Livro 9 ano

9 Somos Filhos da pólis: investigações sobre política, estética e ética Silvio Wonsovicz Livro Digital 19a Edição Florianópolis, 2023.

COLEÇÃO FILOSOFIA O INÍCIO DE UMA MUDANÇA Copyright © 2017, by Editora Sophos Ltda. Editora Sophos Rua Cristóvão Nunes Pires, 161 / Centro www.editorasophos.com.br 88010-120 / Florianópolis / SC E-mail: [email protected] Fone: (48) 3222-8826 e 3025-2909 W872f Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB - 14/071 Wonsovicz, Silvio CDU: 1:37 Filosofar e viver / Silvio Wonsovicz - 12. ed. - Florianópolis: Sophos, 2017. ...... p.: il. - (Coleção Filosofia Fundamental: 1o ano) ISBN: .................................................................................................... 1. Filosofia - Estudo e Ensino. / 2. Ensino Fundamental II. / 3. Ensino, Aprendizagem - Metodologia. / 4. Pensamento filosófico e criativo. I. Título. Ficha Técnica Editor Silvio Wonsovicz Capa FK Estúdio Revisão ............................ Projeto Gráfico FK Estúdio Ilustração Rose Gaiewski Diagramação FK Estúdio Coleção O Início de uma Mudança COLEÇÃO FILOSOFIA O INÍCIO DE UMA MUDANÇA 1o ano O Meu Quintal 19a edição 2o ano Minha História no Quintal 19a edição 3o ano A Pequena Grande Marília 19a edição 4o ano Uma Ideia Puxa Outra... 19a edição 5o ano Os 422 Soldadinhos de Chumbo do Senhor General 19a edição 6o ano O Desafio do Pensar sobre o Pensar 19a edição 7o ano Pensar Lógica+mente 19a edição 8o ano Aprendendo a Viver Juntos 19a edição 9o ano Somos Filhos da Pólis 19a edição 2023 Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Todos os direitos reservados. Ne- nhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânico, incluindo fotocópias e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

SEU LIVRO DIGITAL E ESTRUTURA DO LIVRO FÍSICO Somos o Filhos da Pólis / 9o ano Você tem, junto com este livro, acesso ao seu livro digital. Neste ano, com a chave de acesso abaixo, você entra no livro digital em: www.editorasophos.com.br/pensar Pronto, feito seu cadastro e entrando no livro a partir do endereço ou via QR Code, você terá nos capítulos: aula com o autor; acompanhamento do filósofo referência (amigo da sabedoria) em seu livro; os conteúdos para pesquisa; vídeos; avaliações; mídias digi- tais (podcast, infográficos, gameficação, jogos); e outras surpresas que encontrará no seu livro digital. Como nosso livro físico e digital está estruturado? O livro híbrido (físico e digital) Somos filhos da Pólis, está estruturado em três unida- des, totalizando sete capítulos.

Como entender a estrutura das unidades e capítulos no livro impresso e no livro digital? UNIDADES Conteúdos trabalhado a cada trimestre. CAPÍTULOS Estruturados em: MOTIVANDO Em cada capítulo um texto que tem ligação com A PENSAR os conteúdos e é o primeiro momento de refle- xão (histórias para despertar o socioemocional). AMPLIANDO OS São os conteúdos relevantes. Um entendimento ENTENDIMENTOS das ideias estruturadas sobre o tema do capítulo. CONECTANDO Ampliar os entendimentos e despertar a curiosi- COM O MUNDO dade para ver onde esses conteúdos são utiliza- dos no dia a dia. Coleção O Início de uma Mudança SENDO É a chamada para a ação (individual ou coletiva), PROTAGONISTAS um momento para pensar e organizar ações a partir das descobertas e investigações. PENSANDO Você e seus colegas são convidados, a partir “FORA DA CAIXA” dos conteúdos do capítulo, a fazer diferente, dei- xar marcas. LENDO PARA Um convite para o aprofundamento, leitura e SABER MAIS pesquisa sobre o pensamento de pessoas que marcam a história da humanidade. BUSCANDO IDEIAS: O pensador que será o mentor e que conhe- FILÓSOFO AMIGO ceremos. Ele dará ideias sobre os conteúdos, questionando e desafiando. DE OLHO NO Um convite para você pensar sobre como os SEU FUTURO conteúdos lhe ajudarão no entendimento de qual caminho profissional seguir. ATUANDO NO Desafio para colocar em prática as ideias e re- SOCIOEMOCIONAL flexões, tanto no âmbito pessoal como no grupo.

