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EmbalagemMarca 2 - 2021

Published by EmbalagemMarca, 2021-04-12 10:53:05

Description: Revista EmbalagemMarca - edição 2 - 2021

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Ano XXII • EM 2/21 AVANÇOS NO TINTA E FILME PARA ENTREVISTA: VITOR Mar+Abr 2021 SETOR DE BISNAGAS REDUZIR IMPACTOS FERNANDES, DA P&G R$ 25,00 APOIO SILENCIOSO CADEIA DE EMBALAGENS SE MOBILIZA E É FUNDAMENTAL PARA QUE VACINAÇÃO SE ESPALHE COM VELOCIDADE INSCRIÇÕES ABERTAS www.grandescases.com.br



EDITORIAL VALE DE LÁGRIMAS Wilson Palhares, Editor Nas reflexões que fazemos a respeito da situação do Brasil e do mundo, sem pretensão de apontar soluções, concluímos que o EXORTAMOS tamanho da encrenca é bem maior do que o visível. As notícias AS PESSOAS de pandemia, desemprego, economia em baixa, corrupção e violência CONSCIENTES E generalizadas, preços de todos os tipos de produtos e serviços em alta SOBRETUDO AS constante, mais um feixe de etceteras, bastariam para demonstrar que de INFLUENTES EM fato vivemos num vale de lágrimas. No entanto, por trás de todos esses SUAS RESPECTIVAS problemas (e a rigor presente como raiz de todos eles), o planeta padece ÁREAS A COLOCAR de pesada pressão ambiental. E COBRAR DAS AUTORIDADES Fazem parte do cotidiano, de forma crescente, as notícias sobre efeito QUE, PELO MENOS estufa, poluição da água doce e da salgada (a carne de peixes de rios e dos NO CAMPO DA mares já é em boa parte composta/contaminada por mercúrio e por nano- PRESERVAÇÃO partículas de plástico), queimadas, degelo, desmatamentos, desertificação AMBIENTAL, e ar envenenado. Dadas as leis da economia em vigor no mundo, é vital CUMPRAM A aumentar sem limites a produção de bens naturais e industriais, levando à necessidade de consumo sem freios por parte das pessoas. Porém, como SUA PARTE todos sabemos, a equação não se sustenta, o planeta já não suporta abaste- cer a demanda de seus recursos naturais além do que consegue dispor. O que tem isso a ver com as embalagens, eixo de nossas reflexões? Tem a ver que tudo que é retirado do estoque da Natureza e transformado em produto final para consumo humano ou animal necessita delas. Felizmente nota-se a inclinação generalizada da indústria – impelida pelo clamor dos consumidores quanto à sustentabilidade ameaçada da água, da terra e do ar – a adotar progressivamente práticas de economia circular, como aborda- mos em reportagem especial de nossa edição anterior. Aumenta também a conscientização das pessoas quanto à sua própria responsabilidade ao con- sumir e, mais ainda, ao descartar suas embalagens após o uso. Acreditamos, e exortamos as pessoas conscientes e sobretudo as influen- tes em suas respectivas áreas, que pratiquem desde o descarte de um ínfimo palito de fósforo até as decisões mais elevadas, como a do exercício do voto, a colocar e cobrar das autoridades que, pelo menos no campo da preservação ambiental, cumpram a sua parte. Basta tornar efetiva, nos municípios, nos Estados e na União, a já bem madura e desprezada Lei de Resíduos Sólidos. Até a próxima. EXPEDIENTE Publisher: Wilson Palhares ([email protected]) • Chefe de Redação: Publicação bimestral da Flávio Palhares ([email protected]) • Diagramação: Jefferson Carvalhan Bloco Comunicação Ltda. ([email protected]) • Comercial: Marcos Palhares (marcos@embalagemmarca. Rua Carneiro da Cunha, 1192 com.br) • Administração: Eunice Fruet ([email protected]) • Assinaturas e 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP Circulação: ([email protected]) (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.

EM 2/2021 • mar+abr SUMÁRIO 3 EDITORIAL – Exortamos as pessoas a cobrar ANUNCIANTES 6 das autoridades que, pelo menos no campo da 8 preservação ambiental, cumpram a sua parte ACTEGA.................................................. 7 PAPEL CARTÃO – Coats Corrente adota ALL4LABELS...........................4a CAPA embalagem inovadora, com novo conceito AMR.........................................................25 de exposição para linhas de costura BOOMERA............................................31 BISNAGAS – Setor de bisnagas segue ritmo CONGRAF............................... 2a CAPA constante de aprimoramento tecnológico e FLEXOPRINT.......................................... 5 avança no mercado de higiene e beleza GRANDES CASES.................... 18 E 19 MAXCESS............................................... 11 NOVELPRINT........................................21 PRAKOLAR........................................... 13 SIDEL.......................................................17 TPA............................................. 3a CAPA TRIVIUM................................................. 27 12 REPORTAGEM DE CAPA – Como as embalagens contribuem para a distribuição das vacinas – item mais desejado globalmente nos últimos meses 20 IOGURTES – Vigor estreia primeira embalagem de papel cartão para iogurte no Brasil 22 IOGURTES – Laticínio mineiro lança produto para crianças em embalagem flexível com joguinho e dicas educativas 23 HOMENAGEM – Adélia Borges é homenageada por universidade paulista por sua atuação na área 24 ENTREVISTA – Vitor Fernandes, diretor do pilar sustentabilidade da P&G Brasil, fala sobre ações para otimizar embalagens da companhia 30 VERDURAS – Produtor de verduras higienizadas adota embalagem compostável à base de celulose 32 ALIMENTOS – Pesquisa revela que brasileiro espera produção de embalagens sustentáveis e redução do desperdício de comida 34 ALMANAQUE – A nova embalagem de OMO... nos anos 60 – A chegada do PET no Brasil – Maizena, a mesma embalagem há quase 200 anos 4 mar+abr 2021



PAPEL CARTÃO VERSATILIDADE NA GÔNDOLA COM EMBALAGEM INOVADORA, COATS CORRENTE MUDA CONCEITO DE EXPOSIÇÃO DE LINHAS PARA COSTURA As embalagens de linhas para costura normal- Novo projeto estrutural mente não chamam muito a atenção. Tradi- reduz volume e consumo de cionalmente os tubos são acomodados em cartão, melhora exposição bandejas de papel cartão com dez unidades, uma ao lado da outra. e faz da embalagem um display gravitacional Mas a líder do mercado nacional de linhas, a Coats Corrente (antiga Linhas Corrente) muda esse mar+abr 2021 conceito e apresenta uma nova versão inovadora e multifuncional de um dos seus principais produtos, as linhas Drima. A embalagem, que antes acomodava dez carretéis de linha de uma única cor, agora traz dez unidades de cores diferentes. Com isso, estimula-se a compra da embalagem box com os 10 tubos. Para os casos de venda de unidades individuais, especialmente em armarinhos, a caixa ganhou picote para abertura de uma janela frontal, para que os tubos possam ser retirados um a um no ponto de venda, tornando a embalagem num 6

prático display gravitacional. importância durante a pandemia, pois minimiza os ris- Picote de abertura e gancheira Produzido em papel cartão pela gráfica Esca- cos de contaminação por meio do toque”, ela afirma. incorporada melhoram experiência la 7, de São Paulo, o cartucho é compacto, o que “Novos consumidores exigem novas maneiras de gera eficiência no aproveitamento de gôndola, pois atraí-los para os produtos”, acredita Paulo Pereira, da ocupa espaços menores, e traz a possibilidade de Pack in Motion, consultoria que trabalhou no desen- uma variedade maior de SKUs em lojas, farmácias e volvimento da nova embalagem. “Em função da supermercados. Além disso, o novo projeto estrutu- melhor exposição e da atratividade da nova embala- ral consome menos cartão que o anterior, trazendo gem, entendemos que novos consumidores surgirão, redução de custo. Com fundo automático, a inovação pois o produto passará a estar presente em segmen- trouxe também ganhos de eficiênca nas linhas de tos e locais até então improváveis.” embalagem da empresa, acelerando o processo de colocação dos tubos na caixa. “Em tempos de grande preocupação com o planeta e urgência na reflexão sobre os hábitos de Versátil, a novidade permite a adaptação aos consumo, ampliar a utilidade das embalagens é um vários canais de venda, podendo ser exposta em pé, ato de gentileza com o ecossistema. Por isso, a nova com bastante estabilidade, ou em gancheiras, tanto embalagem é um convite para que os consumidores em pontas de gôndola quanto no check-out. “Esse a utilizem para manter os tubos acomodados e orga- aproveitamento dos espaços no ponto de venda, nizados, mesmo após o uso. Além disso, o consumi- além de aumentar a visibilidade, contribui para a dor sempre saberá qual cor precisa repor”, continua compra por impulso”, acredita Mara D’Alema, geren- Mara D’Alema. te de marketing América do Sul da Coats Corrente. A Coats Corrente possui metas globais audacio- “A embalagem foi projetada para criar conexão sas no que diz respeito a sustentabilidade, que vão com o consumidor, e tem a vantagem de ser um desde a redução de emissão de efluentes até trata- estojo para armazenar e proteger os tubos após sua mentos de água antes do descarte. Por isso, segundo utilização”, diz Mara. “O QR Code impresso na lateral a gerente de marketing da companhia, foi feita a fala um pouco mais sobre o produto e ajuda o consu- escolha do papel cartão como matéria prima para a midor na decisão de compra, o que ganhou ainda mais embalagem. mar+abr 2021 7

