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EmbalagemMarca 235

Published by EmbalagemMarca, 2020-09-15 10:47:46

Description: Revista EmbalagemMarca - edição 235

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Ano XXI • No 235 CERIMÔNIA DE Jul/Ago 2020 PREMIAÇÃO O PET E 15 DE OUT O LEITE 19:00 COM BENEFICIOS TÉCNICOS youtube.com/ E BOM APELO VISUAL, embalagemmarca MATERIAL GANHA ESPAÇO ENTRE OS LATICÍNIOS



EDITORIAL PARA SAIRMOS DO LUGAR DE SEMPRE Wilson Palhares, Editor Embora tenhamos por hábito guiar-nos pela recomendação de que o sapateiro deve res- tringir suas críticas às chinelas (“cada macaco no seu galho”, como recomenda a sabe- “CONVIDAMOS QUEM NOS doria popular brasileira), tomamos a liberdade de fazer reflexões e ponderações que, LÊ A JUNTAR-SE A UM neste espaço, costumamos limitar ao campo da embalagem, no qual acreditamos ter algum domínio. Contudo, é difícil neste momento não cometer ousadias a respeito da pandemia do GRANDE CONTINGENTE novo coronavírus e especular como ela está afetando o presente e o futuro do mundo dos DE BRASILEIROS QUE, negócios, da economia, da sociedade em seu conjunto e inevitavelmente da política. COMO NÓS, DEVE ESTAR Nossa visão sobre como a praga da Covid-19 eventualmente influi no comportamento do COGITANDO SOBRE O consumidor e o efeito que isso vem tendo e terá no setor produtivo está expoista na reporta- QUE SERÁ NECESSÁRIO gem especial de capa da edição anterior desta revista. Dada a velocidade com que o cenário FAZERMOS, JUNTOS, muda em consequência da ação desse inimigo invisível, ações e oportunidades ali apontadas PARA QUE O QUE SE poderão necessitar de ajustes e formar cenários prospectivos com mudanças, da mesma forma que ocorre num caleidoscópio. Esses cenários poderão parecer assustadores, mas estão reple- CONVENCIONOU CHAMAR tos de oportunidades. DE “NOVO NORMAL” (A VIDA PÓS-PANDEMIA) Isso posto, retomamos o propósito anunciado no início deste Editorial, que é convidar os leitores a refletir sobre o que poderá ser o que vem se convencionando chamar de “novo nor- NÃO VENHA A SER MERA mal”. Vale dizer: como se comportarão as pessoas em seu relacionamento social quando a crise REPETIÇÃO DOS HÁBITOS sanitária e econômica passar? O pano de fundo para reflexões desse tipo coloca a necessidade de grande esforço de introspecção e de criatividade. Em seu mais recente relatório, divulgado DE CONSUMO E DE em junho último, o Fundo Monetário Internacional faz um prognóstico sombrio: o crescimento PRÁTICA POLÍTICA” global projetado para 2020 é de 4,9% negativos, 1,9% menos do que a projeção feita pelo pró- prio FMI em abril. A Organização Mundial do Comércio, por sua vez, projeta um declínio de 32% EXPEDIENTE nas transações globais. É frente a esse panorama que convidamos quem nos lê a juntar-se a um grande contingen- te de brasileiros que, como nós, deve estar cogitando sobre o que será necessário fazermos, juntos, para que o que se convencionou chamar de “novo normal” (a vida pós-pandemia) não venha a ser uma mera repetição dos hábitos de consumo e de prática política. O “normal” que vivemos até a chegada do coronavírus não impediu a formação do atual quadro de mortandade, paralisia econômica e futuro de desemprego crescente. Vamos substituí-lo ou apenas reconsti- tuó-lo com pequenos retoques? De nossa parte, reconhecemos: não sabemos para onde as coisas poderão caminhar. Só sabemos que do jeito que vieram até aqui não poderá ser. Se quisermos ter um futuro viável teremos de mudar rumos, lembrando que o futuro pós-pandemia não poderá ser um prolonga- mento ou uma repetição do passado ou do presente. Se assim fizermos, cairemos na escuridão. Mas acreditamos que o Brasil e os brasileiros têm potencial (muito) e criatividade para sairmos desta mais fortes e mais justos. Até breve. Publisher: Wilson Palhares ([email protected]) • Chefe de Redação: Flávio Publicação bimestral da Palhares ([email protected]) • Diagramação: [email protected] Bloco Comunicação Ltda. • Comercial: Marcos Palhares ([email protected]), Roberto Inson (roberto@ Rua Carneiro da Cunha, 1192 embalagemmarca.com.br) • Administração: Eunice Fruet ([email protected]) • 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP Assinaturas e circulação: ([email protected]) (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.

15.10, 19:00 Os ganhadores da 14ª Edição do Prêmio Grandes Cases de Embalagem serão anunciados em uma transmissão online no canal da revista EmbalagemMarca. YouTube.com/embalagemmarca Marque em sua agenda! Em 2021, estaremos novamente juntos. 2020

Ouro Prata Apoio Especial Apoio Divulgação Educacional Organização www.grandescases.com.br [email protected] Consulte no site os /gcembalagem @grandescases grandescases detalhes da cerimônia 14a edição

EM 235 • jul+ago 2020 SUMÁRIO 3 EDITORIAL - O que será necessário fazermos, juntos, para que o que se convencionou chamar de “novo normal” não venha a ser mera repetição de hábitos 8 PERFUMES – Wheaton investe em startup brasileira que desenvolveu tecnologia de “cheiro digital” 10 ENTREVISTA – Eduardo Yugue completa 30 anos de carreira e conta sua trajetória no setor de embalagens 18 FLEXÍVEIS – Impressão com electron beam garante grande apelo visual a embalagens de salgadinhos 20 LÁCTEOS – Betânia Lácteos adota 24 REPORTAGEM DE CAPA embalagem flexível inédita no Avanço do PET cria novo Brasil, em formato de jarra equilíbrio entre materiais no mercado de leites 22 INTERNACIONAL – QR Code em ANUNCIANTES tampas cartonadas abre novas possibilidades para o marketing AB PLAST..............................................29 ACTEGA................................................ 13 30 IMPRESSÃO – Decoração AMR..........................................................21 direta de latas ganha ANTILHAS............................................... 7 mercado na América do Norte BOX PRINT............................................31 CBA............................................ 3a CAPA 32 PRÊMIO – Divulgação dos vencedores CONGRAF............................................25 ocorrerá em transmissão online dia EMH..........................................................21 15 de outubro, às 19h FLEXOPRINT........................................23 GRANDES CASES....................... 4 E 5 34 ALMANAQUE – Como a Pepsi quase foi à bancarrota HUSKY.......................................4a CAPA nas Filipinas por causa da tampinha da garrafa – A KRONES................................................ 27 origem dos bares... e dos botecos MLC ROTOMETRICS.......................... 9 ROJEK.................................................... 15 WESTROCK............................ 2a CAPA 6 jul+ago 2020



PERFUMES CHEIRO DE INOVAÇÃO WHEATON INVESTE EM STARTUP BRASILEIRA QUE DESENVOLVEU TECNOLOGIA DE “CHEIRO DIGITAL” COM POTENCIAL PARA REVOLUCIONAR O CANAL DE VENDAS DIRETAS NO SETOR DE COSMÉTICOS Com o crescimento das vendas por canais Dispositivo é digitais, a experiência de compra passa por acionado por transformações que certamente demanda- aplicativo em rão muita criatividade por parte dos profissionais aparelho celular de marketing. Já há algum tempo se discute qual é Cláudia Galvão, da Noar, e Renato Massara Júnior, da Wheaton: parceiros na novidade o novo papel da embalagem nesse contexto onde, em vez de estimular a decisão no momento da com- pra, precisa reforçar essa escolha quando o produto chega às mãos de quem o comprou. Em mercados como o de perfume e cosméticos, o cheiro é um gatilho tão importante quanto a apre- sentação dos produtos. Até recentemente, essa era uma barreira intransponível para quem atuava no e-commerce. Era, até que a Noar, uma startup brasi- leira que atua com tecnologia de fragrâncias, desen- volveu uma forma de sentir “cheiro digital”, batizada de MultiScent 20. Para viabilizar o que até pouco tempo atrás era impensável, a empresa oferece diferentes modelos de demonstradores digitais, desde tablets a aparelhos que se conectam com telefones celulares através de bluetooth. Por meio de um aplicativo, os dispositivos liberam a fragrância usando uma tecnologia de “ar seco”, que não deixa resíduos de perfume no ar, no demonstrador ou no usuário. “Além de mais higiênico, o cheiro digital permite a experimentação de vários produtos em sequência, sem confundir o cérebro”, explica Cláudia Galvão, CEO da Noar – uma spin-off da Ananse, fornecedora de fragrâncias microencapsula- das para aplicação nos catálogos impressos de vendas de grandes marcas de cosméticos. A Noar nasceu para buscar uma solução equivalente para os meios digi- tais. E achou. A empresa receberá um aporte de R$ 30 milhões nos próximos anos. O investidor é outro gran- de parceiro dos fabricantes de cosméticos: a Wheaton, empresa brasileira conhecida por sua atuação com embalagens de vidro para esse segmento. “O MultiScent 20 é uma maneira revolucionária de conhecer e testar novos produtos, que no caso são perfumes”, conta Renato Massara Júnior, diretor Comercial e de Marketing da Wheaton. “Além de fazer o cliente sentir a fragrância, o que por si só é uma solução tecnológica fantástica, a solução traz 8 jul+ago 2020

