A A BARROSANA Revista de informação Versão digital ANO III | MENSAL | EDIÇÃO 32 | AGOSTO 2020 BARROSO OS DESTAQUES Fundador: Domingos Chaves • AS PANDEMIAS DAS NOSSAS VIDAS Desde a Peste Antonina no século II até aos nossos dias UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL ... • 7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR “Sexta 13 vence final distrital ... • A TERRA E AS GENTES… ...
OS DESTAQUES 2 EDITORIAL – Justiça de Pelourinho, “não obrigado”…- Página 4 A BARROSANA|AGOSTO2020 A Terra e as Gentes -5 Um arguido goza de uma especial tutela de presunção de inocência que encontra expressão não só na Constituição da República, comomo na Convenção Europeia dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Esqueçam por isso, que um “arguido” é um “criminoso”, como alguns até com responsabilidades acrescidas tentam fazer crer, quer em público quer em privado. Histórias de Vida - 16 Visitar as Terras de Barroso ou passar UM PAÍS COM 800 ANOS Ficha Técnica por cá umas férias, é uma aventura única!.... Parafita Marca o Ritmo. Periodicidade O orgulho de vitória nos doces olhos Mensal da mãe do ilustre Juíz de Parafita, contada na primeira pessoa Cultura – 18 | Aldeias de Barroso No Seminário de Sta Clara - 20 Data Agosto 2020 Coordenação Domingos Chaves A partir dos três, quatro anos, o mundo “Foram 58 anos de esforço por mim, Textos da Edição era nosso. Um mundo pequeno, pelos meus e por aqueles com quem António Chaves, Barroso da Fonte, Catarina Pereira, primitivo, tacanho, duro, mas nosso. tive o gosto de partilhar os meus Custódio Montes, Domingos Chaves; Marie Oliveira, Hoje parece um deserto. queixumes” Arménio Santos, Carlos Tomás, Fernando Botelho Gomes; João Damião; José Alves, Jorge Martins, Catarina Pereira, As Pandemias das nossas vidas - 25 António Lourenço Fontes e Gabinete de Imprensa da C.M. Montalegre Acácio da Silva Desde que os seres humanos ocuparam o Fotografia O concelho em Noticias 35 mundo, as doenças passaram também a Domingos Chaves, C.M. Montalegre, José Alves, Fernando D. Barrosões ilustres 47 existir e a espalhar-se C. Ribeiro, Mauro Fernandes Heléne Martins, Raquel Costa entre a sociedade e Domingos Chaves vários surtos de e Portal Google doenças ocorrerem ao longo do tempo e com ISBN frequência Américo Canedo 152281/2017 Viagem pelas aldeias 46 Lá por fora 57 Execução Domingos Chaves Contacto [email protected] REVISTAONLINE https://a-barrosana.webnode.pt/
3 “Ser transmIstoo énBatrarosno…o é uma Honra!... Ser Barrosão são duas”… O berço de alguém está no lugar onde nasceu, cresceu e se fez homem; no aroma da natureza que o rodeia; nas vivências e nas gentes. Tudo isso molda o seu carácter ... Ser Transmontano é ser mais forte; É ir além do sonho humano; É transcender-se como ninguém; É ter no peito o amor à terra sua raiz; Render-lhe preito e orgulhar-se do seu País. Ser Transmontano é um estatuto, religioso, De homem lhano, que sai de tudo vitorioso; É quase um mito de humildade!...Firme!... Sem preço... Como o granito inabalável que faz seu berço. Ser Transmontano, é ser amigo do seu Ser Transmontano é ser mais forte; É transcender-se amigo... Leal e ufano da valentia perante o perigo; como ninguém; É ter no peito o amor à terra sua raiz; Bom Lusitano, divide o pão p'los seus Render-lhe preito e orgulhar-se do seu País. iguais... Ser Transmontano, é tudo isso, e muito mais!... Graziela Vieira.
4 12 1 deSetembro 2016 correiodominho.pt Editorial Domingos Chaves Justiça de Pelourinho, “não obrigado”... Tenho a certeza que um dos piores defeitos de qualquer pessoa é o mal de inveja de que possa padecer!... Mais: e como ser-se invejoso já não fosse atributo suficientemente deplorável, a este, arrasta-se ainda uma vasta série dos piores defeitos: a preguiça, a maledicência, a cobardia e até o ressabiamento. E sendo assim, só isto bastaria para que eu me declarasse não só como não invejoso, mas com ”raiva” dos invejosos e de tudo quanto de deplorável tal “doença” acarreta. Vem isto a propósito do julgamento na praça pública levado a cabo por cidadãos sem escrúpulos - designadamente nas redes da maledicência – fazendo de réus vários cidadãos do concelho, com particular realce para o Presidente e Vice- Presidente do Municipio, todos alvo de investigação pelo Ministério Público, como consequência de múltiplas denúncias fundadas ou infundadas, a quem cabe em exclusivo averiguar. Costuma dizer-se, que “à politica o que é da politica” e “à justiça o que é da justiça”. Chegados porém aqui, o problema é que a tal gente movida pela dita inveja e por tudo quanto a mesma acarreta, resolve de “per si” não dar tempo a que a justiça actue, preferindo pelo contrário exercê-la no pelourinho, como se todos os factos constantes de uma qualquer denúncia, fossem ou não verdadeiros. Os objectivos são conhecidos: recolher dividendos políticos que de outra forma lhe são recusados hà várias décadas. Trata-se pois de um “apontar de armas”, não olhando a meios para atingir os fins, na conquista do Poder. Foi assim com o lítio, foi assim com a teoria de um malfadado cheque que nunca apareceu, e é agora também assim com alegadas irregularidades que segundo os denunciantes vêm sendo praticadas na gestão municipal. Esquece porém tal gente, que a constituição de arguido representa uma garantia – repete-se garantia - da pessoa ou pessoas, sobre quem recai a investigação ou foi deduzida uma denúncia!... Esquece-se igualmente, que tal pressuposto é um dever para a defesa do próprio e é um direito deste para poder gozar dos direitos inerentes à qualidade de sujeito processual. E para quem não sabe, mas particularmente para os ignorantes que dizem saber e nada sabem, quer isto dizer, que a partir desse momento, goza o arguido de uma especial tutela por imperativo constitucional: a presunção de inocência. Uma especial tutela de presunção de inocência que encontra expressão na Constituição da República, na Convenção Europeia dos Direitos do Homem e no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. Esqueçam por isso, que um “arguido” é um “criminoso”, como alguns até com responsabilidades acrescidas tentam fazer crer, quer em público quer em privado. A constituição de arguido não pode nem tem qualquer efeito quanto à culpabilidade de quem quer que seja, muito menos deve ser banalizada, como vem acontecendo em certos meios, onde a pobreza dos discursos e a ignorância marcam o ritmo. Hoje, por tudo e por nada uma pessoa é constituída arguida, bastando para o efeito o inicio de uma investigação, mesmo que assente e tendo por base denúncias anónimas!... Será Não se podem cometer que alguém com formação jurídica tem dúvidas àcerca disto?!... O que fica – e esse é o alvo - é que infelizmente, a “assassínios de carácter”, constituição de arguido acarreta uma presunção social de culpa e tem um significado negativo, sobretudo quando o dito utilizando apenas a simples alvo é uma pessoa conhecida publicamente e se pretende combater. constituição de arguido. Só Nero de Roma foi tão Ora a coberto de um falso moralismo e de um ética para inglês ver, este é o grande erro de palmatória da Oposição longe quando lançou os montalegrense e dos respectivos “mercenários” ao seu serviço. A simples constituição de arguido não os autoriza que se cristãos aos leões. extraiam consequências políticas que ponham em causa, sem mais, a legitimidade democrática de quem foi eleito. É muito pouco e insuficiente. A Justiça não agradece essas consequências, o Estado de Direito fica ferido porque repudia esse prévio julgamento de culpa, e a democracia fica mais pobre – ao contrário do que sustentam. O momento adequado para esse efeito só deve ocorrer com a dedução da acusação. A acusação, que define o objecto do processo e que é o momento certeiro para se prestarem essas contas. E aí não deve haver contemplações, dôa a quem doer. Por isso, à luz das mais elementares regras do Direito e de bom senso, é um completo absurdo aquilo a que vimos assistindo. Não se podem cometer “assassínios de carácter”, utilizando apenas a simples constituição de arguido. Só Nero de Roma foi tão longe quando lançou os cristãos aos leões. E depois cuidado!... Às vezes o feitiço, vira-se contra o feiticeiro…
5 BARROSO UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL…
A BARROSANA - ANO III - EDIÇÃO XXXII - AGOSTO 2020 6 AS TERRAS DO BARROSO Afonso Henriques é o responsável pela PORTUGAL COMEÇA AQUI… criação da primeira nação europeia independente... Em 1091, a princesa Urraca, filha do rei Afonso VI, casava Com a morte de Henrique de Borgonha em 1112, sucede-lhe a viúva Teresa, com Raimundo de Borgonha, filho de Guilherme I de no governo dos dois condados durante a menoridade de seu filho Afonso Borgonha, que assistira como cruzado para lutar contra os Henriques. Desenhavam-se então duas tendências: uma de achegamento à almorávidas. As vitórias militares do borgonhês, e a altura politica galega e do seu novo rei, Afonso Raimundes, e outra de manutenção das suas relações familiares na Europa propiciaram a de um forte poder condal com aspirações à proclamação real do herdeiro conveniência do enlace matrimonial, ao que Afonso VI condal. A ascensão de Compostela à condição metropolitana em detrimento outorgou um importante dote - o governo das terras da histórica Braga e a viragem política de Teresa a norte do Minho, galegas, desde o Cabo Ortegal até Coimbra, com o título de materializada na sua ligação amorosa ao nobre galego Fernão Perez de Trava, condes. Dois anos mais tarde, em 1093, outro cruzado aliado do rei Afonso VII de Leão e Castela, precipitariam os acontecimentos no francês Henrique de Borgonha, neto do duque Roberto I, Condado que viria a tornar-se no reino de Portugal. O arcebispo de Braga - casava com a filha ainda menor de Afonso VI, Teresa de privado das relíquias de São Frutuoso, por Gelmirez em 1102 - e os grandes Leão, recebendo o governo do Condado de Portucale e aristocratas portucalenses, interessados em adquirir maior poder territorial - Coimbra, que havia sido fundado em 868 pelo nobre galego foram os principais valedores das pretensões reais de Afonso Henriques. Vimara Peres, e que compreendia as terras situadas entre o Minho e Douro. Arrumava-se, assim, uma complexa rede de relações feudais. Por um lado o rei Afonso VI, que governava toda a Galiza e Toledo, recebia vassalagem feudal de Raimundo e Urraca que governavam as terras galegas de Ortegal até Coimbra e estes à sua vez, recebiam-na de Teresa e Henrique de Borgonha. As constantes derrotas sofridas às mãos dos almorávidas e Ante tal situação, o rei galego Afonso VII avança sobre Portucale, sitia-o em o descontentamento crescente do rei com a política Guimarães e exige um juramento de vassalagem, finalmente comunicada por administrativa do seu genro Raimundo de Borgonha, Egas Moniz. Meses mais tarde, perante o incumprimento de Afonso levaram Afonso VI a privar Urraca e Raimundo de Borgonha Henriques, as tropas de Teresa e Fernán Pérez de Trava penetram em dos direitos feudais que possuíam sobre Portucale, Portucale e trava-se a batalha de São Mamede em 1128, na qual Afonso equiparando o domínio destes ao de Henrique e Teresa. Henriques e as tropas portucalenses triunfam. A morte de Teresa em 1130 e a Assim, embora o Condado Portucalense continuasse como batalha de Ourique em 1139 consolidam enfim o poder de Afonso Henriques e parte integral da Galiza, parava na prática de render a independência efectiva do reino de Portugal. Tendo formado parte do vassalagem a Raimundo de Borgonha e Urraca, para território da Galécia desde o Império Romano e tendo albergado mesmo a prestar vassalagem directamente ao rei de Leão, Afonso VI, capital do reino em Braga durante muito tempo, o novo reino desenvolveria, provocando o descontentamento entre a nobreza galega. doravante o seu próprio perfil político, precisamente na medida em que se diferenciava da monarquia galego-leonesa, cujas cabeças reitoras radicavam em Leão e Compostela.
7 AS TERRAS DO BARROSO (Continuação) PORTUGAL COMEÇA AQUI… Região de antigas origens e de fortes tradições, as Terras de Barroso influenciaram a vida e obra de múltiplos escritores portugueses, como Ferreira de Castro, Miguel Torga, Bento da Cruz e mais recentemente Lourenço Fontes e Barroso da Fonte, entre muitos outros… Impunha ao Alcaide, «...o tributo anual de 3.500 morabitinos», que este deveria cobrar, junto das populações das diversas aldeias que tutelava e pagar à corôa, em três prestações: 1 de Outubro, 1 de Fevereiro e 1 de Junho. A falta de pontualidade deste pagamento, seria penalizada com uma «multa» de 10 morabitinos, por cada dia de atraso. O termo \"Barroso\" conserva ainda hoje o nome de uma das antigas \"terras\", Afonso III circunscrições administrativas e judiciais em que o território português estava dividido desde o século XI. Possivelmente, o castelo que servia de centro a esta terra era o de São Romão, hoje um sítio desabitado na margem Sul da Barragem do Rabagão. A primeira menção incontroversa ao termo Barroso está num documento galego de 1100 que indica o Barroso servir de termo à villa de Tourém. Antes, em 942, o testamento de São Rosendo refere que ele possuía um rebanho de vacas \"in Barosa\". Esta terra foi incluída nas Inquirições Gerais de 1220 mas não sobrevivem os textos relativos a esta visita. Já o texto das Inquirições de 1258 relativo a esta circunscrição sobreviveu e através dele se percebem os limites da Terra do Barroso. Além dos territórios actuais dos concelhos de Boticas e Montalegre, a terra incluía as freguesias de Canedo, hoje concelho de Ribeira de Pena, e Vilar de Vacas – hoje Ruivães, no concelho de Vieira do Minho. Na Taxatio de 1320 - documento conhecido como Com a dita carta de foral, foram ainda proíbidos todos os Catálogo das Igrejas de 1319-20 -, o arcediagado do Barroso incluía ainda abusos que alguns fidalgos da «Cabeça», exerciam sobre os Guilhofrei, no concelho de Vieira do Minho, e Santiago de Serzedo, de localização aldeões, designadamente, o uso da força que muitas vezes desconhecida. A 9 Junho de 1273, D. Afonso III em carta de foral fundou a vila utilizavam para extorquir determinados bens de que de Montalegre e ergueu o respectivo castelo. Montalegre tornou-se assim a necessitavam, bem como a sua aquisição sem a necessária cabeça da Terra de Barroso em detrimento do castelo de São Romão. Este foral contrapartida de pagamento. Só que tal «politica» não foi depois modificado por D. Dinis em 1289, por D. Afonso IV em 1340, e por resultou. D.João II em 1491. A intensificação do povoamento e o desenvolvimento agrícola pretendidos, não tiveram sucesso, muita gente morreu, em Em 1515, D. Manuel I converteu-o em foral novo. No reinado de D. João I e na consequência da fome e de uma grave epidemia que na época sequência da Guerra da Independência, a Terra de Barroso foi doada a Nuno por ali passou e procurando fugir à doença e à fome, alguns Álvares Pereira e por ele passou à Casa de Bragança. Em 6 de Novembro de povoadores saíram das suas terras e procuraram novas 1836, o concelho de Montalegre foi dividido, criando-se o novo município de paragens, em busca de melhores meios de subsistência. Boticas e perdendo-se no processo, para o município de Vieira do Minho, o Outros ainda fugiram às acções de violência e extorção de município de Vilar de Vacas - sediado em Ruivães, e também, o Couto Misto de bens, de que eram vitimas por parte de alguns fidalgos da Santiago de Rubiás – Tourém. Depois de tudo quanto ficou dito, é pacífico, que a «Cabeça». Mais tarde, após tomar conhecimento de todos região do Barroso já existia, quando do reconhecimento do Reino, em 1143. A estes factos, o rei D. Dinis, encarregou então, o clérigo Pedro partir desta data, sabe-se que administrativamente dependia do Alcaide de Anes, de proceder ao estudo da situação e encontrar as Montalegre, a quem eram pagos parte dos tributos da terra, que era pertença da necessárias soluções, que permitissem inverter os dados corôa. Tais tributos, eram devidos, pelo facto, daquela que hoje é sede de referidos, tendo confirmado o Foral que havia siso conferido concelho, ser ao tempo e no seguimento da organização administrativa, que vinha por seu pai em 1289, onde se estabelecia uma nova divisão do Reino de Leão, aquilo a que se chamava «Cabeça da Terra de Barroso», onde dos terrenos, para serem entregues aos povoadores, cada um funcionava e era organizada toda a administração civil, judicial e militar. dos quais, ficaria obrigado a pagar 1 maravedi de foro. A partir de 1273, as regras tributárias dos habitantes de Barroso, foram Se para a divisão efectuada, não houvesse os necessários significativamente alteradas. Através da carta de foral de 1273, atribuída a povoadores, cada um poderia adquirir mais de um terreno, Montalegre, como «Cabeça das Terras de Barroso», cuja motivação principal, era pagando 1 maravedi por cada unidade a mais que possuísse. O a intensificação do povoamento e desenvolvimento agricola da região, motivo periodo mínimo de aforamento era de 3 anos e ao fim deste porque o Rei D. Afonso III, concedeu às populações «todos os direitos e rendas tempo, o foreiro poderia continuar na posse das terras, aliená- reais, com excepção dos direitos de hoste, moeda e padroado das igrejas, que las, dá-las ou vendê-las, mas sempre (Continua) reservava para a corôa».
8 (Continuação) AS TERRAS DO BARROSO PORTUGAL COMEÇA AQUI… Entre o Minho e o nordeste Transmontano, envolvido a norte pelas serras do Gerês e do Larouco, a leste por Chaves , a sueste por Boticas,a sul por Cabeceiras de Basto,a sudoeste por Vieirado Minhoe a oeste por Terras de Bouro , encontramos o “Reino Maravilhoso”, onde se situam duas vilas e vinte e cinco freguesias aglutinadoras de cento e trinta e cinco lugares. com a condição, de que o novo possuidor pagasse o respectivo «imposto». Os forais falam frequentemente em «casais» (bens), que se Nos casos de venda, alienação ou doação das terras, os agricultores só seriam desdobram em dois, três ou mais, e terras incultas, obrigados a entregá-las aos novos proprietários, depois de efectuadas as transformadas em propriedades produtivas. A multiplicação de colheitas, pagando-lhes no entanto as rendas, que os «homens bons» da terras cultivadas, aumentando a rentabilidade agricola para as povoação julgassem ser justas. populações foreiras, constituía assim, apreciável fonte de receita para os Alcaides, que na ausência de moeda, viam muitas vezes os seus tributos serem pagos em géneros. No tempo em que reinou D. Dinis, existiam já vinte e três das actuais vinte e cinco freguesias, oito então designadas por paróquias do concelho de Montalegre. No âmbito eclesiástico, como no administrativo, estava esta região perfeitamente organizada. A partir daqui e tendo em conta o número de forais ou cartas reais de foro, referentes à região do Alto-Barroso, poder-se-à concluir, que como consequência das medidas levadas a cabo, pelo rei D. Dinis, ali tenha ocorrido um significativo desenvolvimento agricola. Os rendimentos dos povoados no século XIV, comparados com o estado actual das paróquias de Barroso, leva-nos a concluir, que algumas das actuais freguesias, progrediram com o tempo, enquanto que relativamente a outras, se deu precisamente o inverso. A título de exemplo veja-se o caso de Montalegre: Apesar de administrativa e militarmente ser «Cabeça da Terra de Barroso», no aspecto económico, era inferior a Mourilhe, Viade, Salto, Cervos e Mosteiro das Júnias, estando ao nível de Cabril, Cambeses e Ponteira.
