poesia na pandemia    EMOÇÕES    QUE BROTAM    coletânea                                Produção Roberta Regato                                  Edição dos autores                                         1ª edição                                 Mogi das Cruzes, SP                                            2021
Copyright© 2021 by Roberta Regato            Todos os direitos são reservados aos autores                                Produção e Projeto Gráfico                                      Roberta Regato                                               Fotos                           Robson Regato e Thales Stadler                                             Revisão                                     Walter de Sousa    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)              (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)         Emoções que brotam : poesia na pandemia :            coletânea / produção Roberta Regato. --            1. ed. -- Mogi das Cruzes, SP : Ed. dos Autores,            2021.              ISBN 978-65-00-29179-7              1. Poesia brasileira - Coletâneas I. Regato,       Roberta.    21-77798                                              CDD-B869.108            Índices para catálogo sistemático:    1. Poesia : Antologia : Literatura brasileira            B869.108    Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380              11 999633 1205 | @robertaregato
às emoções  que brotam
Índice    Prefácio.....................................................................................................6  por Iara Stabler    Aos fotógrafos..........................................................................................9    Sobreviver.............................................................................................. 10  Ademilton Alves (Itajá, GO)    Acróstico: Poesia na pandemia – Emoções que brotam.................... 12  Airton Reis (Cáceres, MT)    Onde?.................................................................................................... 14  Alexandre Costa da Silva (São Paulo, SP)    Mãos que oferecem amor.................................................................... 16  Antônio de Lima Vieira (Independência, CE)    Sementes de amor................................................................................. 18  Carmen Ramos (Esteio, RS)    Covit da Covid....................................................................................... 20  Casi Handanga (Namibe, Angola)    Se tivesse mais um dia.......................................................................... 22  Daniel Mello (Nova Iguaçu - RJ)    Primavera na ladeira............................................................................ 24  Daniella Peneluppi (São José dos Campos, SP)    Laços...................................................................................................... 26  Edu Vargas (Canoas, RS)    Reaprendendo a amar.......................................................................... 28  Elivelton Faria (Mogi das Cruzes, SP)    No zênite da noite................................................................................. 32  Giovani Miguez (Rio de Janeiro, RJ)    sobre Viver............................................................................................. 35  Iara Stabler (Mogi das Cruzes, SP)
Emoções sublimes, reciprocidade de amor!....................................... 36  Kennedy Cândido (Contagem, MG)    Flora....................................................................................................... 38  Luiz Cavalcante (Presidente Prudente, SP)    Pandemia............................................................................................... 40  Maria Rocha (Rio Maria, PA)    Brasil em Luta, Brasil de Luto.............................................................. 42  Mia Cozzo (São Paulo, SP)    Vou criar uma flor................................................................................ 46  Milton Feliciano (Porto Alegre, RS)    Entrelinhas............................................................................................ 49  Murilo Antunes (São Bernardo dos Campos, SP)    E esse belo encontro............................................................................. 50  Pérsio Rodrigues (Mogi das Cruzes, SP)    Esperança em meio à pandemia.......................................................... 52  Renan Souza (São Paulo, SP)    O amor.................................................................................................. 54  Rivaldo Ribeiro (Luziânia, GO)    Bumerangue de sensações pan_dementes.......................................... 56  Sérgio A R Pereira (Guarulhos, SP)    Recado................................................................................................... 58  Sú Cedro (Bonito, BA)    Sentimento pandêmico......................................................................... 60  Taíse Heto (São Paulo, SP)    Emoções................................................................................................. 62  Valdizar Andrade ( Jangada, MT)    Índigo..................................................................................................... 67  Walter de Sousa (São Vicente, SP)    Amanhecer............................................................................................ 68  Wellington Alves (Fernando de Noronha, PE)    Biografias............................................................................................... 70
Prefácio            Poesia na Pandemia          Emoções que Brotam           Por mais de um ano, em um mundo tão tecnológico, nos  vimos imersos em uma realidade só vista em livros de histórias  e tratados científicos.           Pandemia!         Devastou o mundo, interrompeu histórias, nos mostrou o  quanto somos frágeis, o quanto não controlamos nossas vidas.         Nos remeteu ao que há de mais primitivo em nossa estru-  tura – o medo.         As incertezas e o isolamento social suscitaram angústias,  tensões, tristezas e pânico.         A sobrevivência a esse imperativo que nos paralisou de-  manda a necessidade de reunirmos recursos internos para ela-  borações que nos auxiliem a significar e ressignificar o sentido  da existência. E um dos alimentos, talvez o mais significativo  para as elaborações, é a palavra.         A linguagem implica um sujeito que fala e deseja. Depen-  demos da linguagem para viver em sociedade. É a base da cul-  tura. A linguagem funda a civilização.
