51Aprendendo a Viver Juntos Platão era um atleta e defendia que, pela ginástica e música, consegue-se a superioridade do es- pírito sobre o corpo. Portanto, em um corpo saudável e forte poderá haver um desenvolvimento da alma. Já em um corpo de fraqueza física não há possibilidade de vida superior. Para Platão, o Estado era como um corpo, pois o corpo era cabeça, peito e baixo-ventre, e para existir uma perfeição social, o Estado também deveria organizar-se como corpo. Dirigir uma so- ciedade é tarefa daquele que tem pleno uso da razão, isto é, capaz de compreender a ideia de justiça. Cabeça = governante; Peito = soldados; Baixo-ventre = trabalhadores em geral. ARISTÓTELES Discípulo de Platão, filho de médico e cientista, nasceu na cidade de Estagira. Por causa de sua formação, o interesse pela natureza o fez divergir do mestre Platão. É considerado o responsável, na cultura grega, pela organização, siste- matização e ordenação de várias ciências. Defendia que as ideias não nascem conosco, mas formam-se em nós pela ex- periência que temos. Portanto, a realidade está em percebermos ou sentirmos o que está em nossa frente e daí elaborarmos nossa visão de mundo. Também há no homem uma razão inata que lhe permite a capacidade de ordenar e clas- sificar as impressões dos sentidos. Isto é, o homem é capaz de criar conceitos e classificá-los. Aristóteles teve, também, preocupações com a organização da sociedade e a organização que cada indivíduo atribui à sua vida particular. Por isso, ele é consi- derado o primeiro filósofo da Antiguidade a falar de uma ética com relação à vida humana. Afirmava ele que somos diferentes dos animais por termos intencionalidades, vontade e desejo de sermos felizes. Defendia três formas de felicidade: A primeira, sendo uma vida de prazeres e satisfações. A segunda, uma vida de cidadão livre e responsável. A terceira, viver como pesquisador e filósofo. Queria dizer que, ao se buscar um equilíbrio corporal, espiritual e social, a vida seria uma realização da felicidade. Esta realização da felicidade não é individual, precisa do Estado. Segundo Aristóteles, há três formas puras de governo: a monarquia, a aristocracia e a democracia. Para ele, essas formas de governo são válidas e justas na medida em que organizem os cidadãos e consigam garantir as ne- cessidades básicas (comida, trabalho, educação, saúde etc.), visando à promoção do bem de todos (iremos aprofundar mais essas ideias no 9º ano).
52 A ÉTICA E A ANÁLISE METAFÍSICA COMO SEU FUNDAMENTO Entendendo metafísica como uma maneira profunda, que vai além da física do objeto, de en- tender e encarar as coisas, os fatos, a realidade. Portanto, é uma investigação de tudo aquilo que pode ser experimentado, tanto na percepção sensível, na imaginação ou no sentimento, quanto em uma experiência mítica, pois sempre está perguntando: “o que está por trás disso tudo?” Esta é a função do pensador: refletir sobre os fatos e suas consequências. Pensadores modernos utilizam a palavra metafísica quando a reflexão busca o significado das coisas, dos seres. Como a filosofia, a metafísica leva o homem a “ler dentro” dos fatos acontecidos e que acontecerão. Diante disso, é possível analisar os modos como pessoas veem o mundo e o que sustenta tal forma de viver. Assim temos que: Para uma pessoa religiosa, a base, o modelo, é Deus. O “ler por dentro” nada Ex.: a vida é dom de Deus, é sagrada, porque Deus é sa- mais é do que investigar a grado. Intocável em embrião ou quando desenvolvida. base, o que sustenta, o que é permanente, para daí in- Para uma pessoa que vê o mundo racionalmente, a terpretar a dinâmica das base, o modelo é o Logos. Em outras palavras, uma in- coisas e dos homens (ou teligência ou ideia ou Razão que está dentro do uni- modelo de interpretação verso e manifesta-se, sobretudo, na mente e na histó- do mundo). ria dos homens. Para uma pessoa materialista, a base, o modelo, é o Trabalho e sua dimensão humana. Por isso, as relações de trabalho são vistas em sua dimensão humana, e daí são analisados os problemas da sociedade e os caminhos de solução. Para uma pessoa pragmática, a base, o modelo, é o Agir humano atual. É boa a ação com resultados positivos, é o futuro ou o resultado que dirá se a ação é boa ou má, verdadeira ou falsa. Para uma pessoa positivista, a base, o modelo, é o Fato observado. Com as leis físicas, é possível entender toda a realidade. As leis naturais dão a ordem e, dentro desta, acontece o progresso da razão humana/científica. O Início de uma Mudança Assim, por meio da base ou do modelo é possível julgar as Assista ao vídeo: ações e a vivência ética das pessoas. Sendo a Ética a arte de realizar o Bem, nada mais é do que a realização plena da pes- “Ética para meu soa, tendo em vista o fim para o qual ela existe. Então, temos que definir primeiro o sujeito da ética e depois as normas de filho” utilizando seu comportamento moral. o leitor de código QR ou na Platafor- ma do Pensar.
53 PPeaarrreaaffsslaeaebtbtiiererrr ALGUNS IDEAIS ÉTICOS nnaa CCOOMM..AA.I.I.. AO LONGO DA HISTÓRIA No mundo grego antigo, a arte de realizar o Bem, de viver dignamente na pólis, era entendida da seguinte forma. Em Platão e Aristóteles: O ideal ético estava na bus- ca teórica e prática do Bem, que poderia ser conse- Comunidade de guida pela realidade do mundo ou na felicidade, en- Aprendizagem tendida como uma vida bem organizada, virtuosa. Investigativa Para os estóicos: O ideal ético era viver de acordo com a natureza, em harmonia com o universo. Para os epicuristas: O ideal ético era o prazer: “tudo o que dá prazer é bom”. No cristianismo: o ideal ético passava a ser o de uma vida es- piritual, isto é, uma vida de amor e fraternidade, em que o homem viveria para conhecer, amar e servir a Deus. No Renascimento e Iluminismo (entre os Séculos XV e XVIII): Com o cresci- mento da burguesia, o ideal ético era viver de acordo com a própria liberdade pessoal e, em termos sociais, com o lema da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Para Kant (grande pensador do Iluminismo): O ideal ético era a autonomia in- dividual, pois o homem racional, autônomo, é aquele que age segundo a razão e a liberdade. No Século XX: os pensadores existencialistas insistiram na questão da liber- dade como ideal ético. Os pensadores sociais e dialéticos tinham como ideal ético a busca por uma vida social mais justa. Vemos, então, a ética voltar-se para as relações sociais, procurando construir um mundo mais humano. Quando buscamos o ideal ético do momento no qual vivemos, Aprendendo a Viver Juntos na realidade em que estamos, podemos observar o quê? Uma massificação das ações por um comportamento amoral. Como este se dá? Pelos meios de comunicação, interesses econô- micos, interesses políticos, pelas ideo- logias, entre outros fatores, e isso vem mostrar que não é fácil a existência de pessoas livres, de cidadãos conscientes, participantes e críticos. Até parece que hoje é mais difícil o indivíduo ter autono- mia, ter um ideal ético.
54 1. Com a colaboração do(a) professor(a) de História, vamos or- ganizar dois painéis. A turma será divida em dois grupos. iRaRnçeetõfefellresedxixnõiõsetceesrise- Um deles irá pesquisar sobre a Revolução Francesa e a pdnCliaisOncCiaMpOrlMien.Asa.Anr.Ie..aIs. busca dos seus ideais de Liberdade, Igualdade e Frater- nidade. Outro grupo irá deter-se na Revolução Indus- trial e seus benefícios e prejuízos para a humanidade. Os dois painéis serão explicados para todos da turma, e será feita uma exposição deles para toda a escola, com a finalidade de que todos possam entender o que acon- teceu nestes dois momentos históricos fundamentais para a humanidade nos níveis econômicos, sociais, po- líticos, ideológicos, religiosos e comportamentais. 2. Tendo presente que a Ética “pode ser vista como uma Comunidade de arte que torna bom aquilo que é feito e também aquele Aprendizagem que a faz”, procure observar no seu dia a dia dois exemplos Investigativa de comportamentos sociais que chamamos de: Ética normativa: Ética descritiva: * Lembrando que essa separação é meramente didática, pois, na vida real, os problemas éticos e os proble- mas específicos da vida prática estão juntos. 3. Vamos analisar a letra da música Até quando esperar?, Assista ao vi- composição de André X, Gutje e Philippe Seabra, da ban- deoclipe utili- da Plebe Rude. É importante termos em conta que letra e zando o leitor de música surgiram nos anos 80, foram regravadas por várias código QR ou na bandas e muitos músicos, e continua atual. Plataforma do Em equipe, será feita a ilustração da letra, utilizando Pensar. pequenos recortes de revistas e jornais. Este trabalho será exposto na escola. O Início de uma Mudança 4. Junto com a disciplina de Língua Portuguesa, o trabalho da COM.A.I. é analisar o poema “Só de sacanagem”, de Elisa Lucinda. Após a análise, cada aluno deve registrar o seu entendimento. Assista ao vídeo “Só de Sacanagem”, utilizando o leitor de código QR ou na Plataforma do Pensar.
55 PPcceeonnmssaaoorr A MALETA PPRNRNOOIISSTTTTAAAAGGSSOO- Objetivo: conscientização sobre a estrutura da sociedade que reforça a defesa dos interesses particulares, não esti- mulando o compromisso solidário. Material: uma maleta chaveada, chave da maleta, dois lápis sem ponta, duas folhas de papel em branco, dois apontadores iguais. Desenvolvimento: formam-se duas equipes. Para uma equipe, entrega-se a maleta chaveada, dois lápis sem ponta e duas folhas de papel em branco dentro da maleta. Para a outra equipe, entrega-se a chave da maleta e dois apontadores iguais. O professor pede para as duas equipes negociarem entre si o material necessário para cumprir a tarefa, que é a seguinte: ambas deverão escrever “Eu tenho Ética e sou cidadão”. A equipe vencedora será a que escrever primeiro a frase e entregá-la ao coordenador. A frase deve ser anotada no quadro ou em cartaz em letra grande e legível. DESAFIO AOS PROTAGONISTAS Aprendendo a Viver Juntos Como ideia forte deste capítulo, temos: “Sendo a Ética a arte de realizar o Bem, nada mais é do que a realização plena da pessoa, tendo em vista o fim para o qual ela existe”. Vamos cumprir a tare- fa fazendo o contraponto do crescimento grupal com a participação de todos e capacidade de ne- gociação. Como atividade prática, a COM.A.I. deverá ana- lisar uma situação da escola em que deva haver uma negociação com a Direção ou Coordenação. Essa situação será discutida e, em conjunto, será proposta uma solução para melhoria. Por que não partir da máxima: “Age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir tor- ne-se uma lei universal”, apresentada pelo filósofo Kant?
