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Published by Terceirize Editora, 2021-11-30 11:59:21

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REVISTABzzz CARLOS LIMA A RECEITA ANO 8 | Nº 97 | AGOSTO/SETEMBRO 2021 Um editor camarada Por Nelson Mattos BOURGARD BELISÁRIA O RN em lentes A baronesa de alemãs Serra Branca BAYEUX Curiosidades da cidade paraibana com nome francês ARTIGO Protagonismo social da OAB DELUXE A MARCA DE JOIAS ANA ROCHA & APPOLINARIO GANHA ARES PARISIENSES E LISBOETAS EM ENSAIOS FOTOGRÁFICOS E TILINTARES PILOTADOS PELA DESIGNER ANNA CLÁUDIA ROCHA E AS EMBAIXADORAS CLÁUDIA GALLINDO E JU FLOR. CONTAMOS SOBRE ESSES MOMENTOS QUE CELEBRAM OS 20 ANOS DA JOALHERIA BRASILEIRA 1 AGOSTO/SETEMBRO 2021





EDITORIAL BzzzEXPEDIENTE PUBLICAÇÃO: SOMA DE JEL COMUNICAÇÃO HISTÓRIAS ---------------------------------------------------- BZZZ ONLINE Esta edição chega ainda mais especial. Motivo: a estreia de ATUALIZAÇÃO DIÁRIA E BLOGS mais um colaborador: o viajante do mar Nelson Mattos Fi- www.bznoticias.com.br lho – potiguar que resolveu morar a bordo de um veleiro @revistabzzz com a esposa Lúcia. Aventura que ele reuniu em livro, contando Revista Bzzz suas histórias e pensamentos sobre a vida no mar. Atualmente o ---------------------------------------------------- casal está com os pés em terra, mas de frente para o mar, na ainda SUGESTÕES DE PAUTA, pacata praia potiguar de Enxu-Queimado, que assim ele descreve: CRÍTICAS E ELOGIOS [email protected] - É uma praia que ainda mantém quase todas as característi- ---------------------------------------------------- cas das antigas colônias de pescadores, mas, como em todo lugar, EDITORA o modismo desenfreado já corroí os mais jovens. A renda do lu- ELIANA LIMA gar vem quase toda da pesca artesanal da lagosta e dos peixes. [email protected] ---------------------------------------------------- Pois bem, Nelson discorre sobre uma viagem com sabor de PROJ. E DIAGRAMAÇÃO pão artesanal. Boa leitura! O acadêmico Ivan Lira traz instigantes TERCEIRIZE EDITORA curiosidades do município paraibano com nome francês: Bayeux. www.terceirize.com Delicie-se com essa história que passa por Assis Chateaubriand, ---------------------------------------------------- magnata da imprensa brasileira na primeira metade do século COMERCIAL 20. Além dos causos sobre chifres e suposições. EDILÚCIA DANTAS (84) 99109 9678 O acadêmico Geraldo Queiroz conta sobre vida e obra de Car- ---------------------------------------------------- los Alberto de Lima, saudoso gigante livreiro e editor que possi- COLABORADORES bilitou publicações de centenas de livros e lançamento dos que AURA MAZDA, ANDERSON TAVARES DE LYRA, se transformaram em grande escritores. A história passa, inclusi- GERALDO QUEIROZ, IVAN LIRA DE CARVALHO, ve, pelos porões da ditadura militar, onde ele ficou preso por dez MINERVINO WANDERLEY meses, acusado de subversão. ---------------------------------------------------- CAPA O historiador Anderson Tavares de Lyra nos remete à história SAULO ROCHA de Bruno Bourgard, o alemão que fez os primeiros registros de Natal, em fotografias feitas da torre da Matriz de Nossa Senho- ra da Apresentação. O jornalista Minervino Wanderley resgata a história da Baronesa de Serra Branca, Belisária Wanderley, que libertou seus escravos oito anos antes da “Lei Áurea” e ainda banqueteou-os, ela própria servindo-os à mesa. Na página de artigo, o advogado Daniel Censoni faz duras crí- ticas à OAB, sob o título-questionamento “Qual é o verdadeiro protagonismo da Ordem dos Advogados do Brasil?”. Na minha coluna: passeio por encantos históricos e gastronômicos de Cas- cais e Lisboa. Leia sem moderação Eliana Lima - Editora 4 [REVISTA Bzzz]

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ÍNDICE 44 60 48 8 | AS LISBOETAS 54 66 6 74 | TÚNEL DO TEMPO 72 [REVISTA Bzzz]

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• FAVO • [REVISTA Bzzz] ELIANA LIMA [email protected] MUITO MAIS ALÉM A grande maioria dos visi- tantes que chegam a Cascais, na Grande Lisboa, restringe-se à Casa da Guia, ao passeio do co- mércio central e à Boca do Infer- no (espécie de arco em rochedo por onde entra a água do mar). E assim desconhece mais sobre esse local que remete à pré- -história, cerca de 2000 a.C.. No século XII, foi reconquistada dos árabes e passou para o comando dos reis portugueses. Tornou-se uma pequena aldeia de pescado- res e lavradores. POIS BEM É impossível ir a Cascais e não ob- servar um lindo palácio que recebe água do mar em período de preamar, formando uma enseada. É o Palácio do Conde de Castro Guimarães, que, segundo descreve a Sipa (Sistema de Informação para o Patrimínio Arqui- tetónico), trata-se de um imóvel “ec- léctico e revivalista. Casa de Veraneio neoromânica, neogótica, neoárabe e neomanuelina, com predominância do programa decorativo neomanue- lino”. Funciona como museu e vale muito uma visita a esse incrível mo- numento construído durante o sécu- lo XIX, e até hoje tem conservado o seu traçado original. 8

• FAVO • HISTÓRIA SABOR A construção do palácio foi iniciativa do Quando lá estive optei – e adorei – pelo La Con- irlandês Jorge O’Neill, rico homem de negó- tessa | Carpaccio House. Pedi, obviamente, car- cios do tabaco. A orla de Cascais era o lugar paccio. E prego de rosbife. Deliciosos. preferido de nobres e personalidades para passar as férias, construindo na vila as suas MAIS imponentes casas de veraneio. Conta a len- da que dez anos após a construção, O’Neill Para jantar, a op- mergulhou em crise financeira e vendeu ção foi uma autêntica o palácio ao Conde de Castro Guimarães, parrilla argentina, no banqueiro que tinha privilegiadas ligações charmoso restaurante internacionais. Com a morte do Conde, em El Caminito, na parte 1927, seu desejo foi realizado com o repas- de rua de pedras histó- se do edifício ao município que, três anos ricas de Cascais. depois, abriu o museu ao público. BONITO E SABOROSO BOM LUGAR Em Lisboa, fui, provei e aprovei o restaurante Com a pandemia, devido o distanciamen- e bar A Caseta, na Calçada da Estrela. Do lado de to social e a obrigatoriedade de lugar aber- fora já vemos a cozinha, toda envidraçada com to, Cascais ganhou a Rua Amarela, que era vista para a rua. Dentro, charme desde a recep- para funcionar até setembro, mas o sucesso ção. Cada ambiente é uma agradável surpresa, foi tanto que permanece. Concentra vários tudo personalizado e envolvendo a paixão do seu bares e restaurantes. A rua é identificada proprietário Leonardo dos Anjos Melo pelos ca- pelo chão pintado de amarelo, e abrange valos lusitanos. Ele nos recebeu à porta e explicou três ruas: Nova da Alfarrobeira, Alexandre sobre o local. Sua família é dona de uma quinta, Herculano e Afonso Sanches. origem de toda a carne servida nas opções do car- dápio. A cozinha é alentejana com toque contem- porâneo. Tudo belo e saboroso, desde a imagem visual dos pratos. Indico demais AGOSTO/SETEMBRO 2021 9