BISNAGAS INOVAÇÃO CONTÍNUA SETOR DE BISNAGAS, TANTO EXTRUDADAS QUANTO LAMINADAS, SEGUE RITMO CONSTANTE DE CRESCIMENTO E DE APRIMORAMENTO TECNOLÓGICO, E AVANÇA AINDA MAIS NO MERCADO DE HIGIENE E BELEZA Quem vem acompanhando os lançamentos do Com nova setor de higiene pessoal e cosméticos nos tecnologia da últimos anos já se acostumou com a multi- C-Pack, mais plicação dos tubos plásticos flexíveis – as populares recursos gráficos bisnagas – nos portfólios das mais diferentes marcas. à disposição O avanço se deu em duas frentes. De um lado, com embalagens extrudadas, primordialmente produzidas das marcas com polietileno. De outro, com bisnagas laminadas, que podem se aproveitar dessa tecnologia e possibi- litar a combinação de materiais para garantir maior proteção à formulação ou simplesmente para explorar aspectos estéticos mais sofisticados. Com vendas sempre crescentes, esse setor registra continuamente avanços técnicos, o que às vezes torna difícil a identificação de grandes eventos marcantes que registrem pontos de ruptura em termos de tecno- logia. Mas eles ocorrem. Só que a frequência acelerada com que os lançamentos de produtos acontecem faz com que os aprimoramentos passem quase desperce- bidos para quem não os monitora no dia a dia. Por isso, EmbalagemMarca traz nesta reportagem movimentações recentes na área de bisnagas – tanto extrudadas quanto laminadas, que a despeito das dife- renças que guardam entre si, em aspectos técnicos e na forma de fabricação, fazem parte de universos cada vez mais próximos no que se refere às soluções trazi- das para os donos de marca. “Há uma migração de frascos para bisnagas porque em vez de precisar lidar com diferentes for- necedores para embalagem, tampa, rótulo e selo de vedação, o cliente pode centralizar tudo num único provedor, o que traz grandes vantagens na gestão do processo de compras”, afirma Hernane Henrique, dire- tor comercial e de marketing da C-Pack, nome forte entre os fornecedores de tubos extrudados. “Além disso, as bisnagas consomem menos resina que os frascos, trazendo benefícios ambientais e de custo.” Ajuda a explicar o avanço dos tubos flexíveis, tam- bém, o aprimoramento visual que os fabricantes vêm 8 mar+abr 2021

disponibilizando a seus clientes. A própria C-Pack é um Impressão flexográfica feita bom exemplo. A empresa opera sete linhas de produ- em etapa independente ção em sua fábrica situada em São José (SC), com uma da extrusão abre nova delas inteiramente dedicada a uma nova tecnologia, fronteira visual para inédita no mundo, e sobre a qual a C-Pack tem exclu- bisnagas, inclusive com sividade na América Latina. Ela possibilita a decoração a possibilidade de uso de das bisnagas utilizando impressão flexográfica, com substratos metalizados, considerável ganho na qualidade gráfica em relação à decoração com dry-offset. O alvo, naturalmente, é a emulando tubos laminados indústria de cosméticos. Nessa linha, a impressão é realizada de forma plana sobre um filme, em etapa independente da extrusão, em uma impressora instalada na C-Pack, com o objetivo de aumentar o controle e reduzir o lead time do processo. O filme já impresso é, então, unido à embalagem. A barreira contra gases (EVOH) é parte do próprio filme, e não precisa ser incorporada ao corpo da bisnaga, simplificando o processo. A nova tecnologia, segundo Hernane, traz aos clientes todas as possibilidades de acabamentos diferenciados que a flexografia oferece. “Essa solução viabiliza a reprodução de artes sofisticadas, ricas em detalhes, e ainda permite otimização no uso de mas- terbatches no corpo das bisnagas”, completa ele. Outra possibilidade desse sistema é a impressão sobre substratos metalizados, aproximando visual- mente as bisnagas das alternativas laminadas – “com a vantagem de que elas podem ser recicladas normal- mente, conforme certificados emitidos pelo Cetea”, completa Henrique. Marcas renomadas como O Boti- cário e Hinode já adotaram a tecnologia em lançamen- tos recentes, com bons resultados visuais. A se tomar pelas movimentações dos fornecedo- res de tubos laminados, a briga deve ser boa. “Esta- mos validando, em nossa planta de Mogi das Cruzes mar+abr 2021 9

(SP), uma tecnologia que chamamos de Reflex. Con- De olho na sustentabilidade, paredes siste na produção de bisnagas laminadas com efeito mais finas, sem perder de vista requisitos metálico, mas sem a camada de alumínio, e com a possibilidade de incorporar barreira de EVOH”, explica técnicos e de experiência de consumo Renato Wakimoto, diretor de inovação e desenvol- Variedade de vimento de produtos da empresa, ressaltando que a tecnologias de novidade poderá ser reciclada na cadeia de PE e PP. As bisnagas dessa linha estarão disponíveis, por enquan- impressão e to, nos diâmetros de 35mm e 50mm, que são os mes- acabamentos mos atendidos pela nova tecnologia da C-Pack. e sistema de Na mesma direção, também está em testes na solda invisível planta de Mogi das Cruzes da Silgan a linha de bisna- (em destaque) gas Greenleaf, produzidas a partir de laminados plás- são trunfos da ticos mais leves, sem perda de rigidez e garantindo CCL Industries grande proteção à formulação. Com opções de parede branca (220μm, 250μm e 330μm) e transparente para crescer (330μm), e diâmetros de 28mm, 35mm e 50mm, esses no mercado tubos também podem incorporar camada de EVOH, de bisnagas e são recicláveis na cadeia do PEAD. “Nosso portfólio vem crescendo com itens que têm a sustentabilidade laminadas como pilar importante”, afirma Wakimoto, usando como exemplo a linha produzida com PE Verde e os mar+abr 2021 tubos monomaterial (com tampa, ombro e corpo pro- duzidos com PE) já ofertados pela companhia. WAKIMOTO CONFIRMA, ainda, que a Silgan Dispensing investiu recentemente em uma nova impressora flexográfica capaz de imprimir sete cores, dois tipos de vernizes e mais uma estação de decora- ção (cold foil/silkscreen). “Com os recentes avanços tecnológicos na produção de tubos laminados, hoje asseguramos uma qualidade de impressão e aca- bamento muito superior em comparação a outras tecnologias existentes. Garantimos alta proteção às formulações, soldagem quase imperceptível e pleno alinhamento aos nossos compromissos socioambien- tais com nossas bisnagas 100% recicláveis.” A possibilidade de ofertar embalagens com elevada qualidade visual e múltiplas opções de acabamentos foi justamente o que, há cerca de dois anos, credenciou o início das atividades de um novo participante no merca- do brasileiro de bisnagas laminadas.: a CCL Industries. Conhecida por sua proeminente atuação no setor de rótulos, a empresa já fabricava bisnagas em outros paí- ses, e vem conquistando clientes no mercado brasileiro graças à sua expertise em impressão e ao relaciona- mento de longa data com as marcas da indústria da beleza. A possibilidade de trabalhar tubos e rótulos com as mesmas tecnologias, viabilizando campanhas com linguagem padronizada para as marcas em diferentes tipos de embalagem, é um dos argumentos da empresa para avançar nesse mercado. Segundo a CCL informou à reportagem, o uso de todo o conhecimento acumulado com rótulos e a extensa diversidade de tecnologias disponíveis em seu parque industrial permitem oferecer recursos 10

“praticamente ilimitados” de decoração, atendendo Globoplast: uso desde pequenos lotes até grandes tiragens, oferecen- de resina PCR em do bisnagas que podem ser decoradas desde o ombro novas bisnagas até o mordente. Esse amplo repertório é propiciado pela possibilidade de combinar diferentes sistemas de cial da empresa. “O nosso próximo desafio será fina- impressão (offset, flexografia, rotogravura, serigrafia lizarmos o projeto de utilização desse tipo de resina e digital) e opções de acabamento (como vernizes bri- reciclada em bisnagas coextrudadas, que resultará em lho, fosco, soft touch e especial, aplicação de braile e um produto com melhor acabamento externo e sem inclusão de holografias), com solda invisível. contato do PCR com o produto envasado.” A empresa afirma ter implantado outras iniciativas em direção à Os próximos capítulos dos desenvolvimentos redução de impactos ambientais em sua planta indus- deste setor já estão sendo escritos. Um movimento trial, retornando, por exemplo, 100% das aparas des- importante (e inevitável) é o reaproveitamento de resí- contaminadas para seu processo produtivo – as sobras duos pós-consumo na fabricação das embalagens, já que já passaram pelo processo de impressão são cole- visto em projetos como o da Bergamia, uma das ven- tadas por empresas terceirizadas e transformadas em cedoras do Prêmio Grandes Cases de Embalagem em outros itens, como vasos e baldes. 2020. A empresa utilizou embalagens produzidas com resina reciclada pós-consumo (PCR) para manter o alinhamento com o propósito da marca de atuar com produtos naturais em sua formulação, minimizando o impacto ambiental de sua atividade. As embalagens foram produzidas pela Globoplast, outra empresa rele- vante no fornecimento de tubos flexíveis extrudados. “Já homologamos e produzimos o plástico pós- -consumo em bisnagas monocamada e nas tampas de polipropileno”, conta Evandro Assoni, gerente comer- mar+abr 2021 11

REPORTAGEM DE CAPA PRIMEIRO, EMBALAR; DEPOIS, VACINAR A COVID-19 DESENCADEOU UMA CORRIDA GLOBAL POR VACINAS – E, TAMBÉM, POR EMBALAGENS PARA ELAS POR ALEX RICCIARDI No final de fevereiro deste ano, uma notícia cau- fabricado sob licença por um laboratório argentino cha- 12 sou perplexidade em algumas pessoas, e até mado mAbxience. Deveria ser levado ao México a fim mesmo indignação em outras. Em meio à maior de lá conclur-se a produção para que as doses pudes- crise sanitária global em mais de um século (a pan- sem ser envasadas por outro laboratório, o Liomont. demia da Covid-19), dezenas de milhões de doses de Depois, as vacinas seriam distribuídas gratuitamente uma vacina contra a doença, a da empresa anglo-sueca por toda a América Latina. E, de fato, chegaram a ser AstraZeneca, estavam paradas em depósitos na Argen- enviadas 12 milhões de unidades do princípio ativo ao tina e no México – e ninguém sabia ao certo quando México. poderiam ser usadas. Mas, lá, a operação teve de ser interrompida. Pas- O motivo? Não havia embalagens para elas. Tais cal Soriot, diretor-executivo da AstraZeneca, declarou vacinas faziam (e fazem) parte de uma operação de que a dificuldade não era “fabricar a vacina em si, e sim grande envergadura, bancada pelo bilionário mexicano encher as ampolas” – pela simples razão de que não Carlos Slim e pela própria AstraZeneca, que declarou existem mais ampolas disponíveis para venda imediata ter aberto mão dos lucros sobre seu produto enquanto em nenhum canto do planeta. Nem ampolas, nem a epidemia global perdurar. filtros, nem bolsas estéreis, nem flaconetes. E também estão em falta seringas, soluções salinas, excipientes O Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina foi mar+abr 2021



