Um ROSÁRIO de memórias
Um ROSÁRIO de memórias CENTRO DE MEMÓRIA-UNICAMP Campinas, SP - Abril de 2022
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELO Sistemas de Bibliotecas da UNICAMP / Diretoria de Tratamento da Informação Bibliotecária: xxxxxx - CRB xxxxxx ISBN XXXXXXXX Coordenação Geral Design gráfico e arte final Prof. Dr. André Luiz Paulilo Ana Cláudia Cermaria Berto Organização Revisão Ana Cláudia Cermaria Berto Sinara Barbanti João Paulo Berto Imagem de Capa: DA 141: Thomaz Scheuchl. Anjo. Entre 1924 e 1928. Conjunto Documentos Avulsos/Acervo CMU Imagem de Contracapa: NSR 1.1-19: Studio Eurydes. Anjos músicos. Entre 1943 e 1956. Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário/Acervo CMU
Um ROSÁRIO de memórias Curadoria Ana Cláudia Cermaria Berto João Paulo Berto Maria Sílvia Duarte Hadler
UNIVERSIDADE ESTADUAL CENTRO DE MEMÓRIA-UNICAMP DE CAMPINAS Diretor Reitor Prof. Dr. André Luiz Paulilo Prof. Dr. Antonio José de Diretora Associada Almeida Meirelles Dra. Maria Sílvia Duarte Hadler COORDENADORIA GERAL DA Conselho Científico UNIVERSIDADE Ana Lucia Guedes Pinto Ana Maria Galdini Raimundo Oda Coordenadora Carlos Alberto Cordovano Vieira Profa. Dra. Maria Luiza Moretti Carmem Lúcia Soares COORDENADORIA DE CENTROS Ema Camillo E NÚCLEOS INTERDISCIPLINARES Evandro Ziggiatti Monteiro Janaína O. Pamplona da Costa DE PESQUISA Rita de Cássia Francisco Coordenadora Jefferson Cano Dra. Ana Carolina de Moura Jeisel Licursi Meira Lima Delfim Maciel Lenita Waldige Mendes Nogueira Ricardo Figueiredo Pirola
EXPOSIÇÃO «UM ROSÁRIO DE MEMÓRIAS» Direção Geral Agradecimentos Prof. Dr. André Luis Paulilo Paróquia Nossa Senhora do Rosário Direção Associada Padre Fernando Garavaglia, CMF Prof. Dr. Edivaldo Góis Júnior Caio Felipe Gomes Violin Curadoria Apoio Ana Cláudia Cermaria Berto Prefeitura Municipal de Campinas João Paulo Berto Secretaria Municipal de Cultura Maria Sílvia Duarte Hadler Secretaria Municipal de Planejamento Pesquisa e Textos e Urbanismo Ana Cláudia Cermaria Berto Instituto dos Arquitetos do Brasil Gabrielle Caroline dos Santos Garcia (Núcleo Regional Campinas) João Paulo Berto Maria Sílvia Duarte Hadler Patrocínio Marileide Rayane de Macedo da Silva Associação dos Engenheiros e Seleção de Imagens Arquitetos de Campinas Gabrielle Caroline dos Santos Garcia Marileide Rayane de Macedo da Silva Realização Universidade Estadual de Campinas Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares da Unicamp Centro de Memória-Unicamp Paróquia Nossa Senhora do Rosário Campinas, SP - Outubro de 2019
SUMÁRIO 9 APRESENTAÇÃO 11 SOBRE A SÉRIE 13 TEXTO DE ABERTURA 15 A CAPELA DO ROSÁRIO E SUA IRMANDADE 27 MISSIONÁRIOS CLARETIANOS 35 A GRANDE REFORMA 63 RUMO À DEMOLIÇÃO 73 ITINERÁRIOS DA DEMOLIÇÃO 91 O NOVO ROSÁRIO
APRESENTAÇÃO Largo do Rosário em reforma O acervo do Centro de Memória-Unicamp (CMU) tem permitido criar uma (detalhe) série de exposições sobre a cidade de Campinas. Ultimamente, iniciativas 1933. Campinas, SP como, por exemplo, Campinas em dois tempos, Aristides Pedro da Silva: um Fotografia p/b fotógrafo campineiro e Um Rosário de Memórias ganharam a cidade levando Conjunto Aristides Pedro da Silva parte das fotografias do acervo do CMU à exposição em espaços da Prefeitura Municipal, da Igreja do Rosário e na mostra da Campinas Decor. Sobretudo, resultaram de um continuado esforço de extensão universitária e de divulgação científica das pesquisas sobre a memória e a história de Campinas que se articula com a produção de exposições virtuais. Um teatro, três atos; Lugares de Memória, Espaços de Resistência: os Negros em Campinas e O Patrimônio Cultural de Campinas são