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EmbalagemMarca - edição 4 2021 - julho-agosto

Published by EmbalagemMarca, 2021-09-21 13:51:28

Description: EM 4-21

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Ano XXII • EM 4/21 ENTREVISTA: OLINDO CAVERZAN LUBRIFICANTES: SISTEMA DE RETOMADA DA CONSTRUÇÃO Jul+Ago 2021 JUNIOR, DA ÁGUA DE CHEIRO FECHAMENTO FACILITA CONSUMO CIVIL ANIMA O SETOR DE AÇO R$ 25,00 NOVOS RUMOS SETOR DE FLEXÍVEIS BUSCA DAR RESPOSTAS ÀS CRÍTICAS QUE VEM ENFRENTANDO NO CAMPO DA SUSTENTABILIDADE CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO ONLINE – 11/11



EDITORIAL PANDEMIA E MEIO AMBIENTE Wilson Palhares, Editor Certamente governantes em todos os níveis, bem como autoridades sanitárias em geral, têm no momento como uma de suas preocupações principais, se não a princi- “É DE ESTRANHAR pal, conseguir vacinas suficientes para imunizar a população do País contra a Covid- O ALARMANTE 19. No entanto, a pandemia e essa necessidade vital colocam um problema delas decorrentes SILÊNCIO EM que não nos parece estar recebendo a atenção que, em nosso entendimento, mereceria. TORNO DO DESCARTE DE Referimo-nos à questão do descarte pós-uso das milhões de embalagens do imunizante EMBALAGENS, e de objetos para aplicá-lo, como seringas, agulhas, luvas, algodão, álcool e seus respecti- SERINGAS, vos envoltórios No mundo inteiro (e mesmo no Brasil, apesar da insuficiência de doses), a aplicação das vacinas anticoronavírus gerou um inesperado volume de resíduos de difícil AGULHAS, LUVAS administração, dado seu potencial de contaminação, no caso de seringas e agulhas, e da pra- E OUTROS ticamente impossível reciclagem dos frascos, feitos de vidro especial, não reaproveitável para a confecção de recipientes regulares. ACESSÓRIOS USADOS NO Empresas especializadas no encaminhamento de tais resíduos têm apresentado métodos COMBATE À para isso, e afirmam em peças de divulgação que procuram manter entendimentos com enti- dades governamentais nesse sentido. Todavia, em buscas que fizemos nos canais de infor- PANDEMIA” mação disponíveis ao público, não obtivemos eventuais posicionamentos por parte daqueles que, em tese, deveriam dar respostas. Nossa conclusão é que ocorrem entraves na destinação desse manancial de dejetos em tese infectantes, considerando que na vastidão do território brasileiro existem postos de aplicação de vacinas em que sem dúvida não há locais adequados para descarte sequer do mais banal lixo urbano. É de estranhar o alarmante silêncio em torno do assunto, quando se nota, por exemplo, crescente preocupação de empresas, autoridades governamentais, ambientalistas e consumi- dores na questão da poluição de águas e do solo pelo descarte cada vez maior de embalagens flexíveis, como pode ser visto na reportagem de capa desta edição. Depois do estrago tran- sitório (que em algum momento acabará) causado pelo coronavírus à saúde humana, como será administrado o imenso rastro de materiais sanitários descartado? Confessamos que não temos sugestões a fazer, a não ser que o assunto se transforme em tema de debate em busca de soluções. Boa leitura. Até a próxima. EXPEDIENTE Publisher: Wilson Palhares ([email protected]) • Chefe de Redação: Flávio Palhares Publicação bimestral da ([email protected]) • Comercial: Marcos Palhares ([email protected]. Bloco Comunicação Ltda. br) • Diagramação: Hannah Nakazawa ([email protected] • Administração: Eunice Fruet Rua Carneiro da Cunha, 1192 ([email protected]) • Circulação e Assinaturas: ([email protected]) 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.

EM 4-2021 • jul+ago SUMÁRIO 3 EDITORIAL – É de estranhar o silêncio em torno ANUNCIANTES 6 do descarte de embalagens, seringas, agulhas e outros acessórios usados no combate à pandemia ABPLAST...............................................29 PRÊMIO – Como será a AHLSTROM MUNSKJÖ...................25 cerimônia do Prêmio Grandes ALL4LABELS...........................4a CAPA Cases de Embalagem AMR.......................................................... 11 BERICAP.................................................21 8 ECONOMIA CIRCULAR BST..........................................................29 Reciclagem enzimática CONGRAF.............................................31 pode se tornar realidade FLEXOPRINT........................................33 GRANDES CASES.................... 18 E 19 10 ENTREVISTA – Olindo Caverzan Junior, KRONES.................................................. 9 diretor da Água de Cheiro, fala do MLC.........................................................23 projeto de reestruturação da marca NOVELPRINT....................................... 13 PAPIRUS.................................................. 5 16 RECICLAGEM – Indústrias de calçados PE LABELLERS.................................... 15 trocam papelão ondulado por filme SIDEL.......................................................17 reciclado em embalagens de transporte SIG.............................................. 3a CAPA TNA.......................................................... 27 WHEATON............................... 2a CAPA 17 LUBRIFICANTES – Novos galões incorporam resina reciclada e evitam “soluços” na hora de verter o produto 20 LUBRIFICANTES 2 – Com novo sistema de abertura, embalagens da Gulf facilitam manuseio pelo usuário 22 REPORTAGEM DE CAPA – Cadeia de filmes plásticos apresenta alternativas biodegradáveis para embalagens flexíveis 28 AÇO – Retomada da construção 34 civil alavanca mercado de tintas imobiliárias – e de suas embalagens ALMANAQUE – A cerveja Schlitz e suas inovações em embalagens – Menstruação e publicidade – Chá Ribeira continua forte 4 jul+ago 2021



PRÊMIO TODOS JUNTOS: NÃO SERÁ A EXEMPLO DE 2020, EVENTO PRESENCIAL PARA ENTREGA DE TROFÉUS A GANHADORES EMBALAGEM NÃO OCORRERÁ EM FUNÇÃO DA PANDEMIA. ANÚNCIO DOS VENCEDORES POR MARCOS PALHARES Em 2020, tomamos uma difícil decisão. Preci- Olhando para a parte meio cheia do copo, samos cancelar a realização do que seria a 14ª conforma-nos o fato de que o formato online ajuda a cerimônia de entrega dos troféus destinados incluir profissionais de embalagem de todo o Brasil, aos ganhadores do Prêmio Grandes Cases de Emba- que não necessariamente têm disponibilidade para lagem, pois a pandemia da Covid-19 continuava a participar do evento presencial – seja em função avançar. Por cautela, e para manter os envolvidos em de dificuldades na agenda alongada, que inclui o segurança, precisamos experimentar, pela primeira tempo gasto com deslocamento e necessidade de vez, uma nova realidade: a transmissão online de um pernoite, seja pelos custos que isso representa. Este evento que pudesse expor ao mercado o êxito dos é, por sinal, o principal motivo para que já tivésse- projetos escolhidos pelos jurados. mos optado por manter a transmissão mesmo que o jantar pudesse ser realizado. O mercado brasileiro é No final, ficamos muito satisfeitos com o resul- amplo, diverso e extremamente capacitado em todas tado. O evento, adaptado à linguagem dinâmica de as regiões do país. A cerimônia, por um acaso geo- vídeo [veja aqui: bit.ly/cerimoniagce2020], ganhou gráfico, ocorre sempre em São Paulo, o que exclui, alcance que as treze edições anteriores nunca haviam ou ao menos dificulta, a participação de profissionais conseguido – foram mais de duas mil visualizações de outros estados. Nossa missão é fortalecer essa em pouco menos de duas horas após o encerramento presença regional, para que os resultados da premia- da cerimônia, número que praticamente dobrou nos ção representem com maior fidelidade o trabalho de meses seguintes. O retorno foi tão bom que decidimos uma indústria nacional, ampla e com muitas nuances manter em 2021 a transmissão online em paralelo como é a de embalagens. ao evento presencial que – acreditávamos naquele momento – realizaríamos este ano. Em 2022, temos convicção de que tudo estará melhor, e que novamente poderemos reunir para a Mas a pandemia prolongou-se, e em agosto – data cerimônia de entrega dos troféus, que já está agenda- limite que havíamos nos imposto para confirmar o da para 18 de outubro, no Centro Universitário Senac jantar de premiação – sentimo-nos na obrigação de, – Santo Amaro, em São Paulo. Nossa expectativa é a mais uma vez, cancelar a festa, restringindo-nos ao de que o evento seja muito mais do que o tradicional ambiente virtual. Colocaremos a energia para que a local para networking. Esperamos que, acima de tudo, transmissão online – a ser feita, como no ano passado, seja uma grande festa de confraternização, em que pelo canal da revista EmbalagemMarca no YouTube – possamos celebrar o momento em que o pior tenha seja ainda mais inovadora, dinâmica e informativa. A ficado definitivamente para trás. data já foi definida: 11 de novembro, às 19h. 6 jul+ago 2021