Syntegon AIM para inspeção de ampolas e frascos Nascimento, da Syntegon: prazo de entrega ganhou importância biológicos e frascos de diferentes tipos. Trata-se de um Graças a um gigantesco esforço global, menos déficit mundial de embalagens para vacinas, ao qual se de um ano após o surgimento do coronavírus (nome soma outra crise global de desabastecimento: a dos pró- popular do SARS-CoV-2) já estavam disponíveis diversas prios imunizantes contra a Covid-19. vacinas contra ele: a da Pfizer/BioNTech; a da Moder- na; a Covishield (como às vezes é chamada a vacina da POUCOS FÁRMACOS exigem uma produção mais AstraZeneca, já citada, desenvolvida a partir de pesqui- complexa do que os imunizantes. Tanto é assim que, ao sas feitas pela universidade britânica de Oxford); a da longo da história, quase sempre foram necessários anos, Janssen (divisão farmacêutica da Johnson & Johnson); a e mesmo décadas, para que se chegasse às vacinas hoje Sputnik-V; a Covaxin, da Bharat Biotech; a do laborató- usadas contra cada enfermidade. A Aids, por exemplo, rio Sinovac Biotech (que no Brasil é feita pelo Instituto também é causada por um vírus, tal qual a Covid-19. A Butantan, e recebeu o nome de CoronaVac); e a BBIBP- doença foi descoberta há exatos quarenta anos. Desde -CorV, do Sinopharm. então, bilhões e bilhões de dólares e euros foram gastos na busca por um imunizante contra ela, sem que se Essas são só as mais conhecidas e que já estão tenha chegado nem perto de uma vacina que funcione sendo usadas em larga escala. Existem literalmente cen- no caso do HIV, o vírus causador da doença. tenas de empresas e instituições mundo afora fazendo seus próprios imunizantes contra o coronavírus. Até recentemente, a vacina cujo desenvolvimento demorara menos tempo era a da caxumba: quatro anos. Os problemas agora são produzi-las em quantidade Mas isso mudaria quando, nos meses finais de 2019, suficiente, conseguir embalagens para todas as doses irrompeu na cidade chinesa de Wuhan o SARS-CoV-2, fabricadas e distribuí-las mundo afora – uma equação vírus que causa uma doença sistêmica (e não apenas complexa que necessariamente passa pela cadeia pro- respiratória, como se acreditou no início) batizada pela dutiva de embalagens. Organização Mundial de Saúde (OMS) de Covid-19. “Uma das coisas que chamou nossa atenção, do início da pandemia para cá, foi a mudança na ordem de Deininger, da Optima: linhas de embalagem que abrangem desde a esterilização até o envase e o lacre das embalagens em ambiente estéril mar+abr 2021 14

prioridades dos nossos clientes”, conta Marco Antonio Isabela Monteiro Galli e Renato Rafael, da Avery Dennison, empresa que tem soluções autoadesivas do Nascimento, diretor de Serviços Latam da Syntegon específicas para garantir a integridade das informações, a aplicação com eficiência em diâmetros Brasil, subsidiária local de uma das principais fornece- doras de maquinário para a indústria farmacêutica em reduzidos e a rastreabilidade dos itens, características valiosas na rotulagem de vacinas todo o mundo – em especial para linhas de embalagens. “Antes, primeiro eles queriam saber o preço dos equipa- variedade de substratos para a cadeia de autoadesivo. mentos, e só depois perguntavam qual era o prazo de “Nossos rótulos permanecem intactos, preservando entrega; agora, fazem exatamente o contrário.” as informações neles contidas, além de confirmarem a autenticidade dos produtos.” Nesse contexto, o salto na demanda por máquinas para o acondicionamento de doses de vacinas e outros Isabela Monteiro Galli, diretora de Marketing e Ven- medicamentos evidenciou a importância de uma indús- das da empresa na América Latina, fala de outra impor- tria que tem margem zero para falhas. A partir de sua tante função exercida pelos rótulos de vacinas: a rastre- planta em São Paulo, a Syntegon assegura manter uma abilidade. “A rastreabilidade de vacinas é essencial para equipe técnica ágil e apta a dar todo o tipo de assistência que o fabricante tenha controle dos imunizantes em a seus clientes. “Importar uma embaladora de vacinas toda a cadeia, da linha de produção até o receptor final.” traz um risco: falta de suporte ágil. É bastante compli- Ela explica que o tipo de rastreabilidade a ser usada é cado, se der algo errado com o aparelho, ter de esperar de responsabilidade do fabricante, e que o mercado dis- um técnico vir do outro lado do mundo para fazer o con- ponibiliza diferentes tecnologias para tanto. “Uma das serto. Nossos clientes, ainda mais após a Covid-19, têm soluções mais avançadas são as etiquetas RFID (Iden- pressa”, observa Eduardo Canisella, chefe de Assistência tificação por Radiofrequência, na sigla em inglês), que Técnica da divisão farmacêutica da Syntegon. registram de forma única cada produto, permitindo o rastreamento de ponta-a-ponta, com um controle mais A alemã Optima é outra fabricante de máquinas eficiente em toda a cadeia de fornecimento.” para o envase e embalagem de produtos farmacêuticos que opera no Brasil, com fábrica própria, localizada em Os executivos da Avery Dennison ressaltam a impor- Vinhedo (SP). Jan Deininger, gerente de Comunicações tância de que se avalie toda a jornada das vacinas – da do Grupo, que trabalha na sede mundial da empresa linha de fabricação até os postos de saúde, hospitais e (localizada na cidade alemã de Schwäbisch Hall), fala mesmo drive-thrus onde serão aplicadas – para a defini- sobre como a Optima atua. “Nossas linhas de monta- ção do autoadesivo ideal. “O rótulo deve resistir a dife- gem dão conta de quase todo o trabalho de confecção rentes condições, especialmente as relacionadas a tem- de embalagens para vacinas – lavagem, esterilização, envase e lacre dos frascos em um ambiente estéril. Tam- bém existe a opção de colocar as vacinas diretamente nas seringas, prontas para uso”, observa Deininger, acrescentando que a tecnologia de embalagens para imunizantes prosperou fortemente nos últimos anos. O IMUNIZANTE da Pfizer/BioNTech é considerado um dos melhores disponíveis contra o coronavírus, com índices de 95% de eficácia – desde que seja armazenado a uma temperatura baixíssima de -70°C, fato amplamen- te divulgado como uma das dificuldades no processo de distribuição (em fevereiro, a farmacêutica americana anunciou uma revisão desses dados: hoje sabe-se que o produto permanece estável, por até duas semanas, em temperaturas que oscilem entre -15°C e -25°C). Nessas condições extremas, é preciso garantir que os rótulos não descolem das ampolas, sejam legíveis, não contaminem a própria vacina etc. O que, para um leigo, pode parecer mero detalhe, requer um avançado desenvolvimento técnico da cadeia de embalagens. “Fornecemos rótulos adesivos feitos com alta tecnologia e resistentes a temperaturas extremas – das mais baixas, como a do gelo seco (-76°C), até as mais altas, como no caso da esterilização a vapor”, explica Renato Rafael, gerente de produtos da Avery Dennison na América Latina, empresa que se dedica à pesquisa de materiais e é especializada em design e produção de uma grande mar+abr 2021 15

peraturas, ao longo de todas as etapas da vacinação” , enfatiza Renato Rafael, “mas outros fatores, tais como uma ótima adesão do rótulo em diâmetros pequenos, evitando o levantamento das bordas, também devem ser considerados.” Acerca desse ponto, Mauricio Médici, diretor da Prakolar Sato, fabricante de rótulos autoadesivos que está produzindo rótulos para CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan, pontua: “As variáveis presentes na confecção em larga escala de embalagens para vacinas são muitas, e mudam com frequência. Há um leque de exigências legais, que vai dos cuidados com contamina- ção, autenticidade, mistura, armazenamento, transpor- te, ergonomia, uso e descarte até questões ambientais. Todos esses processos exigem estudos técnicos aprofun- Salles Ferreira, da dados para cada cliente, cada produto e cada vacina.” Mácron: imporância dos Substratos autoadesivos, enfim, possibilitam combi- controles rigorosos na produção de cartuchos nar segurança e produtividade – duas demandas críticas tor comercial da Mácron, gráfica de São Bernardo do do segmento farmacêutico. Isso propicia a legibilidade Campo (SP) que tem em seu rol de clientes um grande da informação em uma superfície de escasso tamanho número de empresas farmacêuticas. (letras pequenas, mas com alta definição), além de garantir a escala necessária para a fabricação de vacinas Como no caso dos rótulos, as demandas para esse (alta velocidade de rotulagem em grandes quantidades), elo da cadeia produtiva estão muito atreladas à rastre- sem paradas indesejadas. Tais substratos possuem com- abilidade e ao controle de lotes, o que requer práticas binações de estruturas que permitem rotular em eleva- cuidadosas no processo produtivo. das velocidades as ampolas (as quais, geralmente, têm O INÍCIO TARDIO da vacinação contra a Covid-19 diâmetro bem pequeno). no Brasil (17 de janeiro de 2021) e a lentidão com que ela vem se dando desde então podem dar a impressão Outro item de embalagem que requer atenção e de que o país não tem capacidade de vacinar sua popu- rigoroso controle são os cartuchos de papel cartão. lação em massa e rapidamente. Isso não é verdade. O “Quando pensamos em vacinas no mercado brasileiro, Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado em atualmente temos dois grandes players que produ- 1973, há décadas é considerado um dos melhores do zem localmente – o Instituto Butantan e a FioCruz, e planeta. Graças a ele o Brasil erradicou várias doenças, deve-se ter em mente que grande parte dos injetáveis como a varíola e a poliomielite (paralisia infantil). Mas comercializados no Brasil são importados, e já chegam para que o PNI consiga dar cabo da Covid-19 entre nós, embalados ao país”, explica Felipe Salles Ferreira, dire- é preciso que haja vontade política nesse sentido. E, é claro – é preciso que haja vacinas. Quineo Marques, dire- tor Comercial da Schott para a América do Sul, relata os esforços da empresa alemã, uma das gigantes mundiais na produção de vidros para embalagens, para viabilizar o processo. “Três em cada quatro vacinas contra a Covid- 19 hoje dependem de frascos feitos por nós da Schott”, Médici, da Prakolar Sato, que ele relata. “Até o final de 2021, teremos fornecido fras- está produzindo rótulos para o cos suficientes para 2 bilhões de doses de vacina.” Butantan: “Processos que exigem estudos técnicos aprofundados A Schott, que fornece hoje 12 bilhões de embala- para cada cliente” gens farmacêuticas/ano de vacinas e demais medica- mentos, foi fundada em 1897 por Friedrich Otto Schott, o inventor do vidro borosilicato (tipo de vidro usado ainda hoje para o envase de vacinas). Graças a investi- mentos em sua capacidade de produção, ainda em 2019, foi capaz de aumentar suas entregas conforme o coro- navírus se espalhava pelo globo. Marques observa que a emergência da Covid-19 mexeu com a atividade de pro- dução de embalagens para imunizantes em toda parte: “Devido à crise generalizada causada pela pandemia, surgiu a necessidade imediata de um grande volume de 16 mar+abr 2021

