“Pilates criou uma técnica que traba- coluna, do quadril, das coxas e do en- além de aumentar a mobilidade das lha a saúde como um todo. O corpo torno do abdome, que são os flexores articulações. Durante as aulas, mo- de quem pratica torna-se mais forte, e extensores da coluna e do quadril e vimentos fluentes são feitos sem flexível e resistente. Na parte mental, estão na musculatura profunda da pressa e com muito controle para evi- os exercícios melhoram a concentração pelve. De acordo com os princípios tar o estresse. O alinhamento postu- e a memória. E o trabalho com a respi- preconizados por Pilates, fortalecer ral enquanto os exercícios são feitos ração também ajuda o controle das essa região é a melhor maneira de ga- é importante, pois ajuda a melhora emoções”, comenta a especialista. rantir uma boa sustentação para o cor- da postura global do indivíduo. po humano”, explica a fisioterapeuta. Elizabeth explica que a técnica reúne “A aula contempla uma ordem especí- esforço físico ao mesmo tempo em De acordo com a especialista, o mé- fica de exercícios que obedecem a um que trabalha a postura; por isso, al- todo fortalece os músculos fracos e ritmo respiratório e exige concen- gumas pessoas a usam como exer- alonga os que estão mais curtos, tração. Com isso, ao longo do curso, cício físico, enquanto outras usam como um complemento da fisioterapia. “Na verdade, o pilates é uma combi- nação das duas coisas”, diz. De acor- do com a fisioterapeuta, muitos orto- pedistas, por exemplo, recomendam o método para quem está com pro- blemas no joelho, por causa da dimi- nuição da cartilagem. Nesses casos, o instrutor vai trabalhar com exercícios direcionados individualmente, confor- me a necessidade de quem está exe- cutando. “Os exercícios conseguem diminuir a dor e melhorar as articula- ções, em razão do alongamento e fortalecimento dos músculos, dimi- nuindo o contato entre os ossos. Nesses casos, a atividade é feita usando aparelhos específicos, como a bola bobath e o bosu, um acessório que tem a aparência de uma bola cor- tada ao meio”, conta a especialista, que ressalta que o pilates ajuda a reeducação postural, fazendo com que a pessoa ande ereta, o que diminui a pressão e o sobrepeso nos joelhos. De dentro para fora Os exercícios nas aulas de pilates são suaves, não aeróbicos, mas for- necem tônus e fortalecem os múscu- los de dentro pra fora. A metodologia parte do conceito de “centro de força”, termo criado por Pilates, que define a região central do corpo humano. “A técnica trabalha os músculos da Revista Longevidade em Foco | 51
Método fortalece os músculos fracos e alonga pode ser medido por sua incorpora- os que estão mais curtos, além de aumentar ção pela fisioterapia”, explica Eliza- a mobilidade das articulações beth, que ressalta que o uso do pila- tes como recurso terapêutico está os praticantes adquirem um poder Diante dos benefícios da técnica, diver- previsto em resolução da Sociedade maior de controle sobre o corpo, o sos estudos científicos foram realiza- Brasileira de Fisioterapia. que possibilita lidar melhor com situa- dos por pesquisadores de diferentes ções de estresse, ansiedade e nervo- instituições, em todo o mundo. Alguns O pilates sismo. Além disso, é possível melho- trabalhos demonstram, por exemplo, no fitness rar a respiração. A pessoa com estres- que a técnica pode ser eficaz para a se ou ansiedade constante interrom- redução da dor lombar, da dor no joe- Nas academias, o pilates também é pe a respiração normal, gerando um lho e da fibromialgia, dor crônica sem procurado por quem quer modelar o bloqueio no músculo do diafragma. origem aparente, que é mais comum corpo. As vantagens da prática são Como o Pilates trabalha a musculatu- entre as mulheres e é sentida em vá- músculos mais firmes e bem dese- ra respiratória, ele é capaz de ensinar rios pontos do corpo. “Diversas pes- nhados, mais força e flexibilidade, novamente essas pessoas a respirar, quisas dão respaldo científico para o além de melhorar a definição da área o que é feito pela associação dos uso da técnica para casos de fibro- abdominal. E a boa notícia é que os exercícios, num tempo preciso de ins- mialgia. No Brasil, o reconhecimento resultados aparecem pouco depois piração e expiração”, diz Elizabeth. da importância do método também das primeiras aulas. Para quem quer perder peso, a dica é associar a téc- nica com um exercício aeróbico, tanto para o gasto calórico quanto para o trabalho cardiovascular. Assim, como o pilates promove um corpo mais tonificado, modelado e alonga- do, auxilia o emagrecimento. O ideal é associar a prática com caminhada ou esteira. Para quem quer perder peso, vale lembrar ainda que o pila- tes facilita a drenagem linfática e a eliminação das toxinas. 52 | Revista Longevidade em Foco