56 EMMANUEL KANT (1724-1804) ““PPffooeernrnaassadadrara “Moral do dever e imposição de normas a si mesmo” caaiixxaa” ”e e ddeeiixxaar r Após a Idade Média, caracterizada pela sociedade mmaarrccaas s feudal, houve várias mudanças nos aspectos econô- mico, científico, social, político e religioso. Na Idade Moderna, do Século XVI até o começo do Século XIX, a ética antropocêntrica atingiu seu ponto culminan- te com a ética de Kant, a mais perfeita expressão da ética moderna, que repercute em nossa época. O Início de uma Mudança Contam de sua vida que nunca saiu da sua cidade natal e que ti- nha uma vida bastante regrada, tanto nos horários, na organização, nos afazeres, quanto no seu pensamento sobre a Filosofia. Suas obras éticas fundamentais: Fundamentação da metafísica dos costumes (1875) e Crítica da razão prática (1788), antecedem a Revo- lução Francesa, de 1789. O próprio Kant acompanha de longe, com admiração, a revolução, querendo que esta venha a acontecer na Alemanha, o que não era possível. Consegue, sim, que a revolução inicie-se no campo do pensamento. Ele revolucionou a Filosofia ao inverter a ordem nas relações sujeito-objeto. No aspecto do co- nhecimento, não é o sujeito que gira ao redor do objeto, mas o con- trário. Aquilo que o sujeito conhece é o produto de sua consciência. No campo moral, o sujeito ( = consciência moral) dá a si mesmo a sua própria lei. Como sujeito que pensa ou sujeito moral da ação, é criador, autônomo e está no centro, tanto do conhecimento quanto da moral. Defendendo a liberdade do homem, o ponto de parti- da da sua ética é o fato da moralidade. Isto é, acredita que o homem sente-se responsável pelos seus atos e é cons- ciente dos seus deveres. O que seria o bom? Para Kant, o único bom em si mesmo, sem restrição, é uma boa von- tade, que nada mais é do que agir em respeito ao dever, ou seja, estando conforme a lei moral. É o seu imperativo categórico: “Age de maneira que possas querer que o mo- tivo que te levou a agir torne-se uma lei universal”. Sua ética é formal e autônoma. Por isso, dita um de- ver para todos os homens, independentemente de sua si- tuação social. É uma ética de tendência antropocêntrica, pela qual o homem é, antes de tudo, ativo, produtor ou criador de seu pensar e de suas ações.
57 PlPleeaarrrreeaa FUNDAMENTAÇÃO DA ssaabeerr METAFÍSICA DOS COSTUMES Obra escrita em 1785, é a primeira especificamente dedicada por Kant à moral, tema também presente em outras obras poste- riores, como Crítica da razão prática e Metafísica dos costumes. mmaaiiss No prefácio, Kant coloca a posição que deve ser ocupada pela moral na Filosofia, justificando sua iniciativa com considerações teóricas e imperativos éticos. Este livro está dividido em três seções. Na primeira, “Passa- gem do conhecimento racional comum da moralidade ao conheci- mento filosófico”, aborda principalmente que agir moralmente é agir por dever, o que não tem o mesmo valor de agir conforme o dever; por exemplo, posso pagar minhas dívidas para ter mais crédito, ou evitar mentir para que sempre acreditem em mim, mas, nesses dois casos, não ajo moralmente. O dever é a necessidade de realizar uma ação unicamente por respeito à lei moral. A segunda seção realiza a “Passagem da filosofia moral popular para a metafísica dos costu- mes”, na qual aparecem algumas fórmulas ou alguns imperativos categóricos: “Age unicamente segundo uma regra de conduta que Pensaram “fora da possas querer transformar em lei universal”. caixa” e deixaram marcas. E você? “Age como se a tua regra de conduta devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da natureza”. Aprendendo a Viver Juntos “Age de tal sorte que trates a humanidade, tanto em tua pessoa quanto na de outrem, sempre como fim, e jamais apenas como meio”. A terceira seção realiza a “Passagem da metafí- sica dos costumes para a crítica da razão pura prá- tica”. A liberdade é a chave de tudo e ela consiste na ausência de determinações coercitivas estranhas, mas não significa ausência da lei. O homem pode conceber-se sob dois pontos de vista: como ser na- tural sensível, submetido ao determinismo, e como ser inteligível, livre.
Comportamento humano e convivência social 05
59 ddPiPisseeccnnuuststaiairrrr,e,e pprordoudzuirznira CCOOMM.A.A.I..I. Comunidade de Aprendizagem Investigativa AMIZADE, AMOR, Aprendendo a Viver Juntos GENEROSIDADE Um velhinho muito bondoso e trabalhador levava uma vida tranquila ao lado da mulher que adorava. Havia apenas um problema: eles não tinham filhos. Assim, quando seu irmão caçula morreu, deixando três jovens órfãs, o velhinho rapidamente convidou as sobrinhas para morar na casa dele. – Nós seremos sua nova família – ele lhes disse. Aqui, vocês terão tudo o que precisarem. Es- tamos muito felizes com a chegada de vocês. Durante alguns anos, a harmonia reinou naquele lar e o velhinho foi muito feliz. Porém, quan- do sua mulher morreu e ele se viu sozinho com as sobrinhas, teve uma profunda decepção, pois as garotas não se preocupavam em cuidar dele, só queriam passear. No início, ainda o ajudavam um pouco nos afazeres domésticos, mas, depois, passaram a interessar-se apenas pelos amigos, por roupas novas, festas e namorados. O velhinho estava triste e com saudade da mulher, quando um amigo de infância veio de longe para visitá-lo. – Que bom revê-lo! – o amigo lhe disse. Tantos anos se passaram desde que brincávamos jun- tos na montanha! Mas você está me deixando preocupado. Quando me contaram que agora suas sobrinhas viviam com você, pensei que fosse encontrá-lo alegre e bem cuidado. Só que você está tão magro, suas roupas estão furadas… O que é isso? – Eu não sei onde foi que errei. Minhas sobrinhas mudaram da noite para o dia. Às vezes, tenho a impressão de que nem se lembram mais que existo! – disse o velhinho, amargurado. – Ah, então vamos mudar tudo isso! – disse o amigo sorrindo. Tenho um bom plano! Quero que você me encontre amanhã no meio da praça, para que todos possam nos ver. Vou lhe dar um baú de presente. Ele vai lhe trazer muita sorte e felicidade, mas você nunca poderá abri-lo, certo? O velhinho concordou e, no outro dia, foi até o local combinado esperar pelo amigo. Este che- gou muito bem vestido, parou no meio da praça e, fazendo de tudo para chamar a atenção das pessoas, disse em alto e bom som:
60 – Velho amigo! Quero honrar nossa amizade e retribuir sua bondade! Por isso, trouxe-lhe este baú. Ele contém um grande tesouro. Mesmo assim, é pouco diante de tudo o que lhe devo. No dia seguinte, na cidade inteira só se falava da fortuna do velhinho. Mal souberam da no- vidade, as sobrinhas passaram a fazer de tudo para agradar-lhe. Até o final da vida, ele foi muito bem tratado pelas três garotas. Quando o velhinho morreu, suas sobrinhas correram para abrir o baú, certas de que estava repleto de ouro e pedras preciosas. Foi grande a surpresa que tiveram ao ver que ali só havia um amontoado de pedregulhos e um bilhetinho onde se lia: “A amizade, o amor e a generosidade não têm preço. Espero que tenham aprendido a lição. Adeus”. História do folclore do Himalaia A COM.A.I. deverá comparar escrevendo abaixo, tendo presente os comportamentos dos per- sonagens dessa história, os comportamentos morais e a convivência social em nossa realidade atual. Comportamentos dos Comportamentos morais e a personagens da história convivência na sociedade atual Moral da história: O Início de uma Mudança Pela natureza, o homem relaciona-se com AAmmdppolliissaaççããoo o mundo exterior, podendo transformá-lo ma- eenntteennddiimmeennttooss terialmente, conhecendo-o, contemplando-o e até mesmo ignorando-o quando o destrói. Aula com o assessor pedagógico Há quem afirme que o homem usa o mundo Assista utilizando o leitor de código exterior conforme suas necessidades. Nesse QR em seu celular ou conectan- comportamento prático e utilitário, transfor- do-se na Plataforma do Pensar. ma a natureza com seu trabalho, produzindo muitas vezes objetos úteis, outras vezes, des- truindo-a por causa de interesses econômicos particulares ou de grupos. O homem é capaz de estabelecer uma re- lação teórico-cognitiva com os objetos do mundo exterior. Por isso, compreende o que e como as coisas são e estabelece comporta- mentos.
61 Aprendendo a Viver Juntos Também é importante lembrar da capacidade de termos comportamentos polí- ticos e estéticos (que veremos no livro Somos filhos da pólis - 9º ano). Podemos mudar, conhecer e re- produzir o mundo, o que chamamos de comportamento político e estético. Nesse aspecto, está colocada a capaci- dade de expressar, exteriorizar ou mes- mo reconhecer-se no mundo exterior e no mundo interior, seja por capacidade própria, seja via natureza ou em obras de arte. No que se refere ao mundo interior, exis- te também um comportamento religioso. Assim, o homem relaciona-se indiretamente com o mundo mediante sua religação com um ser transcendente, sobrenatural ou Deus. Esses comportamentos do homem, ou suas relações com o mundo, desencadeiam uma diver- sidade de relações entre si. Dessa maneira, temos diversos tipos de comportamentos humanos que se materializam na economia, na política, na educação, perante as leis, na sociedade e nas questões morais. Diversificamos, então, o comportamento, de acordo com o objeto com o qual entramos em con- tato. Isso acontece também com o tipo de necessidades que criamos diante do objeto (produção, conhecimento, formas de expressar-se, transformar ou manter a ordem social estabelecida, ma- neira de expressar o belo). Precisamos estar atentos, pois as condições históricas concretas determinam qual é o tipo de comportamento humano dominante nas sociedades ou em épocas determinadas. Por isso, vemos que, na história, houve épocas em que o comportamento humano predominante era o religioso, outras épocas em que era o político, outras em que o comportamento era de submissão. O comportamento humano dominante em todas as épocas históricas foi o da necessidade vital e inadiável de produzir os bens necessários para a sobrevivência, isto é, a estrutura econômica. Vendo as diferentes formas do comportamento humano na história, dentro de estruturas sociais e econômi- cas, podemos tentar entender o porquê de certos comportamentos hoje. Também devemos ter presente que o comporta- mento moral relaciona-se com os outros comportamentos humanos: religioso, polí- tico, jurídico, científico, social etc.
