e estar a atuar, possam aparecer mais elementos. Temos usava aqui. Ainda recentemente a senhora que é sobrinha do San Payo muita dificuldade em arranjar, sobretudo, homens. “ nos mostrou uma foto de uma tia dela com um avental (leras) que era feito de lã de ovelha castanha e branca, às riscas. Era típico daqui.Nas HERANÇA DOS MELGACENSES coregrafias, temos duas danças que são de cá, o Saloio e a Dança do S (homem dança com duas mulheres). Depois há o Vira, Cana Verde, a Álvaro Campelo, professor de Antropologia Social e Antropologia do Chula, o Malhão, a Rosinha… E vamos tentar introduzir duas coisas que Desenvolvimento na Universidade Fernando Pessoa, no Porto, tem esta- vão ser novidade. Quando for a apresentação se saberá”. do ligado, de forma muito próxima, à fundação deste rancho. Todavia, para “aguçar” o apetite dos nossos leitores e a insistência nos- Como surgiu essa colaboração, há quanto tempo e, em concreto, como sa, Fernando Pereira foi-nos dizendo que está a ser tentado “ introduzir se está a processar? um instrumento que, creio, não há em nenhum rancho aqui no Minho… tocado cá em Melgaço” e, também, algo que já um grupo minhoto já A minha colaboração iniciou-se com o contato estabelecido pelo sr. presi- faz, o cantar à capela. “O dr. Campelo quer aqui e tem razão: antigamen- dente da Junta e da Casa do Povo de Melgaço, Fernando Pereira. Junto com te as pessoas nos campos cantavam, não andavam a tocar concertina.” outros melgacenses implicados no processo, como a Drª Isabel Domingues e o Dr. Eduardo, ambos a trabalhar no Município, fui informado do interessa da minha colaboração, na qualidade de antropólogo. www.valemais.pt 61

Este trabalho decorre há certa de dois anos e nunca teve uma urgência Havia até uma ideia de folclore construída na experiência da emigração na finalização, dado ser intenção dos promotores fazer um trabalho que e reproduzida numa das freguesias do concelho. É preciso lembrar que tivesse o melhor resultado possível. A não existência, ao momento, de este trabalho tem de ser feito pelas pessoas, pelas suas experiências, qualquer grupo etnográfico no concelho de Melgaço incentivou-os a pela forma como olham para a tradição herdada, pois a própria palavra tomar esta iniciativa. O objetivo era concretizar num grupo o património ‘tradição’ é muito problemática, dado as pessoas terem para com ela folclórico do concelho, na diversidade das suas expressões artísticas: uma reverência e uma interpretação que os impede de viver o seu pa- dança, cantares e trajes. trimónio de forma aberta e criativa, ou seja, capaz de nela integrar o seu presente e a dinâmica das suas vidas. O trabalho tem decorrido como o previsto, na recolha de informação e posterior aplicação no grupo. Difícil é o próprio processo de constituição do grupo. Felizmente temos um ensaiador com saber e vontade, amando o que está afazer. Difícil Que estudos efetuou ou está a efetuar com vista a que os trajes, dan- também é ter um grupo de músicos, instrumentistas, etc., pois todos ças e cantares estejam realmente identificados com os costumes e as têm as suas vidas e trabalhos... Temos também a intenção de valorizar o tradições melgacenses? património das cantigas populares, as expressões do cantar nos contex- tos mais variados, desde os trabalhos do campo às romarias, etc. Num primeiro momento fez-se um trabalho de pesquisa para recolher o máximo de informação sobre este património cultural. Era óbvio, desde o Até quando está previsto que a sua colaboração seja prestada? início, que estamos a trabalhar um património em dificuldades de trans- missão. Por um lado, como todos os grupos associados ao folclore, há um A minha colaboração é voluntária e livre de qualquer compromisso. Por interesse por trajes que, na sua maioria, já não existem. Há, assim, uma re- isso ela existirá enquanto houver interesse das duas partes. criação dos trajes aqui existentes desde o início até bem dentro do século XX. Assumimos este processo de musealização do traje, já não colocado Acha que, no Alto Minho, a essência das danças e cantares, da etnografia num museu, mas exibido em performances de dança e mostra pública. e etnologia, é respeitada ou há muitas cedências para a “turista agradar”? Trata-se de uma herança de todos os melgacenses e não um saudosismo doentio de uma época e vida muito difíceis para a maior parte da popula- O Alto Minho tem os mesmos problemas de outras regiões, apesar de ção. Por outro lado, queremos registar trajes, danças e cantares que ainda esta ser uma região extremamente rica neste tipo de património, pela encontramos, hoje, na pesquisa de terreno. Apesar de um mundo rural em variedade e especificidade da sua vivência. Num primeiro momento, profunda transformação, onde estas manifestações só persistem em gru- o processo de folclorização sofreu de uma rigidez formal (e até uma pos e pessoas que sofreram essa transformação, resistindo ou integrando quase uniformização), a nível de dança e traje, imposta por uma elite. os dois mundos, numa hibridação desafiadora, o certo é que este mundo Esta elite julgava compreender e dominar a cultura do povo, fixando-a. ainda faz parte da mundivisão de muitas pessoas. Este processo nasceu da necessidade de exibição da pureza do povo e sua manipulação em paradas e exibições públicas. Levantou-se informação bibliográfica e iconográfica, fez-se gravação de entrevistas junto de pessoas de diferentes freguesias, convocaram-se Com o passar do tempo um outro olhar foi dispensado ao folclore e ao pessoas para encontros, como aconteceu em Castro Laboreiro, para património oral e performativo das sociedades ditas rurais. No momento cantarem e dançarem. Se nas primeiras entrevistas havia muitas hesita- em que elas estão a desaparecer, a consciência de recolher e divulgar ções e dificuldades, com o tempo elas foram diminuindo. Os encontros o património cultural por elas transmitido foi visto como uma urgên- mantiveram uma dinâmica impressionante, com pessoas vestidas em cia. Mas também foi esta que esteve nas primeiras recolhas! Importa trajes tradicionais e sugerindo cantigas e danças. valorizar o estudo e preservação deste património, que pode e deve ser exibido em múltiplos contextos. O que não se pode é fazer uso despu- O interesse era conjugar expressões culturais do conjunto do concelho, dorado deste património nem fazer sobre ele um processo de apropria- desde as populações residentes na margem do rio Minho às residentes ção, fixação, de forma a dominar a própria experiência da sua prática, na parte mais montanhosa. As diferenças nos trajes é notória, mas é na como se ela existisse agora como no passado. Também dizer que nunca variedade e na conjugação entre o mais rústico e o mais sofisticado que estaremos perante uma expressão cultural do povo, como ele a viveu está a riqueza do património de Melgaço. aquando das épocas onde essas expressões não eram do interesse museológico ou patrimonialista, mas vivências quotidianas. Temos de RANCHOS NÃO REPRODUZIAM assumir que o que fazemos é uma apropriação e uma manipulação de MICRO CONTEXTOS um património herdado de uma época que não existe mais! Quais as princjpais dificuldades com que se tem deparado para o desenvolvimento do seu trabalho? As maiores dificuldades estiveram na recolha oral das cantigas. Foi preciso regressar mais do que uma vez aos entrevistados para eles reavivarem a memória oral e as vivências de algumas danças. Por outro lado, muitos dos testemunhos eram ricos, pois conseguiam contextualizar as vivências e os trajes. Uma dificuldade significativa foi o de se associar o folclore a uma iconogra- fia muito marcada pelos ‘ranchos’ minhotos já estabelecidos. Ou seja, existia a memória de ranchos, entretanto extintos, que reproduziam os trajes e modas de outros contextos culturais, que não os micro contextos locais. 62 www.valemais.pt