O Brasil no centro das atenções Estilo de vida do brasileiro serve de exemplo sobre como viver bem, segundo publicação americana JJá há algum tempo que o “Gigante” Brasil pode ensinar ao mundo sobre Esse dado pode ser comprovado acordou. E o mundo tem estado de viver bem”. A publicação, que em pelo resultado da pesquisa da Fun- olho nele. Não só em razão dos 2012 recebeu o Pulitzer – um dos dação Getúlio Vargas (FGV), que eventos esportivos, como a Copa do maiores prêmios do jornalismo norte- mostra que o brasileiro é o cam- Mundo e as Olimpíadas de 2016. -americano –, mostra o jeito de ser peão do otimismo dentro do BRICS Apesar das dificuldades históricas e e de viver do brasileiro, os hábitos (grupo de países emergentes que dos percalços, o Brasil vem cons- alimentares, a prática de atividades engloba, além do Brasil, Rússia, truindo seu desenvolvimento, tanto físicas, a alegria contagiante, a hos- China e África do Sul). Numa escala em infraestrutura como em relação pitalidade e também sua capacidade de 0 a 10, a nota média dada pelo ao reconhecimento externo. O Hu- de adotar estratégias alternativas brasileiro à sua expectativa de satis- ffington Post, por exemplo, uma das para driblar situações difíceis. fação para com a vida em 2015 é de mais prestigiadas publicações da 8,6. A maior nota encontrada nos internet, presente em 10 países (en- Essa publicação lembra que o Brasil 156 países pesquisados. A média tre eles Reino Unido, França, Japão ocupa um lugar encantado na imagi- mundial é 6,7. Ou seja: apesar das e Canadá), noticiou recentemente nação do público, graças à sua bele- lutas com a enorme desigualdade em sua primeira página: “O que o za natural, à diversificação e à rique- social e as circunstâncias econômi- za da arte e da cultura, além do ca- cas, o brasileiro se diz feliz. A mes- lor com que os brasileiros recebem ma pesquisa mostrou ainda que as os visitantes estrangeiros. E consta- mulheres brasileiras são as mais ta que a alegria do brasileiro afeta a felizes do mundo. cultura e a política, em igual medida. 54 | Revista Longevidade em Foco
Atividades físicas Aliás, a vida social ativa é um dos Brasil tem a mais altos indicadores de longevidade segunda maior Outro dado importante ressaltado e felicidade na vida, como já demons- indústria de fitness pelo Huffington Post: o hábito de traram diversos estudos científicos, de voltada para praticar atividades físicas – por meio diferentes instituições, como a Escola qualidade de vida de exercícios ou esportes coletivos, de Medicina de Harvard, que fez um em todo o mundo o futebol, por exemplo –, seja em estudo, durante 75 anos, a respeito academias, seja em espaços públi- do tema. “Esses pontos observados, cos, como praças e praias. Na ver- a questão da atividade física, do oti- dade, a indústria de fitness com mismo e da vida social ativa, estão ênfase na qualidade de vida é um sempre no centro do trabalho de dos segmentos econômicos que cientistas que pesquisam como viver mais crescem na indústria esportiva mais e melhor. Então, neste sentido, nacional. E esse aumento já levou o a reportagem apresentada pela publi- Brasil à segunda colocação mun- cação americana mostrou realmente dial em quantidade de estabeleci- o que o Brasil pode ensinar ao mundo mentos, perdendo apenas para os sobre ser feliz e viver bem”, comenta Estados Unidos. o clínico geral Ivan dos Santos Barros (Cremerj 21869-4). A questão da importância dos laços familiares para os brasileiros tam- bém não escapou à observação atenta dos jornalistas americanos, que percorreram várias cidades do país para preparar a reportagem. A publicação lembra que, na socie- dade contemporânea, as famílias estão cada vez menores e mais dis- persas, devido às forças progressis- tas, como o aumento da urbaniza- ção e o crescimento do número de mulheres integrando a força de tra- balho, mas aqui ainda há um forte sentimento de unidade familiar e de conexão social. Revista Longevidade em Foco | 55
