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Jornal Cultural "A Voz de Paço de Arcos"

Published by Paulo Mascarenhas, 2021-09-10 20:51:39

Description: Jornal_36

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A Voz de JORNAL DEFENSOR DOS INTERESSES DA VILA DE PAÇO DE ARCOS E DAS LOCALIDADES CIRCUNDANTES FUNDADO EM 1979 POR ARMANDO GARCIA, JOAQUIM COUTINHO E VÍTOR FARIA Diretor: José Manuel Marreiro | Bimestral | N.º 36, Agosto de 2021 DISTRIBUIÇÃO GRATUÍTA

ESTATUTO EDITORIAL FICHA TÉCNICA 1 – A VPA é um jornal bimestral de Propriedade: Associação Cultural informação geral na área da cultura e “A Voz de Paço de Arcos” da língua portuguesa, em particular na Sede: Rua Thomaz de Mello nº4 B defesa dos interesses dos habitantes da 2770-167 Paço de Arcos vila de Paço de Arcos e das localidades Direção: Presidente - José M. R. Marreiro; circundantes. Tesoureiro - António Alberto Lopes; Secretário - Francisco Rita Santos 2 – A VPA pretende valorizar todas Redação: Rua Thomaz de Mello nº4 B as formas de criação e os próprios 2770-167 Paço de Arcos criadores, divulgando as suas obras. E-mail: [email protected] 3 – A VPA defende todas as liberdades, N.I.F.- 513600493 | E.R.C. nº 126726 em particular as de informação, Depósito Legal: 61244/92 expressão e criação. Ao mesmo tempo, Diretor: José M. R. Marreiro afirma-se independente de quaisquer Diretor-Adjunto: José Maria Santos Zoio forças económicas e políticas, grupos, Subdiretora: Maria Inês Bastos lóbis, orientações, e pretende contribuir Editor: José Aguiar Lança-Coelho para uma visão humanista do mundo, email: [email protected] para a capacidade de diálogo e o espírito Sede do Editor: Rua Thomaz de Mello crítico dos seus leitores. nº4 B 2770-167 Paço de Arcos 4 – A VPA recusa quaisquer formas Impressão: www.artipol.net de elitismo e visa compatibilizar a Sede do impressor: Rua da Barrosinha, qualidade com a divulgação, para levar a n.º 160 | Barrosinha Apartado 3051 | informação e a cultura ao maior número 3750-742 Segadães, Águeda Portugal possível de pessoas. Colaboradores: Antonieta Barata; António M. Santos; Amaral Figueiredo; Eduardo Barata; Graça Patrão; José Marreiro; José Aguiar Lança-Coelho; Livonildo; Luís Morais; Luís Àlvares; Mafalda Ascenção; M. Barão da Cunha; Mário Matta e Silva; Paulo Mascarenhas; Rogério Pereira; Santos Zoio e Virginia Branco Fotografia: Paulo Mascarenhas e Santos Zoio, Desenhos e Aguarelas - Serrão de Faria Capa: Fotografia Daisy Paginação: Andreia Pereira Tiragem: 2000 exemplares Facebook: www.facebook.com/avozdepa- codearcos Publicidade: [email protected] Tel.: 919 071 841 (José Marreiro) Diretor Honorário: José Serrão de Faria Subdiretora Honorária: Maria Aguiar 2 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

EDITORIAL “O Tempo esse grande escultor” Marguerite Yourcenar Existem duas saudade para três que conviveram comigo, noções de e que pelas contingências da existência já Tempo: uma, não estão entre nós: o Vieira, o Pórcio e o vem da Antigui- Alvarinho. dade Clássica e é fruto da civilização Pelo exposto até aqui, poderemos con- grega, sendo esta noção circular, e é mais cluir que, a comemoração do Centenário perceptível nas sociedades caracterizadas do clube, se insere no Tempo linear, que pela ruralidade, com a repetição anual dos continuará a expandir-se e, semelhante efe- trabalhos agrícolas; outra, é proveniente méride, só se comemora daqui a cem anos. da dessacralização que caracteriza a nossa vivência actual. Ambas coexistem nas men- Notemos de seguida, uma efeméride que talidades e nos actos sociais, como veremos tem de ver com o Tempo circular, aquele de seguida. que se repete todos os anos, como é a festa Comemora-se este ano o 1º Centenário da vila, geralmente realizada em finais de do Clube Desportivo de Paço de Arcos, que Agosto, - quando não há Covid, como foi o durante muitos anos foi campeão de Portu- caso do ano passado. Todos os anos, cicli- gal na 1ª categoria de hóquei em patins, e camente, a festa repete-se na mesma data e o principal fornecedor de jogadores da se- dentro dos mesmos moldes, o que nos leva lecção nacional desta modalidade, que foi a afirmar que o Tempo caminha em círcu- campeã do mundo durante muitos anos. O los que se repetem todos os 365 anos. autor destas linhas ainda teve o privilégio de ver jogar muitas vezes, os executantes que Desejamos a todos os habitantes de Paço constituíam a espinha dorsal dessa selec- de Arcos, uma boa comemoração de ambos ção: Emídio Pinto, os primos Correia – Jesus os eventos aqui relatados. e Santos, e ainda José Gomes. Aliás, desde 1957, viu jogar todos os praticantes que cons- José Aguiar Lança-Coelho tituíram as grandes equipas deste clube, e de entre eles, uma palavra de profunda Licenciado e Mestre em Filosofia pela FLUCL (Escreve de acordo com a antiga ortografia) Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 3

CENTENÁRIO DO PAÇO DE ARCOS Um atleta Campeão- Carlos Abreu Ao assinalar o 1.º Centenário do Veterano, CDPA é obrigatório recordar os em 1989, atletas que contribuíram para a e como sua riquíssima história. treinador São muitos os que pelas suas carreiras des- em 1968 portivas ao serviço do Clube, merecem ser tendo-se destacados, e que o foram na exposição despedi- comemorativa que teve lugar na Sede do do da mo- Clube, e na história que está a ser publica- dalidade da, em capítulos, no jornal A Voz de Paço em 2000. de Arcos. Foi um No entanto, decidimos dar um desta- dedicado que especial ao atleta, e treinador, Carlos treinador Abreu, por ser o único, felizmente ainda das Esco- entre nós, que foi Campeão Europeu, em las, Infantis, Iniciados, Juniores, Seniores Hóquei em Patins. masculinos e femininos, cotando-se como um grande formador de atletas e cidadãos. Hoquista ins- crito na FPP com o n.º 44310, e com a Carteira Pro- fissional de Treinador n.º 163. Como prati- cante iniciou a atividade 1958 e termi- nou, como HÓQUEI EM PATINS - TÍTULOS CONQUISTADOS - Jogador TÉNIS DE - 1962 - Campeonato Europeu (Madrid) - Juniores - 3.º classificado MESA - 1963 - Taça das Nações (Bolonha) - Séniores- 2.º classificado Em simultâ- - 1971 - Campeonato Europeu (Lisboa) - Séniores - 1.º Classificado neo com a bri- HÓQUEI EM PATINS - TÍTULOS CONQUISTADOS - Treinador lhante carreira 1968 - Campeonato Distrital de Iniciados no hóquei em 2000 - Taça de Portugal - Séniores femininas patins, também, foi praticante de Ténis de Mesa, entre 1957 e 1964. 4 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

Aqui fica o reconhecimento de A Voz de Paço de Arcos, pela longa carreira rechea- da de grandes momentos, deste atleta de- dicado ao desporto e à sua terra adotiva que tanto gosta, e defende. O nosso muito obrigado. José Marreiro Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 5

CENTENÁRIO DE PAÇO DE ARCOS (Ao Clube Desportivo de Paço de Arcos, no seu 1º. Centenário) Um Clube é um pulmão pelo qual os homens (e as mulheres, há que ser inclusivo nos tempos que correm - em 1921 não tinham ainda nascido estas questões) respiram, nas artérias irrequietas do convívio aproximado. Faz este ano 100 anos que alguém, em Paço de Arcos, provavelmente sentado num banco de jardim, ou então encostado ao balcão de uma taberna, algures (atenção que isto sou eu, apenas eu, a imaginar e que não há nestes versos fundamentação ou pesquisa histórica), pensou em voz alta que seria melhor estar num outro espaço, eventualmente mais vasto, que fosse seu e de todos os seus amigos e ainda daqueles que a ele quisessem aderir: estar num Clube, enfim! E do sonho à realidade de hoje fala a História, que é feita, como sabem, pelos que conseguem elevar-se da modorra dos dias e tornar-se visíveis perante os demais, desafiando-os a mover-se, a seguir em frente, a continuar caminho, a pintar em todas as paredes da apatia o regozijo por estar vivo, inclusivo, ativo. (São esses todos que estão, agora, de Parabéns! E não há palavras suficientemente grandes para lhes traçar o perfil) Lisboa, 30 de abril de 2021 António Manuel dos Santos 6 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

CAMINHOS Esplanadas do Centro Histórico de Paço de Arcos OCentro Histórico de Paço de Assim, quando Arcos continua a crescer, em se entra na vila, oferta de espaços de restaura- vindo da estra- ção, com a instalação de novos esta- da marginal do belecimentos e, sobretudo, com o au- lado nascente, mento do número de esplanadas. Os pela Rua Costa nossos “Caminhos” de hoje mostram, Pinto, temos à as já antigas, e as novas recentemente nossa direita a instaladas. esplanada do Hotel Vila Galé, em frente ao Pa- lácio dos Arcos, ex. libris da vila, e em frente, no outro lado da rua, no terraço do Restaurante Casa da Dízima, a sua esplanada panorâmica. No lado direito da rua, duas esplana- das contíguas, mas com tipos de ser- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 7

CAMINHOS Saímos da Rua Costa Pinto, damos um salto à Av. Patrão Joaquim Lopes, onde temos a esplanada da Tasquinha da Vila, e a da Oceania, no nosso lado esquerdo, e a do Restaurante Italiano, Páteo Antico, no lado direito, junto ao antigo fontanário. viço distintos, a da hamburgaria Blue Jeans, e a da Taberna 106. Voltamos ao lado esquerdo onde en- contramos uma pequena esplanada da casa de produtos gourmet, Momentos do Paço, e a seguir a do restaurante Carula. Voltamos à Rua Costa Pinto, para visi- tar a esplanada da nova Casa Galega, recentemente inaugurada e que muito valoriza a já riquíssima oferta gastro- nómica da zona. 8 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

obras do prédio para instalar uma esplanada. Vamos pela Tra- vessa da Regueira, para ir ao encon- tro da esplanada da Casa do Adro, e daqui para a reno- vada Praceta Dio- Em frente temos a esplanada do antigo restaurante, A Marítima. Prosseguimos, e encontramos a, também recentemente inaugurada, es- planada do restaurante Bom Dia, situa- da nas traseiras, após obras de recupe- ração do prédio, seguindo-se a última esplanada da rua, a Padaria da Vila, Apapol, que igualmente aproveitou as nísio Matias. Esta Praceta, a PRACETA diz muito aos paçodearquenses, várias gera- ções frequentaram-na para ir ao mercado e às suas lojas, entre elas as esplanadas do histórico Picadilly, e da Leitaria Victória. Locais de encontro de amigos para agra- dáveis cavaqueiras. Quanto ao Picadilly que está encerrado há já bastante tempo, anuncia-se a sua reabertura para breve, Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 9