segurança para o usuário e ainda contribui para a gem e receber informações sobre o produto. “Usar o preservação ambiental, já que elimina a necessidade MultiScent 20 é uma experiência multissensorial, pois de impressão de uma quantidade enorme de catálo- o usuário pode navegar pelo conceito e pela imagem gos tradicionais, e evita a produção de embalagens do produto, pode acessar vídeos e música, além, é especiais para amostras e testadores.” claro, de sentir a fragrância em si”, comenta Cláudia Galvão. “E uma vez que o MultiScent 20 trabalha em A aposta de uma empresa tradicional em uma uma plataforma conectada, é possível coletar dados solução de vanguarda e modernidade não é obra de navegação, experimentação e compra, aplicando do acaso. Massara explica que a empresa estava análises de Big Data e Data Science às informações à procura de uma startup ligada ao mercado coletadas, permitindo às empresas conhecer melhor de perfumaria e cosméticos que trouxesse uma a taxa de conversão das fragrâncias experimentadas, disrupção significativa. “Investimos na Noar preferências e comportamentos regionais, aspectos justamente porque ela está estruturada em dois dos relacionados a sazonalidade, por exemplo.” principais pilares da Wheaton, que são inovação e sustentabilidade.” Patenteada internacionalmente, O primeiro cliente da startup para aquisição do a tecnologia MultiScent 20 está alinhada com o MultiScent 20 é a Natura, que conta com 1,2 milhão movimento de expansão da Wheaton, que hoje já é de consultoras de beleza no Brasil. “O novo device uma das maiores fabricantes de vidro para perfumes é uma ferramenta de venda diferente de todos os e cosméticos no mundo. tipos de amostragem disponíveis, e o fato de ser uma experimentação por meio de um cheiro seco, O primeiro produto da Noar a ser lançado no que não espalha resíduos no ar, permite que clientes mercado será o MultiScent 20, um demonstrador experimentem mais perfumes”, argumenta Roseli digital de fragrâncias, controlado por meio de um Mello, Head Global de P&D da Natura. O MultiScent aplicativo, que permite experimentar 20 fragrâncias 20 deverá chegar ao varejo e às consultoras de bele- diferentes por inúmeras vezes (cada refil dura em za até o final do ano, no Brasil e na América Latina. torno de 100 disparos), além de visualizar a embala- jul+ago 2020 9

ENTREVISTA UMA CARREIRA QUE CHEGA AOS 30 ANOS EDUARDO YUGUE, GERENTE DE DESENVOLVIMENTO DE EMBALAGENS PARA SALTY SNACKS DA PEPSICO, CONTA SUA TRAJETÓRIA NA ÁREA E TRAZ A HISTÓRIA DE TRÊS DÉCADAS DO SETOR POR UMA PERSPECTIVA PESSOAL FOTO: DIVULGAÇÃO Tradicionalmente, em empresas brasilei- ras, o profissional especializado em pro- EDUARDO YUGUE jetos e desenvolvimento de embalagens 10 exerce funções cuja autonomia é subordinada às áreas de marketing/vendas, ou de supri- mentos ou industrial, com eixo centralizado em resultados, sejam eles de efeito visual ou de eco na mídia, de redução de despesas com materiais, ou de produtividade em linha. São visões unidirecionais, que na maioria das vezes não levam em consideração ponderações que podem influenciar aquilo que deveria ser um produto final destinado a sair-se bem nos pon- tos de venda. Significa que a definição de uma embalagem deixa de ser abordada por um profissional que, se formado adequadamente, tem visão abran- gente, inclusiva de todos seus componentes, desde as matérias-primas, o design, a produção industrial, a adequação ao ponto de venda e sua relação de sustentabilidade até sua função ven- dedora. Aparentemente, as firmas donas de mar- cas vêm em anos recentes levando em crescente conta a importância dos profissionais de emba- lagem, colocando-os em níveis mais elevados em seus organogramas. Isso pode ser observado na trajetória de Eduardo Yugue, hoje gerente de desenvolvimento de embalagens para Salty Snacks, na região LatAm-Sul da PepsiCo, que na entrevista a seguir rememora três decênios de carreira nesse campo, completados este ano, e faz observações instigantes a respeito do tema. jul+ago 2020

O senhor é engenheiro químico por formação. Como foi parar no setor de embalagens? “UMA LEMBRANÇA Logo que me formei na Unicamp, em 1989, fui trabalhar na Refinações de Milho QUE TENHO DO PLANO COLLOR É Brasil (atualmente Ingredion) em Mogi Guaçu (SP). Eu tinha um amigo de faculda- QUE FORAM ABERTAS de que na época estava no programa de trainee da Paoletti, e me falou sobre uma AS PORTAS PARA vaga em P&D. Fui atrás, pois o salário era melhor, e se conseguisse a vaga poderia TECNOLOGIAS MAIS voltar a morar em Campinas. Fiz a entrevista e achei interessante a proposta de tra- AVANÇADAS DE balhar em desenvolvimento de embalagem, na época, em embalagens metálicas. A EMBALAGEM” Paoletti tinha uma fábrica de latas em Cajamar (SP), onde comecei em 16/7/1990. 11 Você acaba de completar trinta anos na área. Como foi essa trajetória? A Paoletti era uma indústria tradicional de produtos alimentícios que na época produzia as marcas Etti e Cajamar, entre outras. A maioria era envasada em latas metálicas, de produção própria. Meu escopo de trabalho na época era buscar alter- nativas de insumos e materiais para reduzir custos e para melhorar a performance tanto na fabricação das latas quanto no processo de envase. Depois de cerca de um ano, em 1991 iniciei na Astra (Plásticos), onde assumi o laboratório de desenvolvimento de novos materiais plásticos e controle de qua- lidade. Ali tive a oportunidade de me especializar em materiais poliméricos, com aplicação nos processos de injeção, extrusão e sopro. Em 1995 fui para a Heublein do Brasil, como coordenador de engenharia de embalagem. A Heublein na época produzia bebidas alcoólicas como Smirnoff, Old Eight, Dreher, Drury’s, Cinzano, Liebfraumilch, entre outras. Ali, adquiri experiência em garrafas de vidro. Um ano depois, comecei a trabalhar na Quaker, hoje uma marca da PepsiCo, na divisão de bebidas, na recém iniciada fábrica de Gatorade em Sorocaba (SP). Na Quaker, trabalhei com garrafas de vidro e, na sequência, com a mudança para o PET, ambas para enchimento a quente, e tive a oportunidade de implementar essa embalagem nos países da América Latina naquela época. Em 1999, assumi o desenvolvimento de embalagens da PepsiCo para a divisão de alimentos também, cuidando de aveia e barras de cereais Quaker, e de marcas como Coqueiro, Toddy e Toddynho. Àquela altura, tinha já experiência em embalagens metálicas, embala- gens plásticas, vidro, papel, cartão e cartonadas assépticas. Em 2005, iniciei na Nestlé, liderando a área de Inovação em embalagens para as categorias e marcas da empresa no Brasil, tendo responsabilidade inclusive pela área de comunicação gráfica em embalagem. Em 2007, assumi a gerência corpora- tiva de embalagem, que incluía a parte de inovação e também a responsabilidade por produtividade e máquinas de embalagem. Em 2015, tive uma breve passagem pela Mondelez, como líder de P&D de Emba- lagem para as marcas Tang, Philadelphia, Clight e Royal. E em 2016 retornei à Pep- siCo do Brasil, como gerente de P&D Embalagens para as categorias de Alimentos – Brasil. Em 2018, após uma reorganização, assumi o desenvolvimento de embalagens para Salty Snacks, na região LatAm-Sul, atendendo projetos em dez países. Sua carreira começou pouco antes da abertura econômica promovido pelo governo Collor, no início dos anos 1990. O senhor lembra de alguma alteração importante causada por ela? Uma lembrança que tenho é que foram abertas as portas para tecnologias mais avançadas, em todas as áreas, e muitas empresas investiram. O que me marcou muito foi a indústria gráfica, com o avanço de equipamentos de rotogravura de última geração, com 8, 10 cores de impressão. Aos poucos o mercado foi se conso- lidando e muitas das empresas que haviam investido entraram em concordata, não sobreviveram. Mas a partir desse período houve forte avanço tecnológico em vários segmentos, o que trouxe muitas oportunidades para inovação, especialmente para a área de embalagens. jul+ago 2020

