Joaquim Alice ... do mais profundo do (meu) coração Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
... do mais profundo do (meu) coração...
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JOAQUIM ALICE ... do mais profundo do (meu) coração... Livro QUATRO – Verde Chacra Cardíaco – Anahata Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
© 2020 Editora Arte & Livros Projeto gráfico, capa e editoração: pamalero artes Revisão: Vilca Marlene Merízio Ficha catalográfica A398d Alice, Joaquim ...do mais profundo do (meu) coração : Livro Quatro – Verde Chacra Cardíaco – Anahata [Recurso eletrônico on-line] / Joaquim Alice; Vilca Marlene Merízio, organi- zação, introdução e notas. – Florianópolis : Arte & Livros, 2020. 114 p. Inclui referências ISBN: 978-65-88719-09-1 (e-book) 1. Poemas. 2. Poesia portuguesa – História e crítica. 3. Filosofia. I. Merízio, Vilca Marlene. II. Título. CDU: 869.0-1 Ficha Catalográfica elaborada por Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito dos autores. Impresso no Brasil
Sumário Introdução ao Livro QUATRO Amo, compartilho e sou feliz | 7 Poemas | 13 15 | Ser tu O gongo | 48 16 | Nada sou Balanceamento | 49 Aceitar | 50 17 | Vê-te A tua taça | 51 18 | Reflexos do espelho... Bolas de sabão | 52 P’ra outrem | 54 19 | Realidade virtual A cruzada | 55 22 | Magia Beleza e simplicidade... | 58 Quebra-nozes | 59 23 | O caçador solitário A passo de formiga | 60 25 | O presente A minha amiga ... | 62 27 | Apenas um Amor... somente | 64 28 | Amor Tanti augúri | 65 O teu e o meu | 66 29 | Os ditadores do diálogo Conflito evidente | 67 30Viro Botão de rosa | 68 Muito mais... – Pai | 70 31 | Quarenta anos Mamacita | 71 32 | A frente e o verso Bom-tom e bom senso | 72 Lírio empertigado | 73 33 | A jaula Meaningless | 74 34 | Aia Ser positivo (a) | 77 Romaria | 78 35 | Maravilhosa viagem Sentir... Que sou amado | 79 37 | O esforço que faço 38 | És perfeição 39 | Despertar 40 | Achei-te bela 42 | Amar é ser o outro 44 | O equilíbrio dos amores 47 | Amado por mim
81 | Sinfonia em transe Mo-rr-i | 98 83 | Sonâmbula Espada de samurai | 99 A tua madrugada | 101 84 | Tempo de vindima Abraço | 102 86 | Amor sublime E... qualquer minuto | 103 87 | Desfecho feliz No presente | 104 88 | Irmão 1 Cursos de água | 105 89 | Irmão 2 Maio | 106 Amor | 107 90 | Amor... ou sofreguidão? Emulação pelo amor | 109 93 | “Faça-se luz ...” Mim | 110 94 | Alma rosada Ao longe | 111 95 | Amado/amar Referências | 113 96 | De ríspida a meiga 97 | Me-lo-dy...
