A Voz deJORNAL DEFENSOR DOS INTERESSES DA VILA DE PAÇO DE ARCOS E DAS LOCALIDADES CIRCUNDANTESFUNDADO EM 1979 POR ARMANDO GARCIA, JOAQUIM COUTINHO E VÍTOR FARIA Diretor: José Serrão de Faria | Bimestral | N.º 11, Junho de 2017 DISTRIBUIÇÃO GRATUÍTA
ESTATUTO EDITORIAL FICHA TÉCNICA1 – A VPA é um jornal bimestral de PROPRIEDADE: Associação Culturalinformação geral na área da cultura e “A Voz de Paço de Arcos”da língua portuguesa, em particular na SEDE: Rua 1º de Maio, 6-A, 2.º Dto.defesa dos interesses dos habitantes da 2770-140 Paço de Arcosvila de Paço de Arcos e das localidades N.I.F.- 513600493 | E.R.C. nº 126726circundantes. DIRECTOR: José Serrão de Faria DIRECTOR-ADJUNTO: José Manuel2 – A VPA pretende valorizar todas Marreiroas formas de criação e os próprios SUBDIRECTOR: Maria Aguiarcriadores, divulgando as suas obras. EDITOR: José Lança-Coelho [email protected] – A VPA defende todas as liberdades, COLABORADORES:Ana Valente; Andréem particular as de informação, Vidal; António M. dos Santos; Edgardoexpressão e criação. Ao mesmo tempo, Xavier; Felismina Mealha; José Alfaia;afirma-se independente de quaisquer José Lança-Coelho; José Marreiro; Joséforças económicas e políticas, grupos, Martins Gago; Luís Álvares; Madalenalóbis, orientações, e pretende contribuir T. Duarte; Manuel de Andrade; Mariapara uma visão humanista do mundo, Aguiar; Martinha Muñoz; M.G.; Móni-para a capacidade de diálogo e o espírito ca Sobral; Serrão de Faria; Silvino Va-crítico dos seus leitores. lente; Sofia Dias e Zélia Coutinho Capa: Aguarela de Serrão de Faria4 – A VPA recusa quaisquer formas Paginação: Andreia Pereirade elitismo e visa compatibilizar a Impressão: www.artipol.netqualidade com a divulgação, para levar a Tiragem: 2000 exemplares.informação e a cultura ao maior número Facebook:possível de pessoas. www.facebook.com/avozdepacodearcos Redacção e Administração: Sede Publicidade: [email protected] Tel.: 919 071 841 (José Marreiro) Depósito Legal: 61244/92 Retrato de Esmeralda Amoedo Desenho de Serrão de Faria2 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
EDITORIAL Sem quase também, no próximo mês de Agosto, ao se- darmos gundo aniversário do nosso jornal «A Voz por isso, de Paço de Arcos». a «Associação Contamos neste momento com 150 sócios Cultural Voz de e, continuamos a tentar aumentá- los, para Paço de Arcos» que esta ideia não acabe. atingiu o seu se- Esperemos, então, que o(a) leitor(a) nos gundo ano de continue a acompanhar nesta maravilhosa vida, em Junho aventura. de 2017. Nestasequência rítmica de tempo, chegaremos José Lança-Coelho (escreve de acordo com a antiga ortografia)« A VOZ DE PAÇO DE ARCOS lamenta o sucedido, relativamente aos incêndios que têmabrangido o nosso país, e congratula-se e enaltece, o combate dos soldados da paz, que têmdado as suas vidas pelo bem-estar das populações.»Poema Pirralho António Manuel dos Santos, 2017 «Em 1979, no Dia Mundial da Criança,(No Dia Mundial da Criança) duas folhinhas dactilografadas, sob a orientação de Joaquim Coutinho e outrosUm olhar encantado dois amigos da nossa localidade, davamUm gesto generoso origem ao jornal A Voz de Paço de Arcos.»Um sorriso sinceroUma dádiva francaUm poço de fascínioUm oceano de vidaUma promessa eternaUm mundo em movimentoUm saber sem caprichosUm sentir sem barreirasUm amor sem egoísmoUm jogo sem batotaUm brilho sem parUma criança, enfim.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 3
ARTIGO DE CAPAÀ Conversa Com… Esmeralda AmoedoA nossa conversa com Esmeralda Cedo concluiu queAmoedo, aconteceu no Restaurante era esta que ia ser a suaConde do Sr. José Miranda, acompa- vida profissional, nãonhados pela bica depois do almoço. só no fado mas tam- bém como atriz, tendoEra nossa intenção fazer perguntas trabalhado em Rádio, para obter as respetivas respostas, Televisão, Teatro e Ci- como é hábito fazer-se em entrevis- nema.tas, ou conversas, como é o caso, mas isso Ingressou na Escolanão foi necessário nem possível, porque a da Emissora Nacional, tendo sido alunasimpatia e disponibilidade, da nossa con- do Prof. Mota Pereira, a quem muito ficouvidada, era tal que os assuntos surgiam a dever pela excelente formação que lhecom uma fluidez natural, transmitiu, sobretudo noe de forma alegre, como cuidado, e no trabalho dasó a quem ama o que faz voz.é permitido. O seu talento, e presen-Assim, vamos descre- ça (era muito bonita), alia-ver as fases da vida artísti- dos a esta formação deca, que se confunde com qualidade abriram-lhe asa pessoal, com a mesma portas de todas as emisso-naturalidade. Esta mu- ras de rádio, e programaslher sem idade, que can- artísticos, e também dasta há muitos anos, mas mais importantes salasque se apresenta sempre de Portugal e de váriosjovem de espírito, alegre países da Europa e Brasil.e com um entusiasmo Foram tantas as atua-que se transmite a quem ções inolvidáveis que aa ouve, como foi o nosso sua descrição não cabecaso. neste pequeno aponta- Nascida em Lisboa, na mento.Mouraria, grande fonte Esmeralda Amoedo O sempre atento aosde fado e fadistas, começou a cantar esta novos valores que despontavam, Igrejascanção nacional, património da Humani- Caeiro, reparou nesta jovem bonita e quedade, ainda muito jovem, aos 7 anos, nas cantava muito bem, tinha ganho uma dascoletividades onde o fado amador era rei, sessões dos Companheiros da Alegria,como o Grupo Desportivo da Mouraria, na belíssima sala de “A Voz do Operário”,de que é sócia honorária. em Lisboa, tendo tido como prémio umAos 14 anos já o seu nome era conheci- espetacular ferro de engomar, elétrico, edo no meio, pelo seu estilo próprio, que convidou-a para ingressar no seu progra-não era imitação de alguém que fosse sua ma “O Comboio das Seis e Meia”, que erareferência, embora admirasse as grandes gravado no Politeama, com a sala cheia defadistas das gerações anteriores, com público e posteriormente transmitido naquem aprendeu a estar nesta exigente e rádio. Também aí o seu sucesso foi enor-difícil vida artística. me, como enormes foram os obtidos nas4 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
principais salas de espetáculo do país. Atuações de destaque Casinos, hóteis, teatros, coletividades, • Suécia - Estocolmo - “ Quatro Clubestodas disputavam a presença da nossa Reais “ . com a presença de elementos dagrande Esmeralda que brilhava em todas família real sueca.as atuações de fado e não só. • Hotel Bernes - um dos mais luxuosos do De acordo com a legislação então em vi- mundo : Alemanha - Programa de televi-gor para ser profissional tinha de ter a Car- são em direto.teira Profissional o que só era possível apósos 18 anos, e com a intervenção abonatória • Itália - Roma -Exp. de Filigrana Portu-das qualidades artísticas de dois empresá- guesa - duas semanas no Hotel Bernini-rios. Logo que atingida esta idade obteve a Bristolsua Carteira Profissional, tendo tido comoabonadores os empresários mais em des- • Casa do Embaixador de Portugaltaque na época, Vasco Morgado e José Mi- • Bolonha - Comitiva presidencial Dr.guel. Mário Soares, Doutoramento “ Honnoris A sua brilhante carreira tem sido cons- Causa “truída a pulso, com muito trabalho e de- • Brasil - Rio de Janeiro - vários espetácu-dicação, que conquista públicos de várias los nas melhores salas da cidadegerações, pelo que até hoje, sempre viveuexclusivamente do produto do seu traba- dos Caxienses, de que Manuel Celeirolho artístico. foi presidente, de ambas, assim como nas tradicionais Festas sempre por amizade, Morou até 1966 em Lisboa, tendo opta- e prescindindo de honorários. O Manueldo por Caxias após o seu casamento. Esta também já nos deixou, mantendo-se adecisão deveu-se a uma paixão por esta amizade com a viúva D. Cilena Teixeira.tranquila terra, surgida, quando a convitedo seu amigo Manuel Celeiro, veio cantar Relativamente ao seu relacionamentoà Assoc. Rec. Lagoal Caxias (já desapare- com o meio artístico, diz que sempre vi-cida). Aqui nasceu o seu único filho, Ma- veu em equilíbrio, embora nem sempreximiliano, e as suas duas queridas netas, e tenha sido fácil, e com alguns momentosfaleceu o seu marido. complicados mas em que sempre foram encontradas soluções adequadas que fize- Esta amizade permitiu que muitas ve- ram recuperar o habitual equilíbrio, pelozes tivesse atuado na ARLC, e nos Uni- que está em paz com a sua vida.Condecorações e Prémios As muitas homenagens, condecorações, tributos vários que tem sido alvo espelham• Medalha de Ouro da C.M. Oeiras bem o resultado do seu trabalho, o que• Medalha de Ouro da C.M. Lisboa muito a satisfaz e permite-lhe afirmar que• Chave da Cidade de Lisboa valeu a pena ter lutado o que lutou, traba-• Sócia honorária do Grupo Desportivo lhado o que trabalhou vivido o que viveu. da Mouraria Esmeralda Amoedo é um grande exem-• 1º lugar do 1º concurso da Noite de plo de dedicação e profissionalismo, pela atividade que escolheu e a que se entregou Fado no Coliseu dos Recreios, da Casa de alma e coração. da Imprensa• Prémio de Carreira - Atribuido por jor- É uma fadista de corpo e alma que canta nalistas do Jornal de Notícias - Porto com alma sem descurar o coração. José MarreiroJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 5
CAMINHOSDa Urb. Compave até à sede do GrupoDesportivo Unidos Caxienses - Laveiras CaxiasComo vem sendo habitual vamos tário Nª. Srª. Das iniciar este “caminho” onde aca- Dores, onde para bou o anterior, Urb. Compave - além de centroCaxias. de dia funcionaAo largo existente nesta urbanização a Creche e canti-foi dado o nome Largo Ana de Castro na social, que dá Osório, escri- apoio a dezenas tora e grande de pessoas que combatente carecem desse pelas causas apoio e levam a da igualdade efeito eventos de de género, angariação de feminista na fundos que pro- época, mea- porcionam conví- dos do século vios importantes passado, fale- para quem neles ceu em 1935. participa. Como Em frente exemplo refira-se temos um um recente jantar terreno que com fados que foi destinado atraiu mais de cem pessoas, e o habi- à construção tual anual arraial dos Santos Populares, duma igreja, igualmente muito concorrido. o que nuncaAna de Castro Osório se concreti- Segue-se o edifício da antiga coló- nia de férias do extinto Asilo de Santozou, e que confina com a Escola Nª. Srª. António de Lisboa, que há muito estádo Vale, ex. escola primária nº. 1. No pró- abandonado e que apesar da Apisal, suaximo ano letivo esta escola fica só com o proprietária, querer vender ainda nãopré escolar já que os alunos do primeiro surgiu quem invista neste importanteano passam também para o Centro Es- património, já histórico, pela sua impor-colar S. Bruno. tância arquitectónica. Em frente, ondeDescemos a escada lateral à escola e pros- antes estava o Chalet João, habitaçõesseguimos o nosso caminho pela Rua 7 de de um só piso, está agora um modernoJunho de 1795, onde, à nossa esquerda, en- prédio de apartamentos.contramos a casa onde viveu a compositorae professora universitária, Constança Cap- No cruzamento com a Av. Taborda deteville que está representada na toponímia Magalhães, temos ainda, no lado direi-de Caxias, homenagem da C.M.O. to, a bela moradia Vivenda Castro, queViramos na primeira artéria à esquerda, alberga as instalações do colégio GIOPAv. Croft de Moura, no lado esquerdo, onde para além dos habituais programaso moderno edifício do Centro Comuni- para crianças, tem também apoio técnico para alunos especiais.6 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