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Ivan Lira de Carvalho Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do RN, do Conselho Estadual de Cultura e da Academia de Letras Jurídicas do RN. Professor da UFRN, Juiz Federal Estação de passageiros do Aeroporto Internacional Castro Pinto, em Bayeux-PB BAYEUX Da Normandia À PARAÍBA Quem passa pela BR 101, nas proximidades da ca- toponímico que diz respeito à nata da imprensa brasileira na pital paraibana, tem a sua presença dos corsários franceses atenção chamada para placas no território dos tabajaras, ao iní- primeira metade do século vinte, indicativas de uma cidade com cio da nossa colonização lusa. Ou a título de ficar de boas com os nome pouco usual para o Nor- melhor, do nosso abandono pela Aliados que delineavam uma re- deste brasileiro. Em bom francês, coroa portuguesa. Mas não é bem Bayeux! Às primeiras indagações, assim que a coisa funciona. tumbante vitória sobre as forças historiadores de improviso ten- do Eixo na Segunda Guerra, isso tam sacar informações empíri- O nome da cidade, é certo, tem em 1944, conseguiu com o inter- cas, afirmando ser referencial inspiração francesa. Mas a razão é ventor Rui Carneiro a mudança do puramente bajulatória. Conta-se que Assis Chateaubriand, mag- nome de um distrito do Município de Santa Rita, de Barreiros para Bayeux, enaltecendo assim a pri- 10 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • meira das cidades da Normandia Célebre foto de Charles De Gaulle desfilando em triunfo pelas ruas de Bayeux-FR, após a libertação da cidade do domínio nazista a ser libertada do jugo do exérci- to de Hitler, em prenúncio do fim Assis Chateaubriand, dono do império das Ruy Carneiro, Interventor do grande conflito mundial. Assim comunicações nominado Diários Associados, Federal na Paraíba, autor do aconteceu. Tanto que foi chan- autor da ideia de batizar a cidade com o decreto que oficializou o nome tado na Praça Seis de Junho um nome francês de Bayeux-PB obelisco em granito bruto, com o dístico “Viva a França”, onde está esculpido um medalhão com o nome dos dois países, sendo o jar- dim uma homenagem à data do desembarque das tropas aliadas na costa normanda, o chamado “Dia D”. Também a via principal foi renomeada, de Rua Abdon Mi- lanez para Avenida de Liberdade, saudando a retomada desse senti- mento pelo povo da terra gaulesa. A Bayeux francesa está situa- da na região noroeste do referido país, próxima a Le Havre (consi- derada pela UNESCO Patrimônio Mundial da Humanidade), Ruão (famosa pelo seu casario medieval, lugar onde viveu, morreu e foi se- pultada a escritora potiguar Nísia Floresta e onde ocorreu o martírio de Joana D’Arc) e Lisieux, a de San- ta Terezinha. Tem cerca de treze mil habitantes, é famosa pela tape- çaria e por sediar o maior cemité- rio de guerra da França, com 4.648 sepulturas, incluindo 3.935 de britânicos e 466 de alemães. Tem também um memorial dedicado aos jornalistas que tombaram co- brindo o sangrento conflito, onde anualmente é realizado um encon- tro de periodistas que trabalham nessa difícil área da informação. A economia se assenta na produção agropastoril e na indústria alimen- tícia, tendo destaque também o tu- rismo histórico-cultural. AGOSTO/SETEMBRO 2021 11

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Já a congênere paraibana é A Ponte do Baralho, sobre o Rio Sanhauá, na divisa entre os Municípios de Bayeux e João Pessoa bem mais povoada: quase cem mil habitantes, funcionando tam- Unidade fabril do parque industrial sisaleiro de Bayeux, anos sessentas bém como apoio de moradia para pessoas que trabalham na capital empresas como a CISAL, a SIBRA- casas populares. Por razões de do Estado, já que a divisão entre SIL e a FIBRASA respondiam pela mercado e especialmente do des- os municípios é feita por leitos quase totalidade dos empregos prestígio das fibras naturais com de vias públicas e pelos Rios Ma- a expansão das similares sintéti- rés, Sanhauá e Paraíba. Chama- formais e dos tributos gerados cas, a preço mais baixo, essas in- vam-na, lá para trás, Barreiros dústrias cerraram as suas portas (engenho assim nominado) ou no Município, interferindo, de ou minguaram de porte. Barreiras (por estar na margi- nal de rios). No populacho, Rua forma oblíqua, no desenho admi- Mas, como toda cidade gemi- do Baralho, em razão das biros- nada a centros mais desenvolvi- cas de jogatina que funcionavam nistrativo e urbanístico do lugar, dos, ou integrantes de conurbação, ao curso do seu caminho maior. Uma curiosidade: como unidade inclusive com a atração de equi- política nunca pertenceu formal- pamentos como o Serviço Social mente à capital, mas sempre ao da Indústria e a construção de Município de Santa Rita, somen- te deste sendo desmembrada em 1959. Durante muitos anos a sua economia era precária, assentada basicamente na pesca e na cata de mariscos, além da agricultura discreta. Uma classe operária se esboçou a partir do contingente de trabalhadores da Companhia de Tecidos Paraibana (Fábrica Tibiri), que funcionou em Santa Rita de 1891 a 1970. A formação de mão de obra fabril favoreceu a edificação de um novo parque in- dustrial no coração de Bayeux, no eixo da Avenida Liberdade, esti- mulada pelos recursos carreados pela SUDENE, dedicado ao bene- ficiamento de agave, dando trata- mento à fibra que vinha de polos sisaleiros como Cuité e Teixeira e exportando o produto atra- vés do Porto de Cabedelo para a Inglaterra e os Estados Unidos, principalmente. Nesse contexto, 12 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Bayeux sempre careceu de uma O segundo discurso de De Gaulle em Bayeux-FR, lançando as bases da nova constituição francesa da reconstrução pós-guerra identidade histórica e cultural mais definida, talvez pela flutua- Centro histórico ção do seu perfil populacional, de Bayeux-FR e em muitos casos sem ânimo de obelisco na Praça fixação, pois famílias que alçam a 6 de Junho em um patamar econômico ou sala- Bayeux-PB. Cidades rial melhor, preferem mudar para gemelares bairros sediados em João Pessoa. Monumento ao caranguejo, ressaltando a importância Capelinha do Sanatório Getúlio econômica e ambiental dos manguezais de Bayeux-PB Vargas, hospital onde eram isolados Por incrível que pareça, uma das os doentes do Mal de Hansen razões dessa migração é o estigma que recai sobre a cidade de ser um lugar de muitos desvios sentimen- tais e de pouco compromisso mo- nogâmico (v. box nesta matéria). Entretanto, há um núcleo de baie- nenses (ou bayenenses) que luta pela reversão desse limbo, inclusi- ve com a criação e o funcionamen- to de um Instituto Histórico e Geo- gráfico de Bayeux, que conta com revista devidamente catalogada na hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Outra insti- tuição que fortalece essa noção de pertencimento é a Alliance Bayeux France Brésil, geminando as duas cidades, que segundo seu dirigente Anthony Voidie, “criada no final do 70º aniversário dos desembarques na Normandia, tem como objetivo desenvolver o intercâmbio entre os habitantes de Bayeux França (e arredores) e Bayeux no Brasil”. A propósito desse liame intercon- tinental, o jornal A União (João Pessoa, 25 de dezembro de 2104, p. 10) publicou interessante artigo de Janete Monteiro Fernandes, re- portando viagem que empreendeu à França naquele anos, juntamente com alguns vereadores de Bayeux- -PB, a convite da deputada france- sa Isabelle Allard, para participar AGOSTO/SETEMBRO 2021 13