A palavra tem poder.                                        7         E quantas emoções não brotaram nesses longos meses  de pandemia.         E quanta riqueza pode haver na ressignificação dessas  emoções pela via da arte.         A arte provoca, convoca, transcende. A arte ajuda a respi-  rar melhor. Alivia, inspira, motiva e emociona.         A poesia dentro de um caldeirão de possibilidades artís-  ticas se apresenta com um valor inestimável.         Fazendo uso da palavra, a poesia com seu recurso intenso  destila dores, angústias, medos, esperança, alegrias e amores.         Este livro que chega em suas mãos é um delicado pre-  sente recheado de emoções.         Um livro de poesia é um convite para acalmar a alma.  Deve ser lido com calma, sem pressa, com pausas.         Saboreie.         Aprecie.         Emocione-se.           Iara Stabler            psicanalista e amante das poesias    EMOÇÕES                                                               7    QUE BROTAM
foto: Robson Regato             “O fotógrafo tem a mesma          função do poeta: eterniza o                   momento que passa.”                                            Mário Quintana                                                            9    foto: Thales Stadler                          EMOÇÕES                              9                          QUE BROTAM
Sobreviver                           Ademilton Alves (Itajá, GO)    Aquele doce sentimento que lá atrás ficou.  Foram raras as vezes em que eu me apaixonei.  Na metade, eu sofri, em lágrimas eu chorei.  Mas as boas lembranças eu trago na memória.  Já a mágoa e a decepção de um amor que não vingou,  Viraram cinzas e evaporaram.  Sentimento que já se foi, neste peito que já sofreu,  Hoje confesso que já morreu.  Não será exumado e nem mais vivido.  Do baque que meu coração, por vezes partido,  Eu nasci e atravessei a fronteira do século passado,  fui amado e odiado.  Lá vou eu escrevendo para combater.  Os meus pecados vão se posicionando e ganhando formas.  Vogal, semivogal e consoante vão marchando.  Diante de teus olhos.  Visionários viciantes pela literatura.  Deixa-nos amantes da poesia.  Oh, minha caneta que se aquece no calor de meus dedos!
Vá transitando pelas linhas, deixando o meu rastro.             11  Nesta folha pertencente a uma árvore que já se foi.  Jamais me reprima; a minha resima de amor, é você, meu leitor.  Oh, bendito que sou!  Vou doando o meu momento  e colocando verdades na minha escrita.  Para ganhar a sua continência, o seu contemplar,  cujo bendito, bendito cujo.  Em águas passadas que eu atravessei, fui marujo.  Vá, consoante!  Germinam semivogais e vogais, sejam vorazes.  Eu vim do século passado, navegando em águas mansas,  turvas e bravas.  Agora estou na calma e paciência  para manter a sua e a minha própria existência.  A máscara que me salva, ao mesmo tempo filtra a minha voz.  Mantendo a distância entre nós,  a vida é amor que acalenta o próximo.  Todos juntos lutando pela nossa própria sobrevivência.    foto: Thales Stadler  EMOÇÕES                                       11                          QUE BROTAM
Acróstico:  Poesia na pandemia – Emoções que brotam                                                   Airton Reis (Cáceres, MT)    P alavras.  O s versos livres.  E strofes do viver.  S er. Estar. Humanizar.  I luminar o bem querer.  A lma. Coração. Luz. Inspiração.    N orte da Humanidade. Fraternidade.  A calento. Acolhimento. Solidariedade.    P avimento cidadão.  A pátria. O país. A nação.  N ível da igualdade. Liberdade. Expressão.  D iário da calamidade sem fronteira. Prece. Oração.  E spelhos refletidos da realidade. A prosa sem ficção.  M undial aflição. Rimas que confortam e que afagam.  I luminação. Fé. Confiança.  A Onipotência do Criador.
