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Nova Jerusalém-19-9-2019

Published by riotinto.padrevidinha, 2019-10-08 07:10:52

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O ateísmo moderno bem como o neopaganismo do mundo atual, geralmente considera conservadora a Igreja como uma entidade conservadora. Nem admira. A cultura atual é basea- da no relativismo. O que hoje é verdade, amanhã pode não ser. Não há valores perenes. Mas o pior consiste numa contra- dição intrínseca a que Bento XVI tantas vezes chamou a dita- dura do relativismo. A palavra ditadura é de facto muito apropriada. Quando os agentes desta cultura tomam conta do Parlamento impõem um pensamento único, apropriam-se do que consideram a verdade e impõem-na aos cidadãos, sobretudo na área da fa- mília, da escola, e dos meios de comunicação. Começam de forma subtil e a seguir recorrem à força, mesmo à força das armas. Não há pior ditadura do que esta, porque isto equivale a tirar aos cidadãos a liberdade de pensar. Deus nos livre desta ditadura.

2 A Igreja é conservadora? Sim e não. A Igreja, em grande parte, exprime o que nós pró- prios somos. Somos ao mesmo tempo as duas coisas. Gosta- mos muito da arte contemporânea e abstrata, mas não dei- xaríamos apreciar uma pintura autêntica de Miguel Ângelo. Todos somos ambivalentes. Além disso, nós somos uma porção da natureza e esta não tem ritmos apressados. A semente é lançada à terra na prima- vera mas só agora no outono é que aparecem os frutos. Na Igreja a semente é Cristo e a sua palavra, lá no silêncio da da “terra” vai germinando e preparando os frutos.

3 As divisões na Igreja, que em muitos casos levaram ao cisma, são tão antigas como o próprio cristianismo. O Concílio Vati- canos II recorda-nos que estas divisões, têm uma origem, que se situa no interior do coração humano e não fora. “ O ser humano é um ser dividido no seu próprio intimo” . Mas não podemos cruzar os braços e resignar-nos, perante estas divisões, que se fizeram sentir logo na era apostólica. Não foi por acaso que Jesus, na última ceia rezou a chamada oração sacerdotal e apresentou a unidade como o sinal mais convincente para os que não têm fé.

4 Política clerical Infelizmente entrou para o seio da Igreja o vocabulário político que dos respetivos partidos, fomentando também partidos cle- ricais mesmo insultuosos e até extremistas. Assim na Igreja se formaram dois blocos, sobretudo em torno do papa Francisco. Os conservadores e os progressistas. Assim, os conservadores seriam contra Francisco e os progressistas a favor. Alguns dos que se consideravam progressistas já se consi- deram desiludidos, porque o papa não foi até onde eles preten- diam. Isso acontece de forma descarada na Alemanha. Uma boa parte dos bispos alemães desafia o Papa até ao ponto criar uma Igreja local, onde será aprovado o casamento homossexual, o sacerdócio feminino, a comunhão sem mais nem menos entre católicos e protestantes, em suma uma reforma da Igreja que não fora da comunhão com a Igreja Universal. Como se diria em Portugal, está a decorrer uma pouca vergonha

5 São como ovelhas sem pastor Em sentido profundo, a Igreja, tem um único pastor que é Je- sus Cristo. Mas Jesus, inspirado, na organização do povo he- breu, constituído pelas doze tribos, sabia que o reino de Deus que anunciava, o novo povo de Deus, que viria a chamar-se também Igreja necessitava duma estrutura em que, por assim dizer encarnasse, esse reino. É conhecido um dito de Ernest Renan com laivos de critica mordaz: “Cristo pregou o reino de Deus e apareceu a Igreja.” A verdade é que assim como não há alma sem corpo, mas pes- soas que formam um todo, também é irreal conceber uma Igreja, como mero reino de Deus, sem que viva encarnado nu- ma estrutura humana. A mera expressão de reino de Deus se- ria apenas um mar de confusões e especulações.

6 7 Os desvios Paulo VI encerrou o Concílio com grande alegria e esperança. Pouco depois começaram a seguir-se caminhos que se desvia- vam dos documentos do Concílio e começaram os abusos e desmandos que tanto fizeram sofre esse Papa. “Esperávamos uma primavera e seguiu-se o inverno”. Foi uma das frases” mais lancinantes. Poderia citar outras igualmente dramáticas. Surgiu a “a revolta” de do bispo Dom Marcel Lefe- bvre que rejeitava parte do Concílio, como sobretudo a nova lirturgia. Do lado oposto instalou-se toda espécie de abuso litúrgicos que ainda se fazem sentir. Claro que se podem esquecer os as- petos inovadores, sobretudo a liturgia em vernáculo. Bento XVI disse acertadamente que boa parte católicos leram os docu- mentos do Concílio através dos jornais.

Um só Cristo, uma só fé, um só batismo uma só Eucaristia. Para irmos mais longe, recitamos o Credo em todas as missas do- minicais e nas principais solenidade litúrgica. O Concílio, embora com todo o respeito não colocou no mesmo plano as confissões cristãs. Delicadamente afirmou: “ Igreja completa (cito de cor), de harmonia com o projeto de Cristo, reside na Igreja Católica. Bento XVI não chamava igrejas às outras comunidade cristãs, que aceitam o batismo e meditam fundamentalmente a mesma bíblia, Igrejas, mas “comunidades cristãs”. Esta afirmação que geralmente é ignorada, não deixa de ser im- portante. De contrário, teríamos de concluir que Jesus não fun- dou apenas uma “igreja una, católica e apostólica”, mas talvez milhares delas. Mais ainda, então quando recitamos o credo es- taríamos a mentor descaradamente. Há divisões na Igreja , como sempre houve, mas ela permanece una.

Última página Nossa liberdade consiste em sermos cativos da Igreja, tu que esperas? verdade - Viver com forças por ti engendradas Teologias complicadas e sem sabor? Mesmo em dúbios milagres não acredito. A invencível força só Ele dá, o teu Senhor Conservador ou progressista Ele nunca foi. - Tempestades perigosas em Genesaré? Se tendes medo, estou aqui, não temais Porque duvidais, homens de pouca fé? Só há remédio eficaz para a crise presente Que é a de sempre: unir coração e mente E regar com oração. Aconselhar não chega. Mãos unidas, caminhai em frente Caminhos fáceis não, nunca prometi Já havia prevenido: a porta é estreita O ódio do mundo é forte e perspicaz E contra mim também, mas perdoai. O ódio é amargura, o perdão é a paz. Miguel Flores


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