“UMA MUDANÇA A Pouco depois, em 1994, dois fatos importantes que ocorreram foram o Código de Defesa do SER DESTACADA Consumidor e o Plano Real. Isso acelerou, de alguma forma, o avanço do setor no Brasil? NESSES TRINTA ANOS O Plano Real trouxe estabilidade econômica e também a melhora do poder É A UTILIZAÇÃO DA aquisitivo dos consumidores, abrindo a oportunidade para o desenvolvimento e a inovação de novos produtos, e criando novas oportunidades e ocasiões de consu- EMBALAGEM COMO mo. Tudo isso alavancou o desenvolvimento de embalagems. FERRAMENTA DE MARKETING” O Código de Defesa do Consumidor trouxe a responsabilidade dos fabricantes pela qualidade dos produtos e pelas informações contidas na embalagem. O consu- 12 midor passou a ter voz jurídica em contraposição aos casos de abusos, excessos e desrespeito por parte dos fabricantes, tendo os seus direitos protegidos. Do ponto de vista da embalagem, passou a haver maior preocupação com as informações, mensagens e imagens que eram direcionadas ao consumidor, para evitar mal- -entendidos. Mais recentemente, houve um grande desenvolvimento no consumo das classes menos favorecidas. Como isso impactou as embalagens? A embalagem se adequou para que a nova classe emergente tivesse acesso a produtos, muitos aspiracionais, que antes não tinha condições de adquirir. Para isso, foi preciso entender os hábitos de consumo, as necessidades e as aspirações dessa parcela da população. Do ponto de vista das embalagens para alimentos e bebidas, houve adequações em relação a quantidades de produto, algumas sim- plificações no sistema de embalagem, uso de materiais alternativos para tornar os produtos mais acessíveis. Um exemplo foi o lançamento de vários produtos em embalagens flexíveis, em porções menores, que  antes eram somente oferecidos em embalagens rígidas ou em lata metálica.  Depois da bonança, veio a recessão... Houve retrocessos em termos de embalagem? O foco em otimização e redução de custo das embalagens sempre existiu. Em momentos de recessão isso tem prioridade ainda maior. Ações como reduções de espessura, redimensionamento da embalagem para eliminar algum excesso, a reti- rada de acessórios e dispositivos que entregavam algum benefício ao consumidor, até alguma simplificação na arte de impressão que possa trazer alguma economia. Mas muitas dessas ações são benéficas do ponto de vista de sustentabilidade e acabam se tornando definitivas. Nesses momentos de recessão, também surgem oportunidades de novas tecnologias, que trazem outros benefícios ao consumidor, a custo acessível. Nesses trinta anos, o que mais mudou na atividade do profissional de embalagem? Vejo que houve uma ampliação e diversificação. Talvez no passado a atividade estivesse mais ligada à parte técnica dos materiais e às linhas de envase, com foco principal na função primária da embalagem, que é a proteção. Uma mudança a ser destacada ao longo destes anos é a utilização da embalagem como ferramenta de marketing, para promocionar o produto, diferenciá-lo na gôndola e principalmente encantar o consumidor. Desta forma, cabe dar destaque ao papel de outros profis- sionais ligados à embalagem, como os designers e os pesquisadores de hábitos de consumo e entendimento do consumidor. O foco deixou de ser somente o produto a ser embalado, passando a ter o consumidor no centro das ações realizadas atra- vés das embalagens. E, ao longo do tempo, sem dúvida, a consciência ambiental foi agregada ao escopo da ação dos profissionais de embalagem. O que ocorreu de importante em termos de tecnologia? Houve muito avanço tecnológico ao longo destes anos, em termos de novos jul+ago 2020



“O PAPEL DOS materiais, tecnologia de processamento e empacotamento, automação, sistemas FORNECEDORES e efeito de impressão, capitaneadas por empresas multinacionais donas de marcas É ESSENCIAL NO que trouxeram tecnologias implementadas em suas embalagens em outros países DESENVOLVIMENTO e também por grandes fornecedoras de embalagens e equipamentos, igualmen- E NA INOVAÇÃO te multinacionais, que trouxeram para o Brasil inovações tecnológicas vindas de EM EMBALAGEM. outros países mais avançados, estimulando os fornecedores nacionais a se atualiza- O TRABALHO EM rem tecnologicamente. CONJUNTO É Sua carreira se desenvolveu em grandes empresas multinacionais. Como era a troca de infor- FUNDAMENTAL” mações com outros países três décadas atrás? Mudou muito em relação ao que ocorre hoje? 14 A disponibilidade dos centros de tecnologia globais em compartilhar as ino- vações sempre existiu. Porém, a velocidade em que elas ocorrem agora é muito maior. Um fator que tem contribuído para isso é a velocidade na comunicação. A troca de informação é contínua e imediata, e com pessoas em várias partes do mundo ao mesmo tempo. Identificam-se oportunidades, desafios e soluções de problemas muito rapidamente. Por outro lado, os fornecedores também são glo- bais, podendo ser acessados muito facilmente e, principalmente, podendo disponi- bilizar novas tecnologias no Brasil em um tempo muito menor que no passado. No início, as discussões e troca de informação com o time global eram feitas por linha telefônica, nem sempre com boa qualidade de conexão. O recebimento de amostras era feito apenas por correio. Levava um bom tempo para recebê-las. Muitos dos treinamentos, e às vezes até aprovações, eram presenciais. Com as ferramentas tecnológicas atuais, temos reuniões virtuais, com partici- pantes de várias áreas, de várias partes do mundo, internos e externos. Através de vídeochamadas, podemos discutir especificações, pontos críticos, protocolos de aprovação, avaliação de amostras e protótipos. O tempo gasto é muito menor, e a efetividade e o alinhamento são muito maiores.   Falando nisso, qual o papel dos fornecedores de embalagem no processo de inovação? Como tem sido essa parceria na sua experiência profissional? O papel dos fornecedores é fundamental no desenvolvimento e principalmente na implementação de uma inovação. Em muitos casos é o fornecedor que detém a tec- nologia que proporcionará a inovação na embalagem, e o trabalho em conjunto é fun- damental para viabilizá-la. Às vezes, há necessidade de essa parceria se dar com mais de um fornecedor, para que a inovação seja viabilizada e incorporada à embalagem. No Brasil não existem cursos de graduação focados em embalagem, e há poucos cursos de pós-graduação. Como é a formação de um profissional de embalagem? É feita na prática? O processo de formação dos profissionais, dentro das empresas de bens de consumo, tem sido feito, na sua maioria, na prática, utilizando os próprios projetos para transmitir conceitos dos mais experientes e desenvolver competências téc- nicas nos mais jovens. Já tive oportunidade de trabalhar em empresa em que esse processo de formação era bastante estruturado, com treinamentos técnicos inter- nos, às vezes convidando especialistas externos, com uma grade de treinamentos anual definida e bem alinhada com o processo de desenvolvimento de carreira na área. Essa grade era baseada em levantamento junto aos profissionais de embala- gem da empresa, e os treinamentos eram direcionados a partir de necessidades de ganho de conhecimentos e competências do time. Apesar de ainda não existir um curso específico de graduação, há várias univer- sidades, institutos e empresas oferecendo cursos específicos, que complementam muito bem os aprendizados práticos adquiridos internamente nas empresas. Isso representa uma oportunidade de ter contato com coisas diferentes e novas formas jul+ago 2020



