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eurobike_magazine#34

Published by eduardo, 2021-01-01 02:10:20

Description: eurobike_magazine#34

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O RESTAURO Naquela época, o Porsche dele estava com mais de 1 milhão Logo ao chegar na oficina, em Itu (SP), o carro foi de quilômetros andados, bem cuidado, com a desenvoltura inteiramente desmontado e lixado. E realmente sua de um carro novo! Que outra marca poderia contar a mesma aparência de integridade vislumbrada em LA se confirmava. história?”, pergunta Henning. “Estava com o grupo quando Cini comprou o carro. Vi que era bem sólido, bem alinhado em suas portas e capô. A base SIMPLICIDADE E PRECISÃO: A FÓRMULA estava muito boa e quando removemos a tinta foi uma grata O modelo 356 foi o primeiro construído em série pela famosa surpresa”, relembra Henning. empresa alemã. Marcou a história do automobilismo e de muitos de seus adoradores. “Gosto de brincar que o Porsche “Uma restauração conta com cinco etapas, basicamente, 356 é um fusca de casaca”, provoca Henning. “Pois esse que eu faço junto com uma pequena equipe escolhida a primeiro projeto da empresa guarda uma semelhança muito dedo. No início, um bom funileiro que foca nos pequenos grande de proporções e tecnologia com o Volkswagen popular (ou grandes) defeitos e em seguida vem com o trabalho de alemão. Que, aliás, eram da mesma época, nasceram sob o pintura. Depois, um bom montador, um bom mecânico e um mesmo conceito. Como se ele fosse um fusca anabolizado, igualmente bom eletricista. Os detalhes finais ficam a cargo com muito mais potência e para isso com uma carroceria do tapeceiro, que faz o interior e os vidros. Isso tudo com o aerodinâmica. Seu interior também guardou, ao longo das meu olhar diário em cima de detalhes e técnicas que trazem décadas, características só dele. A chave sempre na mesma o modelo de volta aos velhos tempos. No caso do Porsche do posição, o pequeno porta-malas, um conceito e o design Cini, todas as características originais foram mantidas, o que que atravessa o tempo com sua flexibilidade. Quando digo dá ainda mais prazer no restauro, pois a história e o design flexibilidade, digo que o carro é tão icônico que você pode ir são honrados”, explica Henning. E ele continua: “Conheci trabalhar com ele, à noite ir a uma festa de gala e nos finais nos Estados Unidos, nessas peregrinações dos apaixonados de semana para as pistas. Com a mesma aura de perfeição pela marca Porsche, um senhor de mais de oitenta anos e charme”, sintetiza Henning. que ainda guiava seu 356 desde o ano de seu lançamento, na década de 1960. O mesmo carro durante toda sua vida. A produção do icônico modelo 356 pode ser dividida em Eurobike magazine 50 | 51

EMOÇÃO CLÁSSICO “Conheci nos Estados Unidos, nessas peregrinações dos apaixonados pela marca Porsche, um senhor de mais de oitenta anos que ainda guiava seu 356 desde o ano de seu lançamento, na década de 1960. O mesmo carro durante toda sua vida. Naquela época, o Porsche dele estava com mais de 1 milhão de quilômetros andados, bem cuidado, com a desenvoltura de um carro novo! Que outra marca poderia contar a mesma história?”