• EDITORIAL|HISTÓRIA • dos setenta anos do “Dia D”, com Marés, com capela, casa grande ENTRE solenidades que contaram com a e outras edificações tombadas CHIFRES E participação de líderes mundiais pelo Instituto do Patrimônio SUPOSIÇÕES do porte de François Hollande, Histórico e Artístico do Estado Elizabeth II, Barack Obama, Vla- da Paraíba). Outro equipamen- Não se sabe ao certo de onde dimir Putin e Angela Merkel. e quando surgiu a lamentável to que lá está e que teve relevo fama que recai sobre Bayeux-PB, Em seu território Bayeux de ser uma cidade fora dos pa- tem instalações importantes no no cenário da saúde pública do drões monogâmicos, pois o nono contexto paraibano, com o 16º Estado é o Sanatório Getúlio mandamento da igreja católica Regimento de Infantaria Meca- Vargas, destinado ao controver- (“não cobiçar a mulher do próxi- nizado do Exército Brasileiro, o tido tratamento isolacional da mo”) seria frequentemente des- Aeroporto Internacional Castro respeitado. Não há – pelo menos Pinto e o Condomínio Alphavil- hanseníase, hoje em estado de de forma oficialmente levantada le (que restaurou e preserva o – uma estatística que comprove importante conjunto arquite- degradação predial. essa realidade. Mas, rumando tônico colonial do Engenho de para o fim do primeiro quartel O Índice de Desenvolvimen- do século vinte e um, ainda há to Humano de Bayeux é médio quem dê cabimento a essas ca- (0,649) e o Produto Interno Bru- vilações, quase sempre calcadas to Per Capita é R$ 13.922,53. em forte coloração de suprema- cia machista. Veja-se que um de- Logomarca da Alliance Bayeux France Brésil putado estadual colocou o seu mandato para fortalecer essa Vista do Engenho Marés, com conjunto colonial tombado pelo patrimônio histórico pecha, atribuindo a sensação de humilhação dos machos locais 14 ao nome do lugar. Assim, o parla- mentar teve a ideia de apresen- tar um projeto de lei extirpando o topônimo Bayeux. Está no site oficial da Assembleia Legisla- tiva da Paraíba que a razão da sua proposta “é a carga pejo- rativa assumida pelo nome ao longo dos anos, pois, no popular, o município é conhecido como ‘a cidade dos cornos’. – Até os motoristas da cidade preferem emplacar os veículos em João Pessoa para que não apareça o [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • nome de Bayeux – argumentou de fantasiosa e de pouca amarra- mais diversos sítios, dos salões o deputado”. de oficinas mecânicas às bar- ção lógica, essa versão, repassada bearias e botecos, sendo repli- Para essa situação, que beira na coluna “Moral da História”, do cadas em muitos setores e até o folclore, o historiador Fenan- blog “Termômetro da Política”, mesmo alimentada pelo noti- do Guedes Júnior, professor das ciário de que a esposa de um redes pública e privada de ensi- tem servido como uma das justi- exercente de destacado cargo no em João Pessoa, apresentou a ficativas para depreciar a cidade, político-administrativo local versão de que a fama decorre de à luz dos padrões morais conser- optou pela variação de parceria uma corruptela mal interpretada. sexual durante a constância do Segundo o professor, que é tam- vadores da região. casamento. Aqui não se ingres- bém turismólogo e tem mestrado Há outra hipótese, carregada sa na análise do possível cariz em História pela UFRN, na Rua misógino ou machista das pu- Antônio Ferreira as mulheres tra- de empirismo, que se louva em blicações. Só os fatos crus, tra- balhavam na confecção de canga- zidos quase no modal do dra- lhas, mangas de garrafa e esteiras um disfarce sociológico para a maturgo Paulo Pontes (autor de para forrar o lombo de animais “Gota D’água”) que, desde o seu de carga, artefatos muito usados matéria: a de que o declínio da tempo de radialista na Paraíba, pelos tropeiros que vinham com produzia programas popula- mercadorias do interior para Fábrica Tibiri (Companhia de res para a Rádio Tabajara com vender na capital e em Bayeux o lema de mostrar “a cara do faziam “a revisão” dos acessórios Tecidos Paraibana), ocorrido no povo do jeito que ela é”. das suas tropas. Como o forte da final da década dos sessentas, produção era de cangalhas (espé- havia imposto um significativo Para encerrar esse assunto cie de sela que sustém os caçuás contingente de desempregados tormentoso e perfurante, vai-se dos burros carregadores) e as ao terreiro do picaresco com a pessoas simples pronunciavam ao Município, estimulando que história posta entre o real e o “cangaia”, propagou-se que aque- trágico. Pois bem. Em Bayeux o la era a “rua da cangaia”. Até aí, no mulheres prestassem favores ônibus urbano era apelidado “ca- campo do analfabetismo, tudo ia ta-corno”. Manoel, cego de nas- bem. Só que os maldosos passa- sexuais em troca de pagamen- cença, mas muito independente, ram a associar o referido artefa- to, para custeio doméstico. Só diplomou-se massagista e traba- to a outra afirmação sexista, que que a “clientela” era de homens lhava alguns dias da semana em é de mulheres dominadoras dos um hospital da já multicitada ci- seus maridos, que os tratam com também desempregados, que dade. Ao fim da jornada, chegou cangas... com “cangaias”... Foi um na parada de ônibus e descuida- pulo para que se dissesse que saqueavam a economia das pró- damente perguntou se fazia tem- “cangaia” é o mesmo que chifre po que passara o cata-corno. O (forma chula de se referir a trai- prias esposas para pagar pelos interlocutor deu-lhe um murro e ção conjugal) e feita ficou a mis- jogou longe a sua bengala. tura: Bayeux é terra da cangaia... seus “desvios sentimentais”. Isso é terra de chifre... é terra de chi- Que não se aplique o mesmo frudos... é terra de cornos. Apesar formava o que se pode chamar castigo ao escritor que aborda temas tão inconvenientes. uma “ciranda de traição” (e aqui peço perdão a Alceu Valença e a Geraldo Azevedo, pelo emprésti- mo do título de uma canção dos dois). Para dar um verniz aca- dêmico, os boateiros dizem que essa informação advém de uma pesquisa realizada no âmbito do Curso de Serviço Social da UFPB, aplicada ao pontiagudo univer- so em questão. Se essa pesquisa existiu e foi publicada, está mui- to bem guardada. Por fim, resta a galhofa, que frequenta o anedotário nos AGOSTO/SETEMBRO 2021 15

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • Minervino Wanderley BELISÁRIA LINS WANDERLEY DE CARVALHO E SILVA A Baronesa de Serra Branca OS SEUS ESCRAVOS FORAM LIBERTADOS EM 30.03.1880, OITO ANOS ANTES DA LEI Nº. 3.353, A FAMOSA “LEI ÁUREA” 16 [REVISTA Bzzz]

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • Nasceu em Açu-RN, a Açu, poucos anos depois, referen- Wanderley, primeiro médico di- 13.10.1836, filha de Ma- nuel Lins Wanderley e d. dava aquela iniciativa, estenden- plomado no Rio Grande do Norte. do o benefício a todos os escravos Maria Francisca da Trindade Wan- ainda existentes em seu perímetro. _________________________ Isto deu-se a 24 de junho de 1885, Fontes: CASCUDO, Luís da Câmara. derley. Casou-se com Felipe Néri portanto ainda três anos antes do O Livro das Velhas Figuras, Vol. de Carvalho e Silva, que se torna- I. Natal. Instituto Histórico e ria Barão de Serra Branca. (...) fa- que determinaria a referida lei. Geográfico do RN, 1974; zenda-sítio enorme, vistosa, com WANDERLEY, Walter. Família Belisária Wanderley foi a última Wanderley - História e casa-grande, gadaria, escravos Genealogia. Rio de Janeiro: e servidores. Serra Branca dava representante do período imperial Editora Pongetti, 1966. repercussão às façanhas dos va- Foto: extraída do livro Família no Rio Grande do Norte. Faleceu queiros, às glórias dos invencíveis em Natal, em 13 de abril de 1933. Wanderley, acima citado. cavalos-de-campo, ágeis e finos, pisando no duro e no molhado, Uma curiosidade: Belisária era com patas infatigáveis e nobres irmã do poeta Luiz Carlos Lins (CASCUDO, p. 69). O decreto dan- do a Felipe Néri e d. Belisária re- feridos títulos – Barão e Baronesa – foi assinado pela Princesa Isabel, em 19 de agosto de 1888. Abolicionista convicto, Felipe Néri libertou os seus escravos em 30.03.1880, oito anos antes da Lei nº. 3.353, a famosa “Lei Áurea” e, posteriormente, d. Belisária ban- queteou-os, ela própria servindo- -os à mesa. Talvez por influência deste gesto de desprendimento e magnanimidade, o município do Casarão em ruínas AGOSTO/SETEMBRO 2021 17