No gaveto con- Por cima, no trário uma anti- rés do chão, ga moradia com morava o es- amplo jardim, critor e poe- onde residiu a fa- ta João de mília do Sr. Teles Castro Osó- Machado, pessoa rio, filho de muito estimada Ana de Cas- em Caxias, e que tro Osório, foi Presidente da já anterior- Junta de Fregue- mente refe- sia de Paço de rida. Arcos, nos anos No gaveto 40/50 do século que dá pa- Constança Capteville passado. Poste- ra a Estra- riormente trans- da da Gibal-feriu-se para a Qtª. Stª. Joana. Depois, ta, temos um João de Castro Osórioa casa, foi residência de D. Maria LuísaBaptista Coelho, que durante muitos prédio an-anos dirigiu o referido Centro Comuni- tigo, recentemente recuperado, onde notário. r/c vivia o Sr. Baltazar, sapateiro, com os Continuando a descer encontramos o seus muito filhos.edifício onde existiu a mercearia do Sr. Um deles, o maisRaúl André, hoje só habitação. Ao lado, popular, o Jorge,fazendo gaveto com a Av. António Flo- foi jogador e trei-rêncio dos Santos, está uma habitação, nador de futebol,e um escritório de Contabilista, D. Clari- pessoa muito afá-nha, onde os seus pais Sr. Acácio e D. Ce- vel que era procu-leste, com loja de fruta, hortaliça e bebi- rado pelos jovensdas, e o Sr. Armando, sapateiro, exerciam por ter sempreestas atividades. Logo a seguir temos um uma brincadeiranovo edifício de moradias geminadas, que lhes agradava.que substituiu um antigo prédio que era Nesta casa viveuhabitado pelo Sr. Brandão, e pela famí- também o Sr. Car-lia numerosa do Sr. João Silva, na cave. los Pereira, pessoa muito considerada Jorge PereiraJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 7
CAMINHOSpela sua simpatia e gentileza, que foi in-ternacional de futebol e quadro superiorda Lisnave. O seu nome está incluído natoponímia de Caxias, por justa homena-gem da C.M.O.Por cima, no primeiro andar vivia en-tão o Sr. Bento dos Santos, funcionárioda Soc. Estoril e que fundou a MerceariaPérola do Lagoal, tendo-a trespassado ao Antigo Chalet “Maria Luísa”fim de algum tempo. Tinha dois filhos transmitir tristeza. A que foi uma belamuito conhecidos, o Alfredo que jogava vivenda, a Vª. Maria Luísa, residência dofutebol e fez carreira na Soc. Estoril, qua- casal Sr. Luisinho da Fonseca e D. Mariadro superior, e o Florindo que não tendo Luísa da Fonseca, e depois sede do Clubetanto apego nem ao futebol nem a traba- Recreativo de Caxias, onde a juventudelho de escritório, enveredou pela atividade Caxiense tinha o seu ponto de encontrode empresário no exigente ramo de An- com atividades variadas, como cinema,tiquário, onde muito aprendeu e muito bailes, jogos, desporto, namoro, etc. se-realizou, o que lhe tem permitido, a par de guindo-se um lar de idosos, um lar deinvestimentos, realizar uma atenta ação de acolhimento de repatriados do ultramar,solidariedade, apoiando coletividades, e clínica e hospital de retaguarda, está,pessoas, na concretização dos seus planos. após falência da anterior atividade, aban-Junto à ponte, já na Estrada da Gibal- donado, vandalizado, depósito de lixo,ta outra bela moradia, bem recuperada, sendo, portanto, um lugar indesejávelque foi residência de Mauperrin Santos, quanto aos efeitos na saúde e no aspeto,e depois do grande e logo no caminho dacompositor, e maestro,Raúl Portela, ambos se Estação de Caminho de Ferro, da estradadistiguiram: Mauperrin de acesso a Lisboa, eSantos, Escola Acadé-mica e Assoc. de Fute- no acesso à praia. Lo- cal onde passam, e sebol de Lisboa, e Raúl cruzam, diariamentePortela, maestro daBanda do Reformatório centenas de pessoas. É uma nódoa que estáPe. António de Oliveira, a estragar este tecidoe BVPA, e grupos de tea-tro. Compôs dezenas de e que urge pôr termo. Em campanhas autár-músicas para peças de quicas foi prometido,teatro e para filmes. Es-tão ambos representa- por quem tem detido o poder, que aqui se-dos na toponímia local. ria construído um siloDepois da alegria defalar em casas bem re- para parque de viatu- ras. O que tem invia-cuperadas, surge-nos bilizado a sua concre-um caso que só pode Maetro Raúl Portela tização?8 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
Quinta do Lagoal público. Esperamos que isto seja possível e que no próximo mandato se concretize Aquando da adaptação do edifício para esta promessa, que já tem muitos anos deacolher pessoas vindas de África ficou espera.bem à vista de todos que essas obras fo-ram ilegais, que uma parte construída na A Estrada da Gibalta leva-nos à praia, efrente foi demolida com a presença da ao caminho de ferro onde outrora existiaautoridade (G.N.R) para além dos servi- uma passagem de nível de acesso à mar-ços camarários respetivos, acabando por ginal, junto ao portão de acesso à Qtª.ficar o que já estava construído por cima do Lagoal, à casa e à Capela. Escondidada construção anterior. Tudo isto leva- pelo muro que ladeia esta estrada, nonos a pensar que há condições efetivas lado esquerdo existe uma horta, com ca-para que o edifício possa ser expropria- sas onde até há pouco tempo, vivia comdo, e adaptado a silo, que é de interesseJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 9
CAMINHOS Sr. António e família bom do António não me- recia, mas o que tem de sera sua mulher, e onde criou a sua filha, o tem muita força. Força paraSr. António, o António da quinta para os ti também, António, os teusamigos. Já o seu avó aqui trabalhava, o amigos estão contigo.seu pai também, daí ter aqui nascido, tra-balhado e vivido a sua, felizmente, já lon- Aqui estamos no Largoga vida. Razões ponderosas, certamente, João Alves Carvalho, ondejurídicas, que não de coração, levaram a um edifício propriedade daque não fosse possível, o nosso António, Unioeiras cumpre a funçãoaqui continuar, a plantar as couves e as de sala de convívio, ondealfaces que tanto gostava, enquanto para alguns reformados se en-isso as suas forças o permitissem. Teve se tretêm jogando às cartas esair, de se acolher em casa de sua filha, de ao dominó, e claro, jogandodeixar tudo o que tinha sido a sua vida, a futebol de boca defenden-terra, os amigos, que são muitos e bons. do cada um o seu clube doA vida tem destas coisas injustas que o coração. Dois nomes que ao longo de muitos anos têm pugnado para que este local se mantenha com dignida- de, o Sr. Amadeu Carvalho, sempre incansável na busca da melhor solução para as dificuldades que surgem e o Sr. Fernando Grilo sempre disponível para exigir e cri- ticar o que é, para ele, muito saudável. Outra área do mesmo edi- fício está preparado para bar de apoio à praia, foi re- centemente pintado para que seja posto a funcionar no verão. Também as casas de Unioeiras - Sala de convívio10 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
banho estão a funcionar. vestir de várias famílias, como era usual No lado contrário do largo, após o par- na época.que de estacionamento, temos as oficinas Entramos no túnel de acesso à Praia do“Auto Caxiense” (Mercedes), do Sr. Fili- Lagoal. Este túnel está cheio de pinturaspe, que por se encontrar doente deixou sem critério o que lhe dá um aspeto de-de as dirigir, sendo essa tarefa agora re- sinteressante e sujo e pouco atrativo. Maspartida pela sua mulher, o filho Victor, e é por aqui que centenas de pessoas che-sua mulher, Alexandra, que é conhecida gam à praia, que está limpa, com grandepor “ a menina da Mercedes”, dada a sua areal e a necessária assistência, o que asimpatia e amabilidade. torna segura. Esta praia teve o seu apo- geu nos anos 40,50 e 60 do século passa-Sr. Víctor Ramos e sua mulher Alexandra Castanheira do. Era explorada pela família Mateus, vinda de Vagos. Tinha toldos, barracas, Estas oficinas criadas nos anos 70, do balneários e barcos para alugar. Aosséc. passado, especializadas na famosa Caxienses, que não eram muitos, junta-marca Mercedes-Benz, atingiu uma boa vam-se famílias vindas de fora, militaresdimensão, mantendo fidelizados muitos para a Messe, e outras para casas aluga-clientes. Entre eles destacam-se os taxis- das, e diariamente comboios, autocarrostas que aqui encontram os serviços de e viaturas próprias, rumavam a esta bemassistência adequados às suas viaturas de cuidada e localizada praia com a sua baíatrabalho. abrigada e tranquila. Nestes edifícios que incluíam a gara- As cheias de 1967 retiraram qualidade egem da vivenda fronteira, do Sr. Luisinho a exploração foi abandonada.da Fonseca, residia o Sr.António Marrei-ros, familiar do Sr. Mateus, que explorava Em 1974, após o 25 de Abril, um grupoa Praia do Lagoal, e sua mulher, a muito de frequentadores, entre eles alguns pes-querida D. Matilde, que tinha oficina de cadores, uniram-se e criaram a Associa-costura, onde com a ajuda de emprega- ção “A Nossa Praia”, que com trabalhodas, resolvia os problemas da roupa de voluntário, apoiado pela Junta de Fregue- sia e pela C.M.O. construíram as casas de banho, o bar, a sala de convívio, duches e limpavam a praia, davam assistência e formação aos jovens, ensinando a nadar, a prestar primeiros socorros e outros as- Associação “A Nossa Praia” na sala da A.R.L.C.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 11
CAMINHOSpetos de assistência aos frequentadores O Forte de S. Bruno, serve de sede à As-da praia. Foi um grande movimento po- sociação dos Amigos dos Castelos, compular que realizou uma boa obra de inte- atividades esporádicas, não tendo vigi-resse coletivo. Quem assistiu a esses dias lância nem segurança permanentes pelode entusiasmo não se esquece de figuras que está sujeito a todo o tipo de vandalis-como o Chico Norberto, os seu muitos fi- mo e degradação. Para quando um proje-lhos, o David e tantos outros que muito to que dê atividade e devolva a dignida-trabalharam para esta causa. de que este importante edifício histórico teve em épocas transatas? A Ribeira de Barcarena tem a sua fozno limite da Praia do Lagoal. Até aos anos Em frente ao Forte havia uma ponte de60, do século passado, havia uma linha pedra que ligava toda a zona envolvente,de vagonetas que transportavam pedra a praia, as rochas e o próprio Forte. Aquidas pedreiras, e que descarregavam para havia outra praia com balneário, barra-batelões que encostavam a um pontão, cas e toldos. Era a praia do Sr. Carvalho, que se estendia até à curva do Mónaco. Forte de S. Bruno Após o Forte, na foz da ribeira havia uma muralha onde a rapaziada mergulha- va. Ainda lá está, por vezes visível, a sua parte final. Junto à muralha onde antes se acumulavam pedras, foi recentemente inaugurado um troço do Passeio Maríti- mo, que liga esta zona à Cruz Quebrada. Criticado por uns, louvado por outros, aí está disponível para quem dele necessi- tar para fazer exercício físico ao ar livre. Um reparo, contudo, tem de ser feito:sobre estacas, existente Passeio Marítimo - antes - Vá vê-lo agora!no enfiamento da ribei- Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017ra. Nesta época a ribei-ra tinha a sua foz paralá do Forte de S. Bruno,serpenteando pelo arealonde hoje está a espla-nada relvada do Restau-rante Baía dos Golfinho,entretanto instaladojunto à muralha. A praia do meio, Baíados Golfinhos, atual-mente é explorada pelorestaurante contíguocom todos os elementosinerentes à sua utiliza-ção em segurança.12