CAMINHOS Entre as críticas mais ouvidas, sobretudo pelos comerciantes da zona, referem-se ao desaparecimento de condições de acesso, e de estacionamento, que inevitavelmen- te, leva ao afastamento de muitos dos seus já poucos clientes. com nova gerência, e novo conceito de serviço. A intervenção radical, que acaba de ser inaugurada, vem criar novas condições para instalação de novas esplanadas, as- sociadas aos estabelecimentos que vão ser criados no interior do Mercado Municipal, após concurso a realizar em breve. A transformação deste espaço nobre da vila visa a criação de uma nova centralida- de onde serão realizadas outras iniciativas tendentes a aproximar os cidadãos e a pro- porcionar um maior conforto. Esta alteração, aliás como todas, também As novas condições, com outros atrativos, provocou um misto de reações díspares, fa- conseguirão derrotar este sentimento de voráveis umas, desfavoráveis outras. A par pessimismo em relação ao futuro da ati- da expectativa de que o espaço vai trazer vidade comercial do Centro Histórico da gente ao Centro Histórico, animação e vila? qualidade de vida, também provoca o sen- Terminamos com esta pergunta, fazen- timento de perda do que havia e que se do votos para que o futuro seja melhor gostava, em troca de condições novas que que o passado, e que o presente seja só o tempo virá confirmar a sua bondade. impulsionado para esse futuro, com melhores condições de trabalho, e de vivência deste nosso património de grande qualidade. Texto: José Marreiro Fotografia: Santos Zoio e Paulo Mascarenhas 10 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

CELEBRAÇÃO Procissão Senhor Jesus dos Navegantes. Como todos os Esperamos que, no próximo ano, pos- anos tem acon- sa ser acompanhada pelas tradicionais tecido, mesmo festas, que são muito concorridas por com as restrições pro- locais e por forasteiros que as incluem vocadas pela pandemia nos seus passeios de fim de tarde e noi- atual, realizou-se no te. passado dia 29 de Agos- to, a tradicional procis- José Marreiro são do Senhor Jesus dos (Fotos de Custódio Rosado) Navegantes, integrada na Festa Anual, que de- corre de 25.8 a 5.9. As referidas restri- ções, obrigam a que a procissão se faça em automóveis, destacando-se as viaturas dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos. A celebração foi dirigida pelo Sr. Pa- dre José Luís Costa, e contou com a presença do Sr. Presidente da CMO, Sra. Presidente da União de Freguesias (UFOPAC) e do Sr. Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Oeiras, entre outros acompanhantes participantes. Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 11

Um algarve de Reserva Aqui a manhã é dos passarinhos e de Pedras d’el Rei Pedras da Rainha quem a quiser partilhar com eles. A ria formosa acorda dourada pelos tons https://www.pedrasdelrei.com/ https://www.pedrasdarainha.com/ quentes da estação média. Com a paisagem renovada e a calma instalada +351 281 380 034 +351 281 023 516 já não há dúvidas: começou o outono. [email protected] [email protected] Ria Estadias de 7 noites em Meia Pensão (PA+Jantar) Formosa Outubro Novembro/Dezembro A estação média traz consigo a necessidade de conforto. Os Single Duplo Single Duplo aldeamentos do grupo Pedras € 385,00 € 504,00 € 336,00 € 455,00 dʼel Rei proporcionam uma estadia completa. Casas muito Noites extra - Preços por pessoa / noite agradáveis e tipicamente algarvias, desde T0 a T2 para Single Duplo Single Duplo as famílias mais amplas. Muito ligado à praia, o aldeamento € 55,0Jo0rnal A Voz d€e3P6a,ç0o0de Arcos | €3ª4S8é,r0ie0 | N.º 36 A€go3s2to,520021 oferece o acesso à ilha paradisíaca do barril/Tavira num passeio de comboio pela ria formosa onde é possível admirar as suas diferentes e misteriosas facetas que mudam consoante a maré e a altura do dia. Aproveite para tirar fotografias, porque a mesma paisagem nunca se repete! A serenidade da paisagem nos meses de setembro, outubro e novembro permite o conectar com a natureza num algarve de 1re2serva.

Grandes Conforto Relvados Com restaurante e o simpático snackbar revestem a piscina e o campo de ténis, sempre acom- panhados pelas temperaturas agradáveis desta altura do ano. A praia do barril recebe-nos com Praia do Barril o mar mais quente do algarve e com todos os apoios de praia. Aproveite para conhecer a história por trás das famosas âncoras! Ao fim do dia, a ria serve de espelho aos fantásticos pores-do-sol. É o paraíso da fotografia! Em Pedras dʼel rei vive-se o luxo da natureza a preços acessíveis. Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 13

EVENTOS Feira do Livro de Lisboa 2021 – oportunidades para melhor conhecer o concelho de Oeiras Aeditora Mazu Press estará pre- Eis uma excelente oportunidade para sente na Feira do Livro de Lis- conhecer: (1) o perfil de uma das prin- boa – que se realiza no Parque cipais figuras da cultura portuguesa Eduardo VII, entre 26 de Agosto e 12 de do século XX (Luís de Freitas-Branco) Setembro. e que viveu em Paço de Arcos nos últi- mos anos da sua vida; (2) os sagazes, di- No Espaço dos Pequenos Editores (Pa- vertidos e despretensiosos contos de J.A. vilhão C01, junto ao Marquês de Pombal) Lança-Coelho; (3) o mais popular dos estarão ao dispor, a preços reduzidos, romances da ilustre escritora e benemé- entre outros, os títulos: “Luís de Freitas rita Sarah Beirão, criadora da fundação Branco – O Intelectual em Paço de Arcos. de apoio aos artistas, com o seu nome, Contributo para a biografia adiada” de de que Igrejas Caeiro foi presidente por João Maria de Freitas-Branco; “Contos prolongado tempo; (4) e ainda as origens, do Monte” de José Aguiar Lança-Coelho; os investimentos e os mecanismos de “Amores no Campo” de Sarah Beirão; e ascensão social e económica da família “A Família Anjos. Modelo de Ascensão que mandou construir, ainda no século Social e Económica no Século XIX” de XIX, o Palácio Anjos em Algés. Alexandra de Carvalho Antunes. 14 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

SAÚDE Quatro fábulas para entender como convivemos com a Pandemia Selecionei entre várias fábulas (pers- país de origem, a petivas) quatro nas quais a situação China, originando que vivemos com o Covid-19, se en- uma preferência caixam, e talvez possam também explicar específica na for- o nosso comportamento socia atual. ma de atuação, isolamento das pessoas. Desde o início do aparecimento das vá- Os vírus, desde sempre foram conside- rias estipes de corona vírus, até à sua dis- rados como elementos extremamente pe- seminação como pandemia, que viemos a rigosos, pois estando nos limiares do con- receber informações as mais diversas, tan- ceito de célula viva, obrigam a um olhar to ao aparecimento, como às causas e sua muito particular. Não podem ser destruí- difusão. dos como os outros microrganismos ce- lulares mais desenvolvidos, recorrendo a Estas notícias tanto se referiam ao pró- antibióticos como no caso das bactérias. prio agente infecioso, uma nova estirpe de Embora se reproduzam (ou se repliquem), vírus, como apresentavam informações só conseguem duplicar o seu elemento ge- mais diversas, tanto quanto à sua origem, nético, com a presença de um hospedeiro. como á sua efetividade ou capacidade in- Têm de penetrar na célula e apropriar-se feciosa. de parte do material genético desta e a par- tir de aí conquistar todo o espaço com des- Ao longo deste intervalo pandémico te- truição do hóspede. mos alterado profundamente a nossa for- ma de gerir o tempo. Tanto para residen- A questão que se põe agora tem a ver tes, como para os mais variados setores de com a forma como nós, humanos, vamos atividades. lidar com essa invasão e qual a melhor for- ma de defesa e ainda como é que ela nos é No início, dentro de uma manifesta falta apresentada e as formas coercivas que lhe de informações condignas, tanto se podia estão ligadas. entender de mais uma situação passageira, equivalente a um surto de gripe sazonal, As autoridades encaminhadas pelas in- como de uma situação catastrófica que nos formações sanitárias, impõem restrições iria prejudicar a nível mundial. de vário tipo que vão impedir o contato físico e limitar os movimentos das popu- Infelizmente venceu a segunda, e acaba- lações. Essas proibições são acatadas pelas mos por nos confrontar com uma situação populações geralmente com uma certa re- pandémica que abrange todos os conti- serva, poi afinal elas baseiam-se em restri- nentes. Certamente que a movimentação ções de liberdade. de pessoas em todos os continentes, facili- tou muito essa disseminação. Liberdade de movimentação, de conví- vio, de partilha de vida coletiva. A forma de conter essa partilha de in- formação sobre a infeção, teve muitas for- Passado algum tempo essas mesmas res- mas de apresentação, a começar pelo seu Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 15

