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Published by Paroberto, 2020-11-13 05:34:38

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O tiro certeiro e a espada do ego pessoal pertencem a uma Vilca Marlene Merízio alma instintiva que suscita inimigos contra si mesma: todas as relações humanas que visam vantagem pessoal apontam “ para a flecha ou a espada “que traz a morte”. Um homem não pode tirar vantagens (lei de Gerson) sem prejudicar os demais. 49 O Budismo exorta aos seus adeptos “vencer os próprios desejos pessoais e, num mundo de ambição e egoísmo, elevar-se e preservar-se num plano de verdade”.46 A espada do principiante (ou adversário, por mais astuto que este seja) perde a força diante da espada do Mestre. Capitulado e vencido, o adversário luta a fim de alcançar outra espada, assim, aperfeiçoa a sua técnica (a espada da morte transforma- se, então, em espada da vida): o homem, diante da atitude do Mestre, sente-se estimulado a forjar a sua própria espada e aí tudo pode acontecer, até o Amor. Assim é o amor universal, do Eu Superior; o amor incondicional é decorrência natural. Persigo-te atento, concentrado, qual caçador solitário.47 Astuto, nada escapa, nada pode escapar, até a cadência do discurso, o ânimo por detrás do verbo... a energia que emanas, a (tua) fuga ao que interessa realmente, o labirinto de manobras de dispersão (que constróis)... E lá vou, atento, concentrado, deixando a “presa” à vontade 46 Idem, ibidem, p. 70. 47 “O anti-caçador... Aquele que persegue a ‘presa’ para a libertar, que a fere com flecha mágica, que inicia o processo de infecção de vida (no exato equilíbrio...) E é tão lindo ver-te em busca de novo tiro, rendido ao prazer, embora meio sem- jeito, de te conheceres, de te encontrares finalmente... aliás, no sítio onde sempre soubeste existir.” Joaquim Alice, Livro QUATRO.

No tiro com arco, desaparecendo o ego pessoal (a tensão e o esforço na ação) surge o Eu Profundo (o verdadeiro eu) e o homem supera o seu tempo, estando, contudo, plenamente presente a cada momento. Essa realmente é uma mudança de paradigma. Heráclito já disse que o rio não é sempre o mesmo (passam as águas, muda o rio). O presente é um tempo que prescinde do passado e do futuro, embora seja a sucessão do passado e a antecipação do futuro. Esse fluir, sempre renovado, só pode existir nas ações descontraídas, fora da ansiedade aflitiva do homem com o “tempo”. O Mestre na hora da luta – ou da convivência com o outro, está aberto ao puro espelho de sua alma; se sua alma for pura, livre de todas as amarras e preconceitos, então “tudo o que A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita existe no céu e na terra se refletirá nele, tal qual é”. O homem que possuir um espelho desses estará absolutamente presente, perfeitamente senhor do momento e da atitude mental então desejável. Ele não é obrigado a nada, sua ação é apenas natural, ele é independente de qualquer modo de vida, seja ela qual for, “ação sem ação, na arte de esgrima ou em qualquer das artes da vida”, do tiro com arco ao Amor. Um mestre que possua em seu coração um espelho desse tipo está livre de todo o traço da consciência que duvida e diferencia. Ele tudo vê sem “ver”. Taia é a espada do prodígio: a “excelentíssima espada”. Quem sabe manejá-la, ausente de qualquer julgamento, eleva- se acima das fronteiras do comum sem jamais tê-las cruzado. A espada do prodígio é inata a todo o ser humano; é a marca da perfeição concedida desde o princípio. Pena que o homem, “ às vezes desconhece essa sua aptidão natural, ignorando a joia que esconde nas profundezas de sua alma, deixando-se, assim 50 ser vitimado pelos enganos da vida. Na verdade, o que faço é só soltar-te, fazendo criar em ti a sensação, o gosto, e... depois. o hábito de te aceitares...

e de te amares Vilca Marlene Merízio (E aqui se encontra a fase mais perigosa do processo... aquela em que, por vezes, só a “arte-no-manejo-dos-opostos” “ pode garantir o sucesso real. 51 E... meu Deus, quantas vezes me contrariei – E, de caminho, via... passei a obstáculo, quiçá intransponível). E uma vez que acredites, e proves desse néctar, então já posso ir... O caçador cumpriu-se, ferindo de morte o que eras, ou o que quer que tenhas sido antes, para que pudesses renascer. Tal arte – a arte de amar , assim como a arte do caçador- solitário que atento passa a sua vida a observar para agir no momento certo e salvar a “presa” – é impossível de ser transmitida, mesmo pelo melhor Mestre: o homem deve reconhecê-la e cultivá-la em si próprio. Quando um mestre encontra outro mestre, um “acordo” (ou milagre) acontece: é como se suas almas fossem tocadas pela mesma vibração. Quando se identificam com o caminho, então, seus esforços são acrescentados de real prazer no próprio caminho e isso pode ser interpretado como promessa de real prazer, de grande realização. Se o caminho tornar-se uma necessidade interior, terá sido alcançada a maestria superior. E assim, o Poeta, encontra no Amor o Caminho; e a Amada, pelo Caminho, é chamada ao Amor... “Brinquem pelo caminho”, tenham prazer durante o caminho, ou simplesmente, sejam alegres ou amem – no sentido

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita do amor universal – para serem felizes (ou sentirem-se no céu), é a exortação que todo mestre faz aos seus discípulos, porque ele sabe, que, frente a frente, os dois tornam-se um e o exercício do (re)conhecimento transforma-se não em conflito, mas num ato de prazer, num momento de arte: os dois amantes, ou os “dois mestres são dois modos do mesmo ser, uma imagem da verdade suprema que existe, imutável, em todos os tempos, no samadhi de seu brinquedo. Assim demonstram eles o estágio natural do prazer. A verdade, na sua expressão visível [e no gozo de si própria, é a esfera em que se movem os mestres e os amantes], ao cruzar[em] as espadas”, ao atingir o alvo, ao centrarem-se no coração, assim como diz Joaquim Alice em Reflexos do Espelho Mágico ... De um Alfaiate: na amizade que nos une na afeição que te dedico na intenção que me move no meu bem-querer ... é que TE AMO ! é ao dar(-te) o meu melhor ... criado à tua medida ÚNICO: por ser p’ra ti que me ENCONTRO que me crio que (me) amo EM TI A compreensão entre duas pessoas que dialogam vem dos “ sinais que os interlocutores expressam. Quando nos tornamos um só, atentos à fala do outro, portanto, conscientes do que o 52 outro nos diz, mesmo, às vezes, sem concordar, teremos atingido o estágio da efetiva e cabal comunicação, aquela que realmente se realizou com sucesso. Ambos, que estamos a conversar, conseguimos entender a mensagem que o outro queria nos

transmitir. O processo comunicativo teve êxito. Só quando isso Vilca Marlene Merízio acontece, somos capazes de compreender o outro sem o auxílio de sinais exteriores. Essa maestria não pode ser alcançada “ apenas pela ação da razão, se não pela atividade interior da escuta que, quase sempre, necessita de muita atenção por parte 53 de quem ouve, mas também de quem fala para poder dizer expressivamente o que sente. O mais alto estágio comunicativo entre duas pessoas nem sempre pode ser expresso em regras nem descrito com palavras. É a Verdade de cada um que tem de ser codificada para que o outra a receba sem ruídos, e a Verdade, quando respeitada, quando vem do coração, existe acima de regras e de regulamentos. E só se comunica com naturalidade aquele que leva a sério todo o processo que, às vezes, precisa de longos e continuados exercícios. Para a atividade suprema da comunicação do humano em direção ao divino, aí, sim não existem mais regras: é só o AMOR, fonte da vida a conduzir a expressão: A grandeza do ser, ... a verdadeira, é estar presente ... no todo, é, do furacão, estar consciente e mover-se atentamente p’a permanecer (sempre) no Centro, em paz, em silêncio, em aceitação, sendo tudo ao mesmo tempo, num “derramar-se” constante por sobre tudo ... e através ...