Á DESSA VEZ Platina Ouro S DO PRÊMIO GRANDES CASES DE S SERÁ FEITO EM TRANSMISSÃO ONLINE Prata SOBRE A CERIMÔNIA DATA: 11/11/2021 HORÁRIO: 19H00 youtube.com/embalagemmarca ATIVECAADSANSOTTRIEF-ISCEAEÇÕES Apoio Divulgação Educacional Organização [email protected] /gcembalagem @grandescases grandescases jul+ago 2021 7

ECONOMIA CIRCULAR RECICLAGEM ENZIMÁTICA PODE SE TORNAR REALIDADE GRANDES MARCAS GLOBAIS COMEÇAM A PRODUZIR PRIMEIRAS GARRAFAS DE PET COM USO DE TECNOLOGIA INOVADORA Um consórcio de marcas globais, formado pelas O anúncio feito no final de junho coroa quase dez empresas L’Oréal, Nestlé Waters, PepsiCo e anos de pesquisa e desenvolvimento da Carbios para Suntory Beverage & Food Europe, em coope- criar um novo processo de reciclagem de PET, utilizan- ração com a empresa de biotecnologia verde Carbios, do uma enzima que surge naturalmente em compos- realizou a produção bem-sucedida das primeiras gar- tos orgânicos e quebra as membranas das folhas de rafas de PET de grau alimentício do mundo produzidas plantas mortas. Ao adaptar essa enzima, que catalisa inteiramente com plástico reciclado com a ajuda de reações químicas, a Carbios ajustou a tecnologia e enzimas. Cada empresa produziu com sucesso garra- otimizou essa substância para quebrar qualquer tipo fas e frascos para alguns de seus principais produtos de plástico PET (independentemente da cor ou com- – Biotherm, Perrier, Pepsi Max e Orangina – com base plexidade) em seus blocos de construção, que podem na tecnologia de reciclagem de PET enzimática da então ser transformados em novas resinas, com quali- Carbios. dade virgem plástico. 8 jul+ago 2021

O processo de reciclagem de PET enzimático Para Roberto Vanin, diretor de P&D da Suntory patenteado da Carbios permite que uma ampla varie- Beverage & Food Europe, “a questão global dos resí- dade de plásticos PET sejam reciclados em rPET de duos plásticos requer pensamento transformacional, qualidade virgem e grau alimentício. Embalagens de parcerias criativas e marcas inovadoras se unindo para PET que não estavam aptas para ser recicladas – ou buscar novas soluções”. que só poderiam ser utilizadas para a produção de outros itens, como têxteis – agora podem ser trazidas A Carbios informou que vai licenciar a tecnologia de volta a um sistema circular contínuo de reciclagem. para fabricantes de PET em todo o mundo, acelerando E, segundo informa a Carbios, isso pode ser alcançado a adoção global da reciclagem enzimática para todos em alta velocidade – quebrando 97% do plástico em os tipos de produtos à base de PET. apenas 16 horas – 10000 vezes mais eficiente do que qualquer teste de reciclagem de plástico biológico até o momento, de acordo com artigo da revista científica Nature. Juntas, as empresas participantes do consórcio trabalharão para dimensionar essa inovação e ajudar a atender a demanda global por soluções de emba- lagens sustentáveis. Em setembro de 2021, a Carbios inaugurará uma planta piloto, e planeja apresentar uma instalação industrial com capacidade de 40.000 toneladas até 2025. O CEO DA CARBIOS, Jean Claude Lumaret, diz que a empresa conseguiu “uma inovação mundial, criando garrafas transparentes de qualidade alimentar com plástico colorido e complexo reciclado enzimati- camente com propriedades idênticas ao PET virgem” Jacques Playe, Chefe Global de Embalagem e Desenvolvimento de Produto da L’Oréal acrescentou que a companhia trabalha desde 2017 com a Carbios para desenvolver a primeira garrafa feita de PET deri- vado da tecnologia de reciclagem enzimática, uma alternativa à reciclagem mecânica. “Temos o prazer de anunciar a viabilidade dessas garrafas em uma fase piloto e estamos muito satisfeitos por podermos criar a embalagem do futuro com nossos parceiros”. Já o diretor de Ciência de Materiais de Embalagem e Sus- tentabilidade Ambiental da Nestlé Waters, Jean-Fran- çois Briois afirmou que “a qualidade dos protótipos de garrafas feitas de materiais PET reciclados coloridos é virtualmente idêntica ao PET virgem transparente. Quando atingirmos a escala industrial, esta tecnologia de reciclagem enzimática nos permitirá produzir gar- rafas PET de alta qualidade”. A reciclagem enzimática supera o problema da degradação na reciclagem convencional e pode ser usada em qualquer tipo de PET. Como o processo de reciclagem da Carbios funciona em condições amenas, ele também pode reduzir a pegada de carbono do tra- tamento de resíduos de PET, economizando 30% das emissões de CO2 em comparação com uma mistura convencional de fim de vida de incineração e aterro, levando em consideração a substituição da produção de PET virgem, de acordo com avaliação preliminar do ciclo de vida do processo de reciclagem de PET feito pela empresa. jul+ago 2021 9

ENTREVISTA CRESCER COM QUALIDADE E BELEZA ÁGUA DE CHEIRO, FUNDADA NA MESMA ÉPOCA DE O BOTICÁRIO E DE NATURA, SE REINVENTA PARA VOLTAR A SER PROTAGONISTA NO MERCADO DE PERFUMARIA A Água de Cheiro, perfumaria fundada em 1976 e criadora, entre outros produtos de renome, da icônica fragrância Absinto – muito popular nas décadas de 1980 e 1990 com a estratégia do “perfume proibido para menores” – está se rein- ventando. Depois por passar por severa crise de gestão, foi adquirida em 2016 pela Beauty Fran- chising, empresa do multinacional Grupo Narsa- na. Desde então vem passando por um processo de reconstrução da marca. O projeto, que come- çou pela reestruturação administrativa, passou pela repaginação das lojas e chegou ao redesign das embalagens. Os detalhes da trajetória de reedificação da Água de Cheiro, abordando um pouco da história da marca, foram apresentados pelo diretor da marca, Olindo Caverzan Junior, nesta entrevista à revista EmbalagemMarca. Há mais de dezesseis anos trabalhando com perfumaria, principalmente com mar- Desde 2016, quando passou a integrar o Grupo Nar- cas internacionais, Olindo Caverzan Junior é diretor da Água de Cheiro desde 2016, e está à frente do processo de reestruturação da marca sana, a Água de Cheiro vem passando por um pro- cesso de reconstrução. Como está sendo conduzido esse processo? A Água de Cheiro é  uma marca de perfu- maria e beleza que nasceu um ano antes de O Boticário, em 1976, e foi a primeira marca de beleza a atuar no segmento de franquias no Brasil. A marca fez muito sucesso, chegou a ser maior que O Boticário e que a Natura na década de 1980 principalmente, comecinho de 1990. Depois disso, mudaram os donos da marca, e foi quando algumas gestões desastrosas a leva- ram a para o declínio. Na última gestão anterior à nossa, que se encerrou em dezembro de 2016, 10 jul+ago 2021