PARA COMEÇO DE CONVERSA: Você tem em mãos, o livro Somos Filhos da Pólis, na sua 19o edição. Este livro faz parte da Coleção O Início de uma Mudança e vamos estudar os conteúdos: “Investigação sobre Política, Estética e a Ética”. Nesta Coleção temos caminhos organizados e pensados para alunos e professores encontrarem pistas investigativas, norteadoras, e os entendimentos básicos e fundamen- tais dos assuntos propostos: Investigação sobre a Teoria do Conhecimento (6o ano); Leia e saiba Investigação sobre a Lógica e a Linguagem (7o ano); mais sobre Investigação sobre a Ética (8o ano); INVESTIGAÇÃO, Investigação sobre a Política e Estética (9o ano). no seu livro digital. Nesse 9o ano abordaremos os aspectos históricos, sociais e filosóficos dos assuntos Somos o Filhos da Pólis / 9o ano propostos. Vamos conhecer caminhos para você e sua turma elaborarem, a partir das ideias apresentadas, um entendimento do mundo, do outro e de si mesmo. Bem como conhecer pensadores que com suas reflexões, ajudam a desenvolver e ampliar a capaci- dade reflexiva diante de temas que acompanham historicamente a humanidade. No livro do 9o ano – Somos filhos da Pólis, a partir de investigações políticas, estéti- cas e éticas, você perceberá que é importante fazer uma diferenciação entre os termos. Que a atitude ética é antes de tudo pessoal e, cada indivíduo escolhe atendendo ao que é melhor para o seu bem-estar. Com a escolha feita, que é uma atitude política, não se deve querer convencer os outros de que assim é melhor e mais satisfatório viver. Com essa ati- tude política, temos outros acordos, existem os outros, e é preciso haver a coordenação, a organização, pois há fatos que afetam a muitos. Precisamos investigar o desenvolvimento das ideias políticas e estéticas em nossa sociedade. Portanto, olhos e mentes abertas, pois vamos questionar, aprofundar nossos entendimentos e percorrer alguns caminhos, junto com filósofos. Assim podemos encon- trar (ou não) entendimentos para a realidade e para o tempo que vivemos. Buscamos e queremos ser felizes, viver bem, na sociedade e no tempo em que estamos. Onde está a ligação entre Ética, Política e Estética? O filósofo Aristóteles apresenta a diferença entre práxis e poiesis ou entre ação e fabricação. A política e a ética são colo- cadas como ciências da ação, da busca (= práxis). As artes ou técnicas são atividades de fabricação da ação, da realização (= poiesis). Aprofundaremos neste ano: “um comporta- mento ético leva a decisão política e, a uma vivência estética”.

Resta somente um alerta e o desejo para que você, junto com sua turma de sala de aula, realizem bons tra- balhos neste ano. Com grande senso de investigação, pesquisa, espírito de busca, discussão e aplicação desses conhecimentos, possamos viver bem e buscar a felicidade sempre. O autor No seu livro digital assista ao vídeo Aco- lhida aos alunos, professores e pais. Ouça o Podcast sobre: A Comunidade de Aprendi- zagem Investigativa: o que queremos? O que fazemos? Coleção O Início de uma Mudança BUSCANDO IDEIAS: AMIGO DA SABEDORIA Vou acompanhar VOCÊ nesse ano. Deseja ser sábio, pensar sobre o pensar? Vamos juntos ter ideias, conheci- mentos e, saber defendê-los. Afinal, to- dos queremos VIVER BEM! ROUSSEAU Vá ao seu livro di- gital e saiba mais Durante os nossos estudos, no livro físico e digital, sobre Rousseau teremos a presença do filósofo Jean-Jacques Rous- (por ele mesmo). seau (1712-1778). Ele foi (e é) um filósofo social, teórico político e escritor suíço. Considerado um dos principais filósofos do Iluminismo e precursor do Romantismo. Suas ideias influenciaram a Revolução Francesa. Em sua obra mais importante “O Contrato Social” desen- volveu sua concepção de que a soberania reside no povo. Seu Amigo da Sabedoria no 9o ano se apresentará colocando suas ideias, vai opinar sobre assuntos que estudaremos. Também dará dicas para aprofundar co- nhecimentos e, quer você aprendendo e tendo suas ideias sobre conhecimentos essenciais do nosso livro. Afinal todos somos “filo-filósofos”, amigos dos amigos da sabedoria.

