A A BARROSANA Revista digital de informação ANO III | MENSAL | EDIÇÃO 29 | MAIO 2020 ORLANDO ALVES BARROSO PATRIMÓNIO Fundador: Domingos Chaves AGRICOLA MUNDIAL A ENTREVISTA QUE FALTAVA... O reconhecimento da FAO é uma honra muito Presidente confessa-se e fala de tudo… grande, mas falta levar esse reconhecimento ao Os efeitos do Covid-19 no concelho, o passado e o presente da conhecimento do país… região, o abandono do interior, a herança socialista de há 30 anos, os grandes investimentos, a questão do lítio e a politica Página 44 concelhia, tudo temas a que não se fez rogado… Páginas 23 a 29
OS DESTAQUES 2 O que eramos e o que somos… 9 A BARROSANA|MAIO 2020 O concelho de Montalegre dos anos 70 à actualidade… O diagnóstico feito desde o inicio dos anos 70, ainda no período do Estado Novo até aos nossos dias. A grande entrevista… 23 Sociedade… 30 UM PAÍS COM 800 ANOS Orlando Alves, Presidente do Portugal é já um dos países de Ficha Técnica Municipio, aborda todos os todo o mundo que mais testes temas do passado e do presente. de diagnóstico faz. Periodicidade Mensal Comunidades… 34 Ecos da História… 38 Data Maio 2020 Coordenação Domingos Chaves Uma abordagem junto da Os 103 anos das aparições de Textos da Edição comunidade emigrante em Fátima, este ano comemorados França e Suiça, face às em moldes diferentes devido à António Chaves, Barroso da Fonte, Domingos Chaves; Marie consequências do Covid-19. pandemia que assola o país. Oliveira, Arménio Santos, Carlos Tomás, Fernando Botelho Gomes; José Alves, Jorge Martins, Catarina Pereira, António O concelho em Noticias… 40 a 46 Lourenço Fontes e Gabinete de Imprensa da C.M. Montalegre Fotografia Domingos Chaves, C.M. Montalegre, José Alves, Fernando D. C. Ribeiro, Mauro Fernandes Heléne Martins, Raquel Costa e Portal Google ISBN 152281/2017 Acácio da Silva Américo Canedo Execução Domingos Chaves 4 Editorial 6 Evocaão do 25 de Abril 8 Os heróis esquecidos 47 Meixedo Contacto 59 Politica nacional 58 Pontos de vista… Domingos Chaves dvazchaves@hotmail.com REVISTA ONLINE https://a-barrosana.webnode.pt/
3 “Ser transmontano é uma Honra!... Ser Barrosão são duas”… E Foto: Fernando D.C.Ribeiro Viva Abril… Custódio Montes Abril tinha que ser e foi o mês Juíz Conselheiro Da nossa primavera libertada Que a vida estava presa e amordaçado Bem dentro da prisão com firme arnês Por isso, os capitães de lés a lés Uniram-se em armas nessa madrugada Marcharam com a terra libertada Para orgulho do povo Português Com o cravo na ponta da espingarda A gente de bandeiras e em guarda Chaimites em passeio, flores mil Por todo o lado havia luz e o dito Victoria! E só se ouvia claro o grito Em Portugal inteiro: viva Abril Custódio Montes (25.4.2020)
4 Editorial O Pós-Covid 19 Numa altura em que tanta gente dá palpites e todos fazem contas à vida, a divulgação das previsões económicas do FMI-Fundo Monetário Internacional na sequência da pandemia que atingiu o mundo, não são animadoras!... De certeza absoluta que ninguém gosta muito do que de lá veio, isto, pese embora a sua reputação não ser das melhores. Certo é, que ninguém despreza os seus dotes adivinhatórios, ainda por cima numa altura destas… Artur Pastor No Relatório com as Perspectivas Económicas Mundiais que nos deu a conhecer sobre o \"Grande Confinamento\", como se chama aos tempos que vamos vivendo, o FMI acabou por admitir que este ano a economia mundial vá viver a sua pior recessão de sempre, depois da I Guerra Mundial e da Grande Depressão de 1929. Para a economia portuguesa, prevê mesmo uma recessão de 8,0%, isto é, quase o triplo da quebra na economia mundial e acima da média dos 7,1% previstos para a União Europeia a 27 e dos 7,5% para a Zona Euro. Paralelamente prevê também uma taxa de desemprego de 13,9% e um défice de 7,1%. “FMI admite que este ano a economia Números terríveis, embora bem acima dos das últimas previsões mundial vá viver a sua pior recessão do Banco de Portugal, que apontavam no pior cenário, para uma quebra de 5.7% no PIB e para 10,1% da taxa de desemprego, de sempre, depois da I Guerra mas… condizentes com as palavras de Mário Centeno, muito embora tenha este ressalvado, que não há previsões que valham, Mundial e da Grande Depressão de sem se saber quando é que este confinamento poderá acabar para 1929”. colocar a economia em movimento. Porém dizia também Centeno, que cada período de 30 dias úteis de paralisação, representava uma recessão de 6,5%. Artur Pastor Feitas então as contas, quer isto dizer, que bastam 1,8 meses para se atingirem os terríveis números do FMI-Fundo Monetário Internacional. Um mês e meio já lá vai, e após a renovação do período de emergência – embora mais suave, aquilo que se deseja é que tais números tenham sido objecto de erros de cálculo. Caso se venham a confirmar, a “coisa” não vai ficar nada fácil…
5 OS 100 DIAS QUE VÃO MUDAR O MUNDO AS MAIORES ECONOMIAS EM 2019. PIB Montalegre 21,3 PIB biliões 14,2 biliões PIB 5,1 biliões PIB * EM DÓLARES 4,00 PIB PIB PIB PIB biliões 3,00 2,80 2,70 2,00 biliões biliões biliões biliões Artur Pastor Itália E AGORA?!... 1. Estados Unidos PIB: 21,3 biliões Responsável por cerca de 24% do PIB mundial, os Estados Unidos são o maior importador e o terceiro maior exportador de produtos do mundo. É o principal produtor de energia eléctrica e nuclear, mas também o maior importador de petróleo. Apesar de ser o maior produtor de milho e soja, a agricultura representa menos de 1% do PIB. A maior parte do PIB é composta por serviços: cerca de 67,8%. 2. China PIB: 14,2 biliões O país com maior crescimento económico do mundo, apresenta um aumento médio de 10% do PIB anualmente. Trata-se de um país composto por uma economia mista resultante das reformas econômicas de Xiaoping aplicadas desde 1978, que privatizou todo o sistema agricola, as indústrias da área de mineração e produtos básicos – roupas e restauração. Estas medidas levaram a China a tornar-se a nação com o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos. 3. Japão PIB: 5,1 biliões Líder nas áreas de pesquisa científica, médica e no desenvolvimento tecnológico. O Japão possui o maior banco do mundo, o Mitsubishi UFJ Financial Group. A economia japonesa depende essencialmente de uma forte cooperação entre o Governo e a indústria, com um grande investimento em alta tecnologia e práticas de redução de desperdício e reciclagem de materiais. 4. Alemanha PIB: 4 biliões A maior economia da Europa e a grande defensora da prática de uma economia globalizada. É o país que mais exporta, sendo que cerca de 70% do seu PIB é gerado pelo sector de serviços, 29,1% pela indústria e apenas 0,9% provém da agricultura. Tornou-se a maior referência de produção em engenharia, sendo o principal AprrtuordPuatsotorr de turbinas eólicas e tecnologia de energia solar do mundo. 5. Índia PIB: 3 biliões Com uma taxa de crescimento anual que ronda os 5,8%, a Índia é dos países com crescimento mais acelerado do mundo. É o país que apresenta a maior força de trabalho mundial, contando com 513,6 milhões de pessoas, sendo que 54% da sua produção está no sector de serviços. Isso explica a razão porque a Índia cresceu tanto entre 2018 e 2019, saltando da 7.ª para a 5.ª posição. França e Reino Unido ficaram para trás.
Noticias de 6 OPINIÃO Domingos Chaves UMA EVOCAÇÃO E UMA DATA QUE NÃO PASSARAM EM CLARO DESTA VEZ VALEU APENAS RECORDAR O DIA DA HISTÓRIA DAS NOSSAS VIDAS Comemorar ou não comemorar “Abril” e perguntar a É preciso manter bem viva a dor das mães de filhos quem ama a liberdade se esta vale a pena, é a ofensa mortos, as mulheres dos maridos presos e as famílias de quem lhe é alheio, de quem se dava bem com a destroçadas pelas perseguições. ditadura, ou simplesmente não faz a mais leve ideia O 25 de Abril não foi apenas um dia!... Foi o dia da do que foi e do que representou para o país e para os História das nossas vidas. O dia inapagável que portugueses. traçou a baliza entre o antes e o depois do cárcere à É mais ou menos como perguntar a um doente que liberdade, da ditadura à democracia e da guerra à haja sido infectado com o Covid-19 se valeu a pena a paz. Foi o dia em que os Capitães que fizeram a cura, ou a um cego se valeu a pena recuperar a visão. guerra, impuseram a paz numa epopeia em que a É a ignorância pura, salvaguarda de interesses coragem de um dia resgatou um povo amordaçado pessoais, ou então qualquer coisa relacionada com da desonra, da infâmia, da injúria e da afronta. sintomas de ignorância ou malvadez. Ao lembrarmos os 46 anos da data que os Infelizmente, ainda há por cá quem se esforce por democratas trazem dentro de si, recordemos todos minimizar a violência salazarista, o número dos que quantos tombaram na luta pela liberdade, toda a morreram e ficaram estropiados na guerra colonial, gesta heróica dos que arriscaram a vida para nos e... só os de um lado, porque do outro, ainda lhes devolverem o direito de decidir o nosso próprio interessa menos. destino, todos quantos contribuíram para colocar um Não!... A História não pode ser subvertida. Quem ponto final na discriminação da mulher, na censura, nutre simpatia pelos tempos em que se prendia sem nos cárceres e nos bufos e rebufos, e todos quantos culpa formada, em que se violava correspondência, hoje passados os ditos 46 anos, travam uma luta sem em que se torturava e assassinava adversários, não tréguas contra uma pandemia e um inimigo comum e pode ficar sem a devida resposta. Tarrafal, S. Nicolau, sem rosto, que nos procura dizimar. Caxias, Peniche, Aljube e a Rua António Maria Felizmente e ao contrário de outros tempos em que o Cardoso, são nódoas negras de um regime, que país era a CELA COLECTIVA dos que não fugiam, perdurarão para sempre na memória daqueles que hoje é a CASA COMUM de todos os portugueses em lutaram a amam a Liberdade. Passar uma esponja luta pelo mesmo objectivo. sobre um passado tenebroso, é crime. Os gritos de dor e as lágrimas dos que sofreram não se apagam!... Viva Portugal e a liberdade!... “evocar o 25 de Abril é falar deste tempo, não é ignorá-lo”. Marcelo Rebelo de Sousa 25|4|2020
Noticias de MONTALEGRE UM Dizem os escritores e os poetas CONCELHO transmontanos, que Barroso é uma COM dádiva especial da Natureza e a grande HISTÓRIA obra de pedra e água feita em Portugal. Somos um vasto Dizem-nos também, que é neste Norte território com uma área que arduamente se riscam e planeiam de 805,46 quilómetros caminhos, se cruzam vontades, e se resiste quadrados de superficie, à força do tempo com a granítica força e onde se concentra um persistência dos rios e das serras, à património distribuído invasiva e danosa cultura que desvirtua e por 25 freguesias com engana a História. 136 aldeias e lugares… E por fim concluem: “é da mesma pedra e da mesma água, que são feitas as gentes destes lugares”...
A BARROSANA | ANO III | EDIÇÃO 26 | FEVEREIRO 2020 8 Noticias de OS HERÓIS ESQUECIDOS Domingos Chaves Os agricultores que não param!... Aliás, que não podem parar… Se pararem, perdem tudo, se não fizerem as sementeiras não Desta vez, mesmo tratando-se de uma realidade global, a guerra a travar terão colheitas, se não tratarem das suas leiras não recolherão é também de todos nós Barrosões, e não como quase sempre acontece os seus frutos, se não alimentarem os animais não terão efectivo nestas coisas das realidades globais, apenas feita por alguns. pecuário, se não colherem ou produzirem não têm o que comercializar, e se isso acontecer, não terão como subsistir. Mas Os agricultores não param!... Aliás, não podem parar…Se pararem, não se ficam por aqui!... É que o sistema também não permite perdem tudo, se não fizerem as sementeiras não terão colheitas, se que parem. São eles que produzem tudo aquilo que nunca nos não tratarem as suas leira não recolherão os seus frutos, se não poderá faltar – alimentos. “Tropas esfomeadas” não ganham alimentarem os animais não terão efectivo pecuário, se não guerras, ou por outra: nem sequer as conseguem fazer. É por colherem ou produzirem não têm o que comercializar, e se isso essas e por outras, que precisaremos sempre dos nossos acontecer, não terão como subsistir. Mas não se ficam por aqui!... É agricultores. que o sistema também não permite que parem. São eles que produzem tudo aquilo que nunca nos poderá faltar – alimentos. Desde o início deste período de emergência, frequentemente se E ao empregarmos a expressão realidade global, devemos fazê-lo para tem noticiado sobre a dificuldade de muitos produtores agrícolas realçar o facto, de desta vez, a guerra ter chegado também a todos e pecuários para escoar os seus produtos, nomeadamente os quantos trabalham e vivem daquilo que a terra lhes dá, a troco de muito produtores de carne de cabrito, borrego e vitela barrosã, apenas suor e tantas vezes algumas lágrimas. Sim!... Desta vez, também nós, para destacar alguns. neste mundo onde as realidades globais apenas nos incomodavam por nos roubarem demasiado espaço televisivo, fomos obrigados a ficarmos Também os pequenos produtores de frutas e hortícolas, pelo igualmente entrincheirados. facto de verem encerrados a maioria dos espaços, onde, ou para onde escoavam os seus produtos, se encontrarem em situação verdadeiramente precária, uma vez que o seu modo de subsistência se encontra seriamente comprometido. Dito isto, e ainda que falar em pequena agricultura possa parecer pura demagogia ou apenas romantismo, é a própria FAO que reporta que 70% da agricultura que alimenta o mundo, provém de pequenos produtores. Um número que não deixando dúvidas, serve para acreditar na importância que ela tem não só na nossa região como no mundo. Alguns, clamam até, que este vírus é democrático no que aos contágios Ora é por tudo isto, que actualmente, face a tudo o que nos diz respeito!... Mas sendo assim pergunta-se: onde mora a democracia encontramos a enfrentar e mais do que nunca, comer é também para todos quantos não podem deixar de estar na primeira linha do um acto político. Um acto politico sem adversários… combate, designadamente profissionais dos serviços de saúde, militares e O Ministério da Agricultura lançou recentemente a campanha agentes das forças de segurança, bombeiros, funcionários de “Alimente quem o alimenta” com o objectivo de nesta fase tão hipermercados, do comércio de proximidade e de entre tantos outros, dura para todos os agricultores, promover toda a agricultura e os também os nossos agricultores?!... alimentos portugueses. Nós aqui na Barrosana vamos mais longe!... Seja aos seus vizinhos ou aos seus amigos produtores, seja nas mercearias ou nos supermercados, quando necessitar de comprar alimentos, adquira produtos portugueses e sempre em primeiro lugar o produto barrosão. Se assim agirmos, não só estamos ajudar os nossos agricultores como o país no seu todo, uma vez que promovemos o desenvolvimento da economia local e nacional. Permitam-nos terminar renovando o apelo: escolham sempre o que é nosso…
Noticias de 9 O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS… Ainda que as Terras de Barroso não fossem promissoras para a economia nacional – o que como se vislumbra nestas páginas parece nem ser o caso, isso não é, nem nunca foi razão suficiente para as votar ao esquecimento e abandono, antes pelo contrário… AS RESPONSABILIDADES PARA QUEM AS TEM Presidente da Comissão Administrativa: João Rodrigues Canedo, 1933-1937. Hoje, é o país e os portugueses que ainda pagam tal desleixo!... Ainda que Presidentes efectivos: as Terras de Barroso não fossem promissoras para a economia nacional – o Alberto Armindo Álvares de Moura, 1937-1941; que como se vislumbra nestas páginas parece nem ser o caso, isso não é, João Rodrigues Canedo, 1941-1944; nem nunca foi razão suficiente para as votar ao esquecimento e abandono, João Manuel Gonçalves Anjo, 1944-1946; antes pelo contrário. Portugal não é apenas Lisboa, Porto e as grandes Abel Teixeira dos Santos, 1946-1947; áreas metropolitanas, e estando em causa razões ligadas à soberania do João Rodrigues Canedo, 1947-1959. território, à segurança alimentar e à economia nacional entre outras, só isto João António Teixeira Canedo, 1959-1971; seria razão suficiente para olhar para o território com outros olhos. Uma António Ferreira Pinto, 1971-1974; razão especialmente válida e que deveria ser suficiente para um maior Presidente da Comissão Administrativa: investimento e retirar de riqueza de todo o território e não apenas em António Gonçalves da Cruz, 1974-1976; parte dele. Se o que há é pouco para todos e se urge aumentar o bem- Presidentes efectivos: estar geral, urge também um racional empenho em maximizar aquilo de José António Carvalho de Moura, 1976-1989; que cada um, e de que cada pedaço de terra é capaz de produzir. Joaquim Lopes Pires, 1989-1997; Fernando José Gomes Rodrigues, 1997-2012; Manuel Orlando Fernandes Alves, 2013 - O DESINTERESSE E O ABANDONO DO INTERIOR, SEMPRE À ESPERA DE DIAS MELHORES Se há tema que tem apaixonado a opinião pública em geral, é o abandono do interior desde sempre pela classe politica. Pelo menos desde o Marquês de Pombal que o dito abandono – tirando as fábricas de lanifícios da Covilhã - é tema de reflexão não só entre a “plebe”, como também nos mais variados círculos intelectuais do pensamento nacional e dos responsáveis políticos. Cada novo regime, sempre fruto de uma revolta e consequente descontinuidade institucional com o regime anterior, legitima--se na promessa de uma nova era de prosperidade, que supostamente poria fim ao atraso económico das ditas regiões. Foi assim com a Monarquia Constitucional, com a República, com o Estado Novo, e claro, com a Democracia. O cavaquismo prometeu até, que os fundos comunitários eram o meio pelo qual Portugal seria uma das economias mais avançadas da Europa - ultrapassaria mesmo o Reino Unido – e o interior iria ter um papel importantíssimo. De seguida, o guterrismo jurou que entre o euro e a revolução tecnológica, Portugal estaria na vanguarda da globalização e finalmente recuperaria dos erros históricos da Revolução Industrial, com novas oportunidades para essas regiões. Depois, Portugal estagnou e lentamente entrou num processo de definhamento económico e social. O resultado foi mais do mesmo. Entretanto surgiu José Sócrates!... Promessas foram muitas, até fábricas de componentes para a região, como compensação pela instalação das eólicas. Só que afinal foram desviadas para Viana e a requalificação da EN103 morreu no reinado do seu sucessor. A imagem que nos deixou, resume- se pois ao Multiusos. Seguiu-se Passos Coelho e a sua “austeridade virtuosa”!... Tinhamos que forçosamente empobrecer já que eramos “demasiado ricos e andávamos a viver acima das nossas possibilidades”. Dizia-nos o sujeito que era preciso curar os \"pecados dos últimos trinta anos”, ao ponto de Portugal ser uma das dez economias mais competitivas do mundo no final da década. Afinal tudo resultou num verdadeiro fiasco e viria a revelar-se como o pior Primeiro-Ministro da era democrática. Pela primeira vez e segundo dados do Banco de Portugal, foi o primeiro governante a deixar o país pior que o encontrou, com uma redução do PIB de 4,5%, superando mesmo as prestações de Durão Barroso e Mário Soares. Aquilo que nos deixou foi a “herança do lítio”, após em Dezembro de 2012, ter assinado um contrato de prospecção com a Lusorecursos. Hoje, ultrapassada a crise da dívida soberana na Europa nada mudou!... As promessas são muitas, mas as certezas poucas. Continuamos a aguardar por melhores oportunidades…
Noticias de 10 CONCELHO DE MONTALEGRE O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS O TESTEMUNHO FOTOGRÁFICO GEORGES DUSSAUD E GÉRARD FOUREL… ANOS 80 OS FOTÓGRAFOS QUE CAPTARAM O ÚLTIMO SUSPIRO DA REGIÃO DE BARROSO Na época não existindo hotéis, foi para o efeito amavelmente presenteado por uma senhora ao disponibilizar-lhe a sua modesta casa, ainda que fria e sem electricidade, ANOS 80 para que o mestre pudesse fazer o trabalho que pretendia. Foi nessa casa que Dussaud ficou hospedado até à morte da senhora – era o Barroso da época. Georges Dussaud e Gérard Fourel, foram entre As fotos destes fotógrafos, mostram-nos os interiores das tradicionais casas da outros, dois dos fotógrafos que fizeram o registo dos época, bem como os sorrisos tímidos e alegres deste povo que não encontrava últimos restos da região de Barroso e de Portugal maneira de trilhar o caminho do progresso e do desenvolvimento. Ambos cedo democrático do “antigamente” e se situa entre os perceberam que estas pessoas eram modestas e carregadas de simplicidade, algo meados da década de 70 até aos finais dos anos 80. único e já talvez difícil de encontrar à época, mas que era uma realidade. Ambos registaram os últimos suspiros de vários Quem nasceu e cresceu numa aldeia nesta mesma região, vê hoje estas fotografias rituais que hoje são já muito mais raros, mas que com uma certa nostalgia, uma espécie de tecido cinzento e quente, forrado por dentro ainda com abundância perduravam nos anos 80. com a seda das cores mais variadas e vibrantes. É neste “tecido” de frustração que nos enrolamos quando sonhamos com o regresso a um passado que ninguém Dussaud e Fourel, com as suas máquinas, deseja. O “retrato” de um povo ainda que sem máscaras e distante do materialismo “congelaram e eternizaram” pessoas, os seus de hoje, não deixa de nos mostrar as suas mãos marcadas pelo trabalho árduo, com modos de vida e acima de tudo indivíduos o seu acolhimento, mas também com as lágrimas nos olhos, fruto do abandono e das anónimos que sorriam apesar da dureza do partidas que a prória revolução de Abril não havia travado. quotidiano das suas vidas, que os poderes públicos nunca souberam ou procuraram alterar. Um tempo em que ao fotógrafo bastava esperar pelo sorriso mais contagiante e pelo olhar mais penetrador. Não era necessário dizer às pessoas o que fazer, apenas Ambos franceses, apaixonaram-se pela região aproximar-se e deixar-se envolver pelo quotidiano da época, como uma mulher que barrosã, precisamente numa época em que ninguém descasca batatas com as panelas ao lume, a luz que entra pela janela, dá um toque queria saber desse bocado de terra distante e subtil à foto, rasgando todo o preto envolvente. agreste. Uma terra situada bem a norte do país e que poucos tinham curiosidade em conhecer e outros a ANOS 80 desenvolver. Ao fotografarem esse testemunho que a História jamais irá esconder, atrevo-me mesmo a dizer que em sentido inverso, ambos “sentiram as dobradiças da alma a ranger”, da mesma forma que o escritor transmontano Miguel Torga, sentiu no seu tempo que apelidou a região de “Reino Maravilhoso”. Dussaud e Fourel, começaram a fotografar as Terras de Barroso na década de 80 e desde então já fizeram Foto:Gerard Fourel cerca de 100 viagens a Portugal. Fourel, brindou-nos Actualmente tudo mudou!... Falta apenas gente. Gente de trabalho para projectar o até hà muito pouco tempo, com uma fascinante concelho, mas que só um grande milagre – se é que milagres existem para a trazer exposição no Ecomuseu de Barroso, através, através de volta. Hoje, não falta água e electricidade nas habitações, Barroso é Património da qual não deixou de manifestar a sua grande surpresa, entre o modo de vida de certa forma ainda Agricola Mundial, em termos globais a rede de esgotos atinge 80% do parque habitacional, Montalegre encontra-se posicionado nos melhores 80 Municipios em muito arcaico dos anos 80 e a que hoje se observa. termos de ranking, as redes de comunicação são das melhores do Alto Tâmega, a Quanto a Georges Dussaud e aos anos do economia local deu um salto como nunca e o concelho, fruto dos eventos que vem subdesenvolvimento, contagiado e curioso que foi organizando e realizando desde hà 30 anos a esta parte, dos quais se destacam a pelo que observara na região, decidiu mesmo – maior feira do fumeiro da região e arredores e a sexta-feira 13, o mais distinto dos fixar-se durante os meses de inverno. espectáculos de rua do país, entre muitos outros, é já hoje uma imagem de marca conhecida e reconhecida em todo o país e além fronteiras. A História e os Fotos:Georges Dussaud anotse8s0temunhos que a suportam, não enganam.