Imagem cedida pelo Município de Oeiras, vestígios na encosta como árvores, pi-refª. Col. Rogério Gonçalves, 02/045 nheiros mansos e dragoeiros, ou cister- nas e sistemas de rega que lhes pertence- ram e que permanecem no terreno.Para quando a colocação de bebedouros Numa destas Quintas viveu o Presiden-e toldos de proteção? Se acontecer algum te da República Manuel Teixeira Gomes,caso de insolação como proteger? antes de partir para o exílio no Norte de África. Ao falar da Curva do Mónaco vem logoà nossa memória a quantidade de aciden- Chegámos ao Alto da Boa Viagem,tes que ali aconteceram, muitos com viti- onde existiu um Convento, do que restamas mortais, antes de ter sido colocado só a capela, que foi transladada para oo separador central da estrada, e quando alto, no interior da mata nacional do Es-as vagas galgavam a muralha e atingiam tádio Nacional. A antiga quinta apresen-as viaturas que circulavam. Com o afastarda rebentação fica mais seguro transitar. ta restos do sistema de rega e uma ruína dum salão de chá A construção da Estrada Marginal atra- encerrado há décadas.vessou as quintas existentes na encostada Boa Viagem. Assim, fomos encontrar Subindo o vale avistamos o Reduto Sul e o Reduto Nor- Manuel Teixeira Gomes te, as prisões de Caxias, em frente às quais, a meia encos- ta está em construção uma Alameda, estando prevista a colocação dum memorial de homenagem aos presos polí- ticos. Ainda não estão totalmente resolvidos os casos de negó- cios instalados junto à Cidade do Futebol, existindo aqui em atividade ainda alguns deles. Em terrenos cedidos pelaJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 13
CAMINHOSQuinta da Boa Viagem mas não tiveram, ainda, um resulta- do positivo. Culpa de quem? O que está em causa? As ilegalidades come- tidas? A proprieda- de discutível? A boa localização? (tem a melhor vista so- bre a foz do Tejo). Seja o que for, tem de haver um fim em vida, não de to- dos, mas de alguns proprietários, que convencidos de que tinham os seus di-C.M.O. estão a ser construídos re- Bairro do Marchantecintos para a prática de futsal e fu-tebol de praia, para o trabalho deestudo, desenvolvimento e prepa-ração das equipas nacionais des-tas modalidades, no âmbito doFederação Portuguesa de Futebol,completando assim o Complexoda Cidade do Futebol. Na encosta, para lá das prisões,fica o Bairro do Marchante. Bairrode génese ilegal, que espera solu-ção há décadas. As negociaçõesentre os proprietários e a C.M.O.já estiveram bem encaminhadas14 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
reitos acautelados avançarampara investimentos contandoque, tal como noutros casos se-melhantes, ou parecidos, tudo seresolveria.Depois de muita insistên-cia por parte do representantedos proprietários foi possível aUnioeiras avançar com a regu-larização do principal eixo que Circo Chapitôatravessa o bairro. Que no próximo man- testemunhamos, com agrado, a regula-dato seja encontrada, finalmente, a solu- rização do parque de estacionamentoção para este difícil problema de política fronteiro e a colocação duma bem vi-de habitação que afeta o ambiente e a qua- sível passagem de peões, o que muitolidade de vida dos cidadãos. vem contribuir para o aumento da se-Descendo a encosta onde permanecem gurança de quem por ali circula.os restos da abortada obra da Polícia Judi- Ao tomarmos o caminho para Laveiras,ciária. Para quando a limpeza do terreno e descendo a escadaria até ao quartel daa plantação de árvores até que seja encon- PSP, ficamos parados a olhar o muro dastrada uma boa aplicação para parte do ter- quintas do Custódio e da Cartuxa. Tantasreno? Já que a outra parte será, certamente, ideias, tantos sonhos, e nada de projetospara repor a mata que foi suprimida. e muito menos de obras. Que rico pa-Ao lado, o Colégio Pe. António de Olivei- trimónio que estes muros escondem semra, que ocupa um dos antigos pavilhões e que benefício algum possa ser obtido pora antiga enfermaria (serviços). Tem novos parte da vila que tanto carece de ativida-campos desportivos para ocupar os jovens de empresarial, cultural, social e despor-ali internados. Recentemente o Circo Cha- tiva. Para quando um Governo que sejapitô instalou-se aqui para uma ação de sensível a estas questões e abra mão dasapoio e formação, que teve o acompanha- quintas que estão abandonadas sem uti-mento pela própria Srª. Ministra da Justi- lização e permita que com bom senso, eça, dada a importância dada a este tipo de adequados cuidados, lance novos desa-iniciativas. fios para o futuro, que é já hoje.Viramos à direita e seguimos até à Estamos em frente às instalações daPrisão Hospital S. João de Deus, onde centenária coletividade, Grupo Despor-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 15
CAMINHOStivo Unidos Caxienses. Foi criada em beiro, que foi um grande formador deCaxias, como Grupo Musical, foi para La- atletas, alguns campeões, mas sobre-veiras, sede provisória e depois a sede de- tudo de homens bem formados e comfinitiva. Passou a Grupo Desportivo quan- princípios que os leva a devolver agorado começou a ter equipas para participar aos mais novos aquilo que receberamem competições desportivas, entretanto quando também o foram. Concluindo:a música foi perdendo expressão, até de- Estão todos de parabéns.saparecer como prática habitual. Damos um salto à Av. Ferreira LoboMuitos têm sido os contributos desta para, de novo, falar do Restaurante “Acoletividade para o bem estar e vida so- Curva”, recentemente alvo de melho-cial, cultural e desportiva da população, rias, com nivelamento dos pisos, fazen-sobretudo dos mais jovens, já que são do subir o da sala interior ao nível doestes quem representa, e bem, o Grupo piso de entrada, para assim melhorarnas competições onde participa. Subida o funcionamento, e aumentar o espa-de escalão para uns, manutenção, meda- ço para serviço. Ao lado, uma modernalhas e campeonatos para outros, ou sim- barbearia.ples participação para Um pouco mais àoutros, tudo é positivo, frente temos o minitudo participa no pro- mercado “O Celeirocesso de crescimento e de Laveiras” onde aformação do homem família Pontinha, háadulto que do jovem muitos anos atende avai emanar, desde que sua fidelizada clientelafeito com gosto, amor com simpatia e profis-ao que se faz, com ho- sionalismo, O pai Or-nestidade e desporti- lando, que há muitosvismo. Ora é tudo isto anos desenvolve aqui,o que encontramos em Laveiras, a suanesta coletividade, atividade comercial,que é dirigida por diri- adquiriu grande expe-gentes que antes de o riência que tem vindoserem passaram pelo a transmitir paulatina-crivo da formação do mente à sua filha Rute,Sr. António Alves Ri- Orlando e Rute Pontinha pelo que está assegura-16 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
da a continuidade do negócio para satis- encerramento da Agência do Novo Ban-fação dos seus clientes. co, e respetivas Caixas Multibanco, só ou- tra, entretanto aberta, no edifício da Jun- A Caixa de Multibanco, que esteve du- ta de Freguesia, e a da Estação da C.P. emrante algum tempo encerrada, voltou a horário restrito, eram manifestamentefuncionar, o que é uma boa notícia para insuficientes para satisfazer as necessida-os habitantes desta zona, já que após o des de serviço automático da vila, onde não existe qualquer Agência bancária. Lembram-se dos Correspondentes? É que há muito que deixaram de existir, mas que nesta vila, pouco atrativa para negócios, ainda davam um jeitão. Não acham? A seguir começa a Calçada de Laveiras, onde mora a nossa amiga D. Esmeralda Amoedo, nossa figura de capa, fadista com uma vasta e importante carreira, a quem agradecemos a amabilidade de nos deixar falar de si. Em frente o Colé- gio Nª. Srª. das Dores, por onde passa- ram milhares de crianças Caxienses, a Igreja Paroquial e as Capelas Mortuárias, tendo por baixo os gabinetes para os ser-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 Largo do Cirilo 17
CAMINHOS Fontanário que há muitos anos fornece o pão aos residentes, e em frente a antiga tabernaviços técnicos e administrativos. da Isilda, depois o restaurante Conde e Na esquina, a padaria da Apapol, atualmente, o restaurante, café e paste- laria do Sr. José Miranda, ponto de en- contro de amigos para tertúlias várias, sobretudo relacionadas com o dia a dia de cada um, e da vila. Seguimos para o Largo do Cirilo, onde o mal cuidado fontanário, que está fora de serviço. Porquê, se faz fal- ta? O belo coreto colocado no centro do recinto, onde nas tradicionais festas de Coreto18 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
Manuel Cajada e Trindade, Sócios do G.D.U.C mulheres conse- guiram manter,Laveiras dedicadas à sua padroeira, Nª. e desenvolver,Srª. das Dores, tocavam, e cantavam, esta antiga casaartistas, que animavam os bailes que de música, noeram muito frequentados por locais e início, de des-forasteiros. porto e cultura, depois ficaram E, de novo, tomamos o nosso cami- na memória denho, passamos a ponte sobre a Ribei- quem acompa-ra de Barcarena, e cá estamos na sede nhou, as Festas,do GDUC (Grupo Desportivo Unidos as cavalhadas,Caxienses). as corridas, en- fim as ativida- Assim chegámos ao fim deste cami- des preferidas enho que nos trouxe a esta colectivida- ao alcance dasde que é o orgulho de várias gerações populações quede filhos de Laveiras, sobretudo, mas serviam.também de antigos Caxienses, hoje A nossa homenagem por tudo o quefelizmente unidos numa única vila. fizeram, o que estão a fazer, e o que deFoi com muito trabalho que homens e certeza, irão fazer de mais e melhor, no futuro. Assim sejam satisfeitas as vossas necessidades em instalações, há muito esperadas e prometidas. Que seja desta, são os nossos votos, porque são bem merecidas. É com este voto que encerramos o nosso caminho de hoje. Até ao próxi- mo! Texto de José Marreiro, Aguarelas e Desenhos de Serrão de FariaJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 19
BIBLIOGRAFIASBiobibliografia de Ana de Castro OsórioAna de Castro Osório nasceu em maçónica Grande Mangualde, a 18 de Junho de Oriente Lusitano. 1872, e veio a falecer, em Setúbal,a 23 de Março de 1935, distinguindo-se A 17 de Maio decomo uma escritora, de literatura-in- 1919, foi feita Ofi-fantil, jornalista, pedagoga, feminista e cial da Ordem Mi-activista republicana. litar de Sant’Iago da Espada e, a 5 de Foi pioneira em Portugal na luta pela Outubro de 1931igualdade de direitos entre homem e foi feita Comen-mulher. Escreveu, em 1905, Mulheres dadora da OrdemPortuguesas, o primeiro manifesto fe- Civil do Méritominista português. Agrícola e Indus- trial. Casada com Paulino de Oliveira,membro do Partido Republicano apro- Em 1976, a Câmara Municipal de Lis-ximou-se desse partido, tendo, depois boa homenageou a escritora dando oda instauração da República, colabo- seu nome a uma rua na zona da Quintarado com o ministro da Justiça, Afonso dos Condes de Carnide, em Carnide.Costa, na elaboração da Lei do Divórcio. Na Biblioteca de Belém (Lisboa), exis- É considerada a criadora da literatu- te uma Biblioteca especializada Ana dera infantil em Portugal, com a série de Castro Osório.contos infantis Para as crianças que pu-blicou, entre 1897 e 1935, em Setúbal, Para além de Contos tradicionais por-em fascículos. Também colaborou em tugueses, traduziu os Contos de Grimmdiversas publicações periódicas como: e de Andresen, publicando também umA ave azul (1899-1900), Branco e Negro romance, contos e novelas para os leito-(1896-1898), Brasil-Portugal (1899-1914), res adultos. Juntamente com o seu filhoA Leitura (1894-1896), Serões (1901-1911) e João de Castro Osório, publicou a céle-A Farça (1909-1910). Foi membro da loja bre obra poética Clepsidra de Camilo Pessanha.Biobibliografia de João de Castro OsórioFilho da escritora e grande defen- sora dos direitos da Mulher, Ana poesia, intitula- de Castro Osório e, do político do Rainha Santa,republicano, Paulino de Oliveira, João e que se inclui na tendência nacio-de Castro Osório nasceu na cidade de nalista, e de umSetúbal, a 17 de Janeiro de 1899, e veio a regresso às ideiasfalecer no Lagoal, em Caxias, concelho de Almeida Garre-de Oeiras, a 10 de Novembro de 1970. tt (neogarrettista)Licenciou-se em Direito pela Univer- e ao neo-român-sidade Clássica de Lisboa. tismo.Em 1929, surge o seu primeiro livro de Nas mesmas cor-20 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