embalagens do tipo seringas e frascos. O problema é Marques. da Schott: até o final de 2021, 2 bilhões de frascos para vacinas em todo o mundo que elas não se encontravam, e ainda não se encontram, disponíveis no volume demandado. Em razão disso bus- cam-se outras alternativas, e dentre elas se destacam as ampolas, a embalagem mais usada mundialmente para medicamentos injetáveis”. Ele adverte, porém, que ampolas não são de fácil manuseio em campanhas de vacinação, como no caso de seringas pré-envasadas, onde há facilidade de aplica- ção na dosagem correta sem a necessidade de manipu- lação prévia. “Mas essa é uma solução de alto custo.” Voltando à saga das vacinas da AstraZeneca paradas na Argentina e no México pela falta de embalagens, o laboratório Liomont, encarregado da finalização e do envase dos imunizantes, assegurou que os suprimentos necessários ao processo já se encontram “garantidos”. Mesmo que as doses sejam envasadas, ainda precisarão aguardar entre três e quatro semanas para que as auto- ridades mexicanas atestem sua dosificação, esterilidade e estabilidade – prazo que não pode ser reduzido, pois deriva de “processos biológicos”. Até o momento do fechamento desta edição, a situação era essa. Trata-se de uma representação em escala reduzida das dificuldades que as nações vêm encontrando para combater o mal que, em fins de 2019, abateu-se sobre Wuhan – e, de lá, espalhou-se para o mundo. mar+abr 2021 17

INSCRIÇÕ ABERTAS Até 25/08/2021 (para valores e condições, leia o regulamento no site) Os vencedores serão anunciados em uma inovadora cerimônia online, transmitida pelo canal da revista EmbalagemMarca. Havendo segurança, no mesmo dia realizaremos um evento presencial. A decisão será tomada em agosto, e dependerá do ritmo da vacinação contra a Covid-19 15a edição 2021

Ouro ÕES Prata Apoio Divulgação Educacional Organização www.grandescases.com.br [email protected] /gcembalagem @grandescases grandescases

IOGURTES PAPEL EM DESTAQUE VIGOR ESTREIA PRIMEIRA EMBALAGEM DE PAPEL CARTÃO PARA IOGURTE NO BRASIL AVigor Alimentos quebra um paradigma no mer- go” – aqueles para café expresso ou sorvetes –, pois há Copos de papel para a nova cado de lácteos e apresenta o primeiro iogurte a necessidade de hermeticidade durante todo a vida de linha clean label, com fina em embalagem de papel do Brasil. Batizada prateleira do produto, evitando vazamentos, principal- camada de PE e EVOH de Vigor Simples, a novidade chega com o conceito mente nas emendas das bordas e do fundo, os pontos clean label, ou seja, uma linha de produtos com poucos críticos. De acordo com as partes envolvidas na pro- mar+abr 2021 ingredientes, todos naturais, e sem adição de açúcares, dução, o segredo está na solda, que garante a duração corantes e espessantes. da embalagem durante todo o período de validade do produto, preservando a qualidade e a proteção neces- Hoje o mercado de iogurtes é dominado por embalagens termoformadas de poliestireno (PS), com algumas opções de potes de polipropileno (PP) e outras de vidro. Segundo a Vigor, a escolha do papel como material principal da embalagem se deu porque ele é de fonte renovável, biodegradável e possui maior nível de reciclabilidade. Além disso, a impressão das informações sobre o produto é feita diretamente no pote, dispensando o uso de rótulos e a necessidade de um material a mais para descarte. O nome do produto, Vigor Simples, foi esco- lhido para refletir a simplicidade das composições do iogurte, feito só de quatro ingredientes, e de sua emba- lagem, que além de todas as características citadas tem layout claro e minimalista. As embalagens têm um QR code que, ao ser acessado, entrega aos consumidores informações sobre o produto. Quando o projeto foi idealizado, o briefing pedia que o sistema de embalagem fosse inovador e diferente do que havia disponível no mercado brasileiro, levando em consideração a utilização de matérias-primas de fontes renováveis. O novo produto teria que ser enva- sado em uma máquina já existente na planta da Vigor, pois o projeto não dispunha de verbas para aquisição de equipamentos. A solução encontrada foi uma embalagem confec- cionada em papel cartão com uma leve camada interna de polietileno (PE) e EVOH, uma inovação para o mer- cado brasileiro de iogurtes. O copo de 130 gramas tem 92% menos plástico do que uma embalagem termofor- mada com o mesmo volume. O pote, desenvolvido pela Gráfica Rosset, tem uma tecnologia singular para moldagem, pois a embalagem é diferente de outros copos de papel para uso “on the 20

sárias para a integridade do alimento. O equipamento DESENVOLVIMENTOS SAUDÁVEIS de envase precisou de adequações para o formato do copo, pois não possuía o “colarinho”, comum para o A Vigor investiu 35 milhões de reais no lan- Nova linha para atender demandas empilhamento dos copos plásticos. Também por não çamento da marca Vigor Viv, focada no uni- de público com hábitos saudáveis ter uma área de selagem plana, houve a necessidade verso de produtos saudáveis. Serão 27 itens e de se adequar a mesa de apoio e o cabeçote de sela- sete linhas de iogurtes, onde se destacam Vigor gem, para garantir a hermeticidade do produto após o Viv Búlgaro e Vigor Viv Simples, que segue o envase. Para selagem são utilizados materiais de uso padrão da linha Simples e utiliza embalagens convencional no mercado: alumínio e verniz. de papel. “Ao entender que o consumidor esta- va mais interessado em ter hábitos saudáveis, Segundo a Vigor, com a nova embalagem, aproxi- inclusive na alimentação, nos desafiamos a madamente 15 toneladas de plástico deixarão de ser criar uma resposta para essa demanda. Em um colocadas no mercado em 2021. A estimativa foi feita grupo multidisciplinar que incluiu nutricionistas por comparação com a produção de uma embalagem e empreendedores, entendeu-se que a melhor plástica de gramatura equivalente. solução seria desenvolver uma linha com nome, identidade e narrativas próprias”, explica Flávia De acordo com Flávia Drummond, diretora de Drummond, diretora de marketing da Vigor. Marketing da Vigor, o Vigor Simples representa mais um passo da marca em direção à inovação e à susten- A SunsetDDB é a agência responsável por tabilidade. “Estamos trazendo à categoria um iogurte liderar a criação do nome, do posicionamento muito saudável e natural, para atender à demanda de e da identidade visual da linha. O nome Viv foi consumidores atentos aos ingredientes que estão inge- escolhido pela associação e sonoridade com rindo. Esse público, que também se preocupa cada vez o verbo viver. Já a identidade visual usa cores mais com impactos ambientais, motivou-nos a ir além e fortes. No logo, as letras formam um símbolo desenvolver uma embalagem única no país”, diz ela. que remete a equilíbrio. Os rótulos e as embala- gens foram desenvolvidos pela MDesign. O lançamento tem os sabores Tradicional, Damasco e Frutas Vermelhas. mar+abr 2021 21