exposições nato digitais que também têm aspectos da cidade de Campinas como tema e o intento de ampliar o acesso do público ao acervo do CMU. A curadoria dessas exposições promoveu profícuas articulações entre as linhas de guarda do arquivo e uma proposta expográfica reiteradamente interessada em aproximar o público em geral dos temas da cidade, do cotidiano e da memória. Trata-se de um trabalho que advém da associação entre as áreas de Processamento Técnico, por meio da Difusão Cultural, e de Pesquisa do CMU na elaboração de recursos para difusão do acervo. As narrativas que produziram as exposições corroboraram para fazer desse trabalho uma iniciativa regular do CMU pelo seu alcance e capacidade de comunicar para um grande público, através de plataformas digitais ou em espaços urbanos, os resultados de estudos e aspectos da organização dos acervos sobre a cidade na Universidade. Somado a isso, o privilégio de apresentar o acervo do CMU sobre Campinas em espaços da própria cidade animou a ideia de produzir uma série de catálogos sobre as exposições então realizadas. A organização, no setor de 9
Difusão Cultural da área de Processamento Técnico, da série Orbis Pictus materializa essa ideia numa coleção que pretende publicar a versão expandida das exposições enfatizando aspectos da sua criação e curadoria. Um Rosário de Memórias foi a exposição escolhida para abrir a série pela trama entre variadas formas de sociabilidade e de sensibilidades e a transformação do espaço urbano campineiro que oferece ao olhar. Convertida em catálogo aqui, sua versão expandida documenta o modo como o CMU tem trabalhado na área da divulgação e procurado contribuir para a qualidade do debate público sobre a memória da cidade e da sua vida cotidiana. Prof. Dr. André Luiz Paulilo Diretor do Centro de Memória-Unicamp 10
SOBRE A SÉRIE A série Orbis Pictus busca apresentar as exposições virtuais e físicas realizadas pelo Centro de Memória-Unicamp, congregando tanto seu acervo quanto de instituições congêneres. Nesta proposta, as mostras adquirem um formato expandido – muitas vezes impossibilitado na estrutura expositiva –, permitindo ampliar informações e obras e contribuindo para a difusão em larga escala dos conjuntos documentais a partir de diferentes narrativas curatoriais. O título da série é uma referência direta à obra didática e voltada a crianças publicada em 1658, por John Amos Comenius (1592-1670), com o título Orbis Sensualium Pictus – o mundo das coisas óbvias aos sentidos, desenhado em imagens. Nela, pela primeira vez, as imagens são usadas com fins educacionais, assumindo o mesmo papel da palavra escrita. 11
Studio Eurydes Ao percorrermos as ruas de uma cidade como Campinas e observarmos seus Interior da Igreja Nossa Senhora do diversos espaços e lugares, nos deparamos com os indícios das variadas Rosário (detalhe) camadas de tempo que os recobrem. Histórias e memórias distintas estão Entre 1943 e 1956. Campinas, SP presentes nas várias configurações assumidas pelo espaço urbano ao longo Fotografia p/b do tempo. Marcas da presença de uma diversidade de sujeitos, de visões de Conjunto Paróquia Nossa Senhora mundo, de modos de viver, sentir e pensar a cidade estão inscritas, muitas do Rosário vezes de forma silenciosa, em suas ruas, avenidas, praças, construções. É nesta chave de leitura que apresentamos o caso da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Campinas. Um espaço de incontáveis memórias urbanas e indícios das muitas histórias e sentidos a ela atribuídos pelos diferentes sujeitos que com ela se relacionaram ou ainda se relacionam. Da pequena capela do início do século XIX, passando pela atuação