9 BARROSO UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL… O turismo tem vindo a ganhar espaço crescente nas estratégias de desenvolvimento dos territórios. Contudo, para que possa constituir-se num instrumento de desenvolvimento, torna-se necessário – para além das muitas exigências ao nível das infra-estruturas, equilíbrio ambiental e valorização do património – fazer um esforço no sentido de criar produtos turísticos inovadores e diversificados. Situada lá bem no norte de Portugal - em Trás-os-Montes, ficam as Terras do Barroso e a “capital da república” Montalegre, as quais fazendo fronteira a norte com a Galiza espanhola, com os “vizinhos” Chaves, Cabeceiras de Basto, Vieira do Minho, Terras de Bouro e cada vez mais beneficiada por facilidades de acesso através da A52 espanhola, N103, A24 e agora também pela M508, aliadas à sua proximidade com Espanha, permitem colocar a região num plano privilegiado do mercado turístico receptor português. No que se refere às potencialidades da região, a envolvência natural confere-lhe uma riqueza e variedade paisagística e uma enorme diversidade de fauna e flora características, que permitem o desenvolvimento de um turismo activo. O seu património histórico-cultural que se encontra disperso por toda a região, sendo constituído por uma enorme diversidade que abrange testemunhos arqueológicos - megalíticos, romanos, medievais -, passa pelas edificações de carácter religioso - igrejas, capelas, cruzeiros, e monumentos destinados à defesa – castelos e castros, entre outros. As manifestações populares atraem também um número cada vez maior de pessoas e ocupam já um lugar de destaque, fazendo as romarias e as festas, maioritariamente religiosas, parte da sua oferta cultural. O artesanato é outra das actividades de carácter popular em expansão e que mais atrai o turista. Os produtos regionais enriquecem a oferta local ao associarem a gastronomia, outro ponto forte da região, para o qual contribuiem fundamentalmente a posta e o cozido barrosão bem como o cabrito, componentes turísticas de grande importância para a região. Muitos dos produtos, porque possuem características únicas, estão certificados, como é o caso do mel, da carne barrosã, agora também do vinho, e como não podia deixar de ser, do famoso fumeiro barrosão, actividades muito enraizadas social e culturalmente na região. A oferta de alojamento turístico, fulcral para o seu desenvolvimento, é disponibilizada em unidades de turismo rural, assim como por hotéis, pensões, estalagens e residenciais, consideradas pelos visitantes como de qualidade. São pois todas estas características, que fazem da região do Barroso um local maravilhoso e apelativo.
10 BARROSO UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL… O PISÃO DE PAREDES DO RIO O MOSTEIRO DE SANTA MARIA DAS JÚNIAS A cobertura em colmo faz lembrar as cabanas celtas e. Encontramo-lo nas profundezas de um vale estreito e nas imediações de um riacho representa um “cartão de visita” que tem convencido muitos que mais abaixo, se precipita numa queda de água dissimulada entre os penhascos. turistas. Este engenho hídrico aproveita a força motriz da De estilo românico e gótico, crê-se que o Mosteirofoi erguido aos poucos, ainda antes água canalizada, funcionando como serra, moinho e pisão da existência do país, portanto por volta do início do século XII e no lugar de um de tecidos de lã. A água põe em funcionamento os malhos retiro de um ermita usado desde o século IX. que pisavam as teias de lã para fabricar o famoso Burel, a De início, ocuparam-no os monges da Ordem de São Bento. A meio do século XIII, capa dos pastores. tornou-se Cistercience e foi agregado à Abadia galega de Oseira. Aninhado num nicho Com o passar dos anos, o Pisão teve diversos usos. O mais improvável, este nunca se revelou um Mosteiro convencional. Por norma, mesmo popular continua a ser a produção do burel, o famoso tecido isolados, os Mosteiros costumavam subsistir do cultivo de coutos, porém e em vez artesanal negro, empregue nas capas, calças e coletas ainda disso, os monges das Júnias dedicaram-se à criação de animais e à pastorícia. Mesmo hoje vestidas pelos nativos desta raia nortenha. assim, prosperaram tanto ou mais que outros Mosteiros contemporâneos. Com o Já nos nossos dias, o Pisão foi legado à Associação Cultural. passar dos anos, o Mosteiro de Santa Maria das Júnias congregou mais e mais terras Também o forno comunitário de Paredes do Rio continua da região do Barroso e da Galiza. Nesse período, o seu desafogo justificou diversas operacional. Ao longo dos tempos maioritariamente frios da obras de expansão e melhoramentos que se prolongaram pela Idade Moderna região, serviu de Casa de Povo e de convívio. Acolheu adentro, até quase meio do século XVIII. debates e discussões, abrigou viajantes e sem-abrigos a A localização aventureira do monastério impôs porém muitod revezes. O ribeiro quem era permitido passar a noite ao calor alimentado a assoreou e destruiu parte das estruturas acrescentadas e já em pleno século XIX, um lenha, enquanto as broas coziam. Nesta visita, antes de incêndio avassalador arruinou outras das dependências. deixarmos Paredes do Rio, ainda espreitamos o tanque comunitário. Quando dele nos abeiramos, uma pequena De qualquer maneira, por essa altura, já o Mosteiro havia sido abandonado. Em manada de vacas barra-nos o caminho. Entretanto um outro 1834, as ordens religiosas masculinas foram extintas e pouco depois, o derradeiro morador da aldeia conduzia-as ao bebedouro próximo, monge da abadia das Júnias assumiu a função de pároco da aldeia vizinha de Pitões. abaixo de um milheiral embelezado por girassóis a pé e de Actualmente, o Mosteiro é propriedade da Igreja e encontra-se entregue ao vale que sacho ao ombro. o recebeu e ao tempo.
11 BARROSO UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL… SERRA DO LAROUCO O grande farol … A Serra do Larouco localizada a norte da aldeia de Gralhas, a nascente de Santo André e a poente de Padornelos, tem uma forma alongada que segundo os entendidos na matéria terá siso provocada por um acontecimento morfológico que se extende até terras espanholas. Com uma vegetação própria e reconhecível em toda a sua extensão, a Serra do Larouco apresenta raros cursos de água, assim como também campos trabalhados através da vida agrícola local que está desde há muito ligada a esta região. No local podem-se encontrar vários rios, rochas típicas da região e espécies da fauna e flora portuguesa. O Rio Cávado é bastante extenso e o seu percurso de 135km leva-nos até ao Oceano Atlântico. O Rio Salas é um rio internacional por nascer em Espanha, no concelho galego de Baltar, e o seu percurso inclui o território do Couto Misto e o antigo castelo da Piconha. O rio Salas desagua no Lima, ainda em Espanha, junto à povoação galega de Lobios. Do planalto barrosão, a nordeste da capital do Barroso, sobressai o espigão de uma serra que no Outono é escura e ameaçadora, no Inverno é branca, na Primavera verde e no Verão garrida. É a serra do Larouco, cuja altitude máxima atinge os 1527 metros acima do nível do mar. Está disposta na direcção norte/sul, atravessando a fronteira e prolongando- se para terras da Galiza, com um comprimento de cerca de 10 quilómetros. Chega-se lá, partindo de Montalegre pela estrada que vai para Vilar de Perdizes, que depois se deixa na direcção de Padornelos. Daqui, toma-se a estrada de Sendim e do antigo posto fronteiriço, cuja estrada se deixa para a direita, na direcção da pendente ocidental da serra. Até aqui a estrada é pouco pronunciada, a partir de então começa a subir, mas é de fácil acesso, dado terem ali ocorrido obras de beneficiação há muito pouco tempo. O panorama imenso que daqui se avista, consoante se vai subindo, compensa o esforço da subida, seja ela feita a pé, de automóvel, ou através de qualquer outro meio. A zona do topo, próxima já da raia, é conhecida por Fonte da Pipa. Trata-se de um planalto a cerca de 1500 metros de altitude, que no Inverno e na Primavera está sempre bastante molhado, por reter as águas pluviais. Um pouco mais abaixo, na encosta poente da serra, com esta água começa a formar-se o rio Cávado. Aos 1527 metros de aItitude, num plateau rochoso, está um marco geodésico, de onde o panorama é fabuloso. Avista-se todo o Barroso, o Alto Tâmega e o Gerês, como se fossem vistos de avião. O seu nome provem do Deus Celta Larauco, que originou também Larouco - Município espanhol que integra a província de Ourense. (Continua na página seguinte)
12 SERRA DO LAROUCO O grande farol do Barroso… (Continuação) BARROSO UM MODO DIFERENTE DE DIZER PORTUGAL… Integra-se no sistema montanhoso da Peneda/Gerês e serve de fronteira entre o distrito de Vila Real e a Galiza espanhola. Nesta grande massa granítica distinguem-se, na vertente poente, manchas de xisto metamorfizado que originam encostas abruptas onde aves de rapina, como a águia-de-asa-redonda ocupam o território. A Serra do Larouco apresenta, ainda, uma vegetação em função da altitude, constituída nomeadamente por matos de urzes, sargaços e giestas, e algumas pastagens que se situam junto a cursos de água segundo a antiquíssima técnica dos prados de lima. Nas suas vertentes constatam-se campos de cultivo e algumas manchas de mata climática, como sejam o carvalho-alvarinho, o carvalho-negral e o vidoeiro. Os aglomerados urbanos de que são exemplo, as freguesias de Gralhas e de Santo André, estão rodeados por campos outrora intensamente trabalhados. Para além do Cávado, que como se disse tem aqui origem, também por aqui nasce o Rio Salas. Um e outro sulcam as encostas desta serra e a “galeria ripícola” é o habitat de inúmeras espécies de fauna e flora. Por debaixo da protecção fornecida pela vegetação típica das linhas de água, persistem ainda mamíferos como o lobo, a raposa, o corço, o javali, a par de répteis como o lagarto-de-água, a cobra-bordalesa e o sapo-parteiro. À serra chamavam os romanos Monte Ladiço. Nas suas encostas foi colocada na Idade Média uma atalaia, que mais tarde se transformou em castelo, dividindo inicialmente as dioceses de Braga e Lugo, e depois, Portugal da Galiza. No caso do Salas, trata-se de um rio internacional que nasce já em território galego, na vertente norte da Serra, concelho de Baltar. Atravessa o território do antigo Couto Misto e o extremo norte da freguesia raiana de Tourém, do concelho de Montalegre e tem a sua foz no rio Lima, ainda em território espanhol. na povoação galega de Lobios. A historiografia galaica, diz que no cimo do Larouco havia há dois mil anos, um templo a Júpiter. Arqueólogos da região raiana, de ambos os lados da fronteira, apoiados por populares, têm feito nos últimos anos, no verão, réplicas das festas pagãs que havia outrora. À serra chamavam os romanos Monte Ladiço. Nas suas encostas foi colocada na Idade Média uma atalaia, que mais tarde se transformou em castelo, dividindo inicialmente as dioceses de Braga e Lugo e depois Portugal da Galiza.
13 A IDENTIDADE DE UMA REGIÃO A magia do Parque Nacional da Peneda-Gerês, um COZINHAR COM AMOR | O QUE DIZEM DE NÓS piquenique em Montalegre e um périplo pelos restaurantes de Barroso, fazem as famílias mais felizes Acordámos no Gerês envolvidos numa neblina misteriosa e mágica, que nos levou a redescobrir este local belíssimo de Montalegre, vila e sede do concelho, ocupa o coração do planalto barrosão, em Portugal. A beleza do Parque Nacional da Peneda-Gerês é lugar sobranceiro ao rio Cavado e à serra do Larouco, que lhe domina as vistas. Está indescritível e tem mesmo que ser vivenciada. Depois de uma a cerca de mil metros de altitude, pelo que o seu clima é muito frio e rigoroso no noite bem dormida à beira rio, sentia-se uma aragem fresca, Inverno, sendo em contrapartida bastante ameno no verão. Os historiadores não fruto da misteriosa neblina que nos envolvia, pelo que sabem ao certo desde quando esta terra é habitada. Julga-se porém que houve decidimos que o melhor seria tomar um banho bem “quentinho” barrosões desde o segundo milénio antes de Cristo. Prova disso são os inúmeros e ao ar livre. E foi o que fizemos. dólmenes espalhados por toda a região, cuja enumeração inclui várias dezenas. No último milénio antes de Cristo, todo o Barroso foi povoado pelo povo celta, que se Passamos por Meixedo e tomamos o pequeno disseminou pelos outeiros deste território agreste, construindo os seus castros. almoço já tarde e a más horas no café 25 em Estão actualmente inventariados cerca de cinco dezenas. Entre eles, o da vila de Gralhas. Depois foi um saltinho até Solveira, Montalegre, sobre cujas ruínas viria a ser mais tarde construído o castelo medieval. uma passagem rápida pelo Santuário de Nossa Ainda hoje, o povo barrosão exibe as suas características célticas, nas suas feições Senhora da Saúde e a chegada àquela que o físicas, no seu carácter violento e orgulhoso e nas suas manifestações lúdicas e padre Lourenço Fontes resolveu baptizar como a culturais. Embora não haja documentação que o comprove, parece certo que a zona aldeia das Bruxas. da vila, povoada apenas por pastores até à Idade Média, por essa altura se povoou intensamente, correspondendo este fenómeno à necessidade de povoar e defender A Serra está repleta de lugares mágicos que nos permitem ter o reino portucalense, e em particular, as zonas fronteiriças. Aliás, ao que parece, já experiências únicas. Relaxados, seguimos viagem em direcção a então a vila ocupava o lugar de cabeça da terra de Barroso. Com D.Afonso III, Montalegre bem lá no alto do Planalto de Barroso onde Montalegre teve o seu primeiro foral em 1273, confirmado e renovado por D. Dinis visitámos o famoso castelo. Antes porém e com Vilar de em 1289. Este é o primeiro documento escrito que se conhece sobre Montalegre. E Perdizes ali por perto, não perdoamos! Passamos por Meixedo e dele pouco se sabe mais, porque desapareceu com o incêndio que destruiu a vila tomamos o pequeno almoço já tarde e a más horas no café 25 durante as escaramuças fronteiriças que opuseram o nosso rei D. Afonso IV a em Gralhas. Depois foi um saltinho até Solveira, uma passagem Afonso XI de Castela. Conhece-se uma versão posterior do foral, emitida pelo rápida pelo Santuário de Nossa Senhora da Saúde e a chegada próprio D. Afonso IV em 1340 e renovado por D. João II, em 1491. Com D. Manuel, àquela que o padre Lourenço Fontes resolveu baptizar como a em 1515, a vila teve novo foral, o qual acabou com antigos privilégios nobiliárquicos aldeia das Bruxas. e abriu o caminho para o desenvolvimento que a vila teria nos tempos modernos. O desafio que então lançámos às pessoas da aldeia foi tão bem acolhido que tudo estava perfeito! O local escolhido é mágico, as palestras fluiram de uma forma espontânea, indo ao encontro das necessidades dos presentes, mas a hora da comidinha apressava e não podíamos deixar que se fizesse tarde. As recomendações foram muitas, mas a aposta recaíu ali na cozinha barrosã, que dizem praticar-se a preceito na margem esquerda do Rabagão. Actualmente, Montalegre é uma vila agitada por ser o centro administrativo e O almoço foi um sucesso, mostrando que a alimentação pode comercial do Alto Barroso. Tem foros de mini metrópole. A sua rua principal, a Rua ser saudável, consciente e super saborosa. Degustamos em Direita, é a mais comercial e destina-se apenas ao trânsito de peões. Nesta rua família um valente cozido à portuguesa com carnes da região e predominam ainda as casas de granito cinzento, típicas de Barroso, que aliás são para sobremesa optamos pela fruta da época, a que se seguiu o muito abundantes por toda a vila. Verifica-se com agrado que vários dos edifícios já tradicional café, que tornando-se num hábito, já não pode públicos de construção mais moderna, na zona da Portela, exibem o uniforme faltar na mesa dos portugueses. Tudo estava de comer e chorar cinzento acastanhado que lhes impõem o estilo e os materiais de construção por mais. Foi emocionante e incrível o carinho e o interesse com tradicionais. Infelizmente há também, por toda a vila, \"maisons\" de cores garridas, que nos receberam e ouviram, e no final ainda nos normalmente propriedade de emigrados e por isso fechadas durante a maior parte presentearam com produtos da terra. do ano. Mas é também uma vila florida, com vários e bem cuidados canteiros e Um monumento de carinho, de bem receber, de organização e jardins. Sobretudo nas praças principais, onde uma estátua de João Cabrilho domina de respeito pelo próximo. Montalegre ensinou-nos muito e com o olhar os edifícios solenes do Palácio de Justiça. prometemos voltar. Já cansados, pernoitamos e prolongamos In Terras de Barroso – Domingos Chaves por mais um dia a nossa estadia, desta vez do lado de cá do rio desta terra maravilhosa, orientados que fomos por novos amigos, que nos presentearam com um cenário de milhões de estrelas. Parabéns a Montalegre
14 EMIGRANTES | PANDEMIA DO COVID-19 DITA UM AGOSTO DIFERENTE… UM AGOSTO DE FESTAS ADIADAS, MAS SEMPRE COM A BANDEIRA ÀS COSTAS… Tal como ocorre em outros pontos do país, também pela “República do Nunca fui emigrante, mas é um prazer conviver Barroso”, Agosto continua a ser considerado como o mês dos emigrantes. O com eles, principalmente com aqueles que se seu regresso e a passagem pelos diversos postos fronteiriços, são até em agarram à sua – nossa - identidade com unhas e permanência e mais uma vez registados nos telejornais, numa época em que dentes, ainda que alguns dos que por cá ficaram as televisões têm muito pouco para mostrar e muito para especular numa como referi, os olhem com desdém. Emigrantes – época em que a pandemia que nos vem atormentando, teima em resistir em para mim cidadãos da Europa – a quem louvo, tudo que é mundo. porque tendo saído muitos deles revoltados e desiludidos com um país que não os soube Noutros tempos, chegada a hora do regresso, faziam fila em Vila Verde da reconhecer e acolher, quando da partida, já estão a Raia, este ano, fruto da dita e maldita doença, para além de serem muitos olhar com saudades para a família e amigos, mais os que adiaram o seu regresso para férias, outros optam pela viagem recordando alguns detalhes que fazem de Barroso de avião, como forma de fugirem aos transtornos fronteiriços ao cruzarem os essa terra à qual apetece sempre voltar. Agosto céus da Europa, o que significa que talvez seja por isso, que vemos cada vez continuará por isso a ser um mês querido por todos menos matrículas com “sotaque francês” a circular por cá. os que partiram, independentemente da motivação ou condições. E diga-se em abono da verdade que Ainda assim, Agosto continua a ser o mês que associamos ao emigrante bem precisamos deles!... Agosto, seria sempre “filho do povo” barrosão, inequivocamente muitas vezes tão mal tratado e Agosto, mas não era a mesma coisa sem a sua desconsiderado pelas chamadas elites mais urbanas supostamente vinda. A sua terra, estar-lhe-à por isso agradecida. intelectuais, que no Verão até preferem migrar da cidade para praias, hoje Voltem por isso sempre… muitas delas também quase semi-exclusivas fruto da pandemia. Domingos Chaves
15 A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA VISTA DO “LADO DE LÁ” DA FRONTEIRA... Montalegre Por:Catarina Pereira Jurista O grande surto migratório português iniciou-se em 1958 Muitos deles não chegavam ao destino – eram enganados pelos e nunca mais parou. Só entre os finais dos anos 50 e os passadores, morriam de frio ou fome, caiam por uma ravina, eram 1974, data da revolução, 1,5 milhões de portugueses mortos ou capturados e reenviados para Portugal onde os abandonaram o seu país. No ano seguinte, mesmo após esperavam severas punições por parte do então governo todas as restrições à emigração por toda a Europa, português. Aqueles que conseguiam, rapidamente se apercebiam saíram do país 71 mil pessoas. Fugiam da guerra das que a felicidade de uma vida melhor se tornava amarga com a Colónias, da fome, da pobreza e da repressão. Principal saudade de um país e dos familiares que deixavam para trás. destino: a França. A mala de cartão era tudo o que Hoje felizmente não há PIDE, não há guerra colonial e não há levavam, pois na verdade não tinham mais nada e aquilo repressão, mas há ainda uma elevada percentagem de a que assistiam, era a mais do mesmo e sem futuro para desemprego jovem. Para lhe fazer face muitos jovens optam ainda os seus filhos. por fazer carreira no estrangeiro, devido às melhores oportunidades O Decreto-Lei n.º 39749 de 1954 classificava a e salários. Apesar de tudo, substituíram a mala de cartão por uma emigração clandestina como um crime, estabelecendo mala com rodinhas, já não passam a fronteira a pé e vão de avião. sanções penais e atribuindo à PIDE - Polícia E depois, em vez de escreverem longas cartas a falar da nova vida Internacional e de Defesa do Estado, competências para e das saudades da família ou de fazerem curtos telefonemas de a reprimir. tempos a tempos, comunicam através das redes sociais, dos A emigração portuguesa durante este período, ainda está programas de conversação instantânea ou por telemóvel. por estudar em toda a sua extensão e implicações. Estes são a nova geração dos emigrantes lusos. São sobretudo Tratou-se de um período negro da História de Portugal jovens quadros técnicos e científicos que sobretudo nos difíceis que afectou sobretudo a população mais carenciada das anos da austeridade, procuraram oportunidades de enriquecimento aldeias e vilas do interior, numa escala sem precedentes. pessoal e profissional, contra tudo o que de negativo tal situação Os distritos da Guarda, Viseu, Castelo Branco, Vila Real e implicou para o seu bem estar, o desenvolvimento do país e Braga, foram as zonas de onde saíram a maior parte dos principalmente o seu interior, onde se fecharam escolas, hospitais e portugueses em direcção às fronteiras com Espanha, outros serviços públicos num interior cada cada vez mais nomeadamente à de Chaves e Vilar Formoso. abandonado. Agora o que se lhes pede, é que estando bem, Ao partir, essas pessoas levavam consigo a esperança de sentindo-se bem, que se deixem por lá estar. Caso contrário o país conseguir uma vida melhor, deixando para trás os filhos, espera por eles e os incentivos para o regresso não sendo os as mães, as esposas e a sua Pátria. Endividavam-se para desejáveis, são os possíveis num país que não vos fecha a porta. poder pagar a viagem. Partiam durante a noite e às escondidas por terras desconhecidas na tentativa de dar o “salto”. Fugiam a pé, juntando-se a grandes grupos guiados por “passadores”. Fugiam da PIDE, da Guardia Civil Espanhola e dos Gendarmes franceses, pondo em risco a própria vida.