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Opinião Texto :: Manuel Cunha_Pólen A MISARELA NUM LABIRINTO DE SONHOS “vou ensinar-te a voar… vem, fecha Há uma quinzena de anos atrás fizemos uma exposição os olhos, estende os braços… salta de pintura, as palavras pintadas, numa escola do ciclo para o norte, procura a tua estrela… lá para as belas redondezas da Senhora da Graça. A para chegar à terra do nunca, não professora, amiga que nos convidou a tal, pediu por precisamos de nos transportar, mas escrito a opinião dos seus alunos. As pinturas mais opinadas, quer de nos transformar, e isso é coisa que pelo seu tamanho, quer pela sua envolvência histórica/ literária, as agências de viagens não resolvem… foram sobre a ponte da Misarela e do labirinto dos sonhos a para sermos eternos, temos de ser partir de um texto sobre peixes da Sophia. Quando vi o resulta- como crianças… “ do das escritas, passei uma noite a copiar aquilo que me pareceu mais interessante de poder guardar como troféu para espólio das (criaturas do Ar – Fernando Savater) nossas andanças pictóricas. O que passo a citar são farrapinhos dessa noite em branco. 64 www.valemais.pt

O quadro ponte da Misarela estava bem colorido, abstracto e também bem pintado. Tem a Este quadro é um verdadeiro ESCOLA ver com uma lenda em que as labirinto nas nossas cabeças SUPERIOR pessoas levavam os bébés para GALLAECIA Patrícia Reis Ensino Universitário lhes tirar os demónios e também Vi um quadro que era aproveitavam para baptizá-los. uma casa com monstros MESTRADO INTEGRADO Diz-se que os padrinhos eram as EM ARQUITETURA E primeiras pessoas a passar por lá. marinhos e peixes URBANISMO (5 anos) defeituosos, tinha uma LICENCIATURA EM Helena Rita sereia com uma cabeça MULTIMÉDIA E ARTES (3 anos) defeituosa com cornos, o Estão abertas as candidaturas para: quadro tinha muitas rugas, - Acesso ao Ensino Superior A ponte da Misarela era as cores eram diversas. - Maiores de 23 anos uma ponte muito grande Veloso onde as mulheres inférteis Bolsas de estudo iam fazer um contrato com Horário para trabalhador-estudante o diabo, que consistia em O quadro que gostei mais foi o ERASMUS dos peixes. Havia peixes de seda Ensino personalizado que a mulher podia ter Cursos de curta duração filhos em troca da sua alma e outras qualidades variadas. Cultura transfronteiriça e quando os filhos nasces- Alguns tinham dentes muitos Proximidade do Porto e de Vigo afiados e grandes, outros nem www.esg.pt sem eram baptizados na sequer tinham dentes. Havia ponte… era um quadro espécies que nunca tinha visto. Parceiros criativo, tinha uma ponte, árvores e galhos secos e Gonçalo Manuel www.valemais.pt 65 um relevo não identificado. Havia um quadro com Daniel José um peixe em que a As cores acentuadas suavemente cauda dele parecia com a dimensão mediática dá um uma boca, o corpo ti- tom muito absorvedor da imagina- nha espinhos e a boca ção. Puxou muito a atenção todos os com dentes enormes monstros escondidos que demons- e o fio de pesca era tram a tensão existente nos quadros. deficiente. Quase todos os quadros Elvira Graça eram defeituosos, No labirinto dos tinham todos rugas. sonhos havia muitos Armando caminhos que para Os quadros tinham linhas de mim significavam perfeição total e tinha partes muito que cada vez mais tortas. Gostei da ponte da Misarela os nossos sonhos que era um contrato com o diabo e são maiores ao lon- padrinhos e madrinhas… go da vida. Paulo José Soraia Gostei muito da ponte grande com a cascata ao lado. Quando os bébés O labirinto dos sonhos nasciam, as pessoas passavam era interessante e por baixo com os filhos antes dos muito abstracto e não baptizados para que não aconte- tem nenhuma lenda. cesse nada de mal. As pessoas que Foi feito por Sophia de passavam depois eram os padri- Mello Anderson, nas nhos. As meninas eram as Senhori- grutas. Não sei se era nhas. As pessoas que lá moravam para nos realizar os tinham uma lenda sobre essa ponte. sonhos, mas devia ser, A ponte começou a chamar-se ponte não tenho a certeza. da Misarela por causa dessa lenda. Andreia Maria Susana Maria O quadro que Acho que a ponte é um quadro mais gostei assustador por causa do clima que é um clima mais ou menos foi o que escuro. Também o acho assustador tinha tinta a por causa dos precipícios e dá a escorregar. sensação que existem lá povoações Bruno muito estranhas… Sandra Inês

Reportagem #Ponte da Barca Texto :: José C. Sousa BLUEWAYS DESCOBRIR O ALTO MINHO ATRAVÉS DE TURISMO NÁUTICO Com o objetivo de valorizar e promover CALENDÁRIO ALTO MINHO BLUEWAYS os percursos azuis no Alto Minho, nasceu o “BlueWays”.Trata-se de um projeto 18-19 E 25-26 MAIO - PONTE DA BARCA - CANYONING da Comunidade Intermunicipal do Alto 7-8-9 JUNHO - ARCOS DE VALDEVEZ - PESCA À PLUMA Minho que tem como objectivo dar a conhecer a rede de percursos do rio, 14 A 16 JUNHO - MONÇÃO - KAYAK mar e natureza inseridos em espaços de 20 A 25 JUNHO - VIANA DO CASTELO - WINDSURF conservação e com grande importância para o turismo e economia da região. 4 A 7 JULHO - PONTE DE LIMA - CANOAGEM 15 A 31 JULHO - VALENÇA - PASSEIOS NO RIO Ponte da Barca acolheu, no Jardim dos Poetas, a apresenta- ção desta iniciativa que pretende desenvolver um conjunto 7-8 E 14-15 SETEMBRO - CAMINHA - PADLE de ações de valorização e promoção das atividades de 25 A 28 SETEMBRO - MELGAÇO - RAFTING turismo náutico sustentável, associando ou complementan- do, de forma sustentável, integrada e coerente, atividades de rio, OUTUBRO - V.N.CERVEIRA - REMO com atividades de mar e natureza. É um projeto a várias mãos, que 19-20 E 26-27 OUTUBRO - P. DE COURA - HIDROSPEED envolve atores públicos, privados e associativos do Alto Minho, mas que, acima de tudo, pretende mostrar a riqueza do território, fomentando o crescimento do turismo de natureza da região. Através destas parcerias, o “Blueways” pretende mostrar, por exemplo, que uma família que venha descobrir Melgaço numa semana, pode realizar uma atividade de caminhada com uma em- presa local, no dia seguinte fazer rafting no rio Minho, deslocar-se depois dois dias a Caminha, onde poderá pernoitar e realizar a descida do rio Coura em kayak e, no segundo dia, fazer um passeio a cavalo. Com o apoio de agentes locais, o “BlueWays” pretende a valori- zação e promoção do turismo de natureza no Alto Minho, criando assim uma melhor oferta, orientada para os diferentes públicos- -alvo da estratégia de valorização ecoturística da região. O projeto arrancou este mês e vai contar, até outubro, nos 10 concelhos do Alto Minho, com várias atividades em meio aquáti- co como o Bodyboard, Canoagem, Canyoning ,Kitesurf, Passeios de barco, Rafting, Stand Up Paddle (SUP),Surf Windsurf, Pedes- trianismo, Hidrospeed e Visitas a lagoas e cascatas que serão complementadas com outras ofertas. 66 www.valemais.pt