Chocolate amargo e saúde vascular Estudos mostram que ação anti-inflamatória de substâncias encontradas no alimento favorece a saúde do coração UUma boa notícia para os amantes do Antes e depois do período de consu- Proteção para chocolate: uma pesquisa publicada mo do alimento, os pesquisadores o cérebro na revista Faseb, da Federation of the realizaram uma série de medições American Societies for Experimental de indicadores importantes à saúde Um outro estudo publicado na revista Biology (Federação da Sociedade vascular. Durante o estudo, os partici- Neurology, da Academia Americana Americana de Experimentos Biológi- pantes foram aconselhados a se abs- de Neurologia, apontou que comer cos), mostra que a ingestão de cho- ter de alimentos calóricos, para evitar uma quantidade moderada de choco- colate escuro, que tem teor de cacau ganho de peso. Os especialistas cons- late ao leite por semana pode melho- mais elevado, pode realmente melho- tataram que todos os participantes rar a saúde cardiovascular e prevenir rar a saúde vascular. De acordo com apresentavam maior flexibilidade das o Acidente Vascular Encefálico (AVE) o estudo, o chocolate amargo ajuda artérias e melhor fluxo sanguíneo. em homens e mulheres. O estudo en- a restaurar a flexibilidade das arté- volveu mais de 35 mil homens com rias e ainda evita que as células Pesquisa similar foi apresentada por idades entre 49 e 75 anos. E os pes- brancas grudem nas paredes dos va- cientistas da Universidade Estadual quisadores concluíram que consu- sos sanguíneos. O trabalho foi con- de Louisiana, nos Estados Unidos, mir um terço de uma xícara de choco- duzido por cientistas da Universi- no 247º Encontro da Sociedade Ame- late, o equivalente a cerca de 63 dade de Wageningen, na Holanda. ricana de Química, realizado em gramas, por semana, reduz o risco da março na cidade de Dallas. O traba- doença em 17%. Segundo a autora Os pesquisadores analisaram 44 ho- lho destaca que o cacau contém poli- da pesquisa, a cientista Susanna mens de meia idade com excesso de fenóis e antioxidantes, como as cate- Larsson, da Divisão Nutricional Epi- peso ao longo de dois períodos de quinas e epicatequinas, assim como demiológica, do Instituto Karolinska, quatro semanas, enquanto eles con- fibras, que são escassamente digeri- na Suécia, o efeito positivo ocorre sumiram 70 gramas de chocolate por das no estômago, mas que são ab- em razão dos flavonoides, que aju- dia. Parte dos participantes recebeu sorvidos ao passar ao cólon. Durante dam a prevenir coágulos sanguíneos chocolate amargo comum, enquanto o estudo, os pesquisadores desco- e a reduzir a pressão arterial. os demais consumiram um chocolate briram que a fibra é fermentada e escuro especialmente produzido com os polifenóis são metabolizados, alto teor de flavonoides, compostos transformando-se em moléculas me- bioativos com propriedades antioxi- nores, mais fáceis de absorver e com dantes e anti-inflamatórias. A subs- ação anti-inflamatória. “Existem seis tância é encontrada em vários tipos tipos de chocolate e o mais saudável de alimentos, entre eles o chocolate é o amargo, que tem de 60% a 85% amargo. Ao adicionar mais flavonoi- de cacau e menor quantidade de des, os pesquisadores puderam tes- gordura. E o alimento realmente me- tar se esse aumento da substância lhora a saúde de quem consome”, traria benefícios extras para a saúde confirma o nutrólogo Marcus dos vascular, o que não foi comprovado. Santos Oliveira (Cremerj 606980). 56 | Revista Longevidade em Foco