16 Lampejosde memória continuação PARAFITA “E senti também esse orgulho de vitória nos doces olhos de minha mãe quando, pouco tempo antes de morrer, vinda de propósito do Canadá, com as Por: Dr. Custódio Montes suas finas vestes e o ouro das festas, olhava orgulhosa para os muitos Juíz Conselheiro montalegrenses presentes na minha tomada de posse como Juiz Conselheiro no Quando deixei a minha terra. Supremo Tribunal de Justiça”. No seminário Era o padre Oliveira que aparecera, de repente, sem ser notado, como, aliás, era seu costume. …… De corpulência avantajada e barriga de abade, com uma batina bem rodada, usava, de propósito, umas botas de A vida é feita de nadas: De grandes serras paradas couro e pneu que não faziam barulho ao andar; daí o ter- À espera de movimento; De searas onduladas me surpreendido, com a boca na botija, como soe dizer-se. Pelo vento; Fiquei furioso e comecei logo a rogar-lhe pragas que foram engrossando durante a missa, especialmente quando ele, Miguel Torga paramentado, abria os braços, nos vários rituais litúrgicos. Penso até que durante essa missa, a chamar-lhe nomes e a Ora, são coisas simples como estas – nadas - que preenchem a nossa rogar-lhe pragas, pratiquei mais pecados mortais que vida e que, no seu decurso, lhe dão o condimento sempre que a elas durante o resto dos seis anos que estive no seminário. regressamos. De facto, quando recordamos esses “nadas” de que a Alheado da fé e firmado apenas na resposta que devia dar vida é feita, olhamo-nos como num filme, e, aqui e acolá, volta-nos o ao Padre Oliveira, pensei, pensei, até que me veio à ideia riso, a alegria, mesmo de ocorrências não muito agradáveis, e fazer-lhe uma ameaça para o meter na linha. esquecemos até a amargura que vem por vezes. Desses nadas de que De que me havia de lembrar: Ele era o director do Pavilhão a vida é feita, recordo aqui dois passos dela quando frequentava o Sul – 3.º e 4.º anos – e acima dele havia muitos outros seminário no Fraião. superiores, sendo o de maior gabarito, claro, o Padre Levantados à hora regimental – 6H – recolhêramos à sala costumada Provincial – que superintendia a congregação espiritana para a meditação da manhã, antes da missa. Depois, como era da (sediada em Portugal mas que abrangia também a praxe, devíamos seguir em meditação contínua para a capela, em Espanha). duas filas indianas. Ora, aquele acto agressor era, a meus olhos, inqualificável, porque castigo sim, que o merecia, mas puxar-me a orelha O percurso era pelo claustro do pavilhão sul, aberto do lado Norte e dessa forma até deitar sangue, isso é que não, era já ladeado por colunas que, desse lado, o sustentavam. Naquele dia, tortura. seguia eu na fila da esquerda e, em vez da meditação, ia a trancar a E, segundo o meu raciocínio, uma acusação ao Padre perna ao colega que me precedia mas de forma que o não fizesse cair. Provincial duma acção destas, implicaria, decerto, um A certa altura, bem reparei nos colegas da fila do lado a mexerem-se processo disciplinar ao padre Oliveira e até a sua remoção de forma pouco usual e a fazerem-me gestos imperceptíveis com a de Director do seminário, o que a maioria dos meus colegas cabeça e as mãos, mas pensei eu que seria a reprovarem uns e a aplaudiria. aprovarem outros o meu procedimento. Por isso, continuei na minha labuta de trancar a perna ao colega da frente. Então, de repente, senti uma mão papuda a puxar-me a orelha esquerda e com tal insistência e força que me não consegui libertar. A orelha deu um estalo e, quando liberta, ao levar a mão a protegê-la, reparei que vinha cheia de sangue.
17 Lampejosde memória continuação PARAFITA Por: Dr. Custódio Montes Juíz Conselheiro Dada como assente esta conclusão a que cheguei, maduramente Mas não foi apenas este revés que sofri no seminário do cimentada nos intervalos das pragas que continuamente lhe ia Fraião. Lembro também a leitura do meu futuro artístico, rogando, naturalmente com o apoio dos santos que, a meu ver, através das linhas da mão, feita pelo Padre Zé Maria que, também não admitiriam semelhante atitude, dúvidas não tinha de que nisso, era afamado. Era homem de cabeça miúda, na havia de levar o agressor a arrepender-se bem do que me fizera. A proporção da sua altura, com a testa bem evidenciada seguir à missa e antes de irmos fazer as camas, tarefa que nos cabia também pela calvície frontal e com os dois dentes todos os dias, voltámos à sala a que acima fiz referência, para incisivos superiores meio justapostos, que se deixavam ver continuar a meditação após a missa, agora baseada nas passagens e que davam a sensação dum quase permanente sorriso das escrituras, nos mistérios e mensagens recebidas no acto litúrgico. aberto. Além disso, tinha um nariz adunco e retorcido E aí, durante esse lapso de tempo, em vez da meditação, engendrei a como se fosse um varandim donde irradiavam uns olhos forma de abordar o Padre Oliveira e de o ameaçar. vivos e sagazes. Era o professor de filosofia do meu 6.º Da sala saía-se para um átrio e daí subia-se ao dormitório por umas ano, já no pavilhão norte. escadas em caracol para a direita e com um corrimão, havendo, no Certo dia, após o almoço, com a natural indolência das início das escadas, na parede, o quadro de honra onde se expunha o horas da digestão, o Padre Zé Maria, nome carinhoso por nome dos melhores alunos. Deixei subir toda a gente e quando o que o tratávamos, passou a analisar as mãos de alguns padre Oliveira já tinha o pé direito a calcar a segunda escada, dos alunos, augurando a todos eles um belo futuro na arte agarrado com a mão direita ao corrimão, disse-lhe: do canto, na arte da escrita, etc., começando pelos -Sr. Padre Oliveira queria-lhe uma palavrinha. Ele, torcendo a cabeça e melhores alunos da turma. corpo para a esquerda, virou-se para trás e de cima das escadas, A certa altura, eu, que me considerava também um dos ainda com a mão direita no corrimão, perguntou-me o que lhe queria. melhores alunos, vendo que o Padre Zé Maria me não Então eu, firmado na minha razão e na argumentação que travara selecionava e porque eu, além de pertencer à escola comigo mesmo desde o puxão de orelhas até esse momento, lancei a cantorum do seminário, tocava 2.º violino na orquestra, cabeça para a frente, virei-me para ele afoitamente e disse-lhe: perguntei-lhe a certa altura, numa vaga que de repente vi -Sr. Padre Oliveira o que o Sr. me fez não se faz a ninguém: puxar uma surgir: - Padre Zé Maria, e eu, o que vê nas linhas da orelha a uma criança até deitar sangue é coisa que não se faz e não minha mão? Sempre pensei que ele diria que eu viria a se pode admitir. Se me torna a fazer outra, vai ver que não fica assim, ser um grande violinista, talvez até executante numa das escrevo uma carta ao Padre Provincial a contar-lhe tudo, tim tim por orquestras de nomeada. O Padre Zé Maria, olhando-me lá tim, que ele o há-de castigar. E ele, frustrando-me o prazer que de cima da sua altura, com aqueles dentes incisivos imaginei ir ter ao metê-lo na linha, sem me dar tempo, tira a mão salientes sobre o lábio inferior, pegou-me numa mão, na direita do corrimão, dá meia volta, pondo a patorra direita na primeira outra, virou-as de um lado e do outro e no fim só na escada, e, ao mesmo tempo que ganhava balanço e dizia:- Então, palma da mão e disse, abruptamente, sem demora e sem para encher bem a carta, conte-lhe mais esta, desferiu-me uma qualquer rodeio: - Montes, você nunca será um artista. valente lambada na face esquerda, precisamente do lado do puxão de Não foi por causa daquela lambada nem por causa desse orelhas, fazendo-me ver cinco estrelas, duas grandes em cima e três mau augúrio do meu futuro artístico que saí do seminário. pequenas em baixo, que parece que ainda estou a vê-las….. continua
18 A Aldeia de Barroso … A partir dos três, quatro anos, o mundo É insensato pretender transplantar para cá modelos copiados era nosso. Um mundo pequeno, primitivo, do litoral mediterrânico. Lá nisso, como em muitas outras tacanho, duro, mas nosso. Hoje parece coisas, os nossos avós tinham mais juízo. Construíam casas um deserto. Não se vê lá ninguém. No de paredes duplas, por fora perpianho, por dentro pedra meu tempo de criança, a qualquer hora do miúda assente em barro, cozinhas amplas, janelas pequenas dia, a rua fervilhava de crianças, galinhas, protegidas por vidraças de guilhotina e grossas portadas porcos, cães, gado, vozes, gritos, latidos, interiores, soalhos de castanho estanque, forro de carvalho recapeado, beirais de colmo. Uma boa lareira e não havia frio, orneios. Era um mundo. chuva. Por: Dr. António Chaves Ao fim da tarde o boi do povo desceu da As cozinhas dos lavradores lama a ornear e limpou a rua de animais e Economista, Escritor e Jornalista rapazio. Passavam rua abaixo, rua acima, Por isso a cozinha era o centro de toda a vida familiar. Aí vacas de olhar meigo e passo lento, comiam todos do mesmo prato, à fogueira, na mesa de vai-e- A aldeia é provavelmente a rebanhos envoltos na música dos guizos, vem; aí se deitavam aos dois e três, conforme o agregado e o forma mais resistente de belas formas de mulher escondidas e número de camas distribuídas pelos quatro cantos da casa, povoamento humano. Bento da deformadas por trajes mal ajustados, separadas umas das outras pelas arcas do grão, pelo tear, pela Cruz descreveu a aldeia do seu moreia da lenha. A conversar adormeciam, a conversar tempo de criança; como era a homens de expressão fechada, remoendo acordavam. Havia mais convívio, maior união entre a família, vida de então - as gentes, a problemas; garotos a correr e a gritar. quase sempre numerosa. terra, os bichos, a paisagem. Dela deixou-nos retratos como estes: A aldeia de Peireses não era nada daquilo que é hoje. As casas eram todas cobertas de colmo e a rua, uma calçada irregular de grandes pedras sobre as quais saltitávamos no Inverno e esborrachávamos os dedos dos pés no Verão, porque andávamos descalços. Recordo-me da fonte de Casas tradicionais de Barroso Em Barroso mantém-se, entre homens e animais, uma mergulho onde toda a gente se Há uns cinquenta anos, as aldeias solidariedade que remonta ao Paraíso de Adão. abastecia, do rego de água, rua integravam-se perfeitamente na paisagem. Uma cozinha de Gostofrio é uma arca de Noé: os cães e os abaixo, a que chamavam água Hoje o Barroso está a ser desfigurado por gatos passam a vida acaçapados à lareira ou no colo dos de rega, do estrépito dos várias construções aberrantes, dir-se-ia amos, dos quais recebem, conforme os ventos, afagos, contranatura, obra de loucos. pontapés e lambiscos; as galinhas levam o dia a entrar e a tamancos, do boi do povo, da vezeira da rês, do forno sair, a bicar o cibo nos escanos, nos potes, nas camas, a comunitário e dos mendigos que Dizem os velhos que o clima se modificou. esgaravatar a cinza e o lixo, e, à noite, empoleiram-se atrás nele pernoitavam, dos dias de Que é hoje mais quente. É possível que da porta ao bafo do borralho; os coelhos entocam-se debaixo festa e dos trabalhos de sim. Mas pese embora aos apologistas de da lenha ou da masseira a daí fazem incursões a todos os entreajuda, das rezas, das albufeiras e florestas, o Barroso continua a recantos do casebre e a qualquer hora; os recos criados ao ser a região montanhosa e fria que caco, num caixote, muito perto do lume, porque são crenças, dos medos. sempre foi. friorentos, fazem-se, com a idade, zaragateiros Medos às víboras, aos cães danados, aos lobos às bruxas, às almas do outro mundo. Mau grado medos e perigos, guardo da minha infância uma sensação de segurança que nunca mais gozei.
19 A Aldeia de Barroso … \"Para Xosé Luis Mendéz Ferrín, que foi Presidente da Real Academia Galega, «Bento da Cruz além de grande escritor foi, ao mesmo tempo, um grande analista da história contemporânea. Bento da Cruz é o mais valioso representante, da parte portuguesa, da nossa pátria antiga que se chama Gallaecia. ”. Por: Dr. António Chaves Economista, Escritor e Jornalista temíveis, espatifando trastes e canelas à dentada; os cabritos chegadiços, ou mesmo aleitados a biberão, não largam as pernas das pessoas com més e turras; e o burro e a vaca espreitam por cima da trancada que os separa da pedra do lar. Isto nas casas térreas. «A primeira lembrança que tenho é da morte da Eu posso estar a exagerar, mas estou convencido que a partir dos quatro, cinco anos, já andava com as Nas de sobrado, as vacas e os minha avó paterna. Eu tinha três anos. Nasci em vacas. Tenho tudo isso escrito. Lembro-me de quando suínos ficam por baixo. De cima, o 1925 e minha avó faleceu em 1928. Recordo-me chovia muito, e o meu pai não podia fazer mais nada, lavrador segue, de ouvido atento, de estar ao colo do meu pai, que estava a ia ele com as vacas. Mas encarregava-me de ir tornar a regularidade ou irregularidade chorar. Outra recordação desses meus três anos a água aos lameiros. Tornar a água é desviar a água dos guizos, da respiração, do é a partida de meu tio e padrinho, com o mesmo para os campos. Onde não houvesse água aviada, remoer, do escape dos gases nome que o meu, quando foi para os Estados quem chegasse tornava-a para o lameiro dele. Depois digestivos. A vaquinha merece ao Unidos. Foi logo a seguir à morte da mãe. vinha outro e tornava-a para o lameiro dele. De maneira que andavam naquela guerra. barrosão mais atenções do que a O meu pai e outro meu tio foram levar-lhe as própria mulher. E não admira: ela malas à aldeia de Gralhós, onde apanhava a O meu pai dizia-me para ir tornar a água a Ferreiros, é a prima-dona de uma economia camioneta. Eu via tudo a chorar. Até tenho uma que era para aí a um quilómetro da aldeia. Eu punha- agro-pastoril coeva do rei Vamba. imagem engraçada. O meu padrinho voltou me na brincadeira com os outros e esquecia-me. O Adoece ou morre a vaca, desfaz- atrás e subiu ao sobrado, a despedir-se de uma meu pai é que tinha de fazer tudo. Fazia uns socos se o conjunto, ou, para usar a tia minha. Depois ela veio à janela. Chorava. para a família de cabedal e pau de vidoeiro. Nos socos linguagem deles: arde a tenda. Como eu estava habituado a ver as pessoas a durava mais o cabedal que a madeira. Como o pau se Desta interdependência nascem chorar quando lhe batiam, disse cá para mim: gastasse mais depressa era necessário guiá-los como amizades tão fortes que as diziam. pessoas choram quando se vêem - Que data apanhaste!... Meu pai tinha um banco onde carpintava à noite, obrigadas a vender um animal Ela estava a chorar pelo irmão que se ia embora. porque durante o dia tinha que trabalhar na lavoura. doméstico. De par com os textos Meu pai tinha apenas a sorte que lhe coube da Eu sentava-me nesse banco como se fosse um cavalo literários, há uma outra dimensão parte se seu pai, já falecido, porque a minha avó e cantarolava em cima dele. Depois lembrava-me: - que, pelo contexto mais próximo e ainda era viva. E a casa onde vivíamos nem tenho de ir tornar a água a Ferreiros. A minha mãe informal revela outra abertura de sequer era dele. Era de um amigo dele, que dizia-me: - Não vás lá, que chove muito. À noite o espírito e um outro acesso íntimo tinha ido para o Brasil e a deixou ao seu cuidado meu pai perguntava-me: «Foste tornar a água a e envolvente à figura humana, para tomar conta dela. Não pagava nada. A casa Ferreiros?» -Não senhor. Pumba, aquecia-me o pêlo. que está por detrás do escritor. era pobrezita.O meu pai começou então a Escolhemos alguns exemplos que construir a casa dele. Justou os artífices, os Minha mãe dizia: revelam essa frescura natural e serrinhas, os pedreiros. Foram justados a pendor de espírito, quando se molhado. A minha mãe tinha de cozinhar para - Coitadinho, nem mentir sabe!...» refere à sua entrada no mundo aquela gente toda. Para a família e para os dos vivos: operários. Eles metiam-se comigo que, claro, António Chaves ainda era garoto. .
