livro Conservatório Música Porto Final

O Encantamento dos Sons Texto: ElsaNavarro Correcção Cientifica do Texto: Prof.José Pinheiro Ilustrações: alunos do 5ºano das turmas A,B e C e alunos do 1º Ciclo (1º, 2º, 3º e 4º anos) Concepção Gráfica: Elsa Navarro Impressão: Rainho & Neves, Lda. © 2019 Conservatório de Música do Porto www.conservatoriodemusicadoporto.pt Praça de Pedro Nunes 126, 4050-466 Porto 1ªedição: julho de 2019 Depósito legal: ??? ISBN: 978-989-20-9565-3



Maria Soeiro Oliveira Alunos participantes Matilde eixeira do ano de 2018/19 Nuno Lima das turmas: Irene Pires 5ºA; 5ºB; 5ºC e alunos do 1º ano Alexandre Lopes 2ºano Ana Rocha 3ºano Anamar Pereira 4ºano Anastasia Gritsenko Sofia Rebelo Erika Oliveira Francisco Pinto João Moreira Rita Silva Martim Pinto Luísa Bastos Rute Izidoro Matilde Costa Margarida Burmester Tomás Pereira Miguel Gil Maria Moutinho Nuno Pereira Maria Vieira Pedro Simões Petra Alves Marta Rocha Roza Suto Pedro Trindade Sara Pinto Sofia Leal Gabriel Freitas Vicente Rendo Margarida Botelho Gonçalo Moutinho Clara Costa Maria Antónia Penich Henrique Gillig Maria Rita Maria Leonor Pereira Inês Alves Mara Rodrigues Maria Leonor Reis Inês R Moutinho Maria Leonor Pedros Ionara Terra João Vieira Augusto Carneiro Margarida Silva André Cavaleiro Constança Pinheiro Marta Rocha Ari Megre Diogo Veludo Matilde Cunha Carlos Ramos Gonçalo Ferreira Matilde Monteiro Carolina Vaz Ioanna Barros Nádia Silva Carolina Costa Ivan Costa Oriana Fernandes Diogo Moutinho João Monteiro Sofia Marques Eva Costa Mariana Reis Projeto integrado Gil Aroso na Biblioteca do Gonçalo McDade Conservatório de Inês Ariana Música do Porto Inês Maia José Duarte Luís Lima

Luís Matos Alice Rodrigues Luís Pedro Magalhães António Neves Luísa Lima Bernardo Leitão Maria Miguel Martins Clara Lima Maria Oliveira Constança Pinho Mariana Monteiro Diogo Garetti Marta Ribeiro Miguel Barbosa Simão Sá Costa Bruna Resende Romeu Varela Alice Quezada Job Tomé Sara Torrejon Ana Simões José Pereira Sara Miranda Ema Borrela Leonardo Correia Sophia Bohun Enrique Oliveira Luzia Silva Tomás Ruão Inês Coelho Márcio Santos Irene Almeida Maria Luísa Pereira João Maria Sarmento Maria Rita Brito he Pedro Guimarães Marta Sant’Ana a Sara Estela Martim Alburquerque Tomás Leitão Matilde Moutinho so Vicente Santos Pedro Nogueira Francisca Queirós Rita Perdigão Francisca Costa Rita Pacheco Zoe António Francisco Pina Laura McTait Jaime Oliveira Gustavo Marinho Lia Kennedy Leonor Quaresma Inês Domingues Maria Clara David Luís Sá Sbaffi Inês Bladh Maria Helena Sousa Mafalda Castro Íris Teixeira Mariana Silva Maria Inês Silva Miguel Pinho Maria Rodrigues Santos Ana Ribeiro Artur Cabral Elisabete Manuel Carolina Bogado Emília McGinley Clara Reis Gabriel Cardoso Dália Ferreira Henrique Alvelos David Silva Inês Santos Dinis Rendo Joana Rocha João Cardoso Bárbara Santos Beatriz Oliveira Francisco Soares Francisco Granjo Gil Borrela Laura Cascais Luís Sobral



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O Encantamento dos Sons Ilustrado pelos alunos do 1º ciclo e 5º anos do ano 2018/19 Texto de Elsa Navarro



Esta é uma história acerca de um espaço onde o amor e a cultura se unem em talentos espantosos, reflectindo vivências únicas de narrativas encantadoras. Um lugar onde se mistura o real com o imaginário, criando sensações e sentimentos cheios de características particulares, que ganham existência própria e povoam o local de brilhos de alegria.