IOGURTES FÁCIL E DIVERTIDO LATICÍNIO MINEIRO LANÇA PRODUTO PARA PÚBLICO INFANTIL COM EMBALAGEM FLEXÍVEL PRÁTICA, JOGUINHO E DICAS EDUCATIVAS Não obstante as restrições à circulação de Embalagem abre ação com realidade aumentada que traz jogo com personagem da marca pessoas devido à pandemia do Covid-19, que reduziram drasticamente a frequência de “Para o lançamento buscamos como referências crianças às escolas, o Laticínio Canto de Minas, de produtos com apelo de praticidade e consumo on- Ituiutaba (MG), lançou em fevereiro último o iogurte -the-go, dos quais existem duas grandes marcas Recreio Prático, que como o nome sugere visa ao internacionais”, diz Nascimento. “Vimos a oportuni- público infantil, com ênfase maior justamente na dade de lançar um produto de marca regional, com população escolar. Trata-se de um alimento líquido, qualidade, preço competitivo e um diferencial que é com vitaminas A e D, cálcio e zinco, para fácil consu- o joguinho inerativo.” mo, que tem na embalagem seu principal atrativo, tanto para a função nutritiva quanto como atração Os parceiros fornecedores para o lançamento lúdica para as crianças. foram a Massfar, responsável pela criação da realida- de aumentada, e a Gualapack, que supriu o stand-up O produto possibilita o consumo fora de casa, pouch com tampa de rosca Baby Cap e a máquina de mas também dentro dela, pois pode permanecer até envase. seis horas em ambiente não refrigerado, sem perda da qualidade nutricional, ao que afirma o fabricante. A solução que propicia essa conveniência consiste num stand-up pouch, embalagem flexível em três camadas que tem a propriedade de ficar em pé, dotada de abertura fácil na forma de tampa de rosca. Um dos atrativos de Recreio Prático é a interati- vidade das crianças com a marca, oferecida através de um código de realidade aumentada impresso no verso do sachê que, ao ser escaneado com smartpho- ne, leva a um joguinho. Nele, a criança tem a missão de ajudar o monstrinho personagem da embalagem a coletar o maior número possível de morangos, com fases e velocidades cada vez mais rápidas e desafiadoras. Tem dez níveis de aventuras, e a pontu- ação pode ser compartilhada com amigos nas redes sociais. O mecanismo possibilita também fazer sel- fies com o personagem e traz dicas educativas. Um dos principais objetivos do lançamento, segundo explica Marcelo Nascimento, gerente de marketing da Canto de Minas, foi aumentar a linha infantil do laticínio, presente com ampla variedade de produtos lácteos em catorze estados, com des- taque para os iogurtes funcionais Bits Chocodiscos e Choco Ball, acondicionados em embalagens que também apostam em ações interativas para estreitar o relacionamento dos consumidores com a marca. 22 mar+abr 2021

DESIGN ADÉLIA BORGES, HONORIS CAUSA JORNALISTA, CURADORA E CRÍTICA DE DESIGN É HOMENAGEADA POR UNIVERSIDADE PAULISTA POR SUA ATUAÇÃO NA ÁREA Em cerimônia solene realizada em 8 de março ROCHELLE COSTI Adélia Borges: primeira último, Dia Internacional da Mulher, o Con- mulher a receber selho Universitário da Universidade Estadual da Unesp o título de Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp, outorgou Doutora Honoris Causa o título de Doutora Honoris Causa à conhecida e reconhecida pensadora atuante no campo do design Reportagens, como a da matéria brasileiro, incluído o de embalagens, Adélia Borges. de capa da primeira edição da É a primeira mulher a receber a distinção. Até então, revista EmbalagemMarca, e atuação a Unesp havia outorgado a titulação a dezesseis na curadoria de eventos, sempre personalidades, dentre elas o geógrafo MIlton San- tos, o economista Celso Furtado, o crítico literário promovendo o design Antonio Candido, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva, o indigenista Orlando Villas Boas, o advogado 23 Plínio Soares de Arruda Sampaio, o escritor Ignacio de Loyola Brandão e o ativista de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel. Na justificativa do título, o Conselho afirma que ele foi conferido pela atuação de Adélia como crítica, historiadora de design e artesanato e curadora (exer- ceu essa função, bem como a de diretora do Museu da Casa Brasileira entre 2003 e 2007). Jornalista formada pela Universidade de São Paulo, é colaboradora de vários veículos, com textos publicados em nove idio- mas. Dentre estes, Embalagem Marca se orgulha em citar a reportagem de capa de sua primeira edição, de julho de 1999, justamente com o tema de design de embalagens brilhantemente abordado por ela. A revista cita também com orgulho sua partici- pação como jurada da sexta edição (2011) do Prêmio Grandes Cases de Embalagem. Palestrante frequen- te, já se apresentou em 22 países e fez a curadoria de mais de cinquenta exposições no Brasil e no exterior. Ao receber o título, Adélia Borges manifestou sua alegria em receber o reconhecimento, que con- siderou extensivo a toda a área de design, “atividade que impacta profundamente a vida e o cotidiano de todos, mas ainda é pouco conhecida e debatida pela sociedade em geral em nosso País”. Um motivo a mais de alegria, disse ela, é o fato de estar numa lista com personalidades de sua maior admiração que haviam recebido a distinção em anos anteriores. mar+abr 2021

ENTREVISTA AÇÃO COM TODOS OS AGENTES PROJETO DE SUSTENTABILIDADE DA P&G ENVOLVE TODOS OS ELOS DA CADEIA DE EMBALAGEM, DESDE O PRODUTOR DE MATÉRIAS-PRIMAS ATÉ O CONSUMIDOR FINAL EDU LEPORO FOTOGRAFIA Utilizar 100% de materiais renováveis ou reciclados nas embalagens de seus produtos. Essa é a meta da P&G para 2030. Entre as iniciativas da multinacional, está o uso de materiais alternativos de emba- lagens e a parceria com outras empresas, através de um programa de inovação aberta denominado Connect and Develop (Conectar e Desenvolver, em tradução livre), a busca pela conscientização do consumidor e o trabalho com cooperativas de reciclagem. O diretor do pilar sustentabilidade da com- panhia no Brasil, Vitor Fernandes, apresenta nesta entrevista o que está sendo feito glo- balmente e por aqui para que os objetivos da P&G sejam alcançados. Vitor Fernandes é formado em Publicidade e Propaganda Qual a meta da P&G na busca por soluções para o desafio de redução do pela ECA-USP. Tem nove anos de experiência em marketing, trabalhando em cargos regionais (América Latina) e locais impacto ambiental das embalagens? (Brasil) na P&G, onde passou por posições corporativas e Eu queria apresentar uma perspectiva geral de como a P&G pelas Unidades de Negócio de Cabelos e Desodorantes. Há dois anos lidera o pilar de sustentabilidade da P&G Brasil enxerga os desafios de sustentabilidade. Vemos várias áreas, incluindo clima, água, resíduos sólidos. Esse é o grande desafio global. Acreditamos que esses desafios têm de ser construídos junto com a sociedade civil, para podermos definir uma meta ade- quada. Temos uma associação que pega as metas do Acordo de Paris e leva para as companhias. Acreditamos muito nessa conver- sa dialógica, nessa definição de metas dialógicas com a sociedade civil. Especificamente sobre embalagens, temos dois grandes obje- tivos: o primeiro é reduzir em 50% a quantidade de plástico virgem utilizado nas nossas embalagens; o segundo é garantir que 100% 24 mar+abr 2021

das embalagens que comercializamos possam ser recicladas ou reutilizadas. Obvia- TEMOS DOIS mente esse é um caminho que tem muitas barreiras a ser superadas. GRANDES OBJETIVOS: A P&G tem um reconhecido programa de Inovação Aberta (Connect+Develop), já em curso REDUZIR EM 50% há alguns anos. Como está esse programa hoje? A QUANTIDADE DE PLÁSTICO Trabalhamos bastante com pilotos, com experimentos. O projeto Connect and VIRGEM UTILIZADO Develop está nos critérios, então vamos testando alternativas. Hoje existem três NAS NOSSAS grandes caminhos que a P&G vem tratando globalmente em termos de embalagem. EMBALAGENS Vamos ver qual é o mais adequado para cada região, para cada país. E GARANTIR QUE 100% DAS O senhor poderia mencionar alguns exemplos de projetos que nasceram no C+D? EMBALAGENS QUE A P&G acredita muito em Connect and Develop. Sempre quando as pessoas nos COMERCIALIZAMOS POSSAM SER lembram quando tem um competidor lançando uma iniciativa de sustentabilidade, RECICLADAS OU ficamos felizes, porque acreditamos que o desafio de sustentabilidade não é de uma REUTILIZADAS empresa ou de um governo. Precisamos de unidade, com todos colaborando. Isso passa muito pela nossa cultura de Connect and Develop. Estamos trabalhando glo- balmente nisso desde 2014. Temos exemplos interessantes globalmente e no Brasil. Temos um centro de inovação para a América Latina (Latin America Innovation Cen- ter, ou LAIC) aqui no Brasil, em Campinas (SP), que lidera uma feira anual de inovação. Foi lá que nasceram dois projetos pilotos interessantes em sustentabilidade. Um com a Coletando, uma startup brasileira que remunera as pessoas diretamente, em dinhei- ro, por resíduos levados para reciclagem. Eles instalam pontos de coleta em comu- nidades carentes, em lugares onde não existe coleta seletiva municipal. Esse foi um projeto que saiu de dentro do nosso centro de inovação no ano passado. Outro projeto mar+abr 2021 25