Yugue participou do de pensar, além de serem ocasiões para expansão da rede de contatos dentro da projeto de lançamento comunidade de profissionais de embalagens. da garrafa PET de Ao longo desses trinta anos o senhor deve ter participado de projetos bem marcantes. Pode- Gatorade no Brasil ria compartilhar alguns, citando os desafios na época do desenvolvimento e os resultados? (N. da R.: as primeiras embalagens possuíam Um dos projetos foi o desenvolvimento e lançamento da garrafa de Gatorade tampa push-pop, mas em PET no Brasil. O principal problema era desenhar a garrafa e utilizar a tecno- não localizamos uma logia de sopro adequada para que ela resistisse à temperatura do enchimento a imagem em nossos quente. Na época, trabalhamos com um fornecedor que já tinha desenvolvido essa tecnologia junto com a Quaker no exterior, com apoio do time global. Havia ainda o arquivos) desafio de lançar essa embalagem utilizando bandeja de papelão com filme termo- -encolhível como embalagem secundária, o que não era recomendado pelo time Dois outros projetos icônicos global. Mas para minimizar investimentos, uma vez que essa era a solução usada da carreira de Yugue para garrafas de vidro, fizemos vários ajustes e testes para aprovar este sistema de embalagem, viabilizando o lançamento no Brasil. No México, quando um grande 16 concorrente de Gatorade estava entrando no mercado local, fomos desafiados a desenvolver uma garrafa PET, que na época tinha custo maior que o da garrafa de vidro. Trouxemos uma nova tecnologia de design de garrafa PET para enchimento a quente, com menor peso e custo super competitivo, que acabou substituindo a garrafa de vidro, proporcionando redução de custo. Essa economia foi aplicada em ações de marketing para ganhar market share, e com essa ação o time do projeto ganhou o prêmio PepsiCo Chairman Award 2002. Já em minhas experiências anteriores em outras empresas, como a Nestlé, pude desenvolver a lata expandida de Nescau. A primeira produção foi feita manual- mente, como uma edição especial para a Copa do Mundo de 2006. Pelo sucesso da ação foi solicitado o desenvolvimento para produção da lata em linha automatiza- da, para a celebração dos 75 anos da marca em 2007. Esse formato permanece até hoje. Foram vários os desafios. O desenvolvimento da expansora de latas para tra- balhar em alta velocidade, a uma especificação de folha de flandres e de eletro solda para suportar o processo de expansão da lata em alta velocidade, o desenvolvimento da arte para que a decoração não se deformasse e fosse posicionada conforme espe- cificado depois da expansão da lata. Esse projeto exigiu a participação de um time com especialistas de várias áreas. Foi uma típica ação de parceria com fornecedores. Por fim, lembro do sistema das embalagens e do proceso de envase asséptico para bebidas lácteas prontas para beber da linha Fast para as marcas Nescau, Alpi- no e Neston. Inicialmente foram feitos vários estudos e reuniões para se discutir a tecnologia e o fornecedor do sistema de envase asséptico para garrafa PET. Depois surgiu o desafio do desenvolvimento das garrafas a partir de um mesmo desenho de pré-forma e com o menor peso possível, mas com design específico para cada marca. Igualmente neste caso houve o apoio do time global e muita parceria com o fornecedor da linha de envase, que desenvolveu também as garrafas. E qual é o papel de um profissional de embalagem dentro das empresas? É fundamental, principalmente nas empresas de bens de consumo. Ele funcio- na como guardião técnico das especificações da embalagem, assegurando que ela cumprirá a função primária de proteger o produto até o momento do consumo, ou de seu recebimento por parte do consumidor. Nessa condição, deve também sem- pre estar atento às oportunidades de melhoria e otimização, buscando excelência operacional na linha de embalagem, maximizando a performance e reduzindo per- das, contribuindo para que o produto final tenha custo competitivo. Precisa ainda buscar inovação sempre, para diferenciar o produto na gôndola, oferecer novas ocasiões ou experiências de consumo, encantar o consumidor na ocasião de compra. jul+ago 2020

Com todas essas responsabilidades, deve haver muitas dificuldades no dia a dia... “AOS INICIANTES A embalagem permeia diferentes áreas e envolve vários profissionais que NA CARREIRA RECOMENDO QUE lidam com ela internamente, e as dificuldades vão ser maiores ou menores depen- EMBARQUEM NESSA dendo de quão estruturados estão os processos, se há uma área específica para JORNADA COM A desenvolvimento e inovação, e de qual o foco dado ao papel da embalagem na MENTE ABERTA PARA estratégia de marketing ou das marcas. Algumas empresas ainda veem a emba- AS MUDANÇAS” lagem como insumo industrial, puro custo adicionado ao produto, e estão mais focadas em reduzi-la ou simplificá-la. O profissional de embalagem tem de atuar 17 muito forte para assegurar as especificações mínimas, para garantir a qualidade e a integridade do produto.    O que o senhor recomendaria para alguém que está iniciando hoje na carreira? Olhar a embalagem de maneira holística, entendendo o importante papel que ela cumpre não somente dentro das empresas e na relação com o consumidor, mas no contexto da sociedade atual. Há vários elementos para se apaixonar, como as questões de inovação tecnológica, o design, o entendimento do comportamento do consumidor abrindo uma nova ocasião e experiência de consumo através da embalagem. Tem as questões de sustentabilidade do planeta, de distribuição de alimentação e nutrição, da redução de perdas e desperdícios... O mundo da emba- lagem está em constante evolução, acompanhando as mudanças dos hábitos e necessidades dos consumidores e da sociedade. Eu recomendaria a um iniciante que embarque nessa jornada com a mente aberta para as mudanças, ganhando crescimento profissional e pessoal, o que certamente lhe proporcionará muitos momentos de satisfação. Em sua avaliação, os profissionais de embalagem têm o reconhecimento adequado, consi- derando a importância que a embalagem tem para o bom desempenho das empresas? Está melhorando, mas em muitos casos esse reconhecimento ainda deixa a desejar. Entendo porém que isso varia de empresa para empresa. Cabe também aos profissionais de embalagem dar visibilidade aos bons trabalhos realizados e à importância dos mesmos. Se possível mostrando em números os benefícios às marcas e às empresas. Costumo dizer, em indústrias de alimentos, que não sai um grama de produto da empresa se não estiver embalado. Daí já ressalta a importân- cia e, como mencionei anteriormente, há muitas ações da marca que são baseadas totalmente na embalagem. Promoções, um tamanho ou formato distinto para uma nova ocasião ou experiência de consumo, ou seja, tudo isto gera boa imagem, benefícios para a marca e resultados para a empresa.  O senhor poderia fazer outros comentários que julgue importantes? Gostaria de mencionar a conquista neste ano do meu título de mestrado, numa área tão importante que é o da reciclagem de embalagem. Ao longo dos anos, venho desenvolvendo embalagens para suportar os lançamentos das marcas. Com o tempo, fui desenvolvendo esse senso e o compromisso com a questão da susten- tabilidade. Adicionalmente ao desenvolvimento das embalagens para entregar os produtos aos consumidores, passou a ter muita importância a destinação correta das embalagens após o consumo. Tenho atuado ultimamente com embalagens fle- xíveis multicamadas. Meu trabalho de mestrado focou no entendimento dos desafios e dificuldades e na identificação de potenciais soluções para a reciclagem desse tipo de embalagem pós-consumo no Brasil. Entendo que se trata de um contribuição acadêmica para promover a reciclagem ou destinação correta deste material pós-consumo, benefi- ciando a sociedade e a sustentabilidade do planeta. jul+ago 2020

FLEXÍVEIS SNACK EM EMBALAGENS MAIS SUSTENTÁVEIS IMPRESSÃO COM ELECTRON BEAM GARANTE GRANDE APELO VISUAL E BOA RESISTÊNCIA MECÂNICA, POSSIBILITANDO A SIMPLIFICAÇÃO DE ESTRUTURAS Dentro de suas metas de proteger o meio Por ser assado, e não frito, o snack NatuChips se Com apelo natural, ambiente e encontrar maneiras sustentáveis posiciona como opção mais saudável de alimentação, Natuchips adota de produzir, desde as matérias-primas até o o que levou a PepsiCo a buscar uma ”aparência de embalagem flexível produto final, a PepsiCo passou a adotar embalagens papel” para as embalagens, que foram impressas “com cara de papel” flexíveis com sistema de impressão inovador da Anti- com textura e efeito matte (fosco). Os primeiros lhas Flexíveis. Os novas invólucros dos snacks Natu- lotes do NatuChips foram para o mercado da Colôm- jul+ago 2020 Chips utilizam a tinta Gelflex, através do processo de bia, com sucesso de vendas. impressão Electron Beam (EB). Rodrigo Massini afirma que, em embalagens Por conceito, a impressão em EB é um processo flexíveis para alimentos, a impressão EB é feita no a frio, que promove a polimerização das tintas e ver- filme de BOPP transparente, mas a camada metali- nizes por meio da aplicação de um feixe de elétrons. zada ainda é necessária, por causa da barreira. “Mas “Neste processo conseguimos garantir uma qualida- a tecnologia tem avançado muito, e em breve será de superior de impressão, com o mesmo brilho de possível imprimir diretamente no filme metalizado, o material laminado e possibilidade de acabamentos que dispensaria o filme transparente, gerando econo- externos com apelo sensorial. A tecnologia permite mia”, ele acredita. ainda benefícios adicionais, gerando a redução de até 50% no consumo de energia elétrica e redução De acordo com Massini, os custos de impressão de até 95% dos compostos orgânicos voláteis, fator em EB são competitivos com a flexografia convencio- que reduz a emissão de gases causadores do efeito nal. “A tinta Gelflex reduz o consumo pela metade, já estufa”, explica Rodrigo Massini, gerente executivo que ela é praticamente 100% sólida e com qualidade da Antilhas Flexíveis. superior”, ele pondera. Além disso, as tintas e vernizes polimerizados A Antilhas também é certificada com o selo FSSC apresentam resistências térmicas e mecânicas muito 22000 pela unidade de flexíveis, certificação que é superiores aos próprios substratos, possibilitando conhecida por regulamentar o sistema de segurança o desenvolvimento de diversos tipos de embala- alimentar de produção de embalagens. gem com estruturas simplificadas, como stand-up pouches monomaterial (portanto 100% recicláveis), sendo um bom caminho para a incessante busca do setor de embalagens flexíveis por soluções de menor impacto sobre o meio ambiente. A novidade, trazida pela PepsiCo em parceria com a Antilhas, é bastante inovadora no mercado alimentício, e reforça o conceito da marca NatuChips de promover uma alimentação mais saudável. “Com essa tecnologia de impressão garantimos um ganho visual com imagens de melhor qualidade e com maior resistência a riscos. Também conseguimos obter um efeito sensorial que proporciona o tato suave e simula a textura macia do papel, estimulando a interação do toque do consumidor com a embala- gem”, comenta Massini. 18