rentes literárias se inclui o seu teatro, Pessanha, que, entretanto, se apaixo-como se contata nas peças A Horda de nara por sua mãe, Ana de Castro Osó-1921, e O Clamor de 1923. rio, embora esse amor não fosse cor- respondido. A partir de 1931 começa a dirigir arevista cultural Descobrimento, o que Em 1936, João de Castro Osório pu-fará até ao ano seguinte. Entretanto, blica de novo poesia, com a obra Can-colabora em diversas revistas e jornais, cioneiro Sentimental. Dedicou-se tam-utilizando de princípio o nome João de bém ao ensaio e à história literária.Castro, como Atlântico, Colóquio, Oci- Assim, em 1942, sai o seu livro Flori-dente, Diário de Lisboa, A Tarde, etc. légio das Poesias Portuguesas Escritas em Castelhano e Restituídas à Língua Como editor publicou a célebre Nacional.Clépsidra, da autoria do poeta CamiloBiobibliografia de Raúl PortelaRaul Portela nasceu em Lisboa, cam decisiva- em 1889, tendo sido internado mente filmes no Reformatório Central de Lis- como Aldeiaboa Padre António Oliveira, em Caxias. da RoupaAqui inicia a sua aprendizagem de mú- Branca ou Osica, tornando-se anos mais tarde, pro- Pai Tirano.fessor e regente da banda filarmónica Faleceu, quan-desta instituição. Porém, antes disso, do ainda tinhaserá pianista acompanhante de filmes muito para darmudos, instrumentista em orquestras, à música por-e compositor de teatro a partir de 1912. tuguesa, a 20Nas décadas de 20 e 30 do século XX, as de Agosto de 1942, em Caxias, concelhosuas canções atingem grande populari- de Oeiras.dade, como é o caso da popular Lisboa José Lança CoelhoAntiga que ainda hoje se trauteia.Quando o cinema se torna sonoro,compõe inúmeras cantigas que mar-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 21
BIOGRAFIASApontamento sobre José SaramagoDe seu nome completo José de gelá-los. Contas- Sousa Saramago., nascido a 16 de te-me histórias Novembro de 1922 , na Azinhaga de aparições e lo-(Golegã), faleceu a 18 de Junho de 2010, bisomens, velhasem Espanha , na sua casa de Lanzarote. questões de famí-Foi o nosso único Prémio Nobel de Lite- lia, um crime deratura em 1998, tendo deixado uma vastís- morte. Trave dasima obra em todos os géneros literários. tua casa, lumeEm 2000, foi-lhe atribuído o prémio Dou- da tua lareira —tor Honoris Causa, pela Universidade de sete vezes engra-Santiago e a 29 de Junho de 2007 deixa vidaste, sete vezes deste à luz.estas palavras gravadas oficialmente Não sabes nada do mundo. Não entendes de“Somos a Fundação José Saramago”. política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. HerdasteA Beleza das Palavras umas centenas de palavras práticas, um vo- cabulário elementar. Com isto viveste e vaisDa sua vastíssima obra, escolhemos este vivendo. És sensível às catástrofes e tambémtrecho, por o acharmos duma beleza in- aos casos de rua, aos casamentos de prince-comparável. sas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdesteCarta para Josefa, minha avó lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavraTens noventa anos. És velha, dolorida. Di- Vietname é apenas um som bárbaro que nãozes-me que foste a mais bela rapariga do teu condiz com o teu círculo de légua e meia detempo — e eu acredito. Não sabes ler. Tens as raio. Da fome sabes alguma coisa: já vistemãos grossas e deformadas, os pés encortiça- uma bandeira negra içada na torre da igreja.dos. Carregaste à cabeça toneladas de resto- (Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o con-lho e lenha, albufeiras de água. tavas?)Viste nascer o sol todos os dias. De todo o pão Transportas contigo o teu pequeno casulo deque amassaste se faria um banquete univer- interesses. E, no entanto, tens os olhos clarossal. Criaste pessoas e gado, meteste os bácoros e és alegre. O teu riso é como um foguete dena tua própria cama quando o frio ameaçava cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou22 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne lavras as que tu pudesses compreender. Já nãoe do teu sangue, mas não entendo. Vieste a vale a pena. O mundo continuará sem ti — eeste mundo e não curaste de saber o que é o sem mim. Não teremos dito um ao outro o quemundo. Chegas ao fim da vida, e o mundo mais importava. Não teremos, realmente? Euainda é, para ti, o que era quando nasceste: não te terei dado, porque as minhas palavrasuma interrogação, um mistério inacessível, não são as tuas, o mundo que te era devido.uma coisa que não faz parte da tua herança: Fico com esta culpa de que me não acusas —quinhentas palavras, um quintal a que em e isso ainda é pior. Mas porquê, avó, por que tecinco minutos se dá a volta, uma casa de te- sentas tu na soleira da tua porta, aberta paralha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calo- a noite estrelada e imensa, para o céu de quesa, passo a minha mão pela tua face enrugada nada sabes e por onde nunca viajarás, para oe pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso silêncio dos campos e das árvores assombra-dos carregos — e continuo a não entender. das, e dizes, com a tranquila serenidade dosFoste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. teus noventa anos e o fogo da tua adolescênciaPor que foi então que te roubaram o mundo? nunca perdida: «O mundo é tão bonito, e euQuem to roubou? Mas disto talvez entenda tenho tanta pena de morrer!»eu, e dir-te-ia o como, o porquê e o quando se É isto que eu não entendo — mas a culpa nãosoubesse escolher das minhas inumeráveis pa- é tua.Diário Intermitente - “Domingo,” 7 de Maio de 2017Hoje, a conversa do Maria, aquela hora (18H), Machado Vaz, com salvo, se fosse algo espe- a sua parceira do cial. Parquear ali o carro,programa “O Amor é...”, fez era uma aventura! Porém,tilintar as campaínhas! A ela tinha os seus fiéis tóxi-propósito do 10º aniversário co/arrumadores e emborada Fundação José Saramago, com algum atrazo, entrá-comentavam eles do amor mos na sala com as luzesexacerbado do José pela Pilar semi apagadas. Ainda deue, de imediato relembrei esta para ver que nos arrumarmcena (como dizem os putos) na 3ª fila e que à nossa fren-de há mais de 20 anos. te estava a Maria Barroso, o Alçada e o Victorino com Como sempre, a Eunice te- a sua bengala. Ao meu lado, um homem,lefona-me a correr e sem mais delongas, sentado na beira da cadeira e...dispara:. O espectáculo era de facto, a não perder.! - Daqui a meia hora, passo aí a apanhar- Além de ter como intérprete (era um mo-te. Não deu tempo para perguntas! Ela, é nólogo) a grande actriz Fernanda Monte-mesmo assim! negro, não se repetiria, por a mesma estar Lá enfiei outras calças, mais as botas da de passagem para Madrid. Todo o tempo,chuva e safei o resto com o camisolão e o o já referido espectador, sempre inclina-kispo. Era inverno. do para o lado oposto, não parou de fazer Não era hábito haver espectáculos no D.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 23
festas nas pernas da mulher que tinha à tenho sauda-sua esquerda.Acendiam-se as luzes pa- des dos riscosra Intervalo; muito de soslaio só vi cabe- que corríamoslos brancos, mas ainda deu tempo para e isso sim, erasussurrar à minha amiga : - Este fulano, adrenalina!já tinha idade para ter juízo! Já no foyer, (Hoje, pala-as apresentações, ao Senhor Secretário vra tão corren-de Estado (Santana Lopes), ao Nery e... te na boca dosaos “meus vizinhos”, o escritor José Sa- jovens, peran-ramago e à sua bela Pilar del Rio. A ele, te uma escala-havia-o conhecido nos longinquos anos da ou quejanda60, quando das escapadelas a Algés, ao proeza) Nada éIº Acto Clube de Teatro, hoje Municipal mais impor-Amélia Rey Colaço. Naquela época e na- tante que a Li-quele espaço, coio de comunistas, como berdade! Mas,a PIDE o apelidava e sempre prestes a voltando ao Sa-invadi-lo e enfiar-nos a todos na Ramo- ramago, tive ainda oportunidade de es-na, que não largava a porta. Por vezes, tar perto do nosso Prémio Nobel e mais uma vez pela mão do Armando Cal- das, quando de regresso de Estocolmo, foi homenageado no Teatro de Linda a Velha, (ex 1º Acto) onde o INTERVA- LO Grupo de Teatro é a Companhia Re- sidente (Auditório Municipal Lourdes Norberto) e conseguir o seu autógrafo no “Levantados do Chão”. Um livro da autoria de José Lança-Coelho, edição Dinalivro, colecção «Turma S.O.S.» que figura na biblioteca da Fundação Sara- mago, em Lanzarote, é a biografia ficcio- nada do único escritor português que ganhou o Prémio Nobel da Literatura. Maria Aguiar24 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
EMPRESASGrau de Imaginação- O que somos?As s u m i m o - n o s sas, publicidade em espaços comerciais como um Atelier - ponto de venda (PLVs, expositores, de Design que atua stands), comunicação exterior (decora-nas mais variadas verten- ção de viaturas, decoração de montras,tes do Design Gráfico, Co- Lonas, Mupis), sistemas de sinalética,municação e Web. packaging e rotulagem, suportes de co-No mercado há 10 anos, municação para eventos, congressossomos especialistas na e exposições (pop-ups, roll ups, standcriação e produção de -ups).suportes de comunica- Somos uma equipa multidisciplinar, di-ção. Exibimos as ideias nâmica e empenhada, assente em pila-dos nossos clientes e va- res tais como a experiência, o know-how,lorizamos as suas marcas a criatividade, a dedicação e acima decom profissionalismo e tudo a satisfação dos nossos clientes.distinção.A complementaridade de serviços dis- Mónica Sobralponíveis, da criação e impressão digital, e Sandra Sobralà produção de estruturas em diversosmateriais, aliada a equipamentos e ma-quinaria eficientes e a uma equipa ex-periente, versátil e competente, permi-tem assegurar um serviço completo emqualquer ponto do país, da Europa e doMundo.As possibilidades da impressão digital,em suportes rígidos ou flexíveis de pe-queno ou grande formato, são inúmeras.Como principais soluções surgem: su-portes rígidos e flexíveis, modulação(suportes rígidos), decoração de empre-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 25