de grupos negros, pela presença dos padres claretianos e pela grande reforma do início do século XX, chegando à sua demolição e reconstrução, somos convidados a nos questionar acerca de perdas, apagamentos e esquecimentos. Nesta exposição, a igreja, por sua vez, será vista como conectada ao espaço da cidade. Este espaço que, enquanto uma construção social e histórica, é movimentado por diferentes formas de sociabilidade e de sensibilidades, apresenta-se como um lugar de disputas. Assim, como um rosário que, para os cristãos, é um sacramental que leva o fiel à reflexão sobre mistérios religiosos, procuramos aqui apresentar um conjunto de contas desta rica e plural história, entendendo-a sempre nas tensões e contradições entre visões de cidade, concepções estéticas, valores, interesses políticos e econômicos que estiveram presentes nas sucessivas transformações sofridas pelo espaço urbano campineiro. Curadoria 13
A CAPELA DO ROSÁRIO E SUA IRMANDADE Vista Parcial de Campinas (detalhe) Não há registros sobre a data efetiva do início da construção da capela 1878. Campinas, SP dedicada à Nossa Senhora do Rosário na então Vila de São Carlos, atual Fotografia p/b cidade de Campinas. Costuma-se creditá-la ao tenente ituano Pedro Conjunto Aristides Pedro da Silva Gonçalves Meira (1743-1813) que, segundo o médico irlandês Ricardo Gumbleton Daunt (1818-1893), teria sido o primeiro a construir um sobrado residencial na vila (na esquina das atuais Ruas General Osório e Barão de Jaguara). Buscando beneficiar sua vizinhança imediata, Meira iniciou a edificação de uma igreja. Entretanto, devido às contendas com o vigário local que apontava a inadequação do terreno para o prédio religioso, o tenente acabou se mudando de Campinas, retornando para seu sítio em Indaiatuba. Segundo Daunt, a obra iniciada com paredes em taipa de pilão daria origem, por volta de 1818, ao chamado Cemitério do Rosário, a primeira necrópole externa a um templo de Campinas, onde foram enterrados escravos e pessoas humildes. A construção de um novo templo dedicado à Virgem do Rosário, próximo ao terreno alvo de embates, foi iniciada em 1817, por iniciativa do Pe. Antônio Joaquim Teixeira de Camargo e com o apoio de Joaquim José dos Santos Camargo. Os cativos da vila iniciaram o edifício em taipa de pilão, finalizando, em primeiro lugar, uma capela lateral dedicada ao Senhor Bom Jesus da Pedra Fria, provavelmente no início da década de 1820. Com o falecimento do Pe. Antônio, assumiu a obra o Pe. Manoel José Fernandes Pinto que também morreu antes de sua conclusão. Vale destacar que, para alguns memorialistas e historiadores, a capela teria nascido por uma devoção ao Senhor Bom Jesus, o que justificaria a construção ter iniciado como um orago dedicado a esta invocação. A mudança do padroeiro do templo para Nossa Senhora do Rosário se justificaria por conta da ação da irmandade dos negros que ficou sediada na 15
Livro de assento de irmãos da Recibo de conserto de Irmandade de Nossa Senhora telhado da Igreja do Rosário do Rosário 11 de outubro de 1843. Campinas, SP 1829-1850. Campinas, SP Livro manuscrito Textual manuscrito Conjunto Documentos Avulsos Conjunto Documentos Avulsos 17