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritaÉ ser o dente, a linha, a cor e o tacão, a imagem, seu reflexo e o raio de luz, o átomo, o núcleo e o próton, o movimento, a velocidade... e o espaço de permeio. É ser-se múltiplo, mas inteiro, é fundir-se, ser a chama e a caldeira... É tudo abarcar em consciência, ascender em tal estado (d’ascensão) que o tempo nada mais é, ... inexiste. O percurso é vertical, mas abrangente, és tudo e todos ... só com a mente, ÉS DEUS .... em ato de criação. E o Universo conspira a teu favor sempre que dás ... em boa intenção (atento à voz interior). E sorris ... e aceitas ... e amas, és o amor... E se és AMOR, és PERFEIÇÃO. És Deus! “ 54

O corpo antropomorfo de escrita, a metáfora Vilca Marlene Merízio como fonte esclarecedora “ Gestação, nascimento, crescimento e desenvolvimento são etapas pelas quais todo o ser humano precisa passar na sua 55 trajetória terrena, sinergia em rede de interconexões energéticas que vão dando forma e vida aos corpos densos e sutis que o compõem. Gerado a partir de um sêmen, de cuja integração na complexa cadeia da vida dependerá a capacidade ou não de gerenciar a própria vida, o corpo humano evolui, passando por fases específicas, conforme vai avançando na idade cronológica e nos aspectos psíquicos, emocionais e espirituais. Ao acompanhar o nascimento, o desenvolvimento e o amadurecimento da poesia de Joaquim Alice até o momento de sua organização para a publicação, considerei a obra a que o autor intitulou ... do mais profundo de (todos) nós, à semelhança de um corpo humano, um corpo literário em construção, réplica em espelho, duplo a ser estudado, em suas inter e intraligações e conexões sutis, tanto nos seus órgãos materiais quanto nos seus sistemas biopsiquicoespirituais, desde os seus momentos de beatitude até aos desfiladeiros da angústia, da tristeza e dos desejos não satisfeitos: um corpo antropomorfo de escrita, com seus altos e baixos, dos desequilíbrios e estagnações à aceitação e ao agradecimento, tudo personificado e expandido pela voz fiel que dá vida aos pensamentos do autor e que se faz ouvir em toda a extensão das páginas que compõem os oito livros desta coleção. Imaginem o corpo de um ser humano. Desde a escola primária aprendemos que o indivíduo é constituído por três partes: corpo, alma e mente. Por corpo, entendíamos toda a extensão visível e palpável: tronco, membros e cabeça. A mente achávamos que fosse restrita ao cérebro, e a alma, acreditávamos que estivesse centrada no coração. Bem, com o passar dos

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritaanos, do avanço da ciência e da tecnologia e com a propagação dos ensinamentos da mística ocultista, guardada pela religião e só nos últimos decênios divulgada pelos iniciados, é que, no ocidente, passamos a ter noção – talvez já tivéssemos essa percepção sem a manifestar publicamente – do que acontece no mundo, para nós invisível, das energias. E até agora esse conhecimento só vem se alargando. Então, à semelhança do nosso conhecimento sobre a constituição dos corpos humanos, vamos tentar entender a estrutura organizacional que suporta a construção deste corpo literário que é a obra poética de Joaquim Alice. Vamos usar a imaginação e fazer hipoteticamente deste corpo antromorfo de escrita (a obra, o conjunto de poemas dos oito Livros) um ser completo, literariamente vivo e atuante (“nada de estagnação, livre-se dela”, diria o próprio autor), a dialogar conosco, a dar-se a cada um dos seus leitores. Então, se pensarmos na imagem do ser humano na sua postura anatômica, de pé, no sentido vertical céu-terra, sabemos que de espaço, em espaço, desde a sua genitália, até o topo da cabeça, existem plexos energéticos que prendem a aura (corpos sutis) ao corpo físico, onde é armazenada toda a energia que conforma o ser e de onde é distribuída essa mesma energia para todas as partes constituídas, purificando-a, ou, pelo contrário, deturpando-a com bloqueios e desarranjos desequilibrantes em potencial. Esses centros de energia (chacras) se localizam no corpo humano, desde o cóccix, atrás, ou da parte genital, na frente, até o alto da cabeça, num formato de cones que se abrem para frente e para trás (com exceção do primeiro e do “ último, que se abrem para baixo e para cima, respectivamente), partindo da medula, aos pares.48 56 48 Ver nas Figuras 2 e 3, em Subsídios para melhor entender a obra poética de Joaquim Alice, no Apêndice a este livro, a imagem dos chacras, na sua tomada de perfil.

Existem muitos chacras localizados em todo o corpo físico, mas, para efeitos de comparação com a obra de Joaquim Alice, aqui trataremos apenas dos sete principais e de mais um, o transcendental, situado além da cabeça humana. Cada um corresponde a um livro de Joaquim Alice, com a sua cor respectiva. Quadro 4 – Nome dos Chacras como são conhecidos no ocidente, sua versão em sânscrito e significado; Livro onde são tratados os chacras e cor referente tanto aos chacras quanto aos livros correspondentes. CHACRA LIVRO COR 1 Chacra Básico Livro UM Vermelho Muladhara (Suporte) 2 Chacra Umbilical Livro DOIS Laranja Swadhisthana (Cidade do prazer) 3 Plexo Solar Livro TRÊS Amarelo Manipura (Cidade das joias) 4 Chacra Cardíaco Livro QUATRO Verde Anahata (Câmara secreta do coração) 5 Chacra Laríngeo Livro CINCO Azul Claro Vishuda (O purificador do sangue) Vilca Marlene Merízio 6 Chacra Frontal Livro SEIS Azul Índigo Ajna (Centro de controle) 7 Chacra Coronário Livro SETE Violeta Sahasrara (Lótus das mil pétalas) 8 Chacra Transcendental Livro OITO Translúcido Pois bem, cada um desses chacras tem função “ determinante na constituição do ser humano. Cada um se diferencia, e todos trabalham em conexão de atividades e 57 funções, se interinfluenciando com o sentido de distribuir, armazenar e purificar as energias vitais que manterão a saúde física, emocional, mental e espiritual do indivíduo.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritaAssim também vale para os poemas que compõem cada livro de Joaquim Alice:49 os poemas do Livro UM partem da visão de uma pessoa que se abre para a vida adulta, mas ainda influenciada pelas dúvidas e incertezas da puberdade e adolescência. O Eu está Só. O Livro DOIS indica a procura de união entre o Eu que se descobre como indivíduo e quer se acasalar para perpetuar a espécie. É o Eu em relação. O Livro TRÊS trata das emoções, assim como o plexo solar. O Livro QUATRO refere-se ao amor em todas as suas tonalidades. O Livro CINCO, da criatividade e da forma e expressão do indivíduo; o Livro SEIS, parte da ideia, da mente a querer tudo e organizar com o propósito de comando; o Livro SETE apresenta a Divindade da qual todos nós somos Templo e, finalmente, o OITO, transcende todo o aspecto cognitivo dos sentidos comuns, alcançando a TRANSCENDÊNCIA. Assim o Livro UM, em semelhança às características do primeiro chacra, chamado de base, raiz ou genésico, é o mais denso e guarda caraterísticas mais voltadas para a questão de sobrevivência, segurança e amparo. Conquanto seja grosseiro, é o alicerce da vida, o ponto de onde fluem as energias que nutrem todos os chacras em combinação com as energias astrais que descem do plano espiritual. À medida que a energia vai fluindo para a parte superior do corpo, ela vai se tornando mais sutil, mais espiritualizada até alcançar os altos patamares da Consciência Pura, do estado de transcendência Divina, o ponto onde o Inominado É. Isso quer dizer que, quanto mais os poemas, de acordo com a sua localização nos livros, vão sendo “ apresentados, em numeração mais alta, mais estarão voltados 58 à espiritualidade. 49 Contudo, chamo a atenção de que, mesmo rotulados por um título e em livros diferentes, os poemas podem sofrer influência de estilo e de conteúdo temático dos que o precedem, assim como antecipar conteúdos dos que ainda virão. Não é uma categorização estanque.

Isso para lembrar que os quatro primeiros chacras Vilca Marlene Merízio pertencem ao agrupamento do Quaternário Inferior, isto é, são mais ligados ao comportamento humano que usualmente “ conhecemos. Os três últimos livros, pertencentes ao Terciário Superior, guardam dimensões mais sutis, voltadas para o 59 mundo do Espírito e das boas ações. Quando o indivíduo, já espiritualizado, fazendo valer o seu conhecimento conforme a Consciência de Amor, fundamenta suas ações no coração em concomitância com as energias espirituais apuradas pelas glândulas Pineal e Pituitária, que governam todo o organismo humano, do estado de Paz e Harmonia já alcançados, ele passa a gerir sua vida no plano da transcendência, diretamente da sétima dimensão, onde espaço e tempo inexistem, onde o Tudo se unifica com o TODO Cósmico. Tudo isso a partir do centro, do EU corporificado, livre e conscientemente vivendo a sua humanidade através da evolução do físico ao sutil e ao transcendente. E esse conteúdo forma o Livro OITO. E é para esse percurso, da densidade física egoica até a (quase) perfeição das atitudes e dos comportamentos regidos pelo Espírito, que Joaquim Alice, através do seu metafórico corpo antropomorfo de escrita (o corpus da obra constituída por poemas) exorta os seus leitores a galgarem novos patamares da consciência, com domínio da vontade, abertura para novas descobertas, coragem para a transformação íntima e desejos de mudança coletiva, já que, neste nosso planeta, quando uma pessoa muda, abre-se a possibilidade de o universo todo se transformar em um mundo melhor. Por isso, aqui estamos para revelar, a grosso modo, a experiência literária que retrata a correspondência que pode existir entre as funções dos chacras no corpo humano e a trajetória que a voz lírica do poeta assume nesta obra, desde o seu tempo de adolescência literária (a criação dos primeiros