PROJETO COMUNITÁRIOA Ajuda de Mãe – Por uma NOVA VIDAAAjuda de Mãe é uma IPSS criada Alto da Loba, semanalmente às 3ªs feiras, em 1992 por um grupo da socieda- as grávidas e famílias podem beneficiar de civil, preocupado com a falta de acompanhamento social, consultas dede apoios e alternativas a grávidas com psicologia e formação para a parentalida-qualquer tipo de carência ou dificulda- de: cuidados com o bebé, amamentação,de em aceitar a sua gravidez; e assim ao a importância do brincar, regras e rotinas,longo dos anos a Ajuda de Mãe criou e etc, e ainda de encaminhamento para asdesenvolveu vários serviços e projectos, varias estruturas da Ajuda de Mãe e danão existentes ou em deficit na comuni- comunidade necessárias e adequadasdade de modo a garantir o cumprimento a cada mãe para a concretização de umda sua Missão: “Apoiar grávidas e famí- projecto de gravidez e parentalidade con-lias para que o nascimento do Bebé seja sistente e saudável e de uma reintegraçãofactor de melhoria da vida da Família”. profissional que permita a sustentabili- dade da família. O primeiro serviço criado foi a linhatelefónica SOSGRÁVIDA, seguida de Em 2005 a Ajuda de Mãe ganhou oum serviço de atendimento/ acompa- apoio da Fundação EDP através do Pro-nhamento social, e dos vários outros à jecto EDP Solidária para abrir uma resi-medida que as necessidades se fizeram dência de Mães Adolescentes com filhos.sentir. Actualmente agrupamos serviços De facto, as mães adolescentes precisame projectos em: Atendimento/acompa- de um período de tempo de acolhimen-nhamento em varias zonas da Grande to alargado, de modo a poderem crescer,Lisboa e Santarém, Acolhimento com 3 amadurecer e acabar a escolaridade obri-residências, Formação - para os compor- gatória ou um curso de formação profis-tamentos responsáveis, parentalidade, sional para serem autónomas e poderemescola de Mães e formação profissional, prosseguir a sua vida com qualidade eReinserção Profissional e Escola do Arco. com os seus filhos. A Santa Casa de Mi- sericórdia de Oeiras foi um parceiro fun- No concelho de Oeiras, nomeadamente damental para a concretização deste pro-em Paço de Arcos, a Ajuda de Mãe abriu jecto com o aluguer da Casa João Pauloem 2003 um Gabinete de Atendimento/ II, uma antiga residência temporária deAcompanhamento a grávidas e famílias. jovens e que a partir do inicio de 2009 eNuma parceria com a Câmara Munici- depois de obras de recuperação passou apal de Oeiras e o Centro Comunitário do26 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
ser a Casa de 10 mães e 10 bebés. Mães e da cedência da Escola Primária Moreirabebés que vivem em família, vão crescen- Rato (ou Fonte de Maio), fechada por fal-do e aprendendo, acabam os seus cursos, ta de condições para escola primária massão integrados em creche, arranjam um um espaço muito bom para um equipa-emprego que lhes permite ser indepen- mento de infância. E assim surgiu a Es-dentes. Nem sempre é fácil porque as cola do Arco, no início uma creche paracasas são caras e por vezes muito difíceis 69 meninos e depois mais 3 salas de jar-de encontrar perto da residência onde dim de infância, abertas à comunidadepodem continuar a ter apoio em alturas envolvente e que permitiu a criação demais difíceis. Também as outras organi- 30 postos de trabalho. A Escola do Arcozações da comunidade: Centro de Saú- tem um projecto educativo próprio, fun-de, creches, escolas, Junta de Freguesia, damentado nos valores da Ajuda de Mãeoutras IPSS, voluntários,…. são parceiros e quer que as crianças cresçam despertasimportantes no funcionamento e suces- para o que as rodeia, integradas na suaso desta Casa. Já passaram pela Casa comunidade, adquirindo novas compe-João Paulo II cerca de 50 mães. Que saí- tências no respeito pelos outros e peloram com os seus projectos de vida pelo meio ambiente.menos parcialmente completos. E é umagrande alegria quando voltam com as vi- Com o trabalho desenvolvido, quere-das estabilizadas e umas crianças já cres- mos que a chegada do bebé, nem sem-cidas e contam o seu dia-a-dia. pre em condições ideais, potencie a mu- dança e possa criar para estas famílias Ainda na sequencia dos contactos uma nova vida.com a Câmara Municipal de Oeiras paraa criação da residência, surgiu a hipótese Madalena Teixeira DuarteJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 27
PATRIMÓNIOA Flor da MurtaNos meus anos 60 rainha D. Maria Ana de Áustria. Foram do século XX, precisamente as radicais diferenças de a extensão da gosto que, determinaram o drama pas-Quinta da Terrugem ia sional que celebriza a quinta.desde a marginal, pas-sava a linha do comboio D. Leonor, mulher formosa, que ain-e chegava ao Alto do da não completara trinta primaveras,Lagoal e à Terrugem. começou a ser perseguida pelo rei, quePorém, o seu tamanho se apaixonou por ela desde o primeiroinicial era muito maior, dia em que a vira. Vestia ela, na altura,como o atesta a seguin- um traje branco e verde, o que lhe valeute passagem das Me- o seguinte madrigal feito pelo monarca:mórias da Linha, livroda autoria de Branca da “Flor da MurtaGouta Colaço e Maria raminho de freixo,Archer: «É que a quin- deixar de amar-teta foi, em tempos, um imenso domínio isso é que eu não deixo.”senhorial. Chegou ao fim do último sé-culo (XIX) já ratinhada em tamanho eprestígio. O traçado do comboio dividiu-a em duas partes.» (1) No reinado de D. João V, «o Magnâ-nimo», (1706-1750), a quinta era posseda família Meneses, com o estatuto de«feudo herdado e a herdar». Por essetempo, os seus proprietários possuíamgostos antagónicos, isto é, enquanto D.Jorge de Meneses, senhor da Bodoeira,no Algarve, amava a agricultura e a caça,sua mulher, D. Leonor Clara de Portu-gal frequentava a vida da corte, ondeocupava o cargo de dama de honor da28 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
D. Leonor começou a ser conhecida na mente alugada ao Sr. José Basílio Cas-corte pela «Flor da Murta», o rei passou telo Branco (…) que preferiu para oa conceder-lhe os mais diversos favores, casamento da sua filha com o Sr. Joãomas o marido, ferido na sua honra, dei- Pinto Basto, utilizar a capela da quintaxou-a no seu palácio do Poço dos Ne- – capela famosa, possivelmente ainda agros, a S. Bento, e veio com os seus três mesma do século XV, mas restaurada nofilhos habitar a “Quinta da Terrugem”, século XVIII com belos azulejos e ou-durante os cinco anos que lhe restaram tras obras, e onde, segundo reza a len-de vida, tempo que gastou a educar as da, disse a primeira missa, nos começoscrianças, a lavrar, a caçar e a chorar a do século XVI, D. Frei Bartolomeu dosdesdita que o atingira. Mártires. O conde de Porto Covo, por sua vez, vendeu a quinta ao banqueiro Durante esse lustro, sua mulher teve Sr. António Piano. Este vendeu-a ao Sr.uma filha bastarda do rei, que foi criada Fritz Wirth, um dos sócios da casa Bry-a expensas deste no convento de San- ner & Wirth, de Lourenço Marques, atos. Porém, a paixão de D. João V pela quem a comprou D. Sara Seraya, actual«Flor da Murta» extinguiu-se lentamen- proprietária [1943].»(2)te, facto que levou a despeitada senho-ra a arranjar um novo amante – duque Notas:de Lafões, jovem de dezoito anos, ain- (1) Colaço, Branca da Gouta; Ar-da sobrinho do Magnânimo. Ao saber cher, Maria, Memórias da Linha de Cas-da traição, o rei exilou o duque no seu cais, Parceria A. M. Pereira, Lisboa, 1943,solar nortenho e afastou-se definitiva- ed. Fac-similada, C.M.C. e C.M.O., 1999,mente de D. Leonor. Esta, após a mor- p. 153.te do marido, voltou a habitar o Palácio (2) Idem, idem, p. 154.da Quinta da Terrugem, onde faleceu N.B.: “A Flor da Murta” que aqui éabandonada pelos filhos e pelos aman- chamada por D. Leonor Clara de Portu-tes. gal (em nota I) é chamada de D. Luísa Clara de Portugal pela historiadora que Abordemos, de seguida, a Quinta da a biografou Alice Lázaro.Terrugem pela vertente dos seus pro-prietários. Sigamos, então, a esclarece- José Lança-Coelhodora explicação das autoras das Memó-rias a este respeito: «Foi um Menesesque vendeu a quinta ao pai do actualconde de Porto Covo. (…) Já anterior-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 29
DA MEMÓRIAUm texto de Eça Sobre Leibniz suprimido pelo GrandeEscritor PortuguêsQuem pegar nas Notas Contempo- torcer a corda, forjar o ferro, amassar o râneas (1) de Eça de Queirós (1845- barro, o amanho das terras e o amansar 1900), encontrará um texto com dos animais, o tratamento das feridas edata de 1896, intitulado «Almanaques doenças do corpo humano, a interpreta-(Introdução ao 1º volume do “Almanaque ção das estrelas, etc., etc.Enciclopédico”)» (2). A partir daqui, o autor de Os Maias as- No referido texto, o grande escritor por- sinala as diversas etapas que o «Almana-tuguês do século XIX disserta sobre os que» percorreu entre os diversos povos eaparecimentos do Almanaque e da En- civilizações que constituem a Humanida-ciclopédia. Segundo uma lenda talmúdi- de. Caldeus, Sumérios, Romanos, Egíp-ca, anterior ao Dilúvio, dois videntes que cios, a Igreja católica, até que chega o anoeram filhos de Seth e conhecedores das de 1550, data em que Nostradamus (1503-intenções de Deus, desciam uma tarde, 1566), o astrólogo dos reis Carlos IX (1550-um caminho da Mesopotâmia, quando 1574) e Henrique II (1519-1559), redige umpensaram em arquivar a ciência da pri- almanaque, que se torna um livro sério, emeira humanidade. Durante três dias e que será o antepassado da Enciclopédiaoutras tantas noites, os dois sábios grava- oitocentista.ram sobre o granito e o tijolo, o livro detodo o saber que esteve soterrado durante Aparece então o «Almanach du Bon-4240 anos. homme Richard» de Benjamim Franklin (1706-1790) que se torna o catecismo po- De acordo com Eça, essas gravações te- pular, guindando a ciência a um estatu-rão constituído o primeiro «Almanaque», to nunca visto. Com ciúmes da ciência, aensinando a Adão as artes de cardar a lã, poesia, a grande forma literária do século30 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
das Luzes, inventa Uma tarde, de-o «Almanaque das sesperado comMusas», que per- o irritante baru-dura durante toda lho, terá gritado:a Revolução Fran- “Como se emude-cesa, passa por Na- ce uma porta?”,poleão (1769-1821) ao mesmo tempoe chega ao tempo que, terá conside-em que Vítor Hugo rado que este pro-(1802-1885) já se tor- blema era maisnara par de França. terrível que o do Ser. Na opinião de A partir de 1787 Eça, “(…) para definir o Ser basta a fanta-surge o «Almanach du Père Girard» que se sia para calar os gonzos duma porta sãodissemina por toda a França. Seguem-se- necessárias regras” pelo que o autor de Alhe inúmeros almanaques, oriundos das Capital conclui: “Leibniz, que tudo sabia,mais diversas tendências políticas e das não sabia as regras.”, daí que lhe dê o se-mais variadas profissões. Aparecem, en- guinte conselho: “Meu velho e ilustre Filó-tão, as Enciclopédias. A ‘Grande’, de Di- sofo, se tu lesses o Almanaque e, deixandoderot (1713-1784) e D’Alembert (1717-1783), a as concepções inúteis, te entregasses às‘Britânica’ e, finalmente!, o bem portugue- experiências positivas, terias tomado sim-sinho «Almanaque Enciclopédico». plesmente o teu lápis, (…) e esfregarias com ele os gonzos da tua porta, que não O referido texto, «Almanaques», termi- rangeria nunca mais. E terias reconhecidona aqui. Porém, quem folhear a revista que, mesmo em casa de um Metafísico,«Ver e Crer» de Novembro de 1946 (3) de- mais vale uma receita que uma teoria…”.para-se com uma surpresa. Em artigo in- Notas:titulado, «Um Trecho Inédito de Eça de (1) Eça de Queirós, Notas Contemporâ-Queiroz» (4) afirma-se que, confrontando neas, Fixação do Texto e Notas de Hele-o texto «Almanaques» com um original na Cidade Moura, ed. Livros do Brasil,manuscrito, que é reproduzido neste mes- Lisboa, s/d, 412 pp.mo artigo, verifica-se que Eça suprimiu (2) Id., id., pp. 378-402.uma parte relativa ao filósofo e matemá- (3) Revista Ver e Crer, Cada Assunto Valetico alemão Leibniz (1646-1716). Escreve um Livro, nº 19 de Novembro de 1946, di-Eça que, andando Leibniz na construção recção de José Ribeiro dos Santos e Má-do seu sistema filosófico, trabalhava na rio Neves, Lisboa, 128 pp.sua biblioteca pessoal, formada por duas (4) Id., id., pp. 8-9.pequenas salas, ligadas por uma porta ho-landesa de mola, que, mal aberta, logo se José Lança-Coelhofechava. Passando de uma sala para outra,“os gonzos da porta rangiam, com um es-tridor tão áspero que todo o nervoso Lei-bniz se arrepiava e perdia a sequência dassuas deduções profundas, e no seu grandecérebro o seu grande sistema cambalea-va”.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 31