capela. A ligação dos negros com a devoção ao Rosário é histórica e estaria ligada à ocupação da África pelos portugueses e a introdução no Congo de dominicanos, principais divulgadores da confraria do rosário naquele continente, por volta de 1750. No período de realização das obras teria sido criada uma associação religiosa de leigos com o objetivo de zelar pela capela. Na então Vila de São Carlos, a presença das irmandades foi de grande importância, sendo que no início do século XIX, apesar dos escassos registros, já existiam três: São Benedito, Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora do Rosário. A última, possivelmente criada na segunda metade da década de 1810, ficou sediada na capela, sendo formada por negros, sobretudo escravos e depois mulatos. Dentro da história do catolicismo brasileiro, as associações leigas, seja qual fosse a vocação, exerceram importante função litúrgico-pedagógica, principalmente no período colonial e imperial. Com funções pio-sociais, visto que cuidavam dos vivos e também dos mortos, garantindo aos seus filiados auxílio intra e extraterreno, compuseram intricadas redes simbólicas de poder, entre o temporal e o religioso. Alguns registros, apontam a oficialização da irmandade apenas em 8 de abril de 1853, sendo restaurada já em 1857. Em 1935, encontrava-se ainda ativa, não sendo possível precisar o ano de sua extinção. A capela construída tanto com o apoio da irmandade quanto de beneméritos, dos quais se destacam Joaquim do Amaral Camargo e o capitão Camillo Xavier da Silveira Bueno, era formada por capela-mor; nave com abóbada de berço, além de dois retábulos laterais junto ao arco cruzeiro; dois corredores laterais, um finalizado no altar do Senhor Bom Jesus e outro na sacristia, decorada com pinturas decorativas alusivas à Eucaristia e temas do Rosário. Por volta dos anos de 1870, a igreja recebeu a complementação de sua fachada e a construção de duas torres laterais, as quais, em 1887, foram demolidas por apresentarem risco à população. Segundo Ricardo Daunt em texto datado de 1880, a igreja possuía bons paramentos, alfaias e imaginária sacra. Daunt afirma, ainda, que existiam belas pinturas no templo, atribuídas a José Patrício da Silva Manso (c. 1753 - 1801), pintor do período colonial com intensa atividade na Capitania de São Paulo. Esta informação, contudo, não procede quando se verifica a data de falecimento de Silva Manso. 18
PÁGINA 21 A capela do Rosário estava submetida à Matriz de Nossa Senhora da Conceição, conhecida como Matriz Velha (atual Basílica de Nossa Senhora do Coreto do Largo do Rosário Carmo). Em 1870, em decorrência do aumento populacional de 30.000 Entre 1865 e 1870. Campinas, SP habitantes, a Freguesia foi dividida em duas: a nova Paróquia de Santa Cruz, Fotografia p/b com sede na Matriz Velha, e a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, com Conjunto Geraldo Sesso Júnior sede provisória na Capela do Rosário por conta das obras da Matriz Nova (atual Catedral Metropolitana de Nossa Senhora da Conceição), inaugurada em 1883. Vale ressaltar que a igreja do Rosário passou por diversas pequenas reformas até este período, destacando-se repinturas e decorações, como as ocorridas em 1846 para a visita do Imperador Dom Pedro II,, que, em 26 de março, acompanhado de comitiva, chegou em visita a Campinas e assistiu ao Te Deum na Igreja do Rosário. No dia seguinte, no pátio fronteiro ao templo foram realizadas cavalhadas em sua homenagem. José de Castro Mendes, em 9 de maio de 1956, no Jornal Correio Popular de Campinas, assim relata a recepção ao imperador D.Pedro II, em 1846: A cidade engalanou-se toda para receber condignamente o ilustre visitante, capinando-se as ruas, caiando-se as casas, e também a capela do Rosario, que foi rebocada de novo e pintada de branco, apresentando-se em estado de novo aos olhos do jovem monarca reinante. Internamente, a decoração esteve entregue ao Chico Pingurra, um especialista no assunto que não mediu gastos, dispendendo em apetrechos a considerável importância de cento e cinquenta mil réis! Só em pano vermelho, para adorno das paredes, lá se foram quarenta e nove mil réis, um dinheirão naqueles dias. Imaginem os leitores, que maravilha não devia estar a capela assim enfeitada, reverberando de luzes, e cheinha de gente ricamente vestida, compondo a moldura do brilhantíssimo séquito imperial. D.Pedro compareceu ataviado de galas, acompanhado pelo Ministro do Império, pelo Governador da Província de São Paulo, sacerdotes e altas personagens da sociedade local. Subiam as girândolas, espoucando rojões entre o 19