a marca estava passando por um sério problema de gestão, onde faltava produto no “TEMOS ponto de venda. Foi feito um projeto de expansão acelerado, sem planejamento, que TRABALHADO EM culminou com uma grande crise dentro da marca. Foi então que o Grupo Narsana TODO PROCESSO comprou a Água de Cheiro, no dia 16 de dezembro de 2016. A partir de então temos DE REVITALIZAÇÃO trabalhado em todo o processo de revitalização e recuperação da marca. É um pro- E RECUPERAÇÃO cesso que durante os dois primeiros anos foi muito intenso, porque a marca estava DA MARCA. É sem suas características principais, os produtos não estavam sendo tratados da forma UM PROCESSO como deveriam, estavam descaracterizados. Perdeu-se o conceito. INTENSO” Nesses dois primeiros anos de gestão do nosso grupo trabalhamos na revitaliza- ção das lojas, desenvolvemos nova logomarca, novo layout de loja, reabastecemos os produtos que eram importantes para a marca e trabalhamos em paralelo em todo 0 processo de repacking de itens da Água de Cheiro mais o lançamento de novos produ- tos. Nosso trabalho começou por aí. Com a repaginação do logotipo e das lojas, houve um movimento de expansão da marca. Como isso está acontecendo? O nosso grupo tem mais de trinta anos, é especializado em beleza e em marcas internacionais. Eu estou no grupo há dezesseis anos. A nossa experiência é grande no segmento de perfumaria importada. Grandes marcas como Dolce & Gabbana, Lacos- te, Kalvin Klein, empresas como Coty, Procter & Gamble, passaram por nós aqui no Brasil. Fora isso nós temos a área de varejo de luxo e toda a toda operação da argen- tina Havanna, de alfajores, doce de leite e cafeterias. Nós temos experiência tanto no segmento de perfumaria quanto no segmento de franquia. Retomamos o processo de renovar a marca, de dar uma nova identidade, de comunicar coisas positivas. A partir jul+ago 2021 11

do momento que toda a estrutura de implantação e expansão, e o novo layout das lojas estava organizado, o abastecimento dos itens importantes e relevantes do negócio estavam normalizados, passamos para o processo de repacking de alguns produtos. Aí começamos pelo grande produto da Água de Cheiro, que é o Absinto. Ele hoje é o produto mais conhecido da marca. Sempre foi e permanece como carro-chefe da marca. É o “proibido para menores”. A rede de lojas chama de “Proibidão”, porque na época do lançamento pelo Ricardo e pela Bete Pimen- ta ele foi super bem sucedido. Eles criaram esse mito, inspirado na bebida absin- to, de que era proibido. Na época tinham menores de idade que iam nas lojas com cartinha de autorização dos pais para comprar o perfume. Foi algo super bacana. Esse produto carrega o nome da Água de Cheiro. Foi o primeiro produto que eu, com meu time de design, resolvemos mudar. Depois mudamos o Hydros, que é outro perfume muito famoso da Água de Cheiro, mudamos o Fresca, e transformamos a embalagem em uma ânfora, em formato de moringa. Frascos exclusivos fazem parte do novo A empresa aposta no design diferenciado de embalagens? Por que? posicionamento da Água de Cheiro Tudo que hoje está dentro da Água de Cheiro, ao contrário de quatro anos atrás, tem uma característica única. São moldes exclusivos, layout exclusivo. Tudo é pensado e tudo faz sentido dentro do portfólio. No ano de 2019 lançamos o novo pilar da marca, que é #self[ie], cuja embalagem tem o formato de garrafa de refrigerante. É um produto que está vindo para atender a expectativa do público jovem e renovar cada vez mais a marca. A gente se preocupou com o passado, porque é importante agradecer e é importante reconhecer os consumidores que foram firmes na Água de Cheiro desde 1976 e passaram por momentos turbulentos até agora. São pessoas que não desistiram, que gostam da marca. E é importante olhar para o futuro também. Precisamos de novos consumidores. Estamos nesse processo de transição. Todos os nossos produtos são desenvolvidos em parceria com as casas de fragrâncias internacionais, como Givaudan, Mane, Firmenich... Eu tenho uma experiência muito grande, fui um dos diretores do grupo RR de marke- ting de produto durante muitos anos. Comecei minha escola com desenvolvimento de produto dentro do grupo. Meu último contato com marcas, antes da Água de Cheiro, se deu no final de 2016, e trabalhei com todas essas marcas internacionais. Sempre entendi o quanto é importante ter um design bem feito, com uma história bem contada. Eu trouxe toda essa bagagem para o universo da Água de Cheiro. Consigo entregar hoje um produto que perceptivelmente tem um design igual – em alguns casos até melhor – que um produto internacional, mas ele tem um custo mais baixo. Nessa minha cami- nhada do ramo da perfumaria tive contato com a marca Moschino durante dois anos. A Moschino é conhecida pelo design irreverente. Fui eu que lancei o perfume em formato de spray limpador de vidro da Moschino, o Fresh. Sempre quis fazer algo disruptivo. Foi aí que surgiram as garrafinhas. Eu disse: vamos colocar um perfume den- tro de uma garrafa de refrigerante. No Brasil as marcas nacionais são muito engessadas, elas não saem da caixa em termos de emba- lagem. Eu amo, sou apaixonado por design. Gosto disso, e tem mui- tas coisas para acontecer nos próximos anos em termos de design. Linha #self[ie], uma das inovações da marca, traz Como funciona o desenvolvimento de embalagens da Água de Cheiro? embaklagens inspiradas em garrafas de refrigerante Há um departamento dedicado ou a criação é terceirizada? Nós temos uma agência interna sob minha gestão, que desen- volve toda a parte visual das embalagens. Com relação à parte de frascaria, tampa, tenho parceiros que desenham os moldes, mas 12 jul+ago 2021

a parte criativa parte toda da gente. Fazemos reuniões com todo o time, para Licenciamento de produtos é um captar as necessidades e realizar, pesquisar, e definir toda a parte de emba- dos braços do grupo que controla a lagem e frascaria, para poder entregar um projeto que faça sentido dentro daquele momento e da expectativa que está se querendo atingir com projeto. Água de Cheiro Voltando ao repacking de alguns produtos: qual a importância da embalagem no negó- cio da Água de Cheiro? É muito importante. A Água de Cheiro não é uma marca que vende produtos contratipados. É uma marca que nasceu junto com os grandes, com os gigantes da perfumaria, com a Natura, com O Boticário. Então, o que acontece? Dura- te muito tempo a Água de Cheiro concorreu diretamente com essas marcas. Quando falo de um produto como o Absinto não posso colocar em um frasco qualquer. O consumidor não quer isso. Ele quer viver a experiência. Então é importante ter um frasco que faça sentido com o conceito que está sendo colocado. Esse frasco tem de ser exclusivo. Tem de apresentar algo. Digo isso muito para meu time de criação. Isso por conta do internacional, vivi muito isso no internacional. Tem um produto que você usa e deixa explícito que você usa. Agora se você usa um contratipo, alguma coisa que tenha uma embala- gem feia, você deixa dentro da bolsa. Você está cheiroso, perfumado, mas não mostra pra ninguém o que está usando. Isso também acontece com batom. Às vezes a mulher está com a boca bonita, mas não mostra para ninguém o que está usando. Agora ,quando você está usando um produto que tem uma embalagem bacana, que tem um conceito legal, uma marca legal, você não tem vergonha de tirar da bolsa, principalmente a mulher. Isso é muito comum na perfumaria internacional. A pessoa diz que está usando, por exemplo, o 1 jul+ago 2021 13

