Ano XXII • EM 5/21 ENTREVISTA: HENRIQUE O BOOM DO DELIVERY DE CACHAÇA PREMIUM ADOTA Set+Out 2021 CASTELLANI, CEO DA LIV UP ALIMENTOS DEVE CONTINUAR NFC E COLHE RESULTADOS R$ 25,00 VIDRO ALTA DEMANDA PROVOCA FALTA DE EMBALAGENS E VIDRARIAS INVESTEM PARA AUMENTAR PRODUÇÃO
EDITORIAL MANTER A CALMA. SEGUIR EM FRENTE Wilson Palhares, Editor A atual conjuntura econômica e negocial do País nos traz à lembrança a época de lança- mento desta revista, o ano de 1999. O Brasil passava por retração dos negócios, o Real sofrera “ANTE O QUE forte desvalorização e a inflação se aproximava dos dois dígitos (8,94%), como hoje. Em VEMOS NO suma, o quadro não era favorável a iniciar empreendimentos ou a mudar rumos de atividades que até então vinham sendo bem sucedidas. VAREJO E NO QUE NOS É Foi nesse cenário que decidimos lançar EmbalagemMarca, ousadia que amigos qualifica- ram de loucura, já que o trade era ocupado por expressivo número de publicações. Partimos APRESENTADO, do princípio de que, se permanecesse estático a cada crise que brotasse, o País estaria até TEMOS RAZÕES hoje na fase do Pau Brasil. Afinal, toda crise acaba sendo superada, e a pior delas é sempre DE SOBRA PARA aquela que se está vivendo no momento. AFIRMAR QUE O que queremos dizer com isso, sem nos arvorarmos em exemplo a ninguém (embora A ATUAL CRISE continuemos na luta), é que o atual panorama, tão semelhante ao de mais de vinte anos TAMBÉM SERÁ atrás, será sobrepujado. No campo específico da embalagem, temos razões de sobra para afirmar essa certeza, ante o que vemos de inovação, tanto no varejo quanto nos cases inscri- SUPERADA” tos na edição deste ano do Prêmio Grandes Cases de Embalagem. Como diziam os ingleses sob bombardeios na II Guerra Mundial, a melhor atitude ante a adversidade é manter a calma e seguir em frente. Cabe registrar que em conversas que mantemos (por telefone e por outros meios não presenciais, pois continuamos mantendo distância física das pessoas, em favor da saudabili- dade geral), ouvimos, como é de costume, lamentações. No entanto, na contramão positiva, não é pequeno o número de empresas que estão se dando bem ao adaptar-se ao atendimen- to de necessidades surgidas na esteira da pandemia. Uma delas, talvez a mais óbvia de todas, é a do campo de embalagens destinadas a atender as atividades de entrega de refeições em domicílios, tema da reportagem especial da presente edição desta revista. Igualmente óbvio é que o ramo da logística que atua nesse ramo também experimentou crescimento expo- nencial. Setores industriais da área de embalagem, depois de atravessar dificuldades com a obtenção de insumos para o atendimento de seus clientes, anunciam expressivos investimen- tos para o futuro não distante, como é o caso das principais vidrarias, abordado na reporta- gem de capa deste volume. Enfim, como a realidade sempre demonstrou. não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe. Até a próxima. EXPEDIENTE Publisher: Wilson Palhares ([email protected]) • Chefe de Redação: Flávio Palhares Publicação bimestral da ([email protected]) • Comercial: Marcos Palhares ([email protected]. Bloco Comunicação Ltda. br) • Diagramação: Hannah Nakazawa ([email protected] • Administração: Eunice Fruet Rua Carneiro da Cunha, 1192 ([email protected]) • Circulação e Assinaturas: ([email protected]) 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.
EM 5-2021 • set+out SUMÁRIO 3 EDITORIAL – Ante o que vemos no varejo, ANUNCIANTES temos razões de sobra para afirmar que a atual crise será superada ABPLAST ..............................................33 ALL4LABELS .......................... 2a CAPA 6 DELIVERY – Boom do mercado de entrega de AMR........................................................33 alimentos na pandemia trouxe oportunidades CONGRAF.......................................... 24 para fabricantes de embalagens EMPAPEL ...............................................31 FLEXOPRINT......................................... 5 14 ENTREVISTA – Henrique Castellani, da FSI ............................................................ 11 Liv Up, fala do modelo de negócios da GRANDES CASES ................... 18 E 19 foodtech KHS............................................ 4a CAPA KRONES ................................................17 20 REPORTAGEM DE CAPA – Consumo em alta MLC ........................................................ 15 provoca falta de embalagens de vidro; NOVELPRINT ......................................23 fabricantes anunciam investimentos PE LABELLERS ...................................27 SIDEL .....................................................29 SIG............................................. 3a CAPA TPA............................................................ 9 24 FECHAMENTOS – Tampa de garrafa unida à embalagem reduz – em tese – a poluição 26 ECONOMIA CIRCULAR – Empresas 28 criam programa que dá benefícios a 32 quem separa material reciclável EMBALAGENS INTELIGENTES – Cachaça premium Roma insere etiqueta NFC nas embalagens e colhe bons resultadosusuário ARTIGO – Decoração e proteção mais rápidas Por Antonio Galhardo, da Actega 34 ALMANAQUE – Leco, pioneira em cartonadas – A invenção da lata de aço cônica – Salmão do Alasca, só enlatado 4 set+out 2021
DELIVERY DE ALIMENTAÇÃO O BOOM DEVE CONTINUAR A PANDEMIA PARECE, ENFIM, ESTAR ARREFECENDO - MAS A DEMANDA POR EMBALAGENS PARA O ENVIO DE REFEIÇÕES QUE ELA GEROU SEGUIRÁ FORTE POR ALEX RICCIARDI 6 set+out 2021
Como possivelmente a maioria das pessoas confecção de embalagens solicitadas em volume avas- deve ter observado, a atividade de entrega salador. “De uma hora para outra, a demanda pelas de refeições (e de outros variados itens), que embalagens que fabricávamos tornou-se simplesmen- vinha crescendo significativamente até março de te gigantesca”, lembra Luiz Antonio Silveira, CEO da 2020, experimentou a partir de então verdadeira erup- Scuadra Embalagens Diferenciadas, especializada em ção. A razão óbvia foi a ocorrência da pandemia do fabricar recipientes para delivery de restaurantes de Covid-19 no País, com sucessivas quarentenas (lockdo- alto e médio padrão. “Mesmo trabalhando 24 horas wns) adotadas por prefeituras e governos estaduais por dia, sete dias da semana, não dávamos conta de Brasil afora, as quais determinavam frequentemente suprir tantos pedidos, e suspendemos as vendas até o fechamento de restaurantes e estabelecimentos dezembro de 2020. similares. Todavia, o fato é que esse setor de suprimento Proibidas de servir refeições em seus salões, essas de embalagens conseguiu superar o problema, com casas tiveram de limitar-se ao take away, ação na qual investimentos para a produção, muito trabalho e cria- o cliente pega a refeição pronta e a leva para consumo tividade, como pode ser visto nos quadros seleciona- em outro local. A alternativa mais viável foi a entrega dos neste espaço. em domicílio (delivery), com encomendas entregues por portadores motorizados ou não. A pressão foi UM EXEMPLO é o da Gráfica Rosset. que há enorme sobre os fabricantes de embalagens adequa- mais de trinta anos opera do setor de embalagens de das para esse fim. O fenômeno foi global, com cresci- papel cartão. Neste tempo de pandemia a empresa mento do delivery próximo a 27% em 2020, segundo especializou-se no desenvolvimento e na produção de dados informados pela start up espanhola Comprar embalagens para entrega de refeições, tendo como Acciones. principais clientes restaurantes e redes de fast food. As vendas nesse campo desabrocharam no período, No Brasil não foi diferente. De acordo com pes- conta Rafael Rosset, diretor comercial da empresa. O quisa do Instituto Locomotiva encomendada pela VR empresário lembra que “as embalagens são parte fun- Benefícios, a proporção de restaurantes, padarias, lan- damental do processo de delivery” e devem obedecer chonetes e varejos brasileiros que utilizam o delivery a regras básicas. “Além de acondicionar o alimento, passou de 49% antes da pandemia para 81% após as devem garantir a inviolabilidade, a segurança e, mui- medidas restritivas. Foi como se um tsunami avanças- tas vezes, fazer parte da experiência positiva ou nega- se sobre essa área de serviço – e sobre seus supridores tiva do cliente” (ver quadro). de embalagens. Em suma, o impacto foi enorme na área de emba- As empresas brasileiras de embalagens, em lagens para atender a demanda em ritmo de corredei- sua maioria gráficas transformadoras de substratos ra. André Borges, head de sustentabilidade da iFood, celulósicos (recipientes primários e de transporte), empresa brasileira de entrega de comida solicitada por enfrentaram inicialmente grandes dificuldades. Não aplicativo de internet, relembra: “Em 2020 vivemos havia previsões de produção para encarar avalanches dois anos em um”, devido à demanda detonada por inesperadas de pedidos. Faltava matéria-prima para a Amando Varella, da Papirus: Luiz Antonio Silveira, da Scuadra: no começo da indústria suportou a pressão graças pandemia, turnos de 24/7 não davam conta à capacidade de produção de suprir tantos pedidos e vendas foram suspensas set+out 2021 7