três fases no tempo. Existem os primeiros, chamados de de 400 como ele. É um prazer muito grande dirigi-lo. Mas Pré A (1950 a 1955), de para-choque e farol mais baixos procuro preservá-lo, pois é a peça mais importante da minha e vidros menores. Estes foram sucedidos pelos A (1955 a coleção. Meu próximo objetivo é um modelo mais novo, para 1959), de 75hp. Quando mais tarde vieram os BT5 (1960 a circular no dia a dia, pois, como disse, sua performance, 1962), estes ganharam o para-choque e os faróis mais altos. sua leveza e seu design são encantadores. Para isso estou Numa constante evolução, a versão final e mais aclamada contando, mais uma vez, com meu amigo Henning, que hoje deste Porsche vem a ser o modelo C (1962 a 1965), que em dia administra restauros e acha tesouros. Quase sempre se diferencia por ser mais potente e, sobretudo, por Porsche. estar equipado com freio a disco nas quatro rodas, o que melhorava muito sua capacidade de frenagem. Este modelo também ganhou duas grades na saída do motor e os vidros aumentaram consideravelmente. Nesse momento, o motor ainda era de 75hp e, em sua versão mais elaborada, tinha 1582cc e era equipado com dois carburadores Solex 40 PJJ- 4, que chegava aos 5800 rpm, valor bastante interessante para um veículo que pesava pouco mais de 900 kg. Era a versão esportiva da época e um modelo que marcou o cenário das competições. O SC que mostramos nesta matéria é a ultima versão do 356, realmente especial, pois além de tudo ganhou um motor de 95hp. PELAS ESTRADAS DO SUL Hoje meu modelo 356 SC circula pelas estradas sinuosas da Serra Gaúcha. É um dos poucos que existem no mundo, pois um levantamento recente declarou que não existem mais Eurobike magazine 52 | 53

PRAZERPRAZER

54. “Pois esse ‘terroir’ Canastra vem sendo reconhecido como algo especial quando o assunto é queijo.” 64. Achados e imperdíveis Eurobike magazine 54 | 55

PRAZER O TESOURO DA CANASTRA Região há séculos isolada das rotas principais do país, belo cerradão pontuado por alturas, cachoeiras e simpatia mineira, a Serra da Canastra conta uma história surpreendente de gastronomia para o Brasil através da trajetória do queijo que leva seu nome Por Ana Augusta Rocha Fotos Eduardo R C Rocha

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PRAZER As canastras eram uma coisa antiga, das casas e fazendas ainda mais antigas nas Minas Gerais. Espécie de mala “quadradona”, feita a partir de uma estrutura de madeira forte e revestida de couros rústicos, geralmente de gado. E como finalização e eventual decoração ou desejo de personalizar (colocando arabescos e monogramas), eram quase sempre tacheadas com prata ou botões de ferro, fazendo desenhos e firmando o couro na madeira. Nas canastras se guardava tudo: de documentos a objetos, roupas e lembranças. E nas viagens eram atreladas, duas a duas, nos lombos dos cavalos e transportavam a vida do sujeito lá dentro. Quadradas, soturnas, surradas pelo tempo. Seu formato deu nome a toda uma região mineira onde nunca se encontrou ouro ou pedras preciosas: a riqueza seria outra. A Serra da Canastra sempre esteve a um certo meio de caminho na região Sudeste. Meio de caminho entre as ricas lavras de Minas e o mar por onde se escoava essa riqueza para o benefício de outrem. Meio de Minas: se traçarmos um triângulo imaginário ligando a cidade de São Paulo a Belo Horizonte e a Uberlândia (que até os anos 1940 era considerada a porta do sertão — ser tão desconhecido, ser tão selvagem, ser tão lindo!), a Serra da Canastra fica assim, no meio, como uma espécie de bloco central e elevado. Da mesma maneira que uma grande mesa no meio da sala — há que se contornar. E assim faziam muitos viajantes, tentando evitar as suas alturas — passavam ao largo. Por essas dificuldades a Canastra ficou relativamente sossegada por séculos. O naturalista francês Saint Hilaire, que ao Brasil chegaria em 1816, com a abertura do país ao mundo, escreveria sobre essa imensidão quase desabitada: “… Em toda a extensão do seu cume, a serra apresenta um vasto planalto irregular que os habitantes da região cha- mam de chapadão. Dali pude descortinar a mais vasta extensão de terras que os meus olhos já viram desde que nasci. Num lado, a serra de Piumhi limitava o horizonte, mas em todo o resto unicamente a fraqueza dos meus olhos restringia o meu campo de visão”.  Os viventes dessa imensidão, a gente que chamava as alturas de Chapadão, foram durante séculos domesticando as melhores terras, criando gado e vivendo primordialmente do leite, seus derivados e da criação de outros animais. João Carlos (ele também Leite), produtor na Serra da Canastra, ilustra: “Desde os tempos do Império o queijo era economia expressiva na Canastra. Os mascates traziam as burras cheias de produtos para vender aqui e voltavam para os grandes centro recarregados de queijo, que ganhava fama pelo jeito como era feito, pelo sabor especial. A dificuldade das estradas para escoar a produção leiteira transformou o queijo em forma de armazenamento de riqueza”, explica. O queijo de leite cru curado era produzido como alimento que podia ser guardado e vendido no tempo.