Depois de uma mesa redonda onde foi apresentada a importân- \"Temos um território com mais de 50% da sua área cia do projeto Blueways para a região e que contou com a par- inserida no Parque Nacional Peneda- Gerês e todo ticipação do Augusto Marinho, Presidente da Câmara de Ponte ele Reserva Mundial da Biosfera e um território da Barca, Cecília Marques, representante da CIM, Luís Barros da cheio de tradições e com muita cultura. Portanto empresa Aktiva Natura e Manuel Costa da empresa Tobogã, com urge ter estratégias, neste particular, náuticas, para mediação de António Jorge, coordenador de Informação Rádio o desenvolvimento da região\". no Centro de Produção do Norte da RTP, seguiu-se uma confe- rência de imprensa presidida por José Maria Costa, Presidente Luís Barros da empresa Aktiva Natura explicou à Vale Mais que da CIM Alto Minho, Augusto Marinho, Presidente da Câmara de os turistas podem ter conhecimento das atividades, por exemplo, Ponte da Barca e Júlio Pereira, secretário da CIM onde explica- através do TripAdvisor. ram que o mar, o rio e a natureza são os ingredientes que este ambicioso projeto no Alto Minho quer oferecer, transformar e “Estamos conectados com este meio e com as redes sociais e atrair turistas nacionais e internacionais à região. o TripAdvisor permite uma situação muito positiva que são os comentários. No nosso caso os comentários que nos fazem são Para Augusto Marinho, edil barquense, este projeto muito estruturados e detalham muito bem o que é atividade e está em perfeita harmonia com Ponte da Barca, por como ela se diferencia em termos de padrão de qualidade. Nesse temos uma extensão de Rio extremamente grande sentido, temos muita agente a vir ter connosco, precisamente, e temos dois panos de água importantíssimo, como através do TripAdvisor, que está ligado a várias redes sociais. é a Barragem do Lindoso, cuja a albufeira se esten- As pessoas pesquisam sobre o que podem fazer, por exemplo, de mais por Espanha, mas depois temos a barra- aqui em Ponte da Barca e acabam por ter os pontos mais altos e gem do Touvedo, com um plano de água brilhante nós aparecemos em primeiro lugar. Depois, temos brochuras em para realizar atividades náuticas. vários pontos hoteleiros”. O projeto é cofinanciado pelo PO NORTE 2020. www.valemais.pt 67

Imobiliário Texto :: Venâncio Fernandes Resulta daqui um crescendo de conflitos, e até o afastamento dos pequenos investidores do mercado IMI X 6 de arrendamento, sector que tem sustentando este mercado ao longo de muitos e variados anos. E OUTROS MAIS Para agravar o panorama, junta-se a esta enxurrada de Nesta quadratura de ciclo governamental, o alterações legislativas, a manutenção dos encargos fiscais imobiliário com destaque para o habitacional tem existentes, e em alguns casos até ao seu agravamento. sido brindado com uma panóplia de leis e decreto leis, que tem servido para criar nos agentes uma Falamos da injustiça do valor da tributação sobre as rendas enorme confusão, com as inerentes consequências prediais, que afecta especialmente quem investiu neste de eventuais erros, atendendo à dificuldade de mercado as suas pequenas economias, conseguidas com o assimilar tanta e contraditória legislação. suor do seu trabalho, muito esforço e privações, numa vida 1600 n/d 16.000.00€ 1500 n/d 19.500.00€ 122 3 2 n/d 185.000.00€ AV 3930 :: Padornelo :: Paredes de Coura AV 4316 :: Mentrestido :: V. N. Cerveira AV 4238 :: Salvador :: Arcos de Valdevez Terreno c/ viabilidade de construção Terreno para construção Apartamento T3, novo, no centro da Vila 150 3 1 9976 n/d 116.000.00€ 104 1386 3 1 E 130.000.00€ 165 3 3 467 B- 236.000.00€ AV 4287 :: Castanheira :: Paredes de Coura AV 4352 :: Arcozelo :: Ponte de Lima AV 4357 :: Castelo de Neiva :: Viana do Castelo Quintinha com casa para recuperar Casa rústica com condições para habitabilidade Moradia T3 com vista para o mar 116 3 1 300 E 110.000.00€ 48 1 1 580 n/d 35.000.00€ 179 219 4 N/D 14.800.00€ AV 4385 :: Freixo :: Ponte de Lima AV 4388 :: Cabreiro :: Arcos de Valdevez AV 4365 :: Padornelo :: Paredes de Coura Moradia T3 com logradouro. Valor Negociável Moradia rústica em fase de recuperação Moradia em pedra, para recuperar, com logradouro 68 www.valemais.pt

de dificuldades várias por esse mundo fora, investidas não Na conjuntura actual, já são poucas as zonas dos pais, de forma especulativa, mas na esperança de terem mais onde esta ultima realidade não se verifica. Compreende- tarde um completamento às suas incertas reformas. -se que uma segunda habitação seja tributada de forma diferente, até mesmo inferior no caso de se situar no Se sobre os rendimentos isto parece injusto, também sobre interior do País o imóvel não consigo entender a lógica do IMT; existirá alguma razão objetiva para que um imóvel seja tributado Mais difícil é entender que o fator pressão urbanística, ou com este imposto tantas vezes quantas for transacionado? rácio oferta/procura, permitam ao estado agravar a tri- butação em função do período de permanência que cada A mais recente medida refere-se às habitações devolutas, titular dá ao seu imóvel. cujo encargo com o IMI pode numa primeira fase ser agra- vado em seis vezes mais. Esta medida abrange segundo as Aceitaria de bom grado que esta medida fosse aplicada à novas regras, prédios devolutos em zona de pressão urba- imensidão de imoveis degradados ou em ruina existentes nística, ou em zonas onde a procura é maior que a oferta. por esse país fora. 71 2 1 D 56.500.00€ 110 2 2 A 155.000.00€ 147 3 1 828 F 85.000.00€ R3253 :: Seixas :: Caminha R3254 :: Valença :: Valença R3256 :: São Julião :: Valença Apartamento T2 em zona residencial, sossegada, Apartamento T2 com desing de Open Space Moradia T3 com divisões amplas e com excelentes com vistas para o Rio Minho Inovador e contemporâneo espaços exteriores 105 2 2 D 67.000.00€ 420 54 4 3150 E sob consulta 150 3 3 200 D 150.000.00€ R3257 :: Valença :: Valença R3258 :: Loivo :: V. N. Cerveira R3260 :: Valença :: Valença Apartamento no centro da cidade Quinta com vistas para o Rio Minho, constituída por 2 Moradia com bons acessos e localizações, Oportunidade única de mercado moradias rústicas com paredes em pedra perto do centro da cidade de Valença 250 4 3 400 F 260.000.00€ 102 2 2 432 Anexo com 35 m2 Conceito chave-na-mão 138.500.00€ R3262 :: Seixas :: Caminha R2046 :: Mazedo :: Monção Moradia em excelente localização, com vistas para o Rio Minho Moradia completamente nova, moderna, construída sobre casa antiga, aproveitando partes dos muros em pedra. NOVA AGÊNCIA EM VALENÇA www.calvolima.com | [email protected]