ALGUMAS REGRAS BÁSICAS Crescentemente requisitados para • A segurança e a praticidade da desenvolver embalagens de entrega embalagem no momento do consumo de refeições devido à forte deman- são essenciais; jamais poderá abrir-se da de empresas usuárias, designers durante o transporte e especialistas do ramo, na indústria transformadora, seguem algumas • A embalagem deve ser capaz de regras mais ou menos consensuais fazer a promoção do estabelecimen- para a confecção, relacionadas aqui. to que produz a refeição, o chamado branding; em outras palavras, deve • Molhos e outros líquidos não funcionar como meio de publicidade podem vazar durante o transporte • O design deve estar adaptado ao • É muito relevante que o alimento tipo de alimento acondicionado não esfrie antes de ser entregue ao consumidor • Embalagens para esse fim, para ser consideradas de alta qualidade, • Não pode haver alteração do precisam ser recicláveis, expectativa sabor do alimento causada pelo reci- dos consumidores que aliás vem ocor- piente rendo de modo geral efeito do Covid-19. do Futuro, lançada em conjunto com O depoimento do executivo sintetiza o panorama a distribuidora de refeições iFood geral do País, com o segmento de entrega de refei- ções registrando, havia anos, até março de 2020, cres- com vistas ao estímulo ao uso de cimento constante, embora lento. A partir de então, porém, a atividade explodiu, como efeito da pandemia embalagens com menos uso de plás- de Covid-19. Isso levou os principais fornecedores de matérias-primas (basicamente papel cartão e pape- tico pelo segmento. lão ondulado) a se aplicarem fortemente no súbito aumento da demanda. Vale destacar que na intensifi- Amando Varella, co-CEO e diretor de marketing cação do uso de embalagens para da Papirus, maior produtora de papel cartão com uso de material reciclado, diz que “a indústria nacional entrega de refeições o tema da suportou bem a pressão, graças a sua grande capaci- dade de produção”. Ele informa que para enfrentar o sustentabilidade sobressai, ao que forte crescimento da demanda a Papirus está investin- do 30 milhões de reais em sua operação, o que possi- lembra Tânia Sassioto, head de Pro- bilitará atingir uma capacidade de produção de 110 mil toneladas/ano de papel cartão (sem informar qual a jetos e Parcerias da eureciclo, uma produção atual). certificadora de logística reversa de Igualmente enfrentou a onda de pedidos a Suza- no, uma das maiores fabricantes de papéis da América embalagens. A empresa trabalha Latina e líder mundial na produção de celulose de eucalipto. Um dos traços mais expressivos dessa atu- garantindo que as marcas que a con- ação é a sustentabilidade, requisito que os usuários de embalagens para delivery, assim como os de recipien- tratam compensam ambientalmente tes em geral, consideram fundamental. ao menos 22% das embalagens Guilherme Melhado, da Suzano: Guilherme Melhado, diretor comercial da área colocadas no mercado (porcentagem mínima exigida parceria com o iFood para embalagens de Papel e Embalagem da Suzano, ressalta que a pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída recicláveis empresa fornece dois produtos para a conversão de recipientes que atendem essa exigência: o BluecupBio em 2010). Para ilustrar a “importante mudança de e o Loop. Tratam-se de papéis que, “além de mante- rem a qualidade da entrega do alimento, dão origem a mentalidade em empreendedores e empresários bra- embalagens recicláveis, renováveis e biodegradáveis”. A respeito do tema, Melhado cita a ação Embalagem sileiros quanto ao impacto de suas ações sobre o meio ambiente”, Tânia Sassito conta: “Entre 2019 e 2020 houve um incremento de mais de 90% ma rede parcei- ra da eureciclo. O número de clientes passou de 2 mil para 3,8 mil, e hoje contamos com mais de 5 mil par- ceiros em todo o território nacional.” E faz um sintéti- co balanço: “”Em 2019 compensamos 68 mil toneladas de embalagens; em 2020, 106 mil toneladas; e só no primeiro semestre de 2021 foram 147 mil toneladas.” Em resumo, a pandemia de Covid-19 mudou, está mudando e continuará fazendo mudar muita coisa em termos de comportamento da sociedade no futuro. Bluecup Bio, um dos papéis Uma delas, sem dúvida, é o universo das embalagens. biodegradáveis da Suzano A seguir, alguns exemplos de embalagens para delivery que deram certo. 8 set+out 2021
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EMBALAGEM OTIMIZADA A marca de gelatos Eisland, do Lati- de papel cartão certificado e uma fina cínios HT, de Santo Antônio do Pinhal camada interna de polietileno (PE), que (SP), preza pela sustentabilidade, com garante a proteção do produto e a cuidado em toda a cadeia, desde a integridade da embalagem. agricultura, pecuária leiteira e produção de gelatos. Por isso, adotou papel car- As vendas são feitas na loja da tão para suas embalagens de delivery. fazenda e na loja de São Paulo, que Produzida pela Fotoimpress, a emba- conta com delivery, normalmente de lagem ocupa um volume menor que os moto, a caixa deve suportar o trans- tradicionais potes e copos do mercado, porte e manter o produto até o con- economizando até 70% do espaço em sumidor, bem como ocupar de forma câmara frigorifica. A caixa de sorvete otimizada o espaço para aumentar a de 500 gramas contém mais de 95% eficiência da entrega. IDENTIDADE REFORÇADA Durante a pandemia, o restaurante sushi, a caixa mantém a temperatura e japonês Koi Sushi, de São Paulo, viu a protege até que o produto chegue ao oportunidade de criar uma embalagem consumidor. Tanto as cores do pantone que trouxesse aconchego ao cliente, quanto a forma e o tipo de abertura tanto em casa quanto no restaurante. da caixa tiveram papel fundamen- O formato da embalagem foi desen- tal no resultado final da embalagem. volvido pela Midiograf para reforçar a Sabendo que a cor age diretamente identidade do restaurante, por meio da no processo de venda dos produtos, a sensação de se estar em um ambiente gráfica optou por colocar o dourado na agradável. A caixa com tampa desli- parte interna, sugerindo a ideia de que, zante ajuda a evitar desperdício, otimi- ao abrir a embalagem, o cliente esta- za a ocupação de espaço e facilita o ria olhando para uma “joia”. A caixa é transporte, a utilização e a distribuição produzida com o papel cartão Ibema do produto. Com diferentes tamanhos Supera na versão 295 gramas, material para acondicionar perfeitamente o pensado para proporcionar alta rigidez. 10 set+out 2021