Introdução ao Livro QUATRO Amo, compartilho e sou feliz O quarto chakra é a sede do AMOR, tanto para os seres Joaquim Alice humanos, quanto para este corpo antropomorfo de escrita, aqui representado literariamente pelo ... do mais profundo do (meu) coração, Livro QUATRO da obra poética de Joaquim Alice: ...do mais profundo de (todos) nós, do qual faz parte. 7 Tendo o corpo humano como suporte, a abordagem teórica da metáfora dos chacras possibilita que entendamos a evolução da poesia do poeta açoriano, que, a cada livro, se fortalece na direção da Espiritualidade. Os poemas de Joaquim Alice que correspondem ao Chacra Cardíaco, embora apresentem diversas nuances do sentimento amoroso, ocupam o lugar de transição dos corpos mais densos – físico, emocional e mental inferior – para os sutis – astral, mental superior, espiritual e transcendental. Constituindo o último livro do Quaternário Inferior é, na verdade, o que concentra as energias intermediárias, que funcionam intensivamente ligadas aos chacras inferiores e, ao mesmo tempo, aos superiores, a todos influenciando. Nos primeiros poemas deste quarto livro de Joaquim Alice, ... do mais profundo do (meu) coração, dedicado ao amor, revela-se, a princípio, o amor-paixão (ainda voltado para o físico), até direcionar-se aos processos sutis do amor compassivo universal. Esse ponto intermediário situa-se exatamente naquele espaço sagrado a que a tradição messiânica japonesa chama de izunomê: o centro da cruz que junta a
.... do mais profundo do (meu) coraçãoverticalidade divina com a horizontalidade humana voltada para a fraternidade, ou seja, o ponto de equilírio entre espírito e matéria. Também chamado de Chacra do Coração, o Chacra Cardíaco localiza-se fisicamente sobre os órgãos do coração e dos pulmões, no plexo cardíaco da região da coluna vertebral. Em sânscrito, é referido como Anahata, “o não afetado”; o lótus de doze pétalas. No interior dessas pétalas, os esotéricos1 acreditam que existem oito divindades. Uma delas é Shakti Kakini, a porteira do Chacra Anahata, simbolizando a energia que flui para os aspectos do eu individual, o eu racional, o eu sensual e o eu emocional; é também considerada a Mãe Divina. A outra, bastante importante, é a Kundalini Shakti, que personifica a devoção espiritual, a abnegação e a vontade de união do humano com o transcendental. No primeiro chacra, a Kundalini Shakti, quando não bem direcionada, exerce, pela sua força serpentina, também o poder destrutivo, mas no 4o Chacra, sua energia é ascendente, vencendo o nó emocional que prende as pessoas umas às outras em amor cego: “quando a mente sensorial2 e intelectual estiver completamente absorvida nela”, o amor divino se realizará.3 Seu elemento é o Ar. Sua função é energizar e nutrir o coração e fornecer energia sutil aos pulmões. Seu aspecto predominante é o equilíbrio, e o seu sentido, o tato; o órgão dos sentidos é a pele e o órgão da ação, as mãos (por isso, é tão importante para o amor o toque e o carinho e até mesmo as carícias, no caso do amor-paixão). Seu planeta Regente é Vênus. Sílaba Seminal: YAM. Sua cor predominante é o Verde, mas, 8 1 Esotéricos: iniciados em uma doutrina, seita ou tradição religiosa que que estudam fenômenos sobrenaturais. 2 Os sentimentos são absorvidos pela Kundalini quando as funções sensoriais cessam e a consciência se torna plenamente interiorizada. 3 JOHARI, Harish. 2010, p. 145.
pode se associar também ao rosa e ao dourado, conforme as Joaquim Alice vibrações se estendam do amor-paixão para o amor universal. Fortalece-nos frente às adversidades e às contrariedades da vida, permitindo-nos usufruir de paz, equilíbrio e estabilidade. Como princípio fundamental, apresenta a devoção no sentido 9 do amor crístico, que envolve a aceitação do semelhante assim como de si próprio em profundo compasso amoroso com o amor a Deus.4 O Chacra Cardíaco atua mais energeticamente dos 21 aos 28 anos, quando vibramos em relação ao amor-paixão. Nesse período, a concentração profunda tem o seu início; depois, atenua a sua influência de acordo com a maturidade emocional das pessoas. Ao evoluir através deste chacra, a pessoa começa a dominar a poesia em todos os sentidos, reage mais facilmente contra todos os males negativos do cotidiano e passa e ter pleno controle sobre ações provindas dos órgãos sensoriais, da mente e dos instintos. As energias masculina e feminina se equilibram, auxiliando no relacionamento afetivo de ambos os sexos. Ao obter sabedoria interior, uma pessoa centrada no 4o chacra estará evoluindo para “além das limitações ambientais e circunstanciais e se tornará independente e autoemanante”.5 Assim, sob as benesses da energia do Chacra Cardíaco, o indivíduo torna-se mais atento aos sentimentos que deixa emanar do seu peito, podendo, dessa forma, ter ganhos no desenvolvimento de sua capacidade de comunicação e de entrega às emoções positivas através do seu poder de vontade consciente. Voltado também para a expressão interna, pode ele alcançar as dimensões onde a felicidade, deixando de ser 4 Idem, ibidem. 5 Idem, ibidem, p. 146.