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • NOTA COMPLEMENTAR ATA DE LIBERTAÇÃO E DECLARAÇÃO DE QUE SE ACHA LIVRE A CIDADE DO ASSU DO ELEMENTO ESCRAVO Aos 24 (vinte e quatro) dias do mês de passo que terminavão os seus discursos junho de 1885 (um mil, oitocentos e oi- tenta e cinco), nesta Cidade do Assu, Pro- os oradores. víncia do Rio Grande do Norte, na Igreja Logo que foram concluídas as formali- Matriz do Glorioso São João Batista, Pa- droeiro desta Freguesia, pelas 9 (nove) dades de estylo foi encerrada a sessão pelo horas da manhã, onde se achava reunida, em sessão solene, a Sociedade Libertado- Dr. Juiz de Direito desta Comarca, Ângelo ra Assuense e presentes o Ilmº. Revmº. Arcipreste desta Província, Vigário Pedro Cousseiro, e para constar foi lavrada a pre- Soares de Freitas, o Sr. Dr. Juiz de Direi- to da Comarca Ângelo Caetano de Souza sente ata em livro especial, em que assig- Cousseiro, Presidente da Câmara Munici- narão a Sociedade Libertadora Assuense e as pessoas que quiseram. Eu, Torquato de pal, representantes da imprensa, numero- Oliveira, secretário, a escrevi. so concurso de pessoas gradas, senhoras, Vigário Antônio Germano Barbalho Be- cavalheiros e grande massa de povo, foi zerra, Presidente; Antônio Dantas Correia pelo mesmo Revmº. Arcipreste aberta a de Medeiros, vicepresidente; Torquato de sessão e lida, pelo Revmº. Vigário Antônio Oliveira, Socretário; Elias Antônio Ferrei- Germano Barbalho Bezerra, Presidente da ra Souto, orador; Pedro Soares de Araújo, mesma Sociedade, o documento pelo qual Tesoureiro; Augência Virgílio de Miranda se demonstrou que a Cidade do Assu está e Galdino dos Santos Lima, Promotores da Liberdade; Vigário Pedro Soares de livre, e que dentro de sua circunscrição Freitas, Arcipreste; Vigário Félíx Alves de Souza, Ângelo Caetano de Souza Coussei- não existe um só escravo. ro, Manoel Lins Caldas, Palmério Augus- to Soares de Amorim, Epaminondas Lins Depois das salvas e descargas foi exe- Caldas, Manoel Cândido Maciel de Brito, cutado o Hymno da Redempção da Cida- de do Assu. Fallarão os diversos oradores Justiniano Lins Caldas, Francisco Urbano de Souza Macedo, Antônio Cabral de O. inscritos e recitarão poezias referentes Barros Filho, Manoel Liberalino Freire de Carvalho, Theofilo de Oliveira Lins, Antô- ao acontecimento. Uma banda de música nio Soares de Macedo, Egídio Ferreira de de pancadaria tocou o Hymno Nacional, Carvalho, Dr. Luís Carlos Lins Wanderley, depois de entregues as cartas de liber- Antônio Filgueira Segundo e Luís Antônio Freire de Carvalho, sócios. dade, tendo tocado diferentes peças ao FONTE:http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/ DOC000000000106277.PDF 18 [REVISTA Bzzz]

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • “A BARONESA DE SERRA BRANCA”, A HISTÓRIA QUE VIROU FILME A história da abolição dos es- Cenas do filme “A baronesa de Serra Branca” é o atual mister de Assu e faz o cravos de Serra Branca se trans- papel do barão. A baronesa de formou em filme em 2018, pro- solidão da Baronesa, que após Serra Branca conta ainda com a duzido pelos próprios artistas perder o seu único filho e o espo- participação de poetas, serestei- so, passa os últimos anos de vida ros e grupos de capoeira e dan- da cidade. O longa-metragem sozinha em seu casarão, morren- ça africana. O financiamento da do aos 95 anos. obra foi através da própria equi- teve como protagonistas o mis- pe que compõe o filme e contri- A equipe técnica e atores do buição de parceiros. ter da cidade e uma professora longa é composta por pessoas da região. A baronesa é interpre- Trailler do filme: de música. tada por Josyanne Talita, de 27 https://www.youtube.com/ Segundo o produtor da obra anos, que é professora de mú- watch?v=O3-KMvIXMUg sica e teve nessa produção sua https://www.youtube.com/ “A baronesa de Serra Branca”, primeira experiência como atriz. watch?v=qxbkZ-gkFiY&t=10s Paulo Sérgio de Sá Leitão, o ba- “Foi uma responsabilidade mui- Teaser “Baronesa de Serra Branca”: rão Felipe Neri de Carvalho Sil- to grande que recebi. Mas todos https://www.youtube.com/ va e a baronesa Belisária Lins tiveram paciência e foram no watch?v=yBUUwnPuMW8 meu tempo, aí fiquei mais con- Wanderley marcaram a história fiante a à vontade”, disse ela. do Rio Grande do Norte. Além Já Alyson Santos, de 32 anos, disso, eles mesmo sendo donos de escravos, eles não tratavam diferente e sentiam culpados. As primeiras gravações da obra co- meçaram em fevereiro de 2017, com cenários originais da época, como a atual Casa de Cultura de Assu, onde no passado foi a resi- dência oficial dos barões e a Fa- zenda Serra Branca, que dá título ao filme e é localizada no muni- cípio de São Rafael, também no Alto Oeste do estado. O filme (foto acima do título) também relata os momentos de AGOSTO/SETEMBRO 2021 19

• DIÁRIO DO AVOANTE • Nelson Mattos Filho Viajante Paula e Fernando dão adeus ao Andante A RECEITA NÃO EXISTE FÓRMULA BÁSICA PARA SE CONQUISTAR AMIGOS, PORQUE AS GRANDES AMIZADES MUITAS VEZES NEM SABEMOS QUAIS INGREDIENTES COLOCAMOS NA RECEITA. E LÁ VAI UM COPO COM 200ML DE LEITE... Sou aficionado por pães e píer do Iate Clube do Natal, tem- Fernando é exímio churrasquei- dificilmente deixo passar pos atrás, eles vindo de uma re- ro, cozinheiro, cervejeiro e dono de despercebido uma imagem gata Fernando de Noronha/Natal um carisma e uma bondade sem de um pãozinho exposto em re- e com rota traçada para um giro iguais. Paula é um amor de pessoa, vistas, livros, jornais, encartes e pelo oceano Atlântico. O contato alma maravilhosa, apaixonada até mídias sociais. Nos programas te- inicial foi com um olá e um convi- os fins dos tempos por Fernando levisivos, quando alguém anuncia te para um churrasco na prainha e com riso e alegria contagiante. receitas de pães, não tem como do clube e, como sempre, o chur- O casal é proprietário do Bar do meus sentidos serem desviados rasco rendeu outros churrascos, Português, que tem vários pontos e enquanto o produto não sai do vários jantares, cafés da manhã espalhados pelo interior paulista forno, não sossego, porém, basta e seguidos bate-papos, regados e considerado pela crítica como o dar uma olhada rápida na receita a cervejas e vinhos, nos finais de melhor chope do Brasil, mas vez para saber o resultado final, mas tarde nas margens do Rio Potengi, por outra bate a saudade do mar, as vezes sou surpreendido. Mais que tem um dos mais belos pores- pegam o veleiro e saem por aí. O um copo com 200ml de água... -do-sol do mundo. Outro copo com primeiro veleiro foi o Andante, o 200ml de óleo... segundo se chama Strega e a bordo Conheci Paula e Fernando no 20 [REVISTA Bzzz]