Reportagem #Paredes de Coura Na imagem: Ana Rebelo (responsável técnica da obra), Brandão Coelho (Federação Distrital dos Bombeiros) e José Alves (Presidente dos Bombeiros Voluntários de Texto :: Manuel S. Paredes de Coura), no dia das marcações para implantação da obra. JÁ NESTE VERÃO Paredes de Coura vai ter a única Unidade de Formação de bombeiros no Alto Minho Paredes de Coura vai ter, já este verão, a ESSENCIAL NA 1ª FASE única Unidade Local de Formação (ULF) de bombeiros no Alto Minho. Está a ser construída Em Paredes de Coura, o desejo do município em ter uma ULF já tem meia num terreno com 12 mil metros quadrados, dúzia de anos. “Cada vez mais, as funções dos bombeiros são mais diversas a cerca de 2, 5 quilómetros da vila. O acesso e, diria, até estão a aumentar de dia para dia. Nesta 1ª fase, aquilo que se é pela EN 306, que liga este concelho ao de pretende é que haja formação no domínio dos cenários de socorro – incên- Ponte de Lima. O investimento está estimado dios urbanos e industriais. Não podemos esquecer que Paredes de Coura e em 150 mil euros, para três fases. A primeira os concelhos vizinhos têm parques industriais e nós sabemos que é preciso, destes, a única que já arrancou, não chega aos muitas vezes, os bombeiros prestarem a formação aos próprios técnicos 30 mil euros, suportados integralmente pelo das indústrias e unidades empresariais sobre como reagir em contexto de município courense. risco”, refere-nos o presidente da autarquia, Vítor Paulo Pereira. As ULS foram lançadas em 2009 pela Escola Nacional de “Nesta primeira fase, a formação que incidirá, sobretudo, em cenários de Bombeiros (ENB), visando minimizar a deslocação de bombei- socorro, como incêndios urbanos e industriais, na busca e salvamento. ros às duas unidades de formação, uma em Sintra, dedicada Não quer dizer que, depois, numa 2ª fase e em posteriores, a ULF não a fogos urbanos e industriais, e outra em S. João da Madeira, sofra melhoramentos. Inclusive, a 2ª fase deverá ser dotada de algumas para fogos florestais. Neste momento, existem já perto de meia centena salas de formação para que, no próprio local, os bombeiros a possam de ULF´s em Portugal, mas nenhuma se situa no Alto Minho. Neste receber…. Mas, nesta 1ª fase, há que fazer o essencial” – adianta. estão ativas 12 corporações de bombeiros e cerca de 600 operacionais. O edil desconhece as razões do Alto Minho ainda não dispor de uma ULF, embora a necessidade seja evidente. Avisa, porém, que “a formação atual dos bombeiros no distrito é reconhecida por todos como boa. 70 www.valemais.pt

Apesar de não haver uma ULF, o que tem acontecido é que os bom- situações”, sublinha Brandão Coelho. Este deseja, mesmo, que “passe a beiros, muitas vezes, deslocam-se ao exterior, a outros concelhos, para ser um espaço para ser usado por todos aqueles que, no território, preci- receber essa formação. Mas vivemos numa sociedade em mudança, sam, embora ele seja orientado, em primeira mão, para as necessidades cada vez mais informada, mais exigente e os bombeiros também têm formativas dos bombeiros.” de responder a esse desafio. O da ação concreta e, depois, também o desfio de todos os agentes que estão a saber responder ao desafio de “O facto de termos aqui esta ULF vai permitir que o treino operacional seja todos os outros agentes. Até gerir a comunicação e o relacionamento feito dentro de casa e, por isso, com muito mais facilidade”, acrescentou. com a comunicação social…” Na 1ª fase, o que vai ser montado e instalado é uma unidade com um INVESTIMENTO NÃO SUBSTANCIAL conjunto de contentores que permite realizar formação em espaços confi- nados e, por isso, é dedicada essencialmente a fogos urbanos e industriais. O esforço financeiro nesta 1ª fase não é o mais substancial. “Mas é a que é essencial. “ A estrutura a ser criada terá, através de um conjunto “Depois, quase em paralelo, vamos ter oportunidade de ter formação na de contentores, cenários de socorro contra incêndios urbanos e indus- área dos fogos florestais, uma vez que é o contexto em que a ULF tem triais ou, até, aspetos ligados à busca e ao salvamento”. disponibilidade de espaço que permite fazer formação em ferramentas manuais e a utilização do fogo como instrumento de combate. É eviden- A área do terreno é grande, à volta de 12 mil m2, e não teve custos para te que, se tivermos a possibilidade, além da estrutura de contentores, de o município. ”O espaço vai ter uma utilização social e a comissão de avançar com uma sala de formação e condições de alojamento do pes- baldios de Resende decidiu doar esse terreno. Bastante extenso, mas soal, haverá condições para fazer formações de forma mais extensiva necessário. Se, por exemplo, acontecerem ações de formação de condu- naquele local”, explica o presidente da FDBVC à VALE MAIS. ção em contexto de montanha ou incêndio, tem de ter lá uma pista e já há espaço para a fazer para treinamento de condições de maior risco e Brandão Coelho aponta, ainda, a vantagem em valorizar uma coisa exigência”. Além disso, como de destina a uma função social, não houve já existente naquele local, uma pista de condução fora de estrada, e lugar a qualquer contrapartida. que passa apenas por um trabalho de qualificação daquele espaço e do restauro do traçado já existente. “Era conseguirmos e passarmos a CENTRAL E COM VIA RÁPIDA ter a possibilidade de fazer trabalhos nas áreas dos fogos urbanos e industriais, de fazer formação em fogos florestais e, simultaneamente, Quanto ao facto da opção ser por Paredes de Coura e não outro conce- também, em condução fora de estrada.” lho, o edil courense desvaloriza. SER EM PAREDES DE COURA “É evidente que estamos felizes por termos a ULF, mas não há um moti- vo de maior glória por ser aqui e não noutra localidade. O que importa é A decisão de ser em Paredes de Coura, observa, passou por uma deci- termos uma estrutura dotada de meios e condições para os bombeiros são tomada em assembleia geral e resultou de um conjunto de opções receberem formação. De todo o distrito. Ainda há pouco tempo partici- que se puseram e analisaram. “Paredes de Coura candidatou-se a ser pamos com as câmaras de Valença e de Cerveira numa outra iniciativa um território central e foi aquele que foi votado, por unanimidade, pelo ligada à Proteção Civil. Acho que, neste âmbito, os bombeiros têm de conjunto das associações que integram a Federação.” começar, cada vez mais, a pensar em termos distritais e não locais. O facto de ser em Paredes de Coura também se prende com o facto deste O presidente da FDBVC falou ainda das necessidades mais sentidas ser num lugar mais central. Se, até agora, a inexistência de uma ligação pelos bombeiros do Alto Minho. rápida poderia tornar as coisas mais difíceis, estaria mais isolado, com a nova via [de ligação à A3 e que deverá ficar concluída no prazo máximo “São um bocadinho diversas. Do ponto de vista dos recursos urbanos, de dois anos), mais próximos vamos ficar de todos os concelhos. temos problemas relacionados com a população. O território é pouco povoado, há uma densidade relativamente baixa em termos demográfi- BRANDÃO COELHO, LIDER DOS BOMBEIROS DO cos, o que nos leva a ter um número relativamente pequeno de bombei- ALTO MINHO ros no distrito. É transversal quase ao país inteiro e, aqui em particular, num território de baixa densidade como o Alto Minho, é bastante claro.” Luís Brandão Coelho é o presidente da Federação Distrital de Bombei- ros de Viana do Castelo (FDBVC) e defende, até, que a nova ULS esteja, “Depois, temos as questões materiais. Há a necessidade de renovar um também, ao serviço da estrutura empresarial da região. pouco as frotas, são muito antigas e alguns corpos de bombeiros ainda não atingiram a dotação com aquilo que seria a tipificação que está “As ULS’s são estruturas regionais ou locais definidas no âmbito do definida, quer em veículos urbanos, quer em veículos florestais.” trabalho de disseminação da formação da ENB. Ficam sedeadas no corpo nacional de bombeiros ou nas entidades de natureza aproximada e, neste “Em último lugar – não quer dizer que seja o menos importante – o caso, a diferença é que se trata de uma espécie pioneira em que a Federa- sermos capazes de fazer a manutenção em contínuo da formação ção é que irá encabeçar o processo da sua gestão e acompanhamento”. do pessoal de maneira que, a partir do momento em que se está nas formações iniciais ou nas formações de progressão, manter níveis de SERVIR AS EMPRESAS instrução que permitam um treino operacional continuado de modo a garantir um elevado nível de operacionalidade de toda a estrutura.” No caso de Paredes de Coura, pretende-se que sirva os corpos dos bombeiros do distrito de Viana do Castelo e o seu staff. “Mas, mais do Já quanto ao número de operacionais e de corporações no distrito, Bran- que isso, que também possa ficar à disposição da estrutura empresa- dão Coelho tem uma opinião diversa. rial do distrito ou outras entidades que precisem fazer formação em medidas de autoproteção, em extintores ou em qualquer outro tipo de www.valemais.pt 71