SUMÁRIO UNIDADECONCEITOS E CAPÍTULO 1 – Aproximando os conceitos: Ética, Política e Estética VIVÊNCIAS NA 09 Motivando a pensar – Meu reino por um cavalo 01 PÓLIS Ampliando os entendimentos: UNIDADE 09 – Política e Ética 09 – Não seja idiota! 02 09 Conectando com o mundo – O analfabeto político 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Como vemos a Ética e a Política nos dias atuais? Pensando “fora da caixa” 09 – Platão (427-347 a. C.) – “A visão do outro” 09 Para ler e saber mais CAPÍTULO 2 – Viver em sociedade: convenções, leis, política...? 09 Motivando a pensar – A ratoeira Ampliando os entendimentos: 09 – A política 09 – As convenções 09 – As leis 09 Conectando com o mundo – Discurso da servidão voluntária 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Convenção, lei, liberdade, conhecimento e responsabilidade moral Pensando “fora da caixa” 09 – Aristóteles (384-322 a.C.) – “O homem é zóon politikón” 09 Para ler e saber mais 09 Avaliação da Unidade 1 CAPÍTULO 3 – O homem é um animal cívico, um animal político Somos o Filhos da Pólis / 9o ano 09 Motivando a pensar – Se todos os tubarões fossem homens Ampliando os entendimentos: 09 – A organização da política 09 – Por que o homem é político, ético e estético? 09 Conectando com o mundo – Ta politika e Res publica 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Tipos de líderes Pensando “fora da caixa” 09 – Nicolau Maquiavel (1469-1527) – “Um príncipe, para manter-se no poder, precisa ser mau” 09 Para ler e saber mais VIVEMOS CAPÍTULO 4 – A força do coletivo nas várias formas de poder NA CIDADE 09 Motivando a pensar – O rei que queria alcançar a lua NA PÓLIS Ampliando os entendimentos: 09 – A ação coletiva para o bem público 09 – Conceitos de Estado 09 Conectando com o mundo – A soberania é inalienável 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Ser idiota? Ou entender o que é o Estado? Pensando “fora da caixa” 09 – Thomas Morus (1478-1535) – “Por uma sociedade ideal” 09 Para ler e saber mais

UNIDADE CAPÍTULO 5 – A democracia como exercício de liberdade 09 Motivando a pensar – A influência da democracia 02 Ampliando os entendimentos: VIVEMOS 09 – Onde tudo começou? NA CIDADE 09 – Quais foram os passos posteriores? NA PÓLIS 09 – A participação e a igualdade 09 Conectando com o mundo – A participação dos povos na antiguidade 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – A candidatura Pensando “fora da caixa” 09 – Antonio Gramsci (1981-1937) – “Como podemos nos tornar livres?” 09 Para ler e saber mais 09 Avaliação da Unidade 2 UNIDADE CAPÍTULO 6 – A estética como escolha e a busca do viver bem 03 09 Motivando a pensar – Tyll, o mestre das artes Ampliando os entendimentos: 09 – A arte – A técnica 09 – Sobre a estética 09 – Objeto da estética 09 – Sobre o belo 09 – A emoção estética 09 – A arte e a indústria cultural 09 Conectando com o mundo – O belo e a aesthetica 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Construção política, estética e ética Coleção O Início de uma Mudança Pensando “fora da caixa” 09 – Walter Benjamin (1892-1940) – “Desenvolvimento da arte de citar VIVER BEM NA PÓLIS sem aspas” E ESCREVER A SUA 09 Para ler e saber mais HISTÓRIA CAPÍTULO 7 – Fazer e ter a sua história nas mãos 09 Motivando a pensar – Antes de desanimar Ampliando os entendimentos: 09 – A vida na pólis e seus valores 09 – A essência da natureza humana 09 – Concepções da essência do homem 09 – A transmissão e a invenção 09 – Ser especial, construir a própria história com os outros 09 Conectando com o mundo – O que fazer? 09 Links com outras disciplinas 09 Sendo protagonistas – Geração “sonhadora” quer oportunidade e menos consumismo Pensando “fora da caixa” 09 – Walter Benjamin – “A arte como atividade política” 09 Para ler e saber mais 09 Avaliação da Unidade 3 09 AVALIAÇÕES – Formativas e Reflexivas: durante 9o ano