SAÚDE trições tornam-se como que intoleráveis milho e podem ser interpretadas como medidas 8- Os porcos selvagens já estão depen- enquadradas num processo de tortura. E o processo de tortura tem vários matizes, dentes do milho oferecido e quando a cer- tanto podem ser externas como ser mais ca é fechada, mesmo assustados de início, refinadas e partirem das próprias pessoas rapidamente se acalmam se tiverem a ra- reféns dos seus próprios medos. É nessa ção de milho. perspetiva que iremos avançar com os nos- sos propósitos referindo-nos às fábulas e 9-Os porcos já habituados a serem ali- afins. mentados não rejeitam a aproximação do homem que lhe fornece a alimentação. A primeira aborda o consentimento for- çado (perda de liberdade consentida). 10- Os porcos perderam a liberdade e estão totalmente dependentes da alimen- A) Como domesticar porcos selvagens? tação fornecida e ficam ansiosos quando o Passos a seguir: milho não aparece. 1-Procurar um terreno onde circulam 11- Os porcos estão totalmente submissos porcos selvagens. e prontos para seguirem para o matadou- ro. 2-Lançar milho num local de fácil acesso aos porcos selvagens. A segunda aborda a acomodação e con- finamento assumido. 3- Os porcos selvagens começam natu- ralmente a comer o milho que lhes é ofe- B) Como obter a acomodação e o confi- recido namento assumido dos porcos espinhos. 4- Progressivamente os porcos selvagens - Os porcos espinhos sabem que não po- habituam-se a ter diariamente milho dis- dem aproximarem-se uns dos outros em ponível num mesmo local demasia pois vão picar-se quando se to- cam. 5- Habituados os porcos voltam ao local onde existia o milho, mesmo sem encon- - Faz frio e os animais sabem que têm de trarem nada estar juntos para se poderem defender do frio, mas não se podem tocar por causa dos 6- Volta-se a fornecer milho no mesmo picos. local, nas mesmas condições e os animais deixam de procurar alimentos pois espe- -Progressivamente os porcos espinhos ram encontrar milho no local vão-se aproximando até encontrarem uma distância que lhes permita terem algum 7- Progressivamente vai-se montando calor. Evitam o contato direto para não se uma cerca à volta do local da refeição de picarem, mas estão suficientemente próxi- 16 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

mo para se protegerem. haja nenhum testemunho dessa causa. Foi conseguido um confinamento assu- Para dar corpo a esta experiência, cerca mido, adequado à sua segurança e confor- de 20 macacos são isolados num quarto to com perda de liberdade de movimentos. onde existe uma escada que no seu cimo contem um cacho de bananas. Os macacos A terceira, recorre à habituação a situa- são logo atraídos para as bananas. ções extremas. Assim que um macaco começa a subir C) A rã e a panela de água aquecida. na escada para aceder às bananas, os ma- - Uma rã e a colocada dentro de panela cacos recebem automaticamente um du- com água a uma temperatura normal, ela che de água gelada. adapta-se e está à vontade na panela. - Se a água for aquecida, de momento, rã Rapidamente os macacos aprendem a aprecia aquele aumento de temperatura e não subir na escada se não quiserem levar sente-se bem. com um banho de água gelada. - À medida que a temperatura aumenta a rã vai sentindo cada vez menos conforto, Subitamente o duche é desativado, mas mas ainda aguenta a temperatura até ao os macacos conservam a experiência ad- momento em que acaba por ficar cozida e quirida e não tentam aproximar-se da es- morre. cada. - Se a rã tivesse tido contato imediato com água quente, teria dado um salto e fugido A certa altura um dos macacos do gru- da panela, mas dadas as circunstâncias po é retirado e substituído por um novo narradas ela foi-se habituando a um bem- macaco desconhecedor do banho de água -estar fornecido que acabou por matá-la. gelada. Mas assim que o novo macaco se Esta tática é aplicada nas situações em aproxima da escada para chegar às bana- que se vão fornecendo aos torturados, co- nas é agredido violentamente pelos res- modidades até eles aceitarem a tortura de tantes macacos conhecedores do duche de forma natural, levando-os à perda da liber- água gelada. dade ou mesmo da própria vida. A quarta abordagem, reporta-se ao com- Quando um segundo macaco é subs- portamento inconsciente em respeitar tituído por um novo elemento, a cena re- uma forma de agir imposta pela própria pete-se e todos os macacos se opõem com coletividade agressividade à subida da escada, mesmo D) Fábula do macaco : aceitação e perpe- aquele que não tivera contato com o duche tuação de ditames de entidades superiores. gelado. Trata-se de uma fabula que descreve uma experiência levada a cabo com um grupo A cena de substituição dos elementos do de macacos. Ela exprime a transmissão e grupo repete-se até se terem substituídos a perpetuação de crenças coletivas no seio todos os macacos. Nenhum dos macacos de uma população progressivamente reno- agora colocados no quarto teve contato vada sendo mesmo que a causa primária com a água gelada. No entanto, se algum dessas crenças se tenha extinguido e não dos macacos tentar subir á escada é impe- dido pelos restantes macacos embora ne- nhum dos macacos presentes tenha tido, alguma vez, contato com a água gelada. Esta história é utilizada para simbolizar Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 17

SAÚDE uma prática que mostra como um grupo Esquema ou método definido como o de pessoas (muitas…) pode ser levada a ter Método D, D, D. (Debility,- Dépendence- um comportamento de que desconhece as Dread) causas ou as consequências. São devidas a ditames impostos, que são seguidos de Existem várias abordagens para contex- forma cega e sem contestação para o bem tualizar este método de atuar psicologica- da coletividade e a própria coletividade mente numa ou num conjunto de pessoas, defende a sua aplicação. Quem não seguir recorrendo à debilidade, dependência e aqueles ditames é confrontado com o mal- catástrofe. Este sistema foi evidenciado e -estar da sociedade. desenvolvido por um cientista america- no nos anos 50 do século passado, depois Adicionada às anteriores fábulas, veri- foi continuado pelos chineses e adaptado ficamos como a população acaba por ter mundialmente. comportamentos que pensa serem impe- riosos para a sua defesa e bem-estar, em- Pode ser classificado em várias catego- bora não tenha certezas científicas de que rias, das quais podemos destacar a finan- essas mesmas práticas são as mais adequa- ceira, a cultural, a política, a sociológica e a das para acudir a dado problema ou à si- geográfica. Cada uma delas vai ter um efei- tuação que atinge toda uma população, co- to de dependência resultando uma impo- mo é o caso de uma pandemia. Mas mais sição coletiva com limitação da liberdade. curioso é verificar como certas pessoas se tornam ainda mais cumpridoras dos pres- O maior objetivo do D, D, D é por meio supostos do que aquilo que foi preconiza- da persuasão, empregando um amplo pro- do ou se tornam defensores agressivos do cesso de lavagem cerebral, tornar a vítima, cumprimento dessas mesmas regras repri- dependente do seu torturador. O Proces- mindo qualquer desvio ou contrariedade. so consiste em incutir à vítima um medo (bibliografia. G.R.Stephenson 1967). constante e fazer acreditar que está mais segura sob a custódia do torturador do que E) Esta última abordagem que aqui estando em liberdade. apresentamos não recorre a animais para demonstrar o seu desenvolvimento, mas (Continua no próximo número). recorre a uma aplicação direta no homem Eduardo Barata no sentido de obter os resultados espera- dos de persuasão. 18 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

SUPLEMENTO CDPA IV CD PAÇO DE ARCOS - A ÉPOCA DE OURO, ANOS 80 E 90 Se os finais dos anos 40 e os anos 50 re- portivo da Associação de presentaram a época Patinagem de Lisboa; Colar de ouro do hóquei em pa- de Honra ao Mérito Des- tins e das ações culturais, portivo da Associação de estes anos 80 e 90 repre- Patinagem de Lisboa; Me- sentaram talvez a época dalha de Sócio de Mérito de ouro da afirmação do da Federação Portuguesa clube como tal, apresen- de Patinagem; Medalha de Mérito Associativo da tando uma evolução nunca vista, não só no Federação Portuguesa das Coletividades de aparecimento de novas modalidades como Cultura e Recreio; Medalha de Sócio de Mé- nos resultados desportivos alcançados. rito da Associação Humanitária dos Bom- Para isso muito contribuiu a estabilidade beiros Voluntários de Paço de Arcos; Meda- diretiva conseguida. Nos 20 anos das déca- lha de Ouro de Mérito, Desporto e Cultura das de 80 e 90, o clube conheceu apenas 5 da Junta de Freguesia de Paço de Arcos e presidentes. Mendes Caiado em 80-81; Xa- Medalha de Ouro Bons Serviços da Câmara vier de Oliveira em 82-83 e Brigadeiro Sou- Municipal de Oeiras. Ainda em 1981 o CDPA sa Freire de 84 a 89, João Serra de 90 a 97 viu reconhecida o Estatuto de Coletividade e Valentim Silva de 98 a 2004. Se duvidas de Utilidade Publica. houvesse sobre a importância da estabilida- No dia 14/05/1995, a convite do clube, agi- de diretiva nas organizações, o CDPA pode lizado pelo sócio Silvino Valente e pelo Prior comprovar que esse é um dos segredos do de Paço de Arcos Padre Armando Duarte, sucesso. sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa O clube viu reconhecido o seu esforço e D. António Ribeiro, visitou as instalações do trabalho desenvolvido em prol dos seus Pavilhão Gimnodesportivo e do complexo associados, dos seus atletas e da popula- de Ginásios do CDPA, deixando registado no ção em geral, por diversas e prestigiadas Livro de Ouro do Clube a seguinte mensa- organizações. Com exceção da Medalha de gem. “Felicito vivamente o Clube Despor- Bons Serviços Desportivos atribuída pelo tivo de Paço de Arcos pela atividade que Governo da Republica Portuguesa em 1971 desenvolve. Desejo-lhe o melhor para o fu- e da Medalha de Bons Serviços da Federa- turo.” ção Portuguesa de Patinagem em 2001, foi Culminando esta referencia ao reconheci- durante estas décadas que foram atribuídas mento do Clube a nível Nacional, sua Exce- ao clube a Medalha Mérito Desportivo da lência o Presidente da Republica, Dr. Jorge República Portuguesa; Medalha de Sócio Fernando Branco Sampaio, presidiu à ses- de Mérito da Associação de Patinagem de são solene, ponto mais alto das comemora- Lisboa; Medalha de Honra de Mérito Des- ções do 75º aniversario no magnifico Salão Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 35 Junho 2021 19

SUPLEMENTO CDPA IV Nobre da Sede Social no dia 6/9/96, que foi de águas de esgotos pluviais, vinda do exte- pequeno para receber todos os que qui- rior, a que esteve sujeita durante vários me- seram marcar presença associando-se ao ses teve de ser totalmente recuperada em momento eufórico da cerimonia, numa re- 99, em junho de 95 foi inaugurado um Cen- levante distinção que revela bem o prestigio tro Náutico com muita qualidade, aberto do CDPA no contexto do Desporto Nacional. aos amantes da vela e das atividades náu- Foi um evento que ultrapassou o âmbito do ticas com modernas instalações, contem- Clube e será para todos os Paço-Arquenses plando salas de aula, estruturas de apoio, motivo de jubilo. arrecadações, secretaria, posto médico, No sentido inverso foi também nesta época balneários e um restaurante, para além de que o clube no reconhecimento dos altos salas de lazer e convívio e de um hangar de e relevantes serviços e assinalável e pre- vasta lotação, numa valiosíssima obra, que ciosa colaboração, atribuiu a sua Medalha importou em mais de 130 mil contos, total- de Ouro de Mérito à Junta de Freguesia de mente financiado pela CMO, culminando Paço de Arcos, à Escola Náutica Infante D. com a inauguração em 1996 do Museu do Henrique, à Associação Humanitária dos CDPA, ambição antiga que pretendeu reunir Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos, parte significativa do espólio histórico do à Escola Militar de Eletromecânica, à Dire- clube e que teve uma comissão organizado- ção de Faróis, e a diversas personalidades ra e instaladora, composta pelos associados das quais destacamos o Dr. Isaltino Morais Pompeu Carranca, Augusto Lynce, Armando a quem foi entregue a 1ª Medalha de Ouro Maia, José Ribeiro Duarte, Rafael Ferreira e de Mérito da história do clube. Carlos Alves, e que reuniu logo de inicio, Os investimentos foram muitos, na sua importante espólio de figuras como Emídio grande maioria apoiados pela CMO, mas Pinto, Francisco Estevão, José Coelho e tan- muitos também através de ofertas e ajudas tos outros, que expôs nas 3 vitrinas existen- dadas por sócios e amigos, como por exem- tes no salão nobre da sede do clube. plo a oferta de duas carrinhas no valor de Em 1991, por ocasião do dia de Portugal, 9 mil contos feita pelo sócio Manuel Pinhei- de Camões e das Comunidades o CDPA or- ro por ocasião do 76º aniversário do clube. ganizou em colaboração com a Comissão Para alem dos necessários investimentos Nacional para as Comemorações dos Des- de manutenção feitos por diversas vezes cobrimentos Portugueses a “Regata dos na Sede Social, Pavilhão Ginodesportivo e Descobrimentos” e aproveitando as mag- Centro Náutico, e da compra de algum ma- nificas instalações do Centro Náutico, entre terial de apoio como barcos semirrígidos 27 de julho e 1 de agosto de 1995, levou à ou moto-quatro para apoio à atividades pratica, a organização do Campeonato da náutica, temos de destacar a inauguração Europa Júnior de Vela na Classe “420”, com do complexo de Sauna e Banhos Turcos em a participação de 74 embarcações, 148 ve- 1992 junto dos ginásios, a magnifica obra de lejadores em representação de 13 países, requalificação das instalações da secretaria Alemanha, Andorra, Áustria, Bélgica, Es- em 93, a inauguração da magnifica sala tro- panha, França, Holanda, Inglaterra, Israel, feus em 94 que depois da grave infiltração Itália, Portugal, Suécia e Suíça. A França foi 20 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 35 Junho 2021