UM DOS foi o que fizemos com a Trashin, chamado Trashin em Casa, que atua dentro de con- CAMINHOS QUE domínios fechados de prédios, onde há uma concentração grande de pessoas. Como ENXERGAMOS É O fazemos para melhorar os índices de reciclagem de resíduos? Constatamos, depois DAS EMBALAGENS de alguns meses de projeto, que o índice de reciclagem obtido foi de 85%. A coleta seletiva da prefeitura, em média, chega a 50%, 60%. Nesse modelo atuamos com RETORNÁVEIS. uma cooperativa de reciclagem que coletava lixo nesses condomínios. O faturamento OUTRO SISTEMA dessa cooperativa cresceu 10%. Esse modelo gerou benefícios para o meio ambiente, QUE TEMOS E QUE aumentando o índice de reciclagem e gerando um impacto social bacana. ESTÁ FAZENDO Recentemente a P&G anunciou na Europa a introdução de embalagens de alumínio para as SUCESSO É O REFIL suas principais marcas de produtos de cuidados para os cabelos, com sistema de refil. Há algum planejamento nesse sentido no Brasil? 26 Um dos caminhos que enxergamos é o das embalagens retornáveis. Temos pro- gramas nos Estados Unidos e na Europa, e estamos começando a explorar e expan- dir cada vez mais o conceito de embalagens retornáveis. A P&G foi a primeira par- ceira de larga escala da TerraCycle no Projeto Loop, que é basicamente um varejista online de embalagens retornáveis. Um exemplo é o da embalagem de Pantene, que o consumidor devolve depois de usar o conteúdo. Nesse conceito, o consumidor não é dono da embalagem. Ele a recebe cheia e devolve vazia. Funciona como o sistema de garrafas retornáveis de refrigerante, em que o consumidor devolve o “casco”. Isso começou com um teste na cidade de Nova York e hoje já está nos Estados Uni- dos todos. Lá já está sendo estudado como expandir cada vez mais esse modelo, que resolve muitos problemas. Outro sistema que temos e que está fazendo muito sucesso – e por isso o estamos expandindo – é a questão do refil, no qual o consumi- dor é o dono da embalagem rígida. Aí funciona no sistema de pouch. Esse sistema tem alguns desafios, mas é muito interessante, porque o pouch reduz em 60% o consumo de material na comparação com o plástico rígido. Junto com isso vem a redução de peso, o que significa diminuição de custo e preço final mais baixo para o consumidor. Além disso, ao longo da cadeia logística essa embalagem vai gerar menos emissões. Em suma: ganhos interessantes por trás desse sistema. Como a P&G trabalha a questão da reciclagem dos pouches? Um grande desafio é como adequar esse pouch no contexto de reciclagem de cada país. A Europa tem uma estrutura de reciclagem, o Brasil tem outra, a China tem outra, os Estados Unidos têm outra... O que garante que esse pouch é adequa- do no mundo inteiro? Aqui no Brasil, por exemplo, lançamos o pouch em sistema de refil em 2018, em duas categorias, de detergentes para roupas e de amaciantes. Quem for hoje ao supermercado vai encontrar Ariel e Downy. O que estamos fazen- do cada vez é tentar entender, junto com cooperativas de reciclagem, junto com alguns parceiros, com algumas startups, como isso está se comportando na cadeia. Estamos trabalhando para entender o índice de reciclagem desse pouch. Temos no Brasil um time de pesquisa e desenvolvimento focado especificamente para enten- der o pouch de Ariel e Downy na realidade da infraestrutura de reciclagem do País, para ver como o consumidor se comporta em cada região, o que ele faz com essa embalagem. Monitoramos cada vez mais para entender como a coisa está funcio- nando do ponto de vista de reciclagem, se o produto está tendo valor de mercado adequado, se está sendo fácil ou difícil de reciclar a embalagem e por aí vai. É um projeto contínuo, em que mantemos contato com algumas startups que traba- lham com a gente nessa parte de reciclagem e com cooperativas, que nos dão um feedback importante. Conforme isso vai progredindo, naturalmente vamos querer expandir, fazer disso um programa cada vez mais robusto. Enxergamos que, no futu- ro, talvez com alguns ajustes, pode vir a ser uma grande alternativa para nós, consi- mar+abr 2021

derando nosso contexto, nossa infraestrutura não só de reciclagem, mas de forma ESTAMOS geral no Brasil. É um programa que tocamos para a frente continuamente. PROCURANDO ENTENDER QUAIS Qual a receptividade aos refis por parte do consumidor? SÃO OS PRODUTOS, É um negócio que está funcionando super bem para nós. Começamos com um QUAIS SÃO AS CATEGORIAS EM pequeno teste com a marca Ariel, para entender como funcionava, e a receptividade QUE DARIA PARA está sendo cada vez maior. Isso vem representando um volume cada vez maior para INTENSIFICAR nós. E está sendo interessante para o consumidor numa equação de valor. ESSA AÇÃO DE USO DE MATERIAIS No ano passado, chegaram ao mercado dos Estados Unidos as primeiras embalagens de ALTERNATIVOS desodorantes roll-on produzidas 100% em papel, das marcas Old Spice e Secret. É possível que esse tipo de embalagem seja introduzida no mercado brasileiro? 27 Como mencionei antes, o terceiro sistema existente dentro da P&G é o uso de materiais alternativos. Os desodorantes de papel nos Estados Unidos, por exemplo, são uma iniciativa que de certa forma reduz o problema pela metade. Metade do problema é encontrar uma cadeia de suprimento, ou seja, conseguir os insumos para produzir em larga escala. A outra metade é como destinar adequadamente a emba- lagem pós-consumo. O papel é fácil de reciclar. Não porque tenha um valor agregado alto, mas é fácil de reciclar. O papel cartonado no Brasil, por exemplo, é muito fácil de reciclar. Estamos procurando entender quais são os produtos, quais são as categorias em que daria para intensificar essa ação. E mais do que isso: desenvolver novas tecno- logias para viabilizar outras categorias que não estavam pensando em fazer o uso de materiais alternativos. Um exemplo: alguns anos atrás lançamos uma marca de xampu sólido nos Estados Unidos. As emissões no transporte foram reduzidas à metade. O produto é acondicionado em papel. Quando o consumidor compra o xampu, recebe um envelope para mandar a embalagem de volta para a P&G, que já a recicla e trans- forma em novas embalagens para o mesmo produto. É um ciclo 100% fechado. O grande mercado de desodorantes é o de aerossóis. Como a P&G trabalha com a questão da reciclagem dessas embalagens? O aerossol é muito difícil de reciclar, e esse é um desafio que enfrentamos. Ape- sar de ter o alumínio, que tem um alto valor agregado para reciclagem, tem muito componente pequeno, e tem o propelente, que se for triturado pode explodir. É muito difícil de reciclar. Então, para aumentar o nível de reciclagem, em dezembro de 2020 lançamos o Old Spice em stick, numa embalagem 100% de polietileno de alta densidade, o que já é um progresso em termos de reciclagem. No futuro talvez seja uma alternativa para desenvolver esse mercado. O fato é que o mercado no Brasil é composto muito mais por spray, mas talvez consigamos atuar para ajustar essa realidade. Temos também um desodorante em gel, cuja embalagem é muito mais prática para reciclar. É de plástico, não tem laminação com metal. Até mistura dois tipos de plástico, o PET e o PEAD, mas são duas partes fáceis de desmontar: a tampa e a base que são de PEAD, e o corpo é de PET. É bem mais simples de reciclar do que o desodorante em aerossol. O plástico foi alçado à posição de grande vilão ambiental. Sabemos, contudo, que há situ- ações em que o material é a melhor solução técnica, e que às vezes tem menor impacto ambiental que materiais de embalagem alternativos. Como a P&G vê isso? Temos trabalhado bastante com plástico reciclado pós-consumo. Já lançamos no Brasil embalagens que usam um percentual de plástico reciclado, uma alternativa pos- sível. Tem vários testes que fazemos globalmente para entender quais são as melhores alternativas de atingir nossa meta, que é reduzir em 50% o uso de plástico virgem e garantir que 100% dos materiais que colocamos no mercado sejam recicláveis. mar+abr 2021

A P&G FAZ PARTE A P&G tornou-se, recentemente, a primeira empresa fabricante de bens de consumo não DA RECYCLASS duráveis a aderir à iniciativa RecyClass, na Europa. O senhor poderia comentar essa decisão? NA EUROPA PARA A RecyClass nada mais é do que uma organização que tem o objetivo de melho- GARANTIR QUE rar o índice de reciclagem do lixo. Eles consolidam o que a P&G está fazendo, o que a companhia A está fazendo, o que a companhia B está fazendo e assim por diante, TUDO O QUE ESTÁ junto com a infraestrutura do que pode ser reciclado. Então eles determinam qual o MANDANDO AO padrão de reciclagem de uma embalagem, como essa embalagem tem de ser para MERCADO SEJA poder ser reciclada. Porque não adianta nada a P&G fazer uma embalagem de um RECICLÁVEL E jeito, outra companhia fazer de outro e uma terceira de outro jeito diferente. Isso gera uma complexidade muito grande na cadeia de reciclagem. Eles organizam esse TENHA UM PADRÃO sistema e geram um certificado dizendo que a embalagem é facilmente reciclável DE RECICLAGEM. na Europa, no caso. Ou se não é. Eles constroem esse conhecimento comum, que AQUI NÃO EXISTE são as boas práticas de reciclagem de embalagem. E por que a P&G faz parte da RecyClass? Pra garantir que tudo que ela está mandando para o mercado seja reci- UMA ORGANIZAÇÃO clável, e para ser reciclável tem de ter um valor, ter esse padrão de reciclagem. Isso SIMILAR, MAS também vai trazer para a P&G o conhecimento necessário para fazer um desenho ESTAMOS melhor das embalagens para elas serem de fato recicláveis. COMEÇANDO A DAR Funciona como uma certificadora? ALGUNS PASSOS É mais que uma certificadora. Eles trabalham na inteligência da embalagem e INTERESSANTES também certificam: essa embalagem tem tal e tal material e tem uma reciclabilida- 28 de alta ou baixa. Mapeiam a reciclagem da embalagem e estabelecem um padrão, se é altamente reciclável ou não. Há alguma iniciativa similar sendo conduzida no Brasil? Aqui não existe uma organização como a RecyClass. O nível de sofisticação está bem alto na Europa, em termos de qualidade. Eles têm vários níveis de certificação: A, B, C, D, F e por aí vai, mas aqui no Brasil estamos começando a dar alguns passos inte- ressantes. Está em curso nesse momento o Pacto do Plástico Brasil. É uma inciativa da Ellen Mac Arthur Foundation, que define alguns padrões para melhorar os índices de reciclagem do plástico no Brasil ou reduzir o uso de plástico. Então tem uma situação análoga, de construir esse conhecimento coletivo, que são as melhores práticas. Um outro ponto é que cada vez mais vemos que a capacidade de reciclagem no Brasil não é homogênea. Em São Paulo existe uma certa capacidade de reciclagem, no Sul outra, no Norte outra, no Nordeste outra. Quando digo capacidade refiro-me a quais tipos de material se consegue reciclar. Isso de certa forma vai desde as empresas continuarem esse contato com as recicladoras, com as cooperativas, para entender o que está fun- cionando e o que não está. É um trabalho de formiguinha, mas as cooperativas são as que melhor conseguem detectar o que está indo bem e o que não está. A nossa visão é que tem de ter duas coisas aqui: esse Pacto do Plástico ou projetos análogos a esse, que possam determinar os padrões. Mas temos de ficar atentos, enquanto indústria, porque há uma complexidade, uma diversidade muito grande da capacidade de reci- clagem no Brasil. Para nós, uma forma que funciona muito bem é trabalhar com esses projetos, com a Coletando, com a Trashin. Isso está até se tornando um critério de escolha de com quais projetos vamos trabalhar. Só vamos trabalhar com projetos que vão nos colocar em contato com as cooperativas de reciclagem. Quem não estiver em contato com as cooperativas não vai conseguir ajustar o desenho da sua embalagem para ela ser adequada. Quanto mais aumentarmos essa comunicação, melhor. Como o senhor já disse, em 2020 a P&G anunciou que a meta para 2030 é usar 100% de materiais renováveis ou reciclados em todos os seus produtos e embalagens. Quais são esses percentuais hoje? mar+abr 2021