poemas) até a maturidade da escrita, em posturas a nível do imaginário que coincidem com atitudes triviais da conduta humana. Assim, baseados na leitura dos poemas aqui publicados, podemos observar que os aspectos mais representativos dos quatro primeiros chacras (Básico ou de Raiz, Umbilical, Plexo Solar e Cardíaco), exatamente os mais densos, são manifestados claramente pelo eu lírico (o eu poético a quem o autor empresta a voz e faz, às vezes, de personagem) dos versos de Joaquim Alice que compõem os quatro primeiros livros. Para ficar mais claro, reitero a informação de que os poemas mais expressivos quanto à materialidade das ações humanas estão agrupados nos Livros UM: ... do mais profundo A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita de mim ( o EU Sozinho), no DOIS: ... do mais profundo de nós (os dois) (o EU e o Outro(s), no TRÊS: ... do mais profundo da (minha) emoção (as Emoções) e no QUATRO: ... do mais profundo do (meu) coração (os sentimentos). Eles falam do contato do eu lírico com a natureza circundante, incluindo a fauna e a flora, dos desejos não manifestos e não satisfeitos, das agressões violentas geradas pela falta de compreensão e de confiança, do ciúme e da violência, e de outros tormentos emocionais a que está submetido o homem que se deixa levar pelas ilusões da vida. No seu conjunto, como já foi explicado, esses quatro livros integram o Quaternário Inferior, por onde fluem as energias mais ligadas ao corpo físico, às ações menos controladas, à identidade que se quer firmar, às emoções bloqueadas pelo anseio de companhia sexual e aos sentimentos que extrapolam “ o convívio de amizade e o familiar. Se fôssemos desenhar esse aspecto do Quaternário 60 Inferior, teríamos uma representação simbólica do quadrado,50 50 O quadrado simboliza pausa e cessação, refletindo estabilidade e perfeição, segundo Pitágoras. Para outras culturas, ele representa a Terra e os pontos cardeais. No Islamismo, é a representação do coração: cada lado é uma influência

figura geométrica associada ao pensamento cartesiano, a Vilca Marlene Merízio indicar o mundo material, a frieza, a precisão, o cálculo e a perfeição matemática, em perfeito “domínio da racionalidade, “ da impessoalidade e da neutralidade”.51 Seria o homem na sua expressão mais ligada aos instintos naturais. Como já dito, na 61 expressão literária aqui em foco, consideramos essa condição evolutiva correspondente ao processo de vivência pessoal e social observável na conduta da voz-personagem dos poemas constitutivos dos Livros UM, DOIS, TRÊS e QUATRO. Aspectos que são vividos espontaneamente na terceira dimensão, onde volume, tempo e espaço estão presentes. O segundo agrupamento levou em conta os aspectos espirituais dos níveis energéticos dos Chacras Laríngeo, Frontal e Coronário confrontados com a atuação evolutiva do eu poético dos poemas criados mais recentemente e que estão especificados nos livros CINCO: intenção, SEIS: consciência e SETE: essência. Todos com visão voltada para o espiritualismo, já que esses chacras regem as energias sutis. Formam, então, eles, a grande composição do Ternário Superior. Para representá-lo, se também o quiséssemos desenhar, utilizaríamos, dessa vez, a imagem do triângulo.52 Assim, do Ternário Superior, fazem grupo os corpos sutis onde afloram a criatividade expressa pela arte, a comunicação e expressão e a memória; a mente abstrata (o poder que tudo daquilo que o órgão sofre: divina, angélica, humana e diabólica; na arte cristã, é uma referência aos quatro evangelistas; para os mágicos, revela um secreto poder. Disponível em: https://www.dicionariodesimbolos.com.br/quadrado. Acesso em: 12 maio 2018. Disponível em: https://pt.slideshare.net/LilianaOliveira3/simbologia-das- figuras-geomtricas. Acesso em: 12 maio 2018. 51 JOHARI, Harish. 2010. 52 O triângulo é equivalente ao número três – número mágico e poderoso – símbolo sagrado da Deusa Tríplice: Virgem, Mãe e Anciã. Invertido, simboliza o princípio masculino. Disponível em: https://pt.slideshare.net/LilianaOliveira3/ simbologia-das-figuras-geometricas. Acesso: 12 maio 2018.

organiza e comanda) e a divindade. Os três livros supracitados manifestam aspectos dos níveis de consciência, do mental abstrato, da divindade em nós e da quinta dimensão onde o espírito encravado na matéria dá vida à alma humana que, num processo ativo de iluminação, prepara-se para alcançar a sétima dimensão no seu aspecto cósmico transcendental, e aí já passamos a falar do Livro OITO, incluído na Parte Da Transcendência: o TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM. Nesse último livro, a voz do poeta revela as possibilidades de o ser humano poder chegar, mediante seu próprio esforço de evolução espiritual, à Mente Cósmica, Consciência Pura onde habita o Infinito Tesouro de Todo o mundo criado e creado.53 A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita Esse estado de bem-aventurança se alcança pelo exercício do autoconhecimento, em mergulhos interiores capazes de dar mais sentido à vida de compartilhamento das emoções positivas na busca pela chama crística, conteúdo poético do Livro OITO, na sua clara e firme disposição de tratar de assuntos voltados para a sétima dimensão, a da transcendência. Dessa forma, a obra poética de Joaquim Alice pela primeira vez apresentada sob forma de livro, abrange os próximos oito volumes de poesia; dizendo de outro modo, este corpo antropomorfo de escrita poética e filosófica, inclui as partes do Quaternário Inferior, com os livros UM, DOIS, TRÊS e QUATRO (do corpo físico à camada astral); Do Ternário Superior, Livros CINCO, SEIS e SETE (corpos espirituais) e Da Transcendência: Livro OITO. Poderíamos mesmo, em “ se tratando de toda obra contida nesta coleção, imaginá-la como um círculo,54 por demonstrar poética e filosoficamente 62 a circunvolução do ser humano na sua órbita existencial, num 53 Na acepção que dá ao termo o filósofo catarinense Hubert Rhoden. 54 O círculo está associado ao ponto e ambos podem ser considerados como sinais supremos de perfeição, união e plenitude. Também é sinônimo de movimento,

corpo utopicamente perfeito que vai do nascimento ao ápice Vilca Marlene Merízio da Consciência Universal. Mas, é só quando o espiritual insufla (de alma) o material, que o mistério acontece. Explico de outra forma: acompanhada a evolução desse eu lírico cuja voz se faz ouvir em todos os poemas da obra agora dada ao público, mesmo de forma imparcial, sem querer entrar nos méritos estilísticos e literários55 do autor, ao final da obra, no Livro OITO, quando os poemas alcançam alto nível de comunicação, é possível vislumbrar-se possibilidades de, um dia, Creador e criatura conviverem na Energia Pura, mesmo que seja no imaginário ficcional literário. É como se o triângulo formado pelo Ternário Superior entrasse em comunhão interna com o Quaternário Inferior e, em plena rotação multienergética, transformasse-o em Beleza Pura e Transcendente. Nesta obra de Joaquim Alice, neste corpo antropomorfo de escrita, a voz do poeta, ao longo do amadurecimento do seu eu interior, vai se sublimando até percebermos que o trânsito entre o Ponto Celestial (que Lúcia Simas chama Casa de Cristal) e o ponto do planeta Terra, onde habitamos, são apenas dimensões a que podemos chegar conforme o nosso estado de espiritualização consciente. A humanidade ainda caminha para tal realização, embora a maioria ainda tropece nos seus intentos de bem-aventurança. E quando o ser humano quase cai – e não cai porque já está no domínio da paz requerida expansão e tempo. Representa ainda o céu, o firmamento e a ordem cósmica na “ astrologia. Disponível em: https://pt.slideshare.net/LilianaOliveira3/simbologia- das-figuras-geomtricas. Acesso em: 16 maio 2018. 63 55 ... cabíveis nos estudos retóricos da teoria e da crítica literárias; mas minha função aqui é apresentar, para que seja melhor comprendida, a poesia de Joaquim Alice neste nosso mundo meridional em relação à comunicação linguística dos Açores que, por vezes, se distancia da expessão brasileira catarinense da nossa Língua Portuguesa, ambas se valendo da mesma origem, mas que têm variantes consideráveis no seu léxico e na sua sintaxe gramatical.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritapela quinta dimensão – é com mais força que ele se eleva a essa sétima dimensão onde a transcendência se realiza. E isso tudo pode-se sentir e ver acontecer pela poesia que transpassa por todos os livros desta coleção. A poética do silêncio Joaquim Alice, nestes seus oito Livros, revela-se: são letras maiúsculas onde não se espera, aspas, sublinhados, grifos em nuances claras ou muito escuras, fontes de tamanho reduzido ao lado de letras garrafais, espaços e linhas em branco, versos curtos e extensos, poemas breves e longos, formas, arabescos... tudo a surpreender, como se houvesse uma quebra entre o poético/divino e o casual/humano, entrevista no sentido de humor expresso, quase sempre, no último verso do poema. Leio, nessa opção pela emoção expressa por formas gráficas diferenciadas, a mesma tendência de que se valeram os poetas brasileiros Ferreira Gullar, Paulo Leminski, Décio Pignatari, Paulo Berri e, agora mais recentemente, Rosana Cordeiro, para criarem, desbravarem e enobrecerem a Poesia Concreta. Abundam as reticências... (Ah! Lá isso, são muitas!...) Nesses espaços aparentemente vazios, o silêncio criativo de que também se valem os grandes escritores,56 talvez não com tanta frequência, Joaquim Alice quase que abusa... e aí está um dos segredos da sua poesia: a poética que envolve todos os seus silêncios, ou todos os silêncios que o seu dizer sugere. E são “ 64 56 O poeta Joaquim Pessoa (Vou-me embora de mim. Lisboa: Porto, Litexa, Editora, 2002, p. 54) diz que o escritor é uma pessoa que “diz e contradiz, que escreve contra si a seu favor. [...] numa espécie de silêncio cheio de gritos, mas também numa espécie de grito almofadado com silêncios”. Texto retirado de “Escritores a revelar”, In: Dar Rosas a quem sonha Rosas, de minha autoria (Nova Letra, 2013, p. 313, palestra pronunciada no XIX Colóquio da Lusofonia, Maia, ilha de São Miguel, em março de 2013).