SUPLEMENTO CDPA IV a grande vencedora. As repercussões a ní- rações de aniversários foram organizados vel nacional, trouxeram uma nova imagem alguns passeios dedicados aos mais velhos, para o clube, quer na sua capacidade orga- de que merecem destaque pela participa- nizativa, quer na sua competência para le- ção e sucesso o “Passeio Convívio Bodas de var a cabo grandes eventos. Diamante” em 1996 e o “Passeio Mistério” Essa competência ficou ainda reafirmada em 1997. com a organização do Sorteio das compe- A atividade das secções desportivas, regis- tições Europeias de Hóquei em Patins em taram um incremento incrível. Foi o inicio 1996 que decorreu no Salão Nobre do nos- do Ballet que uns anos após o arranque or- so Clube, no dia 13 de janeiro. O prestigio ganizou um grande festival no Palácio dos do CDPA e das suas magnificas instalações Congressos no Estoril por na época Oeiras justificaram a honrosa escolha, coincidindo não dispor de uma sala com as característi- com o interesse revelado pelo Comité Euro- cas necessárias, arrancou a canoagem que peu de Rinck Hóquei em que a solene ceri- acabou por se desmultiplicar em diversas mónia do sorteio da “Taça dos Campeões”, subseções, como o Kaiak-Polo em que se da “Taça das Taças” e da “Taça CERS” se rea- conseguiram resultados muito interessan- lizasse pela primeira vez em Portugal. tes, (Campeões Nacionais Sub16 em 2012) Na área cultural, para além do reforço da Bi- ou o Slalom onde se participou em diversas blioteca feita pela oferta por parte da CMO provas no norte do pais, e até a Canoagem de 596 volumes abrangendo os mais varia- de Lazer, com a organização de diversos dos campos da cultura, regista-se o regresso passeios sempre muito concorridos e al- da publicação do Boletim, coincidindo com o inicio das comemorações do 71º aniversá- rio do clube, e que nesta II série teria publi- cação mensal até novembro de 2003, e des- taca-se a publicação dos dois livros do Prof. Coelho “História do Clube Desportivo de Paço de Arcos 1921 – 1991, factos, nomes e números.” e “1992 -1996 factos, nomes e números, II Volume”, sem os quais grande parte da história do clube teria já caído no esquecimento. Na área social e aproveitando as comemo- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 35 Junho 2021 21

SUPLEMENTO CDPA IV guns deles nas margens do Tejo em Paço de A Filatelia renasce com a organização de Arcos. Fruto das vitórias alcançadas no Jet uma grande exposição, as Atividades Suba- Ski pelo nosso atleta Luis Centeno Fragoso quáticas atingem bons resultados conquis- e muito por sua persistência, iniciou ativida- tando mesmo um 3º lugar no Campeonato de a seção de Motos de Água que teve uma Nacional. No Xadrez somos Campeões Dis- dinâmica incrível com a organizações de di- tritais, e o Karate organiza estágios nas As- versos eventos, que foram desde as grandes provas, aos Raly Papers em Motos de Água. Muitas outras modalidades arrancaram também neste período, como a Esgrima, o Aeromodelismo, as Danças de Salão, o Car- dioFunk, o Judo, o Step, e como alguns se lembrarão de ver nos saraus anuais do clu- be, uma quantidade enorme de modalida- túrias. des de ginásio donde temos que destacar a No Andebol Feminino fomos Campeões Ginástica Aeróbica, onde por equipas fomos Nacionais da 2ª divisão em 87 e vencemos 3 anos consecutivos Vice-Campeões Nacio- brilhantemente a Taça de Portugal em 1991. nais, a Vanda Rocha foi Campeã Nacional Nos Seniores Masculinos a equipa sobe à II Juvenil e a Patrícia Abreu foi bicampeã Na- Divisão e os infantis são Campeões Nacio- cional. nais em 1996. Na Patinagem Artística destaque para a Carla Miguelito Campeã Nacional na prova de Combinado em 1996, para o Luis Roble- do 3 vezes campeão Nacional de Patinagem Livre Masculinos, e para a grande Magda Silva, Penta-Campeã Nacional, conseguindo o titulo máximo Nacional ininterruptamen- te entre o ano de 95 ainda como iniciada e 99 já como juvenil. (Tanto a Magda como o Luis Robledo viriam ainda a conquistar mais títulos na década seguinte.) Na vela os Títulos impressionam: Na classe “Optimist”: 1 Titulo de “Vencedor do Ran- king Nacional B”; 1 de “Campeão do Ran- king Nacional por equipas”; 1 “Campeão Ibérico”; 2 de “Campeão Nacional”;1 de “Campeão Nacional em barco nacional”; 22 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 35 Junho 2021

SUPLEMENTO CDPA IV 1 de “Campeão Nacional Escolas de Vela e 1 Medalha de Bronze no Mundial em “Laser 2 de “Campeão Nacional por equipas”. Em Radial”; 1 Representante de Portugal nos Jo- “Laser Standard”: 1 Titulo de “Vencedor da gos Olímpicos, em Barcelona classe “Soling”; Regata Internacional de Nantes”; 1 “Ven- 1 Representante de Portugal nos Jogos Olím- cedor do apuramento para o Mundial de picos, em Atlanta na classe “Finn” e 1 Cam- Juventude”; 3 de “Campeão Nacional de peão Mundial em Laser Radial. Espanha”; 1 de “Vencedor do Critério Na- cional de Seleção”; 1 de “ Vencedor do Ran- No Hóquei em Patins, os escalões de forma- king Nacional”; 6 de “Vencedor do Ranking ção conquistaram diversos títulos nacionais Nacional Júnior”; 2 de “Campeão do Ran- desde os Infantis em 82, 83, 90 e 99, aos ju- king Nacional por equipas; 1 de “Campeão niores em 97, passando pelos iniciados em de Portugal”; 5 de “Campeão de Portugal Jú- 84 e 85 e pelos juvenis em 86, 97 e 99. nior”; 4 de “Campeão Ibérico”; 3 de “Cam- Os seniores vêm os seus atletas Luis Fer- peão Ibérico Júnior”; 3 de “Campeão Nacio- reira e José Carlos Califórnia sagrarem-se nal”; 7 de “ Campeão Nacional Júnior”; 4 de Campeões da Europa ao serviço da Seleção “Campeão Nacional Júnior por equipas” e Nacional, respetivamente em 1987 e 1994 e 2 de “Campeão Nacional por equipas”. Em com equipas fundadas em jogadores da for- “Laser Radial”: 1 Titulo de “Vencedor do mação, participamos pela primeira vez na Ranking Nacional Júnior”; 2 de “Vencedor Taça CERS em 88, somos finalistas da Taça do Ranking Nacional”; 1 de “Vencedor do de Portugal em 89, participamos na Taça Ranking Europeu Júnior”; 2 de “Vencedor da Taças em 90, no II Mundialito de Hóquei do Critério Nacional de Seleção”; 1 de “Cam- em Patins em 91, vencemos o Torneio da peão Nacional de Classes Olímpicas”; 1 de Abertura em 92 e estamos na Liga dos Cam- “Vencedor do 1998 European Laser Radial peões em 99. Youth Grand Prix”; 1 de “Medalha de Bronze Culminando em 2000 com a merecida con- no Mundial de Laser Radial”; 1 de “Campeão quista do primeiro troféu Internacional da Nacional por equipas”; 1 de “Campeão de modalidade. A Taça CERS. Portugal Júnior”; 4 de “Campeão Nacional”; 1 de “Campeão Ibérico” e 1 de “Campeão de Luís Morais Portugal Júnior”. Na classe “Hobie Cat 14”: 1 de “Campeão Ibérico” e 1 de “Campeão Nacional”. Na classe “Hobie Cat 16”: 2 de “Campeão Nacional”. Na classe “Europe”: 1 de “Campeão Nacional”. Na classe “420”: 1 de “Campeão Nacional”. Na classe “470”: 1 de “Vencedores do Ranking Nacional”; 5 de “Campeão Nacional”. De destacar também: Caro leitor, este suplemento é o quarto de vários que iremos publicar contando a história de vida do clube. São destacáveis para que os possa reunir em livro. Siga-nos nos próximos números. Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 35 Junho 2021 23

EVENTOS Helicayenne - by paulmask.com Estamos em constante evolução e sonalidades conce- aproveitamos as oportunidades para lhias, paisagens etc., sermos mais criativos no intuito de desde que alusivas ao fazermos actividades em que a população Município de Oeiras. possa participar. Fizemos alguns eventos Podem consultar toda a informação, bem online e temos tido vários participantes na como imprimir a ficha de inscrição no site escrita criativa, fotografia bijutaria e pintu- paulmask.com e podem enviar o dossier ra. de candidatura (Ficha + fotos) para a sede Neste momento estamos a preparar o con- da Associação Cultural A Voz de Paço de curso de fotografia “Oeiras 21”. Um concur- Arcos, Rua Thomaz de Mello nº 4 B, 2770- so promovido pela Associação Cultural A 167 Paço de Arcos, ou entregar aos respon- Voz de Paço de Arcos, com a colaboração sáveis da Associação Cultural A Voz de Pa- técnica da Helicayenne, destinado a todos ço de Arcos e Helicayenne. Prazo final de os fotógrafos, amadores ou profissionais. O recepção do dossier das candidaturas: 20 objectivo deste concurso é promover o Mu- Setembro. nicípio de Oeiras no âmbito da sua candi- Ficam aqui os contactos e projectos, bem datura à Capital Europeia da Cultura 2027. como a capa do próximo número da revista Na sequência do concurso, irão decorrer Helicayenne Magazine. Boa leitura e bem hajam. exposições iti- nerantes, pelo Paulo Mascarenhas concelho de [email protected] Oeiras, com as Site: paulmask.com fotos premiadas Facebook: Heli cayenne e outras selec- Instagram: @helicayenneRevista: cionadas pelo https://pubhtml5.com/bookcase/ravo Júri. As fotos serão Paulo Mascarenhas sobre os temas: património construído, per- 24 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