Ouvem-se sons por todo o lado, alternados pelo silêncio, que ecoam e nos fazem construir imagens etéreas, como que pertencentes a um sonho ou filme de ficção. Um encantamento delicioso. Algumas sonoridades lembram cores sombrias, outras cintilantes. Certas lembram momentos tristes ou muito alegres. Por vezes levam-nos a edificar figuras estranhas, ruídos de animais ou pessoas curiosas. Todos fazem parte desta casa do coração. Uma casa viva, rodeada de folhas que, ao desfolhar, transbordam notas musicais e nos dão lufadas de ar fresco a tempo inteiro.





Muitos dos que por cá andam descrevem os instrumentos que tocam como amigos, como se tivessem alma, guiados pelo patamar do sonho, empurrados para lugares onde deslizam em sucessões de acontecimentos que contam contos de apreciar e aplaudir. Fazemos o convite de entrar neste lugar fascinante, de conhecer alguns dos seres que tocam e presenteamos com inspiração ou lembranças de saudade. Era uma vez, uma casa, uma jóia no coração do Porto. Um reino de seres sonhadores, que apela a mitos e lendas, de onde se tiram lições de admiração e respeito e que tem indubitavelmente de ser preservado.

Zelado por um largo portão cinza, ladeado por tílias, aconchegadas por mantos de relva verde e folhagens rasteiras. Da entrada vislumbram-se corredores compridos, com janelas e portas que abrem salas mágicas. Algumas portas lembram barcos de aventuras com escotilhas circulares e por todo o lado sobejam escadas que nos conduzem à descoberta.



Imagine-se uma noite no Conservatório. O mistério da escuridão leva ao medo do desconhecido e a criatividade desponta. Escutam-se os mais pequenos sons e vêm-se as mais minúsculas luzes. Os corredores transformam-se em caminhos pouco iluminados, onde se projectam sombras nas paredes. Ouvem-se as folhas e o vento a tocar nos vidros. Cria-se uma aura perfeita para o surgimento de entidades que, ao som de assobios, vêem espreitar, gerando histórias que espalham ideias.



Alguém ecoa risos de um canto grave, ímpar. Os seus olhos grandes permitem ver por entre a escuridão e a sua coloração confunde-se na mesclagem de luzes nocturnas gerada pelos faróis dos carros que embatem nas vidraças das janelas. A primeira personagem que vos apresentamos é o protector do espaço, o Sr. Tambor. Já pertenceu a uma banda e produz um som forte, alto e destemido. Afugenta o mau-olhado e aproxima os curiosos. É divertido, imponente e bem vestido. Derrete-se ao ouvir o som da Flauta que embala os ouvidos como se fossem passarinhos em dias de primavera. Um som doce e gracioso, fino, que contrabalança, em dueto de voz encorpada, com o protector.



Esta flauta, com um ar quase pré-histórico, dispõe de um alongado nariz vibrante e delicado, cheio de orifícios. Dizem que se parece com um bico de um pássaro. São lindas de se ouvir. Algumas são muito docinhas, outras mais robustas. Fazem um sucesso enorme entre os músicos profissionais.



Do interior dos armários, surge, com um ar um pouco fantasmagórico, a Tuba, com extraordinário humor, transforma-se numa variedade de notas musicais que impõem respeito, concentrando à sua volta todos os pequenos seres da zona que a acompanham numa pequena orquestra de sons melodiosos.



O Trompete, figura engraçada, rapidamente faz amigos. Utiliza os seus pistões para permitir a escolha dos sons a produzir no tubo e que se projectam pela campânula, uma espécie de funil. De corpo encaracolado e timbre de voz a lembrar as músicas de jazz, está constantemente rodeado de companheiros e tem uma família com muitos primos.



Um dos seres mais belos que avistamos é a Harpa. É como uma rainha antiga de majestosa sabedoria, hipnotizadora de ouvidos. Reproduz cânticos com as suas cordas, que nos deixam numa tranquilidade profunda.