20 Codeçoso *Dr. João Barroso da Fonte Historiador, Escritor e Jornalista “Foram 58 anos de esforço por mim, pelos meus e por aqueles com quem tive o gosto de partilhar os meus SEMINÁRIO DE SANTA CLARA queixumes, os meus fracassos e também bastantes UM ACENO DE SIMPATIA alegrias”. E também desse censor que, dez anos depois, abandonou o sacerdócio. Recuo a 1952 e galgo para 1962, anos da Fez, agora, 58 anos. E dou comigo a ler, neste jornal, um apontamento minha entrada e saída do Seminário que sobre o Padre Borges – um sacerdote exemplar, escrito pelo Arquiteto me espevitaram para o resto da minha Eduardo Varandas. Comoveu-me este belíssimo testemunho porque conheci “esta figura de vida. porte atlético, de ar sereno e cativante”, como padre, como professor e Foram 58 anos de esforço por mim, pelos meus como cidadão. e por aqueles com quem tive o gosto de partilhar os meus queixumes, os meus fracassos Subscrevo tudo o que este arquiteto afirma, não só em relação ao “Dr. e também bastantes alegrias. Vim do meu Borges” como nós o tratávamos, mas todos os outros que conheci, em pátrio Barroso, ingénuo, rústico e pouco dez anos, incluindo quem me trocou as voltas em tão atribulada missão. propenso para o estudo. E o pároco que foi a Reconheço que foi um privilégio para mim – e penso que para milhares primeira pessoa de peso que conheci, de fora de meus condiscípulos – ter frequentado essa Instituição de Cultura e de aldeia, bem me disse que eu não tinha cara de Formação cívica. Ainda esta semana se falou, positivamente, das de seminarista. Que era melhor ser pastor da escolas públicas e privadas. vezeira. Mas meu pai tinha mais nove filhos e Nesses tempos, ir para o seminário era subalternizar os seus alunos em gostava que eu fosse pró seminário. relação àqueles que iam para os liceus. O mesmo se diga em relação às instituições do ensino superior. Em 30 de junho de 1962, entendi sair de vez. Fiz a licenciatura na católica em cinco anos. Mestrado na Universidade Nesse mesmo dia passara de ano. Mas um dos do Minho em três. Aí completei os cinco anos curriculares do Prefeitos lera uns versos que enviei a uma doutoramento. Ainda não defendia tese, mas logo a publiquei e já vai moça, na última viagem que fizera à “Missa com a terceira edição. Nunca me senti inferiorizado quer na pública Nova” de um conterrâneo. Avisou do púlpito quer na privada. que esse versejador deveria ficar em casa, depois das férias, porque os seminaristas não Leio na mesma fonte que a Câmara de Vila Real deliberou construir devem “namoriscar”. Recordei-me do pároco mais um parque de estacionamento nos terrenos do Seminário. É pena, que nunca me incentivou. mas é a lei da vida.
A TERRA E AS GENTES…
Visitar as Terras de Barroso ou passar por cá umas 22 férias, é uma aventura única!.... Por entre uma hidrografia rica, constituída em particular pelo principais rios da região, Cávado e Rabagão, floresceram soberbas paisagens e culturas milenares. O megalitismo continua a surpreender por estas bandas, dado não só o grande número de Dólmenes, mas também outras preciosidades que deixaram reminiscências através de Castros, Estradas Romanas e Forais. Nestas terras, que foram também de mouros, exibem-se belos pelourinhos e ainda sobrevivem lendas e tradições sem igual. a Torre do Boi, em Travassos do Rio; a Capela do São João da Fraga ali mesmo no cimo de um fraguedo único no mundo, entre a pitoresca aldeia de Pitões e Outeiro; ou os Fojos do Lobo, locais onde as armadilhas “falavam mais alto” para protecção das vezeiras. O comunitarismo das bonitas aldeias onde a água cristalina ainda se passeia pelas ruas em muitos locais, está bem vincado nos resistentes Fornos do Povo, nas Torres do Boi e no significado das chegas. Também o Couto Misto, ali mesmo ao lado de Tourém, com os privilégios e isenções de antanho, é um caso paradigmático de comunitarismo transfronteiriço. Tudo isto entre muitos outros monumentos edificados e espalhados pelas 25 freguesias e as 136 aldeias e lugares que fazem parte do concelho. Mas para saber mais, é preciso vir até cá e complementar os saberes desta terra, lendo as magnificas monografias disponíveis na Biblioteca Municipal ou no Ecomuseu de Barroso. As populações abrangidas tiveram o privilégio de E depois de vir, pensará sempre em regressar para revisitar tão escolher a nacionalidade espanhola ou portuguesa, singular beleza. depois de viverem em regime de comércio livre, possuíndo pastagens mistas e do cultivo do tabaco. Surpreendam-se pois os visitantes, com as pachorrentas vacas do Barroso a vaguear pelo Larouco, pela Mourela, pelo Gerês ou até em marcha lenta pelas ruas das vilas e aldeias. E quem desejar apostar no fascínio, visite o vasto património arquitectónico da região, donde se destacam o Castelo de Montalegre fundado no século XIII, reedificado em 1331 e requalificado em 2019; o Mosteiro de Pitões das Júnias; a Igreja Românica de S. Vicente da Chã, edificada entre os séculos XI e XIII; o Paço de Vilar de Perdizes; a Igreja de Santa Maria de Gralhas;
23 A TERRA E AS GENTES | ROTEIROS •Castelo de Montalegre - mais do que falar da história deste emblema do património edificado, sugerimos a sua abordagem e daí contemplar praticamente todo o plano envolvente da capital do Barroso. •Serra do Larouco - esta serra, terceira maior de Portugal continental, com uma elevação de 1527 metros, faz as delícias dos aventureiros que procuram uma paisagem panorâmica deslumbrante. A sua estrutura geomorfológica faz deste um local propício à prática de parapente. •Tourém - uma das aldeias mais bem conservadas do concelho de Montalegre, alberga um núcleo do Ecomuseu de Barroso, reconstruído na antiga “corte do boi”. Funciona como Centro Interpretativo da Avifauna da região. •Pitões das Júnias - aldeia situada em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, recebeu o primeiro espaço museológico criado nas aldeias. •Cabril - Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês é possível observar elementos de valor universal incalculável. Estes tornam a região singular pela imensa riqueza. Na região são visíveis manchas florestais de grande importância, quer pelo valor ecológico, quer pela riqueza paisagística. •Salto- Instalado numa antiga casa senhorial, que pertenceu ao capitão da aldeia, representante da autoridade e do poder, a nível local, apresentamos Ecomuseu de Barroso – Casa do Capitão. •Paredes do Rio - De actividades agrícolas comunitárias, de que são exemplo a segada e malhada do centeio, o entrudo, o cantar dos reis, a matança do porco, entre muitas outras, em que o sentido de festa da comunidade revela grande cumplicidade e determinação em preservar um património imaterial com um valor incalculável. • Santo André – Piscinas, forno do povo e igreja Matriz. • Gralhas - Igreja Matriz, Capela de Santa Rufina e Trilhos do Larouco. •Vilar de Perdizes- Igreja Matriz, Trilhos e Casa do Paço
24 BELAS VISTAS DE MONTALEGRE PROMOVE COM SEGURANÇA O TERRITÓRIO… Belas Vistas de Montalegre é uma empresa com um conceito inovador que pretende dar rentabilidade aos alojamentos dos emigrantes ou de segunda habitação, fechados durante praticamente todo ano, nuns casos, e todo o ano, em outros, transformando-os em alojamento local. Estes alojamentos reúnem critérios de qualidade definidos pela -Criação de sala de isolamento e protocolo de procedimento para empresa, nomeadamente um elevado nível de conforto e vistas suspeitos COVID; privilegiadas, daí o nome “Belas Vistas de Montalegre”. -Possibilidade de fazer check in remoto; Para além do alojamento local, a Belas Vistas de Montalegre -Acompanhamento 24 horas através videochamada; aposta também em atividades turísticas, nomeadamente Tours -*Disponibilização de tracking de 2 percursos pedestre circulares em 4x4, caminhadas, visitas guiadas, roteiros gastronómicos, passeios cada casa que o cliente pode fazer sem necessitar de a cavalo, bicicletas, animação infantil. Além disto, no período de acompanhamento; verão, Kayaks e paddle. Brevemente iniciaremos a construção de -*Oferta de 1 bicicleta assim como EPI por cada casa alugada; -*Picnic um hotel em Parafita com uma localização privilegiada, mesmo na Belas Vistas; margem da barragem do Alto Rabagão. -*Picnic Tradicional; Prevemos um investimento, após a conclusão de todos os -*Merenda Barrosã (deixada na casa ou enviado por correio para todo projetos, de cerca de 1.5 milhões de euros. A empresa foi o país) reconhecida recentemente com o prémio Investimento 2020 na -*Cozido à Barrosã (deixado na casa ou enviado por correio para todo Gala do Empreendedorismo e das Empresas do Alto Tâmega pela o país) captação de fundos comunitários para o desenvolvimento do -*Churrascada de vitela Barrosã, que poderá saborear utilizando as interior, sendo também reconhecida pelo booking com alta churrasqueiras que existem nas casas; pontuação pelo bom serviço que prestou aos seus hóspedes -*Cabaz agrícola (cesto de vegetais biológicos de produção local) durante 2019. -*Queimada esconjurada Estamos todos a viver um período verdadeiramente fora do - pack com todos os ingredientes para fazer 2 litros de queimada. normal. O ritmo e a escala da pandemia do Covid-19 estão a O nosso foco é quem nos visita, mas o mais importante é promover o causar um impacto sem precedentes no mundo e nas nossas território que nos viu nascer, e nos ajuda a crescer, e partilhar com os atividades também. A base do nosso trabalho é a promoção e nossos hóspedes o que de mais precioso temos, a cultura barrosã que divulgação do território, da cultura local e das suas gentes, sendo vive em cada um de nós! por isso a sua população a maior preciosidade do nosso negócio, Barroso é Belas Vistas de Montalegre e Belas Vistas de Montalegre vive esta é a marca que nos distingue no mercado. Pomos em primeiro para promover Barroso e os Barrosões! Informações e reservas através lugar os Barrosões e queremos dar a conhecer ao mundo esta do 960 202 266 ou [email protected] Saiba mais em cultura comunitária que nos baliza. www.belasvistasmontalegre.com e siganos nas redes sociais. Neste momento, a empresa detém já o selo “Clean and Safe” e já * Preferencialmente, os serviços, quando pretendidos por clientes Belas desenhou o seu protocolo de boas práticas por forma a prevenir a Vistas, devem ser adquiridos antes da data de check-in por forma a propagação do vírus COVID19 por parte de quem nos visita. O ficarem disponíveis na casa que alugaram. selo “Clean & Safe” é uma distinção criada pelo Turismo de Portugal, que exige a implementação de um protocolo interno nas empresas que, de acordo com as recomendações da DIREÇÃO- GERAL DA SAÚDE, assegura a higienização necessária para evitar riscos de contágio e garante os procedimentos seguros para o funcionamento das atividades turísticas. Focamo-nos em criar uma oferta diferenciadora a quem visita o “Reino Maravilhoso” sem que isso constituía um risco, quer para quem cá vive, quer para quem nos visita. Estamos aptos, estamos prontos, temos novidades nos serviços que disponibilizamos e esperamos por si para nos visitar e para divulgar a nossa empresa e o nosso território! A nossa nova oferta conta com: -Aluguer de casas de Turismo Rural em várias aldeias do concelho; -Todas as reservas incluem cesto de Pequeno-Almoço; -Disponibilização de Safety pack em todas as casas;
correiodominho.pt 23 de Março 2020 25 AS PANDEMIAS DAS NOSSAS VIDAS 3 Desde a Peste Antonina no século II até aos nossos dias Desde que os seres humanos ocuparam o mundo, as doenças passaram também a existir e a espalhar-se entre a sociedade. Apesar de surtos de determinadas doenças ocorrerem com frequência, apenas algumas chegaram ao patamar de uma pandemia. É o caso do corona vírus que vai atentando o mundo. Como a situação actual parece estar longe do fim, a doença mundial mais recente tem provocado milhares de mortes, ainda assim, não há uma previsão de quantas perdas teremos até ao final desta pandemia. Por enquanto, não estamos perante a mais letal já vista na história. Mas para que os leitores tenham uma visão histórica das pandemias que atentaram contra as vidas da humanidade, aqui fica uma resenha das mais famosas e mortais pandemias que o mundo já viveu nesta coluna especial que reuniu os principais exemplos vividos a nível global – desde a Peste Antonina até a Covid-19 – em dois formatos: um infográfico e o texto com a explicação de cada uma. Confira: Peste Antonina (165-180) – 5 milhões de mortes Considerada a sétima pandemia mais mortal da história, a Peste Antonina tem relatos de surgimento no antigo Império Romano, com a volta de soldados que foram lutar no Oriente Médio. Devido à falta de maiores relatos da época, não é possível saber com precisão as informações de sintomas e disseminação, mas existem teses que indicam ser varíola ou sarampo. A imprecisão não elimina o fato de ela ter sido uma das piores doenças que o mundo já viu, ao ter 5 milhões de vítimas fatais estipuladas – uma delas, inclusive, foi Marco Aurelio, irmão adotivo do imperador Lucio Vero. Praga de Justiniano (541-542) – 30-50 milhões de mortes Na capital do Império Bizantino, Constantinopla, ratos chegavam em barcos mercantes de várias outras localidades. Os animais tinham pulgas contaminadas, as quais passavam a infectar também os seres humanos. A Praga de Justiniano foi a quarta maior da história, ao vitimar entre 30 e 50 milhões de pessoas. O próprio Imperador Justiniano I chegou a contrair a doença, mas conseguiu sobreviver. Epidemia de Varíola Japonesa (735-737) – 1 milhão de mortes A civilização japonesa passou a expandir os seus produtos com práticas de intercâmbios com outras sociedades asiáticas. Em meio a esse contexto, no ano de 735, um pescador japonês contraiu a doença na Coreia e a levou até a cidade de Dazaifu. A chamada Varíola Japonesa se espalhou com imensa velocidade entre a população local e gerou 1 milhão de mortes – o número representaria aproximadamente um terço das pessoas na ilha. Peste Negra (1347-1351) – 200 milhões de mortes Não é por um acaso que a peste bubônica desta época ficou tão famosa até os dias atuais. Ela ganhou o nome de “Peste Negra” e foi a maior pandemia já vista no mundo, em dois âmbitos: a mais mortal – 200 milhões de pessoas perderam a vida – e uma das mais duradouras – quatro anos. O início do surto teria ocorrido na Ásia Central, com o transmissor também hospedado em pulgas presentes nos ratos. Por meio dos barcos de comerciantes, teria se espalhado pela Rota da Seda até alcançar a península de Crimeia – disputada atualmente por Rússia e Ucrânia – e, posteriormente, devastar todo o continente europeu. Estima-se que entre 30% e 60% da população da Europa perdeu a vida devido à pandemia. O “Velho Continente” precisou de cerca de 200 anos para reestabelecer o seu nível habitacional. Varíola (1520) – 56 milhões de mortes Considerada a segunda pandemia mais letal da humanidade, a Varíola teria causado 56 milhões de óbitos e devastou até 90% da população nativa do continente americano, segundo estimativas. Ela foi trazida ao México pelos espanhóis e, devido ao fato de ser desconhecida ainda pelos moradores da América, teve efeito devastador. A doença, inclusive, é tida como fator determinante na queda do Império Azteca.
correiodominho.pt 23 de Março 2020 26 AS PANDEMIAS DAS NOSSAS VIDAS 3 Desde a Peste Antonina no século II até aos nossos dias Desde que os seres humanos ocuparam o mundo, as doenças passaram também a existir e a espalhar-se entre a sociedade. Apesar de surtos de determinadas doenças ocorrerem com frequência, apenas algumas chegaram ao patamar de uma pandemia. É o caso do corona vírus que vai atentando o mundo. Como a situação actual parece estar longe do fim, a doença mundial mais recente tem provocado milhares de mortes, ainda assim, não há uma previsão de quantas perdas teremos até ao final desta pandemia. Por enquanto, não estamos perante a mais letal já vista na história. Mas para que os leitores tenham uma visão histórica das pandemias que atentaram contra as vidas da humanidade, aqui fica uma resenha das mais famosas e mortais pandemias que o mundo já viveu nesta coluna especial que reuniu os principais exemplos vividos a nível global – desde a Peste Antonina até a Covid-19 – em dois formatos: um infográfico e o texto com a explicação de cada uma. Confira: Grandes Pestes do Século XVIII (anos 1700) – 600 mil mortes Da mesma forma que a anterior, aqui consistem nas várias epidemias surgidas durante o século XVIII. Contudo, desta vez, já não havia mais relato de peste bubônica. A doença mais marcante deste período foi a peste russa – ou peste de 1771. Ela teria vitimado uma quantidade de pessoas entre 52 mil e 100 mil somente em Moscou e reduziu um terço da população no local. Cólera (1817-1923) – 1 milhão de mortes A Cólera se disseminou pelo mundo entre os anos de 1817 e 1923 e teve, ao todo, seis pandemias durante esses 106 anos, ocorridas em diferentes localidades do continente asiático. Os fatores responsáveis por essa doença consistem em excrementos humanos sem tratamento e falta de água potável. A Terceira Peste (1855) – 12 milhões de mortes Em 1855, surgiu a terceira pandemia da peste bubônica. Desta vez, ocorreu em Yunnan, na China, ao longo do quinto ano do Imperador Xianfeng, na dinastia Qing. Na sequência, foi espalhada pelo mundo inteiro. Ao todo, a doença matou 12 milhões nesta nova fase. Mas o impacto maior foi na Índia, onde 10 milhões perderam a vida. Esta foi a sexta pandemia mais letal da história. Febre Amarela (fim dos anos 1800) – 100-500 mil mortes Ao longo do final do século XIX, a Febre Amarela gerou várias epidemias tanto na América quanto na Europa. Os cientistas não sabem a sua formação exata, mas estimam que a origem veio da África e a transmissão teria ocorrido de primatas para humanos. A chegada do vírus se deu, também conforme os pesquisadores, quando os barcos de comércio de escravos trouxeram ao continente americano o patógeno e o seu mosquito transmissor – Aedes Aegypti. Gripe Russa (1889-1890) – 1 milhão de mortes A Gripe Russa teve origem no país no ano de 1889 e vitimou um total de 1 milhão de pessoas na época. Segundo os especialistas no campo da medicina, acredita-se ser o vírus H2N2. As estimativas indicam que sua ocorrência partiu de aves. Gripe Espanhola (1918-1919) – 40-50 milhões de mortes A terceira pandemia mais letal da história foi a da Gripe Espanhola. Ela surgiu em meio à Primeira Guerra Mundial e era causada pelo mesmo vírus da gripe H1N1. Estudos indicam que cerca de 500 milhões de pessoas teriam se contaminado na época – aproximadamente 27% da população mundial. Apesar do nome, ela não teria surgido na Espanha, e sim na China ou nos Estados Unidos. A classificação ocorreu devido ao fato de o país europeu ter sido o primeiro a noticiar a doença – como o território não estava em guerra, a imprensa ficou livre para informar devidamente. Uma curiosidade é que o período havia sido o último em que o Brasil aplicou uma quarentena a nível nacional, com o fechamento de escolas e comércio. Essa gripe começou a circular no território nacional em setembro de 1918.