nesses silêncios repetidos, cheios de significado e simbolizados Vilca Marlene Merízio pelo falar das reticências, que o poeta açoriano oferece ao leitor oportunidade de coautoria como a permitir-lhe cumplicidade “ no inaudito.57 No caso de Joaquim Alice, o silêncio, simbolizado pelas reticências ou espaços aparentemente vazios, é a arma da 65 sua alma, a seta que desfere sentido na direção do entendimento, do apaziguamento interno de um ao coração do outro, o alvo fraterno, o alvo onde acontecerá, quando tocado pela seta do seu arco literário, o “milagre” da compreensão. Dessa forma, visivel e formalmente, o silêncio requerido pela parada obrigatória, sinalizada com a presença física das reticências, quase sempre entre sujeito e predicado ou entre um predicado e o seu complemento, não é desconhecimento das normas da Língua Portuguesa, mas um padrão de fala, uma forma intimista de dirigir-se ao interlocutor e dele exigir atenção ao que está sendo proposto, sugerido, dito. Não é o silêncio que se justifica porque o autor não quer usar a palavra adequada, por não achá-la ou para que o leitor a substitua por outra. Não é uma parada para pensar, refletir sobre o que está sendo dito... É o silêncio gerado por uma tensão de sentidos que despertará o leitor para o assunto tratado, com consciência aberta. Portanto, o silêncio na obra de Joaquim Alice pode conter mais do que o próprio autor sugeriu, porque ele, o poeta, apenas indica o caminho para a interpretação, mas a sua leitura, o desvelamento e a compreensão daquela falta (o poeta não foi capaz de deduzir qual seria a melhor palavra para aquele significado individual e íntimo de cada leitor...) está circunscrito unicamente à leitura e à experiência de vida de quem lê. Descobrir o que se se esconde nos abismos das 57 Miguel Torga, por exemplo, numa das páginas do seu Diário III, afirma que, sem nada ter a “esconder do leitor”, reconhece que “há recantos do ser e da vida que precisam de silêncios”.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita reticências desta obra é tarefa única e exclusivamente pessoal oferecida, com desvelo, ao leitor. Assim, em Joaquim Alice, o silêncio existe na forma de dizer o que não pode ser dito nem adivinhado pelo poeta, mas o que o leitor, na profundidade de si mesmo, é capaz de registrar, analisar, interpretar e ressignificar. É um exercício de raciocínio, de exame de consciência, de colocar a luz para dentro dos esconderijos mais íntimos da alma.58 Por isso, em seus versos, as reticências podem não ser usadas na sua devida função gramatical como sendo supressão de sentido, mas como espaço de múltiplas interpretações particulares que vão alinhando as palavras do autor e seus silêncios com os sentires do leitor ou do ouvinte até que se forme uma cadeia de entendimentos que fogem ao significado simplista do plano linear da escrita e cai na trama múltipla das isotopias, isto é, das diversas formas possíveis de interpretação da palavra literária ou da sua ausência no discurso. Na obra de Joaquim Alice, as reticências exercem a função de metáforas,59 cujo segundo elemento, volátil, flexível, mutável, só se realiza na consciência do leitor, porque só esse leitor com nome e sobrenome sabe o que se passa em seu Ser interno, o seu Eu Superior. O declamador de poesia que não conseguir entender o silêncio expresso pelo escritor através das reticências não terá sucesso na sua arte declamatória, porque a parada que o autor evoca, não é simplesmente o calar, “ 58 Li numa mensagem recebida pelo WhattsApp que não é apenas visualizando luzinhas coloridas que expurgamos os demônios que nos atormentam; só iluminando, com conhecimento e consequente reforma íntima, os mais 66 recônditos pontos obscuros de nossa alma, é que eles se afastam. 59 No sentido que Paolo Valesio dá ao conceituar o silêncio na poesia como “una rubrica o etichetta che marca il campo ‘della esperienza-e-linguaggio-al-limite” do poeta como se fosse uma marca pessoal, uma forma de caracterização do seu estilo pessoal como escritor. VALESIO, Paolo. Ascoltare il silenzio. La retorica come teoria. Bologna: Il Mulino, 1986, p. 357.

mas, acima de tudo, o silenciar para ouvir-se, de dentro, em Vilca Marlene Merízio profunda reverência aos sentidos. “ Então, no caso de Joaquim Alice, o calar não se opõe ao dizer, mas sim passa a ser um espaço de reflexão, uma 67 maneira de revelação em segredo (não manifesta) do que está acontecendo naquele receptor, naquele que lê ou ouve. Dizendo de outra forma, pelas suas reticências, ou sugestões de espaço e de tempo para pensar, Joaquim Alice não esconde juízos, nem os revela. Ao solicitar o acompanhamento do seu raciocínio, o poeta oferece tempo – pelo espaço das reticências – para o leitor ouvir a sua própria voz, para preencher com as suas faltas ou necessidades aquele espaço de solicitude que a pausa oferece, e daí tomar, ou não, atitudes de transformação cabe ao leitor decidir se sim ou se não. Em suma, nos poemas de Joaquim Alice, o silêncio não se apresenta como supressão ou negação, mas como geração de sentidos únicos e individuais num plano secundário, mas intensamente expressivo de uma leitura das entrelinhas, dos espaços vazios e da sua insistente e quase abusiva repetição gráfica dos três pontinhos... Talvez há quem aponte essa maneira de poetizar sobre os fatos corriqueiros da vida, ou de levantar os problemas psíquicos e somáticos que acometem a humanidade, como forma paradoxal de uma poesia lírica, onde o objeto literário seria o próprio eu do poeta, como num grande monólogo que resumisse a obra toda. Contudo, ainda em referência a Joaquim Alice, o que temos é, conforme já foi aventado, a dialogização entre um sujeito emissor, poeticamente instalado, e o seu interlocutor (um narratário fictício, diria eu, se de prosa narrativa se tratasse), um leitor ou ouvinte humanamente postado e receptivo das energias emanadas da poesia, diante das palavras, dos versos, do poema, da obra... e dos seus silêncios. As reticências empregadas por Joaquim Alice,

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritaseriam, portanto, não formas de interrupção do pensamento pela falta de palavras, como já dito, mas o lugar de mensagem que cada um entenderia a seu modo, e de acordo com o seu jeito de analisar, interpretar e entender. Como explica Orlandi,60 e nós redirecionamos para o estudo em pauta, “ao invés de pensar o silêncio como falta, podemos, ao contrário, pensar [tal] linguagem como excesso” que ultrapassa o dito convencional da poesia, porque, o “silêncio não fala. O silêncio é. Ele significa. Ou melhor: no silêncio, o sentido é”. E pelos poemas de Joaquim Alice, nesse segundo nível de isotopia interpretativa, quando o entendimento se estabelece e a transformação ocorre no leitor, também o poeta filósofo, através do seu dizer e do espaço de reflexão que cria... cumpre-se, como ele próprio diz. A poesia é expressão do presente, dizem os teóricos. A manifestação desse imaginário de Joaquim Alice tem sua grande força no espaço em branco e/ou nos pontinhos sequencialmente colocados, que se revelam plenos naquele instante poetizado. Essa expressão do presente surgiria como um florescimento positivo na mente do leitor. E o aparentemente vazio, esse espaço primordial, a origem onde o poeta se dá, onde o leitor avulta na criação, onde ele passa a ser igualmente criador e com o autor partilha aquele momento único, insondável, da cocriação poética. Vejamos o poema “Aceitar”,61 no qual o poeta pinta a paisagem do sofrimento que pressente no seu interlocutor, deixando-lhe que crie a moldura “ onde será exposto o quadro imaginário: 68 60 ORLANDI, E. Puccinelli. 1992, p. 33. 61 Livro QUATRO.