01UNIDADE Conceitos e vivências na Pólis CÓDIGO DAS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS EF09FL01PF01 – Compreender o ser humano como ser individual, social e cultural que se modifica na sua ação. EF09FL01PF02 – Entender a cultura como ação humana. EF09FL01PF03 – Compreender o ser humano no contexto moderno. EF09FL01PF04 – Conceber o ser humano como ser inconcluso que pensa, sente, cria e se transforma. EF09FL01PF05 – Conhecer os fenômenos naturais e desenvolver o senso do cuidado e preservação. EF09FL02PF02 – Compreender como construir e preservar o espaço público do viver juntos.

01Capítulo Aproximando os conceitos: Ética, Política e Estética EF09FL01PF01 EF09FL01PF02 EF09FL01PF04 Coleção O Início de uma Mudança MOTIVANDO A PENSAR Meu reino por um cavalo Conta a história que o Rei Ricardo III estava preparan- Assista o vídeo do-se para a maior batalha de sua vida. A disputa deter- dessa história no minaria o novo monarca da Inglaterra. Outro exército era seu livro digital. liderado por Henrique, Conde de Richmond. Na manhã da batalha, Ricardo III mandou um cavalariço para verificar se o seu cavalo preferido estava pronto. – Ferrem-no logo – disse ao ferreiro. O rei quer seguir em sua montaria à frente dos soldados. – Terás que esperar – respondeu o ferreiro. Há dias que estou ferrando todos os cavalos do exército real e agora preciso ir buscar mais ferraduras. – Não posso esperar! – gritou o cavalariço, impaciente.

Os inimigos do rei estão avançando neste exato momento e precisamos ir ao seu en- Somos o Filhos da Pólis / 9o ano contro no campo de batalha. Faça o que puder agora com o material que você tem. O ferreiro, então, voltou todos os seus esforços para aquela empreitada. A partir de uma barra de ferro, providenciou quatro ferraduras. Malhou-as o quanto pôde até dar-lhes formas adequadas. Começou a pregá-las nas patas do cavalo, mas, depois de colocar as três primeiras, descobriu que faltavam alguns pregos para a quarta ferradura. – Preciso de mais um ou dois pregos, – disse ele – e vai levar tempo para confeccio- ná-los no malho. – Eu disse que não posso esperar – falou, impacientemente, o cavalariço. Já ouvem- -se as trombetas. Não podes usar o material que tens? – Posso colocar a ferradura, mas não ficará tão firme quanto as outras. – Ela cairá? – perguntou o cavalariço. – Provavelmente, não, – retrucou o ferreiro – mas não posso garantir. – Bem, usa os pregos que tens – gritou o cavalariço. E anda logo, senão o Rei Ricardo III se zangará com nós dois. Os exércitos confrontaram-se e Ricardo III participava ativamente, no coração da ba- talha. Tocava a montaria, cruzando o campo de um lado para o outro, instigando os ho- mens e combatendo os inimigos. – Avante! Avante! –, bradava ele, incitando os soldados contra as linhas de Henrique. Lá longe, na retaguarda do campo, avistou alguns de seus homens batendo em retira- da. Se os outros os vissem, também fugiriam da batalha. Então, Ricardo III meteu as espo- ras na montaria e partiu a galope na direção da linha desfeita, conclamando os soldados de volta à luta. Mal cobrira metade da distância, quando o cavalo perdeu uma das ferraduras. O ani- mal perdeu o equilíbrio e caiu, e Ricardo III foi jogado ao chão. Antes que o rei pudesse agarrar de novo as rédeas, o cavalo, assustado, levantou-se e saiu em disparada. Ricardo olhou em torno de si. Viu seus homens dando meia-volta e fugindo, e os soldados de Henrique fechando o cerco ao redor. Brandiu a espada no ar e gritou: – Um cavalo! Um cavalo! Meu reino por um cavalo! Mas não havia nenhum por perto. Seu exército estava destroçado e os soldados ocu- pavam-se em salvar a própria vida. Logo depois, as tropas de Henrique dominavam Ricar- do III, encerrando a batalha. E desde então, as pessoas dizem: – Por falta de um prego, perdeu-se uma ferradura, – Por falta de uma ferradura, perdeu-se um cavalo, – Por falta de um cavalo, perdeu-se uma batalha, – Por falta de uma batalha, perdeu-se um reino, – E, tudo isso por falta de um prego na ferradura. [História do folclore inglês - adaptada] 11