E ficácia da Ciência. Imunização. Verbo vacinar.  M inuto de silêncio. Pesar. Vitimados de lar em lar.  O próximo avistado, além de uma quantia apequenada.  Ç da esperança ampliada. Plenitude da vida assegurada.  O ntem. Hoje. Amanhã. Tempos de isolamento. Sofrimento.  E scárnio por vezes governamental. “Negacionismo” imoral.  S ocorridos. Os salvos. Os sepultados no território nacional.    Q uantos mortos? Mais de 500 mil.  U nidades de Terapia Intensiva. Superlotação.  E scândalos de superfaturamento. Desvios. A corrupção.    B rasil. Brasil. Brasil.                                    13  R efrão da Carta Magna Constitucional.  O direito. O dever. Obrigação mais do que federal.  T ristezas sem ponto final. Os vitimados sem funeral.  A flição. Dor. Igualdade cada vez mais tardia. Hipocrisia.  M orrer: verbo conjugado à revelia.                                        Sobreviver à pandemia!    foto: Thales Stadler  EMOÇÕES                                   13                          QUE BROTAM
Onde?                   Alexandre Costa (São Paulo, SP)    O que é o medo de ficarmos juntos  e a certeza de haver final?  Toda pausa ao final do assunto  e toda lógica irracional?    Onde fica o palco desse picadeiro?  A apresentação especial?  O clero, o credo, o curandeiro,  o chip e a credencial?    De onde veio o voto que elegeu o louco  na loucura do tempo real?  Quem se arrependeu um pouco  e quem faria tudo igual?    Onde está o mapa dessa trajetória  com o traçado ainda original?  O tracejo da nossa memória  com motivo e com ideal?    Pra onde vai o dolo da nossa ferida              15  na partida em tom surreal?  Esse vírus que virou a vida  e a vida que virou viral?    foto: Robson Regato                  EMOÇÕES         15                                         QUE BROTAM
EMOÇÕES                QUE BROTAM         Mãos que oferecem amor                                Antônio de Lima Vieira (Independência, CE)    16            Precisamos tornar tudo diferente,          Olhar com os olhos da alma,          Abraçar com palavras,          Falar mais de amor!            Tempos bons estão à vista,          Só esperar um pouquinho.          Tantas bocas sedentas,          Corpos, beijos, abraços ...            Falar “eu te amo”,          Sinto falta de você,          Você é especial,          Será que está na rotina?!            Agradecer ao invés de reclamar,          Aceitar as pessoas          Sem julgar ou criticar.          Fazer uma boa leitura de reflexão em nós.            Hoje é agora.          Amanhã pode ser uma saudade.          Ofereça flores...          A POESIA é liberdade...                 foto: Robson Regato
17    EMOÇÕES         17    QUE BROTAM
Sementes de amor                                Carmen Ramos (Esteio, RS)    De repente, uma triste pandemia  Envolve rapidamente o mundo.  Foi se espalhando entre as pessoas,  Atingindo os sentimentos mais profundos.    Foram levadas muitas vidas,  Tivemos que parar para entender,  Refletir no silêncio da solidão  Por que tudo isso estava a acontecer.    Uma nova era começa a nascer,  Um recado de Deus para a Humanidade.  Para as pessoas não esquecerem  Da solidariedade, amor e humildade.