... e por vezes, quando te vejo a sofrer Vilca Marlene Merízio nada consigo fazer, nem quero! Exceto, talvez, com amor, “ dar-te a ver o quadro, 69 pintar-te a paisagem onde se integra a parede na qual penduras a moldura. Tens só é que ACEITAR! Não julgues nem penses, não ajuízes, nem tentes entender. A questão e a ação... são de ACEITAR p’ra melhor evoluir... terminar o sofrer, pois, se o fio tentas seguir, depressa te sentirás perdido: a lógica é vácuo a zunir; lá mergulhado... permaneces em sentido...quando, afinal, deves fluir aberto, livre, solto, enlouquecido e, em vez de forma, apenas (vires a) SER!!! E, nesse momento, o escritor/poeta deixa de ser o único criador, passando a ser possibilidade criativa que despertará na mente do leitor a imagem que ele precisa para o poema se fazer acontecer; isto, é, cumprir-se, processo sempre renovado a cada nova leitura, a cada mudança de receptor/leitor. E não será o poeta que se eternizará nesse silêncio anunciado, o qual deixa de existir quando o leitor o preenche, mas será nesse hiato aparentemente vazio que florescerá (no sentido que Osho62 emprega tal conceito) todo o fenômeno do mistério da poesia e da consequente fruição da beleza literária por parte do leitor. E aí o silêncio transforma-se em eternidade, em nascimento 62 OSHO. 2013.

não só de mais uma obra estética, mas de uma produção que ultrapassa os versos escritos e alcança invisível, múltipla e plurívoca imensidão de sentidos, conforme cada pensamento e sentimento surgido na alma do leitor. Para terminar, quero dizer ainda que sinto que os poemas de Joaquim Alice nascem desde o himo da alma que se quer desabrochar em flor perfumada de abundância e luminosidade, para que mais e mais sejamos frutos da nossa consciência desperta para o Bem, para o Bom e para o Belo. Ou seja, para uma vida de paz, de alegria, de prosperidade... E é dessa consciência em alta dimensão que Joaquim Alice nos leva, passo a passo, mas de forma firme e categórica, como só os que sabem podem liderar, para a espiral ascendente de sentires que nos facilitará A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita o anelo com a bem-aventurança crística. E aí sim, acessaremos à sétima dimensão, onde o Espírito de Luz transbordará em nós, não como forma apenas de alegria individual, mas numa fraterna sintonia com a felicidade universal. A consciência da Quinta Dimensão nos dá a paz; a sétima e as demais dimensões, que também eu não alcanço, permitirão realmente que vivamos aquilo que realmente somos, libertos pelo amor, crísticos, unificados com a consciência maior da Fonte Única de toda a Sabedoria Cósmica, onde TODOS, paradoxalmente como nos diz Joaquim Alice, são o TUDO na perfeição divina do UM. Bem hajam os leitores de J.A. Bem hajam os apreciadores desta vigorosa e forte filosofia poética que nos ensina a amar incondicionalmente o amor divino que vibra em nós “ e no outro e que nos aponta o caminho certeiro para um futuro próximo cheio de transformações, tendo no perdão o 70 instrumento maior capaz de acessar os planos superiores desde ... o mais profundo de (todos) nós, onde residem beleza, amor e conhecimento de que necessitamos e os quais também somos capazes de gerar, preservar e, ao mesmo tempo, compartilhar

nesta evolução ascensional. Então, agora podemos aceitar o Vilca Marlene Merízio convite de Joaquim Alice: – Chega-te (cá), abracemo-nos em silêncio... E, que em silêncio, possamos realmente sentir o afeto que em nós se cria e transborda ao lermos estes livros. Florianópolis, 7 de outubro de 2018. “ 71



Apêndice



Subsídios para melhor entender Joaquim Alice e a sua obra. Os Corpos Sutis e os Chacras1 O homem é constituído por um complexo conjunto de Vilca Marlene Merízio corpos – dos mais sutis ao mais denso, o físico. Esses corpos interagem, relacionando-se de forma coesa, equilibrada e “ harmoniosa conforme as capacidades funcionais para as quais o ser humano que pensa (mental), sente (emocional), 75 crê (espiritual) e age (físico) foi criado, conforme as Leis da Natureza. Se bem que a individualização apresente diferenças específicas para cada indivíduo, o material de que é consti- tuído o ser humano parte sempre do mesmo princípio fundamental que rege a espécie terrena, mesmo que a ciência garanta que todos somos “pó de estrelas”, isto é, temos na composição de nossa anatomia a mesma estrutura química dos demais corpos galácticos. Portanto, proviemos – nós, os homídeos – todos da mesma fonte suprema, incluindo minerais, vegetais e animais irracionais. Talvez muito do que nos distingue, para além da constituição orgânica, razão, psique, fala, comportamento, possibilidades de ação e sentimento, ainda está para ser revelado, mas atualmen- te se usufrui de conhecimentos que há um quarto de 1 Antes de você iniciar a leitura deste tópico recomendo: a) acessar o artigo “Chakras e Kundaline – A melhor explicação”, disponível em: http://www.cultseraridades.com.br/os-sete-corpos-sutis/; b) assistir ao vídeo The illuminated (com legendas), disponível em: youtube.com/ verdadelibertavocê. c) procurar outros sites recomendados: http://consciencial.org/apometria- espiritismo/entenda-corpos-sutis-holossoma-planos-densionais- multidimensionais/; http://www.cultseraridades.com.br/os-sete-corpos-sutis/.

século mantinham-se guardados dentro do hermenêutica mística. Se até há algumas décadas aprendíamos que o corpo humano se dividia em cabeça, tronco e membros, hoje é de conhecimento geral que o ser humano se compõe de um sistema de corpos, desde o nosso conhecido (?) corpo físico até outros tantos corpos sutis que se encaixam uns aos outros, indo do mais denso ao mais sutil. Assim, é determinado pela ciência contemporânea que somos seres multidimensionais, manifestando-nos em diferentes planos da realidade, e que o físico é a ponta, o conglomerado de todos os outros corpos com o acréscimo da matéria ou substância planetária que está contida em todos A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita os corpos e transmite todas as energias dos raios através dos Chacras, representados pelo sistema endócrino.2 Esse sistema de corpos/malhas/chacras faz parte da composição oculta da nossa psique e do nosso sistema energético. Cada corpo/malha/chacra tem as suas funções definidas e interligadas entre si e podem se debilitar por inúmeras causas, podendo em casos mais graves até desestruturar-se, provocando somatizações no corpo físico. Funcionam como terminais, através dos quais a energia prana é transferida de planos superiores para o corpo físico.3 Os corpos sutis que constituem o ser humano recebem nomes diferenciados de acordo com a escola, a filosofia e a ciência que os estudam. Aqui adotamos a classificação da filosofia Ayurvédica por nos parecer a mais próxima do “ conhecimento ocidental: físico, duplo etérico, astral, emocional, mental inferior, mental superior, causal, búdico (da consciência 76 ou da alma divina, ultra radiante, que todos possuímos, mas a 2 As glândulas acabam funcionando como o primeiro ponto de contato entre a energia espiritual e o corpo físico. 3 SHERWOOD, Keith. 1988/1995.

que nem todos estão ligados) e átmico (Deus Interno, o Real Vilca Marlene Merízio Ser, o Íntimo de cada um).4 “ Atman, em si mesmo é o Ser Inefável, o que está além do tempo e da eternidade. Não morre ou se reencarna, é absolutamente 77 perfeito. Atman se desdobra na alma espiritual, esta se desdobrando na alma humana, a alma humana se desdobra na essência e esta se encarna em seus quatro veículos (corpo físico, etérico, astral e mental), se veste com eles. Devemos trabalhar intensamente para construir ou nos ligar aos Corpos Existenciais do Ser, para podermos ir despertando e vivendo nessas dimensões superiores.5 Em Uma Visão Ayurvédica da Mente, Dr. David Frawley,6 em relação aos corpos superiores, explica: o nosso eu verdadeiro, cuja natureza é a Consciência Pura, se acha envolvido em três corpos ou trajes. Apenas o corpo grosseiro ou físico é um corpo no sentido comum da palavra. O corpo sutil (astral) é constituído a partir das impressões derivadas da mente e dos sentidos. O corpo causal é constituído pelas nossas tendências mais profundas. [...] o Eu interior é o quarto fator que transcende os três corpos e que atinge a Consciência Pura, que se glorifica além do EU, em sua existência Absoluta. Assim, os sete corpos sutis, constituídos de energias e fluídos têm seus centros apoiados em pontos distribuídos ao longo do eixo central do corpo físico, conhecidos como Chacras e, em outro corpo conhecido como corpo espiritual (Eu Sou) que é o princípio inteligente do ser humano. Os corpos Físico e Etérico, mesmo sendo veículos de manifestação da alma, são corpos materiais, que se perdem pelo fenômeno morte. Os demais são Espirituais e o ser humano os 4 Disponível em: https://www.somostodosum.com.br/artigos/corpo-e-mente/ corpos-energeticos-136.html. Acesso em: 30 maio 2018. 5 Disponível em: http://www.gnosisonline.org/psicologia-gnostica/os-sete-corpos/. Acesso em: 30 maio 2018. 6 FRAWLEY, David. 2017.

vai abandonando gradativamente na medida em que evolui até se tornar espírito puro.7 O corpo físico é a carcaça de carne, instrumento de suporte passivo, recebendo a ação dos elementos anímico- espirituais, constituído de compostos químicos originários do próprio planeta. Esse corpo material, apresenta cinco sentidos básicos: tato, paladar, olfato, visão e audição. As vibrações emitidas pelos corpos superiores são absorvidos pela estrutura óssea e pelos músculos, nervos e ligamentos. Esse corpo reage aos toques físicos e depende de alimentos materiais para se manter em atividade. Nele, somatizam-se os impulsos desarmônicos oriundos dos demais corpos, níveis ou subníveis da consciência, em forma de doenças, desajustes ou desarmonias, que são simples efeitos e não causa. Por sua vez, os corpos sutis são veículos de manifestação do espírito/consciência e podem ser classificados de acordo com suas propriedades manifestadas em diferentes e múltiplas dimensões. Conforme a densidade, eles são agrupados em duas categorias: a dos corpos inferiores (quaternário inferior, a partir do corpo físico) e a dos corpos superiores (ternário superior). Pode-se dizer que esses corpos sutis manifestam- se em diferentes aspectos de nossa natureza multidimen- sional, cada um deles sendo um fragmento da consciência humana. Entre os corpos sutis, uns sobrepostos e entrelaçados aos outros, estão as camadas de luz, camadas superiores do campo áurico que entram em faixas de frequência para além da realidade física, permitindo a abertura para percepção de forças espirituais, quando somos capazes de ampliar a consciência. 7 Ver “Anatomia Sutil CHAKRAS E CORPOS SUTIS: sua evolução desenvolvimento espiritual”. Disponível em: http://www.spirit-science.fr/portugues/chakras-pt. html. Acesso em: 30 maio 2018.