bimbalhar festivo dos sinos, aumentando o entusiasmo do povo que se acotovelava ao redor do templo erguendo vivas ao nobre personagem. Seguindo o programa organizado, durante dois dias no largo fronteiro, tiveram lugar as cavalhadas, divertimento próprio das grandes comemorações, desta vez mais caprichado e solene dada a presença do soberano. Um espaço ressignificado pela existência do templo foi o largo fronteiro à capela do Rosário, aberto logo depois da construção da capela, em 1817. Nele se concentravam atos religiosos, como procissões e missas campais, além de festas pautadas no sincretismo religioso dos negros africanos e outros acontecimentos considerados significativos para a cidade. Entre alguns exemplos, em setembro de 1879, por ocasião da inauguração do serviço de transportes urbanos de bondes puxados por burros, foi ali que a banda musical de Santanna Gomes tocou algumas peças enquanto os carros passavam. Em 1887, o nome oficial do largo passou a ser Praça Visconde de Indaiatuba, homenageando Joaquim Bonifácio de Amaral, um fazendeiro e também político abolicionista da região de Campinas. O local foi também o ponto de partida para saída de comitivas devido à inauguração de novas linhas de bonde da cidade e, em 1912, sediou os festejos da inauguração do transporte pelos bondes elétricos da Companhia Campineira de Iluminação e Força. Somam-se, ainda, a realização de manifestações culturais e políticas, como um comício popular, em março de 1890, contra o então delegado de higiene Antenor Guimarães em função de questões controversas surgidas com a declaração oficial da epidemia de febre amarela na cidade. Com o tempo, uma praça foi sendo configurada, separada da igreja por uma rua que levava o nome da capela. Na busca por melhoramentos destes espaços urbanos, vê-se, por exemplo, em 15 de outubro de 1871, a publicação de um edital de concorrência para a arborização dos largos do Rosário e da Matriz Velha e, no ano de 1874, a aprovação da proposta de construção de chafarizes nos largos do Rosário, do Teatro e também no da Santa Cruz pela Câmara Municipal. O largo, configurado como jardim, foi inaugurado em 15 de novembro de 1895 pelo Intendente Municipal Antonio Lobo, recebendo calçadas, bancos, novo chafariz e iluminação a gás. 20
21
Kowalsky e Hensler Largo do Rosário ca. 1892. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Geraldo Sesso Júnior 23
Durante o século XX recebeu novas alterações: em 1909 recebeu o calçamento de mosaico português, projeto de iniciativa do então prefeito Orosimbo Maia para a cidade. No ano de 1933, as árvores do largo foram cortadas, o que levou ao descontentamento geral da população e a uma nova reformulação da praça em 1934. Em 1968, foi construído um projeto de linhas modernistas de autoria do arquiteto Renato Righetto, formado por marquises que circundavam parte da praça em forma de “U”. Estas foram removidas em 1998, em projeto que previa a remodelação da praça aos modelos da existente na década de 1930. 24