O Início de uma Mudança62 COMPORTAMENTO MORAL E RELIGIÃO Vamos buscar entender religião aqui em um sentido mais abrangente. A religião é a fé ou a crença na existência de forças sobrenaturais ou em um ser transcendente (Deus). O homem pro- cura estabelecer uma relação com ele, quer ligar-se a ele. Assim, entendida a religião, ela caracteriza-se por: produzir um sentimento de dependência no homem; garantir que os males do mundo não têm efeito sobre quem terá o bem no outro mundo. Essas características da religião, colocadas pelas igrejas cristãs, defendem: 1. a certeza de um Deus como verdadeiro sujeito e a consequente ne- gação da autonomia do homem; 2. que a verdadeira libertação do homem acontecerá em um outro mundo que só será alcançado após a morte. Ora, reconhecer a salvação dos males desse mundo por um Deus é ter como verdadeira a exis- tência real dos males e da incapacidade do pleno desenvolvimento do homem. Porém, quando a religião promete outra vida melhor, não quer só ressaltar a incapacidade do comportamento hu- mano autônomo. A religião também mostra a necessidade de um protesto contra a miséria real. Vale ressaltar que, se ela não é protesto, passa a ser um instrumento de conformismo, resignação ou conservadorismo. Em outras palavras, um comportamento passivo. Por isso, na história da humanidade, vemos muitas vezes a religião como ideologia, servindo à classe dominante. Hoje, como em suas origens (religião dos oprimidos, dos excluídos), surge uma religião não conformista, que está na luta com outros segmentos sociais por uma transformação efetiva do mundo humano real. Quando analisamos as relações entre a moral e a religião, é preciso lembrar que a sua inter- ferência no comportamento humano ocorre: a. quando a religião inclui regulamentação das relações entre os homens, uma certa moral – ex.: Os Dez Mandamentos; b. quando a religião passa a ser a garantia de que os valores morais vêm de um fundamento absoluto – ex.: Deus. Assim, podemos afirmar que, sem religião, não haverá moral. Ouvimos o personagem Ivan, na obra Os Irmãos Karamazov, do romancista russo Dostoiévski, afirmar: “se Deus não existisse, tudo seria permitido”. (Livre arbítrio no capítulo 6, página 78. Um comportamento moral não é originário da religião, é até anterior a ela. Os homens primiti- vos tinham certas normas que regulamentavam as relações entre os indivíduos e a comunidade. Houve épocas em que a relação entre os homens estava pontuada por procedimentos religiosos. No passado, tínhamos o fundamento e a garantia de um comportamento moral, Deus. Hoje, ain- da se faz presente tal garantia, assim como são cada dia mais numerosos os que procuram, no próprio homem, seu fundamento e sua garantia.
63 COMPORTAMENTO MORAL E POLÍTICA O que é política? Quais as características de um comportamento moral e de um comportamen- to político? Quando faço algo, escolho algo, é um ato político ou não? Vejamos o exemplo: “Vou deixar de consumir tal produto, pois descobri que é feito utilizando trabalho infantil ou por mão de obra semiescrava e com exploração nos países pobres”. Pense em outro exemplo que seja um comportamento político (= escolha), na mesma proporção do exemplo acima e registre-o aqui: Queremos entender por política, aqui, as relações entre grupos humanos (classes sociais, po- Aprendendo a Viver Juntos vos, nações). Essas relações podem ser vistas como atividades que as pessoas realizam por meio de organizações específicas, os partidos políticos. Os partidos políticos buscam orientar, desenvolver, derrubar ou transformar o regime políti- co-social que existe. Por isso, o partido é o meio de expressão de grupos sociais, visando aos inte- resses econômicos, sociais, e buscando a conquista do poder estatal para mudar ou conservar a ordem política, econômica e a ideológica existente. A política é, então, uma forma de participação consciente, organizada, de setores da sociedade, com seus programas que trazem resultados em curto e médio prazo, com os seus métodos para realizá-los. Também é entendida, a política, como possibilidade dos atos espontâneos de indiví- duos ou grupos, como atividade prática, organizada e consciente. O ato político, portanto, tem função coletiva, e a atuação diz respeito a interesses comuns. No comportamento político, existe o elemento grupo ou classe social. No comportamento moral, ainda que o coletivo seja fundamental, porque somos seres sociais, o elemento íntimo e pessoal é importante, uma vez que tomamos decisões pessoais, aceitamos normas e assumimos uma res- ponsabilidade pessoal. Comportamento político e comportamento moral não podem identificar-se. Um não absorve o outro. Ambos são realizados no grupo social, no coletivo, em uma relação mútua. Podemos exem- plificar da seguinte forma. Usar cargo político em benefício próprio comportamento político injusto e comportamento moral reprovável. Explorar a força de trabalho de uma pessoa e não pagar adequadamente comportamento político injusto e comportamento moral reprovável. Colar em uma prova, enganando a si e ao professor comportamento político injusto e comportamento moral reprovável.
O Início de uma Mudança64 COMPORTAMENTO MORAL E CONVIVÊNCIA SOCIAL As normas de convivência social, também chamadas de convenções, são um tipo de comportamento nor- mativo. Entre elas, as várias formas de saudação, as maneiras de atender a um amigo ou a um convidado em casa, o uso da roupa, formas de cor- tesia, a fineza, o cavalheirismo e a pontualidade. Muitas dessas regras sociais pas- sam de uma época a outra, para as sociedades, e acontecem em diver- sos países e em diferentes grupos sociais. Outras, desaparecem ou sofrem modificações devido às mudanças sociais e cultu- rais. Um exemplo disso é a regra, para os homens, de tirar o chapéu quando estão em um lugar reservado. Hoje, os homens não usam mais chapéus, mas a regra ainda vale para o boné, ou não? Historicamente, a convivência social costuma ser aceita em razão da classe ou do grupo so- cial dominante. Há mudanças quando forças sociais adversas impõem ou buscam expressar seu inconformismo com as normas vigentes, como no caso dos hippies, de grupos que se identificam pelo corte de cabelo, pelas roupas, tatuagens etc. Cabe perguntar: o que aproxima e o que distancia o comportamento moral do comportamento na convivência social? O comportamento na sociedade tem a função de regular as relações en- tre as pessoas, isto é, ditar um comportamento normativo. Assim, está garantida a convivência social dentro da ordem estabelecida. Tanto as regras morais quanto as sociais são obrigatórias, e seu cumpri- mento passa pela opinião dos outros. Mesmo sendo uma coação externa, não assumem um padrão coercitivo. Posso conviver em uma sociedade, aceitar as regras de comportamento sem apresentar a adesão íntima ou cumprir de maneira sincera a con- venção. Por exemplo, aceitar dividir o mesmo espaço com alguém que, internamente, não tolero. Por isso, o comportamento social é normativo, pois regula a forma exterior da convivência de todos em sociedade.
65 COMPORTAMENTO MORAL PARA QUÊ? Partindo do princípio de que as ações são, em sua maioria, conscientes e que cada um é senhor de sua própria vida, surgem questões: como resolver o que fazer? Quando se toma uma decisão, saber o que faz? O que dizer dos momentos em que a ação é um impulso? Costuma-se defender que, em uma sociedade onde há progresso moral, acontece a ele- vação da responsabilidade moral das pessoas ou dos grupos sociais no comportamento mo- ral. Isso só é possível havendo liberdade de opção, de decisão. Julgar um comportamento por uma norma ou regra de ação, sem examinar as condições concretas em que se realiza, pode ser um julgamento precipitado. Agora, examinando as condições concretas para ver se há possibilidade de opção e de decisão, poderemos atribuir uma responsabilidade moral. Ficam, então, algumas questões: Em que condições uma pessoa pode defender ou censurar um comportamento, uma ação? Em que condições pode-se atribuir responsabilidade ou não a um comportamento de uma pessoa? Aristóteles respondeu a essas duas questões, estabelecendo duas condições fundamen- tais para o indivíduo assumir sua responsabilidade: que seu comportamento apresente um caráter consciente; e que sua conduta seja livre. Dessa maneira, um comportamento, para ser julgado moralmente, precisa ter, de um lado, o conhecimento; de outro lado, a liberdade. Desse modo, é possível exigir e cobrar uma responsabilidade. Ouça o PODCAS: Conhe- ce a ti mesmo utilizando o código QR ou na Platafor- ma do Pensar Aprendendo a Viver Juntos
66 COMPORTAMENTO MORAL = CONHECIMENTO E LIBERDADE Somente pela reflexão e pelo aprimoramento do espírito PPaarraa ssaabbeerr crítico (= conhecimento) é que se constroem ideias e pensa- e reffleettiirr mentos para o exercício da liberdade (=Educar para o Pen- sar), fator indispensável para o comportamento moral na nnaa CCOOMM..AA.I.I.. história da humanidade. A sociedade, cada vez mais marcada por ideias e visões científicas e tecnicistas, aponta para visões mecanicistas e materializantes das relações. A riqueza é apresentada como Comunidade de modelo de poder supremo. E porque os ricos são poderosos, Aprendizagem buscam-se os bens da fortuna e não os bens da sabedoria. E Investigativa com o exercício do poder acontece a ilusão da liberdade. Daí o modelo atual colocado pela mídia: “ser rico, e não ser sábio”. A riqueza só é atingida por meio de instrumentos, por isso a necessi- dade de fazer sempre a pergunta: “para que serve isto?”. O “para que” é sem- pre uma valorização utilitária. E o útil nunca é visto em si, mas como um meio, um intermediário, para atingir um fim. Após a utilização, podemos dispensar. Exemplos são muitos: um computador é útil, porque seu fim é ; um carro é útil, porque seu fim é . O Início de uma Mudança Ninguém faria um computador ou um carro somente como objetos estéticos, isto é, apenas para serem contemplados. Pelo próprio conceito de “útil”, verificamos que não pode ser conside- rado como um critério absoluto para o julgamento dos valores, pois o que é útil não tem valor por si, mas só tem valor por aquilo que serve. “Inútil” é o que não tem um fim no outro, é o que não se sujeita ser um meio, instrumento ou intermediário, mas o que tem valor por si e em si mesmo. Impõe-se pelo seu ser e não por sua utilidade na conquista de um fim fora de si. O seu fim é ele mesmo. É dentro dessa “inutilidade” que deve residir o homem com comportamento moral (= li- berdade e conhecimento). Por outro lado, o homem-máquina vive no campo da utilidade. O homem dentro da obser- vância do comportamento moral é o sábio pensador. Em oposição, está o homem-máquina, que é qua- se sempre o técnico pragmático e consumista.