Noticias de 11 CONCELHO DE MONTALEGRE O ÚLTIMO “SUSPIRO” O DESINTERESSE E O ABANDONO DO A REGIÃO NO PÓS ESTADO NOVO INTERIOR, SEMPRE À ESPERA DE DIAS MELHORES… ANOS 70 E 80 Efectuados os censos de 1991 era o que a realidade nos mostrava e fica registado para a História!... Uma fracção considerável de alojamentos não tinha água canalizada e abastecia-se em fontanários, e os poços ou furos artesianos eram insignificantes. ANOS 80 Foto:Georges Dussaud Se há tema que tem apaixonado a opinião pública em geral e a região de ANOS 70 Barroso em particular, é desde sempre o abandono do interior pela classe politica. Como foi dito na edição anterior, pelo menos desde os Embora com muito menos gente, as aldeias continuavam neste tempos do Marquês de Pombal, que dista já do longínquo século XVIII, período a viver ao ritmo dos finais dos anos 60 e inicio dos 70 e que o dito abandono – tirando as fábricas de lanifícios da Covilhã - é mudanças significativas e visíveis ao cidadão comum desde tema de reflexão não só entre a “plebe”, como também nos mais 1974 que ficaram para a história, foram apenas o parque variados círculos intelectuais do pensamento nacional e dos habitacional do Bairro do Crasto, também denominado. responsáveis políticos. Cada novo regime, sempre fruto de uma revolta e Agrupamento Habitacional ex–CAR com 86 habitações consequente descontinuidade institucional com o regime anterior, unifamiliares geminadas, construídas em pré-fabricado de legitima-se na promessa de uma nova era de prosperidade, que madeira no ano de 1975 e o Centro de Saúde de Montalegre, supostamente poria fim ao atraso económico das ditas regiões. obras desenvolvidas, concluídas e financiadas respectivamente pelo ex-Fundo de Fomento da Habitação e pela Noruega em Foi assim com a Monarquia Constitucional, com a República, com o nome do seu povo, como consta ainda hoje de uma placa ali Estado Novo, e claro, com a Democracia. O cavaquismo prometeu até, colocada quando da respectiva inauguração. que os fundos comunitários eram o meio pelo qual Portugal seria uma das economias mais avançadas da Europa - ultrapassaria mesmo o ANOS 80 Foto:Georges Dussaud Reino Unido - dizia, e o interior iria ter um papel importantíssimo. De seguida, o guterrismo jurou que entre o euro e a revolução tecnológica, Ainda segundo os ditos censos de 1991, o que se podia Portugal estaria na vanguarda da globalização e finalmente recuperaria constatar, é que estavamos perante um concelho com um fraco dos erros históricos da Revolução Industrial, com novas oportunidades investimento em matéria de capital escolar por parte da sua para essas regiões. Nada de mais errado!... Aquilo a que sempre população. Apenas 13.54% da população residente concelhia assistimos, foi à estagnação lenta destas regiões e ao seu definhamento possuía a escolaridade mínima obrigatória, 40% da população económico e social. O resultado foi sempre um pouco mais do mesmo. escolar concluía o então 1.º Ciclo e a taxa de analfabetismo era de 22.6%, superior à média nacional e da região de Trás-os- A única coisa que foi aumentando foi o deserto Montes. que pouco a pouco foi tomando conta de um território cada vez mais vazio e com menos esperança no futuro. Foi assim que desde a revolução de 25 de Abril de 1974, o tempo correu sempre contra o nosso Barroso. Os Governos mudavam, renascia a esperança nos períodos pré e pós-eleitorais para logo a seguir se desvanecer. Tudo não havia passado de promessas eleitorais que ficavam quase sempre por cumprir e sempre com as mesmas regiões a morrer aos poucos de forma lenta, mas trágica. O tempo não parava, as pessoas foram envelhecendo e perdendo forças, os mais novos partiam para o Porto, para Lisboa ou para Paris, deslocando-se ciclicamente às origens em épocas de férias, dias de festa, ou pelo natal. Mais novos, que o vão fazendo cada vez menos, porque os seus foram morrendo, e com eles tudo vai morrendo aos poucos. A única coisa que foi aumentando foi o deserto que pouco a pouco foi tomando conta de um território cada vez mais vazio e com menos esperança no futuro. Tudo reflexo das dinâmicas demográficas do concelho desde a década de 60 e que a revolução de 1974 e os anos que se lhe seguiram, fruto de uma governação nacional e municipal incapazes não conseguiram inverter, continuando pelo contrário e ao longo dos anos a pautarem-se pela ausência de antídotos como forma de evitar o progressivo e persistente envelhecimento populacional.
Noticias de 12 CONCELHO DE MONTALEGRE O ÚLTIMO “SUSPIRO” OS ANOS VINDOUROS A REGIÃO NO PÓS ESTADO NOVO DA III REPÚBLICA ANOS 70 E 80 Outro dado importante para o insucesso escolar teve a ver com a falta de recursos humanos em todo o concelho, nomeadamente de equipas multidisciplinares que pudessem apoiar e acompanhar os alunos com necessidades educativas e se encontrassem em risco de abandono escolar. No que à saúde pública diz respeito, nesta época o concelho de ANOS 80 Foto:Georges Dussaud Montalegre era servido pelo Centro de Saúde a que já nos referimos, mas ainda assim insuficiente para as suas necessidades, ao ponto das O DESINTERESSE E O ABANDONO DO populações do Baixo Barroso recorrerem aos concelhos vizinhos de INTERIOR, SEMPRE À ESPERA DE DIAS Cabeceiras de Basto e Vieira do Minho, para colmatar as necessidades médicas que o concelho não lhes proporcionava. MELHORES… Era o caso das aldeias que faziam parte das freguesias de Salto e É verdade que o baixo nível de qualificações académicas que Cabril – particularmente Fafião, Pincães, Xertelo e tantas outras, que caracterizava então o concelho, podia também estar relacionado dada a falta de estradas e a distância, se socorriam em Vieira do por um lado com a diminuição da taxa de natalidade, a qual Minho, ou ali bem perto na Vila do Gerês ou em Lobios, já em terras implicava não só, um cada vez menor número de crianças e galegas. Os estrangulamentos neste sector, traduziam-se consequentemente de alunos nas escolas, e pelo outro na fundamentalmente na insuficiência de recursos humanos e numa crescente taxa de abandono escolar, aspecto que segundo as lacuna generalizada ao nível dos equipamentos. À deficiente cobertura estatísticas apuradas, estariam relacionados com o facto da ao nível das infra-estruturas físicas, é de acrescentar o defice de meios maioria dos alunos pertencer a grupos sócio-económicos e humanos que afectava de forma acentuada a região. educativos desfavorecidos, ou seja, a existência de um perfil de Várias aldeias que faziam parte das freguesias de Salto e alunos que apresentavam elevados níveis de insucesso escolar e Cabril – particularmente Fafião, Pincães, Xertelo e outras, em consequência disso abandonavam a escola precocemente, que dada a falta de estradas e a distância, socorriam-se certo é que nada foi feito para alterar esta tendência. muitas vezes em Cabeceiras de Basto ou Vieira do Minho, ou Tratava-se fundamentalmente de crianças e jovens pertencentes a ainda ali bem perto em Lobios já em terras galegas, para famílias com baixas habilitações literárias, baixos rendimentos e onde seguiam via Ermida ou Vila do Gerês. dificuldades económicas a quem nunca foi dado qualquer apoio, De facto, nos cuidados de saúde primários e nos cuidados de saúde pelo que o abandono escolar surgia assim, como resultado do diferenciados, as vagas existentes nos quadros de pessoal não insucesso escolar continuado, da falta de acompanhamento e de estavam devidamente preenchidas, o que acarretava um número apoio necessários para a sua progressão na escola. elevado de utentes por cada médico e por cada enfermeiro. É de notar Restava-lhes como “sorte” a necessidade de atingir alguma ainda, que o Centro de Saúde se encontrava sub-utilizado. autonomia financeira, nomeadamente através do recurso à O laboratório de análises clínicas e o raios X não prestavam serviços emigração. devido à falta de meios humanos. ANOS 80 ANOS 80 Fotos:Georges Dussaud Foto:Georges Dussaud
Noticias de 13 CONCELHO DE MONTALEGRE ANOS 80 Foto:Georges Dussaud “O ÚLTIMO “SUSPIRO” O primeiro Lar para idosos concebido para trinta utentes, viria então a ser inaugurado A REGIÃO NO PÓS ESTADO NOVO | ANOS 70 E 80 em 1 de Outubro de 1987, mas depressa se tornou exíguo, pelo que com os dinheiros Do exposto, se conclui que o nosso concelho carecia assim de serviços exclusivos da própria Instituição, foram diferenciados, como consultas de especialidade e meios de diagnóstico sendo realizadas obras de transformação complementar que não existiam. Como sempre, os grandes centros urbanos do edifício que permitiram o aumento da continuavam a ser os polarizadores da prestação de grande parte dos cuidados sua capacidade para o dobro – sessenta de saúde, tendo menor acessibilidade à sua utilização os residentes das zonas utentes. mais isoladas. ANOS 80 Esta era já a altura em que o concelho se defrontava também com o cenário de uma população cada vez mais idosa, um aumento significativo do número de Foto:Gerard Fourel pensionistas que viviam sós e algumas em situação de dependência e sem retaguarda familiar. Para tentar combater este cenário, inicia-se então um plano de Acção Social direccionadas para a 3ª idade, tais como lares e serviço de apoio domiciliário. O primeiro Lar para idosos concebido para trinta utentes, viria então a ser inaugurado em 1 de Outubro de 1987, mas depressa se tornou exíguo, pelo que com os dinheiros exclusivos da própria Instituição, foram sendo realizadas obras de transformação do edifício que permitiram o aumento da sua capacidade para o dobro – sessenta utentes. E o mesmo aconteceu com a criação do primeiro jardim infantil inaugurado em 1988. A necessidade de mais espaços levou à realização de significativas obras suportadas igualmente pela Instituião, que conduziram posteriormente à instalação de uma Creche em 1993. Entrados num novo século – XXI – o ano de 2002, viria a marcar a entrada em funcionamento da ala nova destas instalações, apesar da sua inauguração ter ocorrido um pouco mais tarde, em 19 de Março de 2004, dia de S. José e também Padroeiro do Lar, integrada nas comemorações dos 350 anos da Misericórdia. O RENASCER DE UMA NOVA VIDA… Pese embora o facto de existirem estas respostas as mesmas revelavam-se insuficientes. Os lares então criados no concelho eram impotentes para dar respostas aos pedidos mais urgentes para internamento, alegando existir uma lista de espera extensa. Muitas das situações eram superadas pelas hoje chamadas famílias de acolhimento, apesar do seu número ser insuficiente, as quais se predispunham a acolher sobretudo indivíduos com problemas ligados ao alcoolismo, sem retaguarda familiar, com situação económica precária e que se recusavam a abandonar o seu meio natural de vida, optando pelo acolhimento familiar em detrimento da institucionalização. Apesar de toda esta conjuntura em que mergulhava o concelho, o sector agrícola era o único que continuava a ter um peso relevante na matriz sócio-económica. Empregos noutras áreas, salvo os existentes nos serviços públicos não havia e a agricultura absorvia cerca de 27% do emprego – embora precário - da região. Porém, as potencialidades que esta actividade detinha, estavam longe de ser integralmente aproveitadas dada a existência de uma série de estrangulamentos que se colocavam à rentabilidade deste sector. Com um sistema económico débil, uma indústria incipiente e em constante crise, sem condições dignas ao nível da saúde, educação e cultura, todo o interior no qual se incluía a região barrosã, estava assim quase moribundo. Sem opções e ainda por cima com a crise na agricultura, trucidada que foi pela Política Agrícola Comum, onde só sobreviveram os grandes latifúndios, a saída para o estrangeiro continuava a ser a única hipótese de fugir à pobreza. Os sucessivos Governos não conseguiram, ou nem quiseram, ou se calhar nem tinham a noção de que a entrada de Portugal no espaço comunitário iria ter um impacto brutal na economia rural e que se não fossem encontradas alternativas económicas, continuava a desertificar-se ainda mais e definhava. E tanto assim foi, que o recenseamento agrícola de 1999, constatou em termos nacionais, uma diminuição de cerca de 183 mil explorações em relação à década anterior, ou seja, um decréscimo de 31 por cento e o desaparecimento de uma em cada três explorações com menos de cinco hectares. Em apenas uma década desapareceram quase 750 mil trabalhadores agrícolas, muitos dos quais sem alternativa de emprego no mundo rural ou citadino.
Noticias de 14 CONCELHO DE MONTALEGRE “O ÚLTIMO “SUSPIRO” REGIÃO NO PÓS ESTADO NOVO | ANOS 70 E 80 O RENASCER DA ESPERANÇA… Saindo da letargia em que se encontrava o concelho, é a partir do final da década de 80 que se inicia uma nova era que irá transformar para melhor não apenas as aldeias, como também a sede do Municipio. Para o efeito, a Câmara foi fértil em proceder a múltiplas realizações, designadamente nas aldeias e lugares, procurando retirá-las da penumbra em que se encontravam, dando-lhe uma maior modernidade e outra capacidade de resposta para encarar o futuro. A inoperância que caracterizava o dito sector agrário e se devia em Os dados que aqui se documentam, reflectem muito bem a grande parte ao fenómeno migratório, passou a agravar-se ainda mais capacidade realizadora dos autarcas desta época e mostram-nos com a entrada do país na Comunidade Europeia, prefigurando por via o esforço financeiro para o efeito desenvolvido. Em poucos anos, de tal, um factor gerador de profundas mudanças na paisagem rural. estamos a falar apenas a título de exemplo de drenagens, saneamentos beneficiação de estradas e caminhos, colocação (…) desde meados da época de 70, até finais dos anos 80, que o de vários aquedutos, reposição de valas e obras de grande concelho se caracterizou por um nível médio de vida bastante abaixo envergadura que deram outro colorido ao concelho.. das médias regionais de Trás-os-Montes e nacional, na medida em que sempre registou valores de IPC-Indicador de Poder de Compra e de PPC-Percentagem de Poder de Compra, muito baixos. Tais efeitos eram por isso inegáveis, caracterizados que eram pela regressão dos efectivos populacionais e pelo envelhecimento dos núcleos familiares e enfraquecimento das solidariedades sociais, contribuindo desse modo, para a desvalorização do mundo rural e da actividade agrícola. Saneamento na Borralha Saneamento em Codeçoso ANOS 80 Foto:Antero da Alda Em síntese, poder-se-à concluir, que desde meados da época de 70, Ringue em Ferral Arruamentos em Covelães até finais dos anos 80, o concelho se caracterizou por um nível médio Novas instalações da Biblioteca Municipal Estrada Nogueiró|Ferral de vida bastante abaixo das médias regionais de Trás-os-Montes e nacional, na medida em que sempre registou valores de IPC-Indicador de Poder de Compra e de PPC-Percentagem de Poder de Compra, muito baixos. Tratava-se pois de um concelho com várias carências e debilidades produtivas que dificultavam e restringiam as possibilidades e o acesso das populações locais ao mercado de trabalho. E sendo um concelho pobre, pouco desenvolvido comercial e industrialmente, e na sequência do que foi dito anteriormente, entende-se assim as razões porque o poder de compra dos seus habitantes era tão baixo.