“Em condições normais, seria o suficiente. Temos, porém, situações mui- A terminar, Brandão Coelho falou-nos das possíveis razões para o grau to complexas e que decorrem de um número muito elevado de ignições. elevado de ignições: negligência, descuido dos montes ou ato criminoso? Estas, muitas vezes, são em simultâneo em múltiplos pontos. O que quer dizer ser praticamente impossível responder às situações, indepen- “É a conjugação de tudo o que disse. Primeiro, tem de ter presente que o dentemente do número de elementos que se possa ter.” fogo está ancestralmente ligado às práticas culturais da região e era uma ferramenta para controlar a vegetação. Acontece que, neste momento, Todavia, a questão dos recursos humanos coloca-se. mercê de algum despovoamento, há uma redução enorme da carga animal (menos animais, menos pastores no monte, a quantidade de vegetação é “É evidente que o número de elementos humanos é o maior proble- maior). Também tem havido alterações e oscilações muito grandes naquilo ma que se apresenta numa situação como esta e que, como é bem que são as condições pluviométricas e térmicas na região, com momentos comprovado, o facto de nós, já desde há algum tempo, recebermos, com de calor muito elevados. Donde se conjuga uma prática tradicional do uso alguma periocidade, reforços externos, nomeadamente, nos últimos do fogo, um considerável nível de absentismo, uma carga animal pequena anos, pessoal que tem vindo do distrito de Lisboa para complementar o que não come a vegetação e permite que, em poucos anos, atinjamos nosso dispositivo concreto de posicionamento, tem melhorado a eficiên- vegetação relativamente alta, com chuvas que têm aparecido no período de cia na intervenção inicial que é, de facto, o momento fundamental. Entre verão e estimulam o desenvolvimento de vegetação mais fina, permitindo a deteção da ocorrência e a primeira intervenção, se conseguirmos que que ela fique mais tempo disponível. Tudo isto resulta em incêndios e, nos isso ocorra num curtíssimo espaço de tempo, melhoramos as condições últimos anos, com maiores dimensões.” para garantir o melhor sucesso no controlo da ocorrência, de modo a não degenerar em grandes proporções. E nota: “Nos últimos anos (desde 2017), com a morte de tantas pessoas em Portugal, as pessoas contraíram um pouco e houve algumas campanhas BIOMASSA FACILITA PROGRESSÃO importantes feitas por diversos agentes da Proteção Civil que alertaram para os problemas e consequências de haver uma queima mal feita ou O líder dos bombeiros no distrito de Viana do Castelo afiança mesmo. indevidamente realizada, de ter de haver maior restrição ao uso do fogo e a GNR andar em cima da limpeza das faixas e na gestão de combustíveis.” “Até porque, como também sabemos, nos últimos tempos, mercê das alterações climáticas, temos cada vez mais biomassa fina que facilita a Reconhecendo que há um conjunto de ingredientes e é difícil estar progressão inicial dos incêndios. Esta é a fase crítica para eles ganharem a apontar uma coisa ou outra, destaca o facto de uma boa parte das dimensões e eventualmente se tornarem incontroláveis ou ficarem fora ignições ser de noite. do controlo. Reconheço que, associado a isto, é muito positivo o facto de, nos últimos anos, terem crescido as equipas de sapadores que fazem vigi- “Deve-se fazer uma reflexão sobre a sua origem. Acredito que haja lância e primeira intervenção; são um apoio importante enquanto agentes aqui muitas ações por negligência ou omissão. As pessoas têm de ser de Proteção Civil. De realçar, aqui, que os bombeiros não trabalham alertadas para a necessidade de pensarem 10 vezes num dia de calor sozinhos nesta questão dos fogos, nomeadamente dos fogos florestais. e não haja condições para fazer lume, nas queimadas é preciso ter téc- Há, pois, um conjunto de outras entidades que poderão também participar nicos credenciados e até meios para as fazer, enquanto nas queimas é já ou que poderão beneficiar da existência da ULF no nosso distrito.” necessário registá-las e saber se é ou não possível fazê-las. Não devem ter comportamentos de risco que possam por em causa a comunidade e valores muito maiores daquilo que são o seu pequeno património; às vezes, até por um pequeno monte de lixo que pretendem queimar.” 72 www.valemais.pt

INFORMAÇÕES NA AGÊNCIA OU LINHA DIRECTA: www.valemais.pt 73 808 20 60 60 Atendimento 24h/dia, personalizado 2ª a 6ª feira: 8h30 às 23h30; sábados, domingos e feriados: 10h às 23h. www.creditoagricola.pt