Para 2020 tínhamos a meta de 90%, e desde 2019 nossas embalagens, global- A P&G VAI mente, são recicláveis. No contexto local, a grande maioria das nossas embalagens PROGREDIR, VAI é de polietileno. As embalagens de Ariel, de Downy, de Pantene ou de outras marcas FAZER A SUA PARTE, são praticamente todas de PE. Tem um índice de valor agregado para reciclagem E A GENTE QUER dentro dos plásticos. Tem uma pequena parcela de PET, nas embalagens de lâminas QUE AS PESSOAS de barbear, mas é um volume baixo, e um pequeno grupo, que é um desafio, de SE ENGAJEM embalagens laminadas, que é onde estamos querendo agir para melhorar a perfor- E ESTEJAM mance de reciclagem. Os nossos pouches de refil, por exemplo, não têm mais nylon, INTERESSADAS EM estamos buscando reduzir o número de materiais cada vez mais. Mas algumas ADOTAR UM ESTILO embalagens laminadas do nosso portfólio ainda são um desafio, e vamos ter de que- DE VIDA MAIS brar um pouco a cabeça e entender como melhorar a performance de reciclagem. SUSTENTÁVEL Mas estamos perto dessa proporção de 90% – não posso confirmar o número exato por questões de confidencialidade. Aliás, qual a função de fabricantes de bens de consumo nesse processo de educação do con- sumidor com relação ao comportamento ambiental? A P&G acredita que o desafio da sustentabilidade é maior do que qualquer empre- sa. Então passa por engajar parceiros, fornecedores, varejistas, pesquisadores exter- nos, com nossa plataforma de Connect and Develop, e passa também por engajar as pessoas, os consumidores, e isso é parte do trabalho da P&G. Isso é uma visão que a gente tem cada vez mais. A P&G vai progredir, vai fazer a sua parte, e a gente quer que as pessoas se engajem e estejam interessadas em adotar um estilo de vida mais sustentável. O que a P&G quer é estimular cada vez mais um estilo de vida sustentá- vel, e para isso é preciso desenvolver as soluções técnicas, as soluções de produtos. mar+abr 2021 29

FILMES VOLTA À ORIGEM PRODUTOR DE VEGETAIS HIGIENIZADOS INOVA COM EMBALAGEM COMPOSTÁVEL Focados na crescente preocupação de empresas e Filme 100% à base consumidores com a questão da sustentabilida- de celulose com de, três elos dessa tendência – um produtor de tinta especial: alimentos e os fornecedores de filmes e de tintas para biocompostável impressão – acabam de anunciar o lançamento do que em 180 dias seria a primeira embalagem brasileira 100% biodegra- dável para vegetais higienizados, impressa em filme quanto da tinta nele aplicada. biocompostável, isto é, biodegradável e compostável. Para o gerente de produção do Grupo Campanha, A ideia de utilização dessa solução partiu da inten- o sucesso do projeto está atrelado à parceria com o ção do Grupo Campanha, voltado para suprir o mercado Grupo FR Embalagens e a Huber. “Foi fundamental com verduras higienizadas, de inovar nas embalagens, termos ao nosso lado empresas que compreendem enfatizando o alinhamento com as melhores práticas nossas necessidades e conhecem profundamente ambientais. “Hoje, todas as grandes empresas têm, ou aquilo que oferecem. Isso trouxe não só segurança para pelo menos deveriam ter, a responsabilidade de produ- navegarmos em novos mares, mas também agilidade e zir sem afetar as gerações futuras”, comenta Jackson assertividade ao processo”, diz Jackson Monteiro. Monteiro, gerente de produção do grupo. “Em nosso caso, esse comprometimento começa no campo, no Satisfeito com o resultado final, o gerente afirma plantio, e vai até o descarte de nossas embalagens, que que a embalagem cumpre todos os requisitos exigi- agora contam com um diferencial importante.” dos, que ultrapassam a biocompostagem. Segundo ele, o filme tem ótima maquinabilidade e selagem, O destaque da nova embalagem é a compostagem: preservando as características de shelf life da emba- o produto se degrada, transformando-se em húmus de lagem tradicional. “O resultado nas prateleiras não alto valor nutricional. Para atender padrões internacio- poderia ser melhor”, afirma. “Ao pegar a embala- nais, foram necessárias análises que considerassem, em gem, mais leve e visualmente limpa, o consumidor conjunto, filme e tinta que seriam utilizados na impres- percebe que há algo diferente e faz uma conexão são das embalagens flexíveis – trabalho que envolveu direta e positiva com o produto que está dentro.” o Grupo Campanha, a FR Embalagens, distribuidora do substrato (um filme transparente 100% à base de E se as embalagens não forem destinadas correta- celulose) no Brasil, e o Hubergroup, fornecedor da tinta mente à compostagem? Os fornecedores asseguram Gecko Frontal Eco utilizada no projeto. que, mesmo nesse caso, o produto se degrada normal- mente, num ritmo um pouco mais lento. Foi realizada uma série de testes, envolvendo inclu- sive o laboratório do Hubergroup na Itália, com vistas à definição exata da quantidade de tinta a ser aplicada sobre o material, para garantir a rápida compostagem. “Em função disso, propusemos ajustes de design para que tivéssemos o mínimo de tinta possível sobre o filme”, conta Carolina Delavald, responsável pelo pro- jeto no departamento comercial da Hubergroup Brasil. “Cumprindo as exigências do cliente, a composição da tinta foi avaliada e certificada por organismo interna- cional como produto compostável domesticamente”, ela diz. O prazo certificado para que isso ocorra é de 180 dias, e considera a total degradação tanto do filme 30 mar+abr 2021

circular Integrando informações hoje isoladas EEm muitas empresas, de diferentes portes, a sustentabilidade é a tre de 2021. Com ela, será estabelecido um ecossistema capaz de construir pontes entre os agentes interessados em avançar na pauta pauta dominante dos líderes. É o que mostra estudo conduzido na da Economia Circular. “Além de trazer mais transparência aos pro- América Latina pela SAP (bit.ly/SAP-em), que recentemente anun- cessos num momento em que as corporações precisam estar com- ciou uma parceria com a Boomera para a construção de uma plata- prometidas com a agenda ESG, a plataforma ajuda as empresas a forma de Economia Circular. A ferramenta visa valorizar os resídu- entender, analisar e otimizar a pegada de carbono de seus produtos os pré e pós-consumo, conectando cooperativas e outros players, e das operações ao longo da cadeia de valor”, explica Luciana Coen. provendo rastreabilidade, certificação, blockchain, e garantia de destinação correta dos produtos, cobrindo todos os elos da Luciana logística reversa, dando transparência a essas operações. Coen, Um dos fatores que conduziu a SAP à parceria com a Boo- da SAP mera foi a constatação de que o ecossistema de gestão de resíduos ainda funciona no modo analógico, de forma pouco mapeada e conectada entre os agentes envolvidos. A ideia era mudar esse cenário, com apoio do conhecimento do parceiro sobre Economia Circular. Os sistemas da SAP podem ser utilizados para adicionar informações sobre todas as etapas de processos (administra- tivos e operacionais) para ajudar as empresas a se adaptarem às mudanças de regulamentação, como políticas de respon- sabilidade de produtores, e a se manterem atualizadas com os mercados locais, padrões globais e melhores práticas. “Acre- ditamos que a tecnologia e a transformação digital quebram silos e criam dados transparentes e unificados para a tomada de decisões objetivas”, diz Luciana Coen, diretora de co- municação integrada e responsabilidade corporativa da SAP Brasil. “Se queremos criar um mundo coe- so e sustentável, devemos ser capazes de olhar além das fronteiras corporativas, em direção às sociedades e comunidades em que operamos.” Ela acredita que a digitalização dos processos poderá criar oportunidades de negócios, ao fa- cilitar o intercâmbio de informações entre quem coleta, compra e vende resíduos, estimulando o reaproveitamento de matérias-primas. Gui Brammer, CEO da Boomera, tem opinião seme- lhante. Ele acredita que as informações sobre logística rever- sa e Economia Circular ainda são desarticuladas, com cada elo da cadeia tendo uma parte delas. “A digitalização pode ajudar ao integrar informações que hoje permanecem iso- ladas, trazendo ganho de confiança nas transações e escala para as operações”, ele diz. “Esse projeto com a SAP é um marco importante no desenvolvimento da Economia Circu- lar no Brasil”. Brammer acredita que empresas que precisam avançar nas ações relacionadas com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, ou aquelas que querem comprar matéria- -prima reciclada, terão maior tranquilidade para operar. “A ferramenta garante a rastreabilidade do processo e agrega confiança às informações e à relação entre os atores da ca- deia, dando-lhes segurança sobre a origem do material.” A nova plataforma ficará pronta ainda no primeiro semes- www.boomera.com.br (11) 2308-5175 • [email protected]