ATUANDO NO SOCIOEMOCIONAL Vamos conversar sobre a história lida e relacionar com a seguinte ideia: “A Ética é a arte de escolher aquilo que mais convém e de viver do melhor modo possí- vel. Já o objetivo da política é organizar a convivência social da melhor maneira possível”. Vamos falar sobre os entendimentos que surgiram, na sua turma, sobre a história lida. Em seguida faça uma relação com a frase acima e, escreva a sua conclusão. AMPLIANDO OS ENTENDIMENTOS Política e ética Coleção O Início de uma Mudança Quem já não ouviu ou mesmo expressou comentários No seu livro digi- como estes: tal a aula com o autor do seu livro. — “Política? Estou fora!” — “Políticos só pensam em si mesmos!” — “A política é uma vergonha!” ou, — “Os políticos não têm ética, são todos corruptos!” Estes comentários nada mais são do que generaliza- ções. Seria o mesmo que colocar os termos quantitativos todo(s) ou toda(s) na frente das frases acima. Quando ge- neralizamos, corremos o risco lógico de errar em nosso pensar (vimos esse assunto no 7o ano – Investigando so- bre lógica). Vivemos em uma democracia, então por que os políti- cos em geral têm essa má fama? No sistema democrático todos somos políticos, votando ou sendo votados, para representar e para decidir em nome de todos. Quando delegamos nosso direito a uma pessoa, escolhemos pelo voto o candidato que mais se parece conosco ou defende 12

posições que também temos. Damos o voto para quem No seu livro digi- oferece ideias para melhorar a gestão da cidade, do país, tal assista o vídeo enfim melhorias ao povo. Delegamos a uma “pessoa e relembre sobre capaz”, que colocará em prática as ideias que defende- a Grécia Antiga. mos, com competência. É claro que para isso, no siste- Qualquer pessoa que ma democrático, existem os partidos. Muitos escolhem queira viver bem, sendo seus representantes tendo por critério somente a sigla ética, não pode omitir-se partidária. do seu papel político. Dentre as pessoas que colocam seus nomes para representar o povo por intermédio de um partido, há muitos decentes e muitos indecentes. Alguns aprovei- tadores, oportunistas e sem o espírito público de servir, de ajudar a gerenciar o “bem público”. Entretanto, temos essa situação em todos os setores e profissões na so- ciedade. Podemos pensar em médicos, professores, ad- vogados, policiais, religiosos, juízes… E, a pergunta ainda persiste: por que políticos têm a fama? Na Grécia Antiga as pessoas consideravam a Ética e a Política ligadas entre si. Essa ligação era tanta que se definia o ideal da filosofia política uma continuação da filosofia moral. Ambas têm a mesma finalidade, estão in- timamente ligadas — viver bem na pólis: a Ética relacionada com a arte de escolher Somos o Filhos da Pólis / 9o ano aquilo que mais convém e de viver da melhor ma- neira possível para ser feliz; a Política como organização da melhor maneira possível para uma convivência social. Lembra da ideia apresentada Se reeleito Mas no no livro do 8o ano (Aprendendo a vi- for... mandato ver juntos): “O ser humano respon- passado o de eticamente por sua ação quan- Sr. prometeu do é livre, responsável e criador do isso e não seu próprio destino, mas, ao mesmo fez NADA tempo em que escolhe livremente, MESMO!!! há uma série de contradições his- tóricas que exigem novas opções Prometo não e escolhas a cada momento. A par- fazer NADA tir dessas escolhas feitas, temos a para prejudi- ação, pois política é essencialmen- car os meus te ação, compreendida como ação dentro de uma determinada coleti- eleitores! vidade social”. VIRAM? EU SEMPRE 13 CUMPRO MINHAS PROMESSAS!