Concurso de Fotografia - “Oeiras 21” Regulamento 4. Fotografias originais, sem elementos de identificação, nem marcas de água, Âmbito e aplicação ou molduras. Com resolução mínima de 1. Concurso promovido pela Associação 300dpi. Cultural A Voz de Paço de Arcos, com 5. Suporte em papel fotográfico com a a colaboração técnica da Helicayenne, dimensão de 15x20. destinado a todos os fotógrafos, 6. O dossier de candidatura, deve conter amadores ou profissionais. O objetivo ficha de inscrição, fotos a concurso, deste concurso é promover o Município com a respectiva memória descritiva de Oeiras no âmbito da sua candidatura (incluindo indicação da freguesia ou à Capital Europeia da Cultura 2027. união a que respeita) e biografia do 2. Serão atribuídos prémios, um por autor, e ser enviado em papel para a sede cada Freguesia ou União de Freguesias, da Associação Cultural A Voz de Paço e de entre estes, o vencedor absoluto e de Arcos, Rua Thomaz de Mello nº4 B, duas menções honrosas. 2770-167 Paço de Arcos. 3. Na sequência do concurso, irão A data limite de entrega do dossier de decorrer exposições itinerantes, pelo candidatura é até: 20h00 do dia 20 de concelho de Oeiras, com as fotos Setembro 2021. premiadas e outras selecionadas pelo 7. Os membros do júri e seus familiares Júri. directos, estão inibidos de se candidatar. 4. As fotos serão sobre os temas: património construído, personalidades Júri concelhias, paisagens etc. Desde que alusivas ao Município de Oeiras. A 1. O júri será constituído pelos seguintes abordagem do tema depende da cinco elementos: interpretação do fotógrafo, devendo a - Presidente Jaime Silva (A Voz de Paço de mesma ficar clara na memória descritiva. Arcos) Vitor Martinez (Paço d’Artes) Condições de participação Vitor Henriques (Helicayenne) Eduardo Martins (Núcleo de Fotografia 1. Inscrição gratuita. de Oeiras) 2. Candidatura individual. Mário Montenegro (Univ. Sénior de 3. Uma, ou duas, fotos de cada uma de Oeiras) três freguesias, ou Uniões, à escolha do concorrente. A Organização do Concurso Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 25

A VELHICE E A SUA DIGNIDADE Globalização – Vantagens e desvantagens Comecemos por definir o que é a glo- distância, vermos canais e programas te- balização. Em resumo, é o resultado levisivos de outros países, sabermos tudo de um processo histórico em que os sobre o que acontece no mundo. Portanto, fatores dinâmicos são como os tentáculos com o rápido avanço das tecnologias, a glo- dum polvo com a projeção dum produ- balização tende a crescer, a tornar-se cada to ou atividade para todos os pontos do vez mais natural na nossa vida diária. Globo. Hoje, com o desenvolvimento das novas tecnologias e dos satélites, a notícia Devido à pandemia que nos tem afeta- da erupção dum vulcão na Itália ou um do, temos meditado pouco sobre os outros maremoto no Japão, uma missiva escrita temas de enorme importância, que infeliz- em Lisboa para um familiar ou amigo a mente estão a chegar de forma direta ou milhares de quilómetros chega, como sa- indireta ao nosso quotidiano, que é a glo- bemos, em segundos ao destino. Porque balização. falamos no mesmo dia e na mesma hora com amigos na Inglaterra, na Índia ou no Com a globalização, houve um cresci- Brasil chamamos hoje ao planeta “Aldeia mento do número de migrações. Infeliz- Global”, porque estamos todos próximos mente, os países de acolhimento, não estão uns dos outros e não estamos. preparados para tal situação, como temos vindo a verificar nos acontecimentos pan- Por outro lado, termos dentro dos apa- démicos, em Odemira. relhos eletrónicos atividades, espetáculos, culturas, de outros povos espalhados pelo Não podemos negar, no entanto, um planeta enriquece-nos e diverte-nos sobre- maior uso das novas tecnologias, um de- maneira. senvolvimento das empresas multina- A globalização, além do conhecimento, proporciona-nos o prazer de usufruirmos de uma panóplia de diferentes formas de divertimento, de vida, interesses, culturas, entre outros, presentes noutros países. É considerado perfeitamente normal termos coisas que são fabricadas do outro lado do mundo, comunicarmos a quilómetros de 26 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

cionais, um maior fluxo de capitais pelo nómeno da globalização, esta encontra-se planeta e uma maior integração entre as a um “click” quer da nossa televisão quer sociedades. do nosso telemóvel. Somos constantemen- te aliciados. Sempre presente, não só nos Seguidamente enumero de forma sucin- noticiários, jornais ou outros meios infor- ta as vantagens da globalização: mativos, importantes para nos dar conhe- cimento dos acontecimentos mundiais. • Promoção do conhecimento de dife- rentes culturas O lado negativo é distrair-nos e não pres- tarmos atenção à nossa vivência – história, • Tolerância à multiculturalidade literatura, gastronomia, enfim, atividades • Modernização das economias diversas. Como técnica de marketing, so- • Expansão geográfica das empresas, au- mos constantemente aliciados com pu- mentando o fluxo dos capitas blicidade avulsa, colorida e sugestiva, di- • Melhoria das redes digitais com a sua vulgada primordialmente nos meios de consequência, reduzindo substancialmen- comunicação social, nas pausas entre no- te o espaço global. ticiário formatado com acontecimentos • Transporte simples e rápidos de indiví- nacionais e mundiais, e que acabam por duos e de mercadorias influenciar os neurónios dos mais frágeis e Como desvantagens poderemos apon- desprevenidos de tal modo que cedem ao tar: apelo da atração e sedução e adquirirem • Propagação de um estilo de vida mate- algo desnecessário, ou imprestável, endivi- rialista, com o incentivo ao consumo dando-se sem propósito. • Maior risco de doenças a serem impor- tadas involuntariamente Este último, é realmente o mais abun- • Perda da identidade cultural por parte dante e aquele com que temos mais con- dos países pequenos, em relação aos paí- tacto diariamente. ses com maior poder económico • Dificuldade na competição.Com a glo- Sendo Portugal um país com uma histó- balização passou a existir movimento co- ria de uma cultura milenar e peculiar, se- mercial e concorrência não só com empre- ria interessante que não nos deixássemos sas nacionais, mas também com empresas embalar pelo entusiasmo da globalização, internacionais. sem preservar o nosso património cada • Com maior competição, obrigou a que vez mais esquecido, por força dos motivos as empresas modernizassem e como con- atrás referidos. Nunca podemos esquecer sequência o desemprego. que foi Portugal que deu novos mundos ao • Deslocação das empresas para países mundo, e como tal temos todos, sem exce- com a mão-de-obra mais barata. ção, a obrigação magna de vincar bem alto O surgimento da globalização, o “modus toda as nossas caraterísticas particulares e operandis” da mudança social, transfor- distintivas, que orgulhosamente transpor- mou em grande medida, devido ao resul- tamos, por fazer parte do nosso “ADN” tado dos processos de modernização de relacionamento entre países, de que todos Dito isto, amigo leitor, podem contar co- fomos alvo, para o bem e para o mal. Dia- migo, para essa preservação. Espero tam- riamente, somos confrontados com o fe- bém contar consigo. *Luís Álvares Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 27

PSICOLOGIA Seja Genuína(O) Énatural pensar muitas vezes que Durante a maior parte da minha vida, somos o centro das atenções. deixei que as opiniões de outros me im- Tendemos a considerar que ca- pedissem de levar uma vida mais apra- da movimento dado é observado, jul- zível. gado e avaliado pelas pessoas à nossa volta. Devemos mudar a maneira de Em situações sociais, era mais confor- pensar sobre a opinião alheia, em vez tável para mim, concordar com o que de magicar no que os outros irão pen- era dito do que expressar as minhas sar. É mais provável que as pessoas não próprias ideias. prestem atenção aos nossos comporta- mentos, porque na realidade essas pes- Alimente as boas amizades, dê ou- soas estão focadas nos seus afazeres. vidos somente, às pessoas que gostam de si. Aceite os elogios e conselhos de É impossível agradar a toda a gente, quem lhe quer bem. não se coíba de dar a sua opinião e, ex- pressar a sua vontade. Cada pessoa vive Ao preocupar-se com o que os outros a vida de maneira diferente. Se alguém pensam de si, aumenta a insegurança reagir bruscamente a uma manifes- e limita os seus relacionamentos, pela tação sua, não se irrite e, pense que a vergonha, perda de oportunidades e vivência dessa pessoa é totalmente di- culpa. A partir do momento que deixa ferente da sua, logo, gera pensamentos de se preocupar com o que os outros discordantes. Às atitudes agressivas, pensam, amplia a sua autenticidade. deve responder cordialmente. Todos nós somos diferentes, é a dife- As pessoas à sua volta estão tão ab- rença que nos distingue dos demais. sortas nos seus próprios pensamentos e sentimentos, que não dão a mínima Se não gostar de si, tal como é; nunca importância para o que você faz. agradará aos outros. Não se preocupe, se não concordarem Viva o momento e desfrute em fazer o com as suas observações; se houver que mais gosta. consequências dos atos, quem sofre, é você. Texto elaborado por: Mafalda Ascensão Então, porque se preocupa com o que os outros pensam acerca de si? Psicóloga de formação As pessoas que se preocupam demais com o que os outros dizem, não estão seguras das suas capacidades. Compartilhe os seus talentos. A in- segurança não ajuda a revelar os seus dons, por isso mostre o que tem de me- lhor para dar. 28 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