15 Noticias de CONCELHO DE MONTALEGRE AS AJUDAS DO PODER CENTRAL QUE NUNCA CHEGARAM O DESINTERESSE E O ABANDONO DE SEMPRE… E O “REMAR” CONTRA A MARÉ… A visita do Primeiro Ministro Durão Barroso a Montalegre no ano de 2003, ficou então marcada pelo anúncio, por parte do então Primeiro- Ministro, de um pacote de obras significativas para o futuro do concelho. Palavras que responderam aos anseios então colocados pelo Presidente da edilidade, Fernando Rodrigues, que aproveitou o ensejo para convidar Durão a inaugurar a obra que marcará uma época: O Parque de Exposições e Feiras de Montalegre. A presença do líder do Governo foi também aproveitada para estrear as novas instalações do Lar de Idosos de Montalegre, referido na página anterior. Foi com enorme diplomacia que decorreu a visita de Durão Barroso a -se na EN103 e os pedidos penhorados não surpreenderam!,,, A estrada Montalegre como Primeiro Ministro de Portugal. O chefe do Governo é sinuosa e cheia de curvas, a ligação de Montalegre à fronteira e a da então coligação com o CDS foi recebido, primeiramente nas proximidade à Autovia das Rias Baixas em Espanha aumentou, e muito, o instalações da Câmara e depois na inauguração dos novos trânsito de pesados nesta estrada. E agora são ainda mais de cerca de equipamentos do Lar de Idosos de S. José, enquadrada nas 200 camiões por dia da areia do vale de Ginzo que seguem aos pares e comemorações dos 350 anos da Santa Casa da Misericórdia. A impedem qualquer ultrapassagem”. Com esta frase, Fernando Rodrigues chegada de Durão aconteceu com foguetes e pompa. Oportunidade rogou a Durão três auxílios que balizam a mesma estratégia: “peço-lhe para a população brindar o homem forte do executivo com aplausos que determine aos técnicos que ouçam as pessoas, que estudem os ao qual retribuiu sempre com amabilidade. fluxos económicos e que se determine o que é necessário e imperioso: a beneficiação da estrada de Montalegre a Braga. O segundo pedido tem a “ESTADO NÃO CUMPRE COM O INTERIOR” ver com a necessidade da ligação de Montalegre e de todo o concelho à rede nacional de auto-estradas. O sentido é unânime e inquestionável: É No Salão Nobre, a cerimónia iniciou-se com a assinatura de um Montalegre-Braga. O terceiro pedido tem a ver com o nosso ganha-pão. protocolo que se propunha melhorar o troço rodoviário que liga S. É da zona do grande Porto e da zona industrial do Minho que recebemos Vicente a Montalegre. Este foi o primeiro de alguns destaques que os clientes das feiras, os consumidores dos nossos produtos locais, o saíram da bagagem de um Primeiro Ministro que trouxe a lição bem turismo. Peço que dê o maior contributo e que mande beneficiar a EN 103 estudada respondendo, com afinco, a todos os dossiers levantados de Montalegre a Braga”. pelo Presidente da autarquia. Aos pedidos enunciados, Durão Barroso respondeu com promessas, Fernando Rodrigues, na qualidade de anfitrião, apostou numa toada certo é que passado pouco tempo abandonou voluntariamente o Governo construtiva sem descurar as matérias que no seu entender teriam e “emigrou” para Bruxelas, onde se viria a manter durante 10 anos. Foi forçosamente que ser levantadas. Pastas que sempre estiveram na substituído por Pedro Santana Lopes que ao fim de 6 meses viria a ser na gaveta como a requalificação da EN103, EDP, Pacto de demitido pelo Presidente da República Jorge Sampaio. Entretanto todas Desenvolvimento do Alto Tâmega e despovoamento irreversível do as promessas viriam a cair em “saco-roto”. O país foi para eleições e a concelho, entre outras. A dado momento, o edil terá mesmo afirmado Santana Lopes sucedeu José Sócrates. que o “Estado não cumpre as suas obrigações para com o Interior. Bastaria dizer que o distrito de Vila Real é hoje o primeiro em número de escolas a encerrar, é o segundo em percentagem de falências de empresas, o terceiro com maior percentagem de desemprego e é de certeza, dos que continua a perder mais população” – disse Fernando Rodrigues, para logo reforçar: “exige-se mais, muito mais do Estado”. Fernando Rodrigues falaria ainda do dossier EDP, lembrando que “o concelho de Montalegre tem uma empresa que produz entre 75/100 milhões de euros no concelho e não deixa cá nada. Essa empresa é a EDP que tem cinco barragens no concelho de Montalegre. EN103 - Montalegre a Braga Chegado aqui, o discurso do Presidente da Câmara Municipal centrou
Noticias de 16 CONCELHO DE MONTALEGRE OS GRANDES INVESTIMENTOS… Entretanto surgiu José Sócrates e as promessas foram muitas!.. que se pretendia ligar â A24 via Ponte da Assureira. Até fábricas de componentes para a região, como compensação pela instalação das eólicas mas entretanto desviadas, e a Fecharam tudo o que puderam, ainda que o não requalificação da EN103 viria a morrer no reinado do seu devessem!... Foi assim com a agregação de freguesias, sucessor Passos Coelho. De Sócrates valha-nos ter contribuído passando das então 35 para as actuais 25, foi assim no tempo do segundo mandato de Fernando Rodrigues, para a com o Quartel da GNR da Venda Nova, com o construção do grande baluarte que é hoje o Pavilhão Multiusos encerramento do Centro de Internamento de de Montalegre, palco dos grandes eventos que se realizam na Montalegre e foi assim com o retardar da abertura até sede do concelho, e a ETA - Estação de Tratamento de Água do ao limite, da Unidade de Cuidados Continuados. Alto Rabagão. Rotunda dos bois Estação de Tratamento de Água do Alto Rabagão. Serviços de Finanças e Correios, mantiveram-se graças à forte oposição do Municipio que se propôs De Passos Coelho e da sua “austeridade virtuosa”, ficou-nos o pagar os custos salariais dos respectivos funcionários. registo do seu discurso do empobrecimento. Eramos Ou seja: uns ensaiaram medidas e fizeram demasiadamente “ricos e a viver acima das nossas diagnósticos sobre diagnósticos, estudaram e voltaram possibilidades”. Dizia-nos então, que era preciso curar os a estudar o que já havia sido estudado, agregaram e \"pecados dos últimos trinta anos”, e para além da falhada desagregaram ideias, outros deixaram-nos ainda mais requalificação da Estrada Nacional 103, nem um cêntimo foi desamparados e cada vez mais longe do progresso e disponibilizado para o abrir de caminho da Municipal 508, que se do desenvolvimento.
Noticias de 17 CONCELHO DE MONTALEGRE Pavilhão Multiusos OS GRANDES INVESTIMENTOS… O ex. libris do concelho com um Parque de Exposições e Feiras que ocupam uma área total de cerca de 4 hectares no coração da vila de Montalegre e compreende os seguintes equipamentos e espaços: 1- Auditório Municipal 2- Ginásio 3- Pavilhão desportivo 4- Portas do Parque Nacional Peneda-Gerês 5- Sala de reuniões / restaurante panorâmico 6- Tasquinhas Uma obra inaugurada em 23 de Junho de 2007 pelo Primeiro Ministro José Sócrates, em acto solene presenciado por um banho de multidão. Uma obra avaliada em mais de 8 milhões de euros, que veio dar outro fôlego ao desenvolvimento do concelho. LMeoiIann,taaeulemggurraean.çeãxood,odPisacvuilrhsãoopMroufletiruidsoos pelo Presidente da Câmara de
Noticias de 18 CONCELHO DE MONTALEGRE OS ANOS DO REJUVENESCIMENTO As grandes iniciativas e obras após 1990 Montalegre Estrada para Fafião Até aos finais dos anos 80, o diagnóstico social do concelho revelado nas páginas anteriores era deprimente e a evolução registada pouco ou nada diferia do período do Estado Novo. A partir desta época, iniciaram-se então pequenos e avultados eventos e intervenções que as populações hà muito reclamavam, muitas das quais ainda hoje verdadeiras imagens de marca do concelho e das quais aqui se deixa a devida nota. Parque de Campismo de Penedones Lar dos Pisões Piscinas Municipais Centro de Dia-Padornelos
Noticias de 19 CONCELHO DE MONTALEGRE Parque do Cávado Lar de Cabril OS ANOS DO REJUVENESCIMENTO Unidade Cuidados Continuados Montalegre As grandes iniciativas e obras após 1990 Visitar hoje as Terras de Barroso é uma aventura única!.... Por entre uma hidrografia rica, constituída em particular pelos rios da região, dos quais se destacam o Cávado e o Rabagão, floresceram soberbas paisagens e culturas milenares. Surpreendam-se pois os visitantes, com as pachorrentas vacas do Barroso a passear pelas ruas das vilas e aldeia e quem desejar apostar no fascínio, visite o Convento de Santa Maria das Júnias de Pitões e a cascata… Piscina de Santo André Requalificação do Castelo Requalificação Estrada Municipal 508 Parque Desportivo de Vilar de Perdizes
20 CONCELHO DE MONTALEGRE Lar de Cabril Arquivo Municipal Estrada do Larouco Pista do Larouco Lar de Vilar de Perdizes Lar de Salto Parque Campismo de Cabril Visitar hoje as Terras de Barroso é uma Também o Couto Misto, ali mesmo ao lado de Tourém, aventura única!.... Por entre uma hidrografia com os privilégios e isenções de antanho, é um caso rica, constituída em particular pelos rios da paradigmático de comunitarismo transfronteiriço. região, dos quais se destacam o Cávado e o Rabagão, floresceram soberbas paisagens e As populações abrangidas tiveram o privilégio de culturas milenares. escolher a nacionalidade espanhola ou portuguesa, O megalitismo continua a surpreender por depois de viverem em regime de comércio livre, estas bandas, dado não só o grande número possuíndo pastagens mistas e do cultivo do tabaco. de Dólmenes, como igualmente outras preciosidades que deixaram a sua marca e Surpreendam-se pois os visitantes, com as reminiscências através de Castros, Estradas pachorrentas vacas do Barroso a passear pelas ruas Romanas e Forais. Nestas terras, que foram das vilas e aldeia e quem desejar apostar no fascínio, também de mouros, exibem-se belos visite o Convento de Santa Maria das Júnias de Pitões pelourinhos e ainda sobrevivem lendas e e a cascata. tradições sem igual. O comunitarismo que resta das bonitas Mas para saber mais, é preciso vir até cá e aldeias onde a água cristalina ainda se complementar os saberes desta terra, lendo as passeia pelas ruas em muitos locais, está magnificas monografias disponíveis na Biblioteca bem vincado nos resistentes Fornos do Municipal ou no Ecomuseu de Barroso. Quem cá vem, Povo, nas Torres do Boi e no significado pensa sempre em regressar para revisitar tão singular das chegas. beleza.
CONCELHO DE MONTALEGRE 21 3 E… por aqui, a “poesia” também se serve à mesa… À mesa dos restaurantes do Barroso também se serve \"poesia\" . Uma “poesia” sempre dedicada à gastronomia, com especial realce para o cabrito e para acarne barrosã, com especificidade regional ecertificada pela Associação de Criadores de Gado Barrosão A “Grande Rota”…“Oh… ingénuas mesas honradas/Toalhas brancas, marmeladas/Vinho virgem no copo a rir./O cuco da sala cantando/Mas o Cabanelas entrando/Vendo a hora: é preciso partir”. As palavras são de Almeida Garrett, em “Viagens na Minha Terra” e uma vez gravadas na toalha de linho, pontuam a refeição. Noutras mesas outros poemas. Cesário Verde, Luís de Camões, Eça de Queirós, Florbela Espanca, Manuel Alegre. Poemas e frases soltas dos escritores da Considerada a \"Meca\" dos apreciadores destas iguarias, a Feira do terra, com temas alusivos à gastronomia do Barroso. Um verdadeiro mundo de “poesia Fumeiro e Presunto do Barroso atrai anualmente, no final de Janeiro, gastronómica”. milhares de visitantes que adquirem, neste certame, toneladas de produto directamente às dezenas de produtores artesanais aí presentes. Também a carne do Cabrito de Barroso é bastante famosa na região, sendo por tradição assada em forno de lenha e tomando papel principal nas várias festas religiosas da terra. Tradicional é também o hábito de utilizar o cabrito como prato principal, sempre que há convidados especiais, sobretudo na altura da Páscoa. Cabritos que em tempos já serviram como presente de honra para obsequiar as entidades importantes - outros tempos. Depois, com o cunho dos prados verdes dos lameiros e pastos naturais, lá vem a excelência da carne barrosã. Não terá sido por acaso, que já no século XIX, muitas embarcações transportavam milhares de animais directamente para a Corte Inglesa. Ainda hoje é muito vulgar encontrar-se a designação de \"portuguese beef\" em restaurantes londrinos, tendo na Carne Barrosã a sua origem. Um mundo, onde há mais de dois mil anos, no nosso território os enchidos são reis e Carne Barrosã, que tem uma cor rosada a vermelha escura, com senhores. Um mundo, onde ao fim de tanto tempo, nos locais onde a tradição foi gordura branca a branca suja, conforme se trate de vitela ou animal mantida, a sua fabricação é hoje arte. Os fumados estão profundamente ligados à adulto. A carne é deveras tenra, extremamente suculenta e muito agricultura e à pecuária da nossa região e são ainda hoje feitos de forma artesanal saborosa.O sabor, sensação complexa que se obtém pela combinação com carnes de excelente qualidade, temperos feitos com critério e que através de um das múltiplas características perceptíveis durante a mastigação, lento processo de maturação, enriquece os aromas finais. Tudo matéria-prima mantém-se com excelente nota e muito semelhante em todos os pesos seleccionada com um processo lento de maturação, com tempêros naturais-sem de abate. Esta característica, tal como a suculência deve-se em grande aditivos - e fazendo a fumagem com a mesma lenha de sempre-a dos carvalhos da medida ao \"marmoreado da carne\" estando por isso correlacionada região, conferindo-lhes o cheiro e o paladar que os caracteriza e os torna com a repartição da gordura e a sua composição lipídica. Na realidade, simplesmente diferentes. De igual fama e qualidade é o Presunto de Barroso, estas valências, textura, cor, suculência e flavor, dão à \"Carne Barrosã\" produzido da mesma matéria prima de excelência e sublimemente temperado pelo uma qualidade ímpar. E temos ainda a batata, por assim dizer, o clima único das nossas terras. produto mais famoso de Montalegre, porque é a melhor batata que há para consumo. Longe vai o tempo em que se produziu em enormes quantidades e quebrou décadas de pobreza extrema e até de criação de riqueza em Montalegre. Hoje produzida em menor escala, continua com a qualidade de sempre.
22 CONCELHO DE MONTALEGRE O Turismo e a Gastronomia UMA IMAGEM DE MARCA Sobre esta questão, importa ainda atentar às palavras de Saramago: “Em todas as sociedades a alimentação é satisfação de uma necessidade fisiológica mas O turismo gastronómico é uma das vertentes turísticas que mais também é uma forma de comunicação com um conjunto de símbolos, de ritos e divisas proporciona aos locais visitados, tendo em conta que constitui actos que conferem uma determinada identidade”. uma das principais motivações turísticas dos visitantes. Assim, Assim sendo, a oferta gastronómica de uma terra não participa apenas no ciclo desenvolver imagens de marca como tem sido feito, dos produtos de produção e reprodução social, assume-se também como uma forma de locais, tendo em vista a sua promoção, o seu desenvolvimento e relacionamento e diferenciação, relativamente a outras terras, culturas e povos valorização, é fundamental. Por outro lado, o desvendar do ponto de com os quais concorre. vista antropológico e etnográfico, bem como as manifestações Importa por isso referir, que o concelho de Montalegre tem vindo a ser estudado culturais associadas à gastronomia, para que possa ser reconhecidas por diversos autores de variadas disciplinas, nos últimos anos. Não é por acaso, como um traço identitário e cultural de Barroso, tem sido também um que têm surgido vários artigos em jornais e revistas de referência. objectivo muito bem conseguido. Só desta forma será possível, reconverter toda esta postura, em produtos turísticos A culinária, enquanto manifestação cultural, é um atractivo, tendo em conta o interesse dos visitantes, em experimentar a comida típica de um determinado lugar, frequentando designadamente restaurantes e feiras gastronómicas. Montalegre está por isso no bom caminho, e a prova é-nos dada quando da realização dos diversos eventos no concelho. Nota-se que há cada vez mais gente a viajar até à nossa terra, a experimentar a sua gastronomia, a adquirir As motivações para esse tipo de turismo são por isso muitas, artesanato e a fazer turismo rural. destacando-se o prazer e a busca das raízes culturais de uma determinada região. A compreensão do que é a culinária local, não se dá apenas com o entendimento histórico do lugar. A cultura e suas características têm também destacada importância, tendo emconta que as preferências por determinados pratos nos diferentes grupos humanos está ligada à sensação de sociedade e de prazer. Mais do que um acto de comer, a gastronomia é uma prática social que envolve rituais e modos de vida, apresentando dinamismos temporais e espaciais. E é exactamente por isso, que devem ser – e são - valorizadas as técnicas e as habilidades que são passadas de geração em geração. E neste aspecto, Montalegre avançou consideravelmente de hà uns anos a esta parte!... As feiras do fumeiro e os costumes instituídos e as tradições, são disso um verdadeiro exemplo. Por outro lado, também os simbolismos como as sextas 13, que podem ser expressos por rituais, tabus, costumes e sociabilidades se manifestam à mesa. É por isso inegável, que a gastronomia constitui um dos traços identitários mais marcantes na cultura Barrosã, na qual motiva deslocações e gera uma procura turística. ECOMUSEU DE BARROSO O património natural e cultural do Barroso está exemplarmente explicado nos vários pólos do Ecomuseu. A porta de entrada é em Montalegre, no interactivo Espaço Padre Lourenço Fontes. Todos os demais se encontram espalham pelo resto do território barrosão, de forma a promover o conhecimento etnográfico e a educação ambiental. Na muito genuína aldeia de Pitões das Júnias começam vários dos trilhos que levam ao Parque Nacional da Peneda-Gerês, cujo cerca de um terço do território protegido pertence ao concelho de Montalegre.
23 ORLANDO ALVES A ENTREVISTA QUE FALTAVA... O que eramos e o que somos… Presidente confessa-se e fala de tudo… Entrevista: Domingos Chaves “Em 1960 quando se “Se recuarmos aos dá o inicio do surto anos de 50, 60 e migratório, éramos inicio dos 70, o perto de 33.000 almas!... Em 1970 correio chegava às tinham já saído aldeias transportado cerca de 10.000 e daí em diante nunca em burros – toda a mais parou. Quando gente sabe disto. tomamos conta dos Não havia destinos da Câmara transportes em 1990, a população tinha sido públicos, não havia reduzida a menos de táxis, Unidades de metade”... Saúde, médicos de ... família – era o abandono completo”... ... Uma entrevista desde hà algum tempo agendada e que nem o Covid-19 conseguiu travar. O objectivo, era falar do passado e do presente, das suas influências no desenvolvimento da região, da data libertadora de 25 de Abril de 1974, do tempo que se lhe seguiu e da herança socialista de hà 30 anos. Pese embora a azáfama decorrente do combate ao “coronavírus” como forma de tentar minimizar ao máximo a pandemia no concelho, Orlando Alves, Presidente do Municipio de Montalegre, não se fez rogado e através de vídeo-conferência falou de tudo. Falou do abandono e da pobreza do tempo do salazarismo, das politicas que se lhe seguiram em democracia, da emigração, da desertificação, dos grandes investimentos, da governação socialista, da falta de apoio do Poder Central, do Covid-19, e também de um tema que lhe tem sido muito “caro” – o lítio. Uma entrevista a não perder…. ...