Conhecemos o isolamento social                        19  Sem ao menos um aperto de mão,  Aprendemos a linguagem dos olhos          EMOÇÕES         19  Transmitindo as mensagens do coração.                                            QUE BROTAM  Mas Deus deu ao homem,  Inteligência, sabedoria e calma.  Foi criada uma vacina de esperança  E a paciência também é a vacina da alma.    E nossas vidas se tornaram um jardim,  Sementes de amor, espalhamos pelo ar.  Essa pandemia vai passar!  E todas as emoções vão brotar!    foto: Thales Stadler
Covit da Covid                 Casi Handanga - Paueta Wanganafé (Namibe, Angola)  Covid que convida  A vida  A dançar sem parar,  Ao som do semba nos nguetos desta ngola.  Vida de kizombar o amor debaixo do pinheiro,  De tarrachar a valsa da vida com lágrimas no rosto  Daqueles que foram por elas tirada.    Covid que convida  A vida.  Vida por ela arrancada,  Sem ao menos ter nos dado a chance de um adeus dizer,  Nem um enterro digno ao defunto oferecer.  Enterrei quem eu não conhecia,  Chorei por quem o rosto nunca vi,  Nunca antes deste jeito vivi.                                       Sem escola,                                     Sem trabalho,                                     Sem passeio,                                     Sem amor,                                     Sem abraço,                                     Sem beijo,                                     Sem toques,                                     Sem festa,                                     Sem saida.
Fomos postos reféns, dentro de nossos lares,  Obrigados a enterrar nossos familiares  Sem saber a quem pertencia o morto.  Somentes os médicos segredaram consigo mesmos.                                      Covid que convida                                                  A morte                                      De quem amamos.  Obrigados a funerar quem não conhecemos.                   Óbitos sem mortos nem cadáver.    Sua cova impedido de ver,                                21  Se era fundo ou não,  Se era apertado ou não,       EMOÇÕES                        21  Se era baixo ou alto,  Se era comprido ou estreito,  QUE BROTAM  Se era gordo ou magro,  Não sei dizer.  Chorou apenas meu coração.    foto: Robson Regato
Se tivesse mais um dia              Daniel Mello - O Amante das Palavras (Nova Iguaçu - RJ)    Se naquele último suspiro de vida, mulher,  Pudesse pedir um último desejo,  queria apenas mais um dia ao seu lado.    Um dia para ser bem desfrutado,  Sem brigas, sem verdades na cara,  Apenas mais um dia como casal.    Queria sentir o aroma do café na mesa,  Conversas infindáveis de casal,  Risos soltos e aquela paz em meu coração.    Creio que não seja pedir demais...  Aqueles nossos olhares presos na cumplicidade,  Olhares cheios de desejos,  E às vezes até aquela sua cara de birra,  Pois nenhum casal é perfeito.