67 CONHECIMENTO E LIBERDADE No decorrer da história, o homem, como ser pensante, tenta encontrar formas novas para superar dificuldades e encontrar soluções para seus problemas. Para isso, precisa estar sempre aberto à reflexão, tanto com relação ao que acontece no mundo como consigo mesmo. A inteligência humana, sempre desafiada, depara-se com as grandes interrogações, e muitas respostas são misteriosas. O que nos deixa no desafio tranquilo do entendimento pela reflexão. Situações que preocupam e deixam o homem contemporâneo em constante investigação: conquistas e conhecimentos espaciais; avanços científicos, tecnológicos, sociais; guerras e intolerâncias; o bem-estar produzido pela tecnologia e sua adequação com a vida, consumismo x necessidades; preocupações: - com a poluição e destruição da natureza; - com o trânsito; - com a explosão demográfica; - com a mão de obra ociosa (desemprego); - com a disparidade social; - com a desigualdade econômica; - com o número crescente de marginalizados; - com a fome; - com o crescente poder aquisitivo por parte de alguns. Ouça o PODCAST “Preocu- pações sobre o conhecimento e liberdade”, disponível na Plataforma do Pensar. Somos convocados a saber Aprendendo a Viver Juntos viver bem. Por esse motivo, é importante uma reflexão cons- tante sobre o comportamento mo- ral, tendo presente o conhecimento e a liberdade como panos de fundo.
68 1. Podemos dizer que o comportamento do homem diante de um fato qualquer é fácil? Quando a escolha for entre dois aRiRçneõfetelefeslxreindõxetiõessrcee-is- fatos bons, também é fácil? Procure, a partir do exem- plo a seguir, pensar e registrar uma situação relevante para depois discutir com um colega. Ex.: Tenho duas possibilidades de como utilizar meu tempo livre após as aulas: posso ficar na frente do colé- dnpiaCslciCOnipOaMlMirne.a.AAsren..IIs..a gio com meus amigos e os alunos do outro período ou ir até a biblioteca iniciar um estudo. Supondo que uma situação é má e outra é boa, fica fácil a escolha. Ago- ra, dois fatos bons: ir ao cinema com alguém de quem gosto muito e estar em uma festa animada com toda a minha turma. Fica fácil fazer a escolha? Comunidade de Aprendizagem Investigativa Agora, cite seu exemplo e comportamento. O Início de uma Mudança 2. Lemos na Ampliação dos entendimentos (início deste capítulo): “Precisamos estar atentos, pois as condições históricas concretas determinam qual é o tipo de comportamento humano domi- nante nas sociedades ou em épocas determinadas”. Agora, em COM.A.I., vamos chegar a um con- senso de qual é o comportamento humano dominante hoje? 3. É importante fazermos uma pesquisa no nosso colégio para saber o que a Direção Geral e a Pe- dagógica pensam sobre o Comportamento Humano e a Moral no espaço escolar. A tarefa consiste em organizar uma entrevista para sabermos a opinião desses profissionais e relacioná-la com os conteúdos que trabalhamos neste capítulo. 4. Vimos que é preciso ter conhecimento e liberdade para exercer plenamente nossa responsa- bilidade moral. Também foram apresentadas várias situações que preocupam o homem contem- porâneo e o deixam em constante investigação. Junto com o professor de história, vamos pensar o que mais desafia o conhecimento humano em situações que nos levam a investigar e ter co- nhecimento para podermos ser livres.
69 DIFICULDADES NAS ESCOLHAS PPcceeonnmssaaoorr Participantes: toda a turma do 8º ano. PPRNRNOOIISSTTTTAAAAGGSSOO- Tempo: uma aula. Descrição: Divide-se a turma em pequenos grupos e cada aluno lê a sua escolha referente ao “abrigo subter- râneo” (lembrando que é necessário saber justificar). A seguir, em grupos de 5 alunos, abre-se a discussão e são expostos os entendimentos dos participantes, para que tomem uma decisão, escolhendo as seis pessoas de pre- ferência do grupo (com justificativas). Ao final, forma-se novamente o grupo maior, para que cada subgrupo possa relatar o resultado da decisão grupal. Segue-se um debate sobre a experiência vivida. ABRIGO SUBTERRÂNEO Imaginem que nossa cidade está sob ameaça de um bombardeio. Então, aproxima-se um ho- mem e solicita aos habitantes uma decisão imediata. Ele diz que existe um abrigo subterrâneo que só pode acomodar seis pessoas, porém há doze pessoas interessadas em entrar no abrigo. Façam as escolhas, escolhendo seis somente. Um violinista, com 40 anos de idade, narcótico viciado. Um advogado, com 25 anos de idade, recém-formado. A mulher do advogado, com 24 anos de idade, que acaba de sair do manicômio. Ambos prefe- rem ou ficar juntos no abrigo, ou fora dele. Um sacerdote, com setenta e cinco anos de idade, aposentado, mas atuante no seu magistério. Uma prostituta, com 34 anos de idade. Um ateu, com 20 anos de idade, autor de vários assassinatos. Uma universitária que fez voto de castidade. Um físico, com 28 anos de idade, que só aceita entrar no abrigo se puder levar consigo sua arma. Um declamador fanático, com 21 anos de idade. Uma menina com 12 anos e baixo QI. Um homossexual, com 47 anos de idade. Um deficiente mental, com 32 anos de idade, que sofre de ataques epilépticos. DESAFIO AOS PROTAGONISTAS Aprendendo a Viver Juntos O comportamento humano e a convivência social exigem cada vez mais de cada ser hu- mano a concretização do binômio Conhecimento e Liberdade. Nesta atividade, vamos exer- citar esse binômio, tendo presente também a necessidade da responsabilidade. Aqui, é o começo de uma sensibilização e discussão sobre o respeito às decisões que devemos tomar a cada instante, bem como perceber que sempre estamos diante do livre-arbítrio e do determinismo. Pensem em alguma atividade, enquanto COM.A.I., que possa fazer diferença na sua escola e na comunidade em que a escola esteja localizada.
70 JEAN-PAUL SARTRE (1905-1980) “A angústia da liberdade” “P“fPfoeoernrnaassadadrara Filósofo e escritor de sucesso, escreveu romances, contos, peças de teatro, crônicas, fez crítica literária, en- saios, análise política e jornalismo. Foi alguém que sou- be sempre distinguir cada modalidade de expressão. Foi, ccaaiixaa””ee sem dúvida, o mais popular dos filósofos contemporâ- mdmdeeaaiirrxxccaaaarsrs neos. Existencialista, defendia que o homem nada é en- quanto não fizer de si alguma coisa. Por isso, tem um as- pecto subjetivo que é a própria projeção de si e a plena e autêntica consciência disso. Segundo Sartre, o homem alcança maior dignidade na medida em que responde pelo seu próprio ser. “O homem é liberdade”, dizia Sartre. Como demonstrar isso? Sendo o que escolheu ser. Ao fazer a escolha, cria o seu valor. Como não há valor objetivo ou universal, cada um deve criar ou inventar os valores ou as normas que guiem o seu comportamento. Cada ato ou indi- víduo vale moralmente pelo uso que faz da sua liberdade. Sendo a liberdade o valor supremo, é valioso escolher e agir livremente. Mesmo buscando ser livre, existem os outros. Por isso, só posso tomar minha liberdade como fim se aceito a liberdade dos outros. O homem define-se, então, como: absoluta liberdade de es- colha; e sendo único ao escolher. Portanto: “O homem está condenado a ser livre”. PlPleeaarrrreeaa O SER E O NADA ssaabeerr mmaaiiss Livro publicado em 1943, é a principal obra de Jean-Paul Sartre, a ideia central desta obra vem de Husserl: “toda cons- ciência é consciência de algo”. Para Sartre, não há inconsciên- cia. O homem deve sempre estar consciente de alguma coisa, a começar de si mesmo – é o “ser para si”. Para ele, existência e liberdade andam juntas: existir, para um ho- Pensaram “fora da mem, é ser livre. “O homem nasce livre, responsável e sem desculpas”. caixa” e deixaram O homem tem sempre a possibilidade marcas. E você? O Início de uma Mudança ou a necessidade de escolher o caminho que será seu, de escolher os caminhos da liberdade que se abrem diante dele e que ele aceitará, ou não, trilhar. A questão é se terá a coragem de assumir suas responsabili- dades ou preferirá refugiar-se na má-fé do determinismo. Há quem afirme que, nos Estados Unidos, esta obra continua exercendo in- fluências mais fortes do que na Europa, e que Sartre está sendo chamado de Voltaire do Século XX.
Nós somos responsáveis por nossas ações? 06
O Início de uma Mudança72 ddPiPisseeccnnuuststaiairrrr,e,e pprordoudzuirznira CCOOMM.A.A.I..I. Comunidade de Aprendizagem Investigativa O ROUXINOL E O CAÇADOR Era uma vez, um caçador que capturou um rouxinol. “Vou assar essa ave para comer no jantar”, pensou satisfeito. Então, levou o pássaro para sua cabana e o prendeu em uma pequena gaiola. Quando percebeu que o caçador afiava a faca para matá-lo, o pássaro perguntou: – Por que você vai me matar? Estou tão magrinho, meu corpo não bastará para matar sua fome, mas, se você me libertar, eu lhe darei três bons conselhos. E, se você souber segui-los, terá muita sorte e felicidade na vida. O homem já ouvira falar muito dos rouxinóis, conhecia sua reputação de sábios e bons con- selheiros. Por isso, e também porque o pobre pássaro era realmente muito magrinho, o caçador decidiu concordar com ele. – Quais são seus conselhos? – perguntou à ave. – Escute bem, disse o rouxinol. Nunca se arrependa daquilo que perdeu. Pare de desejar aquilo que não pode alcançar. E, por fim, não acredite naquilo que lhe soar falso. O homem libertou o pássaro e ficou pensando em seus conselhos. Observando que o caçador estava com uma expressão um tanto estranha, como se não tivesse compreendido muito bem o que ele falara, o pássaro disse: – Você foi tolo. Não deveria ter me libertado, porque eu trago imensas pedras preciosas em minha barriga. Elas são mágicas e valiosíssimas. O caçador ficou furioso e começou a dar saltos tentando apanhar o pássaro, mas este voou mais alto ainda e lhe disse: – Estou vendo que você não entendeu nada. Pense só nos meus conselhos: eu não lhe falei para não se arrepender daquilo que perdeu? Você não pode mais me prender, mas está chateado por ter me libertado. Depois, eu o aconselhei a nunca desejar aquilo que não pode alcançar. E você fica pulando feito um tolo, tentando alcançar um pássaro. E, por último, eu não lhe disse para não acreditar naquilo que lhe soasse falso? Pois então, olhe bem para mim. Eu não estou magrinho? Você acha que existem pedras preciosas imensas dentro de mim? Não vê que é mentira?
