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O Caminho do Coração, o Aspirante dos Mistérios (excerto)

Published by D'Almeida ©, 2017-06-22 02:55:03

Description: Editor: Apeiron Edições © * Autor: Annie Besant © * Paginação e arte final: D'Almeida Ateliê * Técnica de capa: D'Almeida Ateliê

Keywords: livros de mistérios,annie besant,apeiron edições,d'almeida ateliê,editoras portuguesas

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O Caminho do Coração capitulo I O CONHECIMENTO DO CORAÇÃO I Prefácio “Aprende a discernir o verdadeiro do falso, o efémero do perene. Aprende, acima de tudo, a separar o conhecimento da Cabeça da sabedoria da Alma, a Doutrina do ‘Olho’ da do ‘Coração’.” (H.P. Blavatsky, A Voz do Silêncio) Sob o título de O Conhecimento do Coração publi-camos neste espaço uma série de documentos, compos-tos sobretudo por extractos de cartas recebidas de indi-anos amigos. Estas não são transmissoras de alguma“autoridade”, mas expressam pensamentos que algunsde nós consideram importantes partilhar com todos.Verdadeiramente, elas são apenas dirigidas àquelesque procuram viver a Vida Superior, e que por isso sa-bem que esta vida conduz à entrada na Senda do Disci-pulado sob a orientação daqueles Grandes Seres que atrilharam no passado, e permanecem na Terra a fim deajudar outros a trilhá-la. Os pensamentos destas cartaspertencem a todas as religiões, mas a sua forma e o seusentimento são indianos. A devoção é daquele tipo no-bre e intenso conhecido no Oriente como Bhakti (devo-ção) em que a pessoa se entrega total e incondicional- 9Apeiron Edições |

Annie Besantmente a Deus e ao Homem Divino através de quem Elese manifesta. A Bhakti não tem expressão mais perfeitado que no hinduísmo, e os autores destas cartas sãohindus, acostumados à riqueza luxuriante do sânscrito,esforçando-se em harmonizar o inglês1, mais rude, àsuavidade poética da sua língua materna. A fria e re-servada dignidade do anglo-saxão, bem como a sua re-ticência emocional são totalmente estranhas à efusãodo sentimento religioso que naturalmente emana docoração oriental como o canto da cotovia. No Ocidenteencontramos, aqui e ali, verdadeiros Bhaktas (devotos),como São Tomás, Kempis, Santa Teresa, São João daCruz, São Francisco de Assis ou Santa Isabel da Hun-gria. Mas na sua grande maioria, o sentimento religiosono Ocidente, por mais profundo e verdadeiro que seja,tende para o silêncio e procura ocultar-se. Para aquelesque evitam a expressão do sentimento religioso, estascartas não têm qualquer valor, pelo que não é a elesque elas se dirigem. Passemos agora a considerar um dos mais fortescontrastes da Vida Superior. Todos reconhecem que oOcultismo faz-nos exigências de carácter que requeremnão só uma rígida auto-disciplina como um certo isola-mento. Tanto da parte da nossa muito amada e venera-da Instrutora, Helena Blavatsky, como da parte dastradições da Vida Oculta, aprendemos que a renúncia eo forte auto-controle são requisitos para aquele que há--de transpor os portões do Templo. O Bhagavad-Gitâreitera continuamente o ensinamento da indiferença àdor e ao prazer, do perfeito equilíbrio em todas as cir-cunstâncias, sem que, fora isso, nenhum Yoga verda-1 Nota do Coordenador – Idioma original do livro.10 | Apeiron Edições

O Caminho do Coraçãodeiro é possível. Em teoria, esta faceta da Vida Ocultaé reconhecida por todos, e alguns lutam afincadamen-te para se moldarem a ela; a outra faceta é abordadana Voz do Silêncio2, e exprime-se na simpatia paracom tudo o que sente, na resposta rápida às necessi-dades humanas, na perfeita expressão a que se deu onome de “Mestres de Compaixão”, Àqueles a quemservimos. É para a componente prática e quotidianaque estas cartas dirigem os nossos pensamentos, e éeste aspecto que mais negligenciamos nas nossas vi-das, por mais que a sua beleza e a sua perfeição pos-sam tocar os nossos corações. O verdadeiro Ocultista, que é para si próprio o maissevero dos juízes, o mais rígido dos feitores, é para to-dos o que o rodeiam o mais compreensivo dos amigos, omais gentil dos auxiliares. Conseguir esta gentileza epoder de simpatia deveria, assim, ser o desejo de cadaum de nós, e isso só pode ser alcançado pela incansávelprática desta gentileza e simpatia para com tudo o que,sem excepção, nos rodeia. Todo o aspirante a ocultistadeveria ser a pessoa, na sua própria casa e círculo, aquem todos mais prontamente acorressem quando mer-gulhados na tristeza, na ansiedade, no pecado – segurosde que poderiam contar com a sua simpatia e ajuda.A pessoa mais desinteressante, mais bruta, mais estúpi-da, mais repelente, deveria ver nele pelo menos um ami-go. A ânsia de buscar uma vida melhor, o desejo nascen-te em prol do serviço altruísta, a vontade recém-formadade viver mais nobremente, deveriam encontrar nele al-guém disponível para encorajar e fortalecer, de molde a2 N. do C. – De Helena Blavatsky. 11Apeiron Edições |