A atitude ética e a atitude política são, portanto, duas formas de considerar o que se vai fazer. Essa ação é entendida aqui como a maneira pela qual empregamos nossa liberdade. A atitude ética é, antes de tudo, pessoal. Com ela, a pessoa escolhe, de acordo com o que é melhor para seu o bem-estar em um momento determinado e sem querer conven- cer os outros de que assim é melhor e mais satisfatoriamente humano viver. Na atitude política, há outros acordos, existem os outros e é preciso haver coordenação e organiza- ção, pois há situações que afetam a muitos. É importante saber que: viver eticamente e viver politicamente são duas formas de ação que possuem diferenças, veja: Coleção O Início de uma Mudança Liberdade AÇÃO ÉTICA AÇÃO POLÍTICA Comportamento Ocupa-se do que cada um Coordena e organiza a ma- Leis faz com ela. neira mais proveitosa para Ocupa-se em querer o todos, de acordo com o bem (cada um faz porque que muitos fazem com ela. quer). O que importa são os re- Conhecendo-as racional- sultados das ações para mente, sou mais livre para obter certos resultados e obedecer ou colocar-me para evitar outros. contra. Quem as respeita é um “bom cidadão” (mesmo sendo por medo, rotina, superstição ou convicção racional). Chegamos ao ponto comum da relação entre política, ética e estética: são ações hu- manas. Como seres racionais, nossa existência em sociedade impele-nos a termos nos- sa vida e considerarmos a do outro. A Ação Ética, só depende de nós, está em nossas mãos. Nossa liberdade expressa-se nas ações; A Ação Política, deve contar com a vontade dos outros. É preciso criar insti- tuições, leis, formas duradouras de administração, que muitas vezes são frágeis ou não funcionam como se esperava. 14

Não seja idiota! No seu livro digi- Somos o Filhos da Pólis / 9o ano tal assista o vídeo posições que também temos. Damos o voto para e relembre sobre quem oferece ideias para melhorar a gestão da cida- a Grécia Antiga. de, do país, enfim melhorias ao povo. Delegamos a uma ESTÁ ERRADO - “pessoa capaz”, que colocará em prática as ideias que defendemos, com competência. É claro que para Vá no isso, no sistema democrático, existem os parti- seu livro digital, vou dos. Muitos escolhem seus representantes ten- contar algo importante do por critério somente a sigla partidária. para você. Dentre as pessoas que colocam seus no- mes para representar o povo por intermédio 15 de um partido, há muitos decentes e mui- tos indecentes. Alguns aproveitadores, oportunistas e sem o espírito público de servir, de ajudar a gerenciar o “bem pú- blico”. Entretanto, temos essa situação em todos os setores e profissões na sociedade. Podemos pensar em médi- cos, professores, advogados, policiais, re- ligiosos, juízes… E, a pergunta ainda persiste: por que políticos têm a fama? Na Grécia Antiga as pessoas consideravam a Ética e a Política ligadas entre si. Essa ligação era tanta que se definia o ideal da filosofia política uma continuação da filosofia moral. Ambas têm a mesma fi- nalidade, estão intimamente ligadas — viver bem na pólis: ao pensar no nosso futuro – pensamos de ma- neira política; ao estudar nosso passado, nossa história – pensamos de maneira política; não querendo saber sobre o passado ou futuro – fazemos um ato político. Sendo assim, precisamos cuidar para que ninguém “tome a nossa palavra” e muito menos a pronuncie em nosso lugar. Como turma do 9o ano que pensa, não podemos ser considerados IDIOTAS.