Em muitos pontos da Serra da Canastra, o que se avista é a imensidão. Eurobike magazine 58 | 59

PRAZER Receita portuguesa Receita de muitos séculos, trazida pelos integrantes das caravelas portuguesas, o queijo canastra resguardou uma fórmula simples: leite cru, recém ordenhado das vacas, acrescido de coalho (substância ácida que faz o leite talhar) e um pouco do chamado “pingo” do dia anterior (o soro que sai do queijo já salgado nas duas faces durante a noite e é guardado com cuidado). Mexer e mexer o leite para depois deixar descansar. Logo o leite talha e se junta em grumos de massa branca e voluptuosa. O queijeiro nesse momento vai retirando e espremendo essa massa em panos de filó: sai pelos buraquinhos o soro, fica no tecido a matéria linda que formará o queijo. Quando a massa estiver bem escorrida, exaurida de boa parte dos líquidos, será colocada em formas e receberá cristais de sal grosso em cima, primeiro num lado — descansa — e depois de cinco horas no outro. O sal grosso brilhará por cima do queijo e dará um sabor extra à massa. Depois disso o queijo na forma irá para dias de descanso, sendo virado a cada 24 horas — a esse processo se dará o nome de cura. O canastra é um queijo curado, que deve ser consumido maduro e isso se faz na sabedoria do tempo. “A massa perfeita não pode ser muito mole nem muito seca. Quando está dessorando, não se deve tirar totalmente o soro, espremendo com força demais, tem de se achar um meio termo... Com pouco líquido, a massa quebra. Quando, porém, ela estiver com uma consistência de carne, comparo com a firmeza de um antebraço... estará correta. É um aprendizado muito sensorial. Para chegar no ponto certo da massa você tem de sentir.” Guilherme “Capim” Ferreira, produtor premiado internacionalmente. Nesta página o início do processo do queijo, o produtor Ivair, da Fazenda Bela Vista, e o selo de rastreabilidade Canastra.

Mas o canastra não é apenas um processo. Há uma questão forte e (diria, por que não?) cheia de magia, que diz respeito à terra, suas pastagens, as substâncias minerais presentes no solo, a micro vida com suas bactérias peculiares à região. Tudo isso influencia o alimento do gado e seu leite. Somado a isso, o ambiente interno das queijarias típicas: o clima que é quente de dia e fresco à noite, o ar que circula protegido pelas janelas teladas, o paciente virar e revirar dos queijos... E o intangível que cerca tudo isso: a cultura, o modo de fazer, o ar que se respira, a mineirice que envolve tudo... Sabe- se lá, tudo faz parte da receita!!! A isso, os especialistas franceses, os maiores mestres do queijo que se tem notícia e os grandes experts em criar denominações, qualificam como “terroir” Canastra. Qual seria a tradução de “terroir”? Arriscando um pouco diria que é desse tudo — a terra, a gente da terra e seu jeito, sua micro e macro vida —, um muito. Pois esse “terroir” Canastra vem sendo reconhecido como algo especial quando o assunto é queijo. Estrelados chefs como Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito), Jefferson Rueda (A Casa do Porco), Bel Coelho (Clandestino), Henrique Fogaça (SAL) e Rodrigo Oliveira (Mocotó) são alardeadores do sabor dos queijos canastra em inúmeras receitas. E não apenas eles: há todo um movimento de valorização dos saberes regionais do Brasil onde se incluem parceiros importantes como o Sebrae, o governo de Minas e, importantíssimo nesse caso, a visionária cooperativa de Crédito Agrícola da cidade de São Roque de Minas, a Saromcredi, que começou a tecer essa história de sucesso há 25 anos. Acima: o queijo e o sal grosso, o produtor Zé Mário Os legítimos produtores da Canastra, orientados pela e o premiado Capim Canastra. cooperativa francesa voltada para o desenvolvimento Eurobike magazine 60 | 61