.... do mais profundo do (meu) coraçãointermitente, passa a ser um estado constante de alegrias renovadas a cada dia. Um dos aspectos do Chacra Cardíaco é o do equilíbrio, associado às questões e expressões emocionais e aos relacionamentos que envolvem amor. O amor, segundo Osho,6 não é apenas uma relação entre dois indivíduos, mas um estado mental interno de cada pessoa que extravasa seus sentimentos em direção a um outro (amor romântico entre amantes), da família (entre pais e filhos), de si próprio (autoestima), o amor a uma coletividade (amor universal ou fraterno). A falta de amor na vida de uma pessoa acaba resultando numa disfunção grave neste chacra e, por ressonância, a partir dele, em todos os outros corpos, dos sutis aos mais densos, principalmente, do físico. Pelo contrário, quando equilibrado, os sentimentos desde a autoestima, até o amor aos semelhantes e a Deus, irão catalisar as energias provenientes do Creador da Vida e direcioná-las para todo o organismo e para todo o ambiente. O exercício do pleno amor vai gerar o amor incondicional, que canaliza as energias que recebe de forma altruísta, alcançando primeiro a paz, depois a beatitude dos planos espirituais mais elevados. Ironicamente, algumas pessoas acabam desenvolvendo problemas neste chacra porque não querem amar para não sofrer, para não ter o “coração partido”. Embora ninguém deseje conscientemente experimentar a dor emocional da perda do amor ou da solidão, que costuma acompanhá-la, às vezes, é preciso correr o risco 10 6 OSHO. 2013, p. 169.
[...] para ganhar novas experiências, ainda que elas possam ser Joaquim Alice potencialmente estressantes para o chacra do coração. O amor é uma necessidade da existência humana e uma eficaz força curativa tanto para nós mesmos, como para as outras pessoas.7 11 As lições de amor estão entre as mais importantes das que somos convidados a exercitar e a aprender, em nossas existências no mundo físico. Para isso, é fundamental o desenvolvimento dos sentimentos de compaixão e empatia, para que haja a abertura do chacra cardíaco. Ao realizar essas ações, estamos nos aprimorando essencialmente e nos proporcionando o desenvolvimento de uma forma mais elevada de consciência. O amor e a compaixão tornam as pessoas uma fonte de inspiração para as demais que encontram paz e calma em sua presença. A confiança nelas mesmas e a fé que nutrem ao divino tornam-se uma fonte de fé viva que se espalha ao seu redor, tornando-as benquistas por todos e gerando segurança e contentamento na sua presença.8 Quando inibido, o 4o chacra, na sua hipoatividade, ocasiona a indiferença percebida pela atitude egoística de quem somente liga para si mesmo, buscando apenas seu bem-estar pessoal em detrimento ao dos outros. Na verdade, esse estado de bem- estar é falso, pois não é possível estar bem, quando se provoca o mal dos outros, ou sendo indiferente ao sofrimento alheio. A indiferença gera a carência afetiva, pois, para receber amor, é preciso, primeiramente, doar amor. Em graus extremos, pode produzir a indiferença completa pela própria vida, por inibição da capacidade de dar e receber amor, estando ligado, quando isso ocorre, a um possível impulso negativo. Pelo contrário, quando congestionado pela hiperatividade, temos o apego, no qual o indivíduo ama com amor posse- 7 GERBER, Richard. 2006, p. 80. 8 Johari, op. cit., p. 146.