Noticias de 24 O CONCELHO AO RX Entrevista: Domingos Chaves O que eramos e o que somos… Orlando Alves, Presidente da Câmara Municipal de Montalegre, confessa-se desencantado com o destino a que desde sempre os concelhos do interior foram votados, mas com força para enfrentar os desafios que se lhe colocam… P – Está a referir-se concretamente a quê?!... R – Estou a referir-me a muita coisa, mas de todas as demais, deixo- A Barrosana – Parece cansado senhor Presidente!… Efeitos da luta lhe o exemplo da sangria que ocorreu no concelho para fazer face à contra a pandemia?!... pobreza então existente e fundamentalmente à ausência de Orlando Alves – Ninguém é de “ferro” e nós não fugimos à regra!... “Não perspectivas que pudessem inverter essa tendência. Repare: em brincamos em serviço”. Temos feito um esforço tremendo para procurar 1960 quando se dá o inicio do surto migratório, éramos perto de minimizar ao máximo a propagação desta pandemia na nossa região e isso 33.000 almas a residir no território!... Em 1970 tinham já saído cerca tem obviamente custos de vária ordem entre os quais o cansaço físico. Espero de 10.000 e daí em diante nunca mais parou. Quando tomamos que tenha valido a pena… conta dos destinos da Câmara em 1990, a população tinha sido reduzida a menos de metade. É evidente que isso tinha que ter P – Foi acusado de ter fechado indevidamente a fronteira… consequências, e essas consequências acentuaram-se ainda mais, R – Nós não fechamos a fronteira!... O fecho da fronteira foi uma decisão quando durante esse mesmo período as pessoas foram conjunta dos Governos de Portugal e de Espanha, os quais estabeleceram interiorizando que o futuro das suas vidas e das suas famílias não apenas 9 zonas de controlo pelas autoridades. A nós, e certamente mais que passavam por cá. aos espanhóis, coube-nos zelar pelo cumprimento dessa decisão, socorrendo- nos dos meios de que dispunhamos para o seu cumprimento.Olhando para P – E o que fez então a Câmara socialista para inverter essa dita trás, em boa hora o fizemos. Só por má fé se poderá dizer o contrário… sangria? R – Olhe. fez aquilo que no antecedente devia ter sido feito e não P – E esses meios não poderiam passar pelo destacamento de forças da foi. Só que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. Procuramos criar GNR, para os locais de passagem no território concelhio em vez das e criamos as infraestruturas necessárias, convencidos de que daí vigas de cimento utilizadas?!... poderia resultar alguma fixação das pessoas à terra, só que de 1960 R – Como toda a gente sabe, a Câmara não tem poderes em termos de a 1990 decorreram 30 anos. Um período que no mínimo abrange distribuição dos dispositivos das forças de segurança. Esse poder cabe ao duas gerações!... A geração do “salto” e a sua descendente, que de Ministério da Administração Interna e ao Comando Geral respectivo. Perante certa forma já não se revia nas origens dos seus progenitores. isso, volto a frizar: não podíamos ficar de braços cruzados esperando por milagres. Estava em causa a protecção dos nossos municipes… P – Quer dizer então, que a democracia não trouxe nada de novo ao concelho… P – Muito bem!... Acha que o concelho está preparado para continuar a R – Não… não!... A democracia trouxe e muito. Se tal não tivesse enfrentar esta pandemia?!... ocorrido, o concelho de Montalegre seria hoje um deserto!... A R - Toda a gente envolvida neste processo, tem feito o que lhe é possível para ditadura nunca quis saber de nós. Veja só isto: a primeira estrada minimizar os seus efeitos!... Transformamos o Pavilhão Multiusos numa que ligou Braga a Chaves, ainda que reles, só foi terminada entre os espécie de hospital de campanha; em conjunto com a CIMAT abrimos um anos 30 e 40. E estamos a falar desta estrada, porque se falarmos Centro de Diagnóstico que funciona em Chaves; distribuímos materiais de dos seus acessos às aldeias e à sede do concelho, estes eram protecção para todos os profissionais de saúde; e informação é coisa que não efectuados por caminhos de cabras. tem faltado. Temos um Municipio empenhado em servir os seus cidadãos, estejam eles na sede ou nos lugares mais recônditos. P – Mudando de assunto!... Ao contrário do habitual e por razões óbvias, Nos anos 50, 60 e inicio dos 70, o correio chegava ás aldeias este ano não comemoramos a instauração da democracia!... Apesar disso transportado em burros, transportes públicos não havia, táxis e lembrando a data, o que mudou, quer desde então, quer do período que também não, Unidades de Saúde e médicos de família a mesma a antecedeu no desenvolvimento do concelho?!.. coisa, os militares para passar fins de semana com a família vindos R – Exactamente – não foi possível. Mas Abril vai continuar a ser um mês com de Chaves faziam-no a pé, o transporte de bens era efectuado com muito significado!... Livrou-nos de uma ditadura em 1974 e está suavizando burros, dinheiro não havia e as únicas fontes de rendimento – ainda estes dias tristes e de desnorte. Uma data por isso a não esquecer, tendo que miseráveis, era o que restava da produção da batata e dos emconta que mudou para melhor, principalmente nos últimos 30 anos. Durante vitelos. Havia gente que nem dinheiro tinha para pagar uma consulta a ditadura acomodámo-nos!... Infelizmente tínhamos que nos acomodar. Se médica. Felizmente que cenários destes não se colocam hoje e são calhar não fomos até dignos de nós próprios e todos colaboramos com um lembrados apenas como recordações, ainda que desagradáveis. A regime que viria a ser nocivo de mais para a nossa terra, mas isso agora é realidade de hoje, é bem distinta da desse tempo e apesar das “chover no molhado”!... Há que seguir em frente. dificuldades está bem à vista de toda a gente.
Noticias de 25 O CONCELHO AO RX O que eramos e o que somos… Nova, que nenhum concelho vizinho iguala; e com muita Entrevista: Domingos Chaves perseverança e querer, conseguimos manter de pé todo um conjunto de organismos públicos que para além de “Temos 100% de cobertura de serviço domiciliário de manterem emprego, evitam a mobilidade da nossa gente água; em termos globais 80% da população está e servem as populações nas suas necessidades. servida com saneamento; temos um concelho harmonioso e lindíssimo e propicio para o turismo; temos estruturas que nos permitem a organização de grandes eventos; apoio social como nunca houve; redes de estradas que não nos envergonham, a melhor EM do Alto Tâmega e o melhor troço da N103 até aos limites de Pondras que nenhum concelho vizinho iguala”… P – Sendo assim, vale a pena cantarmos o “hino da P – Está a falar de quê? liberdade”… R – Estou a falar de muita coisa, mas cito como exemplo, R – Para quem gosta, vale sempre a pena cantar, seja o Unidades de Saúde, Misericórdia, lares de idosos “hino da liberdade” seja qualquer outra cantiga. E eu gosto. espalhados pelo concelho, creches e Cooperativas de Gosto muito de cantar, principalmente fado, mas em Educação e Reabilitação, que prestam serviço aos ambiente familiar. respectivos utentes, não só em termos de cuidados relativos à higiene, alimentação, segurança, conforto e P - De onde lhe vem o seu gosto pela música? bem-estar, mas também na componente educativa e activa, R -É de família. A minha mãe também integrava o Grupo de orientadas que são por profissionais especializados que Cantares de Salto. através da sua prática e métodos pedagógicos, procuram estimular o seu desenvolvimento integral, respeitando as P - Já agora, onde estava no dia 25 de Abril? suas características e necessidades. Tudo isto, fruto dos R – Estava na Escola Prática de Infantaria de Mafra. Entrei apoios que disponibilizamos e sem os quais não seria lá no dia 22 de Abril de 1974 para fazer o curso de oficial possível levar a cabo todo este trabalho e contribuir militar e só ali é que me apercebi que estava a meter-me igualmente para que aqueles que por cá resolveram fazer num buraco sem saída. Ainda fui ao Ultramar!.. Nessa altura vida não se sintam defraudados. Montalegre é um daqueles mais pareceram seis meses de férias em Angola. sítios onde é possível ser feliz... (…) “só um país que não tem norte pode desperdiçar P - Então o que é que faz falta? o interior. Não vale a pena encolher as palavras para R – Falta ainda falta muita coisa!... Falta principalmente esconder esta evidência. Ao longo dos últimos 46 investimento público que o Poder Central se tem anos, os sucessivos governos após o 25 de Abril, “esquecido” de potenciar, e faltam incentivos que levem concentraram-se apenas no obreirismo, nas auto- as pessoas a pensar duas vezes na sua fixação. estradas, nas questões do Litoral e das grandes áreas Onde não há empregos as pessoas não podem fixar-se e metropolitanas onde há votos para distribuir e o Municipio só por si, não pode nem tem capacidade para eleitoralmente são mais atractivas”. apagar todos os fogos e responder a todas as necessidades.Nem nós nem ninguém, e quem disser o P – Voltemos ao inicio!... Diga-nos lá: está ligado ao contrário não vive neste planeta – não há milagres. poder autárquico desde 1979!... Nestes anos o interior E depois outro pormenor ainda: qualquer eventual do país tem sido assim tão maltratado e esquecido? investidor interioriza, que para o produto que produz seja R – Completamente!... Nesta terra, tudo quanto tem sido escoado, tem de haver gente que o consuma. Se não feito, tem sido à nossa custa e á custa daqueles que por cá houver não investe, e se não investe não se cria emprego vão investindo parte das suas economias. Temos 100% de muito menos riqueza. O Estado central tem aqui um papel cobertura de serviço domiciliário de água; temos em termos muito importante nesta matéria. globais 80% da população servida com saneamento; temos um concelho harmonioso, lindíssimo e propicio para o turismo; temos estruturas que nos permitem a organização de grandes eventos; apoio social como nunca houve; redes de estradas que não nos envergonham; a melhor EM do Alto Tâmega; o melhor troço da N103 até aos limites da Venda
Noticias de 26 O CONCELHO AO RX O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS… Entrevista: Domingos Chaves lugar, de ver no Interior a sua agricultura empresarializada, a floresta reordenada, as suas tradições e culturas serem P – Será então esse um dos motivos porque muito poucos reconhecidas na política nacional e acima de tudo precisa de Barrosões não regressam à sua terra… incentivos fiscais que para cá façam deslocar empresários e R – Sem dúvida!... E alguns dos que regressaram já tiveram que trabalhadores. Enquanto isso não acontecer, continuaremos sair de novo. Isto é dramático porque ao longo de décadas os todos os dias a queixar-nos do centralismo e a não sermos diversos Governos não souberam traçar desígnios para ouvidos. Certamente a indústria é necessária. Valerá até mais combaterem a interioridade. uma pequena indústria que empregue dez pessoas, que meia dúzia de explorações agropecuárias de cariz familiar. Mas uma coisa não invalida a outra. Enquanto não se investir na agricultura, na pecuária, na floresta e não forem criados incentivos, por um lado será difícil evitar a saída da população e pelo outro, ninguém vem do Litoral radicar-se no Interior. Há muita gente que odeia a cidade e quer vir para o Interior abrir uma exploração agropecuária, faltam é condições. P – Interior que até é importante para o país… “O esvaziamento dos serviços públicos ao longo de R – Evidentemente!... O Interior é uma mais-valia de Portugal, é a décadas, a escandalosa ausência de investimento parte mais bonita, mais intacta, mais preservada, onde se pode público e sobretudo a sensação de vivermos num país viver num ambiente de paz, de conforto, de água e ar puro. macrocéfalo, “lisboeta” e que o resto é paisagem, tem Repare só nisto: ainda há pouco tempo através de um inquérito de acabar”. elaborado a nível nacional se concluíu, que onde existe melhor qualidade de vida é no interior. Ora sendo assim, só um país que P – Mas tudo isso a que se refere, parece ser o que o não tem norte, o pode desperdiçar. Não vale a pena encolher as actual Governo pretende implementar com o “pacote” palavras para esconder esta evidência. Isto para já não falar do sobre descentralização dado recentemente a conhecer… antecedente!... Ao longo dos últimos 46 anos, os sucessivos R – É verdade que sim, mas de boas intenções está o mundo governos após o 25 de Abril, concentraram-se apenas no cheio e o novo “pacote” aquilo que nos tráz são cuidados obreirismo, nas auto-estradas, nas questões do litoral e das paliativos que não resolvem o problema. Trata-se de um grandes áreas metropolitanas onde há votos para distribuir e “pacote” que por mais bondoso que seja, não deixará de eleitoralmente são mais atractivas. enfrentar desconfiança de quem já cá está e de quem quer vir. É por isso que cada vez mais nos orgulhamos do nosso O esvaziamento dos vários serviços públicos ao longo de trabalho!... O concelho de Montalegre visto hoje e hà 30, 40 ou 50 décadas, a escandalosa ausência de investimento público a que já anos atrás, é como o dia da noite. Está tudo à vista e o que está à me referi e sobretudo a sensação de vivermos num país vista escusa candeia. macrocéfalo e “lisboeta” e que o resto é paisagem, tem de acabar. Até aqui as chamadas políticas de “fixação da população” P - Que medidas poderia então sugerir, até mesmo falharam rotundamente e a estigmatização do Interior que é enquanto Presidente da Comunidade Intermunicipal do fomentada pelo paternalismo do Estado, condimentada por um Alto Tâmega?!... misto de fatalismo, vitimização e inércia local tem também de R – Ora bem!... Portugal precisa como já referi e em primeiro acabar. A cantilena do “coitadinho” do Interior só serve para manter tudo na mesma e nós não embarcamos nesse barco, antes pelo contrário. Temos orgulho naquilo que fazemos. “O novo pacote descentralizador por mais bondoso que seja, não deixará de enfrentar desconfiança de quem já cá está e de quem quer vir. O esvaziamento dos serviços ao longo de décadas, a escandalosa ausência de investimento público a que já me referi e sobretudo a sensação de vivermos num país macrocéfalo e lisboeta e que o resto é paisagem tem de acabar”. P – Voltemos então à floresta!... Que medidas poderiam e deveriam ser tomadas tendo em vista a sua gestão? R – Olhe… começo logo pelo principio!... O ICNF-Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, jamais deveria estar sedeado em Lisboa. Não faz qualquer sentido!... Por que não aqui, em Montalegre, ou numa outra localidade do interior?!... São estas algumas medidas que geram alavancas de desenvolvimento e sustentabilidade nos territórios e não custam dinheiro. A gestão da floresta tem de obedecer a um plano e não pode estar dependente
Noticias de 27 ORACNODNECEENLTHROEVAISOTARX O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS… resolver a situação dois princípios: a saúde pública em primeiro lugar, o que este evento representa, e a Entrevista: Domingos Chaves importância de dar a conhecer a carne barrosã a novos mercados, de forma a colocá-la no cardápio da dos amuos de ninguém. Uma nova política passa pela ideia que a floresta restauração como uma mais-valia e uma montra que tem de ser plantada e não a deixar ao abandono, entregue à regeneração não pode deixar de ser dinamizada muito menos natural, pois assim não funciona. Nem um coelho ou uma perdiz consegue esquecida. É preciso apostar nas espécies autóctones e lá sobreviver. na sua dinamização e não deixaremos de encontrar soluções para implementar circuitos ou mobilidades P - Será essa uma das razões para que as peças de caça escasseiem internas, que cada vez mais traga os portugueses ao cada vez mais? Barroso para saborear a nossa carne e dela fazerem R – Ora nem mais!... Sem uma política de ordenamento da floresta, e se a primeira escolha nos locais onde se encontrem. isso juntarmos os herbicidas, é uma consequência natural. Mas também aqui são necessárias medidas urgentes. Se houvesse uma lei da caça que Só apostando nas espécies autóctones e respeitasse os condicionalismos e especificidades de cada região poderia na sua dinamização poderemos funcionar melhor. É com lamentável tristeza que antevejo o flagelo dos implementar circuitos ou mobilidades nossos agricultores a cada mês de Agosto: o milho começa a crescer, a internas, que cada vez mais traga os criar espiga e lá vêm os javalis de Espanha devastar os nossos campos, portugueses ao Barroso para saborear a pois nessa altura começa a caça ao javali na vizinha Galiza e eles fogem nossa carne. para o lado de cá. Como em Portugal as batidas começam muito mais tarde, nãEontrheávisctoa:mDoomeinngxoostáC-hlaovsespara o lado de lá. Assim, questiona-se: por P – Senhor Presidente: que “estória” é essa do que não harmonizar a legislação com Espanha?!... Uma simples mudança apoio de meio milhão de euros para a agricultura?!... que traria imensos benefícios. Temos que continuar a mostrar estas R – Não se trata de “estória”!... Trata-se isso sim de uma situações e a reclamar. realidade que se pretende possa funcionar como estímulo e reconhecimento a todas as pessoas que P – Depois de cancelada a Sexta 13 e o Mundial de Ralicross, devido trabalham em prol da agricultura, integradas no sector à epidemia do Coronavírus, aproxima-se agora a data da realização de produtivo local. São essas pessoas que dinamizam a mais um grande evento - a Semana do Barrosão, agendada Julho. economia, centrada na produção do fumeiro e na criação Não teme que possa ser igualmente adiado?!... de animais que tão bons resultados têm dado. É por isso R –Trata-se de um evento que o Municipio não se pode dar ao luxo de o reconhecer da importância dessa gente na dispensar, dado funcionar como um reconhecimento aos produtores da preservação de uma imagem de qualidade de toda esta freguesia de Salto, que se dedicam à criação do gado “Barrosão”. Porém região. Para que haja continuidade é necessário que este ano e por decisão da CIM Alto Tâmega, todos os eventos ou festividades haja estímulos. que impliquem concentração de pessoas ficaram suspensos até ao final do mês de Junho. Um prazo que o Municipio de Montalegre dilatou no seu território por mais um mês. Vamos ver como evoluem as coisas e estudar a melhor forma de
Noticias de 28 OGRCAONNDCEELEHNOTRAEOVIRSTXA O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS… Entrevista: Domingos Chaves É aqui que está radicada toda a nossa força e toda a nossa matriz identitária e que por isso temos de apoiar dando-lhe a devida atenção. P – Com este apoio, quer dizer que fixou como objectivo a E tratou-se até de uma medida à qual o PSD-Montalegre e os dinamização do regresso à terra. Acha mesmo que isso é seus dirigentes andaram a “bater palmas” durante cinco anos. possível? Para que se saiba, o Presidente da Câmara foi quase R – Achamos que sim!... Se não o fizermos nós, ninguém o fará. “cilindrado” em finais de 2016 pela Oposição, por não Assim como tivemos a ousadia de fazer uma grande feira de diligenciar junto do Governo do Partido Socialista que se lhe fumeiro que serviu de mote a muitas realizações que se fazem seguiu, a exploração do lítio em Montalegre, que diziam ir noutros concelhos, também tenho fé de que vamos dar um abanão beneficiar o concelho vizinho. Olhe: para que se saiba, até nas mentes e na estrutura fundiária por forma a que possamos ver lhe chamavam “ouro” que não podia ser desperdiçado. Está gente nova ligada à empresarialização do sector produtivo tudo escrito e documentado nos jornais e nas actas da época. primário. Agora aqui d`del rei que não queremos o lítio. A isto chama- se andar a brincar com coisas sérias. Pois bem, a posição do Quanto ao lítio a clareza tem de ser “ponto de Presidente, é e sempre foi clara: encarnará a vontade do Entrevista: Domingos Chaves povo, como ao longo destes anos em que os problemas se vêm colocando sempre o fez. Foi para isso que foi eleito honra” para toda a gente. E se o problema Presidente da Câmara e disso fará o devido eco, quando fôr existe, é porque alguém o trouxe para cá. E esse chamado a pronunciar-se sobre o assunto, pendente que alguém não foi de certeza o Presidente da está da avaliação de impacte ambiental. Câmara. Foi o Governo PSD/CDS, a quem o PSD- Montalegre andou a bater palmas durante 5 anos. Está tudo escrito e documentado” O Presidente da Câmara de Montalegre, de Boticas, de Ponte de Lima ou de qualquer outro Municipio, não têm poderes para impedir a exploração de um mineral que o Governo considere um desígnio nacional. P - Há uma questão que obviamente não nos pode passar ao P – Concretamente: estamos perante o avanço ou não da lado – a questão do litio. Qual é o ponto da situação?!... exploração? R – Quanto ao lítio a clareza tem de ser “ponto de honra” para R – Que eu saiba, nada está ainda garantido e tudo depende como disse da avaliação de impacte ambiental e das toda a gente. E se o problema existe, é porque alguém o trouxe decisões que decorrem nos diversos Tribunais onde decorrem Acções que cabem a estes dirimir. para cá. E esse alguém não foi certamente o Presidente da O Presidente da Câmara de Montalegre, tal como o de Boticas, Ponte de Lima ou de qualquer outro Municipio, não Câmara. Esse alguém foi o Governo PSD/CDS, quando em 2012 tem poderes para impedir a exploração de um mineral que o Governo considere um desígnio nacional. E isto aplica-se concedeu as licenças de prospecção, com as garantias futuras de quer às decisões dos Tribunais, quer a qualquer Governo, seja ele do PS, do PSD ou de qualquer outro Partido. Agora exploração a troco de umas centenas de milhares de euros. há uma coisa: ninguém está mais interessado em preservar o nosso património paisagístico e ambiental, que o Presidente da Câmara.