correiodominho.pt 23 de Março 2020 27 AS PANDEMIAS DAS NOSSAS VIDAS 3 Desde a Peste Antonina no século II até aos nossos dias Desde que os seres humanos ocuparam o mundo, as doenças passaram também a existir e a espalhar-se entre a sociedade. Apesar de surtos de determinadas doenças ocorrerem com frequência, apenas algumas chegaram ao patamar de uma pandemia. É o caso do corona vírus que vai atentando o mundo. Como a situação actual parece estar longe do fim, a doença mundial mais recente tem provocado milhares de mortes, ainda assim, não há uma previsão de quantas perdas teremos até ao final desta pandemia. Por enquanto, não estamos perante a mais letal já vista na história. Mas para que os leitores tenham uma visão histórica das pandemias que atentaram contra as vidas da humanidade, aqui fica uma resenha das mais famosas e mortais pandemias que o mundo já viveu nesta coluna especial que reuniu os principais exemplos vividos a nível global – desde a Peste Antonina até a Covid-19 – em dois formatos: um infográfico e o texto com a explicação de cada uma. Confira: Gripe Asiática (1957-1958) – 1,1 milhão de mortes A Gripe Asiática se assemelha à russa em alguns aspectos. Durante sua epidemia, entre 1957 e 1958, ela matou uma quantidade de pessoas similar – 1,1 milhão – na China. Ela também teria surgido do vírus H2N2 – uma variação do Influenza A, com origem aviária – e, segundo alguns autores, a sua origem veio da mutação em patos selvagens com cepa humana existente de forma prévia. Gripe de Hong Kong (1968-1970) – 1 milhão de mortes A terceira pandemia de gripe no século XX aconteceu em Hong Kong. O local foi onde surgiu uma variação na hemaglutinina do vírus Influenza A, o que gerou o subtipo H3N2. Ela se espalhou ao mundo meses depois. A doença se disseminou primeiro ao Oriente Médio e ficou por um tempo na região, até alcançar a Europa. Nos Estados Unidos, o início se deu na Califórnia, de onde passou para todos os estados do país e foi onde ocorreram mais óbitos. HIV/Aids (1981-presente) – 25-35 milhões de mortes Estima-se que o vírus HIV tenha origem de primatas na África central e ocidental, no começo do século XX. Ele é o causador da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e já vitimou entre 25 e 35 milhões de indivíduos na história. O patógeno circula desde 1981 e ainda há quase 40 milhões de pessoas infectadas no mundo inteiro atualmente. 61% das novas infecções aconteceriam da África subsaariana. Antes mais letal, atualmente as pessoas contaminadas podem viver sem a manifestação do vírus devido aos avanços na ciência. SARS (2002-2003) – 770 mortes Primeira doença originária de um coronavírus, a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa) foi identificada no final de 2002, na província chinesa de Guangdong. A sua origem ainda não é confirmada, mas a tese mais defendida consiste no surgimento de morcegos, com transmissão para gatos e, por último, aos humanos. Ela contaminou mais de 8 mil pessoas e vitimou cerca de 770 infectados – uma taxa de mortalidade de 9,63%. A sua disseminação ocorreu em 26 países de continentes como América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia, até ser contida em julho de 2003. Gripe Suína (2009-2010) – 200 mil mortes A famosa Gripe Suína consistiu em uma segunda pandemia gerada pelo vírus H1N1 – o mesmo da Gripe Espanhola. A doença se iniciou em porcos no México e, desde então, foi disseminada para humanos. O aparecimento da doença teria ocorrido na combinação dos vírus das gripes aviária, suína e humana com um vírus da gripe suína euroasiática – fatores que levaram ao seu nome. Algo entre 11% e 21% da população mundial teria se infectado com o patógeno e contraído a doença.
correiodominho.pt 23 de Março 2020 28 AS PANDEMIAS DAS NOSSAS VIDAS 3 Desde a Peste Antonina no século II até aos nossos dias Desde que os seres humanos ocuparam o mundo, as doenças passaram também a existir e a espalhar-se entre a sociedade. Apesar de surtos de determinadas doenças ocorrerem com frequência, apenas algumas chegaram ao patamar de uma pandemia. É o caso do corona vírus que vai atentando o mundo. Como a situação actual parece estar longe do fim, a doença mundial mais recente tem provocado milhares de mortes, ainda assim, não há uma previsão de quantas perdas teremos até ao final desta pandemia. Por enquanto, não estamos perante a mais letal já vista na história. Mas para que os leitores tenham uma visão histórica das pandemias que atentaram contra as vidas da humanidade, aqui fica uma resenha das mais famosas e mortais pandemias que o mundo já viveu nesta coluna especial que reuniu os principais exemplos vividos a nível global – desde a Peste Antonina até a Covid-19 – em dois formatos: um infográfico e o texto com a explicação de cada uma. Confira: Ebola (2014-2016) – 11 mil mortes O Ebola consiste em uma febre hemorrágica gerada pelo ebolavirus. Acredita-se que tenha surgido de animais selvagens e vitimado 11 mil indivíduos, no período entre 2014 e 2016 – apesar de os primeiros casos confirmados terem sido registrados em dezembro de 2013. Com o início em Guiné, na África, a doença chegou na Libéria e Serra Leoa, onde gerou os maiores danos. Sua taxa de mortalidade gira em torno de 57% e 59%. MERS (2015-presente) – 850 mortes Segunda doença proveniente de coronavírus, o MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) teve seu primeiro relato na Arábia Saudita, em 2012. Sua transmissão também se deu de forma zoonótica – de animais para humanos. Cerca de 850 pessoas morreram, em um total aproximado de 2,5 mil contaminados. Ela atingiu 27 países de Europa, África, Ásia e América do Norte e teve como maior característica a alta taxa de letalidade – acima dos 30%. Covid-19 (2019-presente) – mais de 90 mil mortes (09/04/2020) A Covid-19 ainda não possui dados finalizados, uma vez que a pandemia ainda ocorre no mundo e não tem prazo para se findar. Até o momento – dia 9 de abril de 2020 –, a patologia causada pelo novo coronavírus já teve mais de 1,5 milhão de casos confirmados e um número superior a 90 mil vítimas fatais. Somente em 43 dias que chegou ao Brasil, a doença já fez mais vítimas fatais (800 falecimentos) que a dengue (782), H1N1 (796) e sarampo (15) durante todo o ano passado. Apesar de não ter origem definida, os pesquisadores acreditam que o novo coronavírus também tenha surgido de morcegos. No entanto, diferente das duas últimas pandemias do grupo viral, a Covid-19 possui uma transmissibilidade maior que SARS e MERS e uma taxa de letalidade menor – o que não deixa de gerar números grandes, devido ao total de infectados. MÁSCARAS VIERAM PARA FICAR | O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS… As máscaras faciais cobrem as mucosas da boca e do nariz por onde o novo coronavírus pode infectar o corpo humano. O coronavírus espalha-se através de gotículas expelidas a partir do nariz e boca quando uma pessoa infectada tosse ou expira. Quando uma pessoa infectada usa máscara, contém a propagação das gotículas pelo ar, do mesmo modo que uma pessoa não infectada com máscara está a limitar os pontos de entrada do vírus: boca e nariz estão protegidas, mas não os olhos.As gotículas podem atingir a cara de outra pessoa que esteja a menos de um metro de uma pessoa infectada. O vírus pode ainda ser transportado nas mãos se se tocar numa superfície onde tenham aterrado essas gotículas. O novo coronavírus e a maneira como contagia ainda não são totalmente compreendidas e a investigação científica sobre Covid-19 é contínua. Quanto às máscaras, há que dizer que vieram para ficar, em defesa própria e de terceiros…
correiodominho.pt 23 de Março 2020 29 DEMOGRAFIA – EM OITO ANOS, POPULAÇÃ3 O DESCEU EM 265 DOS 308 MUNICIPIOS DO PAÍS Segundo dados recentemente divulgados, entre 2011 e 2019 Portugal “segundo dados do INE, Montalegre registava em 2019 um perdeu cerca de 246.500 habitantes, o que corresponde a uma redução em total de 8.997 habitantes residentes, uma variação de - termos demográficos de 2,34% na população do país. As estimativas são 13,38 % relativa ao período da Tróika em 2011, - 7,57% do INE-Instituto Nacional de Estatística, e significam que em 265 dos 308 relativa a 2914 e -1,02 a 2018. Enquanto isso Boticas, o outro Municípios o número de residentes diminuiu. Municipio da região de Barroso, o número de habitantes O período mais “negro”, ficou marcado pela entrada da Troika no país, em era de 4.998, com variações igualmente negativas de 2011 e as políticas de austeridade seguidas pelo Governo de Pedro Passos 12,22% relativas a 2011, 7,34% relativas a 2014 e 1,21 a 2018”. Coelho e Paulo Portas. A crise levou a uma redução na chegada de imigrantes mas também a um aumento da emigração de portugueses que procuraram oportunidades de emprego noutros países. Outro factor relacionado com estes dados, é que nestes oito anos, se acentuou também uma tendência de perda na população do interior do país, sendo que os concelhos que registaram as maiores descidas no número de habitantes, se localizam praticamente todos no interior, fazendo quase uma \"faixa\" ao longo da fronteira com Espanha. Apesar de tudo, também cidades como Lisboa e Porto registaram uma redução assinalável na população. Na capital o número de residentes encolheu em quase 33 mil pessoas, enquanto na Invicta, os habitantes decresceram em 16.455 pessoas. Quer num quer noutro caso, a pressão dos preços da habitação \"empurrou\" a população para os concelhos da periferia, tendo alguns destes registado aumentos significativos como são os casos de Odivelas, Mafra, Loures, Amadora, Cascais, Oeiras e Seixal no distrito de Lisboa e a Maia no do Porto. Grande Lisboa ganha população, Grande Porto perde… Dito isto, o que se verifica é que dentro do mesmo período, a AML- Área Metropolitana de Lisboa, composta por 18 Municipios, viu a sua população aumentar em cerca de 36.200 cidadãos, fruto também dos inúmeros imigrantes que viram a sua situação regularizada. Enquanto isso na AMP - Área Metropolitana do Porto o cenário é quase Concelhos mais populosos estão mais envelhecidos simétrico, com um decréscimo de 30.700l residentes. Entre os 23 concelhos com mais de 100 mil habitantes o Ainda assim e apesar do aumento na população, a AML conta com cinco peso dos idosos na população aumentou significativamente Municípios a apresentarem um saldo negativo. São eles: Almada, Barreiro, - mais de quatro pontos percentuais em 14 Municípios. Lisboa-cidade, Moita e Setúbal. Lisboa, o concelho mais populoso com 507 mil habitantes, Já dos 17 Municípios que integram a Área Metropolitana do Porto e ainda registou um incremento de 1,85 pontos percentuais, que residualmente, apenas Valongo, Maia e Vila do Conde viram a passando de 26,42% de idosos em 2011 para 28,27% no população crescer, sendo que no caso de Vila do Conde se trata somente ano passado. de mais 35 habitantes, num Município com quase 80 mil residentes. No lote de Municípios acima da centena de milhar de residentes é Braga aquele que apresenta o menor peso de Quase todas as Capitais de Distrito perdem habitantes… idosos na população, com um valor de 17,09%, tendo, Das 18 Capitais de Distrito de Portugal continental apenas os concelhos de ainda assim, visto esta proporção aumentar 4,12 pontos Aveiro e Braga registaram um aumento da população, de 0,8% e 0,3%, percentuais face aos 12,97% de 2011. respectivamente. Nos restantes distritos todas as capitais sofreram perda de habitantes, com Ainda segundo dados do INE, Montalegre registava em destaque para Portalegre, cuja população diminuiu 9,9%, e Guarda 7,5%. 2019 um total de 8.997 habitantes residentes, uma variação de - 13,38 % relativa ao período da Tróika em Um sexto dos concelhos com queda superior a 10%... 2011, - 7,57% relativa a 2914 e -1,02 a 2018. Enquanto São 51 os Municípios – praticamente um em cada seis – que registaram um isso Boticas, o outro Municipio da região de Barroso, o decréscimo superior a 10% na população entre 2011 e 2019. O caso mais número de habitantes era de 4.998, com variações dramático é o de Alcoutim, com uma redução de 23,3% no número de igualmente negativas de 12,22% relativas a 2011, 7,34% habitantes. O concelho algarvio perdeu 657 residentes no espaço de oito relativas a 2014 e 1,21 a 2018. anos, passando de 2.816 habitantes em 2011 para 2.159 no ano passado. No Alentejo são três os Municípios - Gavião, Nisa e Mora – que perderam mais de 15% da população face a 2011. Ainda com quebras superiores a 15% existem mais três concelhos: Almeida, Castanheira de Pêra e Idanha- a-Nova.
correiodominho.pt 23 de Março 2020 30 IMI | FISCO VAI REAVALIAR O PATRIMÓNIO RÚSTICO3 Modelo está a ser desenvolvido com o Instituto Superior de Agronomia e terá em conta a qualidade, capacidade ecológica e geração de serviços de ecossistemas. A Autoridade Tributária e Aduaneira está a dar os primeiros passos para a avaliação do património rústico. O modelo está a ser definido em conjunto com o Instituto Superior de Agronomia e tem em conta a \"qualidade, capacidade ecológica e geração de serviços de ecossistemas\" dos prédios rústicos. A intenção é fazer uma avaliação geral destas propriedades, tal como aconteceu em 2013 com os prédios urbanos, e actualizar o valor patrimonial tributário, que determina o IMI-Imposto Municipal sobre Imóveis que é exigido aos contribuintes proprietários. Para já, está finalizada uma primeira fase de recolha de dados biofísicos, que estão a ser cruzados com informação socioeconómica, segundo o relatório de actividades de 2019 da Autoridade Tributária e Aduaneira já divulgado. Recorde-se que a decisão de avançar com a avaliação dos imóveis rústicos foi inscrita no Orçamento do Estado para 2017 e que a necessidade de actualizar o VPT do património rústico salta à vista quando se olha para a receita do IMI. De acordo com últimos dados, existem 11,5 milhões de prédios rústicos em Portugal, mas a esmagadora maioria da receita do imposto é paga pelos proprietários de imóveis urbanos. Em 2019, a coleta de IMI ascendeu a 1 528 milhões de euros dos quais 1520 milhões de euros foram desembolsados por contribuintes donos de imóveis urbanos HÁ REFORMADOS DA SEGURAÇA SOCIAL E DA CGA A RECEBER PENSÕES ABAIXO DO PREVISTO NA LEI Algumas dezenas de milhares de trabalhadores que se reformaram ou disso, tinha uma outra remuneração de um cargo que ocupava aposentaram pela Segurança Social e pela Caixa Geral de Aposentações que era de 1100 euros/mês, e em relação à qual era obrigado a em 2020, estão a receber pensões mais baixas do que àquelas que por lei descontar para a CGA. têm direito. Como a soma destas duas remunerações ultrapassa a do Em causa, está o facto do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Primeiro-Ministro, a parcela que ultrapassava não foi utilizada no Segurança Social ainda não ter publicado a portaria que todos os anos é cálculo da pensão pela CGA. Uma pensão de cerca de 5970 euros obrigado a publicar, com os coeficientes de revalorização das a que tinha direito se fossem considerados a totalidade dos remunerações com base nas quais se calculam as pensões que são descontos feitos, foi assim reduzida para cerca de 5020 euros”, atribuídas a estes trabalhadores. explica. O economista considera que esta é “uma situação O alerta é do economista, Eugénio Rosa, o qual explica, que em relação insólita” e “mais uma desigualdade que é importante corrigir”. aos aposentados da CGA, “está a acontecer que alguns deles são Fica por isso o alerta aos trabalhadores e aos seus sindicatos, obrigados a fazer descontos para a CGA, que depois, quando se acrescentou à Lusa Eugénio Rosa. Perante este atraso do aposentam, não são considerados no cálculo das suas pensões, recebendo Governo, Eugénio Rosa considera que “este incumprimento da lei uma pensão inferior àquela que receberiam se a totalidades das suas por parte do Governo” prejudica estas pessoas, o que “continuará contribuições para a CGA fossem consideradas”. “Um caso real de um a suceder para os pensionistas futuros enquanto não for médico cuja remuneração base mensal era de 5890 euros e para além publicada essa portaria”.