A. Vieira de Santos Praça Visconde de Indaiatuba Entre 1900 e 1904. Campinas, SP Cartão Postal Conjunto Cartões Postais de Antônio Miranda P. D. Largo do Rosário 1900. Campinas, SP Cartão Postal Conjunto Cartões Postais de Antônio Miranda Largo do Rosário em reforma 1933. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Aristides Pedro da Silva
MISSIONÁRIOS CLARETIANOS Grupo de religiosos claretianos A Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, Entre 1924 e 1925. Campinas, SP conhecidos como missionários claretianos, foi fundada em 16 de julho de Fotografia p/b 1849, quando Antônio Maria Claret reuniu em Vic, na Espanha, um grupo de Conjunto Paróquia Nossa sacerdotes tendo como missão a evangelização do povo. Dentro dessa Senhora do Rosário proposta pastoral, começaram a fundar novas províncias, sendo que em 1895 Ao centro, sentado, vê-se o padre Vicente foi instalada a primeira casa no Brasil, na cidade de São Paulo, formada por Conde Monteiro, CMF. um grupo de 10 missionários. Um ano depois, em 1896, durante uma atividade pastoral em Campinas mediada pelo então pároco da Matriz Velha, Cônego Antônio da Costa Bueno, um missionário percebeu a ausência de padres na cidade em pleno crescimento. Em 1897, o Pe. Manoel Ribas D'Avila, novo pároco da matriz e também juiz da Irmandade do Rosário, ofereceu a Capela do Rosário a dois padres claretianos em passagem por Campinas. Além de zelarem pelo templo, a ideia era poderem constituir na cidade um ponto de partida para missões no interior do estado, haja vista sua localização entre importantes entroncamentos ferroviários, o que facilitaria os deslocamentos para outras regiões paulistas. Após todas as autorizações eclesiásticas, os missionários claretianos instalaram em Campinas sua segunda casa brasileira em setembro de 1889, ocupando não apenas a capela, mas também um prédio anexo, que serviu como residência e para retiros espirituais. Ali ajudaram a fortalecer um sentimento de pertencimento da comunidade campineira para com o templo, sobretudo pela grande quantidade de atividades religiosas desenvolvidas, embora ainda como uma capela pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Carmo (antiga Paróquia de Santa Cruz). 27
Capítulo Provincial Agosto de 1928. São Paulo, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 28
Capítulo Provincial Entre 25 de fevereiro e 4 de março de 1948. São Paulo, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário Grupo de Religiosos e Seminaristas Entre 1900 e 1930. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 29
PÁGINAS 30 E 31 Adoração noturna ereta na Igreja do Rosário 7 de novembro de 1918. Campinas, SP Procissão da Festa do Imaculado Coração de Maria Fotografia p/b 27 de agosto de 1944. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 32
Antônio Lobo, fundador da adoração noturna da Igreja do Rosário Década de 1910. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 33
A GRANDE REFORMA Rua Francisco Glicério Quando da chegada dos missionários claretianos e o início de seu trabalho 1920. Campinas, SP missionário, um dos primeiros desejos foi reformar o templo que agora Fotografia p/b estava sob sua responsabilidade. Ainda durante as obras de reconstrução de Conjunto Secretaria da Agricultura, suas novas acomodações, por volta de 1907, iniciaram a empreitada de uma Comércio e Obras Públicas moderna igreja, não mais em taipa de pilão, mas em alvenaria de tijolos. do Estado de São Paulo Embora a parte externa tenha sido finalizada por volta de 1910, a obra ficou estagnada por falta de recursos, sendo retomada sob a direção do Pe. Baldomiro Ciriza, CFM, e finalizada em novembro de 1913. O novo templo do Rosário recuperou suas torres laterais, sendo que a do lado esquerdo foi afunilada em sua parte final. No ano de 1915, chegaram da Itália o