CONTO O Condenado Aacção passa-se num espaço e num teve a lata de dizer que era do seu total des- tempo indeterminado daí que o lei- conhecimento essa comezinha obrigação tor a possa situar onde quiser… terá apenas de saber que se trata da Repú- houve também um ministro não me lem- blica dos Macacos onde bra de quê que ao comprar uma quinta para férias se esqueceu de pagar às finan- o presidente realizou uma avultada soma ças o valor da sisa e se isto não fosse relem- de dinheiro porque avisado de que as ac- brado pela comunicação social o visado ções de um determinado banco iam descer esquecia-se totalmente pois o ministro das profundamente as vendeu de imediato rea- finanças não iria fazer essa desfeita ao seu lizando um fabuloso pecúlio que empre- colega de governo gou no que a sua vontade determinou o ministro dos negócios estrangeiros re- o primeiro-ministro conhecido pela de- gressando de uma das suas muitas viagens signação de «O Luvas» ganhou tanto por à ONU vinha tão quentinho que ao sair fora nas jogatanas que realizou que fez da do avião se distraiu e levou para sua casa a pobre mãe uma rainha proprietária do mantinha que a companhia aérea empres- imóvel mais caro da República tava aos passageiros durante a viagem o adjunto do primeiro-ministro que nin- o ministro da agricultura e pecuária con- guém conhecia qual era a sua função só se frontou um deputado com o interpelou fa- sabia que servia para encobrir os roubos do zendo corninhos, porém nunca esclareceu seu chefe e ficar com algum para ele era um se estava a referir-se à cornadura dos ani- tal Ervas que se autoproclamou licenciado mais que o seu ministério tutelava se a um devido à sua experiência profissional, mas presente que a sua excelentíssima esposa que nem o ensino secundário tinha acaba- lhe oferecera pelo seu aniversário do daí que aceitemos ser um licenciado em trafulhice diversos ministros e respectivos secre- tários subsecretários e restante cambada o ministro da Justiça mexendo os corde- mentiam quanto aos currículos académi- linhos das causas que iam a tribunal as ga- cos apresentados para o desempenho de nhava todas recebendo sempre a avultada funções aumentando as suas parcas e pri- quantia que pedia para salvar os prevarica- márias habilitações literárias dores das diversas leis que constituíam os diferentes códigos abrangidos pelas infrac- alguns deputados para ganharem choru- ções das ajudas de custo habitando na capital às vezes na rua do Parlamento forneciam mo- o ministro das polícias com o dinheiro radas desactivadas situadas a centenas de ganho (sabe Deus como) comprou uma quilómetros do umphalos onde esta ban- mansão de novo-rico e mudou para lá os dalheira se passava seus tarecos servindo-se da força dos polí- cias que superentendia a classe dos artífices (dos topa a tudo) per- cebendo que também eles podiam levar os o ministro das finanças devia vários anos preços que quisessem a quem não nascera de contribuição social ao ministério que tu- para a bricolage serviam-se dos seus cré- telava e quando confrontado com a dívida ditos para pedir os altos valores que prati- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 29

CONTO cavam pelos seus serviços que na maioria se nunca roubei nada a ninguém como das vezes eram aldrabados e não ficavam a me acusam (começou o acusado) dever nada à mediocridade e à trafulhice isso deve-se aos valores morais que me o chofer de táxi que recolhendo um clien- foram inculcados pela minha educação te no aeroporto com destino ao centro da que sempre me impôs que não se deve tirar capital tomava o caminho de uma das pon- nada a ninguém tes que ligavam as duas margens da cidade regressando pela outra quando atingia o (risada geral na sala do tribunal acompa- términus dos arredores nhada de expressões como «Que totó!) uma equipa inteira de futebol foi apanha- também não sou capaz de praticar qual- da quando da sua deslocação a Londres na quer vigarice contra quem quer que seja secção da música de um grande armazém a roubar cassetes o que levou o povo igno- o que desconhecia é que estas duas ati- rante a perguntar-se para que queriam os tudes eram formas de um «feroz populis- cassetetes se não eram da bruta e ríspida mo» como o afirma o senhor juiz no seu polícia de choque libelo acusatório quando apenas procedo de acordo com a minha consciência e mais digamos em conclusão que só o réu nun- surpreendido ainda fiquei quando ouvi di- ca roubara nada a ninguém daí a acusação zer que estas duas manifestações do meu do poder judicial corroborada pelo corrup- ser tinham como objectivo a conquista do to ministro da justiça de que servindo-se de mais alto grau da nação uma das muitas formas que envolviam o populismo nunca prevaricara com o objec- eu que só quero permanecer o dia inteiro tivo de se candidatar à presidência da Re- e parte da noite na minha biblioteca entre pública e ter o voto de todos os explorados os meus livros e os meus papéis coligindo que devido à sua baixa condição económi- apontamentos para os ensaios que preten- ca nunca tinham prevaricado do escrever chegou então o GRANDE DIA por todos pode o senhor juiz e todos os cidadãos aguardado disto a que chamam país estar descansados que não estou minimamente interessado o juiz começou então a ler o libelo de que em ser presidente da República nem de o réu era acusado nada pois isso implicaria um contacto com seres que abomino pelos seus valores éticos de nunca ter desviado o que quer que fos- se ao mesmo tempo de que também não se quero apenas continuar a estudar o com- lhe conhecia qualquer vigarice o que na portamento dos meus concidadãos para sua douta opinião só podia ser entendido tentar compreender o conhecimento hu- como um feroz populismo que o levaria a mano o que aliás sempre fiz toda a minha colher muitos benefícios quando transpos- vida to para a órbita da política facto que o de- nunciava como pretendendo ascender ao terminado o depoimento do réu o juiz mais alto grau da nação pensou um momento e batendo com o seu martelinho justiceiro no local adequado em seguida o douto juiz deu a palavra ao disse que iria reunir com os jurados e sus- réu para que ele se defendesse de tão sábia pendeu a audiência por duas horas acusação José Aguiar Lança-Coelho 30 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

HOMENAGEM Joaquim do Carmo Lopes Joaquim do Carmo Lopes, é tadas de Lisboa e concelhos limítrofes, filho de Joaquim Lopes, an- aqui passavam férias, aproveitando os tigo patrão salva-vidas, este, belos areais com os famosos toldos às trineto do eminente Patrão Lopes. cores e a água cristalina, ficando conhe- Nasceu em 1930, em Paço de Ar- cida a expressão; praia velha de banhos. cos, junto ao actual Instituto de Ali desembarcavam traineiras carrega- Socorros a Náufragos e conta com das de peixe, para depois ser vendido a proveta idade de 92 anos. na lota, mesmo ali junto à praia. Como filho da terra, é com sen- tida emoção que menciona que: “nasceu no mar”, e que desde muito pequeno atirava-se da ja- nela do seu quarto para o estuário do Tejo, da pequena casa cons- truída mesmo junto ao Instituto de Socorros a Náufragos, em Paço de Arcos. Recorda com saudade e apego a sua infância e adolescên- cia vivenciadas na Vila, nomea- damente a sua inefável ligação ao mar, tendo relatado que, com apenas nove anos de idade salvou uma criança de dois anos de morrer afo- gada na antiga praia velha que se esten- dia desde o Instituto até à actual praia dos pescadores, referindo que, continua a ser conhecida como a praia velha de Paço de Arcos, e que nos idos anos qua- renta do séc. XX, muitas famílias abas- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 31

HOMENAGEM Dedicou-se à prática desportiva da E, já como avançado da equipa de Hó- vela, participando em diversas provas quei do CDPA, foi representar o clube desde muito cedo, sentindo igualmente ao Brasil, onde a sua equipa granjeou um elevado entusiasmo pelo hóquei pa- doze taças. Nesse mesmo ano, casou tins e pelo CDPA, e com 14 anos de ida- com Libânia Lopes, no Instituto de So- de participou no primeiro campeonato corros a Náufragos, nascendo fruto des- nacional na classe de “borjas”, numa sa união, Ana Maria Lopes e Margarida embarcação de recreio, tendo alcança- Lopes, também paçoarcuenses e a resi- do dois primeiros lugares em duas rega- dir na Vila. tas, individualmente e em duplas, esta última, com o amigo Claudino Vieira. Joaquim do Carmo Lopes fez a tropa na Escola Militar de Eletromecânica Aos vinte anos de idade foi convidado de Paço de Arcos, e com vinte e quatro a participar na primeira regata oceâni- anos foi trabalhar para a Sacor na Boba- ca realizada em Portugal, em 1950, com dela, como mecânico nas oficinas. A an- partida de Belém e chegada a Tanger, tiga Sacor, após o 25 de abril deu lugar em Marrocos. O barco de dois mastros à Petrogal e ali trabalhou durante trinta era o seu velho conhecido “Ribamar”. anos, vinte e quatro anos dos quais no Um barco com 14 metros de compri- regime de turnos. mento, que bem conhecera quando tinha apenas seis anos de idade, ten- Reside desde que nasceu no centro do realizado a sua primeira viagem ao histórico de Paço de Arcos e é um natu- Algarve a bordo daquela embarcação, ral contador de histórias sobre as suas na companhia de seu pai. Esta sua pri- vivências no Mar, e sobre os desígnios meira grande viagem a bordo daquela da Vila, sentindo uma profunda admi- saudosa embarcação marcou a sua in- ração e saudade dos seus tempos de fância, recordando as aventuras vividas infância e adolescência ali vivenciados, com o aparecimento de um tornado ao constituindo um importante legado de largo do Cabo de São Vicente, em Sa- Saber e Ser sobre a história da Vila de gres, aquando da ida para o Algarve. Paço de Arcos. Em 1947, representou a equipa de ju- Amaral de Figueiredo niores de Hóquei em Patins, pelo Paço de Arcos, com dezassete anos de idade. 32 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

HOMENAGEM Clotilde Moreira, A Homenagem devida… A uma Vida! ‹‹Não guardes os sonhos só para ti. Atira-os ao ar ...e deixa que o vento os leve e que longe, muito longe alguém os agarre e possa também sonhar.›› Clotilde Moreira « Natural de Águeda, onde nasceu o seu país sendo mais interventiva. Foi a 30 de outubro de 1936, Maria então que começou a sinalizar os bu- Clotilde Moreira, veio desde a racos que existiam na via pública e a sua tenra idade residir no Concelho remeter comunicação para a Câmara de Oeiras, mais propriamente em 1942 Municipal, dando identificação que para Paço de Arcos, tendo em 1964 eles existiam, onde estavam e quantas mudado para Algés após o seu ca- pedras seriam necessárias para os re- samento. E foi na terra onde viveu a solver. À época o seu marido era ve- maioria da sua vida que veio a falecer reador e para que não parecesse uma subitamente ao início da noite do pas- intromissão sua, passou a usar o nome sado dia 16 de julho de 2021. de solteira e, deste modo, continuar a dar o seu contributo à Autarquia. Na A ideia de participar na vida pública fase em que os problemas de visão do sempre a interessou, todavia, conci- Professor Celorico Moreira se agrava- liar a sua vida profissional com as ta- ram, o papel da Senhora Dona Clotil- refas da casa, ser mãe e esposa pouco de Moreira foi determinante para que tempo lhe deixavam para tal. Assim, o seu marido pudesse continuar a de- anos mais tarde, tendo negociado a sempenhar funções públicas. sua saída da empresa onde trabalhava até então, considerou que, passando Maria Clotilde Moreira destacou-se a ter maior disponibilidade, e ao re- como um exemplo de determinação, ceber o subsídio de desemprego por por “fazer diferente” e deixar uma parte do Estado deveria retribuir para marca pessoal na sua combatividade Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 33