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CRIATIVIDADE QUE RESOLVE O conceito da temakeria Hype de que o alimento se deslocava na Temaki é premium, focado em qualida- embalagem quando posicionado na de, e a ideia é sair da “mesmice”. Jus- horizontal, de forma que os cubos de tamente por isso, as cores e os dese- peixe ou blocos de arroz desmonta- nhos da marca fogem dos padrões de vam durante o transporte. O conjunto cores de restaurantes japoneses. Para mantém sempre os temakis de pé, sem suas embalagens, os sócios queriam correr o risco de serem colocados em uma experiência de delivery diferente e posição inapropriada ou se movimen- melhorada. tarem durante o transporte. O berço comporta até três temakis e tem espa- A embalagem para delivery foi ço para uma lata de bebida. É feito desenvolvida pela Forma Pack. O kit com aproveitamento eficiente do papel para entregas tem sacolas com um cartão, de forma que a Hype pôde berço interno, pois uma das maio- padronizar todas as suas entregas em res reclamações dos consumidores um único formato. de temaki estava justamente no fato ARTE NO BOWL O Poke Garden foi criado com o definição. Já participaram do projeto objetivo de tornar o Poke um hábito Marco Antônio Fernandes e Luciano na rotina alimentar dos seus clientes. Martins. Porém, ideias inovadoras não reper- cutem de forma positiva se não esti- O bowl sextavado de papel cartão verem alinhadas com bons propósitos, tem ângulo de acesso para consumo sustentabilidade, menos desperdício semelhante ao da embalagem plástica e funcionalidade. Tudo isto foi leva- original. A peça é revestida com pro- do em conta no desenvolvimento da teção de gordura e umidade conser- embalagem bowl de papel cartão pela vando as características dos alimentos Gráfica Rosset. O plástico tradicional durante o processo de entrega em foi substituído por uma embalagem de domicílio (delivery). O bowl é entregue fontes renováveis e reciclável, fator fun- no restaurante desmontado, para que damental na decisão de compra dos ocupe pouco espaço na logística e consumidores que anseiam por reci- estocagem, e sua montagem é rápida pientes sustentáveis. O Poke Garden e fácil. Com um design exclusivo, tem criou o “Art Project”, em que incentiva semelhança estética e ergonômica e promove artistas plásticos e suas com o bowl tradicional, fazendo com obras, impressas nos bowls em alta que o consumo e a experiência do cliente sejam maximizados. 12 set+out 2021
FOCO NO CLIENTE O pastifício Pegoraro Fortunato, de molho. As sacolas têm dois tamanhos Cascavel (PR), desenvolveu uma linha (P e G) para que diferentes tipos de de embalagens focando na experi- produtos possam ser enviados em ência e apresentação do produto ao um só pedido. Ao fechá-las, é criado consumidor final. Por serem produtos um tipo de “estufa” para impedir que variados e possuírem propriedades físi- os alimentos percam a temperatura cas diferentes, cada alimento deveria durante a entrega. A embalagem sela- possuir uma embalagem específica da foi desenvolvida e projetada com para garantir segurança no armazena- tecnologia antivazamento. Ela conse- mento e no transporte. gue armazenar e aquecer alimentos que possuam líquidos ou molhos em A solução encontrada pela Gráfica seu preparo. As caixas para bolachas Tuicial foi utilizar as embalagens como caseiras ganham uma janela para que ferramenta de expansão do negócio. o consumidor consiga visualizar o ali- Muitos elementos culturais e tradicio- mento. O box para doces foi projetada nais da Itália foram utilizados no pro- pensando na experiência e possibilida- jeto, desde as cores da bandeira ita- de presentear. Por último, a cinta para liana, pontos turísticos e obras de arte pote de molhos foi desenvolvida para conhecidas mundialmente. completar e padronizar a linha. Para agregar mais valor aos produtos e tra- Foram desenvolvidas seis emba- zer a elegância e sofisticação para as lagens para diferentes produtos: embalagens, foram escolhidos acaba- duas sacolas para transporte, uma mentos como o hot stamping dourado embalagem selada, uma caixa para e fitas nas cores da bandeira Italiana. bolachas caseiras, um box para doces gourmet e uma cinta para potes de set+out 2021 13
ENTREVISTA FÓRMULA SUSTENTÁVEL COM APORTE DE MAIS DE 200 MILHÕES DE REAIS, LIV UP CRESCE COM MODELO DE NEGÓCIOS ONLINE E JÁ ATENDE MAIS DE CINQUENTA CIDADES BRASILEIRAS Henrique Castellani é co-fundador e CEO da foodtech Liv Up Afoodtech Liv Up – que “defende a comida boa 14 de verdade” – anunciou no final de setembro uma rodada de aportes com fundos de inves- timento no total de 230 milhões de reais. O objetivo é expandir os negócios para impulsionar o mercado onli- ne, que acaba de chegar ao Rio de Janeiro . Ao mesmo tempo, a Liv Up anunciou a compensação de 200% dos seus resíduos. Atualmente a Liv Up trabalha com cerca de 45 famílias de agricultores parceiros, no formato de “plantio dedicado”. Com isso, é possível cons- truir um relacionamento sólido e relevante com esses fornecedores, além de oferecer microcré- dito antecipado para desenvolvimento da pro- dução, pagamento a preços pré-fixados (o que apoia o planejamento financeiro do produtor) em “valores justos”. Segundo a empresa, com a forma de traba- lho de cadeia encurtada, sem o uso de muitos intermediários, é possível oferecer melhor remuneração aos produtores, além de entregar alimentos com preço mais competitivo aos con- sumidores. Com a expansão do portfólio, especialmente de vendas do mercado online e de alimentos frescos (in natura), a Liv Up aumentou em 50% a renda média dos produtores no último ano, o que totaliza um pagamento de 15 mil reais men- salmente por família. Henrique Castellani, CEO e co-fundador da Liv Up, explica nesta entrevista a Embalagem- Marca como funciona o modelo de negócio da foodtech e como é o relacionamento com os for- necedores – de alimentos e de embalagens. set+out 2021
Conte um pouco da história da Liv Up. Como surgiu e como foi o crescimento da empresa? “ESTAMOS SEMPRE A Liv Up surgiu em 2016 como uma alternativa para as pessoas que buscam EM BUSCA DE DESENVOLVER uma alimentação saudável, natural, orgânica e sem ingredientes artificiais, dentro NOVAS de um sistema mais inteligente e eficiente, que gera impacto nos consumidores e TECNOLOGIAS no mundo. Criada por Victor Santos e Henrique Castellani, filhos de engenheiros EM EMBALAGENS agrônomos que se dedicavam a assentar e desenvolver agricultores familiares, a JUNTO COM OS foodtech iniciou suas operações com a venda por delivery de alimentos congelados FORNECEDORES. na cidade de São Paulo. Com o aumento da procura, o negócio cresceu alinhado ao CADA VEZ MAIS desejo das pessoas de se alimentarem melhor, sabendo exatamente de onde vêm os A LIV UP TEM ingredientes consumidos. Com a ampliação da atuação, a companhia foi implemen- UTILIZADO tando cada vez mais a tecnologia para encantar os clientes, que podem encontrar os EMBALAGENS alimentos da Liv Up no aplicativo ou no site da empresa. ALTERNATIVAS, DE PAPEL, Hoje, a Liv Up conta com delivery de comidas congeladas, mercados online de BIODEGRADÁVEIS” produtos in natura (em funcionamento em São Paulo e implementação no Rio de Janeiro) e quatro cloud kitchens para delivery de comida imediata – pokes, saladas e pizzas. Em mercado online, ampliamos nosso portfólio para mais de 500 SKUs, estamos presentes em mais de cinquenta cidades no Brasil, além de contar com a colaboração de mais de 700 funcionários e parcerias com mais de quarenta famílias de agricultores familiares responsáveis pelo plantio de mais de 100 toneladas dos alimentos orgânicos com que trabalhamos, todos os meses. Ainda em 2021, esperamos aumentar nosso portfólio para cerca de 1000 SKUs e, dessa forma, a nossa atuação nacional, levando mais opções saudáveis para cada vez mais consumidores. Como funciona a relação com os fornecedores de matérias primas? set+out 2021 15