Absinto, carro-chefe da Água de Cheiro, Million, do Paco Rabanne, mas não usa. Está usando um perfume que pagou recebe atenção especial nas embalagens baratinho. Isso é um problema? Não, mas a pessoa não tem orgulho de usar aquilo. Se eu não estou entregando uma embalagem adequada, se não estou 14 entregando um conceito legal, vou fazer com que meu produto fique dentro da bolsa, escondido. A mulher não tem medo de tirar um Maybelline da bolsa, ela não tem medo de tirar algumas marcas, a Avon mesmo, que é uma referência na maquiagem. Agora pega um produto chinês: ela pode até falar que está usando um batom Ruby Rose MAC, mas ela não vai passar o batom na frente das pes- soas. É a mesma coisa com perfume. Ninguém vai tirar da bolsa um frasquinho feio, que custou 20 reais. A minha impressão é que acontecia isso com a Água de Cheiro na época que os produtos estavam descaracterizados. Hoje você pode tirar um Absinto da bolsa com total orgulho e borrifar, e falar “isto aqui é Água de Cheiro”. Com a revitalização das embalagens houve alteração de preços ao consumidor? A nossa ideia desde o início era não mexer em preço. Os aumentos aconte- cem devido aos custos de inflação e movimentação do mercado, com variação de preços de matérias-primas, com alta do dólar. Existe a crise de matéria-prima no mercado, e isso tudo impactou em termos de custo, mas nós seguramos os pre- ços de muitos produtos. A ideia é entregarmos um design de qualidade por um preço justo. Eu nunca mais vou fazer um produto que usa só um frasco standard, quadrado, com uma tampa quadrada em cima. Se eu fizer, ele vai ter um sentido de ser dessa forma. Eu quero que meu produto seja bacana, que consiga fazer a pessoa não ter vergonha de usar. Isso é muito gratificante. O licenciamento de personagens, como Betty Boop e Pac Man, também foi levado para as embalagens. Como tem sido a reação dos consumidores? Nós temos dois braços. Eu cuido da Água de Cheiro mas também de toda a área de produto do grupo. Nós temos uma divisão de licenciamentos, de que sou o diretor, onde tem Forum, Everlest, Coach, Bety Boop, Lamborghini, Camaro, Corvette. É tudo desenvolvido por nós, desde conceito, fragrância, embalagem. Por exemplo, se você olhar na Jequiti, o Corvette fui eu que desenvolvi emba- lagem, conceito, produto, tudo. Temos uma relação de parceria com eles. E também Camaro e Ana Hickmann, e por aí vai. É muito legal trabalhar e transitar neste universo de licenciamento. Sempre fui muito ligado a esse universo de colecionáveis. Todo ano estou nas Comic Cons, adoro essas coisas. Em 2018 fiz uma parceria com a Capcom e lancei um perfume em formato de luva de boxe Everlast, do jogo Street Fighter. Fez um baita sucesso. Atingimos um outro públi- co, que é o gamer, jovem. Depois fechamos uma parceria com Betty Boop com a Forum, e virou um produto. Fizemos uma edição especial de Pac Man, que foi lançado em 2019 na Brasikl Game Show. Fizemos uma parceria no ano passado com a marca Ursinhos Carinhosos para o #self[ie]. A Água de Cheiro é nostálgica. O auge da marca foi 1980, 1990. Eu quis fazer uma conexão entre o antigo e o novo, e aí entrei em contato com a Brinquedos Estrela. Queria trazer o ursinho de vinil da década de 80. A Estrela tinha os moldes antigos, me cedeu, e conse- guimos produzir esses ursinhos e criar uns gifts para as garrafinhas. Foi demais. Saímos um pouco na frente, porque você está aliando um brinquedo – e não é um brinquedo qualquer, na verdade é um brinquedo para adulto – com um con- ceito. O resultado foi impressionante, tanto de vendas quanto de mídia espon- tânea. É legal transitar nesse universo, mas tem de tomar cuidado ao trabalhar com esse público “geek”, porque se você faz uma coisa que não reflete a verdade da marca, eles te queimam no mercado, e se você faz algo que claramente é um jul+ago 2021

aproveitamento de outra marca, eles também te queimam. Você 15 tem de transmitir verdade. Não é só pegar um licenciamento e colocar um rótulo. As pessoas estão antenadas nisso. A perfuma- ria nasceu e existe sob o alicerce de romantismo, sexo e poder. Às vezes a gente precisa ser um pouco mais leve. Às vezes a pes- soa não está querendo passar um perfume e arrumar alguém, às vezes não quer passar um perfume e aparecer um carro importa- do. A pessoa às vezes quer se divertir. Acho importante se conec- tar e conversar com esse perfil de público. E como é o contato da marca com o seu público-alvo? A gente se preocupa sempre com dois públicos. Eu quero atender a um público clássico, que procura a perfumaria clássica, e quero atender ao público que busca algo diferente. Então nós temos algumas novidades aí para os próximos meses e anos que desenvolvam a marca. Dentro de todo esse processo de reto- mada de negócios, de repacking de produto, estruturamos um projeto de expansão da marca e estamos sendo muito exitosos nesse processo. Estamos conseguindo construir uma rede nova de pessoas interessadas no que vai ser a marca, e hoje a média de abertura de ponto de venda por mês, mesmo em situação de pandemia, é de pelo menos três lojas por mês, e tem mês que nós batemos seis unidades de abertura de novas operações. Hoje são 147 lojas e mais 40 pontos de distribuição de revenda. Espe- ramos ultrapassar mais de 200 operações até o final do ano. A Água de Cheiro também lançou as lojas-contêineres no ano passado. Como funciona esse modelo de negócio? Nós lançamos isso no comecinho da pandemia. Ele funciona ou num ponto específico ou também pode rodar por regiões. É um projeto que ficou estacionado por conta da pandemia, mas a gente pretende lançar, e já tem pelo menos três operações ven- didas no verão desse ano. Com a aceleração da vacinação, com o processo de “normalização” da situação, a gente pretende reto- mar esse projeto, mesmo porque as pessoas vão querer estar na rua, então é um ótimo momento para um projeto como esse. Como a pandemia afetou os negócios da Água de Cheiro? Afetou não só o nosso mas o de todo mundo. Talvez não o de supermercados e farmácias... A gente estava em um processo, de 2016 a 2019, de arrumar um negócio, para que desse aquela decolada e a Água de Cheiro fosse novamente grande no terri- tório brasileiro. Mas os planos foram atrasados. Nós crescemos, nós seguimos fazendo, mas ainda não temos aquela aceleração que nós gostaríamos. Eu espero que no próximo ano eu consiga fazer o que estava planejado para execução do ano de 2000 e no ano de 2021. A minha expectativa é de crescer pelo menos 50% o número de rede e apresentar novos projetos, novos pilares. A gente vai apresentar o pilar de Água de Cheiro no Dia das Mães do ano que vem. É muito importante, com design e embalagem nova, a ideia que o ano de 2022 seja o ano que a gente decole de forma agressiva. jul+ago 2021