Estresse crônico pode levar à fadiga adrenal OO cansaço que não passa, mesmo após algumas horas de sono a mais, “As maiores queixas são o cansaço e Segundo o especialista, quando num tornou-se motivo de queixa em muitos a falta de vitalidade. Mas também estágio avançado, a exaustão suprar- consultórios médicos. E em muitos surgem outros sintomas, como crises renal dificulta a execução das ativida- casos o problema não é a falta de alérgicas, fraqueza muscular, prisão des mais simples do dia a dia, impe- sono, mas, sim, a exaustão adre- de ventre, diarreia, queda da pressão dindo, até, que as pessoas continuem nal. E de onde vem essa exaustão? arterial ao se levantar, infecções e produtivas sob o ponto de vista social Do estresse crônico. Segundo o en- gripes frequentes, ganho de peso e e econômico. Outro fator que leva à docrinologista e professor Armando dificuldade em emagrecer, insônia, exaustão das suprarrenais é a hipo- de Carvalho (Cremerj 34945-6), quan- baixa libido, tonturas e apatia, entre glicemia, diminuição do nível de gli- do intenso e prolongado, o estresse outros”, cita o médico. cose no sangue. Com a queda da gli- sobrecarrega diversos órgãos e cose, o corpo força as glândulas a sistemas do corpo, como o nervoso, O endocrinologista explica que a segregarem os hormônios de estres- o imunológico, os vasos sanguíneos, doença vem se tornando comum se, como a adrenalina, para contra- o coração e as glândulas suprarre- entre jovens, adultos e idosos, mas balançar as alterações nos níveis de nais. “A fadiga adrenal é um distúr- é subdiagnosticada. Segundo ele, insulina. Com a recorrência da hipo- bio que, geralmente, manifesta-se um dos motivos pelos quais o pro- glicemia, as suprarrenais perdem a após períodos prolongados de es- blema atinge pessoas de diferen- capacidade de responder ao estresse tresse físico ou mental. E as glându- tes idades é a pressão a que todos através da secreção de adrenalina. las se tornam exauridas em conse- estamos submetidos no dia a dia, na quência das constantes exigências escola, no trabalho, na convivência Tratamento que o organismo sofre quando se social e familiar. “Na vida moderna, encontra sobrecarregado e estres- convivemos diariamente com situa- Segundo o Dr. Carvalho, a fadiga adre- sado”, explica o especialista, que é ções que levam ao estresse. Além nal pode ser tratada com reposição professor da Universidade do Estado hormonal, mas a alimentação exerce do Rio de Janeiro (Uerj). disso, há a questão do papel fundamental para controlar os estilo de vida. O ta- sintomas. O ideal é restringir o con- De acordo com o médico, as glân- bagismo e a cafeí- sumo de alimentos refinados, como dulas suprarrenais, localizadas em na também con- pão, arroz e massas brancas; os lati- cima dos rins, são responsáveis tribuem para a cínios; café e outras bebidas estimu- por sintetizar hormônios impor- exaustão adre- lantes; e o açúcar. Já os alimentos tantes no processo metabólico, nal”, comenta. que devem ser consumidos são aque- como a aldosterona e o cortisol, les ricos em ômega 3 (salmão, linhaça, além de alguns hormônios sexuais, chia); frutas e vegetais com alto teor como a testosterona, a adrenalina e de vitamina C (laranja, caju, acerola); a noradrenalina. E seu comprometi- fontes de zinco (semente de abóbora) mento não só diminui os níveis de e vitaminas do complexo B. “E é im- energia, mas também aumenta portante fracionar as refeições, não o acúmulo de gordura abdomi- passar muito tempo em jejum. Quan- nal, prejudica a imunidade e do ficamos muito tempo sem comer, a capacidade de concentra- as adrenais funcionam mais e mais. ção, além de aumentar a Ao mesmo tempo, todas as funções irritabilidade da pessoa. de renovação e recuperação do orga- nismo ficam paralisadas”, orienta. 58 | Revista Longevidade em Foco
Boxe para combater o Parkinson PPacientes com mal de Parkinson nos Estados Unidos estão lutando contra a doença no ringue de boxe. E o ob- Na fase seguinte, o paciente desenvolve melhor seu grau jetivo é claro: a doença é o adversário e deve ser jogado de autoeficácia e autoconfiança. São treinadas também contra o corner - canto em inglês e que no boxe refere-se técnicas de respiração profunda, terapia de voz e combate a cada um dos quatro cantos do ringue. O método terapêu- ao comprometimento cognitivo. Os pacientes nesse nível tico, que vem sendo usado em uma rede de academias apresentam queda significativa dos movimentos corporais, que tem 15 unidades no país e uma na Austrália, oferece comprometimento precoce de equilíbrio para caminhar ou aulas para pacientes na Califórnia. E, pelo visto, os resul- manter-se em pé e disfunções generalizadas que vão de tados têm sido bastante positivos. Quem acessa o site do moderada a grave. O último nível, o 4, busca trabalhar a programa Rock Steady Boxe na internet (www.rocksteady- flexibilidade, o nível de estresse, de equilíbrio, de auto- boxing.org) ou o perfil do