“NÓS NOS Um dos valores da Liv Up é fazer a coisa certa do jeito certo. Isso quer dizer que PREOCUPAMOS queremos causar impacto positivo em todas as etapas do nosso negócio. Nossa COM MANEIRAS relação com parceiros passa por alinhamento de valores e propósitos – procuramos DE MINIMIZAR OS sempre produtos ambientalmente responsáveis, feitos com o mínimo impacto ao IMPACTOS DA ambiente, sem aditivos artificiais –, e que gere valor para todas as partes. É uma ALTA PRODUÇÃO relação baseada em respeito, transparência e geração de valor. Nossos agricultores DE RESÍDUOS parceiros, por exemplo, recebem desde ae consultoria de agrônomos e agroecólo- SÓLIDOS E gos até micro financiamentos para desenvolvimento técnico e tecnológico. A Liv Up EMBALAGENS” preza pelo desenvolvimento dessas famílias e consequentemente das comunidades em seus entornos. 16 A Liv Up trabalha com uma cozinha central ou tem apoios locais? A cozinha central é em São Paulo, um imóvel dedicado à produção com 30 mil m² em Aldeia da Serra e uma área produtiva de cerca de 10 mil m². A Liv Up está presente em cinquenta cidades brasileiras, e para atender à demanda de forma ade- quada, entregando sempre alimentos frescos para os consumidores. Contamos com o apoio de catorze centros de distribuição (espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Bahia), além de quatro cloud kitchens em São Paulo. E como é o relacionamento com os fornecedores das embalagens? Acontece sob a forma de parceria. Estamos sempre em busca de desenvolver novas tecnologias em embalagens junto com os fornecedores. Cada vez mais a Liv Up tem utilizado embalagens alternativas, de papel, biodegradáveis. Todos os nossos lançamentos recentes são produzidos com materiais alternativos. Temos um time de sustentabilidade dedicado a desenvolver projetos de impacto e buscar novas soluções. Trocamos muito com os parceiros com o objetivo de desenvolver sempre possibilidades novas e mais responsáveis. Com que tipo de embalagem a Liv Up trabalha, além do papel? Quando utilizamos plástico, é o PE Verde, que é um polietilieno produzido a par- tir de cana-de-açúcar, um recurso renovável, em vez de petróleo utilizado no plásti- co comum. Essa é uma forma de diminuir a pegada de carbono da embalagem. A Liv Up tem o selo EuReciclo em suas embalagens. Como funciona o sistema de logística reversa da empresa? Desde a fundação, nos preocupamos com maneiras de minimizar os impactos da alta produção de resíduos sólidos e embalagens, e contamos com a parceria com o selo EuReciclo justamente para compensar o que produzimos. O nosso objetivo é compensar toda a geração de embalagens e hoje compensamos cerca de 200% delas, enquanto estudamos formas e projetos de logística reversa e compostagem. Durante a pandemia houve forte crescimento do delivery de alimentos. Como a Liv Up sen- tiu esse movimento? A Liv Up lançou diversos negócios nesse período para atender às novas deman- das do consumidor. Além de um mercado online com hortifruti, açougue, peixaria, mercearia, para a feira da semana, ainda lançamos delivery para consumo imediato de pizza, salada e poke. A empresa mais que dobrou de tamanho durante esse perí- odo, focada em atender as demandas e necessidades do consumidor em sua nova set+out 2021
rotina de fazer mais refeições em casa. A Liv Up trabalha exclusivamente com e-commerce ou pretende entrar Houve necessidade de novos investimentos? no varejo tradicional? Sim. Este ano recebemos aportes que tota- Hoje os produtos da Liv Up podem ser encontrados no app e lizam 230 milhões de reaias, para otimizarmos em site próprios. Mas estamos sempre antenados com as deman- e ampliarmos nossas operações. Com o aporte, das e necessidades do consumidor para levar comida boa de ver- vamos acelerar a nossa missão de ajudar as dade a cada vez mais pessoas. pessoas a comerem bem de forma prática, prin- cipalmente com acesso ao nosso mercado onli- ne – em funcionamento em São Paulo e início de operações no Rio de Janeiro. Com os novos investimentos também conseguimos ampliar o nosso portfólio – no início de 2021 contávamos com 200 produtos, e hoje já são mais de 500 sendo produzidos e comercializados. A Liv Up trabalhava exclusivamente com pratos ANUNCIO KRONES congelados, mas recentemente passou a integrar a plataforma do iFood com pratos para consumo imediato. Com isso, houve necessidade da criação de novas embalagens? Trabalhamos com refeições congeladas, alimentos como saladas e pizzas e temos um mercado online com categorias de alimentos, como hortifruti, açougue, padaria, mercearia além das refeições prontas. Em março de 2020, inauguramos o nosso delivery de saladas prontas para consumo. Em novembro de 2020 lançamos a submarca Brotto, nossa pizza 100% natural – com massa napolitana de fermentação lenta, ingredientes orgânicos com receitas desenvol- vidas por chefs. Desde que levou a operação de delivery para o Ifood, a Liv Up tornou-se um dos restaurantes de delivery saudável que mais cres- ce dentro do app. Em quais cidades a Liv Up opera? Há planos de expansão? Hoje atuamos em cidades como São Paulo, Jundiaí, Valinhos, Vinhedo, Campinas, Hortolân- dia, Paulínia, Santos, São Vicente, Praia Grande, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Sorocaba, Brasília, Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, Curitiba, Pinhais, São José dos Pinhais, Florianó- polis, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre e região metropolitana, Recife, Olinda, Rio de Janeiro, Ilha do Governador, Niterói e Salvador. Espera- mos expandir essa rede de atendimento. set+out 2021 17
PRÊMIO RECORDE D PARTICIPAÇ O Prêmio Grandes Cases de Embalagem bateu o recorde de inscrições em 2021 Neste ano, a cerimônia de premiação foi f de forma online Em 2022 estaremos juntos novamente em evento presencial Conheça os vencedores no canal yotube.com/embalagemmarca Acompanhe a cobertura completa na pró edição da revista EmbalagemMarca 15a edição 2021 18 jul+ago 2021
DE Platina ÇÕES Ouro Prata feita m Apoio Divulgação Educacional óxima Organização www.grandescases.com.br [email protected] jul+ago 2021 /gcembalagem @grandescases grandescases 19
REPORTAGEM DE CAPA VIDRO EM (F)ALTA CRESCIMENTO DA DEMANDA LEVA A DESABASTECIMENTO DE EMBALAGENS DE VIDRO NO MERCADO. FABRICANTES ANUNCIAM INVESTIMENTOS ROBUSTOS PARA AUMENTAR PRODUÇÃO POR FLÁVIO PALHARES Indústrias de alimentos e bebidas vêm sofrendo cervejeira nacional já tinha relatado a falta de garrafas 20 algumas restrições na produção por causa do desa- para envasar a produção, e logo depois as vinícolas bastecimento de embalagens de vidro. Os impac- também apontaram a dificuldade. Naquele mês, por tos são percebidos nas prateleiras dos mercados. Mui- exemplo, a Vinícola Aurora, que fica em Bento Gonçal- tas empresas tiveram de trocar suas embalagens – ou ves, na Serra Gaúcha, suspendeu a produção de suco potes para conservas ou garrafas incolores para bebi- de uva por alguns dias por falta de garrafas de vidro. das – por vidro verde ou âmbar ou por outros modelos Além da linha de suco, o envase de espumantes e do de frascos. Em alguns casos, houve até necessidade keep cooler sofreu interrupções pelo mesmo motivo. de suspender a produção de certos itens. O problema, notado por crescente número de consumidores, vem Deunir Argenta, presidente da União Brasileira afetando a indústria já há algum tempo, mas se agra- de Vitivinicultura (Uvibra), diz que os produtores vou durante a pandemia do novo Coronavírus. precisaram importar vasilhames da Argentina e do Chile para dar vazão à crescente produção nacional O ramo de bebidas foi o primeiro a ser afetado de vinhos. Por isso o mercado não chegou a ter falta pelo problema. Em novembro de 2020, a indústria de vinhos, mas ele conta que os preços poderiam ter set+out 2021