• DIÁRIO DO AVOANTE • dele estão boçando e levando ale- Dois anos após o giro atlântico panela e leva ao fogo até amornar. gria e boas energias pelos oceanos dos andantes, novamente nos en- Depois coloca o óleo, o sal e o açú- do planetinha azul. Seis colheres de contramos diante de uma churras- car, mistura um pouco e acrescenta sopa, rasa, de açúcar... queira no Cabanga Iate Clube de a farinha de trigo, aos poucos, mis- Pernambuco e com rotas traçadas turado ao fermento. Sova e deixa Por vários anos, antes de um para a ilha maravilha de Fernando descansar por trinta minutos, ou dia me aventurar pelos encantos de Noronha. Velejadores quando mais, a depender da fermentação. do mundo de Netuno e Iemanjá, se encontram é sempre uma festa Em seguida divide a massa, no meu trabalhei no setor de panificação, e a amizade cada vez se fortalece caso dividi em quatro partes iguais, primeiro como empacotador de mais. Um quilo de farinha de trigo... e modela os pães. Dá um pouco bolachas, balconista, abastecedor, mais de descanso, uns quinze minu- caixa e faz tudo na padaria da fa- Depois do último encontro em tos, e coloca para assar em forno, já mília. Anos depois, montei, com Noronha, voltamos para navegar aquecido, a 180 graus. Lucia, uma padaria no município pelo mar da Bahia, o casal retor- de João Câmara/RN, a Pão de Mel, nou para São Paulo, fincaram um – Por aonde navega o Strega? – e entre uma vírgula e um ponto pé em Paraty, onde mantinham o Acho eu que dando uns bordos pe- estive presidente da Associação de veleiro, outro em Bauru, sede do las Ilhas Virgens Americanas, mas Supermercados do Rio Grande do Bar do Português, e assim fica- só sei que fiz o pão e o bicho ficou Norte, mesmo sendo panificador, mos, até que desembarcamos do bom não, ficou a mulesta!!! mas aí a história é longa, divertida, Avoante, viemos morar na praia prazerosa, enriquecida de conhe- de Enxu Queimado/RN. Eles ven- Em tempo cimento e boas amizades. E foi daí deram o Andante, compraram o que me apaixonei pelo pão e quase Strega, botaram os sonhos e as Recentemente, dia tudo que aprendi de panificação tralhas a bordo e mais uma vez se aprendi na Panificadora Santa Cecí- mandaram mar afora, até que, ao 06/10/2021, o veleiro Strega foi lia com o melhor professor, Emídio passar a vista na conta do Strega Mattos, meu saudoso, inesquecível no Instagram, lá estava a ima- atacado, durante a madruga, por e eternamente querido tio. Uma co- gem, exalando cheiro e sabor de lher de sopa, rasa, de sal... um pão feito a bordo e não contei Orcas, enquanto navegava no li- conversa. Naqueles dias no Iate Clube do toral português. O barco perdeu o Natal, Paula e Fernando nos en- Coloca a água e o leite em uma leme, ficou à deriva e pela manhã sinaram a preparar os deliciosos bolinhos de bacalhau servidos no Veleiro Strega, de Paula e Fernando foi rebocado para o continente Bar do Português, receita de famí- lia. Ensinei alguns segredos dos por um barco patrulha da Mari- pães, para serem feitos a bordo, e numa tarde de verão o Andante nha Portuguesa. O casal, apesar do soltou as amarras, cruzou a Boca da Barra de Natal e ganhou o mun- susto, nada sofreu. do, deixando a saudade estendida nas pedras do caís. Dias depois, aproamos o Avoante no rumo do Sul até desaguar nas paragens do Senhor do Bonfim. Dez gramas de fermento de pão... AGOSTO/SETEMBRO 2021 21

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Geraldo Queiroz Jornalista / Membro da ANL Além de publicar autores já consagrados, Carlos Lima soube valorizar novos talentos CARLOS LIMA UM EDITOR CAMARADA 22 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Carlos Alberto de Lima. De do país: a produção pelos alu- litou uma maior aproximação: forma mais simples e apro- nos de um jornal-laboratório. éramos responsáveis pelo noti- priada, Carlos Lima. Assim O jornal se chamava EXTRA, se- ciário internacional, sendo ele tornou-se conhecido e reconhe- manário produzido nas oficinas – pela experiência que já detin- cido o livreiro e editor que soube do Departamento de Imprensa ha como jornalista – o editor da valorizar o autor norte-rio-gran- do Estado, onde nos reuníamos área, cabendo-me a tarefa de dense, publicando mais de duas sempre aos sábados para fazê- coeditor. Com isso, e pela práti- centenas de livros (lançando -lo chegar às bancas, impreteri- ca já acumulada por ele, muitas inclusive novos autores), fazen- velmente, nas manhãs de cada lições eram partilhadas gene- do-os circular em nosso estado segunda-feira. O que nos foi rosamente comigo na execução e muitas vezes extrapolando os atribuído como trabalho faci- de nosso dever acadêmico. seus limites no intuito de divul- gar o que publicava. Podem ser Matéria publicada no Jornal do Brasil em 1978 citados como exemplos, dentre muitos, uma matéria publicada no antigo Jornal do Brasil, em 1978, que enfatiza o esforço por ele empreendido para vencer “a aventura de ser editor na provín- cia” e o acesso disponibilizado ainda hoje, pelas novas tecno- logias, a livros por ele editados em instituições fora do país. Na Universidade do Novo México, em Albuquerque (USA), locali- zamos em suas estantes mais de 40 títulos com o selo CLIMA (de CLIMA Artes Gráficas, empresa criada por ele e familiares no fi- nal de 1965). Companheiro na antiga Fa- culdade de Jornalismo Eloy de Souza, quando ingressamos em 1963 como alunos da primeira turma, foi lá que nos conhece- mos e consolidamos uma ami- zade duradoura, que nos une até hoje a sua família. Coordenados pelo jornalista Luiz Lobo, Dire- tor da Faculdade e Professor de Técnica de Redação, tivemos a oportunidade de participar de uma experiência pioneira nas escolas de comunicação AGOSTO/SETEMBRO 2021 23