ALIMENTOS EM BUSCA DA SUSTENTABILIDADE PESQUISA REALIZADA PELA TETRA PAK MOSTRA QUE BRASILEIRO ESPERA QUE MARCAS PRIORIZEM A PRODUÇÃO DE EMBALAGENS SUSTENTÁVEIS, O FORNECIMENTO DE ALIMENTOS PARA TODAS AS PESSOAS E A REDUÇÃO DO DESPERDÍCIO DE COMIDA Apandemia de Covid-19 trouxe diversas Vivian Leite: pesquisa mostra tativa de encontrar soluções inovadoras, mudanças de hábitos, e no consumo importância da embalagem na que protejam o alimento por mais tempo e de alimentos e bebidas não foi dife- proteção do conteúdo e na redução mantenham seu valor nutricional, reduzindo rente. É o que revela a pesquisa “Tetra Pak de desperdícios, sem perder de vista perdas. Uma segunda escolha mais popular Index: Covid-19 e o dilema entre segurança a questão da sustentabilidadfe está relacionada ao armazenamento dos do alimento e meio ambiente”, realizada pela alimentos, em que 66% do público entende Tetra Pak em parceria com o Instituto Ipsos como relevante embalagens apresentarem em nove países, inclusive no Brasil. O estudo datas de validade inteligentes para sinalizar mostra que com a crise do novo coronavírus se o produto está seguro para o consumo. muitos consumidores valorizam ainda mais a Os dados indicam um foco maior para duas importância da alimentação para a manuten- áreas: desperdício de alimentos e segurança ção de uma vida saudável. alimentar. No Brasil, segundo a pesquisa, 62% dos Os consumidores passaram a ter mais entrevistados concordam com a afirmação consciência sobre os impactos do desperdício “ser saudável é se manter seguro”. E como de alimentos ao perceber como a pandemia “saudável” os entrevistados entendem o uso afetou as cadeias de abastecimento e como o de ingredientes naturais (51%), alta prevalên- tema está ligado à sustentabilidade ambien- cia de nutrientes (36%) e ausência de conservantes tal. “Nos resultados da pesquisa, tanto a preocupação na formulação do produto (36%). “A preocupação com os prejuízos do desperdício, quanto com a forma com uma alimentação equilibrada já era uma rea- de tratamento de resíduos de alimentos ganham rele- lidade, mas ficou ainda mais relevante depois da vância entre os consumidores, que buscam pela trans- pandemia. Além das medidas de distanciamento parência das empresas fabricantes. É um movimento social e higienização, o consumidor tem atribuído à importante e muito positivo para a sustentabilidade alimentação uma forma de fortalecer o seu sistema do ciclo de consumo”, acredita Vivian. imunológico e assim se sentir mais protegido”, expli- Quando perguntados sobre o que é central nas ca Vivian Haag Leite, diretora de Marketing da Tetra embalagens, os consumidores indicam que garantir Pak Brasil. A pesquisa mostra que o consumidor a segurança do alimento é seu principal propósito. acredita que os produtos lácteos são saudáveis e que Em particular, eles acreditam que a embalagem deve aumentam imunidade. Isso foi refletido no aumento garantir que o produto esteja livre de contaminação e do consumo desses produtos durante a pandemia bem protegido. De fato, as seis principais característi- – tanto de leite longa vida quanto de creme de leite cas de uma embalagem elencadas como mais impor- e de leite condensado. “Além dos produtos susten- tantes pelos consumidores estão todas relacionadas à táveis e saudáveis, a importância das embalagens segurança do alimento, com a proteção do conteúdo serem sustentáveis foi citada por 58% dos entrevista- por mais tempo e a garantia de higiene também pon- dos”, diz Vivian tuando alto. A principal característica ambiental, a reciclabilidade, é a sétima prioridade, com 41%. Outra questão importante destacada neste perí- Quando perguntados se poderiam estar preocupa- odo de transformações é o desperdício de alimentos. dos com inovações em embalagens ambientalmente Globalmente, 70% dos consumidores têm a expec- 32 mar+abr 2021

corretas que afetem a segurança do alimento, um Inovações mais relevantes na produção 70% número significativo disse que sim (entre 36% e 41%, e envase de alimentos e bebidas 66% dependendo da inovação). Isso parece ser uma preo- cupação geral e é difícil para os consumidores julga- Protege meu alimento por mais rem as diferenças entre inovações. Mais uma vez, isso tempo, evitando o desperdício ressalta que a segurança do alimento é inegociável, e mantendo o valor nutricional mesmo quando comparada com outros fatores con- Datas de validade inteligentes siderados importantes, sugerindo uma oportunidade por soluções inovadoras em embalagens que ajudem Envase asséptico 63% os consumidores a enfrentar o dilema entre alimentos Embalagem indica se 62% e meio ambiente. produto foi violado A preocupação com o meio ambiente também permanece forte. A edição anterior do estudo Tetra Sem excesso de embalagem 61% Pak Index, publicado em 2019, já revelava uma maior 59% preocupação do consumidor com questões ambien- Toda a embalagem feita apenas 58% tais. Agora, é creditada às marcas a responsabilidade com materiais recicláveis por oferecer embalagens capazes de proteger e garantir a segurança do alimento ao mesmo tempo Ter acesso a mais informações em que trabalhem com materiais ambientalmente sobre a origem do produto responsáveis. com ferramentas digitais Entre as questões mais importantes que devem O que os consumidores mais valorizam na embalagem ser priorizadas pelas marcas, os brasileiros mencio- nam a produção de embalagens sustentáveis (58%); Embalagem assegura que o 71% a produção de alimentos de forma sustentável (46%); produto não está contaminado 70% o fornecimento de alimentos para todas as pessoas 68% (44%); e a redução do desperdício de comida (40%). Protege bem o Na sequência, é mencionada a necessidade de elevar a conteúdo/produto segurança dos alimentos (38%). Mantém o frescor do produto ao longo do tempo De acordo com Vivian Haag Leite, a Tetra Pak tem trabalhado junto a diferentes parceiros e stakehol- Higiene 67% ders a fim de desenvolver uma embalagem que seja Uma vez fechada, composta unicamente de materiais obtidos de fontes fica selada e não vaza 50% renováveis, capaz de eliminar a emissão de carbono Fácil de identificar se foi aberta 42% em seu processo de fabricação e que mantenha a sua característica de ser inteiramente reciclável. “A utiliza- Reciclável 41% ção de materiais reciclados nas embalagens também é 39% uma possibilidade avaliada pela empresa”, ela conta. Feita de materiais 38% recicláveis ou renováveis 33% Ainda segundo o estudo, mais da metade dos bra- Embalagem propicia longa 33% sileiros (56%) tem interesse em saber como alimentos e bebidas são produzidos, o que abre espaço para vida nas prateleiras formatos de comunicação na própria embalagem que Fácil de esvaziar completamente deem mais transparência sobre a origem do produto. No Brasil, a Tetra Pak tem conversado com diferentes para evitar desperrdício parceiros e clientes a fim de desenvolver projetos de Tem selos ambientes rastreabilidade de ponta a ponta por meio da embala- que valorizo gem. No setor de laticínios, a empresa já tem parceria com produtor que utiliza a rastreabilidade ativa para O produto é considerado inseguro para consumo se... monitorar toda a sua cadeia produtiva, da entrada da matéria-prima na fábrica até o envio do produto Cheira mal 70% processado e envasado para o varejo. Segundo Vivian, A data de validade expirou 67% o próximo passo é a incorporação do blockchain a esforços de rastreabilidade. “Em um setor em que a A tampa está quebrada/solta 62% segurança do alimento e a transparência dos dados são essenciais para o consumidor, o blockchain surge A embalagem está danificada 58% com um enorme potencial de transformação”, conclui a executiva. A embalagem está suja 45% FONTE: TETRA PAK INDEX 2020 45% O produto está turvo 43% 39% Não é possível reconhecer 39% um fecho claramente 38% A origem é incerta 35% O material da embalagem não parece seguro A descrição do produto não está completa ou visível Não há informação disponível sobre o processo de produção mar+abr 2021 33

Almanaque A nova embalagem de OMO A chegada do PET no Brasil Em meados dos anos xas de OMO ganharam a cor ver- Em 1988, com o objetivo de for- 60, OMO apresentava melha. Até então, eram impressas talecer as vendas das bebidas uma grande novidade. apenas em azul e preto. em embalagens descartáveis, a A primeira embalagem Coca-Cola apresentou a Big Coke, de sabão em pó “sem o em uma embalagem “inquebrá- saquinho plástico”, adota- vel” de 2 litros. A novidade foi um do alguns anos antes para marco na história das embalagens evitar que o detergente no Brasil: tratava-se da primeira formasse pelotas. Segundo a garrafa de PET do Brasil. Até então, propaganda da época, nova a embalagem com maior volume embalagem era mais prática de refrigerantes era a garrafa de e protegia melhor o produto. vidro de 1 litro. Depois disso, o PET A supressão do saquinho só abocanhou fatias consideráveis foi possível graças à inovação do mercado de refrigerantes, e os na produção das caixas de tamanhos das garrafas variam de papel cartão, que garantiam a 150 mililitros a mais de 3 litros. barreira ao oxigênio. A solução foi adotada por todas as mar- ALMANAQUE EM VÍDEO cas de detergente em pó, e os saquinhos plásticos nunca mais hGtutapr:a//nbáitC.layç/uelmin-hgau:aaraanleagria da garotada foram vistos. Para comunicar a novidade, as cai- Em quase dois séculos, (quase) a mesma embalagem O amido de milho Maizena, hoje Em 1906, as empresas Duryea no Brasil começou em 1874, Anúncios de 1927 exaltavam o marca da Unilever, é um daque- e Kingsford passaram a integrar mas só em 1930, com a aber- produto como sendo multiuso, les produtos cuja embalagem o grupo norte-americano Corn tura de fábrica de amido da mostrando a tradicional caixa pouco mudou ao longo dos anos. Products Refining Company, Refinações de Milho Brasil do produto. De lá para cá, pouca A marca surgiu nos Estados mais tarde apenas Corn (RMB), subsidiária da CPC, o coisa mudou, e a cor amarela Unidos em 1842, produzida pela Products Company (CPC). produto começou a ser fabrica- sempre esteve presente nas cai- Wreight Duryea. A comercialização da Maizena do localmente. xas de papel cartão. 34 mar+abr 2021




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