RECICLAGEM ALTERNATIVA PARA O MERCADO CALÇADISTA INDÚSTRIAS DE CALÇADOS SUBSTITUEM PAPELÃO POR Alguns players do FILME RECICLADO NAS EMBALAGENS DE TRANSPORTE mercado de sapatos começam a utilizar Entre as empresas que buscam apresentar plástico reciclado soluções circulares ao mercado está a gaúcha como embalagem Plastiweber, que atua com plásticos circulares. de transporte A empresa trabalha com plásticos recicláveis e reci- clados, entregando ao mercado embalagens feitas jul+ago 2021 100% com matéria-prima reciclada, como também com embalagens feitas com matéria-prima 100% vir- gem, mas que ao fim do seu ciclo na sociedade vol- tam para empresa para serem recicladas e voltarem novamente ao mercado. Assim atende a indústria alimentícia, de bebidas, home e personal care, pet food, moveleiro e agora também a calçadista. “Antes as caixas de calçado que chegam até o consumidor eram acondicionadas em uma grande caixa de papelão para a entrega no varejo, que ao receber seu pedido necessitava desembrulhar o pacote para a conferência e fazer o descarte da caixa de papelão. Com o projeto Green Packing toda a cadeia opera de forma mais produtiva e mais eco- nômica”, explica o diretor comercial da Plastiweber, Moisés Weber. De acordo com Weber, a indústria passa a acon- dicionar seus calçados em packs plásticos que garan- tem uma produtividade maior, elimina seu estoque de caixas, que requer investimento e espaço; elimi- nando também o capital de giro investido nas emba- lagens e reduz o volume no transporte dos pedidos. As caixas individuais são acondicionadas em múltiplos modulares, com o uso de filme termoen- colhível em máquina semiautomática, que alinha as caixas, envolvendo-as com o filme, que em seguida é encolhido termicamente. A solução já foi adotada por três indústrias calçadistas: Bibi, Pampili e Dakota. Segundo a Plastiweber, analisando os dados de uma empresa com produção diária de 14mil pares é possível notar uma eficiência produtiva de 75% e uma redução de 20% nos custos de transporte da produção. Isso porque ao utilizar os packs plásticos o processo passa a ser mais automatizado, tendo um grande ganho na produtividade, que chega a ser de três packs por minuto em uma máquina. 16

LUBRIFICANTES TUDO NOVO PETRONAS MUDA ESTRUTURA E VISUAL DE SUAS EMBALAGENS APetronas redesenhou suas embalagens de Tecnologia antiglug é novidade sustentável para atender às necessidades de vendas, lubrificantes no Brasil. O objetivo é atender em embalagens de lubrificantes utilização, transporte e estoque dos nossos clientes e às necessidades – do estoque aos pontos de parceiros estratégicos”, explica Rogério Lüdorf, diretor venda – de seus clientes e parceiros. O design dos de Excelência Comercial e Marketing Américas da Petro- novos galões é mais prático, mais limpo e alinhado nas. “O novo design melhora a comunicação visual da entre todas as litragens. As embalagens foram otimiza- marca, criando um padrão global e dando destaque às das para facilitar o manuseio, especialmente na versão principais informações do rótulo”. de 20 litros, e incorporam a tecnologia antiglug: uma estrutura no pescoço dos frascos de 4 e de 20 litros que O desenvolvimento foi feito em parceira com a evita que o lubrificante espirre durante o uso, além de Logoplaste, que instalou uma fábrica ao lado da Petro- facilitar a entrada do ar e melhorar a experiência do nas em Contagem (MG). consumidor. Os galões passam a ser multilayer, e incor- poram plástico reciclado. “A Petronas reformulou as embalagens de seus principais produtos utilizando alta tecnologia e inovação 17 jul+ago 2021

CONHEÇA VENCEDO Dia 11/11/2021 Os vencedores do Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2021 serão anunciados em uma inovadora cerimônia online, transmitida pelo canal da revista EmbalagemMarca. Inscreva-se no canal youtube.com/embalagemmarca e ative as notificações 15a edição 2021

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LUBRIFICANTES ABERTURA FACILITADA NOVO SISTEMA DE VEDAÇÃO DE EMBALAGEM PARA ÓLEO AUTOMOTIVO DISPENSA USO DE UTENSÍLIOS PARA ABERTURA Quem já precisou trocar o óleo do carro já se uma ferramenta importante contra a falsificação”. deparou com uma dificuldade: a abertura do Além disso, a nova tampa possui dupla proteção, frasco do lubrificante. Para garantir a integri- dade do produto e evitar vazamentos, o selo utilizado mesmo após o rompimento do lacre, o que garante nessas embalagens utiliza um adesivo com alto poder maior barragem a vazamentos, e possibilita a dosa- de colagem, o que dificulta sua abertura. Assim, é gem do produto sem respingos. A nova tecnologia necessário o uso de algum utensílio – como faca ou está em toda linha de lubrificantes Gulf no Brasil. chave de fenda – para descolar o selo. “Com certeza, sempre que aumentarmos nosso por- tfólio utilizaremos essa nova tecnologia”, ele diz. Agora a Gulf do Brasil, produtora de lubrifican- tes, resolveu essa questão com um novo sistema de O executivo da Gulf conta que a utilização do selo fechamento e selagem, desenvolvido em parceria com RPL é pioneira no mercado nacional de lubrificantes a Bericap do Brasil. A principal novidade das emba- automotivos, e que o desenvolvimento da tecnologia lagens da empresa nesta embalagem é o sistema de foi “relativamente rápido”. “Entre a apresentação fechamento da tampa utilizando o selo Ring Peel Liner da nova tecnologia e o lançamento no mercado, em (RPL), que permite ao consumidor abrir o frasco do março de 2021, foi decorrido aproximadamente um produto sem a necessidade de utilizar algum objeto ou ano, o que consideramos um prazo excelente”, finaliza ferramenta. Moura. De acordo com Weines Moura, Gestor de Projetos e Marketing da Gulf do Brasil, as embalagens da marca passam a ser “user friendly”. O selo de vedação possui duas camadas, uma de alumínio e uma de plástico. A camada superior – de plástico, tem uma espécie de anel, que é levantado e ajuda na abertura da embala- gem. “O sistema com a nova tecnologia traz diversas vantagens, sendo a principal delas a funcionalidade, já que a retirada do selo é simples e intuitiva”, pontua Moura. “Além da diferenciação da marca no mercado, o selo pode ser impresso com várias cores e mais holo- grafia, o que se torna Selo facilita a abertura, que é feita de forma intuitiva e sem esforço 20 jul+ago 2021

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FLEXÍVEIS FLEXÍVEIS COM FLEXIBILIDADE SOB PRESSÃO DA ONDA PRESERVACIONISTA DO AMBIENTE, A CADEIA DE FILMES PLÁSTICOS DE EMBALAGEM PROCURA ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO E DE USO POR FLÁVIO PALHARES Situadas no miolo da onda crítica ao uso de a viabilidade da reciclagem, como é o caso de recente 22 embalagens plásticas, indústrias fabricantes e lançamento conjunto da Antilhas Embalagens Flexí- usuárias de recipientes feitos com filmes flexí- veis e da Braskem; e, o que tem ganhado força mais veis – majoritariamente à base de resinas termoplásti- recentemente, o uso de resinas que sejam biodegra- cas – vêm buscando com crescente intensidade alter- dáveis (incluindo-se opções compostáveis). nativas mais amigáveis ao ambiente. O que a cadeia de valor da embalagem procura é dar à sociedade uma A vasta gama de opções mostra que ainda não há resposta à cada vez mais inflamada demanda pelo uso um consenso sobre qual caminho é o mais adequado mais racional, menos danoso à natureza, de invólucros quando se trata de redução de impactos ambientais. após seu uso, sobretudo dos flexíveis, dadas as dificul- Simplificação de estruturas e redução de espessura, dades e o baixo retorno financeiro de sua reciclagem. desde que mantidas as propriedades técnicas de pro- teção, evidentemente são rotas necessárias. Avaliar a Trata-se de um movimento abrangente, que vai pegada de carbono é outra métrica importante. Subs- desde a obtenção de avanços tecnológicos até a pos- tituir algumas aplicações por embalagens produzidas sível substituição de plásticos por outros materiais, com matérias primas renováveis é mais uma alterna- como papel e filmes celulósicos. Nessa discussão, no tiva que encanta alguns brand owners. A biodegra- tocante a embalagens, predominam algumas tendên- dação e a compostabilidade, por sua vez, têm apelo cias básicas, como a diminuição da área e redução da pela eliminação de resíduos, mas tornam ainda mais espessura (“downgauging”), mas sem perda de eficá- complexos o descarte e a triagem dos materiais pós- cia, principalmente de barreiras, o que já vem aconte- -consumo. Como se vê, há hoje um leque de opções cendo com certa frequência nos últimos anos; flexíveis que oferece muita flexibilidade para que os brand com estruturas simplificadas, que não comprometam owners respondam aos apelos da sociedade. O proble- jul+ago 2021