.... do mais profundo do (meu) coraçãossivo, que sufoca e aprisiona o ser amado, tornando-se dependente dele. Esse tipo de amor, com apego, é próprio das pessoas inseguras, possessivas, e existe em qualquer tipo de relacionamento amoroso. Na realidade, esse é um amor que adoeceu, que gera um mal-estar no ser amado. O verdadeiro amor liberta e é incondicional (como tanto Joaquim Alice apregoa). O Chacra do Coração também pode ser agredido pelo ódio, ressentimento e amargura em relação a outras pessoas ou contra si mesmo. Mas, mesmo bloqueado pelas forças emocionais negativas, ainda assim, o perdão, essa força poderosa de cura, poderá influenciar positivamente o fluxo do amor. Também o pesar, a solidão, o luto persistente, a opressão crônica e a negação dos sentimentos, são fontes de desequilíbrio e desarmonia, causando doenças graves, inclusive o câncer. O bloqueio no coração pode provocar disfunção energética, podendo ocorrer problemas graves de saúde. De posse dos dados informacionais sobre o 4o Chacra, e de toda a pesquisa possível das obras teóricas sobre o assunto, cuja leitura recomendada está incluída no último volume desta coleção, deixo para o leitor o prazer de sentir por ele mesmo todo o amor que emana destas páginas onde se espraia a poesia de Joaquim Alice. Bom proveito! Florianópolis, 7 de outubro de 2019. Vilca Marlene Merízio 12
Poemas Quero amar-te ... mesmo quando “menos mereces”, ... porque é, então, quando mais necessitas.
Ser tu Joaquim Alice Se o meu coração rejubila, a ti se deve... AMOR. Se estou feliz, se me alegro, se aceito, se dou, se compreendo, se te abraço, se te beijo, se te olho ternamente, se te toco a alma... se consigo, por momentos, ser tu... ... ao amor se deve: breve, leve... mas infinito. 15
.... do mais profundo do (meu) coraçãoNada sou Nada sou, no fundo... Bem que gostaria de ser remédio ... para (te) saciar, para (te) curar. Mas nada sou, no fundo... ... apenas vibração ... onde podes encontrar algo maravilhoso, único, bom, sagrado, divino! ..... .... .... Chega-te (cá), abracemo-nos em silêncio... E... FELIZ, EMOCIONADO(A)... ... te abraçarás (a ti). 16
Vê-te Joaquim Alice É a ti que te encontras no amor que me reveste. Vê claro, por favor... (suplico!)... o caminho que leva ao destino. Se te deténs, apoderando-te do caminho, falhas o destino... No amor que me reveste, julgas tu que me encontras? ILUSÃO, pura ilusão... O amor que me reveste apenas te reflete. O que vês na tela do meu amor... é apenas (o) teu reflexo. Resistires... p’ra quê? Solta-te... desprende-te, deixa-te ir... (sem rumo). 17
.... do mais profundo do (meu) coraçãoReflexos do espelho mágico de um alfaiate ... na amizade que nos une, na afeição que te dedico, na intenção que me move, no meu bem-querer ... é que TE AMO ! ... é ao dar(-te) o meu melhor, ... criado à tua medida, ÚNICO: por ser p’ra ti. que me ENCONTRO que me crio, que (me) amo em TI. Por isso respondo à tua pergunta: – “Como sabes?” – SEI ... PORQUE ESTOU A SER ... ... TU! 18
Realidade virtual Joaquim Alice Deslumbrada comigo é como ficas ... Apaixonada é que te sentes, por mim. 19 Engano, puro engano... Deslumbrada, sim ! Apaixonada, sim ! ... Mas pelo teu melhor, pelo teu Eu Superior, pelo Divino em ti... por todas as tuas qualidades... pelo mundo de capacidades e potencialidades que possuis e estão ao teu alcance. Nesse contexto, nada sou! Não existo! Sou antes mera ilusão, sou realidade VIRTUAL! Quero apenas que te fortaleças, te tornes consciente da tua imensidão... mergulhes nela e a desenvolvas sempre mais. Não te detenhas comigo ou em mim, pois, se o fizeres, estagnas ... e impedes-me igualmente de brilhar.