Reportagem #Monção “PONTE DO MOURO MEDIEVAL” Recriação de Encontro (1386) que deu reconquista de território e origem à Ínclita Geração Ponte do Mouro Medieval, iniciativa promovida Nesta viagem ao passado, os visitantes poderão apreciar e viver todo o pela associação “Buraca da Moura”, é a contexto histórico da época, degustando sabores tradicionais e parti- recriação histórica do Encontro de D. João l e do cipando nas recriações medievais alusivas àquele período: música e Duque de Lencastre, precisamente em Ponte danças da época, torneios, animadores de rua, espetáculos de fogo, fal- de Mouro, lugar pertencente às freguesias de coaria, cânticos à capela, demonstrações de ofícios e mercado medieval, Barbeita e Ceivães. Agora, pelo quarto ano podendo também degustar os sabores medievais. consecutivo que esta iniciativa de realiza com o apoio do Município, este ano no fim de semana Do programa, diverso, apelativo e que pretende ser fiel à época, desta- de 8 e 9 de junho. que para a ceia medieval, no primeiro dia (sábado), e o encontro do Rei D. João I com o Duque de Lencastre, onde foi, pois, definida a parceria Será a recriação do Encontro registado em 1386. Denominada militar e os pormenores do casamento, pelas 16h00 de domingo, dia 9. “Ponte do Mouro Medieval”, a iniciativa da associação “Buraca da Moura”, com apoio do município, consta de um conjunto de À VALE MAIS, David Costa nota que neste ano, em relação a 2018, o atividades alusivas à época medieval. evento situar-se-á no mesmo patamar. “Haverá dança do ventre, bobo da Corte, arauto, recreação histórica, cobras, falcoaria, grupos de gaitas O encontro, agora realizado, faz a recreação, com pompa e circunstância, do de foles e, como ofício, o ferreiro” – assinala. ano de 1386, quando se estabeleceram as condições de cooperação militar entre os dois países, Portugal e Inglaterra, acertando-se os pormenores do Em 2018, refere, o evento tinha sido mudado para o mês de agosto. casamento entre o Rei D. João I e D. Filipa de Lencastre, filha do Duque. “Pensamos que íamos ter mais afluência e tivemos muito menos em relação ao habitual”. Daí o “regresso” a junho. 74 www.valemais.pt

Quanto a estimativas de participantes, reconhece ser difícil efetua-las, pois não há bilhete de entrada e “andamos sempre a trabalhar de um lado para o outro”; mas, pelo menos, 5 mil pessoas, reconhece, é habi- tual marcarem presença no certame. Já quanto à ceia medieval, o limite de participação é de uma centena de pessoas. “Pagam, cada, 30 euros e têm direito à ceia e ao traje da época”, já que todos têm de estar “trajados a rigor”. Relativamente ao orçamento para o evento, “deve andar entre os 30 a 35 mil euros”. MARGEM DIREITA DO MOURO PASSA PARA PORTUGAL Em 1386, Portugal estava em guerra com Castela e corria o risco de perder a independência. Com a crise de sucessão ao trono português, após a morte de D. Fernando, foi aclamado, como rei de Portugal, D. João I, Mestre de Avis. O rei de Castelo não gosta, invade Portugal e, daí, resulta a Batalha de Aljubarrota., onde é derrotado pelas tropas portuguesas, reforçadas com um destacamento inglês. Na sequência disso e para reforçar a aliança com Inglaterra, ocorre o encontro na Ponte do Mouro. Além das condições da cooperação militar e diplomática entre os dois países, a reunião na ponte sobre o rio Mouro, limites das freguesias de Barbeita e Ceivães, entre D. João I e o duque de Lencastre serviu para definir as condições do casamento do rei português com Dona Filipa de Lencastre. Desse enlace resultou a Ínclita Geração [designação atribuída aos filhos daqueles monarcas], que im- pulsionou os Descobrimentos e a projeção de Portugal no mundo. O encontro, segundo historiadores, ter-se-á dado entre 1 e 10 de novembro de 1386, sendo as tropas portuguesas comandadas por D, Nuno Álvares Pereira que, no local, aquartelou durante uma semana. A reunião decorreu em cima da pedra que atravessava o tabuleiro da Ponte de Mouro de lés a lés, por ser o local, a pedra, que estabelecia a fronteira entre Portugal e o reino de Leão e Castela e, ao qual o Duque de Lencastre, se julgava com direito, tendo avançado com uma expedição à península ibérica e desem- barcando na Galiza. A pedra da ponte, que hoje liga Barbeita e Ceivães, na altura delimitava a fronteira portuguesa, após D. Fernando ((1345-1383)) ter perdido todo o território da margem direita do rio Mouro. O Duque de Lencastre obtém, pois, a cooperação de D. João I, tendo daí resultado, além do casamento da sua filha com o rei, o reconhecimen- to (por parte do duque) do território português para leste, ao longo da mesma fronteira, numa faixa entre 60 a 80 quilómetros de largo. A ponte sobre o rio Mouro é uma ponte medieval que se situa na aldeia de Ponte de Mouro, sendo considerada parte do patrimônio arquitetóni- co do concelho de Monção, Imóvel de Interesse Público. Traçado do rio Mouro, em Monção, que delimitava a fronteira portuguesa, após D. Fernando ter perdido todo o território da margem direita deste rio para Castela. No Encontro da Ponte de Mouro, foi reconhecido território português para leste, ao longo da mesma fronteira, numa faixa entre 60 a 80 quilómetros de largo. www.valemais.pt 75

Decoração Texto: Pedro Mariño TENDÊNCIA NEOCLÁSSICA À hora de ambientar ou decorar uma casa existe uma infinidade de opções ou estilos de acordo com a personalidade e gostos pessoais, dentro desses mesmo estilos, o neoclassicismo inovador é um dos estilos que podemos optar à hora de decorar a nossa casa. Oneoclassicismo é uma tendência onde se misturam madei- Os tapetes quer contemporâneos ou clássicos, confecionados ou à ras nobres com linhas puras e contemporâneas, misturando medida, com acabados ou materiais personalizados a gosto, agregam móveis clássicos com acabados mais atualizados, que criam sobriedade nos ambientes e deverão unificar os elementos implantados ambientes exclusivos com personalidade própria. As misturas no projeto de distribuição do mobiliário. de peças clássicas dentro de estes ambientes proporcionam uma perfeita harmonia imprimindo-lhe um carácter e intemporalidade às casas. As cortinas deverão ser confecionadas de forma simples e com uma onda perfeita num tecido vaporoso e de tecidos tipo linho que projetam subtileza Estas peças conjugadas através de tecidos como cretas inglesas em aos ambientes, contando sempre que menos é mais e que a elegância está estampados e cores atualizadas, junto dos complementos decorativos; na simplicidade das cortinas como sendo um elemento neutro. papéis pintados ou texturas, terminam por diferenciar os acabados das nossas paredes e tudo isto misturado com os gostos pessoas acabam O neoclassicismo como tendência é uma aposta segura para criar o seu por proporcionar uma perfeita harmonia. lar, dando-lhe não só intemporalidade como elegância à sua casa e com projetos personalizados, conseguimos criar lares únicos e exclusivos ao À parte dos tecidos, a pele é um material também importante a ter em gosto e preferência das famílias. consideração à hora de revestir um sofá, um cadeirão ou uma simples pousa pés. Existe uma ampla gama de tipos de pele como a do cervo que é maleável e de tacto suave, disponível em várias cores, tendo em conta que a tendência são as cores neutras como a da pedra; bege ou creme. 76 www.valemais.pt