Cada corpo sutil possui seu sistema de chacras que une Vilca Marlene Merízio um com todos e todos entre si. Os chacras são centros de energia espiritual que completam os componentes materiais “ do organismo e estabelecem ligação com o restante da Criação em planos que ressoam numa frequência mais elevada”.8 79 Os corpos sutis, constituídos de energias e fluídos, têm seus centros apoiados em pontos distribuídos ao longo do eixo central do corpo físico, conhecidos como chacras e em outro corpo conhecido como corpo espiritual (Eu Sou) que é o princípio inteligente do ser humano. O entendimento dessas estruturas sutis, associadas ao conhecimento e reconhecimento dos chacras, fundamenta todo o processo de autoconhecimento do ser humano. É somente por meio do cuidado, compreensão, manejo, conservação e fortalecimento desses estudos sobre a formação do corpo que o ser humano será capaz de galgar os degraus da evolução de forma segura e progressiva. A poesia de Joaquim Alice está colaborando para isso. Os chacras são também conhecidos como centros que emitem e recebem energias sutis para todos os nossos corpos, e que mantêm profunda relação com o sistema endócrino (glândulas). São, igualmente, acumuladores e distribuidores de força espiritual, situados no corpo etéreo pelos quais transitam os fluidos energéticos, funcionando, conforme afirma Richard Gerber,9 à luz da tradição dos yogues, como “transdutores de energia emocional e espiritual ao absorverem o prana, a energia vital nutritiva e sutil da luz solar”, e distribuindo-a para os diversos órgãos e tecidos do corpo. Em seu movimento giratório permanente, esses vórtices, cujo tamanho depende do desenvolvimento espiritual e das vibrações que emitimos, atraem do meio ambiente físico e dos 8 HOSAK, Mark; LÜBECK,Walter. (2014) 2010. 9 GERBER, Richard. 2006, p. 61.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritacampos magnéticos espirituais a energia vital para o interior dos chacras, mediante a vibração e o padrão de onda, com velocidades e características definidas pela biologia de cada ser (mensuráveis, pelas atuais técnicas de bioenergia, foto kirlian e outras), através da captação, contenção e distribuição dessa energia para todos os corpos que compõem a aura. Eles, os chacras, variam de cor, brilho, diâmetro, aparência, som e vibração. Possuem o formato parecido com uma flor de lótus e não são visíveis ao olho humano, exceto se o indivíduo possuir um grau de consciência elevado. Ou seja, quanto mais consciente e evoluído é o indivíduo, maior, mais puro e equilibrado é o seu chacra. Como seres multidimensionais que somos, manifestamo- nos em várias dimensões (ou diferentes planos de realidade) e possuímos um sistema de corpos, no qual, o corpo físico é na realidade, um conglomerado de todos os outros, com a acréscimo da matéria ou substância planetária. Os corpos sutis são compostos de substância Luz e isso explica porque tudo [...] mental, emocional, psíquico e espiritual, encontra-se retratado no corpo físico.10 Assim, e em resumo, representados por sete corpos de energias e fluídos, os corpos sutis têm seus centros distribuídos em pontos específicos ao longo do eixo central do corpo humano: são os chacras que se conectam ao corpo espiritual (Eu Sou), o princípio inteligente do ser humano. Ver Figuras 1, 2 e 3, a seguir. “ 80 10 Disponível em: http://www.cultseraridades.com.br/os-sete-corpos-sutis/. Acesso em: 18 jun. 2018.

Figura 1 – Sete chacras principais, seu nome em sânscrito e sua ação Vilca Marlene Merízio principal Fonte: http://www.cultseraridades.com.br/os-sete-corpos-sutis. Acesso em: 30 maio 2018. Figuras 2 e 3 – Os principais chacras, vistos de perfil “ 81 Fonte : http://www.cultseraridades.com.br/os-sete-corpos-sutis. Acesso: 30 maio 2018.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita Centros do sentimento Centros da vontade Centros mentais Fonte: https://i.pinimg.com/originals/2c/c2/3d/2cc23d98e76af96b037e6585cc76a22d.jpg. Acesso: 30 maio 2018. A rede de sinergia humana: buscando entendimento na Medicina Ayurvédica. As dimensões Biopsicoespirituais Para os que se dedicam a estudar as energias constitu- tivas do ser humano, é clara a teoria que explicita a existência dos corpos que dinamizam e possibilitam a vida neste planeta Terra, mesmo que cada um orbite dentro de uma dimensão específica de acordo com o seu adiantamento espiritual ou não. Segundo os mais recentes estudos disponibilizados pelas “ pesquisas da Neurociência, cuja base se fundamenta nos 82 ensinamentos ancestrais da Tradição Oriental, principalmente da Medicina Tradicional Chinesa, a Ayurveda,11 reconhece- 11 Ayurveda: palavra do sânscrito que significa “conhecimento, sabedoria ou ciência da vida, no sentido do grau ideal de todos os aspectos de uma vida de alta qualidade e de saúde”. In: NINIVAGGI, Dr. Frank John. Saúde Integral com

se que o modelo da pessoa é integrativo: o corpo humano se Vilca Marlene Merízio compõe de um corpo físico (o mais denso com o qual estamos habituados, formado por pele, órgãos internos, sangue e ossos) “ e os corpos sutis, invisíveis, também conhecidos por aura, que o envolvem em camadas sucessivas. 83 A anatomia Ayurvédica,12 dentro dos princípios da Tradição da Medicina Chinesa, descreve os componentes morfológicos do ser humano, elaborando um enumeração das estruturas e dos materiais integrados, através dos quais os processos fisiológicos ocorrem. Dentro dessa perspectiva, o corpo físico aparece como “a expressão material do âmago essencial do homem, isto é, da consciência [...] o corpo físico é considerado como a plataforma sobre a qual todos os esforços que visam o bem-estar devem começar”.13 A concepção do modelo ayurvédico da pessoa humana reconhece uma interpenetração estrutural e funcional de componentes dinâmicos que incluem dimensões físicas, psicológicas e espirituais. A humanidade BioPsicoEspiritual designa homens e mulheres considerados em toda a sua “infinita complexidade e dinamismo”.14 Cada ser humano é único e indivisível e tem uma natureza tanto material quanto espiritual. O autodesenvolvimento depende de um caminho a seguir, cuja opção tenha sido tomada conscientemente pela pessoa de acordo com sua intenção de evoluir, criando melhores condições para a sua própria integração, dentro de um contexto maior da realidade. Medicina Ayurvédica. O Guia Completo para os ocidentais da mais tradicional escola da Medicina Indiana. São Paulo: Pensamento, 2015, p. 30. Vale a pena ler a sua obra. 12 O Ayurveda sobreveio dos antigos Vedas, tendo sido influenciado pelo trabalho de Pantajali, o proponente do sistema Yoga. O aspecto BioPsicoEspiritual emana dessa ideia abrangente da constituição multifacetada do homem. 13 Grifo nosso. NINIVAGGI, op. cit., p. 97. 14 NINIVAGGI, op. cit., p. 120.

Para tanto, é necessário entrar-se em conexão com três dimensões: (1) com a que corresponde ao corpo físico (Ecocorporal), (2) com a que diz respeito ao Corpo Mental Energético Sutil (Ecopsicológica), e (3) com a Consciência, que equivale ao Corpo Espiritual (Ecoespiritual). Comparada ao sistema de chacras e correspondendo essa teoria a uma possível tripartição da obra poética de Joaquim Alice, temos três grandes agrupamentos dos poemas em toda a extensão desta obra: o (1) Quaternário Inferior, que corresponde ao campo ecocorporal; o (2) Ternário Superior, o campo ecopsicológico e o campo ecoespiritual, ou como aqui denominamos, o da (3) Transcendência. Essa tripartição equivale à representação do conteúdo poético dos oito livros A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita aqui apresentados que seguem a evolução do padrão energético e evolucional dos chacras. A concepção apontada pelo Dr. Ninivaggi confirma o “entendimento dinâmico de questões relacionadas com o constructo do ‘um e de muitos’ que pode ser formulado em qualquer nível de consideração sobre os indivíduos que coletivamente compõem a humanidade”,15 com os quais Joaquim Alice dialoga no seu incessante papel de instrutor de almas, começando pelo autoconhecimento e, perseverando com o posterior compartilhamento desse benéfico exercício compassivo de auxílio ao próximo. Na dimensão Ecocorporal, o primeiro aspecto é o corpo físico, com predominância dos Cinco Elementos Densos – Éter, Ar, Fogo, Água e Terra, o que sustenta a ligação da pessoa com o ambiente natural. “Essa ecocorporlidade cria a ressonância “ dinâmica entre o homem e a natureza”.16 E é exatamente essa 84 preocupação com o todo circundante que se admira pela colocação que dela faz o poeta açoriano, principalmente 15 NINIVAGGI, op. cit., p. 121. 16 Idem, ibidem, p. 122.

