Contos do Cerrado

Igor Ferreira Barboza Contos do Cerrado A ciência e o Místico



Igor Ferreira Barboza Contos do Cerrado A ciência e o Místico 1ª Edição São Paulo ­ SP



Sinta o vento arrancar suas folhas e chacoalhar seu centro, veja a chuva vir e lhe deixar encharcado, sinta o frio castigar sua estrutura Tudo isto irá lhe transformar, renovar e limpar, cabe a você escolher como irá florescer novamente. Lembre­se que após tudo isto você continua de pé sendo banhado pelo sol!! Para todos aqueles que não se contentam com o conhecido.

Tudo começa em meio a uma pandemia mundial que com certeza mudou radicalmente seu rumo técnico e prático, inicialmente tinha a intenção de fazer as capturas deste livro na cidade de São Roque de Minas em Minas Gerais, aos pés da Serra da Canastra, lugar que já conheço e tenho bastante familiaridade. Porém, com a cidade fechada ao turismo e o Parque Nacional da Serra da Canastrasem previsão de abertura foi preciso mudar os planos me levando para Goiás, mais precisamente na cidade de Chapadão do Céu. Foram onze horas e cinquenta e oito minutos de viagem entre São Paulo e Chapadão do Céu onde permaneceria por treze dias para a elaboração de Contos do Cerrado, um misto entre o documental e o místico, que permeia este importante bioma Brasileiro com o objetivo de trazer conhecimento para, assim, gerar preservação. Ao todo foram percorridos três mil quinhentos e setenta e três quilômetros de carro em sessenta e cinco horas, oito minutos e cinquenta e três segundos. Foram dados também aproximadamente centro e trinta e quatro mil, setecentos e setenta e sete passos durante as capturas com uma média de dez horas por dia em campo aberto. Por meio de fotografias capturadas nos arredores do Parque Nacional das Emas, o livro evidencia a beleza natural e cultural da região, mas também retrata imagens fortes associadas a degradação deste meio devido a intervenção humana. Primeiramente, expondo a fauna e flora emtoda sua imponência e beleza, objetiva­se conquistar as pessoas para que elas tenham o interesse de conhecer o Cerrado e, acima de tudo, lutar por sua preservação. Em paralelo, serão mostradas imagens da mesma fauna e flora destruídas, para que, esseconflito entre o preservado e o degradado, desperte nas pessoas a mesma necessidade deconservação deste Bioma tão importante e rico.



Sumário As Águas............................................................................................................................. 9 O Fogo................................................................................................................................. 12 O Ar..................................................................................................................................... 16 A Terra................................................................................................................................ 18 As Paisagens...................................................................................................................... 20 A Fauna............................................................................................................................... 32 A Bioluminescência........................................................................................................... 54 O Lobo: Rei do Cerrado.................................................................................................... 56 Os Perigos Mortais............................................................................................................ 64 Agradecimentos................................................................................................................. 76

As Águas Segundo o Ministério do Meio Ambiente o Cerrado é Devido a sua geografia de planaltos na porção central no Brasil, responsável por 22% do território nacional somando o bioma é uma das mais importantes fontes de água para o uma área de 2.036.448 km², abrigando não só uma grande país. Não é à toa que o Cerrado é conhecido como o berço das variedade endêmica mas também as nascentes de três águas do Brasil. Na bacia do São Francisco, por exemplo, o das maiores bacias hidrográficas da América do sul Cerrado contribui com quase 90% da água para rio. Da região (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata).O Cerrado é um também depende a recarga de três grandes aquíferos: Bambuí, complexo de formações vegetais, que inclui campos naturais, Urucuia e Guarani. Quando se desmata o Cerrado savanas, veredas e florestas com a presença de rios, córregos e compromete­se os recursos hídricos, que são fonte de água para cachoeiras. 25 milhões de pessoas que vivem no bioma. 09





O Fogo Podendo ser de origens naturais como: Descargas elétricas, combustão espontânea ou até mesmo proveniente do atrito dos animais com a mata seca, o fogo é um dos elementos cruciais para o ciclo de regeneração do Cerrado. Quando este acontece naturalmente e na época correta contribui para a germinação das sementes e elimina a vegetação seca acumulada que acaba se tornando um perigo nas estações secas prevenindo assim grandes queimadas e contribuindo para todo o ecossistema que se beneficia do alto poder de regeneração do Cerrado que logo após a queimada rebrota e assim atrai diversos animais que se aproveitam desta vegetação nova. Mas assim como é importante, o fogo também é um problemas enfrentado quando constatamos que o avanço do agronegócio sem uma conscientização visando evitar as queimadas irregulares que muitas vezes saem de controle e destroem a fauna e flora local é cada vez mais constante no bioma, mas não é o agronegócio o único responsável por estas queimadas fora de épocas, motoristas e turistas que deixam bitucas de cigarro, garrafas entre outros lixos que agravados pela seca natural de parte do ano e pela vegetação de fácil combustão agravam a situação deste que é o segundo bioma com a maior intervenção humana trazendo consequências para todos que habitam o Cerrado sejam eles fauna, flora ou homem. 12





Devido as queimadas que assolaram a região centro­ oeste do país durante o mês de setembro de 2020 pude presenciar uma atmosfera quase marciana, de um tom avermelhado, que fez o sol ficar com aspecto de pôr­ do­sol às 15h17m do dia dezessete de setembro de 2020.