CRÓNICAS por Silvino ValenteA Criança e o Melro ajuda aos que nos rodeiam, sobretudo aos mais fracos e humildes, veio-Neste mundo em que o Homem me ao pensamento um episódio atua mais na intensificação das que se passou comigo: guerras, ódios, atentados, cor- Na passada semana, no habi-rupção, violação dos direitos funda- tual passeio diário no jardim dementais e até contra o próprio Deus, Paço de Arcos, junto ao recinto denecessitamos de ouvir, escutar, aten- patinagem, deparei-me com umatamente, a voz de Jesus Cristo quan- criança que sentada na sua bici-do proclama que “quem não receber cleta de 3 rodas, olhava fixamenteo reino do Pai com a simplicidade das para um melro que, no chão, tre-crianças não entrará nele”. mia na angústia da morte. Com o propósito de tornar a linguagem Na verdade, temos de ansiar para mais fácil, chamei pombinho àque as nossas vidas decorram em am- ave, e disse-lhe que esta estavabientes de fraternidade dando a nossaquota-parte, habitualmente modesta,na construção de um mundo norteadopelo Amor. Ilustrando estes princípios para osquais temos de contribuir com o nos-so exemplo prestando mais atenção e32 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
muito doente, aconselhando-o a não nha vindo a voar de longe… de muitolhe mexer. A pequena mirou-me de longe… “o senhor não fique triste, - dis-alto a baixo e com a maior das ternu- se, vai ver que daqui a pouco ele já estaráras respondeu-me que não era uma bem.”pomba mas sim um melro e que nãoestava doente mas cansado porque ti- Silvino ValenteÀ Direção do Jornal “A Voz de Paço de Arcos”Agradecendo as atenções sempre recebidas, particularmente do nosso saudoso amigo Joa-quim Coutinho, e, atualmente, da Maria Aguiar (permito-me o tratamento), informo quedepois de 25 anos de colaboração regular, chegou a hora de cessar a publicação das minhassimples crónicas.Tudo tem um início e um fim, e julgo ser uma virtude saber determiná-los com lucidez aaltura mais conveniente. Um abraço amigo. Silvino ValenteNota FinalPor razões puramente práticas, com a ine- cidade, singeleza e frontalidade, apenasvitabilidade do recurso às novas tecnolo- confessar que os artigos me perturbavamgias, há algum tempo a esta parte tenho pela força e convicção, sem qualquer ado-tido (o que alguns provavelmente conside- çante ou relativização, nas abordagensrariam uma maçada) o privilégio de fazer aos assuntos, acontecimentos ou vidas. Ochegar a quem de direito os artigos do meu pragmatismo não é fácil de aplicar face àspai, via computador. Desta forma, tive a agruras da vida de cada um, mas reconhe-honra de passarem por mim, antes de vós, ço que a fé inabalável e estandarte do paileitores, as reflexões que convosco parti- forçaram cada um de nós a instantes delhou. introspeção e interrogação.Não posso deixar de largar o anonimato Quando à decisão de parares…. a tua sen-para, em primeiro lugar, referir, com or- satez e o sussurro sábio da mãe vencem agulho, que, mesmo com a idade e profis- falta que vou sentir da ansiedade em sabersão que tenho, todas as vezes aprendi algo a palavra seguinte a teclar, da frase que senovo, pelo seu uso da Língua Portuguesa seguiria, do rumo e final de cada crónica.com primorosa propriedade. Obrigada paizinho. Vamos falando. Beijo.Em segundo lugar, e aplicando o seu lega- Ana Valentedo do conceito de beleza enquanto simpli-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 33
SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO DE OEIRASManuel Teixeira GomesNasceu em Vila Nova de Porti- sua colaboração em revistas e jornais, mão, a 27 de Maio de 1860 e, entre eles O Primeiro de Janeiro, Fo- faleceu em Bougie, Argélia, a lha Nova, Arte & vida (1904-1906) e18 de Outubro de 1941. Foi o sétimo Atlântida (1915-1920).presidente da Primeira República Depois de se reconciliar com a famí-Portuguesa de 6 de Outubro de 1923 a lia, viaja pela Europa, Norte de África11 de Dezembro de 1925. e Próximo Oriente, em representação comercial para negociar os produtos Educado pelos pais, até entrar no Co- agrícolas produzidos pelas proprie-légio de São Luís Gonzaga, em Porti- dades do pai (frutos secos, nomeada-mão. Aos dez anos, entrou no Seminá-rio Maior de Coimbra e, em seguida,matriculou-se em Medicina, na Uni-versidade de Coimbra. Cedo desistiudo curso, contrariando a vontade dopai. Muda-se então para Lisboa, ondepertence ao círculo intelectual de Fia-lho de Almeida e João de Deus. Maistarde, conhecerá outros vultos impor-tantes da cultura literária da época,como Marcelino Mesquita, GomesLeal e António Nobre. Teixeira Gomes desenvolveu umaforte tendência para as artes, nomea-damente na literatura, não deixandocontudo de admirar a escultura e apintura, tornando-se amigo de mes-tres como Columbano Bordalo Pi-nheiro ou Marques de Oliveira. Fixou-se depois no Porto, onde co-nheceu Sampaio Bruno, iniciando a34 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
mente amêndoas e figos) o que alarga Portugal, numa cerimónia que veio aconsideravelmente os seus horizontes tornar-se provavelmente na mais con-culturais. troversa manifestação popular, ocor- rida na já então cidade de Portimão, Teve uma casa no alto da Boa Via- nos tempos do Salazarismo. No fune-gem, que foi demolida aquando da ral estiveram presentes as suas duasconstrução da Estrada Marginal. filhas. Republicano convicto, vem a exer- Deixou uma considerável obra lite-cer, após o 5 de Outubro de 1910, o rária, integrada na corrente nefeliba-cargo de Ministro plenipotenciário de ta. As suas obras completas estão dis-Portugal poníveis ao grande público através deem Inglaterra. A 11 de Outubro de 1911 edição recente.apresenta as suas credenciais ao reiJorge V do Reino Unido, em Londres, Principais obras literáriasonde se encontrava a família real por- • Cartas sem Moral Nenhuma tuguesa no exílio. A 20 de Março de 1919 foi feito Grã- (1904)Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago • Agosto Azul (1904)da Espada. • Sabina Freire (1905) • Desenhos e Anedotas de João Eleito Presidente da República a 6de Agosto de 1923, viria a demitir-se de Deus (1907)das suas funções a 11 de Dezembro de • Gente Singular (1909)1925, num contexto de enorme pertur- • Cartas a Columbano (1932)bação política e social. A sua vontade • Novelas Eróticas (1935)em dedicar-se exclusivamente à obra • Regressos (1935)literária, foi a sua justificação oficial • Miscelânea (1937)para a renúncia. A 17 de Dezembro, • Maria Adelaide (1938)embarca no paquete holandês «Zeus» • Carnaval Literário (1938)rumo a Oran, na Argélia, num auto-exílio voluntário. José Lança-Coelho Morre em 1941 e, só em Outubro de1950, os seus restos mortais voltaram aJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 35
CONTOSO meu deserto misterioso instante da vida humana, o mais puro, o mais secreto… o mais felizÀminha frente estendia-se o de- e o mais insensato; aquele em que o or- serto… Eu estava só. Lembro-me: gulho e a virtude do homem se asseme- o deserto é um lugar de revela- lham ao canto da cigarra – àquele cantoção, um lugar de início que nos remete longo, igual, sem consciência nem dapara o fundo de nós. Ambas as coisas sua brevidade nem da sua tristeza. Éperturbam e doem porque começar é naquele preciso e fugaz instante que sesempre uma ferida… Nascemos da dor pressente já o próximo declínio da luz, oe o conhecimento das coisas é uma seta presságio de um poente ao longe…que fere o céu de sombras que nos pro-tege da luz. Só mais tarde sentimos o …Lembro-me: havia umas plantasseu esplendor. Quando te reencontrei, enormes, secas, aparentemente mor-as tuas palavras caíram num campo tas, as folhas espalhadas pelo chão, an-onde os meus sonhos dormiam, secos tiquíssimas criaturas vegetais, vulvasà espera do milagre das águas. As tuas petrificadas no sonho de uma gestaçãopalavras despertaram em mim “plantasmortas”… Ergueste-me paraum céu sem nuvens e subi-mos os dois tão alto que aprópria terra se dissolveu noazul do espaço sem fim. Lembro-me: o vento sopra-va o tempo todo, arranca-va do chão nuvens de areia,brincava com um emaranha-do de caules. Pouco passavado meio-dia – esse instanteem que Antígona, que acom-panha Édipo, já cego, paraa sagrada floresta de Colo-no, pára e, com a mão livre,defendendo os olhos, fixa osol no céu brunido. É o mais36 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
impossível. No seu útero de pesadelo dados nas órbitas… e essa luz incertadorme uma flor à espera da chuva. E, às cria a ilusão de que cada um de nós é aprimeiras gotas a planta acorda, agita, sombra do outro…quase a medo, os tentáculos secos e embreves horas reverdece. Aguardou anos, …Há um ano voltei ao deserto. Nãotodos os anos que demora a chegada da ia a fugir de nada, mas revi-me naque-benção das águas – para, enfim, reali- la paisagem. De novo encontrei vida,zar o milagre de uma flor vermelha de fervilhante e feroz, naquelas enormespétalas brilhantes. E essa flor dá fruto, extensões de terra gretada: plantas ras-também em poucas horas. E só então a teiras e cheias de espinhos, insectos deplanta morre outra vez. Vi-a há alguns carapaça reluzente, repteis estáticosanos e vejo-a de novo agora, acordada sob o sol sem sombras do meio-dia.no meu sonho… O vento levantava do chão nuvens de areia e brincava com um emaranhado …Lembro-me: trazias-me sempre uma de caules: - coisas leves e inconsisten-flor encarnada e eu gosto de pensar que tes que não moram em lado nenhumtu ainda existes, que ainda vens, sem – são plantas. Vivem nesta dança umadeixar outro rastro para além daquela vida suspensa até à chegada das chuvas.flor; sinto que chegas como uma onda Nessa altura cumprem em breves horasde luz e de calor; olhamo-nos, perce- o ciclo que as plantas do mundo ondebendo cada um o que o outro sente – vivemos perfazem em meses. São ima-como se fossemos duas metades de um gens mais de sonho do que da realida-mesmo instrumento musical. Às vezes de, que eu admiro, que eu amo, que euacordo ouvindo fragmentos de poemas não esqueço. Porque são aquelas floresteus, feitos de palavras vivas e quero escondidas e aqueles novelos de galhosainda retê-las, saborear as emoções e secos sem raízes, sem caules, sem chãoas imagens do sonho. Tu pegas-me nas firme, à espera de se tornarem plantas,mãos, pedes que aqueça as tuas já ge- as referências que mais me tocam.ladas, olhas-me como quem já vive nooutro lado do tempo… Este é o meu deserto, porque é aqui que te revejo, porque é aqui que te so- - Preciso deste fogo…vou partir!... nho… - E eu?... As sombras da noite esculpem-te o Zélia Coutinhorosto, fazem brilhar os teus olhos afun-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 37