ma é que, em alguns casos, essas escolhas podem ser meses. Veja a seguir algumas iniciativas nessa direção: Planta da EMR conflitantes. recém inaugurada CANA DE AÇÚCAR – A ERT surgiu há doze anos Vistos como vitais para o avanço de muitas das como uma startup na Clemsom University, na Carolina em Curitiba (PR) soluções buscadas pela cadeia de flexíveis, os revesti- do Sul (EUA). Há dois anos, iniciou uma pesquisa com mentos capazes de dar barreira (a umidade, gordura, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) focada no oxigênio e outros elementos que comprometem a desenvolvimento de polímeros fabricados a partir integridade do contweúdo envasado) sem comprome- do bagaço de cana-de-açúcar. Atualmente, a produ- ter o processo de reciclagem são, atualmente, foco de uma grande corrida tecnológica nessa indústria. Nesse caminho, aumentam também os investi- mentos de empresas que produzem matérias primas que possam atender a essa demanda. Um exemplo é a Earth Renewable Technologies (ERT), que acaba de inaugurar em Curitiba (PR) a primeira planta industrial da América Latina focada na produção de plásticos com base de biopolímeros biodegradáveis que produ- zirá em território nacional uma solução alternativa a plásticos derivados de petróleo com fim de vida bio- degradável. São os plásticos de base orgânica, feitos a partir de materiais renováveis, que oferecem a marcas de todos os segmentos a possibilidade de substituir suas embalagens plásticas tradicionais por outros recipientes plásticos para qualquer uso e em qual- quer formato, mas tendo em comum o fato de serem totalmente funcionais, que se degradam em até seis jul+ago 2021 23

ção utiliza a cana-de-açúcar inteira. A estimativa da postável em até 180 dias quando em contato com empresa americana é de investir até 2025 cerca de 50 micro-organismos, e cumprem com padrões ameri- milhões de dólares no Brasil, criando 160 empregos canos e europeus, são elaborados com recursos reno- diretos. váveis não-OGM e oferecem as barreiras de proteção necessários para uma grande variedade de produtos”, Segundo a ERT, sua fibra patenteada – intitulada ressalta Veruska Rigolin, gerente de vendas da Futa- Short Fiber Reinforced Polymer (SFRP) – é a primei- mura no Brasil. Os filmes aceitam os processos de ra tecnologia capaz de modificar drasticamente a impressão tradicionais e digitais. performance de biopolímeros e entregar aplicações antes desconhecidas para estes materiais. “Nossa O Natureflex é encontrado nas versões transpa- solução única entrega propósito e sustentabilidade às rente e metalizada. Pode ser usada monocamada ou marcas. O Brasil é um campo promissor para nossa laminado com ele mesmo, com papel ou com outras atuação e para a expectativa de nos tornarmos líderes tecnologias compostáveis. “O Natureflex tem uma no segmento de biopolímeros”, explica Kim Gurtens- excelente barreira a gordura e a gases e uma barreira ten Fabri, CEO da companhia. A ERT tem uma linha controlada a umidade que vai depender da neces- de quarenta produtos voltada para filmes flexíveis, sidade do cliente. Ele também não sofre estática, o englobando diversas aplicações, como sacos, sacolas, que ajuda muito na selagem de alimentos em pó”, coating e embalagens para alimentos, dentre outros. explica Veruska. “A grande vantagem das embalagens A tecnologia de formulações da ERT permite que os flexíveis biodegradáveis encontra-se no âmbito sócio- compostos sejam processados em extrusoras conven- -ambiental, visto que são feitas a partir de matérias cionais destinadas a plásticos de origem petroquímica, primas renováveis e são compostáveis no seu final de sendo necessárias apenas pequenas alterações nos vida, permitindo a geração de pegadas de carbono parâmetros de processamento. mais baixas, o que reduz a emissão de gases do efeito estufa e outros componentes responsáveis pelo agra- “Para filmes monocamada, o composto FC 45140 vamento climático, além de resultar na redução do oferece excelente resistência mecânica. Para aplica- acúmulo generalizado de lixo no planeta”, completa ções que possuem maiores requisitos técnicos em Kim Gurtensten Fabri, da ERT. termos de barreira a gordura, umidade e gases ofere- cemos uma solução de filme multicamada em parceira “NOVAS FRONTEIRAS” – Outro fabricante que com a Futamura, uma combinação entre os compos- está disponibilizando filmes biocompostáveis à base tos da ERT e a resina NatureFlex”, conta o executivo. de celulose para embalagens flexíveis é o Grupo FR FILMES DE CELULOSE – NatureFlex é a linha de Embalagens. “Embalagens inteligentes e sustentáveis filmes à base de celulose da Futamura que oferece são as novas fronteiras do setor alimentar”, afirma uma alternativa proveniente de fonte renovável aos Roberto Salgado, diretor da empresa. “Entretanto, plásticos tradicionais à base de derivados do petróleo. um difícil desafio, no qual se requer garantir elevada “Nossos filmes têm certificação de produto com- Exemplos de uso de filmes compostáveis: embalagens de salada e de sorvete, com material da Futamura 24 jul+ago 2021