HOMENAGEM Desenho de Serrão de Faria carros abandonados, árvores por po- dar, resíduos e monos, equipamentos em tudo o que se envolveu, sempre estragados ou outros problemas maio- com educação e simpatia. Não obs- res, como o da total desproteção que tante a sua militância conhecida, es- havia na Ribeira de Algés, nos anos tava acima de todos os movimentos e 80, constituindo um perigo para as partidos, defendia o melhor, para ser- crianças que naquele tempo ali brin- vir e desenvolver a sociedade, acima cavam, proteção essa que nos dias de de interesses pessoais, com apurado hoje ainda ali prevalece. sentido critico, batia-se por causas, por ideais, uma ativista da causa co- Nunca faltava às reuniões públi- mum por excelência. cas da Junta de Freguesia e também da Assembleia de Freguesia, Assem- Até hoje o maior exemplo de cida- bleia Municipal e Câmara, perma- dania e de sentido cívico. Uma Senho- nentemente com o mesmo propósito, ra sempre muito atenta, interventiva, chegando muitas vezes a ser a única participativa, solidária e com grande pessoa presente no público. Em to- intervenção cívica. Sempre na busca das elas, as suas intervenções, sempre da resolução de problemas e anoma- foram pertinentes e assertivas, igual- lias identificados pela própria e exis- mente cordiais. tentes na comunidade, sinalizando A Maria Clotilde Moreira era uma pessoa de humor fantástico, criativa, humanista e no seu jeito único de im- pulsionar os demais a intervir para o bem-comum, costumava dar nota, a todos os que com ela se cruzavam ou privavam, que a sua missão era ajudar os decisores.» O texto acima é parte de um voto de pesar apresentado pela CDU (organização de que era activista) e que veio a ser aprova- do por unanimidade na Assembleia Mu- nicipal de Oeiras, na sua sessão de 16 de Julho de 2021. Rogério Pereira 34 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

POESIA 480.2021 449.2021 A Nossa Praia Na Praia -tem de PAÇO DE ARCOS UM MURO MÁGICO ! (um local PREVILIGEADO…) Cumprimentamos o BUGIO (Nosso GUARDIÃO Avançado !...) (com janelas e portas…) Viradas Aos pés temos o TEJO -para o CÉU !... (a praia é fluvial…) -para o RIO !... -que -para o MAR !... nos Abraça num Beijo (no Final !...) -para o BUGIO !... AQUI Por elas passam o AR… (e NOSSOS SONHOS !.. ) Vinha a Família REAL e as CRIANÇAS (à varanda do Palácio dos Três Arcos) entram e saem (a PULAR !...) -São MOLDURAS que o Artista modelou -para a BELA PAISAGEM FRONTAL ! e em Pedra as Consagrou ! -para (por ELAS…) -despedirem-se dos Navegadores que seguiam A podermos (em Nossos BARCOS…) DISFRUTAR… SantosZoio1 . Paço de Arcos 08.08-2021 SantosZoio1 . Paço de Arcos 17.08-2021 [email protected] [email protected] Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 35

POESIA Tudo muda Ladrãozinho (Poesia infantil) Tudo muda na nossa caminhada Tudo muda desde criancinha Ladrãooo, ladrãozinho Tudo muda na tela recriada Pôs-se a correr Tudo muda da semente à vinha. Era um rapazinho Que de fome ia morrer Tudo muda no nosso amor antigo Observou um homem Tudo muda nos sonhos agitados Que estava na janela Tudo muda em cada ombro amigo Adivinha quem? Tudo muda nos tempos deslumbrados. Uma criança da favela Que pena! Tudo muda, eu sei, de que maneira Lamentou o bom samaritano Do primeiro choro à risada galhofeira Entristecido, chorando da cena Que a saudade traz até ao presente. Do mundo insano Levou um pão Tudo muda, hoje é só canseira Que estava na mesa Poemas grisalhos, paixão derradeira E manteiga noutra mão Que nos enternece nas tardes ao Da dona Teresa poente. Antes de comer Rezou o Pai Nosso 23 de agosto de 2021 Na oração a dizer Mário Matta e Silva Hoje comi o pequeno almoço Cadaval, 21 de Jan. 2020 Livonildo, in “O Começo” 36 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

Corrupção Uma tarde de verão Hidras que se agigantam; Máfias podres! Cada dia de verão que passa na claridade do Empresas de onde se desviam milhões. final duma tarde Altos cargos, sem repúdio, enchem cofres. é um momento que recordamos como se do Sem receios, alteram-se valores e cifrões. Futuro se tratasse e imaginasse viver outra vez… São várias as áreas atingidas: Mais um dia de verão viajando e -Política, Desporto, Religiões.... recebendo aquela luz tão eterna e tão sentida Pedófilos maculam almas e vidas. querida Vida que um dia és Ser e outro és Gemem cátedras e as grades das prisões. Nada… Se pudesses querida tarde viver outra vez Mesmo da própria justiça, temos medos. estarias aqui tão perto do mar e do verão. Em quem poderão confiar os povos? Estarias querida tarde abraçando o passado N ‘alguma Banca, com sedes, voam folheando livros dançando ao som da noite… ! corvos. Se pudesses querida tarde nascer outra vez voltarias para mim No mar da corrupção, nadam os polvos e pentear-me-ias com os dedos longos do pôr do e os tentáculos colam-se aos rochedos, sol. forjando outros mundos, escravos e Seria feliz ontem porque tu querida tarde degredos. renascerias para mim noutra cidade e outra idade. Oeiras2021-07-11 A eternidade está aqui sorrindo VIRGÍNIA BRANCO adormece de mãos dadas contigo. E os beijos na superfície da pele são a mesma tarde que espera por mim por ti pelos Deuses da nossa imaginação. Um abraço mais… naquela tarde na claridade daquele verão!... Graça Patrão Agosto/2021 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 37

POESIA Hoje a Terra Chora 1 2 Vou partilhar contigo meu amigo Hoje a Terra chora, tristeza, maldição As vitórias dos Seres de outrora Procurando seus ecossistemas sem se Trazendo comigo a Terra que chora deslumbrar Arrastando as memórias de um tempo A actividade humana destrói, sem res- antigo. taurar A composição química, sem qualquer Rasga-me o peito cada sonho de criança compaixão. Sobre os infortúnios dos homens do passado Fazem aumentar a temperatura global Este solo de viventes, num tempo desnu- Com derretimento dos calotes de gelo dado polar Onde amar o próximo é um bem feito de Com variação da temperatura, o que esperança. fará matar Entre os polos e os trópicos, perigo infer- Terceiro planeta mais próximo do Sol nal. O quinto maior do sistema solar De milhões de espécies este é o seu lar Salvem o Planeta, irmãos, e gente pura Vida que lateja, humanóides e sua prole. Ponham os olhos no ventre da Mãe Terra Salvem os Seres Vivos, desistam da Maioritariamente de água salgada guerra Pejada de continentes e ilhas que a bor- Que travam ao segundo sem ponta de dejam amargura. Planeta colorido, onde os sons latejam Desfeito em cada uma dessa Pátria Viva a beleza, a harmonia dos planetas amada. Não deixem que maltratem o que foi criado Pesquisas paleológicas e arqueológicas, O que nasceu, cresceu, de amor revigo- centradas rado No estudo dos seres vivos que antecede- Tragam cientistas, escritores e também ram poetas. Descoberta do fogo, da caça, do que eles viveram 12 de Agosto de 2021 Até ao homem vertical, crenças vertebra- Mário Matta e Silva das. 38 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

GASTRONOMIA Casa Galega Aoferta da, já muito reconhecida, restauração do Centro Histórico de Paço de Arcos, foi reforçada com a abertura do novo espaço da presti- giada CASA GALEGA. Após décadas de sucesso no espaço ante- rior, e inicial, mudou-se para a Rua Costa Pinto, rua principal, para um recuperado edifício “histórico” de grande qualidade. A decoração dos espaços, bar e restaurante, baseia-se nas técnicas de construção do edifício centenário, man- tendo à vista a estrutura das paredes, pe- dra e madeira. A Voz de Paço de Arcos, dá os parabéns, e deseja as maiores felicidades, a mais este importante projeto do casal empreende- dor, Marina Alon- so e Fernando Matos que muito enriquece a oferta da restauração da vila de Paço de Ar- cos contribuindo para o seu prestí- gio. José Marreiro (Fotos de Paulo Marcarenhas) Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 39

CENTENÁRIO 100 Anos do pintor e poeta luso-angolano- brasileiro Albano Neves e Sousa Albano Neves e Sousa nasceu em ilustrou, também, Matosinhos, em 1921.01.15, há mais o meu segun- de 100 anos, e foi viver com os Pais do livro, Tempo para Angola. Tirou o curso de pintura na Africano, sem me Escola Superior de Belas Artes no Porto, cobrar nada, sete após o que regressou a África. desenhos a tinta-da-china e capa, Didática Conheci-o pessoalmente, em 1968, quando Editora, 1972. realizou uma grande exposição no Palácio Foi um pintor bastante «abstrato» no iní- Foz, em Lisboa, conjuntamente com o pin- cio da sua carreira, mas quando regressou tor Preto Pacheco, também residente em a Angola sentiu que só como «figurativo» Angola. Eu tinha escrito o meu primeiro poderia retratar bem as terras e as gentes livro, Aquelas Longas Horas, a ser editado de lá, o que fez como ninguém. Se obser- na coleção Ultramar, da Mocidade Portu- varmos certas obras dele, nomeadamen- guesa/Secretariado para a Juventude, gra- te retratos, constatamos, porém, que, em ças ao empenhamento do coronel Carlos muitos, há fundo geométrico; e até em pai- Gomes Beça, comissário nacional, que sagens, por vezes, a folhagem das árvores é convidou Neves e Sousa a ilustrar o meu representada por losangos ou triângulos… livro: capa, 12 desenhos a tinta-da-china e Com o apoio da viúva Luísa, que continua sete guaches a cores, como extratextos, em residente no Brasil, em S. Salvador da Baía, 114 págs. Desse trabalho em conjunto nas- organizámos uma retrospetiva dele na Ga- ceu uma amizade até ao seu falecimento, leria Municipal Verney e ela disse-me que no Brasil, em 1995.05.11… estava preocupada, pois queria dar um des- tino ao espólio que conservava do marido O seu êxito despertou invejas, sendo acu- e não gostaria que fosse para Angola, em- sado de «pintor comercial». De facto, ven- bora tivesse lá nascido, mas saiu de lá pre- dia muito, como uma vez no Casino do cipitadamente, tendo de subornar alguém Estoril em que se destacou face à exposi- importante do MPLA para a deixar partir ção do artista internacional Caribé. Mas para o Brasil e levar os cadernos de cam- po do Albano que lhe permitiram pintar bastantes obras sobre África. Albano não levava cavalete nem máquina fotográfica para o campo, apenas um caderno para de- senhar. Depois, em casa, pintava com base nos desenhos. Portanto, Luísa não saiu a bem de Angola, mas salvou os cadernos do Albano, tal como Luís de Camões…. Sugeri Câmara Municipal de Oeiras 40 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