A VELHICE E A SUA DIGNIDADESolidariedade* - Ser SolidárioSolidariedade, é um dos principais fazer, fazendo perceber que apesar de valores humanos, em que a sua es- ser um gesto gratuito, o maior prazer é sência, é o de colaborar e ajudar o sabermos que estamos a ser úteis. A so-próximo. É um valor, que faz parte es- lidariedade é um ato de criação, porquetruturante da vida contemporânea das favorece novos vínculos de confiança esociedades modernas. une os seres, com novas amizades. Quando se é solidário realça-se a jus- De uma forma geral, todos nós, num tiça e a verdade, e ficamos mais fortesdado momento, já precisámos, estamos enquanto seres que fazem parte de umaa necessitar, ou havemos de carecer doapoio ou da solidariedade dos outros. sociedade. A verdade enriquece- Assim, não existem dúvidas, quanto à nos espiritualmente, enquantonecessidade dos mais velhos transmiti- ser solidário fortalece a forçarem esse nobre valor, aos mais jovens, do nosso ego. Ao sermos soli-uma vez que irá influenciar na sua for- dários, estamos a defender asmação num futuro próximo. nossas ideias em prol daqueles a Embora se deva alertar diariamente quem são negados os seus direi-para esse sentimento/valor, a época na- tos elementares. Promove-se atalícia, é de facto, a mais propícia para paz e amizade, e é uma qualida-a sua transmissão. É de primordial im- de que dignifica o ser humano,portância ensinar aos outros, que deve- sendo um elo recíproco entre asmos ajudar aos que mais precisam mes- pessoas e as comunidades. Asmo que não tenhamos a obrigação de o sociedades que prezam os seus valores e os seus costumes é uma sociedade solidária. Trata- se de uma forma muito humana de conviver, partilhar, participar, aprender, cuidar, etc..É um ver- dadeiro ato de cidadania. No nosso país, após a recente crise finan- ceira e simultânea de valores , ainda que pouco envergonhada passamos a ser soli- dários. Existe uma parte da sociedade, no qual me incluo, que aos poucos, vai per- cebendo o que é ser solidário e o que é o voluntarismo. No meu caso, tento praticar e passar este sentimento não só às pessoas que me ro- deiam, mas em especial às gerações vin- douras …E você, caro Leitor, também é solidário?… Luís Álvares38 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
ESCREVENDO SOBRE TOPONÍMIARuas de Caxias - Augusto HilárioN o Bairro Social Sá Carneiro, Actuou em Viseu, Coimbra, Lisboa, em Laveiras, existe uma rua Figueira da Foz e Espinho, entre ou- a que foi dado o nome de Au- tros lugares.gusto Hilário. Não chegaram aos nossos dias as Nascido fora do casamento, foi colo- gravações que na época eram escas-cado na Roda , em Viseu. sas, mas os seu versos , esses sim. Tu já foste o que eu sou Existe um registo de baptismo, as- E eu… não sou o que tu és!sento da paróquia local onde está es- O teu bandolim quebrou,crito que nasceu a 7 de Janeiro de 1864, O meu, vai beijar-te os pés!na rua Nova de Viseu e foi baptizado a (Esta quadra foi dedicada a João de15 do mesmo mês com o nome de LÁ- Deus.)ZARO AUGUSTO. Era filho legítimo ALAde António Alves e Ana de Jesus Mou-ta. Ao receber o Crisma em 26 de Maiode 1877, mudou o nome para AUGUS-TO HILÁRIO. Faleceu na sua casa em Viseu, a 3 deAbril de 1896, com 32 anos e sepultadono cemitério de Viseu, vitima de “icte-rícia grave hypotérmica”. Na altura do seu falecimento, era as-pirante da Escola Naval e frequentavao 3º ano de medicina na Escola Médi-ca da Universidade de Coimbra. Foi um bom aluno no Liceu e pre-tendia ir para Faculdade de Filosofia,mas a disciplina de filosofia foi adiadasucessivamente , tem ingressado emmedicina Era um boémio e a sua actividade defadista e trovador era conhecida nopaís inteiro. Criou muitos poemas que interpre-tou, tal como versos de António No-bre, Guerra Junqueiro, Fausto GuedesTeixeira, João de Deus, Teixeira dePascoaes, e outros. A sua capacidade de improvisar , eranotável.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 39
ACONTECEUFomos ao Teatro - 18 Maio 2017Já quase a findar a apresentação des- impecável. Quanto ao Sancho Pança cou- ta extraordinária peça, que esteve em be ao Hélder Anacleto vestir-lhe a pele e, cena no Teatro Lourdes Norberto, e de parafraseando, «é como o vinho do Porto,que já vi quatro encenações, pois trata-se quanto mais velho, melhor!» Não conhe-do «D. Quixote de La Mancha» do célebre ço mais adjectivos para dignificar esteautor espanhol Miguel Cervantes, esta ul- magnífico espectáculo.tima deixou-me deslumbrada, quer pela Damos, pois, os nossos modestos para-encenação, tão simples quanto pode pa- béns, a todo o elenco do «Intervalo Gruporecer, que não é, vinda da cabeça de uma de Teatro».inteligência e invulgar sensibilidade do Sabemos que o director, Armando Cal-«bicho» de teatro, que é Armando Cal- das, está já em preparativos para a realiza-das, quer pela representação que soube ção da sua habitual, e sempre bem vinda,imprimir ao Miguel Almeida (interpre- Semana Cultural.tação de D. Quixote) tornando-a impar e Maria AguiarXVIII Festa do Cavalo de Porto SalvoEsta festa decorreu entre 26 e 28 do participantes no passado mês de Maio e foi orga- largo da Igreja nizada pela Associação Eques- Matriz de Oei-tre de Porto Salvo com o apoio da Câ- ras.mara Municipal de Oeiras. Ricardo Bap- tista foi como Acolheu provas de atrelagem, equi- habitualmentetação de trabalho, equitação à por- o grande dina-tuguesa, saltos de obstáculos, uma mizador destedemonstração de horseball e a ava- evento.liação do modelo e andamentos emanimais de 4, 5 ou mais anos. A décima oitava edição do PasseioEquestre Rota dos Vinhos de Carca-velos, culminou com a bênção dos40 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
As Coudelarias do LusitanoNo passado dia 15 de Junho, na sala do Trono do Palácio de Queluz, por ocasião da sessão solene co-memorativa dos cinquenta anos do LivroGenealógico da Raça do Cavalo Lusitano,foi apresentado o livro “As Coudelariasdo Lusitano”, com aguarelas e desenhosdo nosso director Serrão de Faria e textosde António Marreiros Neto.Afonso Cautela sença regular nas tertúlias do ClubeNascido no ano de 1933, em Ferreira dos Poetas de Paço do Alentejo, foi professor do En- de Arcos, acaba de sino Primário, abraçando desde publicar nas Ediçõessempre a escrita. Assim, nos anos 50, e no Afrontamento, o li-Algarve, contribuiu para a publicação de vro «Lama e Alvora-jornais como A Escola Nova e Pintassilgo. da, Poesia reunidaDepois, em Moura, foi um dos fundado- 1953-2015, vol. I, Iné-res do suplemento cultural Ângulo das ditos e Dispersos»,Artes e das Letras, integrando o jornal A onde apresenta alguns dos seus melhoresPlanície. Em 1958, funda e dirige os dois poemas.únicos números de Zero: Cadernos deConvívio, Crítica e Controvérsia. Em 1965,ano em que se fixa em Lisboa, dedica-seao jornalismo, trabalhando em muitosdos jornais da capital. Entre 1960 e 2011,publica três livros de poesia, a que juntaigual número de ensaios na vertente deque se torna fundador, isto é, o Movimen-to Ecológico Português. O jornalista e poeta Afonso Cautela, pre-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 41
POESIAMarulhoLargou as amarras e trouxe guarnição As velas sem estruturaCom mastro e velame, tudo em bela condição E o mastro feito de branduraNão fora Neptuno ser mais que uno O destino traçado estavaAssim fora navegando à volta do mundo Pouco haveria de escaparQue tamanha façanha foi encontrar Aflito que estava em torporSeja ela quimera para o Eldorado abraçar Do ar até a àgua, já nada a oporLá nas profundezas do desconhecido Desce para o fundo, ruma criptaNo silêncio do mar, tesouro esquecido Enquanto afunda o sal ensanguaMar espelho não foi encontrar Ouvindo música que é ternuraViu figura torcida e mais, só penumbra Vozes de coro pela amuraRecolha o traquete, ai mezena que vai Mas mande Poseidon ou NeptunoGiba da proa já romba alái Já nas profundezas silêncio é tudoPerdeu-se o norte sem conseguir navegar Viu Neo o tamanho do mundoO leme sempre a seco, sem governar O que pode ele ser sem prumoNem para oriente já vai Alvíssaras lá no fundoFinalmente, até o mastro cai Rasgos de brilho quase tudoRecolhe à coberta e se reza nem sei É o menino que repousaOlha e chora perante o que fora É a morte que já não ousaTanto que falta neste mar navegar Enfim sós, fica e repousaPara a essência, ali encontrar No axis mundi da fundaçãoBuscava tesouros escondidos Descobriu o ouro que buscara.No passado por outros perdidos Acordou estremunhado... sonhara.Sejam moedas ou mesmo coroas André VidalO importante é que fossem boasO casco ficara de papelA pagaia num pincel42 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
SangueEmpurras a porta.Todas as palavras morremna pele da urgência.A claridade é interiore somos a escuridão profundaonde nos vemos sem olhos,onde nos sentimos.Queres-me vozcorpo no galope que procura o mundoe acha luminosaa estrada em que perdidosnos derramamos.Edgardo Xavier.In” Palavra de Cardo”, Insubmisso Rumor,Porto, 2017. Karl Brossfeldt procura ilustrar senti- mentos e emoções usando fotografias em ângulos sofisticados de modo a que sejam a metáfora, a poética, a vontade de dizer sem palavras tudo o que se pos- sa sentir. Nesta imagem vejo a necessi- dade de sobrevivência da fragilidade. A semente arma-se, com sucesso, para resistir. Glória da forma, da função, da simplicidade genial da Natureza que eleva bem a harmonia do todo. Edgardo Xavier, critico de arte A. I. C. A. PortugalKarl Blossfeldt (1865 – 1932) foi um fotógrafo, 43escultor e professor alemão na virada doséculo XX. Suas fotos, em macro, da naturezativeram grande influência sobre os ornamentosorgânicos do design e das artes.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
POESIA Oitenta e sete anosVida longa Eh! Pai, Manel!(Dedicado à Maria Aguiar) tão longe que nem os posso ver.Nos teus anos há doçura O vosso “pivete”,Duma viagem alongada O Manelinho de olhos azuis,Vida às vezes agitada acaba por chegar aos oitenta e sete.Ou bafejada em ternura. São muitos anos, gente.Admiro a teimosia São, para uma maioria, anos demais.De sentinela alerta Hoje, já são anos “de frete”.Mulher ágil, mulher esperta Passei a infância ao critério dos outros,Sabendo rir de alegria. grande parte sem a vossa companhia,Tanto calendário virado mas, contudo, amadureci com a ajuda de muitos,Em anos de desassossego no leito paternal da Casa Pia.Na existência teu apego Olha pai e mãe,Às recordações do passado. A semente que deitaram ao mundoCom muita tenacidade foi de tão boa qualidade,Lá fazes o teu caminho tão boa, que prologou a idade.Com teus filhos, no carinho Oitenta e sete!Na gentileza, amizade. Todavia…Vida longa já venceste como todo o fruto vincituro,A caminho dos noventa depois de maduro, passa a ser vencível.E em cada passada lenta Hoje, sou algo em deterioração:A erudição tu nos deste. Estou perdendo a força;No teatro e na poesia estou num processo dolorido,Preenches o tempo sereno por vezes mais combalido,E no teu querer ameno fonte de alguma exaustão.Vences a noite e o dia. Mas não me estou a queixar, não!Mário Matta e Silva Outros, mais sofrem por molesta erosão.Amigo Mário: Venho agradecer o Poema que Olha, pai e mãe, hoje é dia do ambienteme dedicaste e não pensava publicá-lo, pois e sinto-me conscienteacho que as lisonjas, podem ser tomadas por que já não estou a preservarvaidade, mas na minha idade, não tenho a conservação da Natureza.que ter preconceitos. Agradeço-to. Lembras- Faço parte de uma floresta humanate, quando em 2005 me propuseste um que levanta-se tarde da camadesafio? Pois foi Amigo, que assim nasceu o e já não produz riqueza,nosso Clube dos Poetas de P. A. e que dura até mas olha pai e mãe,hoje, embora sem a tua presença. Felizmente estou já perto de vocêscontinua a sobreviver este Voluntariado para o caminho do além,Cultural, graças também à compreensão da nestes oitenta sete anosAutarquia que nos tem apoiado, nas nossas com algumas vitórias e muitos enganos!pretenções, como sejam as 3 edições de Manuel de AndradeAntologias Poéticas. 5 de Junho de 2017Maria Aguiar Quilhosa Balsas44 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