Queria apenas mais um dia, mulher,  Com aqueles toques mais ousados,  Reacendendo à chama daquela velha paixão.    E à noite, entre suspiros e gemidos,  Daríamos o tom e a melodia de nosso amor  Sem nos preocuparmos com o amanhã.    Se pudesse ter mais um dia ao seu lado, mulher,  Faria tudo diferente e desceria do pedestal  Do meu orgulho e faria tudo diferente.    E, ao acordar, poderia admirar seu olhar  Ao invés do guarda-roupa vazio  Na sua fuga durante á madrugada.    Se tivesse mais um dia, mulher,                              23  clamaria por sua paixão voraz  Ao invés desta solidão.                          EMOÇÕES     23    foto: Thales Stadler                             QUE BROTAM
Primavera na ladeira       Eu, que tantas vezes                             subi e desci  Daniella Peneluppi         muitas ladeiras...    (São José dos Campos, SP)  Que há tempos                             distraio passos                             pela casa,                               Não mais reconheço,                             corpo que habito                             em movimento.                               Não mais conheço                             a sombra projetada                             na sacada.                               Não me reconheço                             em ninguém.                               Não me entendo                             em lugar algum.                               Habito a Terra,                             Mas aqui                             Há desconhecida.                             Eu?                               foto: Thales Stadler
Que tantas vezes                            25  realizei diferentes trajetos,  Que tantas vezes  projetei  tesouros pelas passagens.  Quem sou  Eu  Quando não sei  onde Estou?    A árvore franzina da infância,  Exuberante em amarelo,  Farfalha ao tempo.  Cores         em           mim.    Bem               Em     mim  Que, com simples passos,  Componho compassos  E passo após o outro  Passeio  pela  estrada  de  ninguém.                                    EMOÇÕES     25                                    QUE BROTAM
EMOÇÕES                QUE BROTAM         Laços                                           Edu Vargas - Duê, o Poeta (Canoas, RS)    26           Nuvem insensata beijou a vida,         Espalhou-se feito amores e magia.         Horizontes, olhares transformados,         Acabaram-se os espaços, risos cerrados.           O longe é o exato amor agora,         Onde o olhar aprendeu sua fala         E conteve-se a brilhar em amados,         Sentimentos órfãos, sem prepará-los.           Acabara o toque e a nostalgia.         Quando voltaremos a ter mania         De beijarmos a vida, abraços?         Como se fosse o tudo, um vírus?           Respiramos o que se cria,         Sem afagos diante da doutrina.         O mundo sem seus laços,         Lágrimas secas, sem passos.           O céu desabou nessa ilha,         Levou sementes e o que tinha,         Deixou dores e rastros.         Agora, costuram-se vidas e compassos.                 foto: Robson Regato
EMOÇÕES     27    QUE BROTAM
Reaprendendo a amar                                      Elivelton Faria (Mogi das Cruzes, SP)    (para meu irmão)    Hoje venho falar  Sobre a situação de várias pessoas,  Pessoas em diferentes lugares...  Oh, meu Deus! Estamos a nos reinventar.  O que dizer desse cenário de tristeza e incerteza?  Como um vírus vem sem ninguém esperar  E tira toda altivez e prepotência?    Para esse pequeno bichinho  Não há cor, idade ou classe social.  É algo difícil... Terrível...  Entretanto, nos ensina no final.    O que dizer do pai de família?  Que pega ônibus e trem todo dia,  Aquela insegurança que bate,  Medo de ir trabalhar e levar o vírus para sua família?    O que falar da mulher virtuosa?  Que luta para manter a casa?  Oh, Senhor! Quando chega em seu lar,  Nem um abraço apertado em seus filhos ela pode dar...
E a dor terrível de quem perdeu  Um ente querido tão inesperadamente...  Não estava nada planejado,  Foi tudo tão de repente...    E as pessoas que sofrem com depressão?  Senhor, que dor terrível elas sentem então?  Esse isolamento está deixando todos à flor da pele,  Não pense que é o único a bater forte o coração.    Entretanto, precisamos aprender com a situação.  Apesar de todos os anseios,  podemos algo de bom de tudo isso tirar.  Pense bem, reflita...  Estamos reaprendendo a amar...    Estamos sendo mais humanos,                                      29  A caridade está sendo noticiada.  Que linda atitude de levar comida  Para quem não tinha o que comer em casa!                                                         EMOÇÕES     29                                                         QUE BROTAM