projeto no Facebook (https:// conhecimento e melhorar o desempenho da marcha. www.facebook.com/rocksteadyboxing?fref=ts) pode ver São pacientes que apresentam sintomas graves, rigidez e emocionantes testemunhos de pacientes que participam bradicinesia. São capazes de caminhar, porém de forma do programa e contam como estão se sentido melhores. limitada, e apresentam deficiências cognitivas. O programa pioneiro surgiu em 2006 e foi criado por New- Nas classes do programa Rock Steady, os exercícios são man, que na época tinha 40 anos e foi diagnosticado com adaptados de treinos de boxe, para obter agilidade, veloci- a doença. Ao perceber a melhora da sua saúde física e dade, resistência muscular, precisão, coordenação olho- agilidade, graças à atividade, Newman decidiu dar início ao -mão e o trabalho com os pés. Outro fator Importante: o projeto. Os exercícios do programa variam em propósito e treinamento do boxe procura sempre trabalhar os movi- forma, mas compartilham uma característica comum: são mentos do corpo, combatendo a rigidez muscular – que é rigorosos e têm como objetivo ampliar a capacidade do um dos principais sintomas do mal de Parkinson. participante. As aulas são estruturadas em quatro níveis diferentes e procuram atender as peculiaridades de cada O neurologista Oscar Bacelar (CRM 52.68543-7), especia- paciente. A divisão desses níveis é baseada de acordo lista em doenças degenerativas, lembra que os sintomas com o grau de instalação da doença no indivíduo e sua iniciais do mal de Parkinson costumam ser tremor, rigidez, capacidade na execução de atividade física. E durante os lentidão dos movimentos e instabilidade postural. Por ou- treinos, não há contato direto entre os lutadores: os exer- tro lado, diversas pesquisas mostram que portadores de cícios são feitos apenas com a ajuda de um instrutor. doenças crônicas necessitam participar de algum tipo de atividade que possibilite o aumento da qualidade de vida. Os participantes do nível 1 apresentam sintomas leves, porém não incapacitantes. O foco é basicamente melhorar o condicionamento físico, trabalhar o desequilíbrio postu- ral e manter o corpo saudável. Já no nível 2, o objetivo é manter o nível da capacidade de execução de atividade física, incentivar a respiração profunda e melhorar a pre- cisão dos movimentos. Os participantes apresentam sintomas mínimos de incapacitação e necessitam de pouca assistência para as atividades diárias. Revista Longevidade em Foco | 59
Contato com a natureza faz bem para a saúde “E“Eu quero uma casa no campo, onde eu possa compor muitos rocks rurais de doenças mentais, como depres- Os pesquisadores perceberam mu- e tenha somente a certeza dos ami- são e ansiedade, bem como o estado danças positivas quando os partici- gos do peito e nada mais”. O trecho de humor e sentimentos. No final, os pantes iam aos locais em que tinham da música Casa no Campo, de auto- pesquisadores descobriram que a ida mais contato com a natureza. Nesse ria de Zé Rodrix e Tavito e imortali- para áreas mais verdes resultou em caso, o foco do trabalho foi mostrar zada pela voz de Elis Regina, é um uma melhora imediata na saúde men- que mesmo um período de tempo pe- exemplo da vontade comum entre tal dos participantes. E a melhora foi queno por dia passado próximo às muitas pessoas de viver mais perto mantida por, pelo menos, três anos áreas verdes pode fazer bem para o da natureza. Além de ser fonte de depois que as pessoas trocaram de humor das pessoas. tranquilidade, o verde pode fazer mais endereço, ou seja, voltaram a viver em pela saúde, como já mostraram diver- locais com menos verde. Vale lembrar sos estudos científicos. Um trabalho que esse foi o primeiro trabalho que apresentado recentemente por cien- analisou os benefícios de longo prazo. tistas ingleses mostra que pessoas que moram perto de espaços verdes Uma outra pesquisa sobre o verde e têm uma saúde melhor do que aque- a saúde foi realizada pela equipe do las que residem em áreas totalmente Departamento de Saúde Ambien- urbanas. E, segundo os pesquisado- tal e da Unidade de Epidemiologia res, os benefícios do contato regular do Instituto Nacional de Saúde e com o verde são de longo prazo. Bem-Estar da Finlândia e publi- cada recentemente no Journal O estudo foi realizado por cientistas of