LÁCTEOS “DEBUT” NO NORDESTE BETÂNIA LÁCTEOS ADOTA EMBALAGEM FLEXÍVEL EM FORMATO DE JARRO DA SUECA ECOLEAN PELA PRIMEIRA VEZ NO BRASIL Mesmo meio vazio, o Maior produtora de laticínios do Nordeste do um conceito de embalagem sem precedentes. recipiente fica em pé Brasil, com cinco fábricas na região, e líder nas “O Bat Gut já é uma marca forte e faz parte da vendas locais de leite UHT, a Betânia Lácteos traz uma embalagem inédita ao mercado brasileiro. memória afetuosa do nordestino. Nossa ideia é ofere- Trata-se da Ecolean Air 1000ml, uma embalagem flexí- cer o produto com uma embalagem inovadora e uma vel em formato de jarro produzida pela sueca Ecolean. deliciosa formulação de vitamina caseira. Tudo foi Devido ao seu design, a embalagem para de pé e pode concebido com base no estudo dos hábitos de nossos ser refechada para a reutilização do produto. consumidores, que pediram mais praticidade, conve- niência e uma formulação que atendesse às necessida- A novidade envasa o Bat Gut Vitamina de Frutas, des do dia-a-dia”, afirma Bruno Girão, CEO da Betânia. uma vitamina batida com cereais, frutas e o iogurte Bat Gut, nos sabores Goiaba com cereais e Morango O design exclusivo da Ecolean faz alusão ao for- com Banana e Aveia. A marca já havia sido pioneira no mato de um jarro, e permite que o produto se mante- formato de iogurte em embalagens flexíveis no país nha em pé por conta própria porque a alça é cheia de durante os anos 1990. Agora, a empresa inova mais ar, dando estrutura à embalagem flexível, e trazendo uma vez, trazendo a proposta de vitamina da fruta para praticidade no consumo. Ela permanece de pé mesmo quando está quase vazia. A Ecolean utiliza até 35% de 20 jul+ago 2020

carga mineral de carbonato de cálcio na composição 21 do material de suas embalagens, uma substância abundante na natureza, que amplia as barreiras à luz e ao oxigênio, ao mesmo tempo em que reduz ao máxi- mo o uso de plástico e adiciona resistência e rigidez à embalagem, composta por uma estrutura coextrusada multicamadas de carbonato de cálcio, polietileno, polipropileno e uma barreira de EvoH (na versão asséptica). Não possuem alumínio em sua formulação, permitindo aquecimento direto no micro-ondas. “Isso resulta em uma embalagem que alcança bons resulta- dos em termos de material extremamente leve e fino, e, ao mesmo tempo, altamente resistente”, explica Lucimar Molina, diretora de vendas Ecolean para América do Sul. As embalagens são pré-formadas em bobinas, prontas para serem colocadas na linha trazi- da pela Betânia. Todo o processo de corte e formação das embalagens é realizado diretamente na fábrica da empresa, na Suécia. “Em termos de funcionalidade, ela é fácil de abrir, servir e manusear, independentemente da idade do consumidor que esteja usando. Em relação à sua com- posição, parte do plástico foi substituído por carbona- to de cálcio, um elemento que garante uma superfície branca e macia e que deixa a embalagem mais leve, valoriza a impressão da marca e a comunicação do cliente. E, além de permitirem praticamente o con- sumo total do alimento envasado, com a extração até da última gota, as embalagens vazias tornam-se planas como um envelope, o que significa menos resí- duo gerado”, diz Lucimar. O shelf life propiciado pela embalagem é de 45 dias. O recurso licenciado SnapQuick é outra novidade. Trata-se de um dispositivo de lacre abre e fecha, que protege a bebida e evita a absorção de odores ou sabores da geladeira. “Avaliamos os hábitos do público do produto, até então ofertado apenas em sachê, e percebemos oportunidades para proporcionar mais praticidade. Afinal, a embalagem dispensa a necessi- dade de uma jarra para conservar a vitamina na gela- deira e vem com uma alça que melhora a experiência na hora de servir. Além disso, o clipe abre e fecha apri- mora a conservação da vitamina no refrigerador”, diz Bruno Girão, da Betânia. A Betânia investiu cerca de 1,5 milhão de reais na linha da vitamina Bat Gut, montante que inclui a impor- tação do equipamento de envase da nova embalagem. A fabricante de laticínios adquiriu uma linha EL1+ da Ecolean, cuja capacidade é dimensionada em 3 000 uni- dades/hora, instalada na unidade de Morada Nova (CE). A Ecolean também possui embalagens assépticas em seu portfólio, inclusive com versões transparentes. O portfólio contempla desde embalagens de consumo individual, de 125ml, 200ml, 250ml e 350 ml, que podem vir com ou sem canudo, passando por opções de 500ml e 750 ml, até embalagens de tamanho família, de 1 litro. jul+ago 2020

INTERNACIONAL SURPRESA NA ABERTURA IMPRESSÃO DE QR CODE NA PARTE INTERNA DE TAMPAS DE CAIXAS CARTONADAS ASSÉPTICAS ABRE NOVAS POSSIBILIDADES DE AÇÕES DE MARKETING Para começar, o QR Com cerca de 70% da população mundial Code vai em tampas equipados com um smartphone, os consumi- dores estão mais conectados do que nunca. A de produtos para geração Y espera que as marcas a entretenha e toda consumo on-the-go a experiência de compra se tornou muito mais do que apenas sobre o produto. Foi pensando nisso que a SIG ampliou sua gama de soluções de QR Codes. A fabricante de embalagens cartonadas anunciou o lan- çamento do “One Cap, One Code” para oportunidades de marketing on-line individuais. A empresa diz que sua solução exclusiva de fechamento será lançada ini- cialmente no sistema de fechamento das embalagens on-the-go. O sistema permite que os clientes da com- panhia apliquem códigos QR na parte interna das tam- pas, visíveis apenas depois que a embalagem é aberta. Com os códigos QR na embalagem já consolida- dos, essa inovação, diz a SIG, é mais uma ponte para a lacuna de comunicação digital entre marca e consu- midor. Reconhecida por smartphones em menos de 3 segundos, a solução One Cap, One Code foi desenvol- vido para possibilitar ações de marketing, como distri- buição de prêmios e sorteios. A SIG argumenta que o código QR escondido dentro do fechamento pode lançar imediatamente conteúdo dinâmico e envolvente, de competições e questionários a programas de fidelidade e ofertas de compras. Um link rápido para o site da marca e os canais de mídia social também gera mais fluxo de tráfego para aumentar a interação e impulsionar as vendas. O primeiro cliente da SIG a adotar a solução é um dos maiores produtores de laticínios da China. O grupo industrial Yili lançará o iogurte de frutas Perfect Love com o código QR no fechamento, que direcio- nará para um miniprograma WeChat, com conteúdo divertido para manter os consumidores envolvidos e entretidos. Hanno Bertling, gerente sênior de produtos da SIG, argumenta que “ocultar os códigos QR nos fecha- mentos oferece um toque mais pessoal e essa nova maneira de se comunicar com os consumidores e ofe- rece oportunidades de marketing online exclusivas e divertidas para nossos clientes”. 22 jul+ago 2020