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segurança alimentar, é manter inalteradas as pro- cional SCS Global Services com o selo “Recycled Con- priedades organolépticas e aumentar o shelf life dos tent’. Essa certificação atesta que o filme possui, no alimentos, ao mesmo tempo que a embalagem deve mínimo, 30% de poliéster reciclado pós consumo em simplificar seu fim de ciclo útil sem contaminar”, ele sua estrutura. Os filmes da linha Ecophane já haviam pontua. “Todos os nossos filmes biocompostáveis sido aprovados pela Anvisa no Brasil para contato dire- base celulose, sejam eles laminados com outros filmes to com alimentos, e nos Estados Unidos e na Europa biocompostáveis ou não, de acordo com as caracterís- pela FDA e EFSA, respectivamente. ticas e necessidades de cada produto a ser embalado, possuem barreira a umidade, gordura e gases”, explica Com muitas vantagens em termos de custo e o executivo. Salgado assegura que o filme biocom- redução de materiais, é de se esperar que as embala- postável oferecido pelo Grupo FR Embalagens possui gens flexíveis continuem a ganhar adeptos no merca- ampla maquinabilidade, sem nenhum tipo de limita- do de bens de consumo, inclusive com potencial de ção aos diversos tipos de embalagens que podem ser ganhos em termos de sustentabilidade. Na prática, formatados. Ele diz que o filme da FR pode ser usado contudo, há muito que avançar, especialmente no para a produção de embalagens de vegetais congela- que se refere aos impactos pós-consumo – que são, dos, camarão e peixes congelados em geral, snacks, justamente, os percebidos pelo público geral, causan- barras de cereais, balas e chocolates, e sacos de café do a pressão sobre as marcas que vêm estimulando a com alta barreira a umidade e ao oxigênio, entre cadeia produtiva a buscar soluções. outros produtos, e tem 100% de barreira para termos- selagem em bandejas para produtos com atmosfera Mas há pontos que merecem ser olhados com modificada. mais atenção pelas marcas, e que hoje ficam “escon- didos” em etapas intermediárias de produção. É Salgado lembra que a FR Embalagens recente- preciso entender, por exemplo, a pegada ambiental mente firmou parceria com o Grupo Campanha/JFC de processos como a impressão e a laminação dessas para fornecimento de filme biocompostável para embalagens, e avaliar quais as concessões que podem embalagens com atmosfera modificada passiva para ser feitas (em termos de aspecto visual e custos, por saladas, impresso com tintas biocompostáveis da exemplo) para caminhar ainda mais rápido em direção Huber Group. De acordo com o fabricante, esses fil- a boas soluções. mes compostam em até 180 dias. Nada vai ser suficiente, contudo, se não se avançar É importante ressaltar, porém, que para que muito na identificação, na triagem e na reciclagem dos a embalagem biodegradável cumpra sua função e resíduos pós-consumo. E isso, naturalmente, requer realmente se degrade de forma natural, precisa ser que se avance também na educação ambiental dos descartada corretamente. De acordo com estudiosos consumidores. Há, portanto, um longo caminho a ser do tema, essas embalagens devem ser encaminhadas trilhado. Estamos apenas no início da caminhada. para o lixo orgânico ou composteiras industriais. ALÉM DA CELULOSE – A Terphane, fabricante de ALTERNATIVA NATURAL filmes PET (poliéster), oferece uma opção de filmes biodegradáveis na sua linha Ecophane. A decomposi- Uma alternativa para embalagens embalagem, e pode ter contato com ção desses filmes, segundo a companhia, ocorre em flexíveis que está há alguns anos pre- produtos alimentícios atendendo as aterros sanitários, transformando-se em fertilizante sente no mercado brasileiro é ofere- RDC´s nacionais e a legislação Inter- natural. O filme se degrada completamente num cida pelo Nathural Group, fabricante nacional, para confecção de embala- período médio de quatro anos, sempre em condições de barreiras base água para papel. A gens para diversos tipos de produtos anaeróbicas. Os aditivos utilizados no Ecophane solução de “ECOP SEAL 900810” con- como sorvetes, massas, biscoitos, cafés, biodegradável são 100% orgânicos, compostos por fere barreira a umidade e a gordura cereais e outros, além de peças téc- matérias-primas não tóxicas, e a propriedade de e garante selabilidade das embala- nicas industriais.” Laura explica que o biodegradabilidade está ligada à estrutura química gens. “Já estávamos acompanhando produto à base de água é isento de do polímero. “O desenvolvimento da linha Ecophane o mercado internacional quanto a este fluorquímicos e PVDC. “No desenvolvi- não vai ao encontro apenas das métricas de susten- tipo de produto, que está em nosso mento pesquisamos matérias primas tabilidade estabelecidas pela Terphane, mas atende portfólio desde 2009”, esclarece a quí- desde a sua origem até o processo a uma busca dos brand owners que querem associar mica industrial Laura Sanchez Sanchez, final de descarte da embalagem, para suas marcas e produtos a embalagens cada vez mais proprietária da empresa. “Quando que fosse amigo do meio ambiente”, sustentáveis”, diz André Gani, Diretor de Vendas e aplicado ao substrato, confere recicla- ela esclarece. Marketing da empresa. bilidade e compostabilidade para a A Terphane também tem a linha de filmes da linha Ecophane com PET PCR (reciclado pós consumo), que recentemente foram certificados pela agência interna- 26 jul+ago 2021

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AÇO CONSTRUÇÃO CIVIL ALAVANCA MERCADO DE LATAS DE AÇO TINTAS IMOBILIÁRIAS E jul+ago 2021 DECORATIVAS DEVEM VENDER MAIS DO QUE O ESPERADO NESTE ANO, FAZENDO PROCURA POR EMBALAGENS DE AÇO CRESCER. RETOMADA DO MERCADO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E AUMENTO DE REFORMAS REGISTRADO DURANTE A PANDEMIA ANIMAM O SETOR 28

Mesmo em meio ao dramático quadro decor- 29 rente da pandemia da Covid-19, alguns seto- res produtivos vêm atravessando bem a crise econômica que, ao lado do estrago social (com mais de 600 mil óbitos causados pelo coronavírus), atinge o País desde fevereiro de 2020. Um deles é a indústria de material de construção e, dentro dela, o de tintas imobiliárias/decorativas. Os reflexos são sensivelmen- te positivos na área de embalagens, especialmente na de latas de aço. Com as encomendas de produtos para o setor imobiliário em aquecimento, diferentes previsões indicam que as expectativas iniciais de vendas de materiais a ele destinados, com destaque para tintas, podem ser superadas. Em maio último o comércio de material de construção subiu 35,8% em relação ao mesmo mês de 2020. Essa expansão resulta sobretudo de lançamentos de imóveis residenciais, que levaram à abertura de canteiros de obras por todo o País. Ao mesmo tempo aumentou o consumo das famílias para reformas e ampliação de suas casas, em boa parte impulsionadas por necessidades de maior conforto no recolhimento forçado devido à pandemia e também pela necessidade de espaço para o trabalho em casa. TAL EFEITO parece ter sido sentido de maneira generalizada pelos fabricantes, se se considerar o entendimento da Tintas Coral, empresa da indústria química holandesa Akzo Nobel, que tem forte presen- ça no Brasil. “Diante do cenário da pandemia, houve uma transformação na relação de cada indivíduo com sua residência, que se tornou um espaço multifuncio- nal para a família”, diz Renato Panzuto, gerente de Produtos Tintas Decorativas da empresa para a Amé- rica do Sul. “Nossa receita com tintas decorativas no primeiro trimestre de 2021 aumentou 14%”, ele conta. Não há números totais disponíveis, mas é consensu- al entre fabricantes a opinião de que a repintura de mobília contribuiu expressivamente para o desempe- nho favorável abrangente. Em consequência, a associação de indústrias do setor (Abramat) já considera subestimada a previsão do início deste ano que projetava crescimento de consumo em torno de 4% em 2021 sobre 2020. Ante essa possibilidade de aumento das vendas de certa forma esperado, a indústria já procurava se preparar antes mesmo que a pandemia se instalasse no Brasil, como ocorreria em outros países. Entre 2020 e 2021 a demanda se elevou e o crescimento da produção do setor no período foi de 3,5%, alcançando o volume de 1,623 bilhão de litros de tintas. Atenta a essa onda favorável, a indústria de embalagens de aço tratou de melhorar os atributos tecnológicos da lata, como, num dos exemplos mais evidentes entre vários outros, fez a Brasilata, uma das maiores fabricantes nacionais desse tipo de recipiente, jul+ago 2021

Renato Panzut: receita da Akzo Nobel com tintas Flavia Takeuchi: sustentabilidade é decorativas aumentou 14% no primeiro trimestre deste ano pilar corporativo da Akzo Nobel ao desenvolver inovador processo de revestimento perturbar a produção, mas foi contornado. “Com o que aperfeiçoa e acelera extraordinariamente a cura aumento da demanda, surgiram novos desafios, que dos sistemas de proteção e decoração de superfícies já foram superados devido à estreita parceria em metálicas. Esse avanço é fruto de parceria feita com nosso histórico de relacionamento com os principais a Actega, empresa do grupo Altana, gigante alemã fabricantes de embalagens que nos atendem”, relata da área de produtos químicos nos Estados Unidos, na Ricardo Dehn, gerente de Compras (Embalagens) da América do Sul, incluindo o Brasil, e na China. empresa, que nem por isso deixa de procurar outras saídas. “Adicionalmente temos trabalhado e investido Alexandre Amaral Piazza, diretor comercial da ativamente na busca de alternativas que nos assegu- Brasilata, ressalta o significado do boom da constru- rem maior flexibilidade de preços em relação à emba- ção civil para a empresa. “Esse setor é importantíssi- lagem de aço.” Leia-se latas plásticas, variante que mo para o nosso negócio, principalmente em relação a em anos recentes passou a ser também adotada para tintas e vernizes, categoria que atualmente representa 60% do nosso faturamento”, ele informa. Piazza ressalta também a sintonia da Brasilata com as expec- tativas e necessidades dos setores por ela atendidos (alimentos, cosméticos, higiene e limpeza, produtos químicos e, sobretudo, tintas), “orientando-se sempre pelo sentido de parceria”. A RIGOR, a prática de parcerias é generalizada Alexandre Piazza, da Brasilata: boom da construção civil ao longo da cadeia produtiva, de modo que as metal- imopacta diretamente na produção da indústria gráficas não só consigam avanços na qualidade e na performance de sua produção como também possam atender seus clientes. As expectativas da indústria usuária é dirigida de forma ampla mas centrada na inovação em design, segurança e praticidade de uso. “O mercado é ávido por embalagens inovadoras que facilitem a vida do consumidor, transmitam boa ima- gem do produto através de impressão de qualidade e sejam seguras, de fácil manuseio e, principalmente, acondicionem as tintas de forma a lhes garantir maior validade e custo baixo”, descreve Reinaldo dos Santos, gerente comercial da Litografia Valença, empresa des- tacada no ranking das fabricantes de latas de aço. No início, o bom aporte de encomendas ameaçou 30 jul+ago 2021