Environmental. Nesse caso, da Universidade de Exeter Medical os cientistas trabalharam com School, no Reino Unido, e publicado um grupo de 77 participantes, na revista Environmental Science & que eram levados diariamen- Technology. Durante cinco anos, os te, após o horário de trabalho, pesquisadores acompanharam mais para três espaços com paisa- de mil pessoas, divididas em dois gens diferentes na cidade de grupos: aquelas que se mudaram Helsinque. As áreas visita- para áreas urbanas com espaços das foram o centro da cidade, verdes e as demais que se mudaram um parque urbano e uma para locais sem áreas arborizadas. floresta urbana. Os dados sobre a saúde mental dos par- ticipantes foram registrados por meio de um questionário geral de saúde, no qual foi examinado o diagnóstico 60 | Revista Longevidade em Foco
Corrida ao ar livre rua arborizada têm menos 24% de Pessoas que se chance de desenvolver asma. mudaram para Outro importante estudo sobre o áreas mais verdes tema foi realizado por pesquisado- Para chegar a essa conclusão, eles tiveram uma res escoceses das universidades estudaram o planejamento urbano melhora imediata de Glasgow e Saint Andrews, ambas (que inclui os projetos de arborização na saúde mental na Escócia. Os cientistas descobri- com a contagem das árvores nas ram que morar perto de áreas verdes ruas) e compararam com os casos que, quanto mais verde nos arredo- pode reduzir o risco de derrames de asma e as internações hospitala- res da casa, menor o Índice de Massa cerebrais e de problemas no cora- res por problemas respiratórios à Corporal (IMC) ao longo do tempo, ção. O motivo: as pessoas se sen- densidade de árvores nas ruas e um efeito que era independente de tem mais encorajadas a praticar bairros. Segundo os cientistas, as fatores como idade, raça e gênero. exercícios. E não é só isso. De acor- árvores nas ruas aumentam a quali- Segundo a equipe de investigação, do com os cientistas escoceses, cor- dade do ar e estimulam as crianças a retardando o aumento do IMC, seria rer ao ar livre traz mais benefícios brincarem ao ar livre, desenvolvendo então possível diminuir o risco de para a saúde do que correr em uma o sistema de defesa do organismo. obesidade infantil de longo prazo. esteira na academia. Uma criança obesa tem mais chan- “O que esses estudos fizeram foi ces de se tornar um adulto obeso, e Em entrevista ao jornal inglês Tele- comprovar cientificamente o que já obesidade, é claro, está ligada a uma graph, o líder do estudo, o professor sabíamos: estar em contato com a série de condições perigosas para a doutor Richard Mitchell, da Universi- natureza traz enormes benefícios à saúde, incluindo diabetes, hiperten- dade de Glasgow, disse que a equipe saúde. Importante lembrar que não são, apneia do sono e asma. Para os de investigação se surpreendeu com é uma questão de espaços verdes cientistas, o motivo seria o fato de os resultados do trabalho. “Detecta- distantes dos centros urbanos; fre- que ter mais verde à sua volta incen- mos em torno de 50% de melhoria quentar o parque perto de casa tam- tiva as crianças à vida ao ar livre, an- na saúde mental das pessoas que bém rende benefícios à mente e ao dar mais, correr e brincar. Além do eram fisicamente ativas no ambiente corpo”, diz o clínico geral Daniel Lo- mais, um ambiente mais verde é me- natural, em comparação com aque- pes Marques (CRM SP-43752), pro- nos poluído, mais frio durante os me- las que nunca treinavam no exterior”, fessor da Universidade Federal de ses quentes e também tem uma apa- explica. Segundo o cientista, os par- São Paulo (Unifesp). Ele ressalta que rência mais atraente. ticipantes do estudo apresentavam ficar mais perto do meio ambiente problemas relacionados à vida agita- faz com que a pessoa se sinta mais da, como estresse, depressão leve, motivada a praticar esportes, e esse fadiga e insônia leve. é o primeiro passo para que se tenha mais qualidade de vida. Doenças respiratórias Menos obesidade entre crianças Outro grande benefício de morar pró- ximo de áreas verdes, ou pelo menos Outra pesquisa interessante sobre o em ruas arborizadas, é a saúde do tema foi conduzida por especialistas trato respiratório. É o que mostrou da Indiana University School of Medi- um estudo conduzido por pesquisa- cine, nos Estados Unidos. O resulta- dores da Universidade de Columbia, do mostrou que crianças que vivem nos Estados Unidos. De acordo com em áreas com mais verde têm menor o trabalho, que foi publicado na re- probabilidade de se tornarem obesas. vista científica Journal of Epidemio- O estudo foi publicado no American logy and Community Health (Jornal Journal of Preventive Medicine, e en- de Epidemiologia e Saúde Comunitá- volveu crianças de 3 a 18 anos que ria), crianças entre quatro e cinco viviam na mesma residência havia, anos de idade que crescem em uma pelo menos, dois anos consecutivos. Os cientistas chegaram à conclusão Revista Longevidade em Foco | 61