quando lê-se os poemas do Livro UM, agrupados segundo Vilca Marlene Merízio as características do chacra básico. A partir deste, os outros livros vão apresentando temas mais sutis que já fazem parte “ da dimensão Ecopsicológica, o segundo aspecto onde se destaca o corpo sutil ou energético, composto por substância 85 imateriais, porém vitais, que funcionam como as esferas psicológica, mental e emocional, tais como a respiração e todas as ações motoras. É o homem em movimento guiado pela mente criativa, tendo os cinco sentidos como uma “entidade inter-relacionada” que o conduz e o faz conduzir os outros que o acompanham. A ressonância ecopsicológica entre o homem e os seus semelhantes em conjunto com o respeito à natureza: espiral evolutiva que vai dos Livros UM ao QUATRO. Na dimensão do Corpo Espiritual está constituído o nível mais sutil e imaterial do corpo humano, onde se instala a qualidade da consciência, da autorrealização e da percepção. Ali se encontram dois revestimentos: (1) o da inteligência/ sabedoria (aspecto búdico), cuja capacidade é a de discernir a verdade da falsidade e (2) o revestimento da felicidade/alegria que mais se aproxima da essência divina do indivíduo e da própria divindade. Todos esses revestimentos ou camadas circundam, mas não tocam, a essência espiritual chamada atman: a Consciência Pura, o Deus de TUDO que a TODOS abrange numa unidade da qual o Espírito humano faz parte. Dentro do conceito multidimensional do homem, a consciência permeia e apoia toda a Unidade. Ainda segundo Ninnevaggi, é a consciência de unidade dentro da aparente diversidade que constitui a visão da completude humana em comunhão com o Cosmos, a mesma concepção que sinto transbordar da obra de Joaquim Alice.

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escritaEsses modelos apresentam uma abordagem de sistemas que entendem o indivíduo como permanentemente interligado ao universo mais amplo, do qual também faz parte.17 Em “El Pensamiento Cuántico”, o Dr. Fabian Ciarlotti ensina que o nosso corpo não é independente do corpo do universo, “porque a nível de la física cuántica no existen fronteras bien definidas”.18 Somos como uma onda, uma flutuação, um redemoinho, uma perturbação localizada num campo quântico maior; na sua integralidade, “el universo es nuetro cuerpo ampliado”. E é nessa interação eu-pessoa-sociedade- mundo, que o conteúdo dos poemas de Joaquim Alice são instalados e de lá reverberam em todas as direções do universo, em liberdade do cosmos às mônadas de Leibnitz. No Ayurveda, o corpo físico não é considerado prisão, mas antes o “meio dentro do qual a consciência se expande” (p. 123), assim como também não é, nos poemas de Joaquim Alice que completam esta coleção literária. O autoconhecimento e o autodesenvolvimento que conduzem a Moksha (liberdade quanto à sujeição aos apegos e à experiência do desejo e à escolha consciente das atitudes e comportamentos) refinam a consciência e a trazem à realização do ideal supremo do bem- viver. Também é esse viver bem que imagino ser um dos ideais sublimes que Joaquim Alice deseja alcançar por meio de seus poemas na direção de um público leitor que se importa consigo mesmo, com a sua vizinhança, com o planeta e com todo o mundo invisível do micro ao macrocosmo. “ 17 Idem, ibidem, p. 121. 86 18 Esse é o modelo conhecido como Biopsicoespiritual que consiste na interação microcósmica do corpo, da mente e do espírito ao formarem plexos de energia e a coparticiparem dos sistemas ambientais/ecológicos estendidos pelo universo nos quais desempenha importante papel. “A pessoa existe tanto para si mesma quanto para o mundo interpessoal e social que compreendem a família, a sociedade, o grupo cultural” o mundo. In: El Pensamiento Cuántico em Las Terapias, de Rilene Dellagiustina et al. Ricardo Vergara Ediciones, 2007, p. 14.

Quadros-Resumo: CHACRAS Quadro-Resumo no 1 – Chacra: localização, nome em sânscrito e significado, aspecto, sentido, órgãos do sentido, órgãos da ação e plano. CHACRA LOCALIZAÇÃO SÂNSCRITO/ GLÂNDULA SENTIDO* ÓRGÃO / ÓRGÃO / PLANO Significado SENTIDOS AÇÃO físico 1o Períneo, abaixo dos genitais e acima do Muladhara Supra-renais Olfato Nariz ânus Básico ânus, dentro do cóccix, no plexo pélvico, Fundação, apoio, Astral na base da coluna vertebral, nas primeiras Próstata, Paladar Língua Genitais Plano celestial 2o base Ovário, Visão Olhos P[es e pernas Plano da Harmonia Umbilical três vértebras. testículos Tato Pele Plano humano onde a Região genital Plexo hipogástrico Svadhishthana Pâncreas Mãos grande escuridão espiritual 3o A morada de si Boca, cordas 4o Coluna vertebral na região do umbigo Timo termina Cardíaco Região cardíaca; plexo cardíaco mesmo vocais Plano da austeridade Manipura --- Verdade, Realidade Cidade das Joias --- Anahata Espiritual Não afetado 5o Região do pescoço, garganta; plexo Vishuddha Tiróide Audição Ouvidos Laríngeo carotídeo, parte da coluna dorsal/pescoço Puro 6o Ponto entre as sobrancelhas. Plexo Pineal. Ajna Pituitária --- --- Frontal Plexo da medula Comando Pineal --- --- 7o Topo do Crânio, plexo cerebral Sahasrara Coronário Adaptado por Vilca Marlene Merízio. Fonte: Joahri (2010); henriquetamagiacigana.wordpress.com/chakras. *O sentido predominante em todo o chacra. “ Vilca Marlene Merízio 87

“ A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita 88 Quadro-Resumo no 2 – Por chacra, cor, número de pétalas etc. CHACRA COR PÉT. ELEMENTO MANTRA ANIMAL PLANETA ASPECTO Pedras Princípios Essências florais/ REGENTE Segurança Rubi, turmalina Força de óleos 1o Vermelho 4 Terra LAM Elefante Procriação preta, Hematite, vontade Básico Airavata Marte, Família Fantasia Sândalo, alho, solar, Criatividade Ônix Reprodução Canela, milho, 2o Laranja 6 Água VAN Crocodilo masculino Sensualidade Ágata, Quartzo. Umbilical Visão, Forma, Olho de tigre A forma alecrim Mercúrio, Cor e Ego circundante lunar, Pedra Lunar Devoção e Néroli jasmim, Equilíbrio Citrina Liberação flor-de-laranjeira feminino Diamante Conhecimento Jásper do EU hibisco 3o Amarelo 10 Fogo RAM Ram Sol, solar, Ressonância Plexo masculino Autorrealização Topázio Opala, das emoções Mil-folhas Solar O Vazio Jade, Rubi, Quatzo Hortelã e do SER 4o Verde 12 Ar Vênus, cor-de-rosa, ESSÊNCIA Camomila Cardíaco YAM Antílope lunar, Esmeralda DO SER Limão feminino Papoula Água Marinha, O SER 5o Azul Claro 16 Éter HAM Elefante Saturno Lápis lázuli, Opala Azevinho Laríngeo Rosa azul 6o Azul 2 Cosmos AUM Nada Rahu Safira, Lírio e Cravo Frontal Índigo Pedra-sabão Ylang-Ylang, Tanzanite 7o Violeta Mil Todos Visarga2 O movimento Ketu Ametista, Âmbar Gardênia Coronário do sêmen Diamante, Camomila Opala de fogo Larica Ervilha doce Cânfora Heliotrope Tulipa, violeta Angélica, lótus Alfazema Adaptado por Vilca Marlene Merízio. Fonte: Joahri (2010); www.henriquetamagiacigana.wordpress.com/chakras. *O sentido predominante em todo o chacra.