73 O homem, sem saber o que fazer, sentou-se no chão. O rouxinol sentiu pena dele, aproximou-se e cantou. Ao ouvir o som de seus lindos trinados, o caçador sorriu. Olhou para as árvores, o rio e a relva, e sentiu-se feliz mesmo sem ter jantado, sem ter encontrado um tesouro, nem compreen- dido bem os conselhos. E o pássaro partiu sossegado, porque percebeu que um dia o homem en- tenderia os estranhos conselhos das aves. História do folclore da Europa Oriental Após ler esta história, vamos encontrar indícios do conteúdo que trabalharemos neste capítu- lo: responsabilidade moral, determinismo, livre-arbítrio e determinismo moderado, mesmo não tendo as definições. Vamos ter presentes os “conselhos” do rouxinol: “Nunca se arrependa daqui- lo que perdeu. Pare de desejar aquilo que não pode alcançar. E, por fim, não acredite naquilo que lhe soar falso”. AAmmdppolliissaaççããoo A IGNORÂNCIA E A RESPONSABILIDADE MORAL Conforme afirmação nos capítulos anteriores, só eenntteennddiimmeennttooss podeserresponsabilizadaapessoaqueconhece,es- colhe, decide e age conscientemente. Portanto, está livre da responsabilidade moral quem ignora as cir- cunstâncias e consequências da sua ação. A ignorância pode ser (em algumas situações) uma condição que livra a pessoa de responder por seu ato. Essa afirmação é forte porque pode desenca- dear uma série de atos e alegações de não estarem previs- tas as consequências, mas só não conhecer não basta. Há casos em que a pessoa não conhecia, não podia e não tinha obrigação de conhecê-las (exemplo clássico é o de soldados Aprendendo a Viver Juntos nazistas que participaram das barbáries da 2ª Guerra Mundial). Você consegue dar outro exem- plo das colocações expostas neste parágrafo? Vamos registrar exemplos que foram discutidos e aceitos na COM.A.I.
74 Quando se alega ignorância para não ser responsabilizado, deve ser analisada a situação con- creta. Conforme as circunstâncias, a ignorância não pode livrar da responsabilidade, pois a pes- soa é responsável por não saber o que deveria sa- ber (um exemplo são as leis de trânsito para o motorista). Vamos pensar em outro exemplo? Valores são construídos na família, no dia a dia, no trabalho, nas escolas, nas mani- festações culturais, nos movimentos e nas organizações locais. Conhecê-los, compreendê-los e praticá-los é uma necessidade fundamental da convi- vência social. O que pensar da seguinte situação: um pai, vendo um filho passar fome, resolve roubar alimentos no supermercado. Ele agiu certo ou errado ao cometer o roubo? A resposta poderia ser: “Ele agiu certo, porque viu o filho com fome e não suportava a cena de miséria em sua casa, não teve saída senão roubar. Ou: “agiu errado por ter roubado, sabemos que roubar não é a coisa certa”. O exemplo pode dar uma ideia da complexida- de que é viver em sociedade. A luta por um mundo melhor, por uma civilização mais humana, mais democrática e mais justa tem sido historicamente construída pelo homem. E nessa construção temos justiças e injus- tiças, ações e acomodações, pensamentos coletivos e situações para “levar vantagens”. Contudo, vivemos em comunidade e, portanto, é preciso, cada vez mais, discutir e ampliar os entendimen- tos para uma convivência digna e responsável. A QUESTÃO DA FORÇA EXTERNA E A RESPONSABILIDADE MORAL O Início de uma Mudança Podemos atribuir responsabilidade por um ato quando Aristóteles já dizia que a causa esteja dentro da própria pessoa e não em alguém a coação externa pode que a force a praticar esse ato contra sua vontade, portan- vir de alguém (pessoa) ou to, se a pessoa não for obrigada a fazê-lo. de algo (objeto/circuns- tância) que força a pessoa Quando alguém é obrigado a fazer um ato, chamamos a ter uma ação contra isso de coação externa (lembra-se de que vimos esse con- sua vontade, não haven- teúdo no capítulo 3 – Liberdade de ação e decisão?). A do escolha e decisão. Por- coação externa é uma pressão que leva a pessoa a perder tanto, a ação da pessoa o controle dos seus atos e a impede de decidir livremente. não pode exigir respon- Assim, ela realiza um ato que não escolheu e não decidiu, sabilidade moral. por isso não pode ser responsabilizada pela ação que fez. Vamos analisar os exemplos e discutir se há possibili- dade de livrar os envolvidos da responsabilidade moral.
75 Na 2ª Guerra Mundial, os nazistas construíram campos de concentração onde judeus e outras minorias eram dizimadas, e seus corpos serviam para expe- riências médicas, com atrocidades genéticas. Ao fim da guerra, os principais dirigentes foram presos e submetidos a julgamentos – o famoso Processo de Nuremberg. Todos alegavam não ter responsabilidade legal e muito menos moral pelos crimes cometidos, justi- ficando estarem cumprindo ordens Assista ao documen- superiores (coação externa) ou desco- tário “Os cadernos secre- nhecimento dos fatos (ignorância). tos de Nuremberg”, com o Alguém, com revólver na mão, obriga leitor de código QR ou na você a postar nas suas redes sociais fo- Plataforma do Pensar. tos comprometedoras em que difama outra pessoa. Você pode ser conside- rado responsável por este ato? O que pensar sobre esses exemplos? Há outros exemplos que acontecem na sociedade para discutir, encaixando-se na ideia de coação externa e ignorância? Vamos registrar os exemplos levantados na COM.A.I. AS FORÇAS INTERNAS E A Aprendendo a Viver Juntos RESPONSABILIDADE MORAL É preciso ter presente que a pessoa só é responsável moralmente pelos atos cuja natureza conhece, cujas consequências pode prever, ou seja, aqueles atos que, não havendo coação exter- na, estão sob domínio e controle. Existem alguns casos em que pessoas têm coação interna, uma força que as leva a cometer atos que não poderiam ser considerados de responsabilidade moral. São mais desvios de conduta por forças internas, tais como: o cleptomaníaco, o neurótico, o desajustado sexual. Nesses casos, o sujeito não tem consciência no momento em que realiza tais atos, ele desconhece o porquê do ato e as suas consequências. Mesmo sendo difícil estabelecer a linha divisória entre comportamento normal e anormal (doentio), costuma-se dizer que pessoas normais não fazem ações por forças internas irresistíveis. Somos pessoas que têm coações internas controláveis, que nos permitem optar. Por isso, desejos, paixões, impulsos, motivações inconscientes e crenças podem levar à responsabilidade moral. AS TRÊS POSTURAS E A RESPONSABILIDADE MORAL Este é um problema ético antigo, pois estamos diante de duas visões opostas de mundo. De um lado, estamos em um mundo casualmente determinado, e isso faz com que pessoas aceitem as ideias do determinismo. Aqui, não há nenhum espaço para a responsabilidade moral, pois tudo já está definido, pronto. Do outro lado, está a condição de escolha ilimitada, o que é improvável que também aconteça. É preciso ter presente as relações entre necessidade, vontade e liberdade. Temos, assim, três posturas filosóficas, relacionadas com a responsabilidade moral.
76 1. Tudo está determinado, 2. O homem pode de- portanto, não há liberdade terminar-se, conquistar e muito menos responsabili- sua liberdade e responder dade moral − Determinismo moralmente por seus atos − Absoluto. Livre-arbítrio. 3. O homem é determinado, e essa é a condição necessária da liberdade (liberdade e ne- cessidade estão juntas) − Determinismo Moderado. O Início de uma Mudança 1. DETERMINISMO ABSOLUTO É uma visão de mundo, uma doutrina que aceita o fato de que cada um dos acontecimentos do universo está submetido às leis naturais, leis entendidas dentro de uma estrutura de causa. Há quem relacione o determinismo à questão do destino e da predestinação, aplicados tanto aos objetos quanto às pessoas. Nesse caso, descarta-se a existência da criação e da liberdade. O ponto de partida é que, neste mundo, tudo tem uma causa. Assim, a ciência, bem como a ex- periência cotidiana, comprova a tese determinista. Se tudo tem uma causa, como podemos evitar agir como agimos? Será que a ação, nesse mo- mento, tendo uma causa que nem sequer conheço, é livre? Então, a decisão e a ação são causadas por circunstâncias? Assim, não haveria liberdade, mas apenas efeitos de uma causa ou de uma série causal? Para o determinista absoluto, tomar uma decisão é fruto de uma causa, e isso significa que a escolha não é livre. Dizer, então, que houve uma escolha livre é ilusão, pois não há liberdade da vontade. Escolhe-se, sim, mas por força das causas que determinam a escolha. Dessa forma, com o determinismo absoluto, teríamos a condição da possibilidade de, ao co- nhecer todas as circunstâncias que atuam sobre um fato, em um determinado momento, predizer com exatidão o futuro. Resumindo, poderíamos dizer que, para o determinismo absoluto, tudo é causado. Sendo as- sim, a liberdade humana é falsa, e não pode haver responsabilidade moral. Somente poderia ter acontecido o que aconteceu de fato. Pensadores que se opõem ao determinismo do ponto de vista ético e antropológico-filosófico assinalam que, dentro de uma doutrina determinista, não cabe o livre-arbítrio. Filósofos exis- tencialistas criticam o determinismo ao defender que, na existência humana, a liberdade é um direito natural, faz parte do ser do homem. Defendem que existir é fundamentalmente ser livre.