correiodominho.pt 23 de Março 2020 31 AS SUGESTÕES DE UM BARROSÃO!... 3 CUIDEM DA VOSSA SAÚDE… Por: João Damião EXERCÍCIO FÍSICO O nosso corpo foi feito para andar e caminhar e é, provavelmente, a forma mais importante de exercício que se pode fazer, sobretudo a partir da meia idade. A corrida moderada, mais saudável será ainda, mas em excesso, pode ser até prejudicial, dependendo da idade, da preparação e do esforço despendido. Maratonas de 42 km para pessoas acima doe 60 anos, por mais preparado que se esteja, os vasos sanguíneos podem começar a dilatar excessivamente e será complicado para o sistema cardiovascular, isto segundo a opinião da maioria dos cardiologistas. A marcha: proporciona benefícios do movimento lento e ritmado e, assim, o sistema linfático está a expulsar as toxinas do corpo e a energia a fluir com a flexibilidade dos movimentos. Os alongamentos: o corpo é constituído por músculos, tendões e ligamentos, e, pode funcionar bem, mas com exercício físico, porque sem flexibilidade as energias negativas e as toxinas acumulam-se, provocando formação de toxicidade. A aeróbica- aeróbico significa com ar. Melhora os níveis de confiança e de funcionamento do coração e pulmões. Os maiores benefícios do exercício físico: aumenta o oxigénio das células, o organismo fica alcalino e, nesta situação, as doenças não se instalam. O movimento do fluido linfático aumenta através do corpo, ajudando a eliminação das toxinas. Estimula as células e, deste modo não as deixa morrer. Abre canais de energia que vão reforçar o sistema imunitário e consequentemente evita a vulnerabilidade das doenças. Liberta tensões e o stress, captando energia negativa, deixando os músculos menos tensos e ácidos. Conclusão: exercício sim, mas acompanhado de um bom descanso e uma alimentação correta. Sem um descanso adequado, as células não têm oportunidade de recarregar baterias e de rejuvenescer. A ausência de exercício faz com que os canais da eliminação do organismo se tornem lentos e vagarosos, tal como as pessoas em fase terminal de vida, em que a situação das articulações já não permite a atividade física. Por isso não esqueça, para uma maior longevidade e para uma melhor qualidade de vida, faça do exercício uma obrigação diária, assim como comer e dormir. João Damião
32 12 1 deSetembro 2016 correiodominho.pt Por: Catarina Pereira O xeque-mate da União Europeia Jurista na crise provocada pelo Covid-19 “Apesar de tudo, não se ignoram Nenhum país é inteiramente autónomo e há séculos que a interdependência se os desafios políticos e legislativos a aprofunda e a sobrevivência se tornou mais difícil fora de grandes blocos. que Portugal fica sujeito e o défice A desgraça da UE, com população e PIB idênticos ao dos EUA, resulta dos tecnológico e de recursos humanos nacionalismos que a procuram corroer e de cálculos partidários sobre a tomada do que vai enfrentar. Temos de confiar poder perante a debilidade do bloco económico cuja integração social e política não na capacidade dos políticos que ao foi feita nem tentada. contrário do que seriam capazes Portugal é um país, que quer se admita ou não, deve à Europa e particularmente à os que os acusam por sistema, são União Europeia depois da adesão, a democracia e o desenvolvimento que só quem servidores públicos” viveu a pobreza, a repressão e os desiquilibrios regionais provocados pela ditadura sabe apreciar. As recentes negociações sobre o fundo de recuperação numa época catastrófica, onde a pandemia provocada pelo covid-19 criou um clima de incertezas e acelerou as tendências autoritárias de vários governos, constituem uma arma de arremesso para os que continuam a preferir um país orgulhosamente só ou de Partido único. Felizmente que a Cimeira Europeia de Bruxelas produziu o acordo de fundo para uma recuperação da União que de outra forma não seria possível ou levaria décadas a consumar-se. Um acordo histórico – diga-se!... Pela primeira vez os Vinte e Sete acordaram a emissão de tão vultuoso financiamento e tão elevado montante a fundo perdido, um facto que de sobremaneira vem aliviar a pressão sobre os países mais vulneráveis, submetidos que estão às dívidas soberanas e à necessidade de empréstimos urgentes se tal não ocorresse. É por isso injusto desdenhar o precedente histórico da UE, que prevê um endividamento colossal para injectar ajudas a fundo perdido nos países e nos sectores mais afectados pela crise da pandemia covid-19. Apesar do egoísmo dos países habituais e de não estarem garantidas de forma definitiva todas as decisões tomadas, imagina-se a tragédia que seria o fracasso da longa e dura cimeira da UE. Admiro as bravatas dos que invocam a dignidade para recusar contrapartidas, insultam a generosidade dos contribuintes líquidos, menosprezam os negociadores e esquecem a visão da Sr.ª Merkel, a mais europeísta dos alemães e a mais consciente dos demónios nacionalistas que renascem na Europa. Apesar de tudo, não se ignoram os desafios políticos e legislativos a que Portugal fica sujeito e o défice tecnológico e de recursos humanos que vai enfrentar. Temos de confiar na capacidade dos políticos que ao contrário do que seriam capazes os que os acusam por sistema, são servidores públicos de cuja inteligência, capacidade e dedicação depende o nosso futuro próximo. É essencial que todos os Partidos colaborem, com a sua visão diversificada, para que os vultuosos capitais transformem Portugal num país mais verde, sustentável e igualitário. Obrigado à União Europeia.
33 Marie Oliveira|Paris Portugal teve em 2019 a quinta menor taxa FRANÇA | EMIGRANTES MORREM MAIS… de natalidade com cerca de 8,4 nascimentos por mil habitantes, enquanto o Luxemburgo Entre Março e Abril, o aumento da mortalidade como resultado do registou 10 nascimentos por mil habitantes, coronavírus chegou aos 48% das pessoas imigrantes, enquanto segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo se ficou pelos 22% nas pessoas nascidas em França. Os autores Eurostat. do estudo identificam as condições de trabalho e de transportes e a falta de condições sociais como a explicação dessa disparidade. De acordo com o gabinete estatístico europeu, foram registados 4,2 milhões de nascimentos na UE durante o Os homens e mulheres não parecem iguais perante a morte!... Um estudo ano passado, um recuo de 2,2% face a 2018. A Irlanda do Instituto Nacional de Estatísticas francês, publicado a 7 de Julho, com 12,1 por mil habitantes, teve a maior taxa de mostra que os imigrantes são mais vulneráveis à pandemia que os natalidade, seguindo-se a França com 11,2 por mil, a franceses. O aumento de mortes, em pessoas nascidas no estrangeiro, foi Suécia com 11,1, o Chipre com 10,9 e a Grécia com 10,6. o dobro, em relação às pessoas nascidas em França, no início da No outro extremo da tabela, com as menores taxas de pandemia. Houve 129.000 falecimentos em França, nos meses de março e natalidade estão Itália com 7,0 por mil habitantes, a abril. Um número mais elevado de mortes do que em igual período do ano Espanha com 7,6, a Grécia com 7,8, a Finlândia com 8,3 e de 2019, que se ficou pelos 102.800 falecimentos. Os dois números Portugal com 8,4 por mil habitantes. Já o Luxemburgo reportam-se a mortes independentemente da causa, mas o aumento da registou 10,0 nascimentos por mil habitantes. mortalidade de um ano para o outro está ligada ao aparecimento do coronavírus. Estes números revelam que o aumento da mortalidade nos O Luxemburgo foi o segundo país em que a população nascidos em França é de 22%, enquanto nos imigrantes ela atinge mais mais cresceu - 19,7%, e foi o terceiro país com mais do dobro: 48%. Foi a primeira vez que as estatísticas francesas revelaram nascimentos do que mortes com um saldo positivo de 3,1. dados que já foram observados em vários países. Portugal registou um saldo negativo de -2,5. Em 2020, a população da UE estima-se em 447,7 milhões de habitantes, um recuo de 12,8% face aos 513,5 de 2019 que se explica com a saída do Reino Unido do bloco europeu, a 31 de Janeiro. O Luxemburgo tinha em Janeiro de 2019, 613.900 habitantes e janeiro de 2020, 626.100. A população em Portugal atingia no ano passado 10 276.600 e no início deste ano 10 295.900 habitantes.
34 COM MEDO DE PERDER O EMPREGO EMIGRANTES NA SUIÇA EVITAM FÉRIAS EM PORTUGAL… Marie Oliveira|Paris A pandemia e os eventuais riscos no regresso ao país europeu, mas não da União Europeia está a preocupar muitos emigrantes portugueses na Suíça que preferem não vir de férias a Portugal. desde Março em teletrabalho, temos cumprido à risca as medidas de prevenção e passado o tempo todo em casa. Estamos todos a precisar de espairecer e ir para junto da nossa família, obviamente que continuando a cumprir com as medidas necessárias ao combate do coronavírus\", concluiu. Segundo o Presidente da AACP, o motivo de apreensão dos portugueses estará ligado ao receio de um possível fecho das fronteiras ou a uma imposição de quarentena que os obrigaria a ficar em território português, caso o vírus se prolifere de forma repentina em Portugal. Além das preocupações com a proliferação \"Os portugueses têm medo de perder os seus trabalhos, no caso de do vírus em Portugal, o dirigente acrescenta ainda que os ficarem bloqueados em Portugal. E a maioria não quer correr esse risco\", portugueses se têm queixado da \"falta de comunicação e explicou Nuno dos Santos, Presidente da AACP-Associação de Apoio à informação\" relativamente às medidas adoptadas em Portugal Comunidade Portuguesa na Suíça. assim como as recomendações que devem ser tomadas em conta Se por um lado a grande maioria dos portugueses residentes na Suíça se pelos emigrantes que pretendem viajar. mostra preocupada com os riscos e evolução da pandemia, por outro há Para Manuel Marques, Presidente da Associação dos Portugueses quem não abdique dos velhos costumes de passar férias em Portugal, de Nyon, “apesar da saudade, muitas pessoas não querem ir a movidos pela saudade de quem lá os espera. \"Tinhamos voo marcado Portugal para não porem em risco as suas famílias, principalmente para meados de Julho, compramos os bilhetes após o confinamento, os mais vulneráreis - os mais velhos. Até porque na Suíça o porte quando tudo parecia estar estável. de máscara não é obrigatório. Nunca se sabe o que levamos Temos muitas saudades da família, das idas ao teatro, ao cinema, tudo o daqui\". As consequências da pandemia têm-se feito sentir em que aqui na Suíça nunca fazemos\", afirmou Mariana Mendes residente na todo o mundo e a Suíça não é excepção. Face aos danos cidade de Nyon, na Suíça Francesa. provocados pelo coronavírus, a maioria das empresas fazem os A emigrante, mãe de dois filhos, confessou à Agência Lusa, que este ano, possíveis para recuperar dos prejuízos financeiros deixados pela a família vai para Portugal para ficar durante um mês. \"O meu marido está pandemia. ... FRANÇA | USO DE MÁSCARA PASSA A OBRIGATÓRIA EM LOCAIS FECHADOS to, observando que há \"sinais\" de que a pandemia não vai abrandar. Mas a regra é pouco irregular em locais públicos fechados, o que significa que as coisas têm de ser organizadas\", disse Macron numa entrevista na TF1 e na France 2, em que \"recomendou que todos os nossos cidadãos usassem a máscara tanto quanto possível quando estão no exterior e especialmente, quando estão num local fechado. Refira-se que a França ultrapassou recentemente a barreira das 30 mil mortes atribuídas à infeção provocada pelo novo coronavírus. Até meados de Julho, o uso obrigatório de máscara só se exigia nos Apesar de terem pedido máxima prudência, as autoridades transportes públicos. A partir daí e numa altura em que o país de saúde estão preocupadas com a aproximação do ultrapassou a barreira das 30 mil mortes associadas à covid-19, período de férias, já esta semana que arranca com as Emmanuel Macron mudou de ideias e o uso de máscaras passa a comemorações do feriado nacional de 14 de julho, em que \"obrigatório em todos os locais públicos fechados a partir de 1 de Agos se comemora a Tomada da Bastilha.
35 7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR “SEXTA 13\" VENCE FINAL DISTRITAL Foi sem mácula o triunfo da \"Sexta 13\" - Noite das Bruxas na final distrital das 7 Maravilhas da Cultura Popular. Uma vitória inequívoca dado que esteve sempre na liderança desde o início da emissão da estação pública. O município de Montalegre agradece a todos os que, de uma forma direta ou indireta, contribuíram para este sucesso. Uma palavra de reconhecimento para a Ponte da Misarela, uma digna representante do concelho, e um elogio estendido aos restantes concorrentes. Com este êxito, a \"Sexta 13\" pula para a semifinal do concurso onde irão estar 20 outras iniciativas. A estas irão juntar-se mais oito repescadas. Os 28 semifinalistas serão distribuídos por critérios de proximidade geográfica, em duas semifinais, que irão apurar os 14 finalistas, a realizar nos dias 23 e 30 de agosto. A 5 de setembro é feita a declaração oficial das 7 Maravilhas da Cultura Popular. TEM A PALAVRA A \"Sexta 13\" já é um acontecimento do país e não só do Norte. Tem Orlando Alves | Presidente da Câmara de Montalegre uma importância muito grande para a economia regional que não «Vencemos a primeira eliminatória. Parece-me ser justo. A ”Sexta13” pode ser esquecida. São estes os aproveitamentos que devemos dinamiza a economia da vila, do concelho e da região. A sua importância fazer da cultura. Se o fizermos com competência e qualidade, o repercute-se pelo tecido nacional. Estamos a falar de um evento resultado só pode ser o reconhecimento, como aconteceu». maravilhoso e muito valioso. Tenho toda a esperança e confiança de que, David Teixeira | Vice-presidente da Câmara de Montalegre ultrapassada esta fase, teremos uma próxima fase muito disputada e «Foi um dia bem passado e uma excelente promoção do concelho. É onde a nossa matriz cultural irá permanecer. Não tenho dúvida nenhuma um motivo de orgulho. Uma palavra de reconhecimento para todos disso». os que fazem da cultura do país, do Norte e do nosso distrito, um Jorge Gabriel | Apresentador da RTP motivo de orgulho e âncora do desenvolvimento. Quando «Estivemos rodeados de amigos na divulgação da cultura popular que desaparecer esta identidade passamos a ser todos muito urbanos e muito nos deve orgulhar. a especificidade deste território de montanha deixa de fazer sentido. O reconhecimento a todos os que estiveram envolvidos e que, desde o primeiro dia, constroem a \"Sexta 13\". Montalegre tem o condão de receber bem a agarrar aqueles que nos conhecem e se cruzam no nosso caminho. Uma última palavra para o \"padrinho\" (Tiago Aldeia) que teve uma entrega cheia de altruísmo. Vale a pena ter embaixadores que acreditam, sonham e que se identificam». Texto e imagens: GI da CMMontalegre
36 7 MARAVILHAS DA CULTURA POPULAR “SEXTA 13\" VENCE FINAL DISTRITAL Poucas festas em Portugal conseguem, de modo tão afrmativo Assente na superstição ligada, por um lado ao número 13 onde, e unânime, associar a cultura popular aos desafos da como refere o padre Fontes «Os dias 13 são de azar, assim como contemporaneidade. A “Sexta 13” - Noite das Bruxas, em o número 13. Montalegre constitui, provavelmente, o mais disseminado Estando 13 pessoas à mesa, uma delas morre. É preciso pôr, nem exemplo da reinvenção das tradições populares de Trás-os- que seja uma criança, ou sair um dos comensais” e, por outro, à Montes. sexta-feira em que “às terças e sextas nem urdas a teia, nem A sua essência reside nos serões tradicionais de Barroso, cases a flha», o evento eleva a cultura Galaico-Barrosã ao espaço onde o fadeiro de contos e estórias do arco da velha patamar de grande festa popular. preenchiam as longas noites de invernia. Contos e lendas, A relação com a Galiza é umbilical, plasmada na récita do magia e superstição, trocadilhos e lengalengas eram esconjuro, poema/feitiço com raízes do outro lado da “fronteira partilhados com os mais novos, resultando num processo de viva”, onde o misticismo e a superstição desempenham papel transmissão da sabedoria e cultura popular de Barroso, hoje semelhante no imaginário coletivo. O magnífco espetáculo de em processo de recuperação. Parte desta tradição oral, teatro, que conquista por uma noite o Castelo de Montalegre e o sobretudo ligada à superstição e ao fantástico, foi recuperada centro histórico de Montalegre, é realizado tendo por base contos pelo padre Fontes no início da década de 1980, por intermédio e lendas ancestrais de Barroso e da Galiza e protagonizado por do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes e, companhias teatrais de ambos os lados da raia. posteriormente, transposta para os restaurantes e espaços A economia local e regional são fortemente envolvidas. A públicos de Montalegre dando origem à “Sexta 13” - Noite das hotelaria da região - desde Braga a Chaves - esgota para o Bruxas. evento. Na restauração, a gastronomia tradicional de Barroso A longevidade da “Sexta 13”, associada à sua permanente revela-se aos visitantes: o fumeiro de Montalegre, o cozido reinvenção, preconiza a natureza agregadora e fraterna das barrosão e a cozinha temática são um dos pontos altos da “Sexta grandes celebrações transmontanas. Elementos estruturantes 13” - Noite das Bruxas. do evento como a superstição, o misticismo, a festa como A qualidade e o alcance mediático da festa valeram-lhe ainda fenómeno de exaltação social e contexto de celebração pública outros prémios: Prémio Revelação do Ano, em 2009, e Melhor mas, principalmente, um curioso sentimento de afrontação a Evento Público, em 2010 e 2012. Em 2019, a “Sexta 13” foi todas as formas dogmáticas de olhar a vida, moldam a sua certifcada como EcoEvento, pela Environment Global Facilities matriz identitária.
37 ESTADO ASSINOU 16 CONTRATOS PJ DETÉM DOIS HOMENS SUSPEITOS PARA EXPLORAÇÃO DE MINAS. DE ATEAREM FOGOS EM MONTALEGRE ENTRETANTO CONTINUA POR PUBLICAR Dois homens foram detidos pela Polícia Judiciária suspeitos de atear dois NOVA LEI PARA O SECTOR MINEIRO E incêndios florestais no concelho de Montalegre, anunciou esta força policial. Em PROSPECÇÃO DE LITIO FICOU DE FORA comunicado, a PJ de Vila Real explicou que deteve um homem de 62 anos, agricultor, \"fortemente indiciado\" de ter ateado um incêndio em área florestal na localidade de Tourém, em 29 de Abril passado, o qual consumiu uma vasta área florestal constituída por mato e pinheiro bravo. \"O foco de incêndio colocou em perigo uma mancha florestal, constituída por mato e povoamento de pinheiro bravo, de valor consideravelmente elevado, que apenas não foi consumida devido à rápida intervenção dos bombeiros\", explica ainda. A Secretaria de Estado da Energia, tutelada por João A PJ anunciou também a identificação e detenção de outro homem de 68 anos, Galamba, confirmou que o Estado assinou, já este agricultor, suspeito de ter ateado outro incêndio em área florestal na localidade ano, um total de 16 contratos com entidades de Ponteira. Este incêndio ocorreu em 22 de Fevereiro deste ano e consumiu privadas para prospecção ou exploração de recursos igualmente uma área de mancha florestal constituída, maioritariamente, por minerais, antecipando-se à publicação de nova mato e pinheiro bravo, \"de valor consideravelmente elevado\". legislação para este sector, que prevê maiores Os dois detidos foram presentes no Tribunal para interrogatório judicial, seguindo restrições de natureza ambiental ao exercício da o processo o trâmites normais para apuramento de responsabilidades. atividade. ... O Gabinete de João Galamba, adiantou que nove dos contratos promovidos pela Direção-Geral de Energia AUTARQUIA RENOVA FROTA AUTOMÓVEL… e Geologia dizem respeito a trabalhos de prospecção de quartzo e de minerais metálicos - ouro e cobre, entre outros.Relativamente aos sete contratos de exploração, destinam-se todos à extração de minerais não metálicos, como caulino, feldspato ou quartzo. Prospeção de lítio ficou de fora Ainda segundo a Secretaria de Estado da Energia, nenhum dos contratos se refere a lítio, cuja possível prospecção tem gerado sucessivos protestos, nomeadamente em Boticas e Montalegre. Promotores decidem O anúncio desta nova aquisição foi feito na página oficial da autarquia barrosã. Trata-se de “iniciar um processo anual de substituição das viaturas de carga Num pedido de esclarecimento ao Governo usadas no território acidentado do concelho, sobretudo nos serviços de águas e entretanto tornado público, o Bloco de Esquerda saneamento”, referiu o Presidente Orlando Alves, acrescentando que apesar do alerta que o lítio pode ser adicionado à lista de investimento feito - cerca de 30 mil euros, a nova viatura vai “gerar poupança minerais, já que uma vez na posse da licença de para os cofres da autarquia em relação às antigas viaturas”. prospecção, os promotores privados podem solicitá- lo.