.... do mais profundo do (meu) coraçãoE perco o brilho... quer ceda à tentação... quer não ceda... e, nesse último caso, me entristeço, por não ter sido capaz, por ver a beleza em ti ... a Divindade ... e não ter sido hábil como parteiro. O teu nascimento depende da tua libertação... E, se ficas presa a mim, ... é porque FALHEI na minha missão... Toquei a música, mas não criei harmonia; fiz o bolo ... que não levedou... toquei-te, mas não te fiz crescer... quis amar-te, mas pilhei-te, quis libertar-te, mas cativei-te... e depois te feri. Mas quando consigo mostrar-te quem tu realmente ÉS... e te ESPANTO com esse fato... e consigo também que “soltes a minha mão” e partas a caminho de ti mesmo(a)... Então, ... SIM!!! 20
Fico feliz, Joaquim Alice cresço, dou um salto no tempo e no espaço (ascendo), inspirado pela Divindade que nasceu... (que és Tu). Reverencio-te, amo-te (incondicionalmente), e REALIZO-ME neste ato. 21
.... do mais profundo do (meu) coraçãoMagia Deixo-me ir... bem mais atento ao que me vem... do que a mim... e, nesse fluir, me deixo ir... tão atento ao intuir... Sou, então, ALGO belo, lindo-de-viver, cambiante, tão frágil, inconstante, impossível d’agarrar, de possuir... Deixo-me, tão-simplesmente... sorrir... sou... todo inteiro... sou... em demasia... jamais fui tão vasto... ... sinto aqui, palpável... ... MAGIA! 22
O caçador solitário Amo-te a ti Joaquim Alice que nem sabes SER quem ÉS... Amo todos os que se buscam, confusos, desorientados, 23 feridos, magoados, mas persistentes, confiantes num futuro que, apesar de sem-rosto , se adivinha e alimenta a enorme esperança ao virar de cada esquina. Persigo-te atento... qual caçador-solitário1 ... astuto... Nada escapa, nada pode escapar, até a cadência por detrás do verbo, a energia que emanas, a (tua) fuga ao que interessa realmente, o labirinto de manobras de dispersão (que constróis) ... 1 Caçador-solitário: O anti-caçador, ... aquele que persegue a presa para a libertar, ... que a fere com a flecha mágica, a qual inicia o processo de infecção-de-vida (no exato equilíbrio dos opostos ...).
.... do mais profundo do (meu) coração E lá vou, concentrado, deixando a presa à vontade... Na verdade, o que faço é só soltar-te, fazendo criar em ti a sensação, o gosto, e depois o hábito de te aceitares e te amares. E, uma vez que acredites ... e proves desse néctar... então, já posso ir ... o caçador cumpriu-se! Feriu de morte o que eras, ou o que quer que tenhas sido antes, para que pudesses renascer. E é tão lindo ... ver-te em busca de novo tiro, rendido ao prazer, embora meio sem-jeito, de te conheceres, de te encontrares, finalmente ... Aliás, no sítio onde sempre soubeste existir. 24
O presente Joaquim Alice Quero estar e quero ir. Quero ficar e quero partir ... Sinto querer os contrários, não sei como o(s) conseguir. São várias as direções e os rumos que posso tomar, o que me leva a dispersar (tomando outro qualquer rumo diferente dos opostos ... como se estivesse a ser guiado). Mexo-me só e apenas com a certeza do que quero, senão, ... fico pr’ali, ... pasmado. Trabalho cá dentro, com esforço... p’ra saber o que decidir. 25
.... do mais profundo do (meu) coraçãoAnaliso, com o meu pensar, aquilo que estou a sentir. ... Descubro que apenas o consigo se, ANTES... me fizer parar, trazendo a minha mente p’ra onde estou... p’ro meu lugar ... pois, só então é que ela (a mente) vive, sabe e sente aquilo que é o PRESENTE. ... Meta que é ... de partida (!), início do resto da vida e, por vezes, dou por mim, no exato local onde pensara ... ser meta de chegada. (... e uma vozinha cá do fundo... me acena e me pergunta... com um sorriso ingênuo, mas matreiro: – “Vês? ... Diz lá se não tem piada!?”)2 26 2 Ter piada: ser interessante, ter graça.