sido um pouco menores se não houvesse esse gargalo. Potes de vidro verde para conservas já são notados O consumo de rótulos nacionais deu um salto de 56% com facilidade no varejo. Rivoli preferiu esconder a durante a pandemia por conta da alta do dólar, que embalagem alternativa com rótulo termoencolhível. encareceu os vinhos importados. Na foto à direita, frasco incolor (à esquerda) divide Maurício Salton, diretor-presidente da Vinícola prateleira com o pote rotulado Salton, relata que a garrafa branca, como é chamado o vasilhame de vidro incolor, usado pela empresa para 21 o envase dos chás Grape Tea, tem sido a mais sensível em termos de disponibilidade. “Entretanto, temos conseguido mitigar maiores riscos. Existe um impacto menor na Salton porque temos um planejamento de longo prazo com os fornecedores,” ele explica. O executivo conta que no primeiro semestre deste ano a empresa redesenhou todo o planejamento, visualizan- do que poderia enfrentar dificuldades de suprimentos no segundo semestre em função do cenário geral. “Antecipamos compras para reduzir riscos, o que também facilita o planejamento operacional dos for- necedores. E temos trabalhado com um volume maior de estoque de segurança. Ainda tem alguns impactos pontuais, mas nada significativo.” A CERVEJARIA paulistana Tito Bier teve de suspender o envase por falta de embalagens. “O fornecimento de garrafas não está normal há pelo menos um ano. Já tivemos produções paradas entre agosto e outubro do ano passado por esse motivo. Há inconstância e não temos segurança se no próximo mês teremos disponibilidade do insumo”, relata Anto- nio Bicarato, proprietário da cervejaria. Ele conta que ainda enfrenta insegurança no fornecimento. “Para o médio prazo, estudamos outras opções de envase, mas é importante frisar que a falta de insumos para embalagens se dá para toda a cadeia, em maior ou menor grau e não espero que antes de 2023 isso se normalize completamente”. Os fabricantes de alimentos em conserva, grandes consumidores de embalagens de vidro, começaram a sentir o problema neste ano. Hoje é comum encontrar nos supermercados conservas como azeitonas, palmi- tos e picles em frascos e potes de vidro verde. A Conservas Janaína, de Mato Leitão (RS), foi uma das afetadas pela crise. Conforme um dos sócios da empresa, Alexandre Augusto Schmitt, em março foi percebida a falta do vidro incolor, porém desde junho houve um agravamento na distribuição desse tipo de embalagem para conservas. “É um conjunto de acontecimentos, que desde o fim do ano passado está levando à falta do vidro. Começamos a importar vidros da Argentina, mas lá também estamos tendo dificuldade de compra”, ele conta. A solução foi utili- zar potes de vidro verde. “Não tem muita escolha, é o único que tem.” A tradicional fabricante de azeitonas Rivoli trocou os frascos incolores pelos verdes, mas houve certa rejeição por parte dos consumidores. A solução encon- set+out 2021
a uma procura ainda maior pela bebida nacional. A nacionalização de algumas marcas de cerveja, antes importadas envasadas, também agravou o problema e, por fim, com o fechamento dos bares e restauran- tes, a tendência de substituição de garrafas retorná- veis por one way fez com que a demanda por vidro crescesse muito em pouco tempo, sem tempo para a indústria de embalagens de vidro reagir à demanda. Todos estes fatores somados levam a uma demanda bastante superior à oferta, neste momento.” Cepêra enfrenta problema de fornecimento desde o início O AVANÇO de determinados mercados tam- Antonio Bicarato, da Tito Bier: da pandemia e pensa em embalagens alternativas ao bém faz com que a demanda por embalagens de vidro produção suspensa vidro para suas conservas esteja em alta. “Há alguns anos, uma parcela conside- rável do mercado brasileiro de embalagens de vidro é Daniel Jekl, da O-I: déficit de trada pela empresa foi utilizar um rótulo termoenco- abastecida através de importações. O crescimento de embalagens para todos os produtos lhível que cobre todo o pote, escondendo a embala- alguns mercados como o de cervejas premium, vinhos gem verde. O rótulo – produzido pela Flexoprint – é e bebidas ready-to-drink muitas vezes tem superado Quintin Testa, da Verallia: difícil decorado com fotos das azeitonas. dois dígitos, o que fez com que a forte demanda trou- prever normalização do mercado xesse ainda mais desafios no que se refere a oferta”, Outra fabricante bem conhecida que sente na argumenta Jekl, da Owens Illinois. pele o problema é a Cepêra. De acordo com Ana Paula Maffei, gerente de pesquisa e desenvolvimento da O diretor geral da Verallia confirma que o desa- empresa, o problema se arrasta há quase dois anos. bastecimento de embalagens de vidro é generalizado, “Tivemos de alterar o tipo de pote que utilizamos, e mas vidro incolor tem a falta mais agravada. “Potes também migramos para o vidro verde”, ela diz. Ana para conservas, garrafas de ices e garrafas de vinho Paula informa ainda que a Cepêra teve de fazer ajustes também faltam no mercado. A cerveja também não nos volumes de produção e já pensa em embalagens consegue atender a toda a demanda no mercado alternativas ao vidro para as conservas. nacional”, informa Testa. Ele lembra que o mercado de vidro vem passando por grande transformação AS VIDRARIAS reconhecem o problema. De desde 2019. “No início da pandemia tivemos uma acordo com as duas maiores fabricantes de emba- queda nas vendas por dois meses – abril e maio – mas lagens de vidro instaladas no País – Owens Illinois e imediatamente a tendência de aumento da demanda Verallia –, a situação se agravou durante a pandemia. voltou e de forma mais intensa. Parece que a pande- “Há déficit de embalagens de vidro para todos os pro- mia acelerou o processo e a procura cresceu muito dutos, especialmente para bebidas e alimentos, cuja já no segundo semestre de 2020”. Para o diretor da demanda foi consideravelmente impulsionada durante Verallia, é difícil prever a normalização do mercado. a pandemia. A tendência do consumo em casa, que “Tudo indica que no ano que vem o País terá Carnaval já era uma realidade pré-pandemia, se materializou e sem restrições e a Copa do Mundo no segundo semes- ganhou bastante força, mudando o comportamento tre, ou seja, dois eventos que alavancam o consumo”, do consumidor, principalmente no que se refere à considera. qualidade do produto que está sendo adquirido”, diz Daniel Jekl, gerente de Marketing Americas South da O DESABASTECIMENTO também é provo- Owens Illinois (O-I). cado pela falta de planejamento interno de algumas empresas, acredita Lucien Belmonte, presidente da Quintin Testa, diretor geral da Verallia na América Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abivi- do Sul, reforça que a pandemia trouxe aumento de dro. “A demanda é maior que a oferta. Ocorre uma consumo, sobretudo dos produtos consumidos em falta de vidro que ficou evidente no final do ano passa- casa, como é o caso do vinho. “O consumo per capita do no mercado de cerveja. Uma indústria usuária pode de vinho aumentou 31% de 2019 para 2020, levando conseguir embalagem se conversar com as fábricas com antecedência. Existem formas de contornar o problema, mas se quiser fazer uma marca nova pra amanhã, bater na porta da fábrica e pedir vidro para o dia seguinte, não tem”, avisa Belmonte. Para combater a crise de abastecimento, as vidra- rias já anunciaram fortes investimentos. “Em março deste ano, divulgamos a instalação de um segundo 22 set+out 2021
forno na fábrica da Verallia em Jacutinga (MG), que pletamente o mercado de embalagens de vidro, por já tem previsão de funcionamento em 2022. Acredito trazer mais eficiência e agilidade ao processo”, adianta que a partir de 2023 seja um cenário mais realista em Daniel Jekl. termos de normalização. Além disso, o Grupo prevê adicionar nova capacidade no Brasil para crescer nos “O MAGMA (Modular Advanced Glass Manufac- mercados de segmentos de crescimento mais rápido turing Asset) foi desenvolvido e testado nos Estados do mercado brasileiro”, relata Quintin Testa. O investi- Unidos e na Alemanha com excelentes resultados. Em mento de 60 milhões de euros vai dobrar a capacidade resumo, o MAGMA é uma linha flexível de produção da planta, inaugurada em meados de 2019, dos atuais de vidro, modular e padronizada, que permitirá a 1,2 milhão de garrafas por dia para 2,5 milhões de expansão rápida da capacidade produtiva em incre- unidades. mentos menores quando comparados aos conven- cionais”, ele explica. “Trata-se de um novo modelo de A OWENS ILLINOIS também acaba de anun- forno, em tamanho menor do que os convencionais, ciar o aporte de 1 bilhão de reais na construção de que tem flexibilidade de transporte e instalação de duas novas fábricas no Brasil, uma no eixo Rio-São um ponto para outro. Essa tecnologia representa uma Paulo e a outra na região Sul. O investimento faz parte inovação revolucionária que ajuda a remover as res- de um pacote de 680 milhões de dólares que será trições históricas enfrentadas pelo vidro e permite um dedicado pela multinacional americana entre 2022 crescimento sustentável, mudando fundamentalmen- e 2024 ao aumento de produção em mercados que te o modelo de negócios do vidro. A previsão é que em enfrentam restrição de oferta e à introdução de uma 2023 tenhamos no Brasil três novas unidades MAGMA tecnologia que transforma o processo de produção do em operação.” vidro. Consultada pela reportagem de EmbalagemMar- “Teremos aqui a implantação de três linhas de ca, a Nadir Figueiredo, grande fabricante de potes produção com uma tecnologia totalmente disruptiva, para conservas, preferiu não participar da reportagem desenvolvida pela O-I, e que deve transformar com- por estar em processo de IPO (Initial Public Offering), para a entrada na Bolsa de Valores. set+out 2021 23