De aparência particular, avistamos o Piano. Tem uma cauda enorme e muitas teclas que precisam de muitos dedos. Por isso lhe chamam o virtuoso dos teclados. É um quebra-corações e o som da sua voz é de tal maneira cativante que faz tremer de emoção todos os menos crentes destas lendas. Muito bonito e sumptuoso está sempre vestido como se fosse a uma gala, adornado de brilho e decorado de belas curvas envernizadas que assentam na perfeição com as rendas e borlas de quem se senta a acompanhá-lo.





Como que deslizando em cetim e toques de veludo, o Violino guarda a alma dentro do seu corpo oco, com um timbre brilhante. O som atinge o coração e leva às lágrimas a enorme plateia que o vem ouvir, deliciados com a sonância, a lembrar rebuçados de mel, que deixa sair do seu pequeno porte.Os seus parentes, a Viola de arco, tão graciosa em movimentos que dá vontade de a abraçar; o Violoncelo, discreto mas poderoso, com uma voz quase humana; a Viola Dedilhada, divertida e popular entre os amigos; o Bandolim com o seu famoso trinar e a querida Guitarra portuguesa que tem a seu cargo a responsabilidade de manter viva a nossa tradição. Todos brincam entre risadas de boa disposição, ouvindo-se de tudo. A correria dos sons das cordas a vibrar, a lentidão do passo, a tristeza do fado.



Acompanhando poemas e prosa, amparados de composições escritas nas atractivas partituras, alguns instrumentos juntam-se em rodas de tertúlias, lançando e misturando notas de liberdade espontânea. O Saxofone, com uma barriga grande, ergue a sua tromba e espirra sons de entusiasmo; o Oboé, como um pato a grasnar, embebecido com o momento, acelera o ritmo e deixa-se misturar com a ruidosa Percussão, que, ao não lhe agradar, une os seus pratos e bate com força, impondo a sua opinião, ao mesmo tempo que leva as baquetas à base da bateria batendo com vigor, quase como um urso em estado selvagem na natureza, de presença grande e assustador. À mistura, ainda se ouve o som dos Ferrinhos a telintar e o Fagote, sarcástico, que gosta de rir e zombar.

A um canto, ouvem-se saltadores que beliscam cordas num murmúrio histórico e saudoso de cantos românticos e eruditos. O Cravo, vestido por duas fileiras de teclas, venera toda esta combinação, recordando peças de espectáculos teatrais de outros tempos.





Todo um frenesim desenfreado de sons que infernizam os vizinhos e geram alguma confusão. Por vezes a balburdia acalma e o lugar enche-se de extensões de equilíbrio perfeito, que contracenam com as imagens estranhas salpicadas nos corredores de luzes com muitas cores, lembrando rios habitados de peixes coloridos. Há quem já tenha avistado sereias dançarinas e cantadoras de cânticos líricos invulgares, convidando quem passa a entrar e a deixar-se encantar pela imensidão de sons, que nos envolve na esfera do fascínio, do mistério da aventura, de momentos deslumbrantes que explodem em palmas.



Esta é uma pequena revelação dos instrumentos que tocam música, que se tornam amigos inseparáveis. Aproximem-se, convidamos todos a entrar. Conheçam a beleza encantada da música e depois… depois, deixem que vos ensinem a ler o mistério da leitura e da escrita das 5 linhas preenchidas de pequenos círculos pretos, polidos de sentimento. E um dia… estarão rodeados de amigos de gorjeios vibrantes e suaves, escoltados de sacudidelas de batuta que vos vão deixar o coração leve como as penas. E o vosso ser perpetuar-se-á pelo tempo e outros ouvirão e virão também atraídos pela beleza dos sons da música.

Para conheceres ainda melhor os instrumentos musicais, deixamos em seguida algumas das suas imagens e nome. Assim poderás, mais facilmente escolher um deles para se tornar teu amigo e acompanhar-te na aventura do encantamento da música.



Violino Viola D’arco ou Violeta Tuba Trompa Guitarra Portugues Trombone Trompete Violoncelo Contrabaixo Bandolim Clarinete Flauta Transversal Fagote Oboé Harpa Flauta de Bisel Saxofone

sa Orgão Cravo Piano Acordeão Guitarra Clássica Percussão Canto