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Reportagem #Vila Nova de Cerveira Texto :: Manuel S. C. D. CERVEIRA É CAMPEÃO DISTRITAL UMA MÁQUINA DE FAZER GOLOS Esta, após a vitória que consagrou a equipa como campeã, a Dire- ção agradeceu aos adeptos a “fantástica moldura humana que fez O Clube Desportivo de Cerveira (CDC) acaba de se sagrar campeão questão de estar presente no Estádio Municipal Rafael Pedreira” e distrital de Viana do Castelo e, na próxima época, poderá ser o o “apoio constante que se fez sentir ao longo de toda época”. único clube do Alto Minho, com futebol sénior a militar numa prova nacional, no caso, o Campeonato de Portugal, o 3º escalão do fu- “Este título também é vosso”, referiram, nas redes sociais, a Dire- tebol português. A coletividade foi fundada em 01/07/1972, sendo ção, atletas e equipa técnica, dirigindo-se aos sócios e adeptos. presidida por António Fernandes e tem cerca de 350 sócios. A Câmara Municipal felicitou também a direção, atletas, equipa Com este título, os cerveirenses passaram a ostentar cinco taças técnica e adeptos. Na oportunidade, reconheceu o “incansável de campeão (1982/83, 2001/02, 2010/11, 2013/14 e 2018/19). trabalho desenvolvido pela direção e equipa técnica na promoção da atividade desportiva, bem como a determinação dos atletas A equipa treinada pelo jovem Francisco Tobias (34 anos), natural das diversas camadas em praticar desporto respeitando os valores da Póvoa de Varzim, foi uma autêntica máquina de fazer golos, a coletivos, trazendo excelentes resultados para o palmarés do clu- três da centena de golos. Só no campeonato distrital marcou 90. be e, orgulhosamente, para o concelho e para os Cerveirenses.” Todavia, no início da época isso nem fazia parte das perspetivas iniciais do clube, após uma debandada de jogadores da terra, o Já o treinador Francisco Tobias Trocado confessou a sua “Felicida- que deixou o plantel com apenas oito elementos. O que levou o de” e garantia que “criamos uma família todos juntos”. técnico a socorrer-se de atletas de fora, sobretudo daqueles que conhecia bem e tinham passado pelo Rio Ave e Varzim. “Aos jogadores os grandes obreiros desta grande caminhada, o meu obrigado; aos meus colaboradores da equipa técnica, não Em Portugal, a equipa mais concretizadora em campeonatos é tenho palavras para vos agradecer a humildade, a fidelidade e o o Sport Clube Vila Real (campeão distrital de Vila Real) com 113 compromisso nesta missão, ao departamento médico que fizeram remates certeiros em 34 jogos. Em termos de média por jogo, o um trabalho excecional o meu obrigado; à direção que tentou que Vit. Sernache (Sertã/Castelo Branco) ocupou 1º lugar (4 golos por nada nos faltasse, fazem do Cerveira um clube especial, o meu jogo). O Cerveira ficou em 3º lugar, em termos de média de golos agradecimento; aos nossos adeptos, à febre amarela, que nos (3 por jogo), idêntica à do Benfica. acompanharam a todo lado, o meu obrigado pela força que nos transmitiram; à minha família, pela minha ausência. Este campeo- A UMA JORNADA DO FIM nato é vosso. Amo-vos” – escrevia o técnico numa rede social. O clube da Vila das Artes obteve o título a uma jornada do fim, após uma vitória, no Estádio Municipal Rafael Pedreira, por 4-0 frente ao Atlético dos Arcos, segundo classificado. Na derradeira jornada, no penúltimo domingo de maio (dia 19), deslocou-se ao terreno do Courense, onde, com o título garantido, aproveitou para fazer jogar alguns jovens e menos utilizados, vindo o perder pela margem mínima (1-2). 78 www.valemais.pt

PRIMEIRA RECEÇÃO NA CÂMARA PLANTEL Guarda-redes No regresso de Paredes de Coura, foram recebidos nos Paços António Marafona e Leandro Silva. do Concelho de Vila Nova de Cerveira e, da varanda do edifício Defesas da autarquia, saudaram os muitos adeptos que, com os atletas, Diogo Carvalho, Jovino, Dany, André Alves, André Peixoto, quiseram festejar o título. “No domingo passado, pintaram o está- Diogo Araújo, Kiko e Carlos González. dio de verde e amarelo, este domingo, vamos pintar os Paços do Médios Concelho!”, apelava, a propósito, a Direção do clube. Nuno Paulo, Diogo Trindade, Diogo Cunha, André Barreto, João Vítor, Mário Cunha, Filipe Fernandes, Rui Manteigas e A varanda do edifício da Câmara Municipal ostentava uma tarja Pedro Ribeiro. de grandes dimensões onde estava escrito: “O Município de Vila Avançados Nova de Cerveira felicita os campeões distritais”. Na ocasião, Pedro Postiga, Zé Henrique, Igor Barbosa, Cevada, Tiago ainda na receção no salão nobre, o chefe do Município enalteceu Cruz, Joel Marques e Marco Sousa. a dedicação e o empenho dos atletas, bem como o empenho e a disponibilidade da direção na criação das devidas condições NOTAS necessárias para o devido desempenho. Fernando Nogueira Melhor ataque da prova (90) reforçou mesmo a ideia de que a autarquia teve a aposta acertada 3.ª melhor defesa (27) ao investir nas infraestruturas desportivas existentes. Na oportuni- Equipa com mais vitórias (23) dade, entregou uma lembrança alusiva ao clube. Equipa com mais goleadas (11) Equipa com máximo de jogos sem perder (21) Já o presidente do clube, António Fernandes, agradeceu a união Equipa que mais tempo esteve em 1º lugar (16 jornadas = 50% da prova) de toda a equipa e dirigentes do clube, o apoio da massa asso- Não perdeu nenhum dos confrontos contra equipas candidatas ciativa, sublinhando a circunstância de ser a primeira vez que a ao título coletividade teve uma receção nos Paços do Concelho. Na varanda dos Paços do Concelho entoaram-se cânticos de vitó- ria e ergueu-se o troféu de campeões distritais, para gáudio dos adeptos concentrados em frente aos Paços do Concelho. MAIS UM CAMPO DE FUTEBOL Em declarações à VALE MAIS, o presidente do clube, António Fernandes, reconheceu que, no início da época, não estava nas previsões a conquista do campeonato. “Tivemos alguma dificuldade em começar a formar o plantel… mesmo, em formar primeiro a Direção, só à 3ª assembleia geral é que conseguimos. Logo partimos atrasados para a formação do plantel, pois alguns dos jogadores da época passada já tinham assinado por outros clubes”. www.valemais.pt 79

