FOTO: JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA EDIÇÃO 021 ANO II ESPECIAL 2017 R$ 6,00 RET2RO0S1P7ECTIVA
AQUI SUA MARCA FORTE ANUNCIE JÁ Ligue: 28 99273-4547
ÍNDICE 08 Entrevista: Clemente Sartório 09 Artigo: Bruno Artigo: Marília Braga Torres Paraiso 10 Páginas 5, 6 e 7 12 Matéria: Dr. Franklin Frutos da Terra Matéria: Breve Delano Freire de Menezes relato sobre a Casa dos Braga 22 24 Enquete Portraits: Memórias da Catedral Por: Gilson Leão 26 Páginas 16 e 17 28 Contando Histórias E muito confira... À mesa com... Por: João Eurípedes Franklin Leal
editorial EXPEDIENTE Ano novo, vida nova Diretor-Executivo: O final de cada ano remete as pessoas, mesmo que de forma inconsciente, a in- Renato Ramos Magalhães trospecções, reflexões e outros derivativos do gênero. Todos, indistintamente, se aproximam do mesmo objetivo: passar à limpo o que foi feito nesse tempo que 28 99273-4547 passou, quais adaptações serão necessárias para o novo ano e, afinal, tirar dessa avaliação o melhor proveito. Foi assim no passado, é no presente e - batata! - será Editoração e Design: do mesmo jeitinho no futuro. É da natureza humana... Marcelo Mothé Mas não só pessoas procedem assim. Empresas e outras organizações também le- em no mesmo livrinho: refletem sobre o ano velho para errar menos no novo ano. 28 99907-0254 O pessoal aqui da revista VOCÊ+ concluiu que para avaliar o que fizemos durante o ano, o melhor seria escolher alguns conteúdos já publicados em edições passa- Dpto. Jurídico/Financeiro: das e concentrá-los em uma edição especial, à qual demos o nome de RETROS- Rodrigo Magalhães PECTIVA... Não, nada de decisão salomônica. Não havia como. Não vislumbramos nenhum 28 99975-4344 critério técnico que nos ajudasse a concentrar em uma só edição, sem margem de erro, o que publicamos de melhor em todas as edições anteriores. A VOCÊ+ pode Assessoria Contábil: e deve padecer de diversas deficiências na área jornalística e editorial, mas não Eraldo Luiz Fonseca dos Santos abrimos mão de qualificar como de muito boa qualidade as contribuições de to- dos aqueles que nos ajudaram e continuarão ajudando a produzir cada edição. A 28 3521 7031 nossa revista, afinal, é feita de contribuições espontâneas de tantos que se juntam a nós a cada edição para dar forma à revista: articulistas, cronistas, entrevistados, ca- Jornalista Responsável: choeirenses presentes e ausentes, amigos e tantos que nos ofereceram depoimen- Renato Magalhães tos de grande valor sobre Cachoeiro, suas coisas, curiosidades e personagens... É assim que fazemos a VOCÊ+, a muitas mãos. Mtb-3462/ES O que publicamos nesta RETROSPECTIVA...? Convidamos o gentil leitor a con- ferir o material que selecionamos. Nós gostamos do que foi feito. E desejamos Impressão : que o partilhamento da boa leitura agrade igualmente a anunciantes, assinantes, Gracal - Gráfica e Editora leitores, colaboradores... Desejamos que 2018 seja um ano abençoado por Deus. Que as aflições e martí- 28 3522-2784 rios que nos causaram políticos e empresários desonestos, além Contato/Atendimento: daqueles que integram os três Poderes da República, tenham fim. Que um período de prosperidade e de paz interior comece 28 99273-4547 a ganhar formas consistentes. Que mais sorrisos aflorem nos [email protected] rostos das pessoas e que um futuro promissor e igualitário se torne possível para todos que contribuírem para essa boa cau- Tiragem: 2.500 exemplares sa. Novo Endereço: Ah, importante: que a revolução do bem que desejamos ver no Brasil e no mundo, comece dentro das nossas Rua Mário Romanelli, Nº 25 próprias casas e em nossos relacionamentos diá- Bairro Gilberto Machado rios. CEP: 29303-260 - Cachoeiro - ES http://www.revistavocemais.com.br Bom Natal e Feliz Ano Novo para todos. Capa: José Carlos de Oliveira Em 2018, todos juntos! A Revista Você+ é uma publicação FOTO: JONATHAN LESSA mensal. Seu objetivo é divulgar fa- tos e versões relacionados ao in- teresse de Cachoeiro de Itapemi- rim e região, privilegiando pessoas, acontecimentos, perspectivas e ou- tras temáticas indispensáveis. Prati- camos um jornalismo ético, aparti- dário, atualizado com o seu tempo e, acima de tudo, independente. A Revista Você+ não se responsabiliza pelos artigos assinados, que são de in- teira responsabilidade de seus autores. 4
entrevista FOTOS: WALLACE HULL Clemente Sartório, o empresário que vive o trabalho e a natureza Por Renato Magalhães De forma realista e sem perder o otimismo, o empresário Clemente Sartório falou com exclusividade para a revista Você+ sobre suas empresas, o panorama atual do Brasil, do Espírito Santo e de Cacho- eiro de Itapemirim em particular. Valeu-se de