77 2. LIVRE-ARBÍTRIO Vamos iniciar lendo a fábula do “Asno de Buridan”, escrita por Jean Buridan, mestre e reitor da Universidade de Paris, na pri- meira metade do Século XIV. Um asno que tivesse diante de si, e exatamente à mesma distância, dois feixes de feno exatamente iguais não pode- ria manifestar preferência por um mais do que pelo outro e, portanto, morreria de fome. Esta questão foi formulada para mostrar a dificuldade do problema do livre-arbítrio. Não ha- vendo uma preferência, não pode haver escolha. O que fica claro é que o problema do asno de Buridan é sumamente instrutivo: analisá-lo como é devido requer revisar por inteiro as difíceis noções de escolha, preferência, razão, vontade e liberdade. Para os defensores do livre-arbítrio da ação humana, ser livre significa decidir e agir como se quer, independentemente da causa determinante. Então, o homem é capaz de julgar, e isso possi- bilita a ele fazer escolhas voluntárias, autônomas, sem pressão interna ou externa. A liberdade é um dado da experiência imediata e também uma certeza que não se abala pela existência da causalidade. O homem é absolutamente livre em aceitar que faz parte da natureza e que vive em sociedade, de forma moral, ao comportar-se. Resumindo, poderíamos perguntar: sendo tudo possível, quais critérios usar ao julgar um ato moral? Se os fatos causais não interferem na decisão e ação, como considerar responsabilidades pelo ocorrido? Se vivêssemos em um mundo do acaso, em que tudo fosse possível, haveria sen- tido em falar de liberdade e responsabilidade moral? Assim, a liberdade da vontade, longe de excluir a causalidade, necessita dela. 3. DETERMINISMO MODERADO Ao aceitar o determinismo absoluto, conclui-se que o homem não é livre e, portanto, não é mo- Aprendendo a Viver Juntos ralmente responsável pelo que faz. Ao defender o livre-arbítrio como forma de conduta, dizemos que a pessoa também não responde moralmente por seus atos, pois toma decisão e age não sujeita à necessidade e ao resultado, mas ao acaso. Três pensadores deram suas contribuições para as reflexões sobre liberdade e necessidade causal. SPINOZA Para ele, o homem, sendo parte da natureza, está sujeito às leis da necessidade universal. Por isso, a ação, o movimento do mundo exterior, provoca no homem um estado interior chamado por ele de “paixão” ou “afeto”, sendo assim, determinado de fora. Ao comportar-se dessa maneira (pela paixão), é escravo, pois suas ações são determinadas por causas externas. Ser livre, então, é tomar consciência da necessidade ou compreender que tudo o que acontece é necessário. De- ve-se notar que, embora a alma humana seja determinada pelas coisas exteriores para afirmar ou negar, não é determinada a ponto de ser constrangida por elas, mas permanece sempre livre, pois nenhuma coisa tem o poder de destruir sua essência. Portanto, aquilo que afirma e nega, afirma e nega livremente. E se, depois disso, alguém perguntar: por que a alma quer isto e não quer aquilo? A resposta pode ser: porque a alma é uma coisa pensante, isto é, uma coisa que, por sua natureza, tem o poder de querer e não querer, de afirmar e de negar, pois isso é ser uma coisa pensante.
78 HEGEL Este filósofo também define a liberdade como conhe- cimento da necessidade. Ele diz: “A liberdade é a neces- sidade compreendida”. Relacionando a liberdade com a história, ela é histórica, há graus de liberdade ou de en- tendimento das necessidades. MARX E ENGELS Quando falam do determinismo moderado, não vão contra a posição de Spinoza e Hegel. Afirmam que o ho- mem busca ser livre pelo poder que tem sobre a natureza e sobre si mesmo, transformando o mundo e a si mesmo sob as bases de sua interpretação (conhecendo as ligações causais e as necessidades que movimentam os fatos). Ao pensarmos em responsabilidade moral, devemos ter presente a liberdade e a necessidade que estão ligadas ao ato moral. LIVRE-ARBÍTRIO NA LITERATURA O Início de uma Mudança O escritor russo Dostoiévski escreveu um romance cha- PPeaarrreaaffsslaeaebtbtiiererrr mado Os Irmãos Karamazov4, obra da literatura universal. nnaa CCOOMM..AA.I.I.. Vale a pena ler e refletir a parte de sua obra que fala de li- vre-arbítrio como “uma carga terrível” que devemos supor- Comunidade de tar em nossa existência. Aprendizagem Investigativa “Em lugar de te apoderares da liberdade humana, tu ainda a esten- deste! Esqueceste-te então de que o homem prefere a paz e até mesmo Acesse o conteúdo a morte à liberdade de discernir o bem e o mal? Não há nada mais se- com o leitor de códi- dutor para o homem do que o livre-arbítrio, mas também nada mais go QR ou na Plata- doloroso. E, em lugar de princípios sólidos que teriam tranquilizado forma do Pensar para sempre a consciência humana, tu escolheste noções vagas, es- tranhas, enigmáticas, tudo quanto ultrapassa a força dos homens, e com isso agiste como se não os amasses, tu, que vieras dar tua vida por eles! Aumentaste a liberdade humana em vez de confiscá-la e, assim, impuseste para sempre ao ser moral os pavores dessa liber- dade. Querias ser livremente amado, voluntariamente seguido pelos homens fascinados. Em lugar da dura lei antiga, o homem devia do- ravante, com coração livre, discernir o bem e o mal, não tendo para se guiar senão tua imagem; mas não previas que ele repeliria afinal e contestaria mesmo tua imagem e tua liberdade, esmagado sob essa carga terrível: a liberdade de escolher? É hora de registrar suas reflexões pessoais e também da sua COM.A.I. sobre o livre-arbítrio exposto no texto. 4. DOSTOIEVSKY, Fiódor. Os Irmãos Karamazov. Trad. Natalina Nunes e Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s.d., p. 219.
79 aRiRnçeõetfelefeslrxeidnõxietõsescerei-s- 1. É importante relacionarmos os nossos atos e as ações dpniCalsicOnCipOaMlrMine.Aa.sArne..IIs..a ao conceito de responsabilidade moral. Por isso, procu- re escrever três ações, atos, que você praticou ou pra- Comunidade de tica e, diante da definição de responsabilidade moral, Aprendizagem analise se você está sendo livre nessas ações. Investigativa 2. O que dizer da expressão popular: “foi Deus que quis assim”? Em qual visão de mundo podemos colocar essa afirmação? 3. Analisando sua vida até o presente, você aceita as coisas, os fatos, dentro da visão determinista, do livre-arbítrio ou do determinismo moderado? Procure dar exemplos. Veja o conteúdo “Até 4. Na COM.A.I., vamos assistir ao clip da música Até Quando?, quando?” utilizando composição de Gabriel, o Pensador; Itaal Shur e Tiago Mocotó. A o leitor de código QR seguir, será hora de fazer a análise da letra e marcar os trechos em que se encontram ideias que retratam: responsabilidade moral, ou na Plataforma determinismo absoluto, livre-arbítrio e determinismo moderado. do Pensar Aprendendo a Viver Juntos 5. Junto com a disciplina de português, vamos interpretar o texto “O que os outros pensam sobre mim?”, para entender o que está nas entrelinhas. Depois, em COM.A.I., vamos criar um texto re- flexivo no qual estejam destacados os tipos de coação (externa e interna) sobre este tema. Acesse o texto com o leitor de código QR ou na Plataforma do Pensar
80 O CASO DAS LARANJAS UGLI PPcceeonnmssaaoorr PPRNRNOOIISSTTTTAAAAGGSSOO- = sobre responsabilidade, determinismo, livre-arbítrio Objetivos: colocar os participantes em situação de nego- ciação, a fim de observar a negociação, persuasão, criativi- dade, o foco no objetivo, a fluência verbal, produtividade sob tensão e o saber ouvir. Desenvolvimento: o professor escolhe dois alunos que representarão os produtores de laranjas Ugli e dividi o res- tante da turma em dois grupos. TEXTO PARA OS PRODUTORES Vocês são os únicos produtores brasileiros de laranjas Ugli, uma qualidade rara de laranjas, uma verdadeira desco- berta, com sementes importadas do Oriente Médio que, segundo as últimas descobertas, têm um grande poder curativo e poderão ser usadas na composição de drogas poderosas no combate a doenças graves. Trata-se de uma produção modesta. Em breve, estarão recebendo algumas propostas de grandes laboratórios. Cada um dos laboratórios interessados na produção de laranjas Ugli precisa de um componen- te específico da laranja. Um, está interessado na casca; outro, no bagaço; e assim por diante. Entre- tanto, este detalhe não será abordado pelos produtores, esperando-se que os representantes dos laboratórios percebam e entrem em um acordo ganha-ganha. Ainda sobram o suco e a semente. As sementes interessam aos produtores para o replantio. Os produtores investiram no plantio desta qualidade de laranja com objetivo de lucro, e a procura dos laboratórios valoriza ainda mais esta qualidade de laranjas. O Início de uma Mudança DESAFIO AOS PROTAGONISTAS Texto do grupo 1 e do A intenção é que a COM.A.I. possa interiorizar grupo 2 estão na Plata- melhor os conceitos. Nesta atividade, é importante, forma do Pensar, bem além das discussões, o entendimento e a arte de ar- como a continuação gumentação, para que os conteúdos possam ser assi- deste trabalho. milados na prática. Na continuação da atividade, “P“fPfoeoernrnaassadadrara a COM.A.I. criará uma forma inteligente de ccaaixaa””ee divulgar esta atividade na escola. ddeeixxaarr mmaarrccaass JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) “A liberdade como valor supremo” Desde muito jovem, Jean devorava os livros da biblioteca da família. Aos 16 anos, fugiu da cida- de onde vivia para levar uma vida independen- te. Passou muita fome e privação, mudou várias vezes de emprego, de mulher e de país.
81 Buscando o sucesso, chegou, em 1742, em Paris para ser professor de música, trazendo na ba- gagem um novo sistema de notas musicais, uma ópera, uma comédia e uma coletânea de poemas. Não obteve sucesso e não se saiu bem, mas conheceu Diderot e foi convidado a escrever arti- gos sobre música para a obra Enciclopédia. Foi quando entrou em contato com os filósofos enci- clopedistas. Em 1749, Rousseau despertou como filósofo, escrevendo sua primeira obra: Discurso sobre as ciências e as artes, com a qual ganhou um prêmio e deu início a um pensamento dissonante e polêmico dentro do Iluminismo. Publicou as obras Emílio e O Contrato Social, que foram consi- deradas ofensivas pelas autoridades. Condenado à prisão, ele fugiu. Em 1776, seu estado de saúde agravou-se. Vivendo na pobreza, usou sua condição econômica como desculpa para não criar nenhum dos cinco filhos, que foram deixados em orfanatos. Rousseau passou seus últimos dias estudando e catalogando plantas até falecer. Contribuiu com obras significativas nos campos da política, da moral, da educação, da música, do teatro e da botânica. Lançou sua filosofia não somente por meio de escritos filosóficos formais, mas também em romances, cartas e na sua autobiografia. PlPleeaarrrreeaa O CONTRATO SOCIAL OU PRINCÍPIOS DO DIREITO POLÍTICO Já no primeiro livro, o autor coloca seu projeto: “Procuro saber se, na ordem civil, pode haver alguma regra de administração le- smsmaabbaaeeiisrsr gítima e segura, que tome os homens tais quais são, e as leis tais quais podem ser”. Assim, vemos que a defesa do Estado social, mesmo não sendo natural para o homem, é indispensável. A ques- tão é encontrar uma convenção que conserve a liberdade caracte- rística do estado de natureza. Toda a obra está organizada em quatro livros. O primeiro des- creve o pacto ou contrato social, tendo presente a ideia do direito natural. O segundo livro fala da soberania e dos direitos que lhe são Pensaram “fora da inerentes. O terceiro livro é mais concreto caixa” e deixaram e detalhado, trata do governo. O quarto livro aborda as marcas. E você? instituições políticas (eleições, juízes), os costumes e a re- ligião. O verdadeiro contrato está em “encontrar uma forma de associação que defenda e proteja com toda a força co- Aprendendo a Viver Juntos mum a pessoa e os bens de cada associado e por meio da qual cada um, mesmo unindo-se a todos, só obedeça a si mesmo e continue tão livre quanto antes”. É um contrato em que cada um submete-se à autoridade da lei para ser cidadão. Esta obra tem alcances múltiplos, pois, vista sob o as- pecto prático, influenciou a Revolução de 1789, na França.