Nesse aspeto, o contributo do treinador Francisco Tobias foi E, agora, a próxima época está a ser preparada? “Ainda não. Ain- importante. “Sim. Formou o plantel com os jogadores que cá da temos muito que jogar até 16 de junho… a Taça A.F. Viana, a tínhamos e outros que ele conhecia lá da Póvoa de Varzim”. final da Supertaça e a Taça do Minho (com o campeão distrital de Braga, o Berço SC, de Guimarães)”. Isso trouxe, porém, algumas alterações a nível do orçamento. “Di- latou um pouco, em virtude de termos duas carrinhas para fazer a Insistimos: “Habitualmente, os clubes do distrito de Viana do viagem, entre Cerveira e a Póvoa, com os atletas. Não tínhamos Castelo que, ao ser campeões, ascendem ao Nacional, na época isso em anos anteriores, passamos a ter.” seguinte, descem. Como vai ser com o Cerveira? “Neste momen- to nem sequer nos debruçamos sobre isso. Há uma conversa, para António Fernandes garante, porém, que, apesar disso, face às difi- ver os apoios, que a gente vai ter agora com o Município e os pa- culdades iniciais, as contas “estão completamente controladas”. trocinadores. Mas, evidentemente, isso já é histórico, os clubes de Viana nunca terem grande hipótese… ao jogar com outros como Questionado sobre quando, face a essas dificuldades iniciais, os de Braga. De qualquer modo, numa conversa que já tivemos começou a ver que a equipa tinha hipóteses de alcançar o título, o com o Francisco Tobias, ele está disposto a fazer uma equipa para líder diretivo explicou. lutar para não descer, para fazer um campeonato descansado.” “Antes da metade da primeira volta, a equipa começou a demons- Há meios financeiros para tal desiderato? “Vamos ter de trabalhar trar que era uma equipa forte e começamos a ter bons resultados. muito. Há muito que analisar, não vai ser fácil no nosso concelho Claro que não sabíamos se íamos ser campeões, mas, a partir dali, formar uma equipa para ser competitiva no Campeonato de Portu- vimos que podíamos lutar pelo título.” gal (3º escalão nacional). Vamos fazer tudo por tudo para competir e dar uma alegria aos sócios. Vai ser um trabalho árduo. “ Todavia, a acreditar na obtenção do campeonato, que contou com equipas como o Atlético dos Arcos, o Vianense e o Valenciano, só A terminar, António Fernandes agradece o apoio, ao longo de “a partir da metade do campeonato”. toda a época, da massa associativa e revela o principal desejo da Direção do Clube Desportivo de Cerveira. “ Na 1ª volta, fomos ao terreno dos candidatos todos, não per- demos em nenhum; na 2ª volta, tínhamos de os receber todos e “Era outro campo de futebol. Só temos e é curto para tanto jovem começamos perceber que poderíamos estar mesmo a lutar pelo que treinam lá no campo. A primeira coisa que pretendíamos, e mui- título. Fizemos uma 2ª volta brilhante e, cada vez mais, fomos to, era outro campo de futebol. Para os treinos, essencialmente.” acreditando no título.” No final do campeonato, aconteceu que, pela primeira vez, se registou uma receção na Câmara Municipal. “Sim, sim. Foi a pri- meira vez que… a gente conversou com o presidente da Câmara, pusemos essa hipótese e ele mostrou-se logo disponível para abrir o salão nobre para nos receber” 80 www.valemais.pt

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Opinião PROPRIETÁRIA / EDITORA Calvolima, Lda Texto :: M.ª Fátima Cabodeira NPC 506 676 668 CIDADÃOS EUROPEUS Capital Social 50.000.00€ Os dias convidativos prenunciam a chegada do verão Sede Avenida das Portas do Sol, n.º1047 Urge retemperar energias à sombra de Alguns pensadores consideram esse trágico 4950-500 Monção uma árvore ou à beira-mar. E con- acontecimento como uma metáfora para algum DIREÇÃO versar, o mesmo é dizer espraiar os desalinho que mina a coesão social. DIRETOR afetos para lá das frases politicamen- José C. Sousa te corretas usadas no quotidiano. Cada vez É também disso que falámos quando se discute DIRETOR ADJUNTO mais reduzidas. Cada vez mais rudimentares, o presente e o futuro da Europa, na medida em Manuel S. por via das novas tecnologias e da velocidade que se afiguram no horizonte linhas estraté- REDAÇÃO que tudo devora. gicas diferentes, uma mais securitária, outra José C. Sousa que defende os direitos e liberdades dos mais Manuel S. Por estes dias, em plena campanha eleitoral, vulneráveis. E, portanto, mais inclusiva. DESIGN GRÁFICO a Europa é o tema monopolizador no espaço José C. Sousa público, mesmo que a discussão dos candida- O brexit, as contínuas vagas de migrantes, o COLABORADORES tos, em Portugal, se faça, por vezes, de modo populismo da extrema-direita, fazem periclitar Adelino da Silva (opinião) lateral com as feiras, os lares de idosos e os a visão europeísta, tão cara a Mário Soares. ANPC (proteção civil) montes ardidos a servir de cenário. Ao Norte (cinema) Mas também por cá há num país tido por “bran- Brito Ribeiro (ambiente) E se os fundos (e o seu alegado reforço ou dos costumes” há motivos para preocupação: Emília Cerqueira (opinião) corte) são a face (in)visível da comunidade, os leio, incrédula, no insuspeito “Diário de Notícias” Fátima Silva (opinião) valores da liberdade, da solidariedade, da frater- que os moradores de um prédio, em Alvalade, José Emílio Moreira (opinião) nidade e do respeito pelos direitos humanos de- Lisboa, colocaram pilaretes de mármore no José M. Carpinteira (opinião) vem sair reforçados perante propostas políticas intuito de impedir que os sem-abrigo utilizem o Laura Couto (sexo&amor) que ameaçam essa matriz ideológica. espaço circundante para aí pernoitar. Lígia Rio (saúde) Luís Ceia (opinião) Está bem presente na memória de todos a Como se vê por este exemplo, a tolerância e a Nelson Azevedo (turismo) imagem da Catedral de Notre-Dame a arder aceitação da diferença precisam de fazer caminho. Venâncio Fernandes (imobiliário) bem no coração de Paris, que é um dos sím- Ou, como diria Jorge Palma, “enquanto houver Manuel Pinto Neves (opinião) bolos do “Velho Continente”. estrada para andar/ a gente vai continuar…”. Manuel Cunha (opinião) Paulo Gomes (desporto) Ana Rita Lebreiro (nutrição) VS Advogados (consultório jurídico) DEPARTAMENTO COMERCIAL Marta Tomé Contactos [email protected] T. +351 925 987 617 IMPRESSÃO Lidergraf Sustainable Printing DISTRIBUIÇÃO Vale mais PERIODICIDADE Bimestral TIRAGEM 5.000 exemplares DEPÓSITO LEGAL 338438/12 REGISTO na ERC 126166 CONTACTOS T. +351 251 654 927 M. +351 925 987 617 EMAIL [email protected] SITE www.valemais.pt REDES SOCIAIS 82 www.valemais.pt Pode consultar o Estatuto Editorial em www.valemais.pt O Acordo Ortográfico utilizado pelos colaboradores é da sua exclusiva responsabilidade. Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, não obedecendo, necessariamente, à linha editorial desta publicação. Toda e qualquer informação publicitária apresentada pode conter, eventualmente, erros alheios ao Vale mais, pelo que requer, indubitavelmente, confirmação posterior.

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