FECHAMENTOS AS ÁGUAS E O SOLO AGRADECEM TAMPA DE GARRAFA UNIDA À EMBALAGEM REDUZ EM TESE A POLUIÇÃO Ante o crescente clamor universal de pessoas rantes, sucos e bebidas lácteas). A empresa, que além e entidades ambientais – e, fazendo eco, de de uma unidade na Espanha mantém sua subsidiária governos e organizações globais – contra a Mirvi no Brasil, em Cabreúva (SP), anuncia o lança- degeneração do ar, do solo e das águas em consequ- mento da tampa Snap Clic Pelican. ência do mau uso de recursos e da poluição por deje- tos, sobretudo os plásticos, despontam mais e mais Trata-se de um acessório que fica unido à garrafa, ações destinadas a reduzir o malefício. Para citar um evitando a geração de resíduos de pequeno tamanho. único aspecto da tragédia. Basta lembrar que, segun- De acordo com o fabricante, a anexação da tampa ao do variados estudos. os plásticos representam 85% recipiente leva também à redução do uso de material dos resíduos marinhos, o equivalente a 150 milhões de em sua fabricação. O cálculo é de que pode diminuir toneladas desse material que terminam nos oceanos. entre 15% e 40% em cada unidade. Parte importante desse lixo todo é constituída por tampas e garrafas feitas de resinas termoplásticas, do A Snap Clic Pelican é desenhada para permitir qual cerca de 9% são tampas causadoras da morte de abertura completa de quase 270 graus, facilitando o um número incalculável de animais marinhos e aves consumo do conteúdo da embalagem. A abertura e o por tê-los ingerido. fechamento são fáceis, bastando para isso um clique para cada função. Como não se solta do recipiente, Uma das mais recentes iniciativas da indústria a reciclagem é, em tese, mais eficaz, pois abrange o do setor pera reduzir o volume dessa avalanche é da conjunto. O produto pode ser fornecido em qualquer espanhola Betapack, especializada em design e produ- cor, nos formatos 330 mililitros, 500 mililitros, 1 litro, ção de tampas plásticas para embalagens de líquidos 1,5 litro e 2 litros. São oferecidas alternativas para alimentares (água mineral, óleos comestíveis, refrige- embalagens destinadas aos públicos infantil e espor- tivo. 24 set+out 2021
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ECONOMIA CIRCULAR RECICLAGEM RECOMPENSADA EMPRESAS CRIAM PROGRAMA QUE DÁ BENEFÍCIOS A QUEM SEPARA MATERIAL RECICLÁVEL Um dos maiores entraves para acelerar a eco- mesmo, redução na conta de energia Ecoenel, projeto nomia circular é a logística reversa, ou seja, a da Enel para clientes que fazem o descarte correto de coleta dos materiais recicláveis após o consu- resíduos. Após o descarte dos resíduos dentro de uma mo. O desafio é engajar os consumidores no processo, ecobag, o Deixaki confere peso aos materiais e envia fazendo com que devolvam as embalagens vazias as informações ao sistema para que a conta receba as para o produtor. Para incentivar a devolução de emba- tricoins, calculadas por quilograma de resíduo entre- lagens usadas, Ambev, Colgate-Palmolive e Suzano gue. resolveram oferecer benefícios para aos consumi- dores. As empresas se uniram à Triciclo, empresa do Para acumular créditos, é preciso baixar o aplicati- Grupo Ambipar, no desenvolvimento de uma platafor- vo Triciclo, disponível nos sistemas Android e iOS. Ao ma que concede créditos a quem descartar materiais realizar o cadastro, o usuário tem acesso a uma opção reciclados, como vidro, alumínio, papel e embalagens de ecobag retornável para ser utilizada no descarte em geral. dos materiais no Deixaki. Para adquiri-la, o usuário deve se dirigir até um dos caixas dentro do estabeleci- A ideia é fortalecer a economia circular e diminuir mento onde está localizado o ecoponto e retirar a eco- a quantidade de materiais pós-consumo dispostos bag. E, a partir do mês de novembro, as ecobags serão em aterros sanitários, como vidros, papéis, plásticos e disponibilizadas diretamente no ecoponto. O Deixaki sucatas metálicas. possui três grandes gavetas disponíveis, separadas por tipo de material, cada uma com seu respectivo QR A Triciclo desenvolveu um sistema automatiza- Code a ser escaneado pelo aplicativo antes de realizar do drop ‘n’ go, conhecido como Deixaki, que gera o depósito. “tricoins” aos usuários, ou seja, créditos que são con- vertidos em descontos para bilhetes de transporte A população poderá descartar os materiais e rece- público, recarga de celular, desconto em livrarias e, até ber suas tricoins no ecoponto em forma de contêiner 26 set+out 2021
que está disponibilizado em São Bernardo do Campo, 27 cidade localizada na Grande São Paulo. Felipe Cury, sócio fundador e diretor executivo da Triciclo, empresa adquirida pela Ambipar e desenvol- vedora do sistema automatizado Deixaki, afirma que o projeto é inovador e promove a economia circular de resíduos pós-consumo, garantindo acessibilidade ao descarte de materiais complexos. “Nós acreditamos que iniciativas que engajam a população são fundamentais para construirmos, jun- tos, o futuro sustentável que queremos. Como uma empresa que tem sua essencialidade a partir de uma matéria-prima renovável, reciclável e biodegradável, temos buscado cada vez mais parcerias com empresas que estejam alinhadas ao nosso direcionador de gerar e compartilhar valor”, diz Fabio Almeida, Diretor Exe- cutivo de Papel e Embalagens da Suzano. Para a Gerente de Sustentabilidade da Ambev, Nayara Baccan, “entre as nossas ambiciosas metas ambientais, está o nosso compromisso de ter 100% dos nossos produtos em embalagens retornáveis ou feitos majoritariamente de conteúdo reciclado, até 2025. Para isso, a reciclagem é peça essencial nessa jornada e a participação do consumidor é fundamen- tal. Contamos com diversas iniciativas e ações neste sentido, sempre em parceria com o nosso ecossiste- ma. Somar mais este projeto para que o consumidor tenha acesso fácil a pontos de troca, em parceria com a Triciclo e outras empresas, é uma honra pela possi- bilidade de caminharmos juntos para um mundo mais sustentável”. “Na Colgate-Palmolive temos o compromisso global de até 2025 ter 100% de todo o portfólio feito de embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostá- veis. A nossa estratégia de sustentabilidade e impacto social tem o objetivo de obter a Certificação Lixo Zero para operações globais e a construção de 100% das novas fábricas com certificado LEED (para construções sustentáveis). Além das nossas iniciativas internas, a parceria com indústrias que tem como objetivo a busca por um futuro mais sustentável junto a socieda- de civil tem todo o nosso incentivo. Por isso, projetos que visam a diminuição de resíduos pós-consumo, como o Deixaki, são de extrema importância e estão alinhados aos nossos pilares”, destaca Nelson Malta, diretor de Marketing na Colgate-Palmolive do Brasil. O ecoponto de coleta permanecerá no supermer- cado Makro do município de São Bernardo do Campo (SP) por 12 meses, até outubro de 2022. As pessoas podem descartar uma série de itens, como materiais de vidro, alumínio, papel, papelão e embalagens em geral, de uso mais comum. Só não podem ser descar- tados no Deixaki resíduos tóxicos, madeira, objetos cortantes, lâmpadas, tintas, espelhos, cerâmica, iso- por, pilhas e baterias. set+out 2021