CONECTANDO COM O MUNDO No seu livro digi- tal a aula com o Muitos adolescentes e jovens, já conformados e sem autor do seu livro. esperanças em uma nova ordem social, têm “nojo” e não errado querem conversar sobre política. O que de fato ninguém aguenta é a politicagem, a politicalha, como nos diz Rui No seu livro digi- Barbosa no texto Política e politicalha. tal O pior analfa- beto é o analfabe- No dia a dia da política partidária, muitas vezes, sem to político. Saiba mais ética e sem moral, acontece a contaminação da visão sobre Brecht. que todos temos da política. Ela não é vista como deve- Coleção O Início de uma Mudança ria, ou seja, como o único modo de melhorar a realidade, de desenvolver um país, de tornar a pólis um espaço de todos e para todos. “O pior analfabeto é o analfabeto político”, afirmou o poeta e dramaturgo Bertold Brecht1, pois o desinteresse pela política, direta e indiretamente, gera todos os outros analfabetos. LINKS COM OUTRAS DISCIPLINAS História – Língua Portuguesa – Ed. Religiosa 1. Após ler a definição de ética e de política, escreva com suas palavras o seu próprio entendimento, procure dar um exemplo. Ética: Exemplo: Política: Exemplo: 1. Bertold Brecht (1898-1956), dramaturgo alemão, criador do teatro épico. 16 Como autor e diretor, levou a efeito a tarefa de despertar a consciência do espectador para os problemas sociais e políticos de seu tempo. Suas obras continuam desempenhando papel relevante nos dias atuais, em todo mundo.

2. A partir do poema “O Analfabeto Político”, registre seu(s) entendimento(s) e faça uma Somos o Filhos da Pólis / 9o ano relação com o idiotés utilizado na Grécia Antiga. 3. Junto aos professores (de algumas disciplinas), pergunte e registre sobre: momentos históricos que mais marcaram a vida política deles como estudantes. SENDO PROTAGONISTAS Como vemos a ética e a política nos dias atuais? 4. Para ampliar os entendimentos sobre a ligação entre ética e política, a partir dos conteúdos apresentados, va- mos organizar uma mesa de debates, convidando (duas ou três pessoas da relação abaixo): pessoa pública ligada a um partido político (verea- dor, deputado, prefeito, líder de partido); uma pessoa líder (ligada a uma associação de mora- dores, ou a um sindicato, ao grêmio estudantil); uma pessoa religiosa (padre, freira, pastor, prof. de religião); um professor do colégio; um pai de um dos colegas; o(a) diretor(a) do nosso colégio. O professor, junto com a turma, organizará os encami- nhamentos, as regras, os objetivos, as perguntas e a sis- temática a atividade - “Como vemos a ética e a política nos dias atuais?” 17

DESAFIO AOS PROTAGONISTAS Os Vídeos deverão ser enviados ao autor do Pensando no Projeto de Vida nosso livro. Em grupos, os alunos do 9o ano produzirão vídeos (filmados com o celular e duração entre 3 a 5 minutos), fazendo ligação entre a discussão: Como vemos a ética e a política nos dias atuais? E, o texto de Bertold Brecht O analfabeto político. Coleção O Início de uma Mudança PENSANDO “FORA DA CAIXA” Platão (427-347 a. C.) - “A visão do outro” Platão é o filósofo que conseguiu dar a primeira grande sistematização à filosofia. Chegamos a encontrar afirmações como: “somos todos discípulos de Platão”. Exageros à parte, esse tipo de afirmação mostra que muitos assuntos filosóficos têm origem nele. A partir da condenação ao seu mestre Sócrates pela pólis, Platão criticou a política ate- niense, a qual se orgulhava de ter um governo justo. Afirmava que esse Estado estava degenerando-se de injustiça em injustiça: “A legislação e a moralidade estavam a tal ponto corrompidas que eu, antes cheio de ardor para trabalhar para o bem público, considerando essa situação e vendo que tudo rumava à deriva, acabei por ficar aturdido”. Com a condenação e morte de Sócrates, Platão abandonou o ideal de participação política alimentado desde a juventude: “Fui, então, irresistivelmente levado a louvar a verdadeira filosofia e a pro- clamar que somente com a sua luz pode-se reconhecer onde está a justiça na vida pública e na vida privada”. Muitas de suas obras têm por finalidade o conhecimento do bem. Segundo ele, é pos- sível organizar a cidade não mais pelas opiniões, mas tendo por base o verdadeiro conhe- cimento. Assim, a cidade depende de três funções: 18