O cérebro, os neurônios e a memória GGraças ao trabalho de cientistas de diferentes partes do mundo, a descrita em dois artigos publica- Neurônios que Neurociência tem obtido importante dos na revista Science, os cientistas controlam avanço nos últimos anos em sua estimularam neurônios do hipo- a memória tarefa de desvendar os mecanismos campo de ratos e depois assistiram do cérebro para criar e reter a me- à formação das moléculas fluores- Outro trabalho, este desenvolvido por mória. Boa parte desses trabalhos centes nos núcleos de neurônios e à meio de parceria entre a Universida- tem como objetivo ajudar a entender viagem delas dentro dos dendritos, de Federal do Rio Grande do Norte como as lembranças de longa dura- ramificações dos neurônios. (UFRN) e a Universidade de Uppsala, ção se formam e por que a memória na Suécia, identificou um grupo de se perde em casos de doenças como Outra pesquisa recente, feita no Ca- neurônios que tem como papel con- o Alzheimer, o que poderia beneficiar nadá, relaciona a produção de novas trolar a entrada e a saída de memó- o surgimento de novos tratamentos. células cerebrais à perda de memó- rias no cérebro. A pesquisa, publica- Entre os estudos mais recentes nes- rias da infância. De acordo com o da na revista Nature Neuroscience, se campo está uma pesquisa desen- trabalho, igualmente publicado no pe- mostrou que as células chamadas volvida na Escola de Medicina Albert riódico Science, os novos neurônios OLM, localizadas no hipocampo, Einstein, da Universidade Yeshiva, produzidos pelo cérebro ao longo da quando são desativadas, ajudam a em Nova York (EUA), que mostrou vida substituem os antigos, fazendo absorver uma sensação, como de como o cérebro registra as memó- desaparecer as memórias mais remo- um cheiro ou uma imagem, por exem- rias. Os cientistas conseguiram cap- tas. O trabalho mostrou que a neuro- plo, e transformá-la em memória. turar imagens inéditas do mecanis- gênese, a formação de novos neurô- mo, usando marcadores fluorescen- nios no hipocampo – região do cérebro Ao serem ativadas, elas priorizam tes para identificar, nos neurônios de que desempenha um papel essencial os sinais provenientes do próprio ratos, as moléculas essenciais para no processo da memória –, desacele- hipocampo em vez de estímulos criação das memórias. A partir daí, ra-se conforme envelhecemos, por sensoriais, atuando para ajudar a foi possível observar, em tempo real, isso os adultos são mais capazes de lembrar algo. Segundo o neurocien- a “viagem” dessas moléculas no cé- manter memórias de longo prazo. tista Richardson Leão, da UFRN, um rebro dos animais. dos autores do trabalho, esse foi o Para descobrir o impacto do proces- primeiro estudo a mostrar que um Durante o trabalho, os pesquisado- so de geração de novos neurônios no único grupo de células é capaz de res marcaram todas as moléculas de arquivamento de memórias, os pes- controlar tanto a formação quanto a RNA mensageiro (RNAm), que codifi- quisadores estudaram camundongos evocação de memórias. “Para pa- cam a proteína beta-actina, uma pro- jovens e mais velhos. Nas cobaias cientes com mal de Alzheimer, a des- teína estrutural essencial encontra- adultas, os pesquisadores descobri- coberta é importante, pois pode aju- da em grandes quantidades nos neu- ram que o aumento na produção de dar a criação de novos tratamentos”, rônios e considerada chave no pro- novos neurônios era suficiente para justifica o neurologista Renato Gama cesso de memorização. Na pesquisa, fazer com que elas esquecessem (CRM RJ-607301) . memórias anteriores ao processo. 62 | Revista Longevidade em Foco
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