EMBALAGENS INTELIGENTES BOM PARA AMBOS OS LADOS COM SISTEMA NFC NOS RÓTULOS, CACHAÇA PREMIUM OFERECE SEGURANÇA E CONHECE HÁBITOS DE CONSUMO DO CLIENTE ACachaça Roma, de São Felix do Araguaia, no responsável pela inovação. A propriedade voltada ao Mato Grosso, é a primeira bebida do Brasil a agronegócio, às margens do rio Manso, afluente do incorporar em suas embalagens a tecnologia Araguaia, fica numa região de pesca esportiva, o que NFC (Near Field Communication), a mesma utilizada levou à exploração do lado turístico da região. Assim, em pagamentos por aproximação, uma versão mais nasceu o empreendimento hoteleiro Hotel Rancho do sofisticada do RFID, tecnologia de radiofrequência. A Matuto – Fazenda Roma, e na sequência, a Cachaça marca está usando as tags NFC Circus, da Avery Den- Roma, uma bebida premium. Pedroso explica que a nison, integradas aos rótulos pela plataforma CCLiD, ideia original de usar o NFC foi trazer rastreabilidade, da CCL, para aproximar os consumidores da marca e eliminando o risco de falsificação da bebida e ofe- também garantir a autenticidade do produto, já que a recendo segurança para o consumidor do produto. tecnologia agrega valor no controle de toda a cadeia A CCL, que fornece a tecnologia, ressalta que “esse de suprimentos. Cada garrafa é única, com um núme- ponto é essencial, já que a falsificação de bebidas é ro de série exclusivo. A etiqueta garante que o produto uma preocupação enorme não só para quem produz, é original, rastreado da origem até o ponto de venda. mas para quem consome também”. O engenheiro Rodrigo Pedroso, um dos proprie- No caso da Cachaça Roma, a certificação é apenas tários da fazenda Roma e criador da cachaça, foi o o começo da jornada. Com um smartphone, o consu- 28 set+out 2021
midor embarca em uma viagem à Fazenda, passando formação de embalagens, devemos garantir pela fabricação artesanal, pelas madeiras utilizadas e que a tecnologia não seja apenas econômica, pelo processo de fermentação lenta. mas também ofereça valor real para o consu- midor com uma disponibilidade consistente, Além disso, o sistema permite que a marca conhe- gerenciável, incluindo produtos adicionais, ça melhor os hábitos de consumo e ofereça uma série com conteúdo e serviços”, afirma a CCL em de interações diretas com o cliente. Assim, os pro- resposta a questionamento da revista Emba- dutos podem ser aprimorados, permitindo conhecer lagemMarca. “Somos capazes de encontrar melhor os gostos e desejos do consumidor. “A tecno- um equilíbrio entre eficácia de custo e funcio- logia ajuda a entender melhor os hábitos de consumo nalidade, portanto, a embalagem inteligente dos nossos clientes. Temos tudo dentro da Lei Geral tem o potencial de revolucionar a indústria de Proteção de Dados (LGPD), tomamos um cuidado e garantir que a embalagem mantenha seu enorme com isto”, ressalta Pedroso. “Nosso intuito papel no centro da experiência do cliente.” com a etiqueta com NFC é entender melhor onde está o nosso cliente, seus hábitos de consumo, para poder- AINDA DE acordo com a CCL, com o mos entregar um produto de melhor qualidade.” CCLiD integrado ao rótulo, cada garrafa é única, com um número de série exclusivo. Aos Apesar de a tecnologia estar em uso em uma olhos do consumidor, há a confiança da certi- bebida premium, a CCL garante que ela pode ser uti- ficação: a certeza de que o produto é original, lizada por qualquer produto, não necessariamente de rastreado da origem até o ponto de venda. Ao alto valor agregado. “O CCLiD pode ser combinado escanear produtos com chips NFC integrados na e operacionalizado tanto com tags de NFC quanto embalagem, os consumidores podem obter acesso com códigos 2D únicos impressos em cada produto a informações, instruções e inspirações para produtos aliados à segurança da nossa plataforma de software”, específicos, oferecendo uma experiência mais rica e com justifica a empresa. “Acreditamos que as embalagens muito mais informações do que poderiam ser demonstra- inteligentes sobreviverão como mais do que apenas uma novidade interessante. Nós, da indústria de trans- set+out 2021 29
das de outra forma. A embalagem inteligente pode BENEFÍCIOS DO USO DA desempenhar um papel significativo no aumento do TECNOLOGIA NFC envolvimento da marca ajudando a estimular a com- pra de produtos adicionais. 1. Rápido e fácil de usar: basta baixar um aplicativo; aproximar o telefone do produto; 5. Os proprietários das marcas As marcas também podem usar essa tecnologia para detectar quando um produto está prestes a atin- 2. Sem anúncios não solicitados ou podem abrir um diálogo individual gir o prazo de validade, ajudando os clientes a evitar pop-ups desnecessários; com os clientes, obtendo controle de o desperdício de alimentos, estimulando-os a usar o mercado e segurança; produto. Conforme a tecnologia se desenvolve, pode- 3. Dá um passo além na qualidade rão ser enviados alertas de notificação aos clientes da conexão entre marca e consumi- 6. Impulsiona a luta contra a falsi- que realizaram leituras, avisando que a validade do dor; ficação, por meio de segurança crip- produto irá expirar. tografada. 4. Compatível com quase todos os Fabiana Wu, gerente de RFID da Avery Dennison, smartphones, sem a necessidade de explica que a tecnologia de radiofrequência é muito conhecida no mercado como uma ferramenta para o COMO FUNCIONA controle de inventário, pois entrega aos seus usuários agilidade e acuracidade em seus processos, entre A solução de alta segurança, cação protegida de ponta a ponta, outros benefícios. “Adotada por grandes marcas e baseada na tecnologia de NFC (Near onde todas as partes envolvidas no lojas, ela também possibilita a entrega de melhores Field Communication) com frequência processo interagem entre si, garan- experiências ao consumidor final, principalmente com de 13.56 MHz, é a mesma dos meios tindo a o crescimento do e-commerce e o uso dos mais varia- de pagamentos, criptografada com autenticidade de todo o processo de dos canais de vendas ― o tão falado omnichannel. senha única e exclusiva para cada leitura. O RFID, como também é conhecida a tecnologia de etiqueta que é integrada aos rótulos Além disso, a solução conta com pro- radiofrequência, permite que a marca ou loja saiba e/ou outros tipos de embalagens. teção extra contra tentativa de des- exatamente o que tem em estoque e onde está o pro- Antes da integração, as tags de NFC coberta de senha por “força bruta”, duto que seu consumidor quer comprar, e dessa forma são previamente codificadas e cripto- onde após 7 tentativas consecutivas consegue entregar ao cliente uma ótima experiência grafadas com a tecnologia CCLiD em de falha de autenticação, a tag de de compra”, afirma Fabiana. uma gravadora especialmente desen- NFC criptografada com a tecnologia volvida para suprir as demandas em CCLiD é automaticamente inutilizada, “Uma tecnologia ainda não tão conhecida no alta velocidade. garantindo a segurança de todo o nosso mercado é a tecnologia NFC, também conheci- O aplicativo ou API para desenvolvi- processo e manutenção da inviolabili- da como ‘comunicação sem contato por proximidade’. mento da aplicação no APP do cliente dade do sistema. Assim como o RFID, as etiquetas de NFC possuem realiza a comunicação e decodifi- um chip próprio que dá uma identidade única e, dessa forma, cria-se o ‘gêmeo digital’. Acreditamos que, em set+out 2021 breve, todos os produtos físicos estarão conectados digitalmente e que as empresas construirão suas bases digitais para desenvolver relacionamentos cada vez mais profundos com cada consumidor”, esclarece a gerente da Avery Dennison. Fabiana conta que, ao mesmo tempo, marcas e varejistas serão capazes de reunir informações sobre o comportamento e as preferências do consumidor em detalhes, oferecendo experiências individualizadas e hiper personalizadas. Outra aplicação do NFC é dar autenticidade a um produto: com um simples toque do smartphone na etiqueta inteligente, pode-se contar a história de vida completa daquele produto, desde a origem até a prateleira (real ou virtual) e, quando combinado com um sistema de blockchain, garante-se a veracidade das informações nela contidas. Por isso, é também usado como uma importante ferramenta antifalsifi- cação. O consumidor, tendo acesso a esses dados de forma confiável e transparente, em cada etapa de seu processo, se conecta mais às marcas com as quais ele se identifica, aquelas que ele tenha um propósito em comum e, assim, desenvolve maior fidelidade a elas. 30