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Conteúdo dos OITO livros com suas referidas páginas Livro UM Introdução ao Livro UM Natureza | 51 Vilca Marlene Merízio ... do mais profundo de mim | 9 Fugir | 52 Ananás cerebral | 53 “ Poemas | 19 Da casa de cristal | 54 Pétalas de rosa | 55 93 Marés | 21 O abutre | 56 Bolos de arroz... | 23 Piloto automático | 57 Perdido? | 24 O ego | 58 Obrigado | 25 A crise | 59 Observador | 27 Vida/respiração | 60 Obrigado | 28 Verde vejo ... | 61 Buffet | 29 Verde musgo, fluorescente | 62 Embotado | 30 Ventos | 63 É a toca | 31 Vento | 64 Aprendo | 32 Valsa da chuva | 65 Lodo | 33 Uivo | 66 Contenho o grito | 34 Transformo | 67 Fibrosado | 36 O pintor – o artista | 68 Fibrosado II | 37 Tudo bem! | 69 Agradeço | 38 Um céu... e um mar... | 70 Genuíno | 39 Solto | 72 No meio | 40 Rosa desatada | 73 Momentos de instabilidade | 42 A caverna | 74 Compor harmonia | 43 Ser quem sou | 75 Awakening | 44 A caminho da distância | 76 Pássaro solto | 45 Atamento | 77 Momento de glória | 46 Aliviado | 78 Período da semente | 47 Em vão | 79 O coração... | 48 Ó, finitude | 80 Existência inexistente | 49 A vida do presente... | 81 Apenas | 50

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita Açor | 82 Ode à chuva | 99 Atendendo a mim | 83 Santa inquisição privada | 101 Corrompido | 84 S ó b r i o | 103 Energia mal aplicada | 85 Ambição | 105 Calado | 86 Longe... | 107 A fanfarra | 87 Espaço expandido | 108 Dependência | 88 Festival de verão | 109 (Des)sintonias | 89 Liberdade | 110 Quero outros paradigmas | 90 Pontes... que amo | 111 Crueldade | 91 Os dias de sombra... | 112 Bombeiro | 92 Descubro-me | 113 Encalho | 93 O meu nascer | 114 Chuva | 94 Anoitece | 115 Muralha grande da China | 95 Valeu a pena | 116 O tubarão branco | 96 Fim do dia | 117 O meu filão | 97 Sou feliz! | 118 Sexo | 98 Livro DOIS Introdução ao Livro DOIS ... Bem-te-vi | 29 Do mais profundo de nós A pasmar | 31 (os dois) | 7 Mr. Rosary Wood | 32 Poemas | 15 Estandarte | 33 Sê !!! | 15 O tempo que falta | 34 Teu arco-íris | 17 Solidez | 35 Amarelo no canto da boca | 18 Anticristo | 36 O vivente | 19 Persistência | 37 Céu | 20 Pesca | 39 “ Fading | 22 Y tresmalhado | 40 94 Prazer | 23 Well come little rose | 41 Amiga T.B. | 24 Well come love | 42 Frescura da fonte | 25 “Um bom despertar” | 43 Esgar | 26 Trevo de quatro folhas | 44 O sufoco | 27 Sorriso | 45 Miss | 28 Renascer do forcado | 46

Apanhados... | 47 Pureza | 68 Amiga Christiane | 48 Sorris quando | 69 Conflito/domínio | 49 Essa agora | 72 Norte | 50 Revelação | 73 Confusão | 51 Quero puxar(-te) | 74 Amiga | 52 Teu maná | 75 Não te quero | 53 Tu cuidas | 76 Noutro sítio... | 54 Desconfiada | 79 Faz como quiseres | 56 Timoneiro | 80 Hino à vida | 58 Supernova | 81 Novo ser | 59 Viagem ao interior | 83 O teu centro | 60 É no torcer da | 84 Teu sorriso | 61 Sinto-te a vibrar | 86 Fanfarra | 62 Casta e sabedora | 92 Feira | 63 Grave ameaça | 93 Amiga d’alma | 64 Helen | 94 Olhos p’ra ver | 65 Levo-te... a ti... | 95 Autorreconhecimento | 66 Inverso | 67 Referências | 97 Livro TRÊS Introdução ao Livro TRÊS Irmão | 31 Vilca Marlene Merízio ... Do mais profundo da (minha) Amiga susaninha | 32 emoção | 7 Amiga Susaninha – 2 | 33 “ O teu programa | 34 Poemas | 17 Histórias | 35 95 O maluco | 37 A fuga | 19 À nora | 38 Insignificância | 20 Ajuda | 39 Ido | 21 Alegria | 40 A diferença 2 | 22 Férias do coração | 41 Bloqueado | 23 Miscarriage | 42 Impróprio para consumo | 24 Planar | 43 Complemento | 25 Desgraça/alegria | 44 Como? ... Por quê? | 27 Piras-te | 45 Espanta espíritos | 29 O afinar | 30

A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita Na senda | 46 Dar/viver | 78 Leviandade | 47 Como quem... | 79 Canteiro de cactos | 48 Bem hajas | 80 Violino | 49 Clave de sol | 81 Vibração | 50 Lucro ... Lucram | 82 Casulo | 51 Estado transitório de ser | 83 Vazio | 53 Ela diz/pensa | 84 Trankilito | 54 Escondes-te | 85 Amigo | 55 Fecho a porta atrás... | 86 Pedra(s) | 56 Este ser | 87 Aparência | 58 Gestos e toques | 88 Torpor | 60 Anti-presente | 89 Amiga tê | 61 Luto do próprio | 90 Amiga T. B. 2 | 62 À-toa | 91 Teimosos pulsantes | 63 O bem ... equilibrado | 92 Equação grata | 64 Ó luz | 93 Menina | 65 The invitation | 94 Tsavliris | 66 Coiffeur das vibrações | 95 Mortes incutidas | 67 Abri-me ao incerto ... | 97 A tua barricada | 68 Traz-me | 98 Promete-te | 69 O vibrar | 99 Sigo em frente | 70 Alquimia | 101 A agonia do renascer | 71 No acautelar da vida | 102 A sério | 73 Amor do avesso | 103 A existência | 74 Quero saber-te bem | 105 A tua vontade | 75 O monge | 106 Abre-te | 76 Saudade | 107 Vidreira | 77 Livro QUATRO “ 96 Introdução ao Livro QUATRO Vê-te | 17 Amo, compartilho e sou feliz | 7 Reflexos do espelho... | 18 Poemas | 13 Realidade virtual | 19 Ser tu | 15 Magia | 22 Nada sou | 16 O caçador solitário | 23 O presente | 25

Apenas um | 27 Mamacita | 71 Vilca Marlene Merízio Amor | 28 Bom-tom e bom senso | 72 Os ditadores do diálogo | 29 Lírio empertigado | 73 “ Viro | 30 Meaningless | 74 Quarenta anos | 31 Ser positivo (a) | 77 97 A frente e o verso | 32 Romaria | 78 A jaula | 33 Sentir... Que sou amado | 79 Aia | 34 Sinfonia em transe | 81 Maravilhosa viagem | 35 Sonâmbula | 83 O esforço que faço | 37 Tempo de vindima | 84 És perfeição | 38 Amor sublime | 86 Despertar | 39 Desfecho feliz | 87 Achei-te bela | 40 Irmão 1 | 88 Amar é ser o outro | 42 Irmão 2 | 89 O equilíbrio dos amores | 44 Amor... ou sofreguidão? | 90 Amado por mim | 47 “Faça-se luz ...” | 93 O gongo | 48 Alma rosada | 94 Balanceamento | 49 Amado/amar | 95 Aceitar | 50 De ríspida a meiga | 96 A tua taça | 51 Me-lo-dy... | 97 Bolas de sabão | 52 Mo-rr-i | 98 P’ra outrem | 54 Espada de samurai | 99 A cruzada | 55 A tua madrugada | 101 Beleza e simplicidade... | 58 Abraço | 102 Quebra-nozes | 59 E... qualquer minuto | 103 A passo de formiga | 60 No presente | 104 A minha amiga ... | 62 Cursos de água | 105 Amor... somente | 64 Maio | 106 Tanti augúri | 65 Amor | 107 O teu e o meu | 66 Emulação pelo amor | 109 Conflito evidente | 67 Mim | 110 Botão de rosa | 68 Ao longe | 111 Muito mais... – Pai | 70 Referências | 113

Livro CINCO Introdução ao Livro CINCO Com tudo/contudo | 53 ESCRITOS | 9 Soltar o pássaro | 54 Sou mera aragem | 55 Poemas | 15 Sou-te... | 56 Carta a um amigo | 58 Bem superior | 17 Oi, minina | 60 Despalavras – intenções | 62 Filão (2) | 18 Inspiração da alma | 63 João das regras | 64 A minha verdade | 10 Escritos... Sou | 65 Tirania | 66 Atento à escrita | 20 Minha cruz | 67 Viagem | 68 Futuro adivinhado | 21 Encontrado | 69 Evolução | 70 Agachon | 22 Obrigado... por tudo | 72 Alquimia 2 | 73 Escapatória | 23 Palavra... som... | 74 Compromisso | 75 A poética do silêncio: um corpo antropomorfo de escrita Pensa como quiseres | 24 Midas positivo | 76 Inspirátis | 77 Naquilo que escrevo | 25 Silêncio | 78 Autêntica | 79 O ato de criar | 27 Terás tu de cá chegar | 80 Imperfeição | 82 Palavras | 28 Escritos | 83 Tentar | 84 Rumo a ti... Certeiro | 29 Fluir | 85 Tão achado | 86 Pensamentos, palavras... | 30 Incêndio | 87 Deixa fluir | 88 Melody | 31 Do reflexo... ao enterro | 89 Homeopatia relacional | 90 Arte | 32 Em paz ... Inteiro | 91 Entra em paz! | 93 Natal | 33 Arte (versus) ser | 34 Algo que aprecies | 37 Apagão... ou não | 38 De arco-íris... aprendiz | 39 Doido varrido | 40 Escritos (da alma) | 41 Fico mudo | 42 O escrever | 43 “ Inspiração | 44 98 Linguagem | 45 Primeiro | 46 Espremido | 47 Escandaleiristas | 48 Viver-me | 49 Salvação | 51


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