• EDITORIAL|HISTÓRIA • A amizade foi continuada Colação de Grau da Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza em 1968. A concluinte Aldenira Gomes da posteriormente, ainda na mes- Silva presta juramento protocolar perante o Governador Walfredo Gurgel, o Vice-Reitor da UFRN Otto ma escola, como professores de de Brito Guerra, a Diretora da Faculdade, Yvonne Ferreira Barbalho, e os professores Geraldo Queiroz, futuros jornalistas, e também Geraldo Batista de Araújo, Américo de Oliveira Costa, Carlos Lima, Crisan Siminéa, entre outros como vizinhos no Conjunto Ro- selândia, onde constituímos uma do dar continuidade ao curso e Expediente do Jornal Folha da Tarde em 1962 comunidade solidária e fraterna concluí-lo com a turma na qual com os moradores da Rua De- ingressara. Um ano depois é que anexos e imagens colhidas e re- sembargador João Dantas Sales pôde finalmente consolidar o colhidas ao longo de quatro anos por mais de 20 anos. Aí também histórico acadêmico. de pesquisa, visita a bibliotecas residiam dois outros docentes particulares e institucionais, lei- da “Eloy de Souza”: Cláudio Eme- Aqui se descreve apenas uma turas, entrevistas, coleta de da- renciano e Sanderson Negreiros. pequena mostra da história do dos e muitas descobertas. amigo. Em toda a sua dimensão Antes de encaminhar-se para e diversidade (de editor, livrei- Atendendo convite da Revista a Faculdade, Carlos dedicava-se ro, boêmio, brincalhão emérito, BZZZ, tenho o prazer de parti- ao trabalho jornalístico exercen- granjeiro afeito à criação de aves lhar com seus leitores o último do atividades na Folha da Tarde, raras, defensor do bairro da Ri- capítulo do livro, em tom de car- jornal cujo proprietário era o beira, abecedista por devoção e ta ao amigo. prefeito Djalma Maranhão. Ini- ser humano por excelência) ela ciou bem jovem naquele vesper- está contada no livro UM EDITOR tino, atuando como colaborador. CAMARADA, já concluído, mas Escrevia sobre cinema. Depois, aguardando o desanuviar de tem- ocupou outras funções, chegan- pos pandêmicos para sua mon- do ao cargo de Redator-Chefe. tagem e finalização gráfica. Será Reconhecendo o esforço e com publicado pela Offset Gráfica, de confiança no seu trabalho, Djalma Ivan de Carvalho Júnior, sobrinho convidou-o para ser o seu Asses- que com ele aprendeu o ofício sor de Imprensa na Prefeitura de gráfico, de quem recebi o convite Natal. Desenvolveu também ativi- para contar a sua história. dades profissionais na Rádio Ca- bugi, vinculado ao então Departa- UM EDITOR CAMARADA mento de Jornais Falados. consta de sete capítulos, com Quando se implantou o regi- me militar em abril de 1964, a experiência vivenciada na Fo- lha da Tarde e como Assessor de Imprensa na Prefeitura de Natal rendeu-lhe uma punição que, entre outras grandes per- das, o afastou da vida em família subtraindo-lhe naquele ano o Natal junto aos seus. Dez meses de prisão o afastaram também da Faculdade, impossibilitan- 24 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Jornalistas potiguares em viagem a São Paulo no ano de 1961, a convite da REAL, empresa de transporte aéreo. Integravam a comitiva: João Neto, do Diário de Natal; Valdemar Araújo, da Tribuna do Norte; Waldir Farias, Emissora de Educação Rural; Adalberto Rodrigues, Rádio Cabugi; João Bosco Fernandes, do Jornal do Comércio; Carlos Lima, Paulo Frassinetti de Oliveira, Paulo Macedo e Luiza Maria Dantas, pela Folha da Tarde MEU CARO AMIGO Detentores que fomos du- diferente dos que arrebataram de informações coletadas, de de- da nação o caminho democráti- poimentos espontaneamente di- rante duas décadas e meia dos co. A temida falta de dados que tos. Mais uma vez, amigo, senti a números 85 e 86 da Rua João permitisse consultar amplamen- admiração ao homem solidário Dantas Sales na Roselândia, con- te o que foi construído em sua que você soube ser e a disposição solidando a amizade construída trajetória me fez desanimar no de todos em retribuir-lhe com o primeiro momento. mesmo atributo. dez anos antes na Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, devo Agora, três anos depois do Espantei-me quando vi num dizer, para início de conversa, da convite, posso lhe dizer. O invisí- documento oficial que a Divisão vel apareceu fortemente em todos de Informações do Ministério da minha satisfação ao receber de os lugares onde andei. Quando Educação e Cultura desaconse- dizia do meu propósito, a satisfa- lhara “sua indicação para ocupar Ivan Júnior o convite para contar ção sempre se manifestava com o cargo de Auxiliar de Ensino na a melhor acolhida. Surpreendeu- UFRN”, quando do processo de sua história. Antes já me ocorre- -me a quantidade de documentos integração dos docentes da Facul- recebidos, de livros consultados, dade de Jornalismo à instituição. ra essa vontade, pois ainda o via com as marcas de uma injustiça inaceitável: ser preso, passar dez meses trancafiado, acusado de subversão, somente por pensar AGOSTO/SETEMBRO 2021 25

REPORTAGEM|POLÍTICA Terrível coincidência, meu caro. Américo de Oliveira Costa, Cláu- ser restaurada, evoca a tortura Anos antes, mesmo aprovado em em louvações, desqualifica pres- primeiro lugar para a mesma fun- dio José Freire Emerenciano, Cri- crições da ciência, da educação, ção (hoje extinta) em disciplina da san Siminéa e Otto de Brito Guer- da cultura, além de outros desa- antiga Faculdade de Educação, fui ra, alicerçar seu requerimento tinos. Inclusive a tentativa frus- preterido de ser nomeado. Pelo trada (graças ao poder vigilante simples fato de haver exercido um para o reparo devido da insti- da imprensa) de proibir livros e mandato de Deputado Estadual tuição pelo benefício da anistia. autores da literatura universal pelo antigo MDB (Movimento Como eu já estava no final do e até clássicos da literatura bra- Democrático Brasileiro). Era épo- mandato de Reitor, não houve sileira em bibliotecas de escolas ca de bipartidarismo e o partido, nacionais. Tudo isso, compa- mesmo consentido, representa- tempo para acompanhar todo o nheiro, faz-me lembrar do Chi- va oposição ao regime. A firme co Buarque que você admirava reação do Reitor Onofre Lopes à desfecho de reconhecimento e e comentou na primeira coluna ordem militar livrou-me do impe- sobre discos publicada em 1977, dimento da contratação, possibi- aprovação pelas diversas instân- no jornal Tribuna do Norte: “a litando-me seguir a carreira que coisa aqui tá preta”. construí como professor. cias onde tramitou o processo. Ainda bem que o jornalismo Vibrei ao encontrar declara- Fico perplexo ao enxergar nos sobrevive e cumpre a sua vigi- ções de pessoas de inquestioná- lância. Sei que os tempos são vel histórico acadêmico, como dias atuais, em especial nas no- outros; o papel praticamente vas gerações, significativo desco- nhecimento de nossa História do Brasil. Soma-se a isso uma onda de extremismos, que nega a re- pressão vivida pelo país naquela época, faz apologia do Ato Insti- tucional n° 5 como alternativa a Sede da CLIMA Artes Gráficas localizada no bairro da Ribeira, na Rua Dr. Barata. Aí se iniciou o [REVISTA Bzzz] trabalho da livraria. Antes, a empresa funcionava na Rua Câmara Cascudo, também na Ribeira 26