Noticias de 29 O CONCELHO AO RX O QUE ERAMOS E O QUE SOMOS… Mas tudo com uma certeza: o interesse das pessoas e do concelho sempre em primeiro plano. Entrevista: Domingos Chaves O principio que define a nossa posição, é que os Contratos sejam outorgados ao empresariado sedeado P – Muito bem!... Senhor Presidente: a Oposição acusa-o de privilegiar no concelho, para que o dinheiro circule dentro de portas os amigos, no que diz respeito a Contratos Públicos. O que tem a e seja potenciador de desenvolvimento e emprego. Não dizer sobre o assunto? há cá amigos. Mas já agora e permita que lhe diga o R – Mas qual Oposição?!... Montalegre infelizmente não tem Oposição no seguinte: em termos de ranking e de acordo com a média verdadeiro sentido do termo e nos moldes em que deveria funcionar. obtida nas diversas valências, entre os 308 Municipios Montalegre tem isso sim alguém que funciona como órgão unipessoal nas espalhados pelo país, estamos posicionados nos reuniões em que participa, que não faz “trabalho de casa”, que não primeiros 60 lugares e isso deixa-nos muito satisfeitos. funciona como Partido organizado e se limita a dar as suas perspectivas Nunca fomos objecto de qualquer censura pelos Orgãos daquilo que é decidido em cada reunião ordinária do Executivo nas redes fiscalizadores, por isso só fala quem tem que se lhe diga. da maledicência. As posições que tomam, primam pela concordância ou discordância, sem Conto sempre com os emigrantes, e os emigrantes sabem nada mais terem para oferecer, a não ser os seus votos muitas vezes que podem contar comigo. Sem eles, não teria sido desencontrados. E isto é a prova evidente do que afirmei!... A indisciplina, a possível fazer-se o que se fez na nossa terra durante os falta de preparação e a aposta no quanto pior melhor são a imagem de últimos 30 anos. É aqui que pagam os seus impostos e é marca de alguém que funcionando como órgão representativo, se encontra aqui que investem as suas economias. São por isso tão completamente desligado das linhas programáticas do Partido ou dos necessários quanto aqueles que por cá permaneceram… Partidos que deveriam representar e não o fazem. Aquilo que vale, é o que vai na alma de cada um. O PSD aqui não existe. Nem uma palavra de P – Para terminar só mais uma questão: vai continuar apoio tivemos neste período de combate ao “vírus” e que tanto trabalho tem a contar com o voto dos emigrantes? dado às forças vivas do Municipio. Esta não é a imagem de marca de um R – Eu percebo o alcance da sua pergunta, mas antes da PSD responsável, como tem sido a do PSD nacional. Todos os resposta permita que lhe diga que conto sempre com os frequentadores das redes sociais, se apercebem disto. emigrantes, e os emigrantes sabem que podem contar comigo. Sem eles, não teria sido possível fazer-se o que Contratos?!...O principio que define a nossa posição, é que se fez na nossa terra durante os últimos 30 anos. É aqui sejam outorgados ao empresariado sedeado no concelho, para que pagam os seus impostos e é aqui que investem as que o dinheiro circule dentro de portas e seja potenciador de suas economias. São por isso tão necessários quanto desenvolvimento e emprego. Não há cá amigos... aqueles que por cá permaneceram e sendo assim merecerão da minha parte o máximo respeito. Fico feliz P – senhor Presidente, mas privilegia ou não os seus amigos? em vê-los a querer participar na escolha de quem querem R – Meu caro, o Presidente não privilegia ninguém!´… As decisões não são ver à frente dos destinos da sua terra. É isso que conta. pessoais, são colectivas e assentam sempre nos interesses do concelho. Respondendo agora às intenções em que assenta a sua Nos Contratos adjudicados não há cá amigos, nem os mesmos têm a pergunta: a questão do voto, não é assunto que esteja exclusividade da decisão no Presidente. Os amigos são as pessoas e as em cima da mesa e me preocupe. Estamos a pouco mais decisões como disse são tomadas por um Executivo composto por todos os do meio do mandato e daqui até lá, muita água vai ainda Vereadores. Depois como é lógico, funciona a regra da maioria – nem correr debaixo da ponte. Por isso e como costuma dizer- podia ser de outro modo, sob pena de subverter o regime. se por estas terras, “o futuro a Deus pertence”… FIM
A BARROSANA | ANO III | EDIÇÃO 26 | FEVEREIRO 2020 30 CORONAVÍRUS Portugal é já um dos países de todo o mundo que mais testes de diagnóstico Laboratórios privados já estão a fazer faz. Cada um desses testes custa 87,95 outro tipo de testes, os de imunidade, euros e é suportado pelo SNS… que servem para detectar a presença de anticorpos em indivíduos que possam ter Testar a imunidade Com os olhos postos no futuro, os maiores grupos estado infectados privados de análises clínicas do país anunciaram, entretanto, que estão já ou que vão começar a comercializar outro tipo de testes, os Portugal passou a ser, em apenas um mês, um dos de imunidade ou serológicos. São exames moleculares realizados a países do mundo que fazem mais testes de diagnóstico partir de uma amostra de sangue e que servem para detectar a do novo coronavírus por milhão de habitantes. Apesar existência de anticorpos em indivíduos que possam ter estado das dificuldades na obtenção de kits, reagentes e infectados sem ter tido sintomas ou que não tenham efectuado o teste zaragatoas (cotonetes mais longas, para a colheita de de diagnóstico. O caminho destes testes de “uma nova geração”, amostras no fundo do nariz ou na garganta), estão a ser como lhes chamou o Presidente da República, poderá vir a ser similar testadas milhares de pessoas por dia e Portugal é já o no futuro. Mas, para já, é preciso cautela, porque ainda há muita 19.º país do mundo nesta tabela, segundo o site incerteza em relação a estes exames que estão a aparecer no Worldometers que actualiza ao dia estes dados para mercado. O primeiro a anunciar que está a fazer testes de imunidade todos os países. Está bem acima da Coreia do Sul e foi o grupo Germano de Sousa, que começou há duas semanas, só a apenas um lugar abaixo da Alemanha, países pedido de médicos que suspeitam que os seus doentes possam ter destacados como alguns dos melhores exemplos pela tido covid-19. Germano de Sousa sublinha que a sua rede de sua capacidade de fazer um grande número de testes de laboratórios só faz testes serológicos quantitativos, que detectam a diagnóstico, uma das medidas apontadas como quantidade de anticorpos no sangue, não os qualitativos. Estes últimos explicação para as baixas taxas de letalidade por covid- são mais básicos e pouco Æáveis — com uma simples gota de 19 que apresentam. sangue percebe-se se houve ou não contacto com o vírus e o resultado demora poucos minutos, à semelhança dos testes de gravidez. Actualizados ontem pelo secretário de Estado da Saúde, O preço dos testes quantitativos pode ser superior a 50 euros, se os últimos dados nacionais indicam que desde 1 de forem testados dois tipos de anticorpos, IgM e IgG, diz Germano de Março e até quarta-feira foram feitos mais de 208 mil Sousa. Os primeiros anticorpos podem ser detectados logo a partir de testes, o que dava 20.430 por milhão de habitantes. cinco ou seis dias depois do início dos sintomas e são a primeira resposta do organismo, enquanto os outros aparecem após 14 dias e A Alemanha fez mais de 1,7 milhões, um total de 20.629 são aqueles que, pelo menos em teoria, conferem imunidade contra a por milhão de habitantes na quarta-feira, segundo o covid-19, explica o médico. Worldometers. Estes testes de diagnóstico começaram A análise laboratorial a cada um custa “entre 25 e 30 euros”. “Quando por ser realizados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. os testes aparecem, custam brutalidades”, justiÆca Germano de Ricardo Jorge (Insa) e pelos laboratórios de alguns Sousa. O grupo Joaquim Chaves anunciou entretanto no seu site que hospitais públicos quando surgiram os primeiros casos os exames de imunidade estão disponíveis desde segunda-feira, por de infecção pelo novo coronavírus. prescrição médica, sem revelar o preço. Já a Unilabs Portugal começou a fazer testes de imunidade ontem, cobrando 39 euros e Mais tarde passaram também a ser efectuados por exigindo também prescrição médica. A Unilabs apenas faz análise laboratórios privados, em colaboração com as laboratorial de IgG, uma vez que a IgM apenas é utilizada para autarquias. Na maior parte dos casos são actualmente detecção em fase aguda. realizados no modelo drive thru (em que as pessoas entram e saem dos postos de colheita de carro) e o Serviço Nacional de Saúde paga 87,95 euros por cada um.
Noticias de 31 OS 1600 anos do Reino da Galiza OPINIÃO A Fundaçom Meendinho valoriza muito o impulsionamento de todo o tipo de atividades que lembrem que estamos no 1600 aniversário do nascimento do Gallaeciorum regnum lá no ano 411, na cidade de Braga capital histórica da Galiza .A Galiza foi o Primeiro reino que se constituiu como tal dentro das fronteiras do Império Romano e já com o seu primeiro rei Hermerico teve moeda com o nome de reino da Galiza.Além de outras questões, esse reino e as suas estruturas, ? como com grande genialidade e intuição souberam pôr de relevo tanto Benito Viceto como Manuel Murguia no século XIX, nos primórdios do galeguismo moderno, foi o forno onde se cozeu o pão da nossa nacionalidade, que dizer, foi ali onde foi gerado Portugal e também a atual Galiza, que está sob domínio espanhol. Sem esse reino o presente seria muito diferente. Xoan Bernardez Vilar, historiador, académico da RAG e associado da AGAL , leva já publicados mais de trinta livros, abrangendo tanto a divulgação histórica como os romances de temática histórica, de muito sucesso popular, como se percebe polas suas múltiplas reedições. * Dr. António Chaves Há às vezes nas pessoas uma doença terrível, que é o Alzheimer, que faz Esse reino estabeleceu uns limites fronteiriços do território bastante com que os doentes vão perdendo a memória. As pessoas sem memória estáveis, que vão ser o cerne da nossa nacionalidade, e que depois, na acabam sendo seres que vegetam, mas que não têm futuro e o seu passado reconquista frente ao muçulmano, foram expandidos. Lembremo-los: no lá fica esvaído nas trevas. Há povos a que neles se incute o vírus, neste leste os rios Águeda, Douro e Órbigo eram a raia; no nordeste, sempre caso os priões, geradores do Alzheimer social, doença terrível para os povos em dura e constante luta, fundaram Ovetum – Oviedo, como forte de que a padecem, e que só se combate e se cura com memória, abelência defesa e deram ao rio que fazia de fronteira o nome do território externo social e esclarecimento, e nisso é que quer trabalhar incansável a F. que marcavam, rio Hispania, que hoje leva o nome de Espanha e fica Meendinho, como a melhor maneira de inserir a Galiza no espaço da um pouco a leste de Gijon; no sul a fronteira estava no Tejo e na linha Lusofonia a que pertence. que de este nos leva ao promontório de Peniche. No ano 2000, Aquisgrão - Aachen em Alemão -, junto com outras cidades Deixaram-nos inúmeros nomes na nossa toponímia, que respondem europeias, foi cidade europeia da Cultura, e isto foi assim, por se cumprirem não a uma imposição e sim à alegria da sua aceitação pelo nosso povo; o 1200 anos da proclamação de Carlos Magno como o imperador do Sacro povo que popularmente e até muito recentemente usava os nomes Império Romano-Germânico. Por toda a Alemanha, e por outros países germânicos de maneira dominante, como contraste com os nomes das também, havia atos, palestras, programas nos meios, trabalhos nas elites espanholas dominadoras, que os usavam latinos ou judeus. universidades sobre esse feito e a sua importância histórica na configuração da moderna Europa e da Alemanha, e a importância do seu legado. Sabei, amigos e amigas, que a importância disso era muito menor para a Alemanha que o Reino da Galiza para nós. Mas aqui os priões instalados no governo, nas instituições, na ignorância interesseira e espanholista que impera nas nossas universidades, faz com que passem tão importantes feitos em bicos dos pés e no silêncio que ecoa ignominioso. Em Portugal deveria ser outra cousa, mas há o problema esquisito de não entenderem certas elites provincianas que a Galiza histórica, sendo tal, já era verdadeiro Portugal, o que faz com que também estes assuntos não tenham o relevo que corresponde. Porque foi tão importante o reino da Galiza para a Galiza e Portugal? Reparai neste primeiro e fulcral feito: A sua criação foi recebida pelos galaico- romanos como uma benção, sim, como isso. Idácio de Chaves, um galaico- Poderíamos estar indefinidamente falando das marcas que nos romano coevo, bem que no-lo conta, e não como uma desgraça. Os suevos deixaram, algumas na vida do dia-a-dia, da broa - pão em germânico - trazem alegria ao povo, libertaram as pessoas da escravidão das dívidas e ao lardo - toucinho em germânico -, mas sabei que depois de quase do fisco imperial, permitiram agromar por todo o lado muita iniciativa criadora. duzentos anos de existência consolidada como importante reino da Que era e o que se deu para que isso fosse assim? cristandade, não desapareceram. Isso é completamente falso. O pequeno grupo de germanos suevos que chegaram a essa província Na Ibéria visigótica a Galiza foi sempre um reino distinto e inconfundível romana da Gallaecia com outras gentes germanas e não germanas, num com a Espanha, que permaneceu e continuou distinto na sua totum revolutum, frente ao comportamento de outros povos, como por governação. Estão aí as atas todas dos concílios de Toledo copiadas exemplo os visigodos, os saxões ou os lombardos, misturaram-se de seguida do modelo galaico para o demonstrar; e estão as fontes históricas para com o povo que os acolheu, adotaram a religião da maioria e deixaram a nos indicar que mais de um rei godo, antes de o ser em Toledo foi-o na deles, integraram os galaico-romanos na suas empresas e governação e Galiza, como por exemplo Witiza, e que na Galiza sempre havia a figura impulsionaram novos modos de governança. duma personagem com a condição real. Os inventos dos concílios e os conselhos do povo com todos os estamentos, Chegou a invasão muçulmana e a Galiza safou-se da dominação. não nasceram nem em Toledo nem em Milão, nasceram na Galiza-Braga Salvou-se com um penhor, uma coima que não teve longa duração. As onde mais tarde na Galiza nasceriam as modernas cortes, que se dioceses da Galiza, com a própria Braga, são as únicas dioceses estenderam depois pela Europa. Organizaram o território no Parrochiale peninsulares que tiveram continuidade no tempo e nunca ficaram Suevum ou Divisio Teodomiri, que ainda corresponde à nossa organização vagas. Frente ao muçulmano, é a Galiza, o poder que o vai enfrentar. natural, muito bem continuada nessas maravilhosas estruturas Só a Galiza aparece nos textos muçulmanos e dos demais reinos administrativas de Portugal, que são as freguesias. Nesse reino da Galiza cristãos da Europa, francos, lombardos, anglo-saxões e normandos. Castela-Espanha nasceu como uma força separatista, frente à Galiza, e criou-se um modelo de língua no latim proto-galaico que viria dar no nosso triunfou afirmando-se contra a Galiza e negando-a. O submetimento da português moderno expandido pelos quatro cantos do mundo. Poucos povos parte norte da Galiza e os instrumentos nacionalizadores da escola e podem proclamar tanto sucesso histórico. O arco de ferradura não é árabe, é das suas instituições espanholas socializaram os priões da desmemória galego; a igreja de Santa Comba de Bande e a sua gémea de Viseu, não são do nosso ser. Só o conhecimento consciente e o desvendar dos feitos, visigóticas, são criações originais do nosso povo. pode fazer-nos livres e seguros de nós próprios.
Noticias de 32 BARROSO MARCA O RITMO OPINIÃO Fado e poesia de braço dado na obra de Custódio Montes… Atingiu o topo da carreira e, desde Coimbra, onde se formou em direito, nunca se *Dr. João Barroso da Fonte alheou aos gostos pela música, especialmente pelo Fado, quer no canto quer na guitarra. Por onde passou fez-se ouvir, como intérprete e como vocalista, fazendo da sua voz um instrumento dulcífero que inebriava quem o ouvia. Em Braga, onde reside, formou, com outros seus pares, um grupo que é convidado para cerimónias culturais, quer públicas, quer privadas, semeando, por onde passa, laivos de arte quase eterna que honra Coimbra, onde essa vocação se treina, até aos confins de Barroso, onde os seus «Moinhos» Turísticos, de Parafita que eterniza em baladas e cantatas poéticas que fazem inveja a qualquer oásis paisagístico. Custódio Montes Enquanto magistrado, embora sempre tenha feito uso desses dotes musicais e poéticos, não teve tempo para concretizar em livro, essas Juíz Conselheiro capacidades artísticas que reuniu em três títulos de poemas: Vivências (2013), Outono (2016) e Em Maio (2019). Com o terceiro livro saiu um CD com 19 melodias, cada qual a mais bela e cativante. Desse grupo fazem parte, com Custódio Montes: Paulo Alão, Miguel Assis, Domingos Mateus, Luís Cerqueira e mais dois convidados: Fernando Gomes Alves e António Tomé. Quer o CD quer as capas dos três volumes de poemas têm desenhos artísticos e alusivos aos temas de Domingos Mateus. Custódio Montes é um distinto Barrosão que honra a sua aldeia, dignifica as Terras de Barroso, enriquece o Turismo, defende os usos e costumes de forma inconfundível, na maior parte da sua poemática e também na sua prosa, burilada, genuína e autêntica. Apareceu na praça da canção depois de cumprida, de forma inequívoca, ao atingir o estrelado da magistratura. Investiu, por sua exclusiva conta e risco na construção dos moinhos turísticos. Ao contrário do que se possa pensar não mendiga apoios institucionais, que são legítimos, mas que habitualmente são negados a uns e, atribuídos a outros de forma afrontosa e discriminatória. Atingiu o topo da carreira e, desde Como recensor literário vergo-me perante a autenticidade poética e Coimbra, onde se formou em direito, prosaica de Custódio Montes. nunca se alheou aos gostos pela A sua ligação ao programa radiofónico dos Horizontes da Poesia, no música, especialmente pelo Fado, mundo da Lusofonia, à pureza da sua linguagem, à fidelidade do léxico quer no canto quer na guitarra. barrosão, ao exercício prático do linguarejar regionalista, estamos perante um estilista que merece ser aplaudido, em termos locais e de forma pública. Montalegre tem celebrado no seu feriado Municipal – e bem – filhos ilustres que se distinguem por atos criativos e profissionais. Espero que a Câmara não se esqueça deste ilustre Barrosão.
A BARROSANA | ANO III | EDIÇÃO 26 | FEVEREIRO 2020 33 Noticias de 7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR MONTALEGRE NOMEIA 8 TRUNFOS… AS APOSTAS DO CONCELHO O concelho de Montalegre tem oito trunfos nomeados às 7 Maravilhas da Cultura Popular: Auto da Paixão de Vilar de Perdizes, Burel de Montalegre, Carrejadas de Cabril, Feira do Fumeiro e Noite das Bruxas de Montalegre, Ponte da Misarela de Sidrós, São João da Fraga de Pitões das Júnias, e Vezeira da Rês de Fafião. Seis apostas são promovidas pelo Município de Montalegre. O \"Auto da Paixão\" aparece sob a chancela da Associação de Defesa do Património de Vilar de Perdizes e as \"Carrejadas\" com o selo dos Baldios de Cabril. Apostas sob vários ângulos, que prometem reforçar a visibilidade de um território exuberante na beleza paisagística, portentoso no património cultural e turístico e sedutor em riqueza gastronómica. O tema do concurso 7 Maravilhas de Portugal 2020 é a Cultura Popular ao seu mais elevado nível. Dentro do tema, as categorias a concurso são: artesanato, lendas e mitos, festas e feiras, músicas e danças, rituais e costumes, procissões e romarias, e artefactos. Nesta 9.ª edição das Maravilhas de Portugal, os candidatos vão ser votados por cada um dos 18 distritos e das duas regiões autónomas, numa fase em que haverá sete candidatos por cada distrito e região autónoma. Em cada programa na RTP, num total de 20 programas a realizar nos meses de Julho e Agosto, será apurado um pré-finalista que passa às semifinais. Na fase seguinte haverá um programa de repescagem, no qual os 20 segundos classificados das eliminatórias distritais-regionais serão submetidos a uma nova votação, com o objectivo de eleger os oito patrimónios mais votados. Estes irão juntar-se aos outros 20 pré-finalistas já apurados. Os 28 pré-finalistas vão ser divididos por sorteio pelas duas semifinais e em cada uma delas vão ser apurados as sete candidaturas que tenham mais votos contabilizados. Na gala final, a decorrer no dia 5 de Setembro, vão ser eleitas as 7 Maravilhas da Cultura Popular. Por último, refira-se que o concurso 7 Maravilhas é realizado desde 2007 e já teve como temas as Maravilhas Naturais em 2010, a Gastronomia em 2011, as Praias em 2012, as Aldeias em 2017 as Mesas em 2018 e os Doces em 2019.