Apenas um Joaquim Alice É de ti... Oh, mais que tudo, que me chega (a) vibração! É em ti que me diluo, é por ti que me regulo, é contigo que caminho... E... apenas... UM Existe! 27
.... do mais profundo do (meu) coraçãoAmor O amor expande beleza à luz a incidir no teu rosto Sinto... acender-me por dentro. Pasmo, desfruto dessa magia... Sou-te por inteiro no meu centro. 28
Os ditadores do diálogo Capto a tua atenção (à vida!)... Saio ao teu encontro, menos pra te encontrar que pra te cativar e, uma vez cativo, ao sentir-te atento a mim, em vez de respeitar tua atenção, em vez de partilhar tal bem... ausento-me (imagine-se!!!), parto por mim adentro e, por vezes, deixo-te ali, entregue a ti próprio, enquanto eu ... vencedor, violo as regras... faço batota.3 E, uma vez cativo, sem notar, passo a comprazer-me no ato de me ouvir! Joaquim Alice 29 3 Fazer batota: enganar, brincar.
.... do mais profundo do (meu) coraçãoViro Viro meu buraco do avesso nesta cena em que me espraio, ... tudo vindo a abarcar. 30
Quarenta anos Joaquim Alice (num piscar de olhos) Da marcação do tempo, da sua passagem – dos dias... dos anos – na pele já bem vincada, enrugada, canais de vida, vincos da vida. Da voz baça e rouca, da clareza do topo, cabeça cinza brilhante, retiro a insondável profundeza do (teu) Ser. Sinto (o) absoluto respeito reverencial que me move e, através do qual, absorto, (te) SOU. 31
.... do mais profundo do (meu) coraçãoA frente e o verso És a frente e o verso, o sim... e o não, o certo... e o errado, o caos... e a organização. És o nada... e o tudo, trocado, virado do avesso, sentido e não sentido, e o apenas... adivinhado. Mas se é leve a tua análise, nem chegas sequer a ti... De algo ou alguém terá de vir ajuda ao teu Ser (e sentir)... fazer diálise, e, por fim, vires a respirar profundamente e ... a sorrir pr’o sangue do teu sentir purificar, amar, compreender e... teu Ser... atingir. 32
A jaula Joaquim Alice Avessa como estás (és (?)) a outras leituras... 33 Diferentes das que formatam teu pensar, crias (assim) a JAULA... PRISÃO DO TEU SENTIR. Insurges-te, então... e DESATINAS. Desejo ajudar ... sendo fecundo. Por isso, em respeito... apenas AMO...(TE), recolhido... amante... neste silêncio profundo. Learning to keep my big mouth... Shut!4 4 Tradução livre: Aprendendo a manter a minha boca grande fechada.
.... do mais profundo do (meu) coraçãoAia ... do fundo do teu silêncio, surgirá o desenho deste anel, que hoje te ofereço ... mesmo antes da sua materialização. 34
Maravilhosa viagem Joaquim Alice Permite-te entrar por ti adentro, permite-te encontrar-te 35 (ação constantemente renovada) na imensidão do teu interior. Permite-te Ser (a cada instante), procura o teu Centro... ... o ponto onde existe o mais recôndito de ti... Mas, mantendo a visão da totalidade que te circunda, que existe ao teu redor (da qual fazes parte e, ao mesmo tempo – tu própria – ajudas a criar...). Aventura-te em-Ti, descobre-te naquilo que o teu Ser sempre soube que era. Parte na tua direção, voa por ti adentro (repito). Paira sobre o teu pensamento e observa as trocas de energia, nos circuitos que apenas existem ao se formar cada pensamento (teu). Integra isso tudo e muito mais... no vasto SER, no infinito SER... que a cada instante vais-sendo.