altar-mor e os seis altares-laterais em mármore de Carrara, que foram montados na igreja pela firma Nicodemo Rosselli & Cia, de São Paulo. Anos mais tarde, a igreja passou por um grande projeto decorativo, desenvolvido pelo artista austríaco Thomaz Scheuchl (1867-1947), que chegou ao Brasil a bordo do vapor Zeelandia, no dia 7 de setembro de 1920, procedente de Amsterdã. Sua linguagem artístico-sacra estava imersa nos cânones da Escola de Arte de Beuron, organizada no mosteiro beneditino de Beuron, Alemanha, por Dom Desiderius Lenz (1832-1928) na década de 1870, cruzando elementos formais e cromáticos das artes egípcias, bizantina e românica. A Igreja do Rosário foi, possivelmente, a primeira igreja realizada pelo artista no Brasil, entre os anos de 1924 e 1927/1928, destacando-se, posteriormente, as obras no Mosteiro de São Bento (1937-1937) e na Igreja de Nossa Senhora da Penha (1938-1942), ambos na capital paulista. Em um programa iconográfico harmonioso e coerente, Scheuchl centrou-se no cruzamento entre as devoções à Virgem Maria e ao Rosário e em temas ligados aos missionários claretianos e à evangelização. Sua proposta imagética estendeu- 35
Igreja do Rosário Entre 1913 e 1920. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Aristides Pedro da Silva 36
Vista Parcial de Campinas Entre 1913 e 1920. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Aristides Pedro da Silva 37
se também à fachada, que ganhou feições neorromânicas com relevos ao estilo Beuron. As torres passaram a ser quadrangulares, sendo a esquerda maior que a direita. Além das pinturas de Scheuchl, destacavam-se no templo os conjuntos de vitrais e as imagens sacras em madeira dourada e policromada de origem espanhola, medindo entre 1,8 e 2 metros de altura. Outro artista que também atuou nas decoração foi o italiano Orestes Colombari, conforme assinatura no medalhão de Nossa Senhora Aparecida. Studio Eurydes Igreja Nossa Senhora do Rosário Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário Studio Eurydes Praça Visconde de Indaiatuba Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário PÁGINAS 40 E 41 Studio Eurydes Vista interna da Igreja Nossa Senhora do Rosário Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 38
40
41
Studio Eurydes Vista interna da Igreja Nossa Senhora do Rosário Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografia p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário No retábulo-mor vêem-se as imagens de Nossa Senhora do Rosário (centro), São Domingos de Gusmão (esquerda) e Santa Catarina de Sena (direita).
SÃO MIGUEL ARCANJO NOSSA SENHORA DO CARMO Studio Eurydes Retábulos-laterais da Igreja Nossa Senhora do Rosário Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografias p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário 44
PÁGINAS 46 E 47 Studio Eurydes Retábulos-laterais de São José e do Imaculado Coração de Maria Entre 1943 e 1956. Campinas, SP Fotografias p/b Conjunto Paróquia Nossa Senhora do Rosário SANTO ANTÔNIO SÃO ROQUE 45
46
Search
Read the Text Version
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
- 6
- 7
- 8
- 9
- 10
- 11
- 12
- 13
- 14
- 15
- 16
- 17
- 18
- 19
- 20
- 21
- 22
- 23
- 24
- 25
- 26
- 27
- 28
- 29
- 30
- 31
- 32
- 33
- 34
- 35
- 36
- 37
- 38
- 39
- 40
- 41
- 42
- 43
- 44
- 45
- 46
- 47
- 48
- 49
- 50
- 51
- 52
- 53
- 54
- 55
- 56
- 57
- 58
- 59
- 60
- 61
- 62
- 63
- 64
- 65
- 66
- 67
- 68
- 69
- 70
- 71
- 72
- 73
- 74
- 75
- 76
- 77
- 78
- 79
- 80
- 81
- 82
- 83
- 84
- 85
- 86
- 87
- 88
- 89
- 90
- 91
- 92
- 93
- 94
- 95
- 96
- 97
- 98
- 99
- 100
- 101
- 102
- 103
- 104
- 105
- 106
- 107
- 108
- 109
- 110
- 111
- 112
- 113
- 114