ESPECIAL – LEITE UMA ONDA DE TRANSPARÊNCIA CRESCE A PRESENÇA DE GARRAFAS DE PET TRANSPARENTE NA CATEGORIA DE BEBIDAS SENSÍVEIS, PRINCIPALMENTE DE LEITES Novas garrafas da Já faz alguns anos que as embalagens de PET Xandô consolidam fazem parte do nosso dia a dia. Por ser um mate- tendência de adoção rial muito resistente ao impacto, com elevado do PET no mercado grau de transparência, o Polietileno Tereftalato é utiliza- de bebidas sensíveis do para embalagens de produtos dos mais diversos seg- mentos, desde o setor de alimentos e bebidas a medica- mentos, cosméticos e produtos de higiene e limpeza. Desde que chegou ao Brasil, em 1988, trazido pela indústria têxtil para a produção de tecidos, esse mate- rial foi aos poucos ganhando novas funcionalidades, ampliando os horizontes do mercado para fabricantes nacionais e empresas do exterior. Não demorou muito para as embalagens PET ocuparem espaços cada vez maiores nas prateleiras dos supermercados e nos lares brasileiros. O verdadeiro boom, no entanto, aconteceu nos anos de 1990, com o crescimento exponencial da popularidade das embalagens de bebidas, mais espe- cificamente, refrigerantes e águas minerais. Por serem acessíveis, modernas e seguras, as garrafas de PET gra- dativamente dominaram essas categorias. Bebidas sensíveis, como leites pasteurizados, ainda não têm um predomínio de PET nas prateleiras. Mas nos últimos anos, o material vem conseguindo avançar nesse mercados. E novos capítulos parecem se abrir. Em sua maioria as garrafas de PET brancas (opacas) para leite UHT (longa-vida) precisam de uma espécie de calço preto na parte interna, para proteger o con- teúdo da ação da luz. Essa característica, contudo, cria dificuldades no processo de reciclagem, pela adição dos pigmentos (veja reportagem na página 28). O leite é um produto altamente perecível que deve ser conservado sob refrigeração e possui vida útil limi- tada por ação microbiana. As embalagens destinadas a esse produto devem ser livres de microrganismos patogênicos e outros que possam desenvolver durante a estocagem e comercialização do produto, precisam ser inertes e apresentar ação físico-mecânico compatível com o sistema de manuseio, estocagem e distribuição sob refrigeração. Alguns requisitos importantes devem 24 jul+ago 2020



Com dimensionais mais ser levados em consideração: a exposição à luz pode como a anterior. Trata-se de um produto fresco e inte- controlados e precisos, causar perda de valor nutritivo devido à destruição gral, pasteurizado. de algumas vitaminas, e garrafas permeáveis garradas produzidas podem receber contaminação por odores. A migração das garrafas da Xandô de polietileno por ISBM permitem Os fabricantes de leite que adotaram para PET começou no ano passado, quando os sucos de eliminar selos de garrafas de PET transparente argumen- 1 litro trocaram de embalagem. Depois desse ensaio, a tam que não são necessárias embalagens novidade foi estendida para o suco de 300 mililitros, e vedação, simplificando multicamadas para barreira à luz, pois o agora chega aos leites da marca. processos e melhorando produto tem shelf life pequeno (cerca de experiência de consumo 10 a 20 dias), sendo distribuído na cadeia A movimentação, contudo, parece refletir uma Adoção de garrafas fria. Como a sua vida útil não é longa e o tendência mais ampla nessas categorias de produto. Os PET também no produto não fica exposto em demasiado sucos da Fazenda Bela Vista, que antes eram engarra- mercado de sucos à luz, dispensando o envase em garrafas fados em PEAD, agora são encontrados em garrafas de com barreira. E o PET resolve perfeitamente a PET transparente. A reportagem de EmbalagemMarca questão da permeabilidade. ((Vv))) não conseguiu contato com os responsáveis pela O exemplo mais recente é da Xandô, marca marca, mas acredita-se que a migração das diferentes variantes do Leite da Fazenda para essas embalagens produzida pela Fazenda Colorado, que trouxe seus leites seja uma questão de tempo. para garrafas de PET cristal, em substituição às emba- lagens de polietileno de alta densidade (PEAD) que uti- Outra marca importante no mercado de leites, a lizava antes. “Com objetivo de oferecer para o mercado Letti, marca de varejo da Fazenda Agrindus, terceira de leite fresco (pasteurizado) uma nova embalagem que maior produtora de leite do país, apresentou suas trouxesse maior apelo de beleza, transparência e sau- dabilidade iniciamos com a Plastirrico este projeto de NOVIDADE À VISTA desenvolvimento de uma nova garrafa”, afirma Stanley Colombo, Head de Marketing da Xandô. Outra mudança que em breve deve agitar o mercado de leites é a adoção de embalagens Segundo a empresa, a nova embalagem utiliza 22% bag-in-box, especialmente no canal de food ser- menos plástico que a anterior (passou de 36g para 28g), vice. Esse tipo de solução, formada por uma bolsa resultando tanto em ganhos financeiros quanto ambien- flexível acondicionada dentro de caixa de pape- tais. Outra vantagem da nova garrafa é a eliminação do lão ondulado, e dotada de torneira que dispensa selo de vedação presente na embalagem anterior, que o conteúdo por gravidade, já vem ganhando agora não é mais necessário, pois a troca de material do espaço em outros mercados, como o vinho. PEAD para PET representa também uma mudança no processo de transformação das embalagens. As garrafas “O ganho de eficiência, a otimização do espa- anteriores eram produzidas por sopro convencional ço e a redução no volume de resíduos gerados (EBM – Extrusion Blow Moulding), enquanto as novas são pontos muito fortes do bag-in-box, e em são transformadas por injeção, estiramento e sopro volumes maiores os custos são extremamen- (ISBM – Injection, Stretch Blow Moulding). Isso permite te competitivos”, explica Kleber Moura, diretor que os dimensionais da embalagem sejam mais con- comercial da Scholle IPN para a América Latina, trolados e precisos, resultando em vedação perfeita nome forte no fornecimento desse tipo de emba- entre gargalo e tampa. Além de representar uma sim- lagem. “Como a torneira impede a entrada de ar durante o consumo, o conteúdo fica preservado plificação no processo produtivo e menos um item de por tempos longos, tornando o sistema muito embalagem, a eliminação do selo traz uma melhor conveniente para canais como padarias, cafe- experiência de consumo, pois facilita a abertura e o terias e restaurantes.” Moura revela ter estudos acesso ao produto. avançados com um grande laticínio para viabilizar Além disso, vale destacar, apesar dos recentes essa solução visando o canal institucional, com avanços na estrutura de recuperação do polietile- embalagens de 10 litros. no para reciclagem, a cadeia do PET já está mais madura e estruturada nesse sentido. “O desafio do projeto foi trazer a inovação sem perder a tradição da versão anterior uma vez que a marca possui clientes cativos acostumados com a garrafa tradicional, o que poderia ocasionar algum tipo de reação contrária ao redesign da gar- rafa e à migração para o PET”, conta o executivo. De acordo com a Xandô, a nova embalagem permite que o produto mantenha suas caracte- rísticas – sabor, aroma e cor – inalteradas, assim 26 jul+ago 2020

embalagens transparentes, totalmente recicláveis e com OPÇÃO PARA UHT maior durabilidade. O material? PET. O selo de vedação da garrafa foi retirado e foi aplicada a tampa com lacre A Lorenpet apresentou recentemente uma gar- de alumínio e verniz com selante alimentício, que garan- rafa dirigida ao mercado de leite longa vida ou UHT te a inviolabilidade e simplifica o manuseio para o consu- (Ultra High Temperature), com uma nova tecnologia midor final para apenas uma etapa. “Queremos mostrar monocamada de barreira à luz. Em função da longa nosso produto como ele realmente é, não temos o que validade do produto (em média quatro meses) e da esconder. Mostrar o leite branco em uma embalagem alta sensibilidade à fotodegradação, o leite UHT exige transparente nos traz de volta – e oferece àqueles que bloqueio de 99,5% ao espectro visível da luz. Através não conheceram – a experiência e a oportunidade de ter dessa nova tecnologia, segundo a fornecedora, é o leite fresco e entregue da fazenda direto para a casa possível envasar o leite UHT em garrafas de PET, que do consumidor, como sempre foi”, explica Taís Jank, seriam recicláveis. Customer Experience da Letti. As garrafas foram desenvolvidas pela Amcor. A empresa realizou uma pesquisa que identificou que os consumidores brasileiros têm preferência por produtos lácteos com embalagens transparentes que permitem visualizar o conteúdo antes de comprar, reconhecendo o frescor e a qualidade premium do mesmo. Reforçando a tendência de adoção do PET no mer- cado de leites, a Fazenda Trevisan, que antes produzia apenas leite a granel, lançou sua linha voltada ao consu- midor final nesse tipo de embalagem. A opção pelo PET foi a diferenciação, já que a maioria esmagadora das marcas de leite está nas embalagens cartonadas assép- ticas. Outra diferença da Trevisan é que ela tem garrafas de meio litro, que tem o mesmo diâmetro da embala- gem de 1 litro, o que agiliza o setup das linhas produti- vas. Assim como as garrafas da Xandô e da Letti, as da Trevisan também dispensam o selo de vedação, já que a tampa faz as vezes de lacre. Ambas foram vencedoras do Prêmio Grandes Cases de Embalagem 2019. Trevisan e Letti: diferenciação com PET 27 jul+ago 2020