descartado, substituído por re- Esperamos que a solidarieda- com mais segurança. des digitais. E nessas nem sem- de prevaleça e que se possa vis- Por fim, vale a pena dizer-lhe pre predomina a ética e a grande lumbrar, a partir da normalida- preocupação que exercitávamos de que há de vir, uma sociedade do cuidadoso exemplo encontra- na Faculdade: a rigorosa apura- mais fraterna e um mundo mais do na Biblioteca Central Zila Ma- ção dos fatos, para uma trans- equilibrado, tanto na esfera am- mede, no Campus Central da Uni- missão correta da informação. biental quanto no combate a de- versidade Federal do Rio Grande Hoje, o falseamento da notícia – sigualdades tão gritantes. Como do Norte. O objetivo inicial de em grande escala e tecnicamente você sempre almejou. localizar exemplares da revis- planejado; ou oriundo de neófi- ta Cadernos do Rio Grande do tos comunicadores que, imagi- Devo externar também o al- Norte ampliou-se ao conversar nando-se jornalistas, repassam cance de muitas informações no Setor de Coleções Especiais informações sem checar proce- que me surpreenderam ao revi- e me deter na coleção de auto- dência e veracidade – tem mar- sitar sua biblioteca e me deter no res do estado, chegando até ao cado o universo da comunicação. exame dos livros que o fizeram setor de obras raras, onde tam- E não raras vezes o menosprezo entregar-se de corpo inteiro ao bém encontrei seus vestígios. Vi ao exercício profissional do jor- trabalho que conseguiu construir. o que jamais esperava: a sua me- nalismo. Fico a imaginar sua rea- Particularidades encontradas nas mória preservada, disponível ao ção, como professor de Técnica dedicatórias, nos recortes de jor- publico. Ajudado pela tecnologia de Jornal e Periódico, ao nome nais bem guardados em páginas e a boa organização do sistema, com que batizaram o fenômeno amarelecidas trouxeram subsí- tive acesso à grande mostra de global mantendo-se aqui a desig- dios ao meu trabalho. Admirável livros editados por CLIMA sob a nação macaqueada de “fake”. o zelo com que Gelza preservou-a. guarda de Zila, completando pra- A ela agradeço o acesso à imensa ticamente com o zelo de Gelza o Na Faculdade, quando discutía- maioria dos livros editados por universo dos livros publicados. mos a previsão de uma aldeia glo- CLIMA, que me levou a percorrer bal ainda distante, imaginávamos outros caminhos e descobertas É isto, amigo. Valeu o esforço. os ganhos para a comunicação, Natal, set. 2020. com novos meios e técnicas dispo- níveis para fortalecimento do diá- Anúncio da revista Cadernos do Rio Grande do Norte, Anúncio onde se vê os vários endereços logo. Renovaram-se os meios, mas criada por Carlos Lima e Ubirajara Macedo em 1972 onde funcionavam filiais da Livraria a essência do diálogo perdeu-se num emaranhado de agressivida- des virtuais de interlocutores em rede. A mensagem, parece, ficou adormecida no próprio meio. Pena, amigo. Talvez estejamos vivendo neste exato momento um arrefeci- mento desse impulso daninho face ao surto pandêmico que de forma avassaladora atingiu toda a aldeia. Com enormes prejuízos. De vidas, acima de tudo. Por extensão, frá- geis se tornaram os vários setores do caminhar humano. AGOSTO/SETEMBRO 2021 27

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Anderson Tavares de Lyra Historiador Bruno Bougard, fotógrafo BRUNO BOURGARD O RIO GRANDE DO NORTE PELAS LENTES DE UM FOTÓGRAFO ALEMÃO 28 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Da família Bourgard, Marx cidade de Altenburg, na Alema- A sociedade foi desfeita foi o primeiro a chegar ao nha, e Bruno decide ficar e se associar ao irmão Max. A ativi- possivelmente em outubro de Brasil. Deixou a Alema- 1897, quando Max se retira de nha com aproximadamente 18 dade dos irmãos Bourgard se Natal e, no ano seguinte, Bru- anos, fugindo do serviço militar. estendeu por vários estados do no, já por conta própria, ofere- No Recife (PE), o rapaz foi aco- Norte e Nordeste. cia seus serviços ao público de lhido pelo cônsul da Alemanha, Segundo o neto de Bruno – Natal (Diário do Natal, 2 ago. que, posteriormente, o entregou Roberto Bourgard –, os dois ir- 1898, p.2). O mesmo anúncio foi publicado em 55 edições. a uma família de ourives no mu- mãos tinham conhecimento de Logo a seguir, ao longo do mês fotografia desde a Alemanha. nicípio de Jaboatão, com quem Max era mais comerciante do de novembro, informava que aprendeu as artimanhas da pro- que fotógrafo, enquanto Bruno se retiraria por um período da fissão que abraçou por um deter- capital (Diário do Natal, 1 nov. minado tempo. se dedicava ao aperfeiçoamen- 1898, p.2). No final do mesmo ano encontrava-se de regresso, Seu pai, um técnico em cur- to das técnicas do seu metiê. Os tume, foi contratado para asses- oferecendo seus serviços “quer irmãos chegaram à Paraíba em sorar a instalação de uma indús- 1889. Possuíram estúdios: Rua esteja o dia limpo quer nubla- Conde D’Eu, 04 Campina Gran- do” (Diário do Natal, 29 dez. tria congênere no Rio de Janeiro de, PB; Rua da Areia, 77, Pa- 1898, p.2), anúncio repetido rahyba (João Pessoa), PB, e Rua até o final do ano seguinte, em e trouxe toda a família (mulher, 264 edições do periódico. filha e o filho Bruno Bourgard). Treze de Maio (Princesa Isabel), Finda a missão no Brasil, a fa- 38, Natal, RN. mília Bourgard retorna para a Rio Potengi e Ribeira, vista do parque ferroviário da Great Western Fotografia de Procissão solene no ano de 1899. Foto Bruno Bourgard. Antiga Catedral - 1904 Fonte Acervo do Museu do Seridó 29 AGOSTO/SETEMBRO 2021

• EDITORIAL|HISTÓRIA • O fotógrafo Bruno Bourgard Natal de então em fotografias fei- nida Junqueira Ayres pedindo foi um itinerante clássico, pros- tas da torre da Matriz de Nossa seguindo com suas viagens pelo Senhora da Apresentação. São de ajuda ao governador Tavares de interior do Nordeste em busca de uma nitidez extraordinária até clientes. No Rio Grande do Nor- Lyra, cuja solução foi empregar a te, em especial, se fazia presente hoje. Praça da Alegria (Pe. João nas festas dos padroeiros locais, Maria); Praça André de Albu- maioria dos homens na constru- retratando as pessoas e algumas querque, Rua Santo Antônio, Rua vezes aspectos urbanos das ci- da Conceição, se apresentam em ção de prédios e praças públicas, dades e vilas por onde passava. a exemplo da Praça Augusto Se- Em 1904, o governador Alberto sua singeleza bucólica. vero, na Ribeira. Maranhão solicitou seu estúdio para fazer imagens de Natal, exa- O fotógrafo registrou um dos Na cidade de Macaíba, Bruno tamente no momento que passa- va o cargo ao governador eleito momentos mais críticos da his- Bourgard registrou uma festa da Augusto Tavares de Lyra. árvore, em 1898, e em Caicó, a tória social de Natal, quando mi- festa de Santana, no mesmo perí- São as imagens, datadas, pos- odo. Em Currais Novos diversas sivelmente mais antigas de Na- lhares de retirantes da seca que tal. Bruno Bourgard retratou a famílias da elite local foram foto- assolou o estado chegavam à ca- grafadas, assim como em Acari. pital, vindos de diversas partes Em 1907, reencontramos em busca de trabalho e de sub- anúncios da Photographia Alle- sistência. A população de Natal mã de Bruno Bourkhardt (sic) em saltou para mais de 16 mil al- mas. As pessoas tomaram a Ave- Natal, onde permaneceu pouco mais de dois meses (Diário do Flagelados da seca de 1905 de frente a casa do governador Tavares de Lyra [REVISTA Bzzz] 30

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Natal, 28 ago. 1907, p.2). Para Matriz de Macaíba em 1898 não ser confundido com o seu ir- mão, parece ter recuperado seu verdadeiro nome de família, Bou- rkhardt, e passou a adotá-lo em seus anúncios. Talvez a adoção do nome artístico Bourgard (uma versão afrancesada) tenha sido uma decisão dos irmãos visando facilitar a assimilação do nome pela maioria das pessoas que so- licitavam seus serviços. Bruno Bourgard casou no início do século XX e fixou-se definitivamente na capital pa- raibana. Enedina Toscano (D. Sinhá) era o nome da esposa de Bruno. O casal teve os seguintes filhos: Alberto, Wilhelm, Joseph, Ronald, Maria Neusa e Elizabeth. Bruno permaneceu na atividade até meados da década de 1930, quando faleceu. AGOSTO/SETEMBRO 2021 Currais Novos. Família do Cel. José Bezerra de Araújo Galvão 31

REPORTAGEM|CAPA Foto: Jefferson Rodrigues ANA ROCHA & APPOLINARIO [REVISTA Bzzz] JOIA RARA Coleção Friendship - Palácio Violeta, em São Paulo 32