.... do mais profundo do (meu) coração... e, se (por ti) perguntas, responde-te... apenas... o SILÊNCIO. Desejo-te BOA(s) VIAGEM(s)! NOTA: invisto (sempre) em TI (!), por crer no teu melhor. 36
O esforço que faço Joaquim Alice O esforço que faço p’ra te mostrar o meu universo, pelo vento das palavras, depressa forma correntes e poços d’ar... ventanias, vácuos... e retrocessos... até perceber que a quietude e o silêncio são o meio, única forma de transpor a totalidade (p’ra ti...) Consigas tu captá-la, revendo-te nessa imensidão, qual estátua absorta, sendo (apenas) capaz de, por momentos, SER ! 37
.... do mais profundo do (meu) coraçãoÉs perfeição És PERFEIÇÃO, sendo imperfeita... aqui é que reside o teu encanto. Percebi, logo de início, no entanto, perante o fulgor de tal beleza, algures haver pitada de veneno: nada afeta sequer tua nobreza, não fosse (d)este mundo tão terreno. 38
Despertar Joaquim Alice No olho do furacão, me encontro (a mim) ... consciente dos opostos e expando(-me) centrado ... no todo! E, se a dança continua, em breve o mimetismo te inspira e me transforma ... Logo serei tu cada vez mais perante o teu esgar de enlevo e inspiração no circuito emocional de te aceitares partilhares e te amares a ti. ... SIM ! Até que enfim; sentes tu, o Mundo reconheceu o EU, o verdadeiro, a luz que me acende, mas que sinto esmorecer, reduzir e apagar, sem ti ... E é ver-te sequiosa, à vida, irrequieta... 39
.... do mais profundo do (meu) coraçãoAchei-te bela Apreciei-te o tempo todo bem atento... a tua perfeição... e achei-te BELA! Sem dúvida chocado p’lo espectáculo, pelo deleite e privilégio. É tanta a sintonia e o prazer do tempo, ao passar, enquanto juntos, que nada mais existe, nada mais conta. E, ali fico muito atento... a escutar-te, olhando ao pormenor, todo o teu gesto. E é assim... que com os olhos, ouço a orquestra ... a embalar, pois, moves-te com graça e harmonia, qual música celeste e de encantar. Cativas só... por ser quem és, igual a ti própria. Com vigor, não paras de falar... acho-te graça, ouço-te, meço-te com amor e vejo-te ... sempre cambiante, num leque infindável de papéis.... Desempenhas tudo “à letra”, 40 honestamente humilde, franca e aberta... um prazer de estar por perto... (te agradeço!)
E tanto agora brincas e logo te confessas, Joaquim Alice como te impões ou então mostras. E estar contigo assim é estar com Deus de tão familiar e até divino. Mas, basta que por fim te apercebas (e te retrates) que falaste todo o tempo... (e por isso estás sem jeito), p’ra que então te abrace (em emoção e pensamento) e ame... essa criança que ali, nesse momento, é pura! 41
.... do mais profundo do (meu) coraçãoAmar é ser o outro Sim ... SER O OUTRO é amar que, afinal, vem a ser “tu”, se consegues converter ... por esse meio vir a crer, que te criaste ... ou te converteste em alguém diferente de ti, sem deixar de seres quem eras, sabendo (bem) onde te encontras, sempre contigo (próprio) a teu alcance. Aventuras-te noutras águas, em dimensão diferente ... entras no outro, convertes-te nele. És um polvo e, em mimetismo, abraças, sintonizas e te transformas naquilo que é o outro: o seu pensar, o seu sentir, o seu ser ... ... e com o maior dos respeitos e até solenidade, nesse agir ... tão sagrado, veneras aquilo que encontras e o mostras (ao próprio) 42 de bom grado, deixando incólumes ... opiniões e juízos que apenas ao próprio são permitidos.