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ARTIGO DECORAÇÃO E PROTEÇÃO MAIS RÁPIDAS NOVA TECNOLOGIA DE CURA UV PERMITE ACABAMENTO SUPERVELOZ EM LATAS DE AÇO POR ANTONIO GALHARDO (*) Este artigo tem o objetivo de explicar, ainda que o desempenho do sistema fica comprometido. de forma sucinta, o significado da efetivação de Nos termos do acordo firmado com a Brasilata, um arcordo de tecnologia firmado entre a Acte- ga, com assistência da alemã Plasmatreat, e a Brasi- essa metalgráfica passará a utilizar a tecnologia Ope- lata, importante indústria de latas de aço, que resulta nair-Plasma, patenteada pela Actega. Nesse processo, em significativo avanço no acabamento interno e quando o plasma entra em contato com a superfície na decoração desse tipo de embalagem. Trata-se da metálica, a energia nele contida é transferida para o superação de um tradicional problema do setor, resu- substrato. Isso resulta em superfícies metálicas extre- mido a seguir, para melhor entendimento da solução mamente finas e limpas, que podem facilmente per- e das vantagens que traz para os fabricantes e para a mitir a adesão dos revestimentos UV e/ou tintas. indústria usuária. Com total suporte da Actega e da Plasmatreat, a A adesão e posterior desempenho dos revesti- Brasilata iniciou um projeto de desenvolvimento para mentos UV para latas, diretamente aplicados nos explorar tais vantagens. No processo de contato dos substratos metálicos, historicamente apresenta algu- revestimentos aplicados diretamente ao metal e do mas limitações. As propriedades da superfície daquele pré-tratamento do metal com plasma o envolvimento substrato, a natureza de sua superfície, assim como, de um fabricante de latas foi fundamental para dar no processo industrial, a presença de camadas de óxi- vida a todo o sistema. E isso foi concretizado não dos e produtos anticorrosivos ou óleo protetor cobrin- apenas no desenvolvimento em laboratório, mas em do metais em estado bruto podem colocar em risco a ambientes industriais reais, onde os benefícios de tal adesão do revestimento UV. Consequentemente, todo tecnologia poderiam ser facilmente validados. GANHOS NA FABRICAÇÃO Em relação ao que se tinha até a efetivação necessários no máximo 15 segundos para con- dessa tecnologia, as principais vantagens obti- clusão. Já revestimentos para sistemas de cura das são as seguintes: térmica precisam de pelo menos 20 minutos. CURA RÁPIDA EM MENOS DE 1 SEGUNDO - Sob ECONOMIA DE ATÉ 50% DE ENERGIA em com- radiação UV apropriada, os revestimentos UV paração com os sistemas convencionais de curam em menos de 1 segundo. Os revestimen- cura. tos para sistemas de cura térmica precisam de pelo menos 8 minutos. Comparando-se MAIOR SUSTENTABILIDADE - Com a baixa emis- o tempo total do processo de aplicação de são de compostos orgânicos voláteis (VOC). revestimentos para sistemas de cura UV são Para cada 100 quilos de revestimento UV as 32 set+out 2021
emissões de VOC e VOC+ flutuante médios para 33 o meio ambiente são reduzidos em 48% em comparação com revestimentos para sistemas de cura térmica. PEGADA DE CARBONO MENOR - Devido à ausência de formo, a linha de aplicação para sistemas de cura UV requer menos espaço em comparação com a linha convencional. PRODUÇÃO MAIS RÁPIDA E CUSTOS MENORES - A cura UV de uma camada base e uma ou mais camadas de tinta entre as prensas evita problemas associados à impressão wet on wet, o que por sua vez reduz o número de passos necessários na impressão multicores. VANTAGENS PARA O BRAND OWNER A seguir são apresentadas algumas vantagens que a tecnologia oferece às empresas usuárias de latas: - Suas marcas contribuem para a sustentabili- dade e reduzem a pegada de carbono - Os produtos em si são mais sustentáveis, devido à baixa emissão de compostos orgâni- cos voláteis (VOC) - Mais eficácia nos custos dos produtos - Entrega mais rápida dos produtos (*) Antonio Galhardo é Coatings Manager na Actega Premiata Especialidades Químicas SOBRE A BRASILATA - Empresa nacional espe- cializada na fabricação de embalagens de aço, presente há mais de 65 anos no mercado, com atuação nacional e internacional. Líder no segmento, caracteriza-se pela criatividade, destacando-se, entre outras inovações impor- tantes, o Fechamento Plus, sistema de abertura e fechamento de latas. SOBRE A ACTEGA - Integrante do grupo mul- tinacional alemão Altana, produz e distribui revestimentos especiais, tintas, adesivos e com- postos de vedação com focos, entre outros, na indústria de embalagens, além de gráficas e indústria médica. set+out 2021
Almanaque A invenção da lata cônica Leco, pioneira em cartonadas A lata de aço cônica (Tapered Can) retirando o excesso de ar e de O leite Leco, hoje marca da Vigor Europa, é agora adotada no Brasil foi desenvolvida na década de água para criar um bloco sólido. Alimentos, foi o primeiro no Brasil pela Leco, por ser considerada 1870 por duas fábricas de conser- Pouco depois, em 1875, John A. a utilizar embalagens cartonadas, a melhor embalagem do mundo vas de carne em Chicago (EUA): Wilson registrou a patente para a em 1961. Até então, o produto para leite”. A propaganda ressal- “Libby, McNeil e Libby” (Libby) lata cônica. O inventor explicou era envasado em garrafas de tava que a embalagem era mon- e “Wilson Packing Company”. que a carne deveria ser inserida vidro. Anúncios publicados na tada ao mesmo tempo em que o Até então, a carne compactada “por meio de um êmbolo através época exaltavam a tecnologia da leite era envasado, sem contato era acondicionada em latas cilín- de uma abertura na base maior. Tetra Pak, fornecedora da emba- manual. E também falava da pra- dricas, mas o produto final não Ele detalhou que para remover o lagem em formato de tetraedro ticidade para abrir: “basta segurar era atraente para o consumidor, conteúdo “a lata deve ser aberta (quatro faces triangulares): “Um uma das pontas e cortá-la”. porque era difícil de ser retirado na extremidade maior” e “quando litro exato no mais prático forma- Pouco mais de 20 anos depois, da lata, e só saía aos pedaços, for invertida, um leve toque na to... De uso comum nos EUA e na em 1974, a Leco inaugurou no com a ajuda de um garfo. As parte menor fará com que a carne mercado brasileiro a nova emba- empresas descobriram que as solida deslize inteira para fora da lagem longa vida de 1 litro em vendas aumentariam se um bloco embalagem”. “formato de tijolo” (a famosa de carne pudesse ser extraído e No final da história, as duas caixinha Tetra Brik). Anúncios cortado em fatias. empresas uniram suas patentes publicados pela Tetra Pak em par- Em 1874, a Libby depositou e em poucos anos seu processo ceria com a Klabin apresentavam a patente do seu processo de passou a dominar o mercado de o novo formato, “que não desper- compressão de carne enlatada, conservas de carne nos EUA. diça espaço na geladeira, mesmo que você ponha vários pacotes”. Patente da lata de aço cônica Na época, as embalagens flexíveis (à esquerda) e a embalagem de tipo “barriga mole” prevaleciam nas gôndolas de leite. De lá para carne compactada da Libby cá, as cartonadas dominaram esse mercado. Salmão só em lata cônica Tetraedro foi substituído pelo “tijolo” O salmão enlatado no Alasca só é comercializado em embalagens ALMANAQUE EM VÍDEOTFaimlippiinnahsahstdtpe:P//ebpist.ilqy/upaespespi-reomvocaram guerra civil nas cônicas, e o motivo é muito simples. O Alasca, onde muitas fábricas de conservas de salmão estão localizadas, não tem nenhum fabricante set+out 2021 de latas. As embalagens são enviadas para as fábricas de conservas de outros locais. Com o estilo cônico, as latas são empilhadas, como copos de papel, e não ocupam muito espaço. Isso as torna mais simplificadas para empa- cotar e reduz os custos de envio. 34
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Almanaque 36 set+out 2021
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