A MARCA ANA ROCHA Tudo começou no já distan- cha & Appolinario. & APPOLINARIO te ano de 2001, quando A cada ano, Anna Cláudia as amigas Anna Cláudia CHEGA AOS 20 ANOS Rocha e Ana Paula Appolinario e Ana Appolinario elegem um SOMANDO SUCESSO uniram a paixão pelas gemas tema como inspiração para de- EM JOIAS EXCLUSIVAS naturais e, do alto do bom gosto senvolver novas coleções, onde da dupla, montaram um atelier as formas, pedras e cores mu- PRODUZIDAS DE sofisticado para produzir joias dam, mas o DNA da marca – de FORMA ARTESANAL. E exclusivas. De forma artesanal, forte personalidade e beleza mo- OS CENÁRIOS GANHAM as designers brasileiras gradua- derna – permanece. Combinação das em Gemologia misturam que não demorou para conquis- ARES PARISIENSES cores em beleza e originalida- tar o Brasil. De norte a sul do E LISBOETAS, de, com peças em combinações país as joias da marca são desejo COM ENSAIOS inusitadas. Primam pela missão de consumo e realização entre de formatar joias eternas, que chiques e famosas. E entre ele- FOTOGRÁFICOS E carreguem histórias, para serem gantes que preferem ficar anôni- APRESENTAÇÕES passadas de geração em geração. mas dos flashes e holofotes. Usar EM OCASIÕES PARA E assim nasceu a marca Ana Ro- uma peça da dupla é sinal de bom gosto e de poder. AMIGAS Por Eliana Lima – De Lisboa Foto: arquivo pessoal AGOSTO/SETEMBRO 2021 33

REPORTAGEM|CAPA LUZ, CÂMERA, FLASH! O Brasil ficou pequeno para e Fendi, apareceu em editoriais outros elementos arquitetôni- a beleza das coleções das desig- de revistas de moda como Marie Claire e Vogue Germany. cos presentes nas ruas, museus ners brasileiras. Assim, cidades E todo esse time de beleza e galerias da cidade, em brincos, como Paris, capital da França, e compõe os shootings – concei- pulseiras e anéis. “O toque final to muito usado no exterior para fica por conta de uma textura es- Lisboa, a capital portuguesa, fo- campanhas publicitárias que, pecial que desenvolvemos com traduzindo ao pé da letra, forma ram cenários para produções de um tiroteio de fotos – que Anna inúmeras facetas para realçar a Cláudia e Ana Appolinario vêm propagação da luz e seus refle- fotos que dão vida e ainda mais realizando para a marca, como xos, trazendo assim, um brilho aconteceu em Paris. A Cidade beleza às peças, clicadas em fa- Luz foi inspiração para a nova único e especial às peças que mosas modelos e influenciado- coleção, com peças que remetem ras digitais, como a atriz e mo- ao formato da Torre Eiffel e de estão presentes na nossa cole- delo brasileira Laura Neiva, Júlia ção Cidade Luz. Paixão pela nos- Tibério e Leoni Hanne, a alemã que está dominando o mundo sa missão, trabalho, amigas por do glamour, estrelou campanhas essa cidade tão inspiradora cha- de marcas como Louis Vuitton mada Paris”, derrama-se a dupla. 34 [REVISTA Bzzz]

AGOSTO/SETEMBRO 2021 35

REPORTAGEM|CAPA 36 [REVISTA Bzzz]

As sócias e designers Anna Cláudia Rocha e Ana Paula Apolinário 37 AGOSTO/SETEMBRO 2021

REPORTAGEM|CAPA A top Thayná Soares para Ana Rocha & Appolinario 38 [REVISTA Bzzz]

EMBAIXADORAS Os lançamentos das coleções Bahia, chegou a Lisboa. A apre- glamour ao momento, desem- Ana Rocha & Appolinario são sentação aconteceu na cobertura barcaram de Salvador a design organizados por amigas das de- do icônico prédio onde funcionou de interiores Teca Martins e a ar- signers. São embaixadoras da por décadas o Diário de Notícias, marca em diversas cidades, do a primeira edificação moderna na quiteta e urbanista Isabela Dan- bela Avenida da Liberdade, com tas, mãe e filha que comandam o Brasil e da Europa, que convi- traços do arquiteto premiado Por- escritório soteropolitano IT Ar- fírio Pardal Monteiro, inaugurado dam para a apresentação das no- em 1940. quitetura e Design. As fotos perfeitas ficaram por vas joias, em ocasiões recheadas A embaixadora da festa que reuniu portugueses e brasileiros conta do fotógrafo Alex Costa, de beleza e espocares de cham- foi Juliana Flor, uma apaixonada pelas terras lisboetas, cidade onde um potiguar cheio de talento panhe, em residências ou locais construiu boas amizades. A oca- sião contou com a também embai- que conquistou Portugal e hoje históricos, como o Palácio dos xadora da marca Cláudia Gallindo. Cedros, em São Paulo, uma das assina produções de poderosos mansões da família Jafet, locali- Para dar ainda mais beleza e e famosos. zada no bairro do Ipiranga, cons- truída no ano de 1922. E as maravilhosas peças Ana Rocha & Appolinario conquista- Depois de passar também por ram as mais exigentes portugue- ocasião de elegância em Salvador, sas. Com certeza! AGOSTO/SETEMBRO 2021 39

Em Lisboa A anfitriã Anna Rocha e as embaixadoras Cláudia Gallindo e Ju Flor Fotos Paulo Lima/Brasília Em ocasião regada a Perrier Jouet, o champanhe preferido dos lisboetas, a apresentação das joias Ana Rocha & Appolinario reuniu chíquimas e famosas, como a atriz e humorista Heloisa Périssé, na bela cobertura do icônico prédio que foi sede do tradicional jornal português Diário de Notícias, na badalada Avenida da Liberdade, de frente para o monumento do Marquês de Pombal – ministro do rei D. José I -, que reconstruiu Lisboa após o terremoro de 1755, que destruiu a capital portuguesa. À Av. da Liberdade, reconstruída entre 1879 e 1882, deu semelhanças à parisiense Champs-Élysées. Maria Dejon, Isabela Dantas, Teca Martins e Fabiana BazBuz Anna Rocha recebe Priscila e Angela Theodoro , Louva Fleck e Mara Guimarães Luciana Meira Lins [REVISTA Bzzz] 40

Isabela Dantas, Danielle Monte, Bruna Barreto, Ju, Teca Martins, Daniela Gil e Ju Flor Silvana Prado, Zélia de Paula, Leila Mota Amaral Paula Calvino, Ju, Helena Degasperi, Ana Cláudia Santos Ju com Helena Pinho, Rita Morais Pequeno, Sara Costa Cláudia Gallindo e as responsáveis pela ambientação: Isabela Dantas e Teca Elen Capri, Ju Flor, Anna Rocha e Sophia Kah Martins, que foram de Salvador (BA) especialmente para assinar a ocasião AGOSTO/SETEMBRO 2021 41

Reunião de belas e perfumadas Com a atriz e humorista Heloisa Périssé Vanda Boavida Eliana Lima e o fotógrafo A bela anfitriã e suas criações. Ao fundo, o da ocasião: Alex Costa icônico monumento do Marquês de Pombal Isabela Dantas finaliza a decoração da exposição das joias Delícias assinadas pela chef-top Ann-Kristin [REVISTA Bzzz] 42

Detalhe para o champanhe Francisco Palha Cláudia Gallindo da ocasião estrelada Com Brunay Correia e Ana Barreto Gabriela Bettencourt Botelho Eliana Lima e os anfitriões Anna e Flávio Rocha Ju, Nídia Saba, Ysnara Almeida Débora Montenegro AGOSTO/SETEMBRO 2021 43

PUBLICADA EM SET/OUT DE 2019 44 [REVISTA Bzzz]

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