foto: Thales Stadler
Quero que saiba  Que não é só você que se sente sozinho.  Não é só você que está com medo.  Todos estamos assim.  É que uns falam mais e outros menos.    Por favor,  Cuide do seu emocional.  Não cai uma folha seca de uma árvore sem Deus querer,  E sua preocupação não tirará do mundo esse mal.    Por isso, descansa, confia...                          31  Essa dor logo irá passar.  No mundo temos aflições...  E logo, logo, teremos mais uma história  de superação para contar!                                             EMOÇÕES           31                                             QUE BROTAM
No zênite da noite       Giovani Miguez (Rio de Janeiro, RJ)    A noite escura,  o vento uivando,  tanta secura.  Os cães ladravam  para a lua, para as estrelas  que brilhavam.    Nos becos  em silêncio, ratos  causavam ecos.  Aos poucos, a rua  ia sendo tomada pela  indiscreta íngua,    	 que, por gula,  	 criava estranha  	vírgula  	 que ia abrindo  	 estranh	inflexão  	 na nossa rota.    foto: Robson Regato
Sem reflexão,  o flagelo foi crescendo  na escuridão.  A lua,  de fase em fase  ia iluminando a charrua,    	 preparando		  	 a alma	  	 – com calma! –	  	 causando êxtase,  	 dando ênfase,  	 dizendo: evolua!    Não sei  se por sorte,  passou a noite,  a morte  não suportou  o zênite!                              EMOÇÕES     33                              QUE BROTAM
foto: Thales Stadler
sobre Viver                 Iara Stabler (Mogi das Cruzes, SP)    Pelas ruas, corredores, qualquer esquina,         35  Os olhares se cruzam, fugidios...  Interrogadores, de medos,  Perguntas sem respostas.  Andamos acompanhados pelo invisível potente,  De potência imaginária, verdadeira e esmagadora.  Um tremendo caldo contraditório...  Contradição,  Falta de informação,  Excesso de desinformação,  Vamos seguindo pelas beiras e eiras...  Olhando nos olhos por entre as máscaras...  Buscando sorrisos nas retinas,  Vamos falar sobre Viver! Eu falo.                 EMOÇÕES                              35                 QUE BROTAM
Emoções sublimes,         reciprocidade de amor!                                        Kennedy Cândido (Contagem, MG)              Respire saúde, vida, amor, coragem e gratidão!    Pandemia mundial, luta pela vida, emoções diferentes.  O que é para uma criança não brincar?  Proibido de ir à escola o filho; não abraçar amigos,  família, e ainda ter que usar máscara; e seus pais também!  Emoção de ter que entender o que é medo,  cuidado e proteção à saúde.  Amigos, cada pessoa no Brasil e no mundo  luta contra a Covid 19.
Pense! Respirar é grátis!    Mas não tem dinheiro no mundo que compre  a dor de um pulmão sem força para respirar!!  Não resistiram ao vírus, famosos, ricos e pobres.  Deixaram lágrimas e saudades, partiram desta vida  deixando emoções para a família.  Quem, nos dias hoje, imaginou comércios,  igrejas, estádios de futebol vazios?  Sensação de tudo parado.    Respire gratuitamente,                                         37  amor e coragem e esperança!    Seja uma pessoa melhor durante e depois da pandemia.    foto: Robson Regato                                EMOÇÕES     37                                                       QUE BROTAM
Flora    Luiz Cavalcanti  (Presidente Prudente, SP)    1.  O tempo é cheio de agoras  Toda hora agora flora  Flor que não se demora  2.  Ruge o vermelho  No silêncio do jardim  Zunido de abelha  3.  Lua havia,  De dia vigia vazia impre  Visível    foto: Robson Regato
1.  Acordei aos pés teu  Como Deus  Ateu    2.  Te adoro como o sol  Acerca a borboleta  Seca suas asas e venta    3.  Quando florir  A rosa dos ventos  Encontro marcado    EMOÇÕES                 39    QUE BROTAM
Pandemia                     Maria Rocha (Rio Maria, PA)    Tudo parecia normal,         Com ele não tem fronteira,  De repente, em erupção,      Nem distinto de tradição,  Ordem para todos os lados,   Não tem julgamento  Álcool gel pelas mãos...     Que lhe dê definição...    Não tem classe social  Melhor que outra, irmão,  O desconhecido veio  Para mostrar outra lição...