1. a satisfação das necessidades básicas dos habitantes; 2. a defesa do território e, 3. sua administração. Afirmava que “os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder”. Essa é a conclusão de quem dirigiu-se à filosofia tendo como motivo o desencanto com a política cega dos homens. Em Diálogos de Platão, temos “A República, ou Sobre a Justiça”, que é uma das grandes obras de Platão, em que encontramos uma conversa contínua sobre a natureza política realizada entre Sócrates e um pequeno número de discípulos e amigos. LENDO PARA SABER MAIS Leis, ou sobre a legislação Platão morreu escrevendo esta obra, a mais longa Assista no Somos o Filhos da Pólis / 9o ano de todas. Na obra A República, que faz a descrição da seu livro digital – cidade ideal, temos a tentativa de imaginar uma cidade “Platão e o con- possível, entendida como meio termo entre as exigên- ceito de Justiça” cias da ideia e a realidade humana. Assim, Platão faz uma distinção entre os fatores re- sultantes das condições naturais, sobre as quais o ho- mem não tem domínio, e os fatos aos quais o legislador precisa modelar-se e fazer intervenção para assegurar uma estabilidade política. Ele afirma que a estabilidade está no equilíbrio das tendências (as transformações são sempre más, não representam progresso). Defendia especialmente as condições subjetivas da obediência às leis. Por isso, no Livro X, há uma con- denação ao ateísmo e aos efeitos antissociais. A carta Corrigir: CARTA VII Platão fez três viagens à Sicília, por volta de 390 a 388 a.C., e lá conheceu Dionísio I, tirano de Siracusa, cujos costumes pouco virtuosos censurou por serem incompatíveis com o cargo de governador de uma cidade. A Platão são atribuídas 13 cartas, porém, so- mente a Carta VII contém os pormenores de suas três viagens à Sicília. Conheceu Dion, jovem parente de Dionísio, que se tornou seu amigo e adepto de suas teorias políticas. 19

Quando morreu Dionísio, o jovem Dion tornou- Assista no -se seu sucessor. Platão, então, foi convidado por seu livro digital – ele para pôr em prática sua teoria do filósofo-rei, Platão falando so- ensinando a virtude ao novo tirano. Os que ser- bre a Carta VII e ideias viam ao antigo tirano tentaram ver a proposta fra- para o nosso país. cassar. Coleção O Início de uma Mudança A Carta VII foi escrita pouco depois da morte de Dion, em 354 a.C., quando estava em seu ter- ceiro ano de poder, e era endereçada “aos paren- tes e amigos de Dion”. Nela, Platão quis dar pros- seguimento às ações de Dion. Platão explica as razões de sua participação política, começando pela morte de Sócrates e com algumas afirma- ções que transcrevemos: “aquele velho que eu muito estimava”; “o medo (de parecer) incapaz de dedicar-me à ação”; “viver cada dia no sentido de se tornar o mais possível senhor de si mesmo”; “o governo da cidade não deve ser sujeitado por senhores, mas submeter-se às leis”. Em especial, esta última afirmação é retomada em Leis. Na Carta VII, está presente a doutrina política de Platão e também sua biografia, além de conter esclarecimentos importantes sobre a teoria platô- nica do conhecimento. Nela, Platão apresenta os cinco fatores indispensáveis ao conhecimento: o nome (a palavra designa o objeto que se quer co- nhecer); a definição da coisa em questão; a ima- gem ou figura que representa esse objeto; o co- nhecimento inteligível; e o objeto em si mesmo. De olho no seu futuro Momento de você aluno do 9o ano ir até o seu livro digital e pes- quisar sobre o que esse conteúdo pode lhe ajudar na sua escolha profissional, para o seu projeto de vida. QUE TAL COLOCAR A FRASE: pensou fora da caixa? Deixou marcas? E você? DE OLHO NO SEU FUTURO Pensou “fora da caixa”? Deixou marcas? E você? 20