O Ar Com verões chuvosos e invernos secos o Cerrado possui suas duas estações bem definidas, com precipitações tendendo a ser bem semelhantes em todo o bioma, mas de temperatura totalmente variável devido tanto a variedade de altitude presente na sua vasta área que variam desde locais abaixo dos 300m de altura até as vastas chapadas com altitudes variando entre 900m e 1.600m, assim como o fato de se estender em diversas latitudes. Com um inverno brando com poucas ou nenhuma geada o cerrado sofre de uma estiagem bem rigorosa entre os meses de agosto e setembro e a partir do mês de julho está sujeito as queimadas, sejam elas naturais ou ocasionadas pelo homem, e neste período de inverno brando e seco temos a possibilidade de termos o fenômeno conhecido como redemoinhos de poeira que são ocasionados principalmente pelo tempo seco e altas temperaturas. Por se dar na época de estiagens o redemoinho de poeira também está propicio a ocorrer em meio as queimadas, potencializando assim sua propagação e ferocidade Já no verão, que ocorre entre outubro e março temos um grande volume de chuva, em média 1500mm, semelhante em toda a faixa do cerrado que faz com que sejam registradas as menores temperaturas do ano. Também somos agraciados pela bioluminescência que ocorre no começo do período chuvoso e também é nesta época que temos a maior regeneração da flora que ao menor sinal de água floresce e renasce de suas cinzas.



A Terra O solo do cerrado carrega sobre ele o seu passado, através das colheita que virá quando as chuvas e a ajuda humana para pegadas deixadas pelos inúmeros animais que caminham atrás fertiliza­lo esteja pronta, alimentando e sustentando o homem de alimentos, refúgio ou um parceiro para procriar. Também que lá vive e dele tanto necessita. das fezes destes mesmo animais que se alimentam da variada Predominantemente arenoso e vermelho, este solo tão antigo flora que nele prospera e que para ele mesmo retorna em forma foi minado de nutrientes durante o tempo, mas com os avanços de substratos para as germinações futuras, carrega também o tecnológicos tornou­se fértil através do controle de sua acidez e seu presente, através da coruja que aproveitando de seu solo de uma adubação específica. Sendo possível agora cultivar fofo consegue fazer sua ninhada e aguardar para ver seus principalmente a soja, milho, algodão, cana­de­açúcar e até filhotes nascerem, do solo para os céus, assim como o tatu que mesmo de outras plantas frutíferas como a manga, laranja, se alimenta e cava seus buracos neste mesmo solo fértil, e abacaxi, etc. também carrega o futuro seja este nos ovos da coruja ou na 18

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As Paisagens As paisagens desta imensa e rica savana vagueiam entre os imponência e beleza quando avistadas sem esperar. campos com suas belas arvores retorcidas, matas densas Suas árvores nos tiram o folego, sejam aquelas belas e solitárias próximas aos rios, extensos campos de vegetação rasteiras que que dão um charme a parte na paisagem presente nas se somam aos cupinzeiros e também fazendas a perder de vista pastagens que se destacam a vista devido a serem as únicas em com suas plantações e alta intervenção humana contrastando quilômetros ou as retorcidas, aglomeradas e fortes que com sua flora natural. desenham belos emaranhados naturais ao pôr­do­sol, nos Predominando­se de planícies a vista se perde ao longe em suas fazendo lembrar das descrições que acreditávamos ser parte estradas e nas áreas de vegetações rasteiras, porém também apenas dos contos de fadas que nos falavam de bosques cheios temos as chapadas que por sua altitude elevada mostra de belas árvores banhadas ao sol. 20

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Fim de tarde visto da beira de um campo de colheita nos arredores de Chapadão do Céu com uma faixa de Cerrado margeando um rio ao centro e o céu carregado de fumaça.

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Árvore solitária nos campos das Fazenda do Formoso

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Belo pôr­do­sol visto na entrada Gaurda do Bandeira no Parque Nacional das Emas.

A Fauna Caracterizado por ser lar da maior biodiversidade do mundo, o Biodiversidade apontaram que aproximadamente 130 destes cerrado abriga cerca de 320.000 espécies que segundo dados do animais já foram observados em risco de extinção como o lobo­ Ministério do Meio Ambiente estão divididos em guará, tamanduá­bandeira e onça pintada por exemplo, que aproximadamente 200 mamíferos; 180 répteis; 150 anfíbios; 830 cada vez mais precisam disputar espaço com o ser humano. aves; 1.200 peixes, além de 90.000 insetos, que se beneficiam da Podemos citar: Anta, ariranha, arara, capivara, cascavel, distribuição de sua vegetação entre três das mais importantes cachorro­do­mato, jiboia, cervo, lontra, macaco­prego, quati, bacias hidrográficas do país e também por ser elo de transição preá, gambá, tucano, porco­espinho, siriema, jaguatirica, pica­ para animais e vegetais provenientes de outros ecossistemas. pau­do­campo, gavião­carijó, gato­maracajá, veado­mateiro, Pesquisas do Instituto Chico Mendes de Conservação da pato­mergulhão, entre outros, como habitantes do cerrado. 32







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