ESPECIAL – LEITE MAIS UM PASSO PARA FEC H NA FRANÇA, INTEGRAÇÃO DE EMPRESAS FORMA CONSÓRCIO PARA RECICLAR GARRAFAS Acentua-se nos principais mercados de bens Garrafas de PET brancas com barreira de bloqueio à luz retornarão acinzentadas por causa do PCR de consumo – e no Brasil não é diferente – a tendência de adoção de projetos voltados à outras categorias, de não esconder as imperfeições economia circular, com foco predominante no rea- visuais advindas do uso de materiais reciclados pós- proveitamento de embalagens descartadas como -consumo, e utilizando-as em seu favor, como apelo matéria-prima para a fabricação de novos recipientes de marketing. ou outros objetos. Todavia, a reinserção dos artigos e de suas embalagens descartados no ciclo produtivo As novas garrafas oferecem barreira à luz, sem esbarra em problemas surgidos durante essa trajetó- ria, tais como a dificuldade de coleta, o reaproveita- CRUZANDO O CANAL, PEAD mento dos resíduos de maneira virtuosa (no caso de recipientes, com as mesmas propriedades do objeto No Reino Unido, os esforços para mitigação anterior) e, principalmente, a integração de todos os dos efeitos do descarte de resíduos sólidos elos dessa cadeia no mesmo compromisso. também têm capítulos específicos destinados à indústria de produtos lácteos. Um foco impor- Afora exemplos pontuais que surgem de forma tante, claro, são as embalagens. crescente aqui e no exterior, atualmente ocorre na França uma iniciativa nessa direção que desperta Culturalmente, nessa região da Europa, atenção também fora de suas fronteiras, devido ao formada por Inglaterra, Escócia, País de Gales aparente potencial de concretização do projeto em e Irlanda do Norte, predominam os galões de nível regional e, em seguida, nacional. O movimento polietileno de alta densidade (PEAD) com alça em curso no país europeu tem por eixo a reciclagem para o acondicionamento de leite. Um esquema de garrafas de PET destinadas ao acondicionamento de coleta e recuperação dessas embalagens de leite UHT, normalmente de difícil recuperação para reciclagem foi instituído há uma déca- pela necessidade técnica de incorporação de uma da, para que se incorporasse gradativamente camada preta para bloqueio da luz. A iniciativa uniu a resina PCR grau alimentício na fabricação de recicladora Paprec, uma das três principais empresas novos galões. O índice, que em 2010 era de 10%, de reciclagem da França, e o laticínio Laiterie de Saint- passou para 50% este ano. -Denis de l’Hôtel (LSDH), situado na região do Loiret, no Vale do Rio Loire, para colocar no mercado leite Para viabilizar o projeto, as embalagens são acondicionado em recipientes reciclados produzidos produzidas sem cores, e recebem rótulos e selos com 50% de resina pós-consumo. Para consolidar o de vedação que podem ser facilmente sepa- projeto, as duas empresas formaram um consórcio rados durante a triagem do material recolhido. que tem, na ponta da transformação, as fabricantes de Isso melhora a qualidade da resina PCR e facili- pré-formas e de tampas de garrafas (respectivamente ta sua utilização nas novas garrafas. SGT e PDG Plastiques), e na ponta da distribuição, a rede gigante de supermercados Carrefour, que vai utilizar as garrafas produzidas com resina PCR em sua linha de leite Bio. Os parceiros resolveram apostar na consciência ambiental dos consumidores franceses, já que as gar- rafas terão um tom acinzentado, e não branco como é o padrão da categoria. A tonalidade é consequência da inclusão das garrafas com camada preta no processo de reciclagem, e será assumida pelo Carrefour sem disfarces – reforçando uma tendência já registrada em 28 jul+ago 2020

C HAR O CICLO AFAS DE LEITE OPACAS E PRODUZIR NOVAS EMBALAGENS necessidade de aplicação de camadas internas de de que até 2025 a indústria do país consiga reciclar a outros materiais de blindagem, garantem aquelas totalidade do plástico utilizado em embalagens. É um empresas. desafio e tanto. A começar pelo êxito ou não do projeto de reciclagem da garrafa opaca de PET reciclado. A previsão de chegada ao mercado da novidade é ainda para este ano. A escalada da iniciativa depende- Isso porque o PET, quando acrescido de minerais rá da capacidade de coleta das garrafas PET brancas que propiciam opacidade (em geral, dióxido de titâ- com camada escura, que passarão a ser separadas em nio para a cor branca e negro de fumo para o preto) um grupo à parte nas usinas de triagem (antes eram dificulta a reciclagem e compromete a qualidade do juntadas aos resíduos de PET colorido). material resultante do processo. O consórcio liderado pela Prapec e pela LSDH divulga que conseguiu ven- Operacional desde junho de 2016, o projeto consu- cer esse obstáculo, e que a solução já é operacional. miu até agora 22 milhões de euros. A iniciativa é vista Agora, é esperar para ver o fôlego dessa iniciativa, que positivamente pela prestigiosa entidade ambiental promete fechar o ciclo das até hoje problemáticas gar- francesa Eco-Emballages e se harmoniza como “passo rafas de PET para leite UHT. importante” pelo governo, que já anunciou a meta jul+ago 2020 29

IMPRESSÃO INOVAÇÃO NA IMPRESSÃO D TECNOLOGIA ELETROSTÁTICA DE IMPRESSÃO DIRETA EM LATAS COMEÇA A GANHAR M Aimpressão digital direta em latas de alumínio Numa mesma está dando um salto notável. Isso graças a tiragem a imagem uma startup canadense chamada SoluCan, de cada lata pode primeira empresa no mundo a instalar uma impresso- ra digital de latas de bebidas da Tonejet Cyclone (fora ser diferente a própria fabricante da máquina, que presta serviços para a indústria de bebidas). A startup atende às necessidades de decoração a curto prazo de um número crescente de clientes. A impressora digital foi instalada no final de 2019. “A Tonejet Cyclone é a espinha dorsal da oferta da SoluCan, e consideramos uma mudança de paradig- ma total na oferta de latas para bebidas”, acredita Sebastien Baril, presidente da SoluCan. “A capaci- dade de imprimir usando um processo seguro para alimentos é fundamental. Tecnicamente, ainda esta- mos na fase beta, sendo o primeiro usuário comercial da tecnologia”, explica o executivo. “Há uma curva de aprendizado para preparar os arquivos digitais no front-end, por exemplo.” Como todas as tecnologias de impressão digi- tal, a Tonejet elimina as chapas de impressão, a preparação, as trocas de tinta e outros custos de configuração. Cada imagem a ser impressa em uma embalagem pode ser diferente da imagem anterior porque os trabalhos são carregados com o geren- ciador digital de tarefas da impressora. E, de acordo com a fabricante do equipamento, a camada de tinta ultrafina significa custos mais baixos e melhor flexibi- lidade e adesão sob estresse em comparação com as tecnologias concorrentes. Essa tecnologia eletrostática de impressão sob demanda fornece uma resolução CMYK de 600 dpi em escala de cinza a uma velocidade de 60 latas por minuto. Trata-se de um processo de quatro cores, com uma cabeça de impressão para cada cor. A novidade está fazendo sucesso no Canadá, especialmente porque em fevereiro deste ano o Ministério do Meio Ambiente e Combate às Mudan- ças Climáticas proibiu a venda de latas de alumínio com rótulos autoadesivos e termoencolhíveis, que até então eram a solução para pequenas tiragens. Esses formatos de rotulagem vinham se tornando 30 jul+ago 2020