Cada passos suspenso  Sem saber rumo ou direção  Sede ser livre das algemas  Leito frio intubação...    Sonhos cancelados na vitrine  A interrupção  Olhos envermelhados  Ansiedade no coração...    O universo em alarme  Sirenes em rotação  Oxigênio fazendo falta  Cadê você no pulmão...    foto: Robson Regato    EMOÇÕES                       41    QUE BROTAM
Brasil em Luta,  Brasil de Luto    Mia Cozzo (São Paulo, SP)    O verde de nossa bandeira,  agora é o vermelho das chamas.  O azul, límpido como o céu,  agora é o cinza da fumaça.  O amarelo, da vida, da riqueza,  hoje é a cor da fome,  da morte e da pobreza.    Sentimentos na pandemia  não conseguem ser bons.  São sentimentos de revolta,  de indignação,  de repúdio à falta  de amor no coração.    São a dor.  Dor  pelas mortes,  pelo descaso  às vidas sofridas,  pelo fracasso.
EMOÇÕES                                       QUE BROTAM    Na pandemia, muito produzi:  um livro, minha mensagem de amor,  poemas, desabafos e calor.  Mas agora, produzo vida.  Em meu ventre,  o maior milagre,  fruto de amor.    E o amor,  amor, amor  que sinto em meu coração  parece corrompido  por tanta dor e destruição.    Como amar, como ficar feliz  vendo toda essa situação?  Vendo mortes,  vendo o descaso,  vendo a natureza  em grito desesperado?                                       EMOÇÕES     43                                       QUE BROTAM
A felicidade em meu peito é real,  mas é egoísta,  simplista.  Pensa só nos meus desejos,  não pensa no futuro.    Que futuro uma criança pode ter  em um país destruído,  desmontado,  desinformado,  onde o ódio reina,  onde as vidas nada valem,  onde a morte se alimenta?    foto: Thales Stadler
Mas como dizem,  a esperança é a última que morre.  Às vezes essa frase parece ser  aos trouxas,  frouxos,  tolos,  que ainda acreditam.    Mas é a esperança,  e só ela,  que nos dá forças para lutar.  Sem esperança,  do que vale  da cama levantar?    Dó eu tenho  daqueles que não sonham,  daqueles que não amam,  daqueles que desistiram  e que deixaram ela,  a última esperança,  perecer.                                       EMOÇÕES     45                                       QUE BROTAM
Vou criar uma flor                                   Milton Feliciano (Porto Alegre, RS)                                   Vou criar uma flor                                 Só para você.                                 Será uma flor única,                                 Não haverá sementes                                 Nem galhos                                 Para transplantá-la                                 Ou reproduzi-la.                                 Será só sua.                                 A cada dia, terá a cor                                 E o perfume que você quiser.                                 Não sofrerá as agruras do tempo,                                 Não fenecerá no frio,                                 Nem se queimará no calor.                                 Transformar-se-á sempre                                 Será rosa quando você estiver feliz,                                 Vermelha quando irada,                                 Cinza quando o dia estiver neutro                                 E o coração triste.                                 Se você quiser, cuidarei dela,                                 Manterei a flor sempre rosa.                                 Se um dia a deixar rosa-choque                                 Será de pura alegria,                                 Uma felicidade a mais                                 Acontecendo em sua vida.
A flor jamais ficará amarela,                   47  Pois você não tem medo.  Ou roxa, pois não tens inveja.      EMOÇÕES     47  Será azul se a paz e o sossego  Estiverem consigo.                  QUE BROTAM  Preta nem pensar,  Infelizmente, a cor lembra o luto,  Ao invés de lembrar a luta  De séculos pela liberdade  Como deveria.  A sua flor se alimentará  De seu coração,  De seus sentimentos,  Será eterna e eu o seu jardineiro.    foto: Thales Stadler
foto: Thales Stadler
Entrelinhas              Murilo Antunes        (São Bernardo dos                  Campos, SP)    Entre a linha  Dos nossos traços  Perdíamos  Um no outre    Incendiávamos  Em magnetismo  Desejos íntimos  Primitivos    Nosso contato  Telepático  Materializava-se    Afetivamente               49  Dentro  De um abraço  Figurado.                  EMOÇÕES      49                  QUE BROTAM
                                
                                
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