38 BUSCAS NO MUNICIPIO… A Polícia Judiciária fez no passado dia 8 de Assim, o arguido tem o direito de estar presente em todos os actos processuais Julho uma busca na Câmara Municipal de que lhe disserem respeito, de ser ouvido sempre que tenha que ser tomada Montalegre e constituiu arguidos o Presidente qualquer decisão que o afecte, de ser informado dos seus direitos antes de e o Vice-Presidente, anunciou a autarquia. prestar declarações, dos factos de que é suspeito e de não responder a Em comunicado, a Câmara de Montalegre revelou perguntas sobre esses factos. Tem ainda direito a ser assistido por um que a Policia Judiciária se deslocou aos Paços do defensor, de apresentar provas e de apresentar recurso de decisões que lhe Concelho com \"o objectivo de cumprir um mandado sejam desfavoráveis. de busca e apreensão\". O arguido tem por outro lado o dever de se apresentar perante o Juiz, o BUSCAS EFECTUADAS \"NO ÂMBITO DE UM Ministério Público ou a Polícia sempre que para tal for convocado, de se sujeitar PROCESSO DE DENÚNCIAS“… às diligências de recolha de prova, e de não mudar de residência nem dela se Sem identificar o tipo de processo em investigação, ausentar por mais de 5 dias sem antes comunicar a nova residência ou o lugar a nota acrescenta que este foi \"emitido no âmbito onde pode ser encontrado. de um processo iniciado com uma denúncia\". E O TIR-TERMO DE IDENTIDADE ERESIDÊNCIA?!... No comunicado, assinado pelo Presidente da 1.º ponto: o termo de identidade e residência é de aplicação obrigatória, autarquia, Orlando Alves, este confirmou que foi sempre que qualquer cidadão seja constituido como arguido. constituído arguido, assim como o Vice-Presidente 2.º ponto: é a menos grave das medidas de coacção e pode ser igualmente David Teixeira, estando ambos sujeitos à \"medida de aplicado por um Juiz, pelo Ministério Público e pelas Polícias. Como já se coação menos gravosa“ -termo de identidade e referiu, é de aplicação obrigatória, sempre que alguém for constituído como residência. arguido e consiste, para além da identificação do arguido e da indicação da sua Os autarcas, assim como a Câmara, \"manifestaram residência, em o arguido ficar obrigado a comparecer perante as autoridades total disponibilidade para colaborar com as sempre que a lei o obrigar ou para tal for notificado. Perante o TIR, o arguido autoridades\", acrescenta o comunicado. fica igualmente obrigado a não mudar de residência nem dela se ausentar por mais de cinco dias sem comunicar a nova residência ou o lugar onde possa ser O QUE SIGNIFICA SER ARGUIDO?!... encontrado. Certos efeitos processuais – como considerar-se validamente E TERMO DE IDENTIDADE E RESIDÊNCIA?!... notificado com o envio de notificação postal simples para a residência declarada – decorrem, desde que o arguido tenha prestado TIR, ainda que não Ser arguido, é a designação que em Processo seja pessoalmente notificado. Penal se dá a alguém, que por via de denúncia ou enquanto suspeito da prática de um crime, está a ser objecto de investigação. Nestes termos, o dito suspeito passa a ser constituído arguido pela Policia, pelo Ministério Público, ou por um Juíz. Uma vez constituído como tal, passa a dispôr de um conjunto de direitos e está obrigado a uma série de deveres, prolongando-se uns e outros ao longo do desenrolar do processo.
39 REABILITAÇÃO DA ALDEIA DE CURRAIS OPOSIÇÁO ABANDONA REUNIÃO DE CÂMARA E PRESIDÊNCIA EMITE COMUNICADO E ACUSA-A DE “POLITICA COMEZINHA E DE DENEGRIR IMAGEM DA TERRA” A Junta de Freguesia, a Junta de Compartes e a Câmara Municipal, Instituições que têm pela frente mais um importante projecto comunitário - a Praia Fluvial da Freguesia, que se encontra em bom desenvolvimento, é um projecto da Freguesia que deve unificar vontades dispersas e com vista ao seu desenvolvimento multifuncional; que pretende ir mais longe do que ter uma simples praia fluvial, por enquanto a traduzir-se na melhoria de acessos ao \"Salão Nobre\" da Freguesia e que é a Península do Penedo da Veiga\" em Currais. Na verdade, está em gestação um projecto que pode e deve dar expressão a um Parque da Aldeia/Freguesia que contemple actividades económicas de desenvolvimento local e o tornem sustentável no contexto sub-regional. Face à situação de pandemia em que vivemos, a obra relativa aos acessos será provavelmente inaugurada em 2021. CABRIL | SEGADA DO CENTEIO Segundo comunicado do PSD-Montalegre, os seus representantes terão perguntado ao Presidente da Câmara, o que é que veio fazer a Polícia Judiciária à Câmara de Montalegre no passado dia 08/07/2020; adiantando que na sequência duma operação de tão grande dimensão e tamanha gravidade. Diz o PSD que, foram efectuadas 33 buscas, por cerca de 60 agentes da Policia Judiciária; apreendidos equipamentos informáticos; quantias monetárias; documentação variada e quatro armas. Ainda segundo o mesmo comunicado, foram constituídos 25 arguidos. Motivo, suspeitas dos crimes de corrupção passiva e activa, participação económica em negócio, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documento. Ao que se sabe, o Presidente do Municipio terá dito O Presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, assistiu no lugar que a Justiça averiguará os contornos e as motivações de \"Currais de Lagoa\" em Cabril, a uma segada de centeio. A iniciativa, em que assentou esta operação, e que não é a ele que promovida pelo Conselho Directivo dos Baldios da freguesia, surgiu no compete – tal como refere o Código de Processo Penal âmbito do projecto Carrejadas, iniciado em 2018, com o apoio do - falar de um assunto que está em segredo de justiça e programa EDP Tradições. Uma acção comunitária agrícola que conta com que por via de tal lhe está vedado qualquer o apoio da Câmara e com a colaboração da comunidade local. No esclarecimento. próximo 8 de agosto realiza-se a malhada e carrejada do centeio.
40 FOGO DE GRANDES DIMENSÕES ENTRE SAPADORES FLORESTAIS DA CIMAT VILAR DE PERDIZES E SANTO ANDRÉ REALIZARAM TRABALHOS DE LIMPEZA DOMINADO POR 150 BOMBEIROS EM GRALHAS… E SEIS MEIOS AÉREOS… Seis meios aéreos e cerca de 150 bombeiros A Brigada de Sapadores Florestais da CIMAT-Comunidade Intermunicipal do combateram um violento incêndio na zona entre Alto Tâmega realizou vários trabalhos de limpeza nas estradas e caminhos Vilar de Perdizes e Santo André, o qual teve duas de acesso à aldeia de Gralhas durante a semana que terminou em 12 de frentes activas e que lavrou com “grande Julho. Os trabalhos foram feitos com o apoio de um tractor destroçador de intensidade”, segundo o Comandante dos Bombeiros mato e máquinas roçadoras, tendo como finalidade diminuir a carga de de Montalegre, David Teixeira. combustível. O fogo atingiu uma zona de “pinhal, castanheiros e Refira-se que a equipa de Sapadores Florestais da CIMAT, que actua de mato” e o vento “forte e irregular” dificultou o forma alternada nos seis Municípios do Alto Tâmega, tem como funções a trabalho dos operacionais no terreno, que só por realização de acções de silvicultura preventiva, ao nível da manutenção e volta das 21H30 do dia 21 de Julho, conseguiram instalação de rede primária de defesa da floresta contra incêndios e apoio dar o fogo como extinto. O alerta havia sido dado às no combate aos fogos florestais, entre outras. 15:33 do referido dia e segundo a página da Entretanto, foram igualmente dados como concluídos os trabalhos de Internet da Autoridade Nacional de Emergência e pavimentação da aldeia, restando apenas concluir o alcatroamento da zonas Proteção Civil, para o local foram mobilizados cerca de acesso, as quais se espera venham a ser concluídas a curto prazo. de 150 operacionais, 40 viaturas e seis meios aéreos. GNR identificou suspeito de ter provocado fogo O Comando Territorial de Vila Real disse, em comunicado, que militares do Posto de Montalegre identificaram um homem de 55 anos, que se encontrava a \"efectuar trabalhos de construção, com uso de uma rebarbadora, que terá provocado o incêndio\". A Guarda explicou que depois de ter sido dado o alerta, os militares deslocaram-se ao ponto de início do incêndio para apurar as possíveis causas, tendo localizado o suspeito que \"informou do sucedido\". Os factos foram remetidos para o Tribunal Judicial de Montalegre. A Guarda Nacional Republicana aproveitou para alertar para que se evitem comportamentos de risco nos espaços florestais e agrícolas e apelou a que, em caso de incêndio, se ligue de imediato para o 112, transmitindo de \"forma sucinta e precisa a localização, a dimensão estimada e a forma de acesso mais rápida ao local\".
41 JUNTA DE FREGUESIA DE GRALHAS PRESTA CONTAS RELATIVAS AO EXERCICIO DE 2019, À ASSEMBLEIA DE FREGUESIA E À COMUNIDADE. O executivo da Junta de Freguesia de Gralhas, após reunião com a Uma vez terminada a reunião, o Presidente da Assembleia de Freguesia, a quem apresentou o balanço das contas Junta mostrou-se muito satisfeito com o modo relativas ao exercicio de 2019 e as viu aprovadas por unanimidade, como decorreram as reuniões e as deliberações das resolveu igualmente convocar a comunidade local através de Edital mesmas saídas, argumentando que o trabalho afixado em pontos estratégicos da freguesia, para uma reunião que desenvolvido nestes primeiros três anos de teve lugar na sede da Junta de Freguesia, no passado dia 26 de mandato, está a vista de toda a gente e apesar de Julho. O objectivo foi dar também a conhecer a esta, os faltar ainda um ano para o seu términus, aquilo desenvolvimentos operados em termos de receitas e despesas que foi feito na freguesia, ultrapassa já o relativas ao ano transacto e ouvir da população opiniões diversas prometido quando da candidatura ao Orgão que pudessem contribuir para o desenvolvimento da freguesia. Superior da freguesia. Ainda assim, disse não ir Na dita reunião estiveram presentes o Presidente da Junta, Alcéu esmorecer e que o trabalho é para continuar, Afonso, a Secretária Isabel Machado, e o Tesoureiro António Seixas, sempre na procura da melhoria da freguesia a que fez uma exposição para a população presente, das diversas todos os níveis. receitas, despesas e do respectivo saldo que transitou para o ano corrente. Relativamente aos números apresentados, às iniciativas da Junta e das obras realizadas, não foi levantada qualquer objecção por parte dos presentes, o que significa que tal como havia decorrido quando da realização da Assembleia de Freguesia, que como foi dito votou as contas por unanimidade, também neste encontro, o voto de confiança nos membros da Junta e no exercício que vêm desenvolvendo, não foi objecto de qualquer contestação. Refira-se a este propósito, que esta iniciativa da Junta de Freguesia, é algo de inédito na governação da freguesia, isto se tivermos em linha de conta que tal desiderato nunca foi prática comum.
42 APOIO SOCIAL- FAMILIAS CARÊNCIADAS AUTARQUIA ENTREGA HABITAÇÕES EM PEDRÁRIO, PENEDONES E TRAVASSOS DA CHÃ… À semelhança do que vem ocorrendo noutros locais e no âmbito do Regulamento de Apoio a Estratos Sociais desfavorecidos, a Câmara de Montalegre entregou as chaves a mais três famílias carenciadas. Desta vez a vida sorriu a familias residentes respectivamente em Pedrário, Travassos da Chã e Penedones, que dessa forma viram as suas condições de habitabilidade melhoradas. O Executivo Municipal, liderado pelo Presidente Orlando Alves, destacou o imenso trabalho que está a ser feito na área social para onde são canalizados anualmente cerca de 200 mil euros. Estas obras custaram aos cofres do Município cerca de 100 mil euros. PEDRÁRIO TRAVASSOS DA CHÃ Quanto a Helena Silva, da aldeia de Penedones, mostrou ser uma mulher feliz, como teve ocasião de o manifestar!... “Estou feliz porque a casa estava muito mal. Chovia em todo o lado. Comuniquei Para o Presidente do Municipio, Orlando Alves, “este ao senhor Presidente. Foi uma pessoa exemplar. Sinto-me feliz investimento insere-se no âmbito das políticas sociais porque agora ficou tudo isto bem”. Já Judite Pereira de Travassos da desenvolvidas pelo Município. Todos os anos canalizamos Chã, não escondeu que a sua casa estava muito degradada. entre 150 e 200 mil euros. Encontramos aqui um casal com “A minha casa não prestava para nada. Chovia em todas as partes. duas crianças. Não tinham condições de independência. Não podia ter a minha neta comigo. Não tinha condições nenhumas. Agora passam a ter. Primeiro, adquirimos a casa velha a um Estava tudo escavacado. Se não fosse a Câmara de Montalegre, barrosão que reside nos Estados Unidos. estava desgraçada da minha vida. Agora sinto-me bem. Tenho a Foi um investimento moroso. Depois fizemos esta minha neta comigo. É um dia muito feliz para mim. Deito-me, durmo intervenção. Temos uma casa digna que merece ter uma e acordo bem-disposta”. família feliz. O investimento foi de cerca de 95 mil euros, nas três habitações recuperadas, mas este é o melhor investimento que a autarquia pode fazer porque é dirigido para as famílias”. “É mais uma investida no \"ataque\" à habitação degradada que, infelizmente, ainda existe. Nestes casos particulares, toda a gente ficou feliz e o investimento valeu a pena!… Para nos, as pessoas estão sempre em primeiro lugar e além disso, estamos a cumprir com o nosso dever e a dignificar a missão do autarca”. Enquanto isso, Lara Moreno, a beneficiária de Pedrário, PENEDONES mostrou-se muito feliz. “Já posso dizer que tenho uma casa para morar com as minhas filhas e com o meu homem. A casa era muito pequena. Agora ficou muito diferente. Gostei muito como a casa ficou. Agradeço muito ao Presidente da Câmara de Montalegre e a quem o ajudou”.
43 SALTO JUNTA DE FREGUESIA PRESTOU CONTAS… ALDEIA NOVA COM NOVO CENTRO A Assembleia de Freguesia de Salto reuniu reúniu para discutir e votar o Relatório e Contas de 2019, apresentados pelo Presidente da Junta, Alberto Fernandes. OBJECTIVO: DINAMIZAR O PAM A Secretária de Estado da Valorização do Interior esteve Os Documentos foram aprovados, por maioria e sem votos contra. O no antigo centro de formação agrícola da Aldeia Nova - Presidente, na sua informação escrita apresentada aos deputados, munido com sete edifícios dispersos por nove hectares - mencionou o serviço prestado aos utentes da Autarquia nos postos onde assistiu à apresentação do projecto do Centro de públicos de Salto e das Minas da Borralha; as medidas tomadas na acolhimento do SIPAM de Barroso, onde se pretende organização do Mercado e Feira Dominical; as obras em curso na instalar um centro de estudo, divulgação, investigação e freguesia; a conclusão do troço de estrada nas Minas da Borralha, do até de degustação dos Sistemas Importantes do saneamento na Bessada, Barreiros e da nova ETAR; a Sede da Junta de Património Agrícola Mundial do Barroso. Um Freguesia – obra já concluída; a limpeza feita nos cemitérios de Salto e investimento que ronda os 900 mil euros à luz de uma Pereira; a limpeza das bermas nas estradas e que continuam; as candidatura ao Programa de Valorização Económica de limpezas das ruas na vila e das aldeias; oo arranjo de muros; Recursos Endógenos. ajardinamentos e limpeza de rio no Torrão da Veiga; o apoio dado a famílias carenciadas e das medidas tomadas devido ao covid, O processo conta também, com o apoio do Instituto nomeadamente a oferta de máscaras; da contratação de arranjo Politécnico de Bragança na área da investigação de urbanístico para canteiro com o brasão da freguesia; o processo do valências. Na comitiva, Isabel Ferreira teve a companhia, Complexo Desportivo de Salto que está a decorrer o prazo de entre outros, do Executivo mMunicipal de Montalegre, do reclamações para aquisição de terrenos pela CMM; a inserção de utentes Ppresidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, e do RSI em trabalhos na freguesia; o apoio dado em todo o material de do Secretário-Geral da ADRAT, António Montalvão limpeza à Escola de Salto e à Unidade de Saúde local; repovoamento de Machado. A candidatura para o financiamento deverá ser trutas nos rios da Freguesia; projecto para a Reboreda para tratar do apresentada até final de Setembro. arranjo do Largo da capela. O Presidente apresentou ainda os Saldos das Contas da Autarquia nas Agências Bancárias. No total compareceram Isabel Ferreira, a Secretária de Estado da Valorização do sete membros da Assembleia. Interior, disse “já conhecer o empenho deste território na candidatura para o Património Agrícola Mundial. Tem características únicas e é um orgulho porque justifica a qualidade destes produtos endógenos desta região. O projecto também está muito associado ao programa PROVERE, de valorização dos recursos endógenos, que é tutelado pelo nosso Ministério. Contamos com os autarcas que têm sabido, em parceria com as várias instituições, fazer consórcios com as diversas instituições que pensam estratégias para os territórios. É preciso capacitar os territórios, fixar e atrair pessoas, criar dinâmicas que potenciem o emprego e também, olhar para os recursos endógenos com uma perspectiva de exploração socio-económica. O Governo está empenhado em apoiar esta classificação porque é um orgulho para todos nós”.
44 SECRETÁRIA DE ESTADO DAS COMUNIDADES EM VISITA A VÁRIAS ALDEIAS DO CONCELHO Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, iniciou um périplo pelo concelho de Montalegre com a visita à Casa Albelo do Gerês, situada na aldeia de Outeiro. Um investimento de um casal barrosão que não hesitou em deixar as terras de sua majestade no Reino Unido, para apostar na hotelaria na sua terra. Para Berta Nunes, Secretária de Estado das Comunidades E se tiverem um projecto pensado penso que devem arriscar e tentar concretizá-lo porque pode valer a Portuguesas, “a Casa Albelo do Gerês é um bom exemplo do pena”. Enquanto isso, Orlando Alves, Presidente da Câmara de investimento da comunidade emigrante. Saíram para Montalegre, afirmou que sobre tudo quanto seja apoio á Inglaterra, regressaram e fizeram aqui um alojamento e comunidade emigrante, “a nossa estrutura funciona no restaurante inseridos numa paisagem magnífica. Os nossos espaço de atendimento ao cidadão na sede do emigrantes trabalham, fazem as suas poupanças e investem Municipio. Aí são prestadas todas as informações na sua terra natal. Isso é uma regra na comunidade. É um relativas ao investimento. Abraçamos esta causa para investimento importante para a terra. O turismo é uma oferecer informação para que os nossos emigrantes actividade muito importante para a economia do nosso país”. pensem connosco sobre as oportunidades da nossa terra. Temos potencial. Temos carências. Temos espaço e Já Fernanda Martins, proprietária da Casa Albelo do Gerês, conceitos para revitalizar o território. Só precisamos de afirmou que “temos trabalhado muito bem depois da fase de investimento. Gostávamos que os nossos emigrantes pudessem investir no concelho e estamos cá para ajudar paragem. Nunca pensamos que a retoma fosse tão positiva. nesse processo de rentabilização. A Casa Albelo do Emigramos e arriscamos regressar porque sempre foi o que Gerês é um bom exemplo disso”. quisemos. Aos emigrantes que tenham vontade de regressar e que tenham possibilidades, devo dizer que o façam porque vale a pena investir na qualidade de vida que temos por cá.
