Mulheres do Mato
Exposição \"Mulheres do Mato“ Entre os dias 01 e 21 de abril 2021 Local: Cine Teatro Cuiabá. Cuiabá/MT
Neide Silva, 47 anos, nasceu em Cuiabá e traz o orgulho de sua etnia indígena no sangue. Irmã do artista Sebastião Silva, ela, ainda menina, via e ouvia por uma pequena fresta na parede de sua casa, as conversas dos meninos pintores do Pedregal que frequentavam o Ateliê Livre do Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT. Assim, de certo modo, ela vem praticando objetos, desenhos, manuseando a argila, inclusive, entre outros experimentos, escrever e ilustrar. Entretanto, Neide começou a pintar há quatro anos, claro, motivada pelo irmão. Mas Neide, inquieta e compulsiva, atira para diversos lados à procura de caminhos e se aventura por diversos estilos. Corajosa, ela acerta mais do que erra. Seu trabalho tem uma vocação social em combate às desigualdades e em defesa da mulher. Psicóloga, a artista faz comentários plásticos sutis como “macaquinho cor de pele,” aquela roupa de baixo que não marca. É mais uma crítica sobre a “cor branca” num contexto social de exclusão. O crítico Frederico Morais, disse mais de uma vez, que a renovação da arte brasileira viria da “Província”. É verdade, e eu acredito que da periferia das nossas grandes cidades estão surgindo estes novos talentos. Aline Figueiredo Crítica de Arte, março de 2021
Cor do Brasil, 2021 Pele que Habito, 2021 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 60 x 80 cm 65 x 40 cm
Mulher, 2021 Acrílica sobre tela 100 x 100 cm O Balanço da Rede, 2021 Acrílica sobre tela 150 x 150 cm
Moça com Macaquinho Cor de Pele, 2021 Remendos I, 2021 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 80 x 60 cm 150 x 120 cm
Invenção do Progresso I, 2021 Remendos II, 2021 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 80 x 100 cm 110 x 150 cm
Casa no Mato, 2020 Capim do Cerrado, 2021 Flores do Cerrado, 2021 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 80 x 120 cm 100 x 100 cm 100 x 100 cm
CADEIrA, 2021 Maria Onete, 2021 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 150 x 90 cm 100 x 100 cm
Vaso com Flores do Cerrado, 2020 Invenção do Progresso II, 2018 Acrílica sobre tela Acrílica sobre tela 50 x 40 cm 65 x 120 cm
Trevas Primitiva Posse minha mãe me conforta meus ossos minerais não é minha (ao telefone) carregam várias mulheres a noite que avança sinto-as todas pede que eu tenha fé (antigas e constantes) nem é meu diz que tudo vai passar sobre a coluna cervical o canto em vão que já viu muita coisa (aguente firme, diz uma tia-avó a lágrima tampouco é minha que os poderosos só pensam em si é melhor não se envolver, diz outra) não são meus os pés presos ao chão ora, mamãe, são tantas mulheres eu sei disso – protesto em meus ossos paleolíticos meu (talvez) mas não engulo calada tantos detritos o compasso da dança palavras atravessadas tantas noites em claro minha a mão a linha e a lança não é digno a uma mulher tantos partos e perdas meus o vinho o verso a canção o leite empedrado no seio morrer sufocada de todas elas em mim Marli Walker este século começa mal no fundo escuro da caverna (há um tenso movimento eu (primitiva e extenuada) ainda afago os cabelos para as trevas, mãe!) de minha bisavó (e às vezes choro um pouco) eu, mulher do meu tempo, recuso as investidas do passado e sigo (mesmo no escuro)
Para colorir 1 Para colorir 2 Divanize Carbonieri
________________M__u__lh__e__r_e_s___d_o___M__a__t_o________________ Ficha Técnica Através de cores, traços e poemas, pretende-se promover Divanize Carbonieri, Marli Walker e Neide Silva questionamentos e reflexões sobre diversidade, aculturação e resgate da identidade da Artistas mulher indígena e de suas descendentes. Simbolicamente, a exposição também apresentará por meio de ícones de flores do cerrado, nativas da região, um Aline Figueiredo acolhimento às mulheres. Espera-se que a amostra não traga respostas prontas ou Crítica de Arte e Curadoria essenciais, mas que ajudem a refletir, com criticidade, acerca dessas questões. Uma sociedade justa se faz pela equidade, oportunidade e respeito; tratar da diversidade, Neide Silva problematizá-la é uma atitude necessária. Pessoas, grupos, comunidades têm seus Coordenadora do Projeto e Co-curadora hábitos, costumes e jeitos peculiares de ser. Larissa Campos Neide Silva Assessoria de Comunicação Célia Soares Designer, Mediação Cultural e Fotografia
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