Ser feliz ou por uma ética e uma estética emancipatórias 07
83 ddPiPisseeccnnuuststaiairrrr,e,e pprordoudzuirznira CCOOMM.A.A.I..I. Comunidade de Aprendizagem Investigativa O GIGANTE E AS CRIANÇAS Aprendendo a Viver Juntos Em uma vila nas montanhas Altai, não havia crianças porque, naquelas cercanias, morava um terrível gigante que as levava embora logo que começavam a andar. Os jovens casais, vendo o desespero dos pais das crianças raptadas, temiam ter filhos e sofrer também. Assim, a vila foi lentamente tornando-se um lugar em que só habitavam idosos, até que um casal resolveu que teria um bebê, custasse o que custasse. Quando o menino nasceu, esconderam-no em uma gruta e, quando ele já podia entender o que lhe diziam, contaram-lhe que teria que ser corajoso, pois um dia precisaria enfrentar o gigante. O menino aprendeu a correr em grande velocidade e a atirar com arco e flecha. Quando ele com- pletou oito anos, o pai lhe falou: – Meu filho, precisamos libertar este lugar da tirania do gigante. Quero que você venha até as montanhas e lute ao meu lado. Mas, para que possamos vencer, você deve confiar completamen- te em mim. A criança concordou. Sabia que o pai era um homem de muita coragem, além de ser o melhor arqueiro da vila. A viagem rumo à caverna do gigante durou dois dias. Assim que chegaram às montanhas, ouviram o ruído dos passos dele: – É agora, meu filho!, sussurrou o pai. Em seguida, pôs o menino diante de uma árvore e disse-lhe: – Não se afaste da árvore e tenha confiança em mim. Virei buscá-lo quando chegar a hora. O menino passou a tarde toda esperando pelo gigante. Quando o sol já desaparecia no horizon- te, ele surgiu. O garoto estremeceu, assustado, porque o gigante era muito mais terrível do que ele havia imaginado. A voz era cruel; o olhar, duro; os gestos eram violentos. – Ah!, disse o gigante quando o viu. Ganhei uma criança de presente hoje! Que bom! Eu estava mesmo morrendo de fome!
84 O gigante abaixou-se para pegar o menino. O garoto sentiu uma vontade imensa de fugir, mas lembrou-se das palavras do pai e, reunindo toda a sua coragem, permaneceu imóvel. Foi então que uma flecha certeira atingiu a testa do gigante, que caiu morto. O pai correu ao encontro do filho e abraçou-o, dizendo: – Obrigado, meu filho! Conseguimos vencer! Obrigado por confiar em mim! Com a morte do gigante, a felicidade voltou a reinar na vila. As pessoas jamais se esqueceram da coragem daquele homem e da confiança daquele menino. Por isso, esta história é contada até os dias de hoje. História do folclore da Ásia Central Escreva a moral da história do folclore da Ásia Central, tendo presente o título deste capítulo – “Ser feliz ou por uma ética e uma estética emancipatórias”. O conteúdo, as atividades e ações deste capítulo estão dis- ponibilizados na Plataforma do Pensar em seu livro digital. Você e a COM.A.I. do 8º ano irão acessar via celular, tablet ou pelo endereço eletrônico: www.editorasophos.com.br/pensar O Início de uma Mudança
Avaliações Formativas e Reflexivas 8ºano
86 Para cada aluno perceber seu nível de entendimento dos AAVvAaLlIiAaÇçÃãOo conteúdos. Para o professor perceber seu desempenho e dinamismo no envolvimento com a matéria. Para sentir como se processa o nível de discussão e enten- dimento da turma que forma a COM.A.I. Para que cada questão sirva para ampliar as reflexões e discussões individuais e do grupo. Para pensar e perceber como vemos as Avaliações dentro de uma visão atual e que valoriza a individualidade, respeita a formação de suas ideias e vê a Educação Reflexiva, dentro do Programa Educar para o Pensar, como um processo. Visão Tradicional Visão Progressista Ação individual e Ação coletiva e competitiva consensual Concepção classificatória Concepção investigativa e reflexiva Apresenta um fim em si mesma Atua como mecanismo de diagnóstico da situação Postura disciplinadora e diretiva do professor Postura cooperativa entre Privilégio à memorização professor e aluno Pressupõe a dependência Privilégio à compreensão do aluno Incentiva a conquista da autonomia do aluno Em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular - BNCC. AVALIAÇÃO DOS CONTEÚDOS (FORMATIVA) O Início de uma Mudança Sabemos que a avaliação deve ser um processo e não somente um produto acabado de pergun- tas e respostas. A seguir, seguem algumas questões que você, aluno, poderá pensar quando estiver estudando os conteúdos. Questões que o(a) professor(a) poderá utilizar também em momentos fixados para avaliar. Também reafirmar que na Plataforma do Pensar, onde sua escola tem o seu espaço de apren- dizagem e investigação, temos lá muitas avaliações que ajudarão aos professores e alunos – www.editorasophos.com.br/pensar − com a chave e a senha para sua escola, que faz parte do Programa Educar para o Pensar.
87 1. A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO ÉTICA NOS DIAS ATUAIS. 1. Na escola e no mundo em que vivemos, existe clima de respeito entre as pessoas? 2. Como era vista a ética nas sociedades tradicionais? E, hoje, qual é o entendimento sobre a ética? 3. Qual é o grande avanço com relação ao tempo dos nossos pais e o que vivemos hoje no aspecto da discussão ética? 4. Quais são os Valores Universais e por que são os pilares para a convivência entre cidadãos do mundo? 2. HÁBITOS, COSTUMES, REGRAS, NORMAS Aprendendo a Viver Juntos − BEM E MAL 1. O pensamento de Aristóteles: “Somos o que fazemos repetidamente. Por isso, o mérito não está na ação e sim no hábito”, oportunizou discussões e muitos entendimentos. Agora, registre suas ideias a partir da afirmação do filósofo. 2. Escreva a relação do significado da palavra motivo com o título do capítulo 2. 3. O que é Moral? O que é Ética? Após responder às duas perguntas, escreva sobre seu entendi- mento do que é ter consciência ética. 4. Em Reflexões e ações interdisciplinares, temos a pergunta nº 2, que traz a história – Uma dis- cussão sobre regras e normas. Faça uma relação entre ter consciência e responsabilidade, criando uma ligação com a ideia de Bem e Mal (ou certo e errado).
O Início de uma Mudança88 3. LIBERDADE DE AÇÃO E DECISÃO 1. Lembre-se das discussões sobre a frase: “Só nos momentos em que exerço minha liberdade é que sou plenamente eu mesmo – ser livre significa ser eu mesmo”. Agora, escreva suas ideias e reflexões sobre o que é liberdade a partir desta frase. 2. Somos livres, mas sofremos pressões internas e externas. O que são essas pressões? 3. O filósofo Sartre falava de liberdade vivida. O que significa isso? 4. Qual é a definição filosófica do termo responsabilidade? 4. FUNDAMENTOS DO MODO DE SER (ETHOS), COMO FORMA DE VIDA CONQUISTADA 1. A ética é uma atitude pessoal ou ela tem um caráter universal? 2. Escreva a diferença entre ética normativa e ética descritiva. 3. Faça uma análise do modo como as pessoas religiosas veem o mundo e o que sustenta a forma de viver dessas pessoas. Após terminar, escreva a respeito, dando um exemplo prático. 4. Sendo a ética a arte de realizar o Bem, nada mais é do que a realização plena da pessoa, tendo em vista o fim para o qual ela existe. A partir disso, vamos pensar e escrever sobre como deve ser o relacionamento humano na escola?
89 5. COMPORTAMENTO HUMANO E CONVIVÊNCIA SOCIAL 1. O comportamento do homem diante das diversas situações da vida depende de cada momento e de cada um, ou há um comportamento padrão aceito universalmente? 2. O capítulo traz a seguinte afirmação: “O comportamento humano dominante em todas as épo- cas históricas foi o da necessidade vital e inadiável de produzir os bens necessários para a sobre- vivência, isto é, a estrutura econômica.” A partir dela, escreva sua posição e argumente, sendo favorável ou contrário à ideia colocada. 3. O comportamento humano, como ação política, representam a inteira vivência consciente na comunidade. Quem não participa também está fazendo política? 4. São muitos os problemas que afligem a existência humana. O que dizer da afirmação no capí- tulo: “Somos convocados a saber viver bem. Por isso, é importante uma reflexão constante sobre o comportamento moral, tendo presente o conhecimento e a liberdade como panos de fundo.” 6. NÓS SOMOS RESPONSÁVEIS POR NOSSAS AÇÕES? 1. O que é ser responsável? 2. Como e o que decidir em uma sociedade que determina os comportamentos? 3. Diga o que você sabe sobre a afirmação: “só pode ser responsabilizada a pessoa que conhece, escolhe, decide e age conscientemente”. 4. Diga, com suas palavras, o que você entende por Determinismo Absoluto. Aprendendo a Viver Juntos 7. SER FELIZ OU POR UMA ÉTICA E UMA ESTÉTICA EMANCIPATÓRIAS As atividades deste capítulo, você pode acessar utilizando o leitor de código QR ou na Plataforma do Pensar.