O DIGITAL DE LATAS R MERCADO NA AMÉRICA DO NORTE youtu.be/vTnN6qd9Zxk Sistema Cyclone abre múltiplas possibilidades de comunicação cada vez mais populares em setores como de cerveja divisor de águas que oferece uma poderosa ferra- artesanal e de vinhos. Como o número desses rótulos menta de marketing. Além de usar o espaço para aumentou significativamente, começaram a aparecer promover eventos, promoções de marketing e coisas problemas de contaminação do alumínio nos centros do gênero, é possível incluir códigos únicos vincu- de reciclagem – independente do material do rótulo. lados a aplicativos de realidade aumentada e até Essa é a justificativa para o motivo da proibição. códigos invisíveis e marca d’água ”, diz Jean-Francois Gaudreault, gerente geral da SoluCan. O sistema Cyclone permite a produção de lotes que variam de 48 a 165 mil latas. Para Baril, além Tanto a SoluCan quanto a Tonejet não comen- dos alegados benefícios que essa tecnologia de tam a velocidade relativamente baixa do sistema de impressão digital traz em termos de impedir que a impressão digital Cyclone, de 60 latas por minuto. decoração feita com rótulos contamine o fluxo de “Naturalmente, como se trata de uma nova tecno- reciclagem de alumínio, há também a vantagem de logia, temos uma lista de desejos de coisas que gos- ela se encaixar na tendência de tornar a embalagem taríamos de ver otimizadas, e a velocidade está na um portal digital. “Vincular embalagens ao mundo lista”, diz Sebastien Baril. “Mas, por enquanto, não é digital, acessível por meio de seu smartphone, é um uma grande prioridade.” jul+ago 2020 31

PRÊMIO Ouro A DATA ESTÁ M 15 DE OUTUBRO CERIMÔNIA DE ENTREGA DOS TROFÉUS AOS VE CASES DE EMBALAGEM TERÁ TRANSMISSÃO ON DOS RISCOS DA PANDEMIA. SERÁ UMA EXPERIÊN Prata Apoio No momento em que esta revista chegar aos Especial seus assinantes, a cerimônia de entrega dos troféus aos ganhadores do Pr�m�� Grandes Apoio Divulgação Cases de Embalagem, marcada para 15 de outubro às Educacional 19h, estará próxima. Os organizadores fizeram o pos- sível para manter o evento presencial, mas os riscos Organização persistentes à saúde dos participantes representados por agrupamentos de pessoas falaram mais alto, e o [email protected] formato deste evento já tradicional no setor de emba- lagens precisou ser inteiramente repensado. /gcembalagem @grandescases grandescases Em meio a tantos eventos que subitamente foram 32 obrigados a abandonar os espeços físicos e migrar para plataformas digitais, as maiores dificuldades foram encontrar um formato que não buscasse sim- plesmente reproduzir a experiência da cerimônia tradicional – o que certamente se transformaria num entediante episódio – e, em pouco tempo, repensar tudo o que já estava planejado, para entregar aos par- ticipantes e aos patrocinadores do Pr�m�� Grandes Cases de Embalagem o que sempre foi a vocação da iniciativa: inovação e incentivo ao desenvolviemento de bons relacionamentos, estimulando a integração da cadeia de embalagens. A segunda parte, infelizmente, foi muito com- prometida pela pandemia. Juntar as pessoas não é uma alternativa para este ano. E procurar meios para que esses relacionamentos valiosos se efetivassem por meios digitais, num evento com a proposta de divulgar projetos que mereceram destaque por seus benefícios e qualidade de execução, mostrou-se uma tarefa inglória. Por isso, os organizadores escolheram apostar no primeiro elemento – a inovação. Não se trata de inventar a roda, nem mesmo de propor formatos inu- sitados. Mas sim de aplicar todo o conhecimento no universo da comunicação para entender qual a lingua- gem adequada para a realização do evento. A premiação, seguindo essa lógica, precisa colocar em destaque os grandes protagonistas da noite, que jul+ago 2020

MARCADA: CERIMÔNIA DE PREMIAÇÃO RO, ÀS 19H 15 DE OUTUBRO OS VENCEDORES DO PRÊMIO GRANDES 19H O ONLINE POR CAUSA DA PERSISTÊNCIA ERIÊNCIA NOVA, MAS INOVADORA youtube.com/embalagemmarca são as empresas ganhadoras (as donas das marcas e 33 os fornecedores envolvidos no projeto) e os patrocina- dores, que aportam recursos para ajudar a promover as soluções inovadoras incorporadas não apenas nos projetos selecionados pelo júri, mas em tantos outros que possuem méritos mas que, às vezes por detalhes, ficaram fora da lista final de premiados. Dessa forma, está sendo desenvolvido um roteiro que assegure que sejam esses os grandes nomes da noite. Naturalmente, também terão destaques parcei- ros importantes dessa empreitada. São empresas que dão sua contribuição, por exemplo, para viabilizar a produção dos troféus que serão enviados aos ganha- dores. Muitas novidades estarão sintetizadas nesse objeto que é uma união de bom design (o projeto é do consagrado Karim Rashid), antecipação de tendências e experimentação tecnológica. Para transmitir o evento do dia 15 de outubro, às 19h, a revista EmbalagemMar�a reforça sua parceria de anos com o Prêmio, e disponibiliza seu canal no YouTube (youtube.com/embalagemmarca), com acesso liberado, para que mesmo quem não esteja participando da premiação possa assistir às explica- ções que levaram as embalagens selecionadas pelo júri ao pódio. Para acompanhar a cerimônia em tempo real, basta inscrever-se no canal da revista (que ao longo do ano traz sempre vídeos novos, e que em 2021 terá ainda mais novidades) e conectar-se no momento da transmissão. Apesar da pandemia, o número de projetos inscri- tos foi elevado, assim como o nível de boa parte dos projetos. Espera-se, portanto, uma seleção de bons casos, que muito terão a contribuir para o desenvol- vimento contínuo da cadeia de embalagens no Brasil. Esperamos, nós e os organizadores do Pr�m�� Gran- des Cases de Embalagem, ter a sua audiência no dia 15 de outubro, e a sua presença em 2021, quando a premiação chegará à sua 15ª edição. Haverá muito a se comemorar – dessa vez, presencialmente. jul+ago 2020

Almanaque A guerra das tampinhas milionárias Em 1992, a Pepsi quase provocou da promoção era de 2 milhões de país, que achavam que iam ficar EALMMVAÍNDAEQOUE uma revolução nas Filipinas. Tudo dólares. milionários, organizaram mani- começou com uma promoção de Produtores de arroz do interior do festações pelo país. Os protestos hpAtrstimpm:e/u/isrbaaisst.ilmnysa/eprcmiraa-scddiogeraacrsrigodaarsro tampinhas premiadas. Seriam se tornaram violentos, houve vários pequenos prêmios em quebra-quebra e confronto com dinheiro e dois grandes prêmios de um milhão de pesos filipinos, a polícia, resultando cerca de 40 mil dólares. As ven- num saldo de cinco das da Pepsi cresceram 40% em mortos, dezenas de dois meses. feridos, engarrafa- Mas aí veio o dia da premiação... doras destruídas e e tudo deu errado. Por um erro caminhões da Pepsi na produção, a tampinha número incendiados. 349, com o prêmio máximo, que Após uma batalha jurí- deveria ter sido impressa duas dica, a Pepsi fez um vezes, acabou sendo emitida 800 acordo para pagar 18 mil vezes. Quando a Pepsi perce- dólares a quem tives- beu, já tinha distribuído o equi- se a tampinha 349, valente a 32 bilhões de dólares desembolsando o valor para 550 em tampinhas premiadas. A verba mil pessoas, gastando cerca de 10 milhões de dólares. sobre Bares... ... e botecos diminutivo de botica, no tempo em Quem entra num bar e se herdado por sua vez do francês, No Brasil, o boteco ficou conhecido que essa última palavra significava dirige ao balcão nem sempre para designar a balaustrada que como um lugar que serve de encon- “loja em geral” e não farmácia, sabe qual é a origem no nome em tempos remotos existia em tro entre boêmios e onde se pro- como hoje. Botica deriva do grego desse tipo de estabelecimento. quase todos os botecos e ainda cura boa bebida e petiscos baratos. apothéke, que significa depósito, Praticamente no mundo inteiro existe em alguns, entre o balcão A palavra boteco é uma derivação “casa de bebidas” ou “loja em que a palavra veio do idioma inglês e os clientes. Em castelhano, “la regressiva de botequim. Já bote- se vendem gêneros a retalho”. (bar, ou barra, em português), barra” é “o balcão”. quim deriva de botiquim, que era o Legenda: Antigo bar na Califórnia (EUA), em foto do final do século 19 Boteco no bairro carioca de Vila Isabel, na década de 1940 34 jul+ago 2020




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