Annie Besantque todo o germe do bem começasse a crescer sob a calo-rosa e estimulante presença da sua natureza amorosa. Atingir um tal poder de servir é uma questão de au-to-formação na vida diária. Primeiro precisamos reco-nhecer que o EU em todos nós é um só, de modo quequando entramos em contacto com uma pessoa deve-mos ignorar tudo o que é desagradável da camada exte-rior, e reconhecer o EU entronizado no coração. O pró-ximo passo é realizar em sentimento, e não apenas emteoria, pois o EU está a tentar expressar-se através dosinvólucros que o envolvem e o obstruem, ficando assimdistorcido para nós – a natureza interna é linda. Assim,deveríamos identificar-nos com o EU, que na verdadesomos nós próprios na sua essência, e cooperar na lutacontra os elementos inferiores que sufocam a sua ex-pressão. E já que temos de trabalhar a nossa próprianatureza inferior no contacto com o nosso irmão, a úni-ca maneira eficaz de o ajudar é ver as coisas como eleas vê, com as suas limitações, os seus preconceitos, asua visão distorcida; e vendo-as assim, e sendo a nossanatureza inferior afectada por elas, ajudá-lo no seucaminho e não no nosso, pois só desta maneira pode-mos, de facto, prestar um real auxílio. É aqui que seenquadra o treino Oculto. Aprendemos a afastar-nos danossa natureza inferior para a estudar, para sentir osseus sentimentos, e então, enquanto emocionalmenteexperimentamos, julgamos intelectualmente. Devemos usar este método para ajudar o nosso ir-mão e enquanto sentimos o que ele sente, tal como umdiapasão vibrando na mesma onda, devemos usar onosso “eu” desapegado para julgar, para aconselhar,para estimular, mas só o utilizar sempre que ele estejaconsciente de que é a sua própria natureza superior12 | Apeiron Edições

O Caminho do Coraçãoque se expressa através dos nossos lábios. Temos dedesejar partilhar o nosso melhor; a vida do Espírito nãoé guardar, mas dar. Não raras vezes, o nosso “melhor” éindesejável para aquele a quem procuramos ajudar, talcomo a poesia refinada não é atraente para a criançapequena; então devemos dar o melhor que ele possaassimilar, guardando o resto, não porque sejamos ciu-mentos, mas porque ele ainda não o quer. É exactamente assim que os Mestres de Compaixãonos ajudam, pois para Eles somos como crianças; deforma semelhante devemos procurar ajudar aquelesque são mais jovens do que nós na vida do Espírito.Não esqueçamos que a pessoa que está connosco numdeterminado momento é a pessoa que o Mestre nosdeu para servirmos naquele momento. Se por descui-do, por impaciência, por indiferença, falhamos em aju-dar, falhamos no nosso trabalho para com o Mestre.Muitas vezes, ao esquecermo-nos do nosso dever ime-diato, para nos dedicarmos a outro trabalho, falhamosem compreender que ajudar a alma humana enviada anós é, naquele momento, o nosso trabalho; temos denos lembrar deste perigo, que é o mais subtil, porqueaqui o dever é usado para mascarar o dever, e umafalha de percepção é uma falha na realização. Não nosdevemos prender a nenhum trabalho específico; deve-mos trabalhar sempre, mas com a alma livre e “aten-ta”, pronta a captar o mais leve sussurro d’Ele, quepode precisar de nós para socorrer algum desvalidoque Ele, através de nós, quer ajudar. A severidadepara com o eu inferior, acima mencionada, é um re-quisito para esta ajuda, pois só aquele que se esquecede si próprio – indiferente à dor ou ao prazer – é sufi-cientemente livre para dispensar ajuda e simpatia aos 13Apeiron Edições |

Annie Besantoutros. Não precisando de nada, pode dar tudo. Semapego a si próprio, torna-se a encarnação do amor pa-ra com os outros. No Ocultismo, o livro da vida é o único que chama anossa atenção. Estudamos outros livros apenas por queprecisamos de viver. O estudo, mesmo das obras Ocul-tas, é apenas um meio de espiritualidade se nos esfor-çarmos em viver a Vida Oculta; é a Vida e não o conhe-cimento, é o coração purificado e não uma cabeça bemarrumada, que nos leva aos pés do Mestre. A palavra“devoção” é a chave para todo o verdadeiro progresso navida espiritual. Se no trabalho procuramos não o sucesso gratifican-te mas o crescimento do movimento espiritual, o serviçodos Mestres e não a nossa auto-satisfação, não podemosdesanimar com as falhas temporárias, nem com as nu-vens que pairam sobre a mortalidade que possamosexperimentar na nossa vida interior. Servir por amorao serviço, e não pelo prazer que temos em servir, édecididamente um passo à frente, pois começamos aganhar o equilíbrio, esse equilíbrio que nos potencia aservir com alegria, tanto no fracasso como no sucesso,tanto na escuridão como na luz interior. Quando domi-namos com sucesso a personalidade e sentimos um realprazer em trabalhar para o Mestre, mesmo que sejadoloroso para a natureza inferior, o próximo passo éfazê-lo de forma plena e amorosa, mesmo quando o pra-zer desaparece e toda a alegria e luz estão obscureci-das; por outro lado, ao servir os Grandes Seres, pode-mos estar a aproveitar-nos do serviço para obter algod’Eles, em vez de o fazer por puro amor. Ao prevaleceressa forma subtil de egoísmo – se as trevas continua-rem a cercar-nos e nos sentirmos mortos e sem espe-14 | Apeiron Edições


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