45 MONTALEGRE VAI RECEBER EM 2022 A 6.ª EDIÇÃO DE INVESTIDORES DA DIÁSPORA O Presidente da Câmara de Montalegre considerou “muito importante” que este evento seja realizado “numa terra do interior do país”. O 6.º Encontro de Investidores da Diáspora vai realizar-se em “Iremos realizar aqui o Congresso com a pompa que Montalegre, presumivelmente em 2022, depois do repto lançado merece”, garantiu Orlando Alves. O autarca confessou ainda pelo Presidente da Câmara local, que foi aceite pela Secretária de a “satisfação muito grande” por poder receber “gente a Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes. discutir e a pensar”. “É do pensamento e discussão que sai a O autarca de Montalegre, Orlando Alves, desafiou a governante a luz e do cruzamento de ideias é que sai o investimento”, realizar, nesta localidade, uma edição do Encontro de Investidores da apontou. Diáspora, durante a assinatura de protocolos relativos à criação dos Refira-se que a 5.ª edição do Encontro de Investidores da GAE-Gabinetes de Apoio aos Emigrantes do Alto Tâmega e Barroso. Diáspora está prevista para Fátima, no concelho de Ourém, Berta Nunes explicou que a 5.ª edição do evento deverá decorrer em no Centro Pastoral Paulo VI, em finais de julho de 2021 e Julho de 2021 em Fátima, no distrito de Santarém, mas concordou que os Encontros de Investidores da Diáspora, que se que a próxima edição se realize em Trás-os-Montes e no concelho de realizam anualmente desde 2016, visam disponibilizar aos Montalegre. empresários portugueses no estrangeiro o acesso a O Presidente da Câmara considerou “muito importante” que aquele informação sobre as políticas públicas de apoio ao evento seja realizado “numa terra do interior do país”. investimento existentes em Portugal e facilitar a criação de redes de contacto e de parcerias com os empresários que aqui exercem a sua atividade. Berta Nunes | Secretária de Estados das Comunidades Portuguesas «Há duas novidades importantes para dar visibilidade ao investimento que já existe e para incentivar a novos investimentos. Temos neste processo a marca \"Investidor da Diáspora\" que vamos trabalhar e que será uma forma de certificar os investimentos. Temos, também, o estatuto de \"Investidor da Diáspora\" que está definido no programa. Há um trabalho em conjunto com o Ministério da Coesão e a Secretaria de Estado da Valorização do Interior no sentido de existirem avisos dedicados a investidores da diáspora e majorações nessas candidaturas. É outra forma de atrairmos esses investidores. Queremos incentivar e apoiar. A burocracia tem que ser reduzida e para isso vamos dar formação aos técnicos dos respetivos gabinetes para que possam apoiar da melhor forma quem quer investir. Já estão a funcionar todos os gabinetes dos seis concelhos do Alto Tâmega. Pode ser uma oportunidade para muitos emigrantes que já teriam a ideia de regressar e criar por cá o seu próprio emprego. Aos emigrantes digo que venham porque Portugal é um país seguro nesta fase. Só tem que cumprir as regras tal como os residentes. As fronteiras estão abertas. Sejam bem-vindos e esperamos que venham».
VIAGEM PELAS ALDEIAS E FREGUESIAS 46 DITOS DE ANTANHO SOLVEIRA I Vaca sem manha Solveira é uma freguesia do concelho de Montalegre, com 12,17 km² de área e 154 habitantes E mulher sem fama - Census2011.A sua densidade populacional é 12,7 hab/km². Até ao liberalismo fazia parte da Não vêm de Solveira, Honra de Vilar de Perdizes juntamente com a mesma freguesia de Vilar de Perdizes e Santo Nem de Ardãos ou Nogueira, André. É uma aldeia da região de Barroso onde abundam os vestigios de remotas ocupações Nem dos lados da Ribeira. humanas e onde o sentido comunitário se revela desde logo no Forno do Povo, obra arquitectónica feita integralmente em pedra, na Torre, nos Moinhos comuns e nas cortes e II lamas pertencentes ao Boi do povo. É a mais recente freguesia do concelho de Montalegre e Santo António de Solveira ganhou a independência à custa de Vilar , como Santo André. O topónimo é muito antigo: Acendeu-me esta fogueira; provém do étimo sorbu + aria - sorbaria, planta semelhante ao buxo muito utilizada em obras de marcenaria. Como tal, já se vê que o território desta freguesia foi habitado há muitos Santo António de Vilar, séculos. Aliás, a toponímia circundante certifica-o. Primeiro o sítio das Antas que nos levam até Não ma deixes apagar. à pré-história; depois o próprio assentamento da povoação no Outeiro – altarium; depois o castro do Soutelo, a Cidadonha e finalmente Paio Mantela, uns e outros tradicionalmente III considerados locais habitados. Solveira ao fazer parte da honra de Vilar de Perdizes estava Jarretas de Vilar, abrigada a mandar homens à guarda do Castelo da Piconha, pelo menos até ao reinado de D. Escorna-cruzes de Solveira, João I, mas há quem pense que a obrigação durou até à Restauração. Entre 1841 e 1853 Arriateiros de Santo André, pertenceu ao concelho de Ervededo que foi couto criado por D.Afonso Henriques para o seu E cucos da Ponteira: amigo Arcebispo D. Paio Mendes, em 1132, tal como fizera ao Couto de Dornelas. Deram-me de comer E deitaram-me na eira. IV O vento espalha no chão, As folhinhas d´amoreira, Só não espalha a malicia, A ALDEIA Solveira, embora sendo hoje uma terra muito despovoada, nota-se ter sido uma grande aldeia, onde se destacam algumas construções, como a Igreja, um tanque comunitário, uma curiosa torre sineira, muito utilizada principalmente para noutros tempos, se chamar as vezeiras e os gadinhos. Segundo informações colhidas na aldeia, a torre sineira não se encontra no seu sítio original. Nesta terra, há ainda o forno comunitário do povo para turista ver e fotografar, o cruzeiro, um tanque com uma fonte anexa, uma fonte de mergulho com pátio pavimentado, e o tradicional casario do barroso, algum ainda com a estrutura em pedra das antigas coberturas de colmo. O território desta freguesia foi habitado há muitos séculos. Aliás, a toponímia circundante certifica-o!... Primeiro o sítio das Antas que nos levam até à pré- história; depois o próprio assentamento da povoação no Outeiro – altarium; depois ainda o Castro do Soutelo, a Cidadonha e finalmente Paio Mantela, uns e outros tradicionalmente considerados locais habitados. Solveira ao fazer parte da honra de Vilar de Perdizes estava abrigada a mandar homens à guarda do Castelo da Piconha, pelo menos até ao reinado de D. João I, mas há quem pense que a obrigação durou até à Restauração. Entre 1841 e 1853 pertenceu ao concelho de Ervededo que foi couto criado por D. Afonso Henriques para o seu amigo Arcebispo D. Paio Mendes, em 1132, tal como fizera ao Couto de Dornelas”.
BARROSÕES ILUSTRES 47 JOÃO MARIA CALVÃO DA SILVA JOÃO MARIA CALVÃO DA SILVA Dados Pessoais Nascimento 20 Fevereiro 1952 João Maria Calvão da Silva, barrosão e orgulho desse predicado, nasceu em Solveira, concelho de Morte Solveira – Montalegre Montalegre, em 20 de Fevereiro de 1952. Era filho de Domingos Alves da Silva e de Maria Alves Calvão. De 20 Março 2018 -66 anos origens humíldes, aos 12 anos bateu à porta do Mosteiro de Singeverga, em Santo Tirso, com o objectivo Coimbra de seguir a via monástica. Quatro anos depois foi para Lamego, onde fez o liceu, no Colégio da Ordem Ministro Administração Interna Portugal Beneditina, ingressando a seguir na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Direito, tendo sido um 30 Outubro 2015 aluno tão brilhante, que levou o catedrático professor Mota Pinto, a convidá-lo para seu assistente. Pela Periodo 26 Novembro 2015 mão do seu patrono foi Secretário de Estado ao templo do Bloco Central, PS-PSD. O HOMEM Em 28 de Novembro de 1990, concluíu a sua tese de Doutoramento na histórica Sala dos Capelos da RECORDADO POR AMIGOS Universidade, com a defesa da dissertação: \"Responsabilidade Civil do Produtor\". Foi aprovado com \"distinção e louvor\" por um júri de vedetas nacionais: Rui Alarcão, Magalhães Colaço, Antunes Varela, Pereira Coelho, Orlando Carvalho e Castanheira Neves. Logo após, continuou a leccionar na sua Universidade e a pugnar pela política, como dirigente local e nacional do PSD. Depois da experiência governativa, entre 1985 e 1992, foi Presidente da Comissão de Fiscalização da TAP AIR PORTUGAL e entre 1992 e 1995, foi membro do Conselho Superior do Ministério Público. Ainda neste último ano, voltou à política e foi eleito deputado pelo PPD/PSD, nas eleições legislativas de 1995, passando a integrar a Luís Marques Mendes Comissão de Assuntos Constitucionais Direitos Liberdades e Garantias até 1999. Em 2005, foi eleito membro do Conselho Superior da Magistratura, até 2005. “Tinha com ele uma amizade que mantinha há 30 anos, das duas semanas de férias em que coincidiam todos os Verões no Algarve, de como Calvão, «uma pessoa encantadora», se distinguia da maioria da classe política, por colocar os princípios e os valores acima de tudo”. Sendo um «companheiro muito leal», foi seu vice-presidente quando Marques Mendes foi Ptresidente dos sociais- democratas. E dá relevo ao seu tão conceituado percurso académico, notando que fez dele um homem que dava mais valor ao conteúdo do que à forma, e aliava isso a uma grande cultura - tinha «muito No mundo dos negócios, passou pela administração do Banco Totta & Açores, do Banco Crédito Predial mundo» - sem nunca ser distante, Português, da SIC e da Companhia de Seguros Global. Foi também Vice-Presidente do Centro de Arbitragem frio ou arrogante. «Um óptimo Comercial da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, tendo larga experiência em arbitragens e conversador», Marques Mendes escreveu várias obras de Direito Privado e dos Negócios. Enquanto jurisconsulto, foi um dos autores do refere que tinha em Calvão da polémico parecer que classificou como uma \"liberalidade, por conselho dado a título pessoal\" os 14 milhões Silva um excelente parceiro de treino para o seu espaço de de euros entregues pelo construtor civil José Guilherme a Ricardo Salgado (CONTINUA) comentário semanal na SIC.
BARROSÕES ILUSTRES 48 (CONTINUAÇÃO) O HOMEM RECORDADO POR AMIGOS JOÃO MARIA CALVÃO DA SILVA Orlando Alves A HOMENAGEM DO MUNICIPIO DE MONTALEGRE A TÍTULO PÓSTUMO Calvão da Silva “foi um barrosão ilustre. Um homem académico e Em 2015, foi convidado por Pedro Passos Coelho e aceitou ser Ministro da Administração Interna professor com mérito reconhecido. do XX Governo Constitucional. Logo após e com a queda do mesmo, foi ainda Presidente do Prestigiou a família, a terra e a Conselho de Jurisdição Nacional do PSD até Fevereiro de 2018. Calvão da Silva, viria a falecer em academia a que pertencia. 20 de Março de 2018, em Coimbra, vítima de doença. A 4 de Abril do mesmo ano, foi condecorado Foi um político que também deixa a título póstumo e feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Para além de obra. Um homem que merece ser conceituado jurista, era bem mais do que um académico brilhante, bem mais do que um político lembrado para sempre e foi esse de corpo e alma!... Era um Senhor, um amigo, alguém que nos acolhia como se fôssemos família. contributo que a Câmara de António Pinto Monteiro, também catedrático da Universidade de Coimbra, alguém que desde os Montalegre também quis dar”. anos de juventude teve um percurso quase paralelo ao de Calvão, fala na grande saudade que o amigo lhe deixou. Os dois entraram juntos para o curso de Direito em 1970, formaram-se em ... 1975, fizeram a pós-graduação dez anos depois, em 1990 doutoraram-se, e no final dessa década, eram os dois catedráticos da Universidade. Foram vizinhos muitos anos, jogavam futebol de salão, e houve toda essa pontuação revirada da João Nuno Calvão juventude, que anos mais tarde, é a matéria-prima de quem gosta de se rir. Pinto Monteiro tem dificuldade em escolher entre o jorro de memórias que o assaltam ao pensar em tudo o que “No final deste reconhecimento partilhou com o amigo, mas fala da boa disposição, tão grande que nunca o viu dar pão às guardo um sentimento de profunda angústias. Uma grande argúcia num espírito prático que muito cedo, dado o desembaraço face a alegria e profunda comoção. Vim cá esses estados de melancolia em que se perdem alguns, tinha força de sobra para que a causa muitas vezes ao longo da vida do pública o motivasse. Pinto Monteiro lembra como a sua simplicidade e o jeito de brincar com tudo meu pai. Não compartilhei tanto que fazia, inserindo-se em qualquer meio. Era popular, sabia ensinar sem usar de formalidades, e como gostaria dos amigos e dos os alunos gostavam dele porque era claro e deixava margem para que se divertissem e para que momentos da vinda à terra natal do as obrigações não se transformassem numa chateza. meu pai. Assistir a uma homenagem de toda a aldeia, de todo o A HOMENAGEM NO MUNICIPIO DE MONTALEGRE município e receber os abraços das pessoas que conheceram o meu pai Após a sua morte, o Municipio de Montalegre atribuíu a título póstumo a \"Medalha de é algo que nunca esquecerei. Estou Mérito Municipal“, que o filho do ilustre barrosão, João Nuno Calvão, recebeu e não muito grato a toda a organização e escondeu a importância do acto agradecendo a decisão da autarquia, então representada ao Presidente do Município que pelo Presidente Orlando Alves. A entrega decorreu nma sessão, carregada de emoção e foi colocou de lado a parte política e iniciada com uma missa solene, à qual se seguiu a inauguração de uma rua e um busto, e mesmo não conhecendo o meu pai por fim um almoço convívio que juntou centenas de amigos em volta desta figura entendeu que devia homenageá-lo. proeminente barrosã. Esse calor, numa terra fria, é algo que é inesquecível para mim. Ande eu por onde andar, nunca deixarei de ser um dos de Solveira».
49 LEI QUE ACELERA REGIONALIZAÇÃO JÁ SAÍU EM D.R. | ELEIÇÕES PARA AS CCDR`s REALIZAM- SE EM SETEMBRO… Já foi publicado no Diário da República o Decreto-Lei que muda a orgânica das CCDR-Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional. As primeiras eleições indirectas terão lugar em Setembro. O Governo já publicou em Diário da República o diploma Com esta alteração à orgânica das CCDR, a direcção destas que democratiza a escolha dos Presidentes das Comissões de entidades passa a ser da responsabilidade de um Presidente eleito, Coordenação e Desenvolvimento Regional, organismos responsáveis, coadjuvado por dois Vice-Presidentes, com mandatos de quatro entre outras coisas, pela gestão dos fundos regionais. anos e sujeitos a um limite de três mandatos consecutivos. “As candidaturas para Presidente são propostas por pelo menos 10% Trata-se de um passo no sentido da descentralização, uma intenção dos membros do colégio eleitoral”. de longa data do Executivo. Este é um passo para a descentralização numa altura em que o Mediante este Decreto-Lei, os Presidentes destes organismos, que até Presidente da República já veio explicar que a eleição indirecta dos aqui eram designados pelo Governo, vão passar a ser eleitos de forma Presidentes das CCDR não significa regionalizar. Marcelo Rebelo de indirecta por “um colégio eleitoral composto pelos Presidentes e Sousa é, com efeito, um conhecido crítico da regionalização, mas Vereadores das Câmaras Municipais e pelos Presidentes e membros já garantiu não ter “problema nenhum” com esta medida do das Assembleias Municipais”, incluindo “os Presidentes de Junta de Governo. Além disso, este diploma não traz um reforço de Freguesia da respectiva área territorial”. competências dos Presidentes da CCDR, tal como tinha sido pedido pelo Chefe de Estado. FRANCISCO ASSIS ELEITO PARA PRESIDENTE DO CONSELHO ECONÓMICO E SOCIAL CHEGA “INDICA” JOANA MARQUES VIDAL PARA O CONSELHO DE ÉTICA O socialista Francisco Assis é o novo Presidente do Conselho O Chega propôs a criação de um Conselho de Etica Parlamentar, Económico e Social. O ex-deputado e antigo eurodeputado foi eleito presidido pela ex-Procuradora-Geral da República, Joana Marques pelos deputados com uma maioria confortável. Num universo de 228 Vida. votantes, teve 170 votos a favor, 53 votos brancos e 5 votos nulos. Numa nota enviada à agência Lusa, o Chega justificou esta iniciativa Assis, vai assim com o apoio do PSD, suceder a António Correia de pelo facto de ter sido chumbada, no Parlamento um projecto de lei Campos, o ex-Ministro da Saúde que o PS tinha recandidatado ao do PSD, em que se propunha a substituição da actual Comissão de cargo, mas não tinha conseguido ter os votos necessários a mais Transparência por um conselho independente, com personalidades um mandato. externas à Assembleia da República.
50 DÍVIDA E DÉFICE SOBEM NA ZONA EURO TRIBUNAL REJEITOU PROVIDÊNCIA CAUTELAR PARA TRAVAR IDA DE CENTENO PARA O BP. O Supremo Tribunal Administrativo rejeitou, a providência cautelar do Partido Iniciativa Liberal, que procurou travar a nomeação de Mário Centeno para Governador do Banco de Portugal. “Sendo a nomeação do Governador do Banco de Portugal feita As medidas restritivas da Europa para conter o surto de covid-19 por resolução do Conselho de Ministros sob proposta do Ministro levaram a um défice orçamental de 2,2% do PIB na zona euro no das Finanças um acto político, não estando em causa qualquer primeiro trimestre deste ano, o mais elevado desde 2015. dimensão de legalidade do mesmo e já que a situação jurídica a Também a dívida pública na zona euro subiu para 86,3% do atender tem de ser necessariamente a que está em vigor no Produto Interno Bruto nos primeiros três meses do ano devido às presente momento, é este Tribunal incompetente em razão da medidas restritivas contra a covid-19. matéria para conhecer da presente providência”, referiu a Segundo os dados divulgados pelo Gabinete de Estatísticas decisão do Supremo Tribunal Administrativo sob o assunto em Comunitário, o Eurostat, “no primeiro trimestre de 2020, quando apreço. as medidas de contenção da covid-19 começaram a ser O único deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, amplamente introduzidas pelos Estados-membros”, o défice havia anunciado a 8 de julho, que iria interpor uma Providência orçamental fixou-se em 2,2% na zona euro e 2,3% na União Cautelar para que fosse impedida a nomeação de Mário Centeno Europeia. como Governador do Banco de Portugal antes da conclusão do A dívida pública da zona euro atingiu os 86,3% do PIB no processo legislativo parlamentar sobre o tema. O Partido primeiro trimestre do ano, percentagem que compara com os considera que a nomeação de Centeno é “contrária à lei“, dado 84,1% no trimestre anterior. No conjunto da UE também se que exige que o nomeado cumpre “determinados critérios”, registou uma subida na variação em cadeia, com a dívida pública como a sua “comprovada idoneidade”. O Tribunal entendeu o a passar de 77,7% do PIB no trimestre anterior, o último de 2019, contrário. Tudo tão óbvio que deixa a iniciativa da Iniciativa ao para 79,5% do PIB nos primeiros três meses de 2020. nível da brincadeira. Para não dizer da má-fé… Portugal é o terceiro Estado-membro com maior dívida pública, cifrando-se nos 120% do PIB, só ficando atrás da Grécia com 176,7% e da Itália com 137,6%. Seguemse-lhes a Bélgica com 104,4% e a França com 101,2%. Em sentido inverso, a dívida pública mais baixa registou-se na Estónia com 8,9%, na Bulgária com 20,3% e no Luxemburgo com 22,3%.
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