Caxias minha terra Fadoe minha vida Anoitece, ao longe toca um sino…Ilha de meus desejos leda e grada Arrumo minha alma no silêncio vagoMeu berço e meu amor e minha fada De uma estrela que se anuncia…Pérola de rio Tejo a mim cingida A lua vestida de retalhos de prata, Rasga as águas cintilantes do meu Tejo.Ninho de uma saudade que me é querida Sereias soltam seus cânticos, a suaA Fé de seres feliz saber-te amada magia…A força que de amar-te de ti me é dada Então minha cidade numa prece,Dá força à minha alma amante e ferida Com os dedos longos da saudade, Dedilha as cordas tensas de umaVer-te a sofrer e a ser de um louco escrava guitarra…Viver em tua face a dor amarga Canta baixinho num trinado,É mágoa que me insulta e abespinha Num soluço da alma, que sobe do coração á garganta,Por ti eu bramo e terço o amor e a espada E se chama FADO!E empenho Fé e vida e honra minha M.G.Até não seres mais escrava mas a rainhaHistóricas e lindas praias deCaxiasOnde longos os meus anos decorreramMarcando a minha infância e me prenderamDesde o florescer dos meus primeiros diasNo horizonte das minhas alegriasDos mitos e verdades que nasceramComo chuva de estrelas que desceramE tu amor em mim não existiasQueridas areias minhas conhecidasQuantos anos fiéis queridas amigasQuantos sonhos vivi quantos guardeiRecordações que trago a mim cingidasGénese do amor que tenho e que vos deiPraias onde feliz cresci e ameiJosé AlfaiaJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 45
POESIA Continuei pensando a liberdade De correr, de saltar e de sorrir… Um Pirilampo Gestos próprios de qualquer idade, Que eu não tive e, como por encanto, Cortou a noite, uma luz pequenina, Vou encontrar um jardim a florir… Minúsculo cometa reluzente; No voo luminoso dum pirilampo! Sem o saber iluminou-me a mente, José Martins Gago Qual pregão comovente de ardina. Do livro Guiné Guerra e Poesia Piscava cores em cada clarão, Ziguezagueava enquanto fugia… No balançar que tanto o divertia, Desafiava a minha solidão.Criança que chegas… A Minha PraiaCriança que chegas, sem o ter pedido A partir de certa alturaAproveita, inteiro, o tempo oferecido! começou-se a denominarTu é que não sabes, mas é-te dado um tempo “A minha praia”,Tão curto, tão breve, porém…infinito! todo o lugar,Esse tempo breve, de que hoje te falo onde a pessoa gosta de estarChama-se… “Infância”! e se sente como peixe na água.Ela é um grito de frescura e beleza. Numa acepção mais positiva,Uma chama acesa! poderei sem qualquer pejo afirmar,Um alvorecer! que Paço de Arcos é a minha praia,É uma certeza de continuidade… pois em criança aqui aprendi a nadar.Um supremo grito de felicidade! Em adolescente aprendi a fintar,É por isso que os homens os companheiros da peladinha e o“Que já foram Meninos”… cabo-do-mar, que a bola me queria furtar.Devem defender, os teus caminhos! Em jovem soube o que era beijar.Eu tenho a certeza que eles criarão Em homem aprendi a seduzir,Leis que te protejam de todo o vilão. mais linearmente, engatar.Porque eles são pais e filhos e avós e irmãos. Em adulto, com os cabelos a branquear,Que de todos parta essa decisão! aprendi o que era contemplar,Felismina Mealha o horizonte, o Sol e o mar. Tudo isto a minha praia, me faz recordar, agora prestes a acabar! José Lança-Coelho46 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
BREVES À SOLTAObras polémicas O Gabinete responsávelOHotel Vila Galé, Palácio dos Arcos, pelo Centro construiu uma esplanada na lateral Histórico deexterior do edifício que, a nosso ver, muito Paço de Ar-vem valorizar o largo. Também se notam cos estará emobras no interior dos arcos da frontaria, condições detransformação duma janela em porta, para responder apermitir o acesso ao espaço inter arcos e aí estas ques-montar uma esplanada em madeira. Tudo tões? Se simmuito bonito. No entanto, são muitas as muito gosta- ríamos de as receber para divulgação junto opiniões contrá- dos nossos leitores. rias a algumas Oeiras em Festa destas soluções por atentarem Onosso Concelho está em festa. Mul- contra o que se tiplicam-se as iniciativas culturais e entende por de- desportivas de iniciativa da Câmara Muni- fesa do patrimó- cipal, das Uniões e Juntas de Freguesia, das nio e da sua me- Associações e instituições congéneres que mória. já atingem a centena, e que se complemen- Pergunta-se se tam apresentando uma programação rica, está tudo a ser variada, para todos os gostos e sensibilida-feito na legalidade, devidamente autoriza- des, e escalões etários.do pelas entidades que tem responsabilida- É difícil fazer a agenda, pois a quantidadede nesta matéria? e qualidade de eventos torna complicada aHaverá desrespeito de condicionalismos escolha. Não podendo ir a todos os eventosinerentes aos edifícios nestas condições? que gostaríamos vamos participar com en-Cremos acreditar que não. Então o que se tusiasmo nos nossos preferidos e ao nossopassa que nos parece estranho? e que os pa- alcance.çoarquenses se interrogam não compreen- Boas Festas de Verão!dendo o que se passa ali. Também o letreiro Calçada esburacadacolocada na fachada junto à esquina, temlevantado muita celeuma. Não nos parece Acalçada de acesso às garagens situadasnecessário e tem impacto negativo na fa- nas traseiras dos prédios do Rua An-chada, é o que mais se ouve. tónio Pires, lado par, em Laveiras (traseiras da Igreja). apresenta vários “buracos” pro-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 47
BREVES À SOLTA vocados por aba- Mostra Gastronómica em Paço de Arcos timentos, após obras de coloca- Na sequência do que vem sendo feito há ção de tubagem. vários anos, e para dinamizar o centro Estes desníveis histórico de Paço de Arcos, realizou-se en- apoçam com as tre 23 e 25 de junho p.p., uma mostra gastro- águas da chuva, nómica com a participação dos melhores o que dificulta restaurantes da terra. a circulação de A mostra contou com a participação de pessoas e viatu- muitas pessoas que, confraternizando, vie- ras. ram provar os manjares da nossa cozinha. Tratando-se de uma obra de bai- xo custo, e quehá muito vem sendo reclamada pelos mo-radores e utilizadores das ditas garagens,alertam-se os serviços da Unioeiras para aoportunidade de as concretizar, durante overão, para que não se repitam as dificulda-des habituais no próximo inverno.Estádio Mário Wilson Salão Nobre Luís Vieira-BaptistaAC.M.O. atribuiu o nome de Mário AFundação Marquês de Pombal atri- Wilson ao Estádio Municipal de buiu o nome do pintor-escultor LuísOeiras, para honrar e lembrar no futu- Vieira-Baptista, ao Salão Nobre da sua se-ro, o grande capitão, como profissional, de, Palácio dos Aciprestes, em Linda a Ve-jogador do Sporting,Académica e treina- lha, como preito pela sua colaboração, aodor da Académica, do Benfica e da Sele- longo de décadas, com a instituição.ção Nacional. Em cerimónia realizada no dia 25 de junhoA cerimónia contou com a presença de p.p.,foi descerrada a respetiva placa alusiva,muitos dirigentes,amigos e jovens atletas com a presença de muitos convidados.da ADO. A Voz de Paço de Ar-Em representação da família, o filho cos congratula-se pe-mais velho, Mário, agradeceu a todos, e lo gesto de reconhe-emocionado recordou as qualidades de cimento pela obraseu pai, como profissional, cidadão e so- artística de LuísVieirabretudo como pai. -Baptista, seu asso-A Voz de Paço de Arcos congratula-se ciado desde a primei-com a justa homenagem prestada ao seu ra hora.associado honorário.48 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
MUNDO ANIMALOs Incêndios e os Animais é válida apenas para os patudos, mas para todos.Quando há calamidades am- Acho útil deixar algumas sugestões de bientais, a desgraça é trans- medicamentos e outros produtos mé- versal a todos os seres vivos. dico-veterinários que pode entregarA onda de solidariedade, come- como donativo para os animais afeta-ça hoje em dia, a ser também ela dos pelos incêndios: compressas nor-transversal. mais, compressas vaselinadas, ligadu-Como exemplos temos o incêndio ras, cremes gordos, vaselina purificada,que afectou o abrigo do “Chão dos soro fisiológico, colírio (preferencial-Bichos”, em 2015 e este ano a esti- mente unidoses), vet rap, rolo ortopé-mativa é que tenham morrido cen- dico de algodão, clorexidina, amoxi-tenas de animais no “inferno” de cilina+ácido clavulânico, bephantenePedrogão Grande. plus, omnimátrix, solemedrol, maxila-A Ordem dos Médicos Veterinários se, biafine e caladryl.veio a público manifestar a sua solida- Numa sociedade saudável a ajuda ériedade e ajuda às vítimas do incêndio partilhada e distribuída por todos !de Pedrógão Grande, disponibilizandoapoio a todos os animais que estejam Martinha Muñozdirecta ou indirectamente envolvidosna catástrofe.Nesse sentido, “foram atempadamentecolocados à disposição das entidadescompetentes os meios materiais e hu-manos considerados necessários, ten-do sido já facultados medicamentose alimentação para animais de com-panhia e de produção, no sentido deminimizar as consequências do incên-dio”, refere uma nota da Ordem.No entanto, não existem procedimen-tos estabelecidos em casos de catástro-fes para os animais e é daqui que surgea palavra chave: ANTECIPAR! E nãoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017 49
MUNDO ANIMALNo passado número 8 do Jornal de partilhar com Paço de Arcos de Dezembro de a população 2016, Sofia V. Dias, uma bióloga local o meude Porto Salvo, formada na Faculdade artigo publi-de Ciências da Universidade de Lisboa, cado no Jor-escreveu um artigo acerca da sua tese nal de Paço dede mestrado desenvolvida no Brasil. Na Arcos.presente edição, Sofia conta-nos como Desta forma,foi a recepção ao projecto e ao artigo no início des-publicado pelo nosso jornal, e como te ano, ofereciserá o futuro desse trabalho. alguns exem-Gostaria de começar por relembrar aos plares desseleitores que a minha tese de mestrado se jornal a váriosbaseou na aplicação de entrevistas para amigos e cola-avaliação das atitudes e conhecimento boradores dada população da bacia hidrográfica do cidade de An-Rio Guareí (Estado de São Paulo, Brasil) gatuba, onde a maior parte do meu mes-sobre a lontra Neotropical (Lontra lon- trado foi realizado. Terem sabido que agicaudis) e para levantamento da distri- sua região está a ser divulgada em Por-buição local desta espécie. Este trabalho, tugal foi muito motivador e gratificanteque foi desenvolvido entre Setembro para eles, pois sentiram que a sua terra,de 2015 e Junho de 2016, foi considera- os seus costumes e paisagens estão a serdo como relevante pois não só forneceu conhecidos internacionalmente. Isto édados de presença da lontra Neotropical algo que não é muito comum acontecernuma região onde ainda nada se sabia nestas regiões mais interiores do Brasil.sobre ela, como também identificou fac- Durante as minhas estadias no Brasil fuitores de ameaça e propôs medidas de muitas vezes alvo de perguntas sobre asconservação para a lontra, uma espécie diferenças na língua, clima e gastrono-protegida e ameaçada. mia portuguesas, mas com a divulgaçãoNeste momento, e após a conclusão do jornal pelos Angatubenses conseguido meu mestrado, continuo envolvida também despertar o interesse pela re-no Projecto de Pós-Doutoramento do gião de Paço de Arcos, explicando porDoutor Nuno M. Pedroso, facto que me exemplo o que é uma freguesia, mos-permitiu poder regressar ao Brasil para trando as praias da Linha de Cascais e ainda a importância do comboio como50 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 11 junho 2017
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