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Reinaldo Santos, da Litografia tintas, premiada em diferentes casos em distintas edi- Vicente Lozargo Filho, da Cerviflan: bom relacionamento Valença: mercado busca embalagens ções do Prêmio Grandes Cases de Embalagem. reduz impacto da falta de matéria-prima que facilitem a vida do consumidor Na verdade, trata-se de uma oportunidade que recipiente, como a facilidade e a segurança no empi- os fabricantes dessas alternativas de recipientes há lhamento, e dá destaque à questão da reciclagem: tempos procuram aproveitar, baseando-se sobretudo “Após o consumo, uma lata de tinta domiciliar, como em comparações de custos (os do plástico seriam uma de alimento ou de outro produto, pode ser trans- menores) e, no atual panorama do fornecimento, de formada em qualquer outro objeto imaginável feito do atendimento insuficiente da matéria-prima básica das mesmo material, inclusive numa nova embalagem.” latas metálicas, a folha-de-flandres, por parte da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional. A carência, natu- Thais finaliza destacando a ação efetiva da Abeaço ralmente, afeta a produção das metalgráficas e, por nessa direção, dando a tal recipiente um atributo com- transmissão, a indústria usuária de embalagens. petitivo importante na atual época de crescente cons- cientização ambiental dos consumidores. Ela refere-se “O maior problema que enfrentamos desde o à Associação Prolata, programa de logística reversa ano passado está sendo a baixa no fornecimento criado em 2012 para o cumprimento da Política Nacio- desse insumo, frente à alta procura pelo aço”, des- nal de Resíduos Sólidos. Esse programa de reciclagem creve Vicente Lozargo Filho, presidente da Cerviflan, reúne fabricantes, varejistas, catadores e siderúrgicas. empresa nacional fortemente atuante no segmento E mantem hoje parcerias com 55 cooperativas de cata- de latas de aço para produtos químicos e aerossóis. dores de resíduos, 22 entrepostos e três siderúrgicas, No entanto, ele explica, dada a tradição de relaciona- além de 100 pontos de recebimento de latas de aço mento regular nas transações de compra e venda da pós-consumo. matéria-prima, a Cerviflan vem conseguindo manter o fornecimento a seus clientes. Isso significa superar algumas dificuldades ine- rentes a processos de mudança num setor em que formatos básicos de seus produtos são consolidados e hegemonicamente adotados pelas indústrias usuárias, nas quais, aliás, os obstáculos são espelhados, como se pode depreender do depoimento de Clarissa Kollar, consultora de Desenvolvimento de Embalagens da Suvinil, marca de tintas decorativas da multinacio- nal alemã Basf. “A lata de aço deve ser funcional de acordo com a realidade e o dia-a-dia de quem usa. Considerando todo o processo de pintura, desde o carregamento do caminhão, a abertura, a retirada do produto e o descarte, ela precisa atender às demandas de segurança e gerar o mínimo de resíduo nos cantei- ros de obras, oferecendo a possibilidade de retorno ao processo de economia circular.” Não é diferente na Akzo Nobel. “A sustentabilidade é um dos nosso pilares corporativos estratégicos, e as embalagens (no caso, as de aço) têm papel importante nisso”, informa Flávia Takeuchi, gerente de Sustenta- bilidade da empresa para a América do Sul. EM SÍNTESE, talvez se possa Thais Fagury, da Abeaço: facilidade de reciclagem afirmar que a lata de aço para tintas é uma das vantagens das embalagens de aço tem justamente três importantes predicados atendidos: segurança, facilidade de abertura e reciclabilida- de da matéria-prima após o consumo do conteúdo. Thais Fagury, diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), res- salta essas e outras propriedades do 32 jul+ago 2021

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Almanaque Inovação e Chá Ribeira não morreu Faça as contas. sucesso E compre! O município de Registro (SP), no Nos bons tempos, a marca Chá O alemão Joseph Schlitz chegou Vale do Ribeira, foi entre os anos Ribeira era comercializada no mer- A menstruação era um tabu na aos Estados Unidos em 1854, aos 1950 e 1980 um grande exportador cado interno principalmente em sociedade até a metade do sécu- 20 anos, para trabalhar na fábrica de chá preto, a variedade da bebida estojos de papel cartão envoltos lo passado, e isso se refletia na de cerveja Krug, do seu compatriota sem álcool ainda hoje mais tradi- em papel celofane. Para o público publicidade. Assim, a campanha do August Krug, em Milwaukee, na cional e mais consumida no mundo, top e para exportação o produto medicamento “Saúde da Mulher”, margem oeste do Lago Michigan. perdendo apenas para o café. usava elegantes latas com tampa em que buscava atenuar os incômodos Um ano depois, casou com a filha do Tornou-se então a “capital do chá”. dobradiça, decoradas com flores e da menstruação, usava uma lingua- dono e, com a morte do sogro, colo- Pouco mais de 10% eram consumi- caracteres dourados. gem sutil para promover o produto. cou seu próprio nome na cervejaria. dos no Brasil. O resto ia para fora. Anúncio veiculado em 1930 na Seu espírito empreendedor A região tinha mais de 600 Revista O Cruzeiro afirmava que transformou a pequena fábrica produtores e cerca de quarenta “São em número 7 por mês os dias da Schlitz na maior cervejaria da indústrias de processamento. Na que uma senhora perde em seu bem América. esteira das cíclicas crises econô- estar quando sofre de irregularida- Durante a Segunda Guerra micas e cambiais do País a maio- des”. E para vender o remédio, com- Mundial, foi fornecedora de cer- ria fechou. Mas os descendentes pletava: “Faça a conta de quantos vejas para o exército americano, do imigrante japonês Torazo anos de vida representa para uma em latas camufladas de verde- Okamoto, que em 1935 plantou senhora o uso permanente do gran- -oliva (a tradicional embalagem as sementes da variedade de chá de medicamento”. da marca é vermelha e branca). que se adaptaram à região e foi A cervejaria criou inovações em pioneira na industrialização, com embalagens, como a lata de aço a marca Chá Ribeira, mantêm a com tampa de alumínio “Softop”, lavoura e a empresa funcionando, em 1960 (veja no link http://bit. a duras penas. ly/em-schlitz), e depois a Pop Top (um antecessor do anel puxador, que facilitava a abertura), em 1963. A cervejaria só foi definitivamen- te afastada da liderança do mer- cado mundial de cerveja nos anos 1970, pela Anheuser-Busch, que produz a Budweiser. Durante a Segunda Guerra ALMANAQUE EM VÍDEOChatstpte:/lo/bAitl.ilmy/ecnatsotse:lion-oevmações Mundial, lata vermelha e branca da em embalagens Schlitz (à direita) foi camuflada de jul+ago 2021 verde (acima) 34

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