PRAZER agrícola no mundo, a FERT, e em busca de legitimar o “terroir”, conseguiram em 2012 no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) a Indicação de Origem para o queijo dessa região, orgulhosamente colocada nos rótulos dos sete municípios* que o podem ostentar: queijo canastra. Mas nem tudo foi fácil na história desse queijo. Muito ao As muitas dimensões do canastra: o pequeno Merendeiro, o Tradicional, contrário. O sucesso do canastra hoje se deve a uma árdua e o Casquinha e o Canastra Real. obstinada campanha que durou mais de 50 anos. A batalha Na página ao lado a tradicional queijaria de José Mario, da Fazenda começa logo no pós-Segunda Guerra, quando o Brasil resolve São Bento. seguir os passos dos norte-americanos, que rechaçavam os métodos tradicionais e com eles os queijos de leite cru, e advogavam o império das grandes indústrias de laticínios e os queijos de leite pasteurizado. Ora, a pasteurização... se ela destrói qualquer coisa que possa haver de ruim no leite (fruto de mau manejo sanitário do gado, o que convenhamos, não é admissível para nenhum produtor) ela também desnatura

proteínas e destrói as bactérias lácteas benéficas que lhe fornecerão a alma. Queijos famosos como o camembert, o brie, o roquefort, a muzzarela são originalmente feitos de leite cru. Hoje, industrializados em larga escala, perderam muito mesmo da grandeza do seus sabores originais, afirmam os especialistas. Leis e desincentivo Essa legislação federal de 1952 e outras que se seguiram nos estados colocaram o queijo minas, e com ele o canastra, na ilegalidade. Em 1998 o então Secretário da Agricultura de Minas Gerais, Allison Paulinelli, sentiu que o setor do queijo artesanal, tão ligado à identidade do estado, estava desaparecendo. E criou um programa de qualificação da produção que incluía um convênio com produtores da França. A região que adotou a Canastra foi a do Franche- Comté. Eles instigaram os produtores mineiros a resgatarem Eurobike magazine 62 | 63