(CMO) para acolher o que restava do espó- ‹‹A anhara: lio e fomos falar com a presidente que nos recebeu, acompanhada pelo vereador da Chata, grande, sem fundo Cultura, mas ficámos no pendente «nim» sem árvores nem flores, - nem «não», nem «sim» -, durante cerca de apenas com gravetos espetados um ano. de longe em longe… Quando a Luísa voltou cá, passado cerca de um ano, fomos à Câmara Municipal, Sublinhando a linha sendo, de novo, presidente o dr. Isaltino inesperada e lívida de Morais e vereadora da Cultura a atual dos morros de salalé… presidente da Assembleia Municipal, Eli- Jaz, a anhara fatal sabete Oliveira. E, em cerca de 20 minutos, Onde morrem os destinos! o «nim» passou a «sim»! Marcas de pés na areia Se quisermos recordar como era África no São rastos da humanidade fim do nosso último império, devemos so- Que por ela passou… corrermo-nos da sua obra plástica e poéti- ca, como: Vinda do vazio além indo para o além vazio, sem ter pontos cardeais nem caminhos encontrados, A anhara fatal sou eu os passos, fui eu que dei, na caminhada que fiz a mim próprio perdi…» Desenho de Albano Neves e Sousa, ver Poema escrito em 1958 e incluído no livro livro O Homem Sonha?, de MBC, CMO, Macuta e Meia de Nada. 2020.12.28, pp 63. Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 41

CENTENÁRIO E do seu livro Mahamba, poesias 1943-49, Chingufos: tambores retangulares de ma- pg 29: deira, pp 82» De Macuta e Meia de Nada, pp 38: «Batuque Batuque Batuque na sombra, sombra Rasgado pelas fogueiras. Julguei que era batuque lá fora Mas é tarde demais. Cantar de chingufos Já tudo dorme a esta hora Rugidas de gomas E palmas batendo Sou eu, é o meu coração No ritmo candente Que bate doidamente Dos olhos que passam De encontro à palma da mão… Depressa rodando Nos corpos bailando. Manuel Barão da Cunha. Pancadas compridas Cantigas doridas Nota da redação, rectificação: Das bocas se erguendo No número anterior, no artigo de M. Barão da Na luz fatigada Cunha, sobre o falecimento do Maestro José Vermelha e doirada Atalaia, onde se lê o nome José Maria de Frei- Na sombra rasgada tas Branco, deve ler-se João Maria de Freitas Que vem e que volta Branco. Rufando chingufos Pelo lapso apresentamos as nossas desculpas. No ritmo candente Dos corpos rodando… Batuque na sombra, sombra Rasgada pelas fogueiras… 42 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

CRÓNICA Férias mal passadas -Seu estupor, só tu é que me fazes pas- de arranjar um sar estas vergonhas! emprego de jei- Com que então anúncios na internet to. Não passava para uma casa de férias! Tinha de dar de um precá- para o torto, estava-se mesmo a ver! Eu rio, pago à hora a entrar para uma cave de um quar- e mesmo assim tel de bombeiros ainda a pensar que mal pago. ia passar as melhores férias da minha vida. Fui corrida com o rabinho entre - Tu não és as pernas, claro! Sim, porque tu nem homem nem és tiveste a coragem de entrar. Cobardo- nada, foste burlado e tiveste vergonha las! de te mostrar. Nem a mim me dizes nada. Porquê? Porque sabes que eu - A menina deseja alguma coisa? Eu tenho toda a razão. Maricas, é o que a ver fardas de bombeiros por todos os tu és! lados, mangueiras, bombas de incên- dio, outros artefactos, tive vontade de A caminho de casa, ela desviou o dizer: eu venho aqui para gozar umas percurso. férias maravilhosas junto ao mar, o meu marido tratou de tudo pela Inter- - Vou para casa da minha mãe. Va- net. mos passar férias as duas. Para a Ri- viera Maia. Os pequenos ficam conti- - Devia ter logo desconfiado, já não é go. a primeira, nem a segunda vez que me fazes partidas destas. Um desgraçado Finalmente ele falou: - Escusas de como tu, sacana! ser tão sarcástica. Os anéis que ven- deste não davam nem para ir a Bada- Vendi os meus dois anéis de ouro joz. para o boneco. Com as crianças tão necessitadas de sol, anémicas, desco- Correu para apanhar o autocarro radas, magrinhas sem terem direito das quatro. Lá de fora, ele olhava es- ao menor raio de luz nem a um banho pantado para a sua Alzira. Na verda- nas águas cálidas do oceano. de, era mesmo um maricas, um for- ra-botas, um bocado de trampa. Ela Alzira estirava o corpo enquanto fa- tinha razão. Havia que dar uma volta lava, quase ficando em bicos de pés. à sua vida O sangue vermelho nas bochechas transmitia a ira que a dominava. Antonieta Barata Ia naquele dia mesmo, pôr um pon- to final naquela relação já tão pericli- tante de dez anos mal-amanhados. O estupor não sequer conseguia Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 43

BREVES À SOLTA II Encontro do Mulherio das Letras Portugal. Nos dias 24, 25, 26 e 27 de setembro Fica o vamos celebrar mais um grandioso convite evento: o III Encontro do Mulherio para que das Letras Portugal. se juntem É um encontro virtual de centenas de mu- a nós e lheres, de diversas nacionalidades, com adiram vista à partilha e divulgação da língua por- ao grupo tuguesa, sob a forma de vários movimentos do Facebook com o mesmo nome e acom- literários e sociais, divulgando poesia, pro- panhem a página e o III Encontro do Mu- sa e conto. lherio das Letras Portugal. Adriana Maynrick é a mulher responsável Informações: E-Mail: mulherioportugal@ por este movimento e pela produtora e edi- gmail.com | Instagram: @mulheriodasle- tora In-finita – uma grande patrocinadora trasportugal |Youtube: Canal In-Finita – e auxiliar no apoio ao Mulherio das Letras III Encontro Mulherio da Letras Portugal e Portugal. Canal Mulherio das Letras Portugal Memórias de Angola 1963-1966 Até sempre Joaquim Barata Eduardo Alberto Franco Barata - Memó- AVoz de Paço de Arcos mani- festa o seu pesar, pelo faleci- rias de Angola 1963-1966- Aventuras e des- mento do Sr. Joaquim Barata e apresenta à sua família as sentidas venturas em terras distantes, é segundo condolências. Pessoa amiga do seu amigo, que fica o posfácio do Tenente-General António na memória de quantos Campos Gil, um relato empolgante, que consigo priva- ram. mostra como a maioria dos que serviram Os clientes da Leitaria Vitó- a Pátria nessas paragens, ... o fizeram com ria, também, não o esque- dignidade e sacrifício, cumprindo o me- cerão. Paz à sua lhor que souberam e puderam as missões alma. JMMarreiro que lhes foram pedidas. Editor: Âncora, editor, Programa Fim do Império: Encomendas di- EDUARDO ALBERTO FRANCO BARATA EDUARDO ALBERTO FRANCO BARATA Liga dos Combatentes retas estão isen-«Escrever sobre um tema como a Guerra do Ultramar, num MEMÓRIAS DE Tenente-general Joaquim Chito tempo em que alguns pretendem reescrever à sua maneira a His- Rodrigues, presidente; tória, renegando um passado, constituiu em si um acto de cora- ANGOLA 1963-1966 Superintendente Isaías Teles, presidente dotas de portes dogem e valor. Estas memórias são e serão, seguramente, um valio- Núcleo de Oeiras/Cascais. so contributo para essa mesma história, de um passado recente, Eduardo Alberto Franco Barata que tocou todos os que, de uma forma ou de outra, o viveram, nasceu em Cascais, é casado, tem Comissão Portuguesa de História sofreram e no fim tudo venceram. A História também se faz de dois filhos e cinco netos. Militar memórias, daqueles que viveram os factos, das vivências pes- Licenciado em ciências farmacêu- soais que ficam para lá dos relatos oficiais e os complementam… ticas pela Faculdade de Farmácia do Major-General João Vieira Borges; Porto, onde foi professor auxiliar, presidente; assistente e investigador. Foi tam- bém professor auxiliar na Facul- Coronel Carlos Fonseca, secretário-geral. dade de Farmácia de Lisboa e no Instituto S.C.S Egas Moniz. Possui correio.Câmara Municipal de Oeiras pós-graduações em farmocopide- […] miologia pela FFUL e em ciência Li de uma assentada e gostei, porque o vivi o senti a cada cur- cosmética pela Alfawasserman. va de uma picada, em cada acção de patrulha, em cada momento Tem o curso de AEGP do IDN. de meditação, de angústia e dúvida, em cada decisão espontânea. […] Foi diretor técnico dos labora- As dezenas de operações realizadas, descritas com clareza e tórios: dermatológicos da Vichy, farmacêuticos da Vitória, e Searle. Dr. Isaltino de Morais, presidente; Pedidos em todascom um realismo, e simplicidade que envolve e transporta para MEMÓRIAS DE ANGOLA • 1963-1966 Consultor da AIC, responsável de Dr. Jorge Barreto Xavier, Diretor a acção quem lê. Presente, nesses relatos, a tensão e ansiedade dermofarmácia dos cursos de for- Municipal da Educação e Cultura antes da partida para mais uma operação, o destino no momento mação contínua da ANF. Perito da fatídico e a imprevisibilidade da guerra à espreita a cada curva, Ordem dos Farmacêuticos, mem Coordenador da Comissão escondida no denso capim. bro de várias sociedades da espe- de Representantes […] cialidade e empresário na área Coronel José Ataíde Montez. cosmética. as livrarias.Em suma um relato empolgante, que mostra como a maioria dos que serviram a Pátria nessas paragens, nos confins de um Tem publicados vários traba- Portugal longínquo de então, o fizeram com dignidade e sacrifí- lhos científicos e livros técnicos, cio cumprindo o melhor que souberam as missões que lhes foram é conferencista no ramo das ciên- pedidas. » cias farmacêuticas e realizou mais Tenente-General António Carlos De Sá Campos Gil de duas dezenas de exposições de do Prefácio pinturas e desenhos de sua autoria. Cumpriu o Serviço Militar em Angola, de 1963 a 1966, como Oficial Miliciano. Com o apoio 44 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

MEMÓRIAS Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021 45

MEMÓRIAS Livro: Os Segredos da Tia Cátia Editora: Marta Ramires SBN978-989-741-576-0 1º Edição Setembro 2016 Deposito Legal DL 412863/16 Direitos reservados CASA DAS LETRAS (uma marca da Oficina do Livro) 46 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 36 Agosto 2021

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