Limitas-te a ouvir, Joaquim Alice por vezes a suscitar... (avançando com reparos ...), até que se faça luz ... crescente no âmago do interlocutor, qual parteiro, ao ajudar, apenas permite/facilita o nascimento ou o crescimento/evolução do parceiro. Haja aquilo que houver, seja claro ou seja escuro, nada interfere no raciocínio enquanto este flui, apenas o permite, facilita-o, alimenta-o (com energia pura). 43
.... do mais profundo do (meu) coraçãoO equilíbrio dos amores Sim, ... porque, antes de atirar a flecha... já ela atingiu o alvo, já (te) atingiu. E é dessa certeza que parto... O processo é, afinal, de “regressão”! Já estou à partida, colocado/cravado bem na muge, centro do alvo... e daí parto, qual “caçador-solitário-do-avesso”... consagrado na tarefa intemporal de construir o trajeto de volta, de regresso, do alvo ... para ti ! Viagem no tempo, procura no espaço... na escolha atenta, perante a infinidade de hipóteses, universo de todas as possibilidades... E, na escolha criteriosa, atenta, rigorosa, cirúrgica, atômica, me cumpro em AMOR qual pastor que, por amar as ovelhas, as conduz a pastos verdejantes. 44 É absolutamente divino cumprir-me (ao longo do e) no “disparo-do-regresso”... atividade criativa por natureza e da qual, mesmo querendo fazê-lo, não saberia descrever o plano da viagem,
pois, a cada nanossegundo, ela se gera (a si) Joaquim Alice de acordo com o MOMENTO (TOTAL). E é ver-te, já atingido, preso (na liberdade), 45 vagamente pressentindo a vibração existente... talvez até já (por ela) cativado, embora incrédulo, mas, num misto de vontade e de dúvida... prosseguindo... à procura da pista, olhando em frente (para onde ir) quando, afinal, o percurso é invertido... O destino já É, e o que agora falta é a integração no (e do) passado. Sentes o desejo premente de que a luz se faça... para que vejas... quando, se deixasses apenas fluir livremente, perceberias que a visão sempre esteve ao teu alcance, só que ... através doutro canal. E, por sentires que a luz te envolve ou te ronda (embora não a vejas), ficas, e tentas, e investes a tua energia no processo... e absorves e integras, ... sem cerimônias falsas, aquela que (te) canalizo.
.... do mais profundo do (meu) coraçãoE, neste processo, ... o amor IMPERA. E É INATO REVERENCIÁ-LO QUANDO CHEGA!!! E o teu espírito, cravado que já está com a flecha mágica... exige de ti esse esforço (por vezes grande), reivindica a utilização do teu potencial, te altera, te transforma, ...muda tudo, sacode, esperneia, até ser tomado da paz... numa satisfação e alegria pelo reencontro (amém). ... Então, a flecha (certeira) atinge finalmente o arco. E ter-me-ei cumprido uma vez mais... pelo que (te) ficarei eternamente grato. 46
Amado por mim Joaquim Alice INEXORÁVEL percorrer o caminho que me leva até mim. Certamente, largar o meu eu descentrado e com pé firme... passo pesado, seguro e animado, seguir em frente... de saber carregado, sentindo que fluo... do centro... por mim guiado, CENTRADO, qual destino que se cumpre a cada passo que é dado. Cantem... riam! Estou feliz: sou amado! 47
.... do mais profundo do (meu) coraçãoO gongo (escritos) o Gongo, ao soar, acorda em ti certa parte. O Gongo, quando soa, traz-te de volta ... ao teu Ser. O Gongo, soando, faz-te vibrar... em uníssono. O Gongo por calar-se, ou estar ausente, faz-te vibrar (ainda) por simpatia... ... e o amor que suscita... sem o poderes calar... sem o poderes conter ... só pode ... T R A N S B O R D A R. 48
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