PRAZER os velhos métodos e, acima de tudo, fizeram ver que o que produto. As cooperativas e produtores se uniram ao redor faltava ao canastra para sua excelência era a sabedoria da desses pressupostos e hoje o canastra ganha fama a cada maturidade. Explica-se: para responder a uma demanda dia. Desde maio de 2008 o queijo canastra também foi crescente, muito dos produtores haviam optado por colocar considerado Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, título no mercado queijos quase frescos. Até os anos 1980 a concedido pelo IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e maturação tradicional era de 30 a 40 dias. Mas recentemente Artístico Nacional. a “urgência” da entrega colocava nas cidades queijos com apenas sete dias de cura. O canastra sem tempo era outro Hoje o cenário brasileiro ainda é conflitante. Algumas queijo e com isso os preços caiam a olhos vistos. portarias foram baixadas e o produtor tradicional continua a sofrer com a falta de uma lei que possa abranger e respeitar “O mercado, por um bom tempo, se acostumou com o queijo os métodos tradicionais de fazer queijo e comercializá-lo em fresco e de baixo valor agregado”, continua João Carlos todo o Brasil e o mundo. Existe a possibilidade do produtor Leite, produtor de queijo canastra e diretor da Saromcredi. individual receber o SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção), “Estamos hoje, a partir da valorização das tradições e da mas as exigências, o investimento e a burocracia ainda são proposta da cura tradicional de semanas, conseguindo muito grandes para pequenos produtores. A expectativa é colocar no mercado um queijo muito sofisticado, para que o Ministério da Agricultura sancione uma lei que favoreça pessoas idem”, afirma. a atividade em junho deste ano.   Mas o canastra e os outros queijos de leite cru continuavam “O Brasil sofre de desigualdades regionais e muitas delas na ilegalidade. Em 2002, no entanto, por muita luta são provocadas por leis inadequadas. A lei não ajuda o conseguiram que Minas Gerais assumisse uma legislação pequeno produtor a se potencializar, a fazer melhor o que inspirada na francesa e que se contrapunha à federal, a Lei ele já sabe fazer. A lei constrange essa produção, olhando 14.185, de 31 de janeiro de 2002. Essa lei tinha pressupostos apenas a grande indústria. Existem muitos exemplos disso: o básicos: o processo deveria garantir água pura e potável em mel sofre, as frutas, o queijo... O Estado, ao invés de proteger todas as suas etapas, leite de gado com qualidade sanitária e incentivar o pequeno, inviabiliza sua produção por uma comprovada, boas práticas de produção e rastreabilidade do regulação sanitária que não lhe atende. A função do Estado é

O produtor Guilherme “Capim” Ferreira proteger o saber tradicional, lhe dar vazão socioeconômica, O que nunca mudou, no entanto, são as muitas belezas de por leis que prezem essa identidade cultural”, explica Marco sua região, abundantes de belas paisagens. O advogado Le- Aurélio Braga, advogado que orienta todo o processo de andro Pereira, também defensor e promotor da Canastra, legitimação do queijo canastra. sintetiza: “O que encanta sempre é a cultura local, que tem esse raro senso de satisfação. Pois se na Canastra a vida não A mudança das estações é extremamente farta, tampouco é de escassez. Melhor di- Um sabor único: forte, meio picante, denso e encorpado. zendo: é uma vida grata, há um carinho pelas coisas e pelas Assim é o queijo canastra, que tem conquistado chefes de pessoas que te recebem”. E o queijo canastra faz parte desse cozinha aqui e na Europa. Em 2015, o jovem (e tatuado) ciclo virtuoso que mistura tradição e modernidade, sabor e produtor Guilherme “Capim” Ferreira ganhou com seu queijo generosidade. Uma receita que há de continuar encantando o segundo lugar na competição francesa Mondial du Fromage por muito tempo. de Tours na categoria de massa prensada não cozida de leite cru de vaca. A competição avaliou mais de seiscentos tipos * Os sete municípios que fazem parte da Indicação de de queijo. O prêmio foi um impulso extra para a região que Procedência do Queijo Minas Artesanal Canastra: São Roque produz o canastra em quatro versões: o pequeno Merendeiro de Minas, Piumhi, Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Vargem (600 g), o Tradicional (cerca de 1.200 g), o Canastra Real Bonita e Tapiraí. (que chega aos 8 kg e pode ficar até 2 anos curando) e o Casquinha, que apresenta uma casca mais irregular e com mofo branco devido à umidade. Em tese o canastra é sempre o mesmo, mas só o tempo poderá dizer de verdade. Pois, a medida que ele amadurece, evolui em diferentes caminhos gustativos. Estações secas ou de chuvas e tipo de alimentação do gado (a pasto ou com silagem) influenciam sua massa e seu sabor. Eurobike magazine 64 | 65

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DEVANEIODEVANEIO

68. ”São centenas de quilômetros de retas, um traço vertical no GPS que às vezes o fazem parecer um instrumento inútil.” Eurobike magazine 68 | 69