90 AAvVAalLiIaAnNdDoO MmINiHnAhaCA- caMmINinHhAaDdAa Afinal, sou um AVALIAÇÕES DAS ATITUDES SER pensante – Faço reflexões no 8º ano Autoavaliação 1º Semestre 2º Semestre 1. Minha nota como participante da turma, pelo cuidado que tenho com meus pertences e com os objetos da sala e da escola. 2. Minha nota como membro da COM.A.I., na qual apren- do a lidar com as minhas fraquezas e forças e com as fra- quezas e forças de meus colegas. 3. Minha nota sobre o relacionamento com os professores de todas as matérias, os quais são profissionais que escolhe- ram trabalhar com adolescentes e jovens. 4. Minha nota sobre o relacionamento com os funcio- nários e demais responsáveis pelo andamento da escola, os quais trabalham muito para que a escola cresça. 5. Minha nota sobre as atitudes durante as aulas, frente ao conhecimento compartilhado com os outros nas inves- tigações em sala ou em qualquer lugar. Nota do(a) professor(a) pela participação nas aulas. Minha nota para a COM.A.I., que se forma a cada semestre. O Início de uma Mudança Obs.: com critérios estipulados na COM.A.I. e tendo em vista como sua escola mede o desem- penho e a participação nas disciplinas, estabeleça um valor numérico (5 a 10) ou um conceito (bom, ótimo, excelente) para sua participação. Também é necessário você justificar a cada semes- tre o porquê de sua média ou seu conceito geral. 1º semestre −Justificativa: 2º semestre −Justificativa:
91 QUADRO DAS EQUIVALÊNCIAS DE CADA NOTA OU CONCEITO ATRIBUÍDO NA CAMINHADA DESTE ANO GUIA PARA COMPLETAR O QUADRO DE EQUIVALÊNCIAS Cor – Você deverá escolher três cores e justificar o significado de cada uma, pensando nos conceitos: Bom, Ótimo e Excelente. Sentimento – Escolha um destes três rostos e saiba justificá-los, conforme o conceito atribuído: Bom, Ótimo e Excelente. Símbolo – Crie três símbolos para utilizá-los e justifique: Bom, Ótimo e Excelente. Nota – Você irá, com critério e coerência, estipular o valor numérico: Bom: 5 ou 6; Ótimo: 7 ou 8; Excelente: 9 ou 10. Critérios para avaliar Semestre Cor Sentimento Símbolo Nota Os outros melhoram, e isso acontece 1º Aprendendo a Viver Juntos também por causa do meu incentivo; 2º percebo cada vez mais que sou res- 1º ponsável pelo bem comum. 2º 1º Cresço a cada dia, mas sei que sou 2º capaz e posso melhorar muito mais. 1º Acomodando-me aqui, estarei men- 2º tindo para mim mesmo. 1º 2º Percebi que não é difícil mudar aquilo 1º que, em mim, prejudica os outros; de 2º minha parte, tenho ficado muito con- tente com minhas melhoras. Estou naquela de deixar para ama- nhã o que posso mudar hoje; tenho que reconhecer que estou esconden- do mi-nhas capacidades. Estou naquela situação: se não largar os amigos e as ideias egoístas que te- nho, nunca virão as ideias e os amigos novos; tenho que ousar mudar. Preciso de uma boa conversa com al- guém maduro; meu orgulho me en- ganou, pois pensei que poderia viver sem a ajuda de ninguém.
92 No Programa “Educar para o Pensar”, avaliar é: valorizar o ser humano, pois defendemos que ele é AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO responsável, generoso, solidário e quer ser feliz; FFOORRMATTIIVVAA acreditar no desenvolvimento de todas as suas poten- EERREEFFLLEEXXIIVVAA cialidades; incentivar para que este assimile a importância de participar ativamente da Comunidade de Aprendi- zagem Investigativa (COM.A.I.), assim, perceberá a importância de saber trabalhar e aprender em grupo para sua vida, de dialogar em equipe, agora e para sua vida profissional; considerar cada aluno como protagonista de seu cres- cimento, incentivando a pesquisa, argumentação e clareza de suas ideias, bem como estimular os alunos a estarem abertos ao pensar do outro, aos avanços cien- tíficos, sociais, às inovações tecnológicas. O Programa, em conformidade com a Base Comum Curricular, propõe desenvolver os con- ceitos reflexivos de maneira equilibrada e condizente com a faixa etária (Ed. Infantil ao E.M.), relacionando-os aos demais conteúdos. Dos alunos e da turma, busca-se o respeito aos aspectos físicos e estéticos, o equilíbrio no tocante à afetividade, inteligência, aos conhecimentos, à va- lorização das dimensões comunitária e social, formando para os valores humanos. Isso feito em equipe, que, tecnicamente, chamamos de formar em sala de aula a Comunidade de Aprendiza- gem Investigativa. Defendemos que o processo de avaliação é amplo e complexo, tem um papel importante na vida de cada aluno, do professor e do grupo de alunos. Deve esta avaliação mais ampla mostrar o desenvolvimento do estudante, analisando os resultados para a construção dos conhecimentos. Quais os caminhos para avaliar o desempenho intelectual, social, filosófico, interativo? Defen- demos que o ensino, a aprendizagem e a avaliação acontecem de maneira integrada no cotidiano de cada aluno e turma de sala de aula. Em outras palavras, a avaliação é um processo coletivo, no qual a participação de cada um soma para o todo, de modo que é possível perceber o desenvol- vimento de cada aluno. Portanto, nos momentos de ensino e aprendizagem, todos avaliam e são avaliados, pois promovem aprendizagens. O Início de uma Mudança EDUCADOR! Continue sua reflexão e entendimento do que defendemos como Avaliação no Pro- grama Educar para o Pensar indo na Plata- forma do Pensar: www.editorasophos.com.br/pensar ou com o QR code pelo seu celular ou tablet.
93 EEPPDDAUURCCAAAORR CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO PPEENNSSAARR DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NAS ESCOLAS (Em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular − BNCC) Nossa defesa é que crianças, adolescentes e jovens precisam estar preparados para o hoje e o amanhã. Portanto, defendemos, como processo avaliativo, uma série de procedimentos, que todas as disciplinas preci- sariam levar em conta. O Educar para o Pensar, defendido e executado na sua escola, utilizando nosso programa com a Coleção O Início de uma Mudança, tem como metodologia o diá- logo e a formação na sala de aula da Comunidade de Aprendizagem Investigativa – COM.A.I. Defendemos que, com e pelo diálogo, podemos ser entendidos e en- tenderemos os outros, formando pessoas responsáveis pelo protagonismo juvenil. QUAL É O PAPEL DO PROFESSOR, DOS ALUNOS E TAMBÉM DA FAMÍLIA? Oportunizar condições para que, pelo diálogo e pela investi- gação, os envolvidos no processo ensino-aprendizagem desenvol- vam recursos para resolverem as situações complexas surgidas nos relacionamentos e propostas nos vários conhecimentos, via disciplinas como: interpretar textos, resolver situações matemáti- cas, interpretar fatos históricos, analisar fenômenos sociais etc. Ensinar, avaliar e agir nesse contexto é ajudar os educan- dos a conseguirem os recursos necessários para o de- senvolvimento de diferentes competências. Aprendendo a Viver Juntos
O Início de uma Mudança94 Na Coleção O Início de uma Mudança (desde a Educação Infantil até o Ensino Médio), propo- mos o desenvolvimento de competências e habilidades por: a. conteúdos conceituais que necessitam ser claramente compreendidos e discutidos e dos quais os envolvidos (educador e educandos) precisam apro- priar-se, via investigação, discussão, análise e reconsideração; b. habilidades que oportunizem o saber fazer, o que podemos também chamar de conteúdos procedimentais; c. linguagem que deve ser apropriada a cada contexto, pois é fundamental para a compreensão dos fatos, uma vez que as mesmas palavras, em contextos diferentes, podem assumir significados distintos, por isso a linguagem reflexi- va tem características diferentes da linguagem das artes que, por sua vez, não é a mesma das ciências exatas; d. valores culturais, pois uma situação complexa investigada e discutida deve estar inserida no entendimento cultural do grupo, isso dará sentido às lingua- gens e à postura para decidir as ações advindas da situação; e. administração do emocional é o conhecer a si mesmo, pois, a cada situação de aprendizagem, investigação, discussão, proporcionadas nas aulas, os alunos são convidados para reforçarem os conceitos teóricos, as habilidades, o domí- nio da linguagem e o entendimento do contexto cultural da atividade, porém podem falhar no momento crucial da participação e ação, que é ter o neces- sário controle emocional. Avaliar a aprendizagem reflexiva do aluno, com foco no desenvolvimento de competências, é usar instrumentos que possam fornecer indicadores dos recursos desenvolvidos pelos alunos. Ao exigir dos alunos, desde os primeiros anos escolares, maior capacidade de raciocínio, de análise e de síntese, com e pelo diálogo reflexivo, formando a Comunidade de Aprendizagem Investigativa, estamos, também, desenvolvendo e avaliando o: 1. Aprender a conhecer por meio de situações que levem para: cultura geral; espírito investigativo; visão crítica; aprender a aprender. 2. Aprender a fazer, buscando que crianças, adolescentes e jovens sejam pro- tagonistas em suas vidas, conseguindo: relacionar-se em grupo; resolver problemas; qualificar-se profissionalmente. 3. Aprender a viver com os outros, formando a Comunidade de Aprendiza- gem Investigativa que proporciona: saber compreender o outro; saber resolver conflitos; respeito ao outro. 4. Aprender a ser, como meta de uma aprendizagem significativa e com um novo olhar sobre a realidade para: agir com autonomia; expressar opiniões; assumir responsabilidades pessoais.
95 A META É TRANSFORMAR A ESCOLA EM UMA COMU- NIDADE DE APRENDIZAGEM INVESTIGATIVA? É importante avaliar as habilidades dos alunos. Defendemos que é preciso ir além, ava- liando a escola, as disciplinas e os relacionamentos como um todo. Junto com essa avaliação mais abrangente, é preciso que os dados da avaliação sejam analisados, discutidos e que in- tervenções sejam planejadas e implantadas. Queremos pensar a avaliação escolar pela ótica do Programa Educar para o Pensar, por isso propomos realizar uma mudança de paradigma na escola. O currículo do Educar para o Pensar favorece, mas a aprendizagem e a avaliação acontecem no exercício cotidiano. Defendemos que a escola constitua-se em um ambiente cooperativo (Comunidade de Aprendizagem Investigativa), no qual possam acontecer modificações, por exemplo, a for- ma como as regras são elaboradas e legitimadas, a concepção e intervenção em situações de conflitos, os mecanismos de cooperação e de participação dos alunos, o trabalho com o conhecimento. Porque, só com vivências efetivas que a escola conseguirá oferecer um ambiente favorável para os alunos desenvolverem a coordenação de perspectivas, a argu- mentação, o diálogo, a generosidade, e isso vai além de algumas situações organizadas. Precisamos, portanto, avaliar e proporcionar junto a todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem (toda comunidade escolar − professores, alunos, pais, profissionais da educação etc.) as dimensões socioemocionais eficazes ao relacionamento humano. O Educar para o Pensar é um caminho a seguir e, assim, oferecemos algumas pistas para uma avaliação que defendemos e queremos que seja realizada em todo o ambiente escolar. Aprendendo a Viver Juntos
O Início de uma Mudança96 EM CONFORMIDADE COM DOCUMENTO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) AS COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, so- cial, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar cau- sas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive, tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corpo- ral, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crí- tica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver proble- mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na di- versidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capaci- dade para lidar com elas. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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