A BARROSANA | ANO III | EDIÇÃO 26 | FEVEREIRO 2020 34 FRANÇA PROLONGA CONFINAMENTO PELO MENOS ATÉ 11 DE MAIO O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que o confinamento em França vai durar pelo menos até 11 de Maio, apesar de “haver esperança” quanto ao fim da pandemia no país. “Temos de continuar os nossos esforços e aplicar as regras. Quanto mais elas forem respeitadas, mais vidas vamos salvar. É por isso que o confinamento vai continuar até 11 de Maio”, disse o Marie Oliveira|Paris Presidente francês numa comunicação ao país. Macron reconheceu também algumas ineficiências no combate a propagação e no tratamento da doença covid-19 “como acontece em todos os países”. Enquanto isso, o Governo francês prevê uma queda de 8% no PIB-Produto Interno Bruto em 2020, anunciou o Ministro da Economia, Bruno Le Maire. “Teremos uma previsão de crescimento que será fixada em - 8% para o projecto de lei das finanças rectificativo”, disse o Ministro, que falava à RMC / BFMTV um dia depois do anúncio da extensão do confinamento, devido à covid-19, em França até 11 de Maio. COVID-19|AGÊNCIAS FUNERÁRIAS CONTINUAM A TRANSPORTAR CORPOS PARA PORTUGAL Agências funerárias na região parisiense de portugueses medidas de segurança são todas rigorosamente. cumpridas, incluindo nos transportes dos corpos para Portugal. “É mais e luso-descendentes, continuam a fazer transladações complicado para a passagem de fronteiras, porque as fronteiras para Portugal e afirmam que têm lidado com casos de portugueses mortos em França devido à covid-19. “Sim, voltaram a ter controlos, portanto traz uma complicação a mais houve casos de portugueses. Há portugueses e alguns para o condutor. Nos primeiros transportes, as famílias não até já levámos para Portugal. Muitos ficam por cá, por podiam acompanhar porque tinham de ficar 14 dias em Portugal, em quarentena”, referiu Joaquim Cardoso, garantindo que outros motivos. Derivado ao facto que têm cá toda a passar Espanha “é o mais complicado”. família”, indicou Joaquim Cardoso. A Agência Lusa tentou apurar junto da Secretaria de Também Elodie Alves, proprietária da Pompes Funèbres Alves Estado das Comunidades o número total de portugueses E.F.G., relata a mesma situação e confirma que tem lidado com ou luso-descendentes que morreram em França devido à casos de portugueses que morreram em França devido à covid- covid-19, sem contudo, até agora, ter obtido qualquer 19. “Possível é sempre - levar o corpo para Portugal - mas temos resposta. Joaquim Cardoso é dono da Pompes Funèbres de ter precauções diferentes. Pomos uma protecção a mais à Cardoso, uma agência funerária com duas volta da urna. Mas podemos viajar. A única coisa que é representações na região parisiense e que opera há importante saber é que nós podemos atravessar fronteiras, mas mais de 30 anos nesta área. O empresário diz que tem não levamos família connosco nas carrinhas e, se as famílias visto um aumento no seu volume de trabalho entre 30% acompanharem no seu próprio carro, podem ser rejeitados na a 40% desde o início da pandemia em França e que as fronteira com Espanha”, indicou
A BARROSANA | ANO III | EDIÇÃO 26 | FEVEREIRO 2020 3519 PORTUGUESES DESESPERAM NA SUIÇA POR CAUSA DO COVID-19 As restrições impostas pela covid-19 na Suíça deixaram sem rendimento centenas de empregadas de limpeza portuguesas que, sem vínculo nem horários certos, ficaram sem trabalhar e não têm apoios sociais, o que levou um sindicato a pedir ajuda estatal. Na Suíça desde 1998 e secretário sindical responsável da área da construção civil no maior sindicato da Suíça – Unia, José Inácio Sebastião disse que os efeitos das restrições no mundo laboral, para conter a pandemia covid-19, já se sentem na Marie Oliveira|Paris comunidade portuguesa na Suíça. “A nossa comunidade trabalha sobretudo em empregos manuais – limpeza, construção civil, hotelaria, nos quais os trabalhadores estão mais expostos e que, por isso, o Estado encerrou uma parte”, disse. Na hotelaria está tudo parado e a construção civil tem avançado devagar, o que tem levado muitos trabalhadores portugueses a pedir apoios sociais. Ajudas com que não contam centenas de portuguesas que trabalham na área da economia doméstica (mulheres-a-dias), muitas vezes pagas à hora ou por tarefa, e sem direito a subsídio de desemprego. José Inácio Sebastião afirma que muitas destas trabalhadoras já estão há mais de um mês sem receber e que “vão sofrer bastante, porque muitas delas não estão declaradas. Trabalham à hora”. Luísa - nome fictício, a viver em Zurique há seis anos, é uma dessas portuguesas que tem a folha “a negro”, ou seja, não faz descontos e por isso não está a receber subsídio de desemprego e disse que a situação está “a apertar”, principalmente porque o marido que trabalhava numa pastelaria também está sem emprego. “Temos um filho com oito anos, que está em casa porque as escolas estão fechadas. Não posso ir trabalhar, mas também não tinha onde limpar”, lamentou. A esta família tem valido umas horas que o marido tem feito numa obra, onde o cunhado trabalha, mas todas as suas esperanças vão para o dia em que os trabalhos reabrirem, pois há algumas semanas que o rendimento escasseia. ENFERMEIRO PORTUGUÊS “COMOVIDO” COM MENSAGEM DE BORIS JOHNSON O enfermeiro português Luís Pitarma diz ter ficado “comovido” quando o primeiro-ministro britânico agradeceu os cuidados prestados durante a hospitalização com covid-19 e descreveu como “surreal” o telefonema imediato do Presidente da República de Portugal. “Não tenho palavras para descrever como me senti quando vi o vídeo. Deixou-me comovido. Fiquei realmente surpreendido, mas muito feliz. Eu nunca pensei que teria um destaque assim. A mensagem do primeiro-ministro realmente veio do coração. Foi a mensagem mais honesta que eu já vi”, disse num depoimento publicado pelo hospital St. Thomas. Pouco depois de receber alta do hospital, onde esteve internado uma semana devido a um agravamento dos sintomas, incluindo três noites nos cuidados intensivos, Boris Johnson publicou um vídeo na rede social Twitter a agradecer aos vários profissionais de saúde que considera lhe terem salvo a vida, destacando o português.
Noticias de 36 ECOS DA HISTÓRIA A GRANDE PANDEMIA QUE ASSOLOU O PAÍS NO SÉCULO XX OPINIÃO Faz agora 102 anos que a pneumónica matou mais de 50 mil pessoas em Portugal, entre as cerca de 70 mil que pereceram por epidemias entre 1918 e 1919. Morreram do mesmo mal * Dr. António Chaves quase 50 milhões de pessoas no Mundo inteiro; foi a epidemia mais mortífera de todos os tempos. A Pneumónica matou mais gente do que a I Guerra Mundial que, não sendo certamente estranha à propagação da epidemia, vitimou “apenas” 8 milhões. Apesar do “esquecimento generalizado”, a Pneumónica ficou na História de todos nós. Os que sobreviveram calaram a dor e transportaram a memória sofrida, mais ou menos difusa, dessa calamidade que flagelou países, cidades, localidades, famílias inteiras. O espectáculo, de dor e morbilidade, só muito tenuamente se aproxima do que os relatos da imprensa da época registaram e de que acima se reproduz um mero apontamento. Trilogia mórbida Em Portugal, a epidemia deflagrou e propagou, potenciando a já tétrica Assim seria, até porque não era sequer claro o curso que haveria trilogia da miséria, da guerra e da morte. A sua história deve ser contada de presidir à condução dos destinos do desenvolvimento considerando o contexto do País que éramos, tomando em devida conta a económico do País, atávico face ao debate que opunha, em termos economia e a sociedade portuguesas de então e a sua evolução sob o de ideias, duas conceções contraditórias que o deviam orientar. De signo da I Guerra e do sidonismo; as políticas e estratégias dos poderes um lado uma conceção que, no quadro das ideias da época, públicos (ou sua ausência) inscritas no quadro republicano, em geral, e no defendia a especialização do País na produção agrícola, por outro, tempo de guerra, em particular, compreendendo o cenário de instabilidade um conjunto de ideias dispersas, com algum fundamento em política e financeira, a situação endémica de crise económica e social, a correntes do pensamento económico, que defendiam o apoio a agudização da instante “questão das subsistências” e o crescendo em uma industrialização que as circunstâncias sempre iam fazendo miséria e descontentamento social e político; tudo isso num contexto abortar. Entre desencontros políticos, desacertos estratégicos, internacional e de mundialização em que a Guerra, a situação económica dificuldades financeiras, e outros escolhos recorrentes, o País e social e a própria condição epidémica, se enquadram e decorrem. teimou entre a falta de vontade/visão e a incapacidade de Nesse drama de adversidades cruzadas, sobrevém com estrépito o desencadear e potenciar dinâmicas autossustentadas de crescente mal-estar social, entre uma população que, para lá do exagero desenvolvimento, em que cenários de miséria social – semelhantes das mortes, o horror da fome e o quadro de miséria humana instalada, foi aos que favoreceram a propagação da Pneumónica em 1918 – sobrevivendo à degradação inusitada das condições e do nível de vida; para lá do habitual e constante esvaziamento da memória histórica entre tudo, perpassaram, entre críticas e reações de sinal conforme ou – pudessem ficar definitivamente excluídos. contraditório, sensibilidades políticas e inspirações ideológicas diversas, projetaram-se ideias e convicções, num clima de pensamento fervilhante em “saídas” políticas e modelos económicos e sociais. A Guerra, a Fome, a Morte, concertaram-se em cortejo fúnebre, ao rubro em 1918. Tal como pelas outras partes do Mundo, a conjuntura da I Guerra, os efeitos que condensou, desencadeou e que, como a Pneumónica, concentrou e potenciou, determinaram um momento de viragem. Os reflexos políticos foram complexos e tiveram impactos em cadeia e duradouros num País que, entre hesitações e inércias ao nível da sua actividade económica tardava em dar resposta aos desafios e às possibilidades da moderna expansão económica e desenvolvimento social. Note-se, portanto, essa especificidade no quadro da conjuntura em que a pneumónica aconteceu e alcançou rapidamente uma dimensão inusitada; ou, como as precárias condições de vida, ou, o generalizado atraso económico e social português, operou negativamente, actuou e potenciou a propagação e os efeitos da pneumónica e o cenário de morbidade registado no nosso País. É certo que, entrecruzado por crises e perturbações nacionais e A pneumónica chegou abruptamente, fazendo brutalmente recordar internacionais afectando quer a Metrópole, quer as colónias nos diversos o horror que marcara o ciclo de grandes surtos epidémicos, sectores de actividade, defrontado com o crescimento da contestação persistente até aos meados do século XIX. Foi antecedida pelo tifo operária, o período republicano conheceu momentos em que ocorreram que, entre 1917 e 1918, vitimou mais de 2 mil portugueses, desenvolvimentos interessantes, nomeadamente, no imediato pós-Guerra, sobretudo os mais velhos, os mais pobres, os mendigos e os no campo da indústria. Contudo, embora se tenha registado um indigentes. O tifo, com origem em Espinho, atingiu com grande crescimento razoável do sector industrial, ele foi circunscrito e longe de violência a cidade do Porto, onde as deploráveis condições de conseguir catapultar Portugal para o nível dos países industrializados da higiene favoreceram a sua propagação rápida, sobretudo por Europa. A economia nacional continuou a contar essencialmente com a contaminação veiculada por pulgas e piolhos, como na época sua atividade agrícola, embora muito insuficiente para as necessidades Ricardo Jorge identificou. nacionais. Entre críticas, receios e até propostas de soluções a “questão das subsistências” continuaria… persistentemente.
Noticias de 37 ECOS DA HISTÓRIA A GRANDE PANDEMIA QUE ASSOLOU O PAÍS NO SÉCULO XX OPINIÃO A gripe espanhola atacou generalizadamente o País, atingindo uma população que em 1911 somava 5.550 mil habitantes, 20% dos quais vivendo em cidades. Uma população “frágil”, caracterizada por uma elevada taxa de mortalidade, em particular infantil, cuja principal causa de morte era, em condições normais, a tuberculose (que só entre 1910 e 1920 matou cerca de 100 mil portugueses), e que “convivia” com a pneumonia e a varíola. A pneumónica, somando os seus efeitos aos da Guerra, veio provocar a interrupção do tímido crescimento * Dr. António Chaves demográfico. O ano negro de 1918 Esta propalaria em crescendo até Outubro – o mês mais negro da Pneumónica em Portugal. Tudo começou em Maio de 1918, quando foi declarada em Espanha uma epidemia gripal que em breve se propagaria a Portugal – estando na Entre o desconhecimento generalizado sobre as formas de combater génese do nome de Gripe Espanhola porque ficou conhecida. Considera- a espanhola, o pânico generalizado ou a escassez de recursos, a se hoje em dia, porém, como sendo mais provável a origem norte- maior parte das medidas implementadas surtiram ineficazes ou americana da doença. Na realidade, sabe-se que nos inícios de Março de inúteis e, nalguns casos, até contraproducentes; mesmo as 1918 a doença já se manifestava nos EUA, propagando-se a partir daí recomendações mais avisadas, como as lançadas pela Direcção- para a Europa, transformando-se numa pandemia que em escassas Geral de Saúde, tiveram poucos reflexos, surgindo desajustadas ou semanas atingiu todos os Continentes. Em Junho já era uma epidemia à irrealizáveis; para não falar das medidas precipitadas e totalmente escala mundial, tendo entretanto chegado a Portugal a partir de Espanha, inoportunas, dos conselhos inúteis ou dos autênticos placebos que, pela fronteira alentejana. A partir daí impotentes, as autoridades e os médicos iam lançando mais ou desenvolveu-se em duas vagas: uma primeira, entre Maio e finais de menos à toa. Se, por um lado, a rapidez com que alastrou e a Julho, mais branda, em que a epidemia se manteve em situação mais ou dimensão que a epidemia alcançou, surpreenderam todos, menos controlada, a que sucedeu um segundo ciclo, entre Agosto e autoridades, serviços oficiais, população em geral; por outro lado, Dezembro, terrivelmente dramático, assumindo efeitos verdadeiramente era total a ignorância quanto a medidas profiláticas a implementar. devastadores. A gripe atingiu inicialmente as zonas fronteiriças, mas, em breve, sobretudo devido às deslocações de pessoas, atingiu as zonas Debalde se tentou montar um combate organizado à epidemia. litorais e, em particular, Lisboa e Porto. Entre Junho e Julho grassou na Lutando contra as precárias condições de vida que afetavam a capital, onde chegou a provocar mais de 400 mortos por semana. Em maioria da população, a generalizada ausência de condições de meados de Julho o pior parecia ter passado… Porém, em finais de higiene, a insuficiência dos serviços de saúde, a falta de médicos, a Agosto, tal como de resto aconteceu em muitos outros países, rebentou falta de medicamentos, que a especulação agravava, a pneumónica uma segunda vaga, de características diferentes no que respeita à continuou a devastar… ceifando vidas, sem escolher vítimas. Apesar fisionomia da doença, que assumiu proporções muito mais violentas. de chegar a todos, entre os poucos ricos e os muitos pobres as clivagens eram cada vez maiores, as injustiças sociais, que os Depois da aparente acalmia, o surto agravou-se, propagando-se negócios de guerra avolumavam, eram muitas… Como quase duramente pelo País, mostrando uma dimensão inusitada, gerando o sempre acontece, a tragédia alimentou-se da miséria: a pneumónica pânico entre todos e deixando evidente o quadro de incapacidade penalizou sobretudo os mais desfavorecidos. Um pouco por todo o generalizada para o combater. Fez-se o que se pôde, acionando medidas, lado o espectáculo era a morte; corpos amontoados, miséria e por vezes contraproducentes, entre as quais autorizações de deslocações sofrimento. Os hospitais improvisados, entre liceus e casas de pessoas, nomeadamente militares. Entre tudo, emergiu um cenário de particulares, para além dos que existiam, não chegavam para tantas total impotência; a começar pela medicina… a ciência médica não sabia vítimas… não havia sequer capacidade para enterrar os corpos… ainda lidar com esta doença. Entre medidas exploratórias, esforços Surgiram muitas iniciativas, reuniram-se imensos esforços, materiais imensos no sentido de perceber e vencer esta gripe; entre advertências e humanos, públicos e privados; todos tentaram ajudar, no sentido mais consistentes, resultantes de um quadro de maior perceção quanto à de lutar contra a gripe e, concretamente, assistir as suas vítimas, excecionalidade da tragédia, como as propostas pelo Director Geral de sobretudo os mais carenciados… Paliativos, é certo; pois, naquelas Saúde, Ricardo Jorge, a ausência de conhecimentos médicos e dos condições, não era possível travar a tragédia... Passado o período processos clínicos mais adequados impediu o tratamento adequado das mais dramático, que ocorreu em Outubro, a epidemia foi-se vítimas e inibiu a possibilidade de conter a influenza. De resto, a desvanecendo ao longo do mês de Novembro. Mas enfim, por essa pandemia contava com aliados poderosos: a guerra, como já foi referido altura, os meios políticos, e o País em geral, estavam suspensos do acima, e o cortejo interminável de efeitos nefastos, a insuficiência e a desfecho da Guerra e da situação política, económica e social incapacidade dos serviços de saúde e de assistência, as deploráveis nacional, em breve inflamada pelo assassinato de Sidónio Pais. condições de higiene e sanitárias em que vivia a maioria da população, a generalizada escassez de bens alimentares e medicamentos, enfim, tudo A Pneumónica, que por junto terá morto (as estimativas variam) quanto carismava a pobreza ou o baixo nível cultural, económico e social entre 50 e 70 mil pessoas, essa, rapidamente se quis “esquecer”, da população portuguesa, compunham um palco dramaticamente deixando-a, como memória dolorosa, no limbo do subconsciente favorável à progressão da doença. coletivo – como se tudo tivesse acontecido fora da Terra dos Homens (sendo certo que alguns a consideraram castigo divino).
ECOS DA HISTÓRIA FÁTIMA OS 103 ANOS DAS APARIÇÕES 13 Maio 2020 Pela primeira vez na sua História, o Santuário de Fátima vai neste 13 de Maio de 2020, ter um cenário diferente!... A Peregrinação será celebrada sem a presença física de peregrinos, devido à covid-19. Apesar de não poder ser vivida nos moldes habituais, vão realizar-se as principais celebrações na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que serão presididas pelo cardeal D. António Marto e transmitidas pelos meios de comunicação social e digital.
39 Noticias de ECOS DA HISTÓRIA 2020 - UM 13 DE MAIO DIFERENTE OS 103 ANOS DAS APARIÇÕES 13 MAIO | FÁTIMA-ALTAR DO MUNDO Primeira Aparição: 13 de Maio de 1917 Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco Marto, 9 anos e Jacinta Marto, 7 anos, após a missa na igreja de Aljustrel, lugarejo de Fátima, foram pastorear o rebanho de ovelhas nas terras do pai de Lúcia na Cova da Iria. Uma vez no local e após um clarão semelhante ao de um relâmpago, num céu luminoso e sereno, sobre uma pequena árvore com cerca de metro e pouco de altura disseram ter-lhes aparecido a Mãe de Deus. Segundo as descrições de Lúcia, era “uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol. O seu semblante era de uma inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura – uma figura que Lúcia nunca soube descrever ao certo. Nesta primeira aparição - argumentaram, Nossa Senhora pediu-lhes que viessem seis meses seguidos no dia 13 ao mesmo local e à mesma hora. As comemorações em 2020 O local onde se situa o Santuário de Fátima - a Cova da Iria, era O Santuário de Fátima vai neste 13 de Maio do ano de 2020, ter um cenário até 1917 um lugar desconhecido do concelho de Ourém, na diferente!... A Peregrinação será celebrada sem a presença física de freguesia de Fátima. Nesse ano, um acontecimento religioso veio peregrinos, devido à covid-19. Apesar de não poder ser vivida nos moldes mudar para sempre a sua história e importância, quando três habituais, vão realizar-se as principais celebrações na Basílica de Nossa crianças pastoras, Jacinta e seus dois primos Francisco e Lúcia, Senhora do Rosário de Fátima, que serão presididas pelo cardeal D. António testemunharam sucessivas aparições de Nossa Senhora do Marto e transmitidas pelos meios de comunicação social e digital. Rosário. Encarado inicialmente com relutância pela Igreja mas acarinhado pelo povo, o fenómeno só em 1930 seria reconhecido Na noite do dia 12 de Maio, será recitado o rosário, com o lucernário, e no pelo Bispo de Leiria. dia 13, será celebrada a missa internacional. “É com muita dor e tristeza de A partir de então o desenvolvimento da localidade foi notório, alma e coração, mas também com grande sentido de responsabilidade, que levando a que Fátima fosse elevada a vila, em 1977, e a cidade o Santuário de Fátima irá celebrar a grande Peregrinação Internacional em 1997. Aniversária de Maio sem peregrinos fisicamente presentes, como tem sido habitual”, referiu o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, numa mensagem de vídeo. A fama mundial do Santuário de Fátima acentuou-se durante o No seu entender, “suspender esta peregrinação de Maio nos moldes papado de João Paulo II, assumido devoto de Nossa Senhora de habituais é um acto de responsabilidade pastoral e também um profundo Fátima que em 1982 aí se deslocou em agradecimento por ter acto de fé”, que comunica “com o coração em lágrimas”, por saber da sobrevivido a um atentado um ano antes. importância deste momento para milhares de peregrinos. “Peço a todos que Em 2000, na sua terceira visita ao local, anunciou a beatificação compreendam que em virtude da pandemia e da necessidade de evitar a de Jacinta e Francisco, a quem o Vaticano atribuiu o milagre de propagação do vírus, esta é a única decisão sensata e responsável que uma cura. poderíamos tomar. 13 de Maio de 1917, foi a data da primeira aparição, seguida de Não podemos correr riscos!... Não podíamos de modo algum permitir que o outras no mesmo dia dos meses seguintes até Outubro, dia que nosso santuário se tornasse centro ou foco de contágio para o país e para o marca também as principais celebrações de Fátima. Um dos mundo”, justificou o Bispo. momentos mais importantes desta celebração é a Procissão das No entanto, segundo o santuário, esta peregrinação, que assinala a primeira Velas na noite de 12 de Maio, dia em que os milhares de velas aparição de nossa senhora aos três pastorinhos de Fátima, será contudo dos fiéis que enchem a grandiosa praça do Santuário concedem transmitida através dos meios de comunicação social nos moldes habituais, a este lugar um ambiente mágico, de comunhão e devoção permitindo que milhares de pessoas possam acompanhar as celebrações religiosa. Um momento tão impressionante quanto a Procissão do peregrinando a partir de casa. Adeus no dia 13.
Noticias de 40 LUTA CONTRA A PANDEMIA Unidade Hospitalar de campanha Foi a solução encontrada pelo Municipio COMO MEDIDA PREVENTIVA, CÂMARA MUNICIPAL MONTOU HOSPITAL DE CAMPANHA NO PAVILHÃO MULTIUSOS E DISTRIBUÍU MATERIAIS DE PROTECÇÃO… Face à expansão do surto da COVID-19, o Município de Montalegre converteu o gigante Pavilhão Multiusos numa espécie de \"hospital\" para receber eventuais infectados do vírus. Foram mais de 100, as camas ali colocadas prontas para responder a uma eventual necessidade. O espaço após a montagem do matéria,l recebeu a visita de várias entidades que fazem parte da proteção civil do concelho, as quais deram a respectiva aprovaçãp. Ainda no que diz respeito ao combate à pandemia, Orlando Alves, Presidente da Câmara de Montalegre, entregou diverso equipamento de protecção individual aos profissionais a exercer funções no Centro de Saúde de Montalegre. Do lote entregue, constavam máscaras cirúrgicas, óculos e fatos de protecção e ainda diverso, material adquirido pela CIMAT - Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega no âmbito da decisão concertada entre os autarcas dos seis municípios que constituem este organismo e do qual Orlando Alves é o respectivo Presidente, com o objectivo de colmatar a falta de equipamento de protecção e salvaguardar a saúde dos profissionais que estão na linha da frente no combate ao surto pandémico provocado pelo novo coronavírus. Ainda na qualidade de Presidente da CIMAT-Comunidade rio trabalhará de forma articulada ou concertada com cada um dos Intermunicipal do Alto Tâmega, Orlando Alves, deu a conhecer Centros de Saúde que estão espalhados em cada um dos concelhos. O a abertura, em Chaves, do Centro de Diagnóstico à COVID-19, também Presidente da Câmara de Montalegre, esclareceu que além de com a capacidade de realização diária de 50 exames. Um poderem ser encaminhados para o centro de diagnóstico os casos esforço conjunto dos Municípios de Boticas, Chaves, suspeitos via Saúde 24, este também estará disponível para todos os Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar, cidadãos que não possuam receita médica e que sejam encaminhados que irão suportar os custos dos testes à população de risco ao pelos Municípios: «cada município suportará os encargos recorrentes do mesmo tempo que ofereceram mais de 500 equipamentos de respectivo teste e analise a um preço que já está fixado em 100 euros por protecção aos Centros de Saúde. A explicação foi dada pelo cada teste». Neste sentido, acrescentou o autarca, «fica à consideração Presidente Orlando Alves: «os municípios poderão entrar em de cada Município seleccionar a população que esteja na linha da frente e acção, individualmente, para suportar os encargos decorrentes que seja oportuno fazer a despistagem». Orlando Alves fala que estamos das despistagens de grupos de risco, por exemplo dos perante mais uma medida de prevenção: «vamos tentar pôr-nos à frente bombeiros, que venham a ser indicados pelos municípios e do \"animal\", para que ele não faça muitos estragos nos nossos territórios». que não tenham prescrição médica». CENTRO DE DIAGNÓSTICO Já de porta aberta, o Centro de Diagnóstico à covid-19, situado em Chaves, resulta de uma parceria entre os seis municípios da CIM-Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e uma empresa de laboratórios privada: «este protocolo serve para atender a população do Alto Tâmega, sendo que esse laborató
Noticias de 41 ENCERRAMENTO DE FRONTEIRAS GOVERNO DILATA PERIODO DE CONTROLO … Mil e quinhentas pessoas impedidas Resolução foi publicada em 14 de Abril de entrar nas fronteiras terrestres e produz efeitos até 14 de Maio Esta decisão, tomada a título excepcional e temporário na No caso de Vila Verde da Raia foram controlados 22.206; sequência da pandemia do COVID-19 e prolonga-se até às 00h00 alguns dos quais impedidos de entrar em território nacional, e do dia 14 de Maio. Desde as 23H00 do passado dia 16 de Março houve ainda uma detenção por uso de autorização de que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, enquanto autoridade residência falsa. A mesma nota refere qainda queue “o objectivo responsável pelo controlo de pessoas nas fronteiras, iniciou o deste controlo é designadamente, vedar as deslocações de controlo de todos os passageiros nos nove PPA-Pontos de cidadãos em turismo elazer entre os dois países”. Passagem Autorizados existentes no nosso país. De acordo com o comunicado do Ministério da Administração No mesmo documento destaca-se também que “está vedada a Interna à comunicação social, até meados do mês de Abril, o SEF circulação de pessoas e rodoviária em todas as fronteiras controlou com a colaboração da Guarda Nacional Republicana, terrestres, independentemente do tipo de veículo, com um total de 169.616 cidadãos. excepção do transporte internacional de mercadorias, do trans- porte de trabalhadores transfronteiriços e da circulação de veículos de emergência e socorro e de serviço de urgência” até 14 de Maio. Contudo e ainda segundo a mesma nota, estes condicionalismos não prejudicam o direito de entrada dos cidadãos nacionais e dos titulares de autorização nos respectivos países; a circulação do pessoal diplomático das Forças Armadas, das Forças e Serviços de Segurança e do pessoal afecto, incluindo o pessoal a afectar, ao Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais; a circulação a título excepcional e para efeitos de reunião familiar, de cônjuges ou equiparados e familiares até ao 1.º grau na linha recta; o acesso a unidades de saúde, nos termos de acordos bilaterais relativos à prestação de cuidados de saúde e o direito de saída dos cidadãos residentes noutro país. CÂMARA DE MONTALEGRE OFERECEU 1000 MÁSCARAS A INSTITUIÇÕES Esta foi uma das medidas discutidas e saída da última reunião semanal que analisa o ponto de situação do surto epidémico da covid-19 no concelho, entre a Proteção Civil, Bombeiros locais e Autarquia. No encontro, Orlando Alves, Presidente do Município, fez o balanço pedindo a cooperação de todos. “A postura que os barrosões têm tido tem sido fundamental e está na base do êxito que neste momento registamos”, sublinhou. Orlando Alves referiu ainda a importância de utilizar as máscaras de protecção, uma situação com a qual “teremos de nos habituar a conviver”. As máscaras serão oferecidas aos bombeiros, aos lares, ao centro de saúde, às empresas e ao comércio do concelho. Para o autarca estes são os principais agentes que têm dado continuidade à vida económica do país e da região. O dirigente disse ainda que a autarquia estará disponível para fornecer máscaras à população caso haja necessidade e tendo em conta o prolongamento da situação de pandemia da covid-19.
Noticias de 42 LUTA CONTRA A PANDEMIA Transportes públicos e água gratuitos para a população do concelho AGRICULTORES APREENSIVOS COM A PANDEMIA DO COVID-19 A rede de transportes públicos do concelho de Montalegre mantém- se activa durante a pandemia de covid-19 e o serviço é gratuito Fonte: Lusa O Barroso foi o primeiro território português a integrar o enquanto vigorar o estado de emergência, disse à Lusa o GIAHS-Sistema Importante do Património Agrícola Mundial e Presidente da Câmara, Orlando Alves. um dos primeiros a ser aprovado na Europa. O processo de candidatura à FAO, patrocinado pelo Ministério da Agricultura, “O serviço de transporte público continua a funcionar, pois este é Florestas e Desenvolvimento Rural, foi desenvolvido em um território vasto e desta forma as pessoas sentem-se ligadas ao parceria pela ADRAT-Associação de Desenvolvimento da coração do concelho”, explicou o autarca de Montalegre. Região do Alto Tâmega pelas Câmaras de Boticas e Montalegre, Universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Durante a pandemia de covid-19, este serviço está a decorrer de Alto Douro, organizações e associações de produtores forma gratuita para os passageiros, respeitando as normas de agrícolas, profissionais do sector e cidadãos da região. segurança, e vai vigorar durante o estado de emergência - acrescentou. Refira-se que o concelho de Montalegre tem uma área de 805 quilómetros quadrados dividido por 25 freguesias. Orlando Alves lembrou que muita gente precisa de se deslocar à sede de concelho para consultas no Centro de Saúde e tratar de assuntos pessoais no Município ou outros departamentos públicos. Trata-se de uma região, que se estende pelos concelhos de Boticas e Montalegre, e é dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas, onde se mantêm as formas tradicionais de trabalhar a terra ou tratar os animais. O comunitarismo é ainda hoje um dos valores e costumes característico deste território, intimamente associado às práticas rurais de vida colectiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente. A rede de transportes públicos que liga o território barrosão tem Actualmente, o trabalho comunitário que serve de suporte a características únicas no Alto Tâmega, pois não depende dos esta designação, está nestes tempos de pandemia suspenso circuitos dos transportes escolares, disse ainda. “As carreiras na região e os campos pintados do verde da erva que funcionam todos os dias, independentemente de haver aulas ou contrasta com o cinzento do granito em que se erguem os não”, sublinhou. muros que separam as propriedades são o reflexo disso mesmo. Os animais pastam e os habitantes começam a preparar os terrenos para as sementeiras da época como o centeio, o milho e as batatas. É um trabalho que se faz também com a ajuda de familiares e vizinhos, mas este ano encontra-se também suspenso. “A família juntava-se e fazíamos tudo juntos, agora está tudo suspenso porque temos que nos proteger e cada um vai fazendo o seu”, afirmou um agricultor e produtor de vacas e porcos de da região de Salto. “Havia, antes da pandemia, muita gente que vinha visitar aqui a nossa terra. Temos os nossos restaurantes e os nossos produtos e as nossas paisagens, só que com esta desgraça A Câmara de Montalegre decidiu também em 16 de Março a tudo se complicou e não sabemos como vai ser o dia de àmanhã.” isenção do pagamento das facturas de água, relativas ao período entre 17 desse mês e 17 de Junho como forma de apoiar as Esta é uma das consequências da covid-19 na região que é famílias e as empresas do concelho devido à pandemia de covid-19. Património Agrícola Mundial desde Abril de 2018, distinção Segundo se sabe, até ao momento existe apenas um caso atribuída pela Organização das Nações Unidas para a confirmado de infecção por covid-19 no concelho, tendo o Alimentação e a Agricultura. respectivo doente recolhido ao Hospital de Braga.
Noticias de 43 COMBATE AO COVID – 19 CIMAT- ALTO TÂMEGA SUSPENDE EVENTOS CIMAT CRIOU CENTRO DE DIAGNÓSTICO E VAI FESTIVIDADES CANCELADAS ATÉ FINAL DE JUNHO DAR MÁSCARAS A 90.000 HABITANTES A CIMAT - Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega A CIMAT – Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega, numa suspendeu qualquer tipo de evento ou festividade que estratégia de combate ao coronavírus, criou um Centro de implique concentração de pessoas até ao final do mês de Diagnóstico a funcionar em Chaves, com a capacidade de junho devido à pandemia covid-19, disse à agência Lusa o realização diária de 50 exames das 09h00 às 17h00. Presidente Orlando Alves. Trata-se de um esforço conjunto dos seis Municípios - Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar, que irão suportar os custos dos testes à população de risco ao mesmo tempo que ofereceram mais de 500 equipamentos de protecção aos Centros de Saúde. A decisão foi tomada \"por unanimidade\" pelos seis Municípios do distrito de Vila Real que compõem o organismo, como medida preventiva devido à pandemia covid-19. Segundo Orlando Alves, na CIM Alto Tâmega todos os eventos ou festividades que impliquem concentração de pessoal ficaram suspensos até ao final do mês de junho. Para o também Presidente da Câmara de Montalegre, esta é \"uma medida importante\" para prevenir a existência focos de infecção. No caso da autarquia de Montalegre, a suspensão de Já de porta aberta desde o inicio de Abril, o Centro de eventos foi alargada para o mês de julho, acrescentou. Diagnóstico à covid-19, resulta de uma parceria entre os seis \"A CIM Alto Tâmega está alinhada nesta medida até ao Municípios da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e uma fim de Junho, mas em Montalegre não vou arriscar no empresa de laboratórios privada. mês de Julho e esperar com expectativa como será o mês de Agosto, quando há as festas do concelho\", explicou Trata-se de um protocolo que “serve para atender a população Orlando Alves. O Presidente do organismo que junta os do Alto Tâmega, sendo que, esse laboratório trabalhará de forma concelhos de Chaves, Montalegre, Boticas, Valpaços, Vila articulada ou concertada com cada um dos Centros de Saúde Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena adiantou ainda que as que estão espalhados em cada um dos concelhos. autarquias já começaram a distribuição dos 530 equipamentos completos de protecção adquiridos para os Segundo Orlando Alves, Presidente da CIM e da Câmara de profissionais dos Centros de Saúde da região.\"Esse Montalegre, esta entidade vai igualmente adquirir cerca de 90 mil material já chegou, já foi distribuído e ficamos muito máscaras e distribuir uma por cada cidadão de forma a preparar realizados por ir de encontro aquilo que era uma urgência a população para o “pós-confinamento”, adiantou à Lusa. “Vamos e de estarmos ao lado de quem está diariamente a expor- avançar para a compra de cerca de 90 mil máscaras, a se ao perigo\", vincou. população estimada do Alto Tâmega, e entregar essa máscara que pode ser lavada inúmeras vezes”, destacou o responsável Registe-se que em Portugal, os primeiros casos pelo organismo. confirmados foram registados no dia 02 de Março e em 19 foi decretado o estado de emergência que se irá Ainda sobre os testes, Orlando Alves esclareceu que cada prolongar pelo menos até 2 de Maio. Município suportará os encargos recorrentes do respectivo teste e análise a um preço que já está fixado em 100 euros por unidade. Neste sentido, acrescentou o autarca, “fica à consideração de cada Município seleccionar a população que esteja na linha da frente e que seja oportuno fazer a despistagem. Orlando Alves refere, que estamos perante mais uma medida de prevenção: “vamos tentar pôr-nos à frente do animal, para que ele não faça muitos estragos nos nossos territórios” - disse.
Noticias de 44 CÂMARA MUNICIPAL CONTINUA A SUA APOSTA NO COMBATE À PANDEMIA MUNICIPIO CEDE 115 COMPUTADORES A ALUNOS CARENCIADOS O Município de Montalegre cedeu 115 computadores, com acesso à internet, a alunos carenciados do concelho de acordo com a indicação do Agrupamento de Escolas Dr. Bento da Cruz. O foco, abrange todos os graus de ensino desde o 1.º ao 12.º ano, bem como o ensino profissional. A medida representa um investimento de 85 mil euros e a reboque desta medida foram anunciadas outras que o executivo adoptou no âmbito do surto epidémico da covid-19 e de que se dá conta nesta edição da Barrosana. O tal de investimento no combate à pandemia atinge montantes próximos de 1 milhão de euros. Tendo por missão a igualdade de circunstâncias para permite este investimento. todos os alunos no acesso ao ensino à distância - em A par, a autarquia disponibiliza ainda apoio virtude do encerramento das escolas - o Município de alimentar a 34 famílias, com um total de 63 Montalegre decidiu ceder mais de uma centena de crianças. computadores, com acesso à internet, a alunos de todos Ainda sob esta matéria, o Municipio vai os graus de ensino do 1.º ao 12.º ano e ensino também disponibilizar a impressão de profissional, com vulnerabilidade socioeconómica. materiais de apoio e colaboração na entrega do mesmo em articulação com os Refira-se que com esta medida se pretende promover a Presidentes da Junta e Agrupamento. equidade de oportunidades na escola à distância e que este número foi o referenciado pela Escola, que identificou as famílias cuja capacidade financeira não
Noticias de 45 CÂMARA MUNICIPAL E COOPERATIVA AGRICOLA DE BARROSO FAZEM ACORDO DE PARCERIA COM O GRUPO PINGO DOCE A Câmara Municipal de Montalegre e a Cooperativa Agrícola período da Páscoa quando fomentamos a venda dos do Barroso, uniram as mãos no combate às dificuldades que pequenos ruminantes. Nessa altura, apercebemo-nos que o o mundo agrícola padece em virtude da crise epidémica da consumo local iria diminuir. Os restaurantes estão fechados. covid-19. Nesse sentido, acabam de fazer uma parceria Os turistas e os restaurantes de fora não fazem negócio. com a multinacional Pingo Doce, do grupo empresarial do Tudo isto é uma situação de emergência. É fácil adivinhar a PSI 20, Jerónimo Martins, uma das maiores empresas dificuldade que sentem os produtores pecuários em escoar os portuguesas do ramo agroalimentar nacional. seus produtos. O acordo passará a vigorar a partir deste mês de Maio e quinzenalmente, este gigante do ramo alimentar será abastecido com 50 vitelos oriundos do concelho e com peso entre os 140 e os 220 quilos por carcaça. O transporte dos vitelos será assegurado pela Câmara Municipal até à cidade de Santarém onde será feito o abate e feita a distribuição. Refira-se que esta acordo de parceria, visa reduzir o excedente que se verifica nesta altura no território, tendo em conta que os habituais circuitos de comercialização e distribuição estão quase parados devido Nesta conformidade, articulamos com a Jerónimo Martins à conjuntura que vivemos. onde temos um contacto privilegiado com a nossa No entanto e caso os produtores consigam produção conterrânea Maria João Freitas que passa a liderar o suficiente, este acordo é para continuar. A este propósito, a processo da comercialização. É uma honra para Montalegre!... Tudo isto culmina com o envolvimento da autarquia de Montalegre investiu cerca de 500 mil euros no Cooperativa Agrícola do Barroso. O Município tem a sector agricola do concelho, disponibilizando 100 euros por responsabilidade de suportar os encargos do transporte do cada cria nascida em território concelhio e subsídios para a produção de batata de semente e pequenos ruminantes, gado até Santarém. Estamos perante uma medida importante nos montantes de 50.000 e 230.000 euros respectivamente. para o futuro da economia da região. Isto só fará sentido se os produtores pecuários se envolverem nesta dinâmica e Para Orlando Alves, Presidente da Câmara de Montalegre, neste desígnio. Estamos a construir o caminho do futuro. “este acordo vem na sequência do que aconteceu no Estamos a criar condições para que a produção local aumente”.
Noticias de 46 BARROSO PATRIMÓNIO AGRICOLA MUNDIAL Agencia Lusa Para Orlando Alves, “o balanço não é inteiramente O acordo assinado abrange várias entidades e instituições que positivo porque ainda não vi nenhum governante que através da designada “Plataforma GIAHS do Barroso”, estão a quisesse vir fazer uma incursão na terra Património implementar um plano de acção centrado nas linhas de Agrícola Mundial” intervenção da FAO e que acrescentam “mais valor” a este O Presidente da Câmara de Montalegre afirmou que a território. classificação como Património Agrícola Mundial, em Abril de Os “povoadores do território”, são os responsáveis 2018, trouxe \"distinção internacional\" ao Barroso, mas pelo “êxito desta catalogação”. O Barroso é uma considerou que “falta o reconhecimento nacional”. região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas, onde O Barroso, que se estende pelos Municípios de Boticas e de se mantêm as formas tradicionais de trabalhar a Montalegre, foi o primeiro território português a integrar o terra ou tratar os animais. GIAHS - Sistema Importante do Património Agrícola Mundial e um dos primeiros a ser aprovado na Europa. O reconhecimento da FAO é uma honra O plano de acção, segundo Orlando Alves foi desenvolvido muito grande, mas falta levar esse localmente pelas entidades que marcam presença no território, reconhecimento ao conhecimento do país… mas “ainda não está em rota de cruzeiro” porque falta “alguém que dirija localmente o desenvolvimento desse plano”. A classificação, anunciada em Abril de 2018, é uma “Nós já temos uma figura prestigiada para estar à frente do iniciativa da Organização das Nações Unidas para a FAO - desenvolvimento desse plano de acção, mas queremos, Alimentação e a Agricultura para a promoção e preservação naturalmente, o envolvimento do Ministério da Agricultura. do património agrícola. Para o autarca de Montalegre, Queremos sobretudo, que seja o Ministério, enquanto entidade Orlando Alves, a “classificação trouxe distinção mas não tutelar de todo este processo, a suportar os encargos trouxe visibilidade”. “O balanço não é inteiramente positivo decorrentes dessa contratação”, sublinhou. porque ainda não vi nenhum governante que quisesse vir fazer uma incursão na terra Património Agrícola Mundial”, O autarca, destacou ainda os “povoadores do território”, salientou. responsáveis pelo “êxito desta catalogação”. O Barroso é uma O “reconhecimento” da FAO é “uma honra muito grande”, no região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas entanto, segundo o Presidente, falta levar esse culturas típicas das regiões montanhosas, onde se mantêm as “reconhecimento ao conhecimento do país”. “Era importante formas tradicionais de trabalhar a terra ou tratar os animais. fazer uma visita ao território, ver o que se passa no território e isso é uma lacuna, é o que falta, para que o O comunitarismo é ainda um dos valores e costumes reconhecimento seja total”, apontou. característicos desta região, intimamente associado às práticas “Apenas”, segundo Orlando Alves, o ex-Ministro da rurais de vida colectiva e à necessidade de adaptação ao meio Agricultura Capoulas Santos esteve em Montalegre, em ambiente. Janeiro do ano passado, para a assinatura do acordo de Refira-se que o processo de candidatura à FAO, patrocinado pelo parceria para a região do Barroso, no âmbito do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, foi reconhecimento deste território pela FAO. desenvolvido em parceria pela ADRAT - Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega, as câmaras de Boticas e Montalegre, as universidades do Minho e de Trás-os- Montes e Alto Douro, organizações e associações de produtores agrícolas, profissionais do setor e cidadãos da região.
Noticias de 47 VIAGEM PELAS ALDEIAS E LUGARES MEIXEDO Meixedo foi uma das honras de Barroso. Por ser lugar honrado os DITOS DE ANTANHO reis não possuíam aí reguengos. Bem pelo contrário o seu termo (só de Meixêdo) constituía “um couto coutado por padrões separados I II que coutou o Senhor Rei Afonso primeiro ao Hospital” (à ordem dos Ó meu São Sebastião, Se fores a Codeçoso, Hospitalários). Esta tinha sido fundada após a conquista de Livrai-me deste degredo, Reza a São Nicolau, Jerusalém pelos Cruzados, em 1099. Por ser a única dádiva à dita Deixei irmãos, pai e mãe, Mas quem melhor te defende, Ordem dos Hospitalários, em Barroso, a gente de Meixedo deve Pra me casar em Meixedo. É a camola ou um pau. considerar-se muito honrada. A Capela de São Sebastião é um dos poucos sinais vivos da Salazar em Lisboa, conseguindo que a área atribuida aos colonos recua-se para o enormíssima devoção a este Santo, depois da peste de 1570, e, limite marcado pelo caminho da Veiga – que hoje integra o trilho Montalegre- Meixedo. sobretudo, após o renascimento do Sebastianismo, com a morte de D. Sebastião, em 4 de Agosto de 1578. Pertence hoje à freguesia a O Ti “BOSSA” povoação de Codessoso que antigamente pertenceu à freguesia da O Ti BOSSA, era o homem mais forte “do seu tempo“. Um Homem de grande porte Chã. Nesta povoação, em 1258, pagavam ao rei a oitava de todos físico mas também intelectual. Apesar da sua força, nunca usava esse recurso como os frutos excepto a herdade de cavaleiros e de Dona Maiorina. E, forma de se impor a não ser se necessário. Era um exemplo de integridade, um pelo São Miguel, os de Codessoso (as mais antigas referências homem de princípios que se colocava sempre do lado do bem, mesmo contra os deste topónimo não autorizam outra grafia) tinham de entregar seus interesses. Um Homem como poucos, que deixou a sua marca pela sua correcta simples espáduas com pão e, como todos os da Chã, iam ao apelido personalidade. A ele também a nossa homenagem pelos valores que ele e davam a refeição e a cevada ao mordomo do senhor rei.Pelo representava e que estão cada vez mais degradados. termo de Codessoso passava um caminho medieval importante que servia diversos lugares da enorme paróquia da Chã, ao tempo das HISTÓRIA(S) MAIS MARCANTE(S) Inquirições de D. Afonso III: Negrões, Vilarinho, Lamachã, Morgade, Carvalhais e Rebordelo, Fírvidas e Gralhós, além das herdades •Um certo dia, andava a casa de uma vizinha a arder. O Irmão do Ti Bossa não gramava essa ribeirinhas do Regavam vizinha e então decide abrir ao poço do Eirão para que não houvesse água para apagar o as “estórias dos tis”… incêndio. O TI BOSSA vê tal cena, vai na direcção do irmão, pega num “estadulho” de um carro O Ti GUARDA O Ti Guarda pode ser considerado o mais ilustre dos de bois que estava ali, e dá com ele na cabeça do irmão, e diz em voz alta: ” SIM…Tu abres ao Meixedenses. À sua coragem e dedicação, ao seu combate apaixonado pelos interesses da Freguesia, à sua integridade e poço, eu abro-te aos cornos!“ devoção, muito deve Meixedo! Foi Presidente da Junta durante muitos anos, por altura da ditadura. Com o regresso dos colonos de •Certo dia zangam-se duas vizinhas devido a uma reicha antiga. Uma havia levado a outra a Africa e Construção dos casais da Veiga o Estado entregou aos colonos propriedades sitas na area limitrofe de Meixedo e da ruina devido a um contrato de fiança. Sempre que se encontravam havia guerra na certa. Portela (Montalegre), retirando assim grandes parcelas de terreno ao povo de Meixedo. Pretendiam chegar até ao outeiro da Telheira, Nesse dia os filhos de uma, a provocadora da desgraça da outra, vieram em auxilio da mãe e já nas próximidades da Aldeia. O Ti Guarda numa iniciativa inédita e ousada, escreve uma carta a SALAZAR expondo a situação e queriam bater na mulher! Prontamente surge o ti Bossa que diz: “SIM…à minha frente revolta do povo de Meixedo, e chega inclusive a ser recebido por nenhum homem bate na mulher…se quiserem teram de bater em mim também!” Nenhum ousou desafiá-lo. In “as Touças de Meixedo”… HISTÓRIA(S) MAIS MARCANTE(S) •Noutra ocasião, os rapazes novos de Meixedo daquela época, decidiram ir ao S.João a Braga. Nesse grupo incluía-se o Ti Tonho. Já em Braga viria a perder-se do grupo, pela azafama natural que é a grande festa Bracarense. No meio da confusão o grupo perde o Ti Tonho e embora muito o procurassem, não mais o acharam.Logo se lembraram, que espevito como ele era, haveria de arranjar maneira de se desenrascar. E assim foi, não foi fácil mas o Ti Tonho lá se orientou á sua maneira. Reza a história que a primeira providência que ele tomou, foi questionar quem lhe aparecia pela frente: “vocês viram a malta de Meixedo…Aqueles que cantam com a mão atrás da orelha!”. Claro está, que em Braga, e sobretudo naquele tempo, ninguém conhecia Meixedo, mal Montalegre. Mas a inocência de um homem que nunca havia saído do Concelho de Montalegre, onde toda a gente se conhecia, levava-o a questionar tal coisa! Certo é que entre direcções que lhe davam, e voleias que foi apanhando, ao fim de 4 dias la apareceu em Meixedo. O Ti Tonho era também o coveiro de serviço. Segundo contam, quando enterrava alguém de quem não gostava, quando todos saiam e ele ficava sozinho para fechar a cova, colocava umas pás de terra em cima do caixão e saltava dentro da cova para calcar bem a terra, como para se certificar de que o defunto não voltava, e enquanto isso ia dizendo:” Aí porco, aí…já aí tás!”. Quando não morria gente costumava dizer: “Não há um porco nem uma reca que morra!”
Noticias de 48 SERÁ QUE BARROSO E O INTERIOR VÃO SER FINALMENTE REPOVOADOS?!... TUDO INDICA QUE SIM… Se há dois meses alguém nos dissesse que a Polícia iria estar à saída das Os primeiros a regressar – tomem nota, vão ser sobretudo idosos. grandes cidades a proibir as pessoas de virem para o Interior, apelidar-nos-iam Serão pessoas reformadas que vivem como sardinha em lata, em de gente sem juízo. Certo é, que esse dia chegou!... E chegou pelas piores pequenos apartamentos dos subúrbios das grandes cidades – onde razões: falta de segurança e de qualidade de vida nas ditas grandes cidades. para se andar vai ter que ser preciso o uso de máscara e mesmo assim, saber escolher os lugares. AnteciparDoamrienfgoromsaCheavfuegsir É verdade que a pandemia da Covid-19 é implacável e não ameaça apenas os rapidamente do tumulto da cidade, vai ser uma aposta de toda essa citadinos!... Por cá – por estas terras de Barroso sempre abandonadas e à gente a muito curto prazo. A vida na cidade vai sofrer uma mudança espera de melhores dias, também não estamos imunes ao vírus!... Mas não radical!... Como costuma dizer-se, uma volta de 180.º. Aliás, a vida de estando imunes, estamos com toda a certeza vacinados contra a “piolhice” e o todos nós vai dar uma reviravolta nunca vista e a economia, que agora modo de vida caótico das grandes metrópoles, que num momento de fragilidade trava às quatro rodas, vai ficar de rastos durante largos meses ou como o que agora vivemos, fica mais exposto ao risco e à incerteza. Hoje – já se mesmo anos. O desemprego vai grassar e a fome e a miséria vão nota, as pessoas querem sair da cidade!... E não são só aqueles que tem raízes atingir níveis para os quais ninguém está preparado. E esse será um por cá e herdaram a casa de um familiar, onde se deslocam pelo Natal ou em cenário ainda mais evidente em zonas urbanas fortemente tempo de férias – nem que seja apenas para mostrar às aranhas e demais densificadas, onde os mais desprotegidos, serão obviamente os que bicharada autóctone quem é que manda ali. mais irão sofrer. Ainda há pouco tempo, alguém – do mais alfacinha que se possa imaginar – me Ninguém no seu perfeito juízo irá querer andar – nos tempos que se disse, que não tardaria a viver e a trabalhar por cá. Apenas um exemplo igual a seguirão imediatamente a esta pandemia – enfiado dentro de um tantos outros que agora, “acordaram” para as virtudes da vida no campo - autocarro ou num comboio ou metropolitano. As salas de cinema, de infelizmente pelas piores razões, mas “acordaram”. E isso quer dizer alguma teatro e de todos os tipos de espectáculos vão ficar às moscas e os de coisa!... Quer dizer, que a curto e médio prazo, vamos assistir ao repovoamento pessoas vão ser para esquecer. E assim sendo, onde é que as gradual de muitas centenas de aldeias do Interior. Vamos assistir àquele pessoas poderão encontrar um refúgio mais seguro: naturalmente nos movimento demográfico no sentido litoral-interior pelo qual nos andamos a bater sítios onde há menos concentração de gente, ou seja, em todas as hà vários anos e que se perspectiva poder acontecer de um dia para o outro. zonas do interior. Aqueles que puderem, vão seguramente fazê-lo. Mais um problema a carecer de resolução!... È que se isso poderá ser bom para a frágil base económica desta nossa vasta região semi-deserta com mais de 800 Mas outro movimento que no imediato irá trazer muita gente à região e quilómetros quadrados de superfície, tendo em conta que quem se instalar vai a todo o interior, é o que tem a ver com as férias. Sim. Ninguém vai ter de consumir e com isso injetar fluxos de capital na economia, pode também arriscar a ir para fora!... Portugal e o interior, tornaram-se de repente ser perigoso para a igualmente frágil estrutura de serviços sociais e de saúde nos locais que esperam por nós. Locais onde a natureza ainda manda, pública que se encontram disponíveis e dimensionados que estão para a e onde a “poesia se serve também à mesa”. Somos de facto os população que cá está. melhores.Toda a gente vai querer desanuviar, respirar a plenos pulmões, espraiar as vistas, experimentar sabores e aromas, em suma, Os primeiros a regressar – tomem nota, vão ser sobretudo idosos. Idosos de tirar a desforra e recuperar o tempo perdido. aquém e além-fronteiras. Serão pessoas reformadas que vivem como sardinha Se soubermos lidar com isto, poderemos ficar todos a ganhar!... Caso em lata, em pequenos apartamentos dos subúrbios das grandes cidades – onde contrário, se formos mais papistas que o Papa, poderemos estar para se andar vai ter que ser preciso o uso de máscara e mesmo assim, saber perante mais uma oportunidade económica perdida. escolher os melhores lugares. Antecipar a reforma e fugir rapidamente do tumulto da cidade, vai ser uma aposta de toda essa gente a muito curto prazo. A Ninguém tenha dúvidas: Barroso vai a muito curto prazo viver dias vida na cidade, vai sofrer uma mudança radical!... Como costuma dizer-se, uma diferentes por causa da Covid-19 e do medo que já semeou por todo o volta de 180.º. Aliás, a vida de todos nós vai dar uma reviravolta nunca vista e a lado e que o tempo irá demorar a desvanecer. De cada vez que agora economia, que agora trava às quatro rodas, vai ficar de rastos durante largos a Polícia mandar para trás uma pessoa ou uma família à saída da meses ou mesmo anos. O desemprego vai grassar e a fome e a miséria vão cidade, é mais uma pessoa ou uma família a ver aumentar ainda mais atingir níveis para os quais ninguém está preparado. E esse será um cenário o desejo e a ânsia de ir para o campo. Temos de começar a interiorizar ainda mais evidente em zonas urbanas fortemente densificadas, onde os mais isso. Pessoalmente estarei na primeira fila… desprotegidos, serão obviamente os que mais irão sofrer.
Noticias de 49 CORONAVÍRUS NÃO TRAVA FÉRIAS DE VERÃO COVID-19:VÍRUS É 10 VEZES MAIS OMPOINRITÃAOL QUE A GRIPE H1N1 DE 2009 Agencia Lusa O Diretor-Geral da OMS-Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a covid-19 é 10 vezes mais mortal do que a pandemia da gripe de 2009 e pediu precaução aos países que querem aliviar restrições. Domingos Chaves Depois de no dia 14 de Abril António Costa ter dito que espera que no verão os portugueses tenham possibilidade de gozar as suas férias, as reservas têm aumentado desde então. Na altura, o Primeiro-Ministro pediu aos portugueses para não deixarem de pensar nas férias de verão. “Esperem mais algumas semanas. Quero crer que até ao verão a situação estará suficientemente controlada para termos férias. Seria, aliás, um dano imenso para a economia portuguesa, se no próximo verão o turismo não tiver condições de funcionamento mínimo”, afirmou. “O facto de Portugal ser considerado um destino turístico Covid- Free, pode potenciar o aumento da procura externa, na medida em que os principais concorrentes se debatem com problemas sérios nesta matéria, a “Sabemos que a covid-19 se espalha rapidamente e que é começar pela vizinha Espanha, o nosso maior concorrente. mortal, 10 vezes mais mortal do que a gripe de 2009”, alertou CONFINAMENTO – 184 DETIDOS numa conferência de imprensa online a partir da sede da organização, em Genebra. As autoridades detiveram 184 pessoas pelo crime de desobediência Numa intervenção em que não falou de números nem durante o segundo estado de emergência no país, devido à pandemia dramatizou a pandemia, o responsável também não se mostrou de covid-19, adiantou o Ministério da Administração Interna. contra o alivio de restrições que alguns países já anunciaram, e disse mesmo que a OMS publica na terça-feira uma atualização da estratégia de luta contra o novo coronavírus, que inclui os crNitéorioquse qrueespediteaveàms cosnedreccoornaçsõidees,raédopsosspíevleolsenpcaoínstersar quumea listagem no portal das ordens adhmonitoermífiacamsennaizIanrtearsnreet,stcroiçmõedsa.dos até meados de Novembro: atribuiu no total, 588 a cidadãos ou Reenlatxidaardeesssnaasciorensatirsi,çdõaessqusóaisq1u5a6ndemo, 2d0i1ss6e, 1, 4a5 etrman2s0m1i7s,s1ã9o3 demo 2018 e 94 em 2019. vírus estiver controlada, que o sistema nacional de saúde tenha capacidade de detetar, testar, isolar e tratar novos casos, que os riscos de contágio estejam minimizados, e que sejam implementadas medidas preventivas nos locais de trabalho, escolas, e outros locais com concentração de pessoas. E depois - acrescentou ainda Tedros Adhanom Ghebreyesus, que os riscos de importação do vírus estejam controlados e que a população esteja empenhada e sensibilizada para as novas normas. Praias vão ter lotação máxima O número resultante da fiscalização da Polícia de Segurança Pública e da fuzileiros a vigiar e torniquetes à entrada Guarda Nacional Republicana, evidencia um aumento das detenções face ao primeiro período de Estado de Emergência, no qual foram detidas 108 Está a ser preparado um manual para o regresso das pessoas pessoas pelo crime de desobediência. De acordo com a nota divulgada pelo às praias a partir do momento em que se comecem a aliviar as MAI, 80 detenções deveram-se a desobediência ao dever geral de medidas de confinamento mas é certo que a entrada dos recolhimento obrigatório, 44 por faltar à obrigação de confinamento banhistas vai ser controlada. A Polícia Marítima deverá contar obrigatório, 20 por violação da cerca sanitária de Ovar, 19 por desobediência com o apoio dos fuzileiros da Marinha na supervisão das regras ao encerramento de estabelecimentos, 10 por resistência, 9 por e poderá haver torniquetes à entrada para impedir o excesso de incumprimento da interdição de circulação fora do concelho na Páscoa, uma pessoas. por desobediência às regras de funcionamento do comércio a retalho e outra A Coordenadora Nacional do pPrograma Bandeira Azul da por violar as regras de funcionamento na prestação de serviços. Associação Bandeira Azul da Europa, Catarina Gonçalves, O MAI, que insistiu no “cumprimento rigoroso das medidas”, salientou ainda avançou desde já, em entrevista que as praias vão ter uma terem sido encerrados 432 estabelecimentos por incumprimento das normas lotação máxima, salientando que as pessoas terão que cumprir na vigência deste último estado de emergência, muito abaixo dos 1.708 as normas da DGS-Direcção-Geral da Saúde quanto ao fechados pelas autoridades no primeiro período decretado pelo Presidente da distanciamento social. O uso de máscaras pelos República, Marcelo Rebelo de Sousa, que, entretanto, formalizou a banhistas “vai por isso ter de ser regulamentado”, refere ainda prorrogação do período de emergência até 02 de Maio. a responsável,
Noticias de 50 PORTUGAL E O GOVERNO EM ALTA Por: Domingos Chaves AGÊNCIAS E JORNAIS INTERNACIONAIS LOUVAM ANTÓNIO COSTA AOnPdaINpIoÃr Oaí um azedume, um ranger de dentes e até Domingos Chaves uns “pedidos aos deuses” para que esta coisa do covid corra mal, que não lembrariam ao diabo, quanto mais a certos figurantes cá da nossa praça. O motivo é óbvio e está na cara – as sondagens que dão ao Primeiro- Ministro português aquém e além fronteiras, elevados índices de popularidade, face a gestão que decorre da pandemia que parou a Europa e o mundo. Afinal de contas, porque vive essa gente tão angustiada?!... Não desesperem e deixem o homem trabalhar!... Não sacrifiquemos nada aos desejos de cada uma. O eleitorado é volúvel!... Churchill ganhou a guerra e logo a seguir perdeu as eleições. A distância que separa os aplausos e os assobios, o amor e o ódio, a admiração e o desprezo é muito curta. É mais fácil surgir um mitómano que galvanize uma populaça com promessas fraudulentas e demagogia fácil, do que obter a gratidão de um eleitorado formatado pelas redes sociais. Tudo o resto é conversa fiada… Hoje, com este Governo e com o líder do principal Partido da Oposição, sinto-me confortável. Apenas temo que a alternância se possa fazer à custa de alguns ilusionistas que proliferam um pouco por todo a lado. Mas a toda essa gente, para que saiba é preciso dizer o seguinte: ao contrário deles e da sua insignificância, AgaNhnnotoónhnooqiruuoíefiqcCruaoesassnnptdaaeiotIjnaáoteàBgrsnaEecntoe,hncodoouemPcuoCdrmaaPdçoõlduseagsa,actéréhmanpnaeotasadsHgíoviessemtldóeerdinNaaco.ovDnEeitmrrejabáirtraoou,: mataribliustiuagneomtontoal,p5o8r8taal das ordens quenetidsaedejus lngaacvioanadise,tdeanstqouraaisd1o56memon2o0p1ó6l,i1o45daemv2e0n1d7a, 19d3eem 2018 e 94 em 2019. cidadãos ou bilhetes para o arco da governação e do direito de veto. Aliás: António Costa ganhou os galões de General, no combate à pior Direita, ao atirar para o caixote do lixo da História a tralha Cavaquista e Passista, dando lugar ao aparecimento de Rui Rio que interrompeu o ciclo salazarista do PSD e desfez o CDS. Isto é que faz os Homens ficar na História!... As cambalhotas e bajulações, servem apenas para iludir incautos e têm perna curta. Mas é bom que se diga também, que António Costa abdicou de um lugar relevante na União Europeia para continuar a servir o País. E as sondagens assim o dizem!... Ganhou na cena nacional e internacional o prestígio que irrita os seus adversários num mar encapelado em permanente e arrasante exposição, no combate contra um vírus que as mais conceituadas agências internacionais não deixam de reconhecer. Hoje, com este Governo e com o líder do principal Partido da Oposição, sinto-me confortável. Apenas temo que a alternância se possa fazer à custa de alguns ilusionistas que proliferam um pouco por todo a lado. Em jeito de nota final, o registo que fica, é que Portugal fez melhor do que muitos e muito mais depressa, na luta contra o COVID- 19.
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