DEVANEIO NAMÍBIA, O HORIZONTE A SEU DISPOR

A experiência nesse incrível país começa com a drástica mudança de escala, e suas dimensões nos reduzem à insignificância diante da natureza Por Juan Esteves Eurobike magazine 70 | 71

DEVANEIO Quem vive em uma grande cidade como São Paulo, por exemplo, difi- cilmente tem oportunidade de ver o céu surgir do chão. Um ponto de vista raro encontrado nas dunas, praias e montanhas da Namíbia. O país é basicamente formado por dois grandes desertos: a leste, em direção ao interior, o Kalahari, considerado o mais antigo do planeta, e a oeste o Namibe, que segue a costa do Atlântico. Independente desde 1990, até então o país tinha sido governado pela Alemanha, pela Grã-Bretanha e, por último, pela vizinha África do Sul. O idioma oficial é o inglês, mas os nativos, tanto brancos quanto negros, falam entre si em afrikaner, cuja origem tem um pouco do holandês e do francês trazido dos protestantes huguenotes, que assim como os primeiros, colonizaram a África do Sul ainda no século 17. Os dialetos de tribos nativas, como dos Himba, Herero ou Namba, ainda são mantidos em pequenas comunidades. Windhoek (pronuncia-se vindúqui), a capital, é o ponto de partida para a maioria das aventuras pelo país. Chega-se até ela num voo vindo de Joanesburgo, África do Sul. Com es- tradas bem acomodadas entre asfalto e terra, pode-se ir com qualquer veículo para os desertos. Aí nos deparamos com o primeiro contraste: a estrada é ótima, mas raramente encontramos veículos transitando! São centenas de quilômetros de retas, um traço vertical no GPS que às vezes o fazem parecer um instrumento inútil. Entretanto, quando surge a hora de mudar o caminho, o mesmo avisa e “magicamente” avistamos, finalmente, uma construção no meio do deserto

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DEVANEIO que parece surgir de repente: um que vão do suave amarelo ao intenso lodge, um restaurante... vermelho, as dunas são o cartão postal do país, quase fixas, cristalizadas Algumas horas pelo Kalahari são o pelo tempo. Dificilmente mudam sua prenúncio do que podemos esperar estatura, algumas chegam a trezentos ao chegar no Namib-Naukluft National metros e até mesmo têm nomes Park, já no deserto de Namibe: como “Big Daddy” e “Big Mommy”, quatrocentos quilômetros que correm pois foram separadas pela estrada do paralelos ao Atlântico, entre Walvis parque. Bay e a cidade portuária de Lüderitz. Mais cem quilômetros para o interior Lodges e acampamentos surgem do até chegarmos no melhor do parque: meio do nada. Uma pequena indicação Sossusvlei, com suas dunas gigantes na estrada ou o alerta do GPS e chega- cravadas na savana. se até eles. Em diferentes níveis, dos lodges mais acessíveis ao luxo Apesar de Sossusvlei significar “um daqueles incluídos no Leading Lodges lugar para guardar água” no dialeto of the World, cada um está implantado do povo Nama, a planície que circunda nas chamadas reservas, criadas para o as altas dunas é quase sempre seca. ecoturismo. Mas a adrenalina aparece Raramente, nas estações de chuvas, quando fazemos o circuito do Skeleton formam-se pequenos lagos. Com cores Coast Park. São 14.600 quilômetros ao

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DEVANEIO longo da costa africana, onde o inóspito anda ao lado da beleza monumental. É possível sobrevoar quilômetros e não ver um ser humano. Em contrapartida, as focas estão lá aos milhares, ocupando praias e pequenas baías. Restos de naufrágios antigos ou mais recentes dão um certo toque sinistro, e as pequenas praias se juntam às dunas, estas ao deserto, e este às montanhas em formas e tonalidades infinitas. No chão, o verdadeiro significado do som do silêncio toma forma. Apenas o ruído do vento e do marulhar. Há dois jeitos de percorrer a costa e o deserto. Por ar, em pequenos aviões turbo-hélice, e por terra, em veículos apropriados off-road. O melhor é com os dois, para chegar a pontos que certamente valem toda a viagem. O sul-africano André Schoeman me guiou pelos céus, dunas e montanhas. Ele é o segundo filho de Louw Schoeman, advogado que se tornou um dos pioneiros do ecoturismo e um dos res- ponsáveis pela criação do parque em 1971. André aprendeu a voar ainda cedo. Conta ele que com 10 anos de idade já pegava no manche da aeronave do pai. Cumpriu o serviço militar na Força Aérea da África do Sul, e desde que terminou a universidade, em 1987, vem voando pela região e abrindo trilhas que proporcionam puro divertimento. Algumas chegam a assustar, muito próximas dos 90 graus, onde temos que apoiar a mão no parabrisa do veículo. Sua esposa, Jeanita, dirige o acampamento no Uisib Valey, próximo do Etosha National Park. Decolamos de uma pequena trilha, que chamam de “pista”, em Geluk, próximo a Sossusvlei, em direção aos acampamentos gerenciados pela família Schoeman. No caminho, o Atlântico Sul à esquerda, o sol acima, o deserto à direita. Embaixo, mar e areia se alternavam em abstrações

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DEVANEIO intermináveis. Uma surpresa: pousos Camp, no Huab River Valley, o Purros pelos rasantes na beira da praia, em em algumas praias próximas a Camp, no Hoarusib Valley e o Kunene Cape Cross, dá par enxergar tubarões Conception Bay. Olha-se para cima, River Camp, na fronteira com Angola. e arraias e ver antigas minas de para os lados e nada! O horizonte é Voamos pelas formações Ugab, uma diamantes abandonadas por entre as apenas um fio que divide as cores da série de pequenas montanhas cercadas dunas. O que restou do navio Eduard areia e do céu. por dunas, que parecem mais a Bohlen, naufragado em 1909, ainda paisagem lunar, e pelo Kuiseb Canyon. pode ser visto como símbolo da Percorremos os acampamentos Kuidas O voo é próximo das montanhas e inóspita costa.

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DEVANEIO Em meio às cores saturadas das à impressionantes regiões como o Namibia: Namibia Tourism Board, dunas, algumas aldeias Himba ainda Hartmann Valley, composto por pedras B-Mobile Car Rental, Leading Lodges resistem, compostas de pequenas oriundas de lava que dão uma cor of Africa, Wilderness Safaris, Skeleton cabanas, onde algumas dezenas especial ao lugar, e ao Etosha National Coast Safaris & Profile Safaris e South vivem como há séculos, próximas ao Park, onde é possível encontrar animais African Airways . rio Kunene. O vermelho da tintura do como girafas, zebras, elefantes e até corpo se junta à paisagem enquanto mesmo os raros rinocerontes negros. http://www.skeletoncoastsafaris.com/ as mulheres cuidam dos filhos. Estes http://www.epacha-lodge.com/etosha- já vão à escola numa integração A sensação indescritível de ver um lodges/epacha-lodge harmoniosa com o governo, o que desses animais próximos e livres, http://br.wilderness-safaris.com/ permite a sua sobrevivência, sua inseridos na belíssima paisagem, é um educação e a manutenção de seus dos prazeres que a África proporciona. South Africa: South Africa Legacy / South costumes mais ancestrais, como as A ideia é que, não fosse pelas estradas, African Airways/ Michelangelo Hotel esculturas em madeira, artesanato em voltaríamos ao tempo onde tudo Johanesburg couro, entre outros. começou, onde homem e natureza estavam harmoniosamente convivendo, http://www.legacyhotels.co.za/en/hotels/ Entre o chão dos acampamentos e os onde é possível parar, sentar no chão michelangelohotel voos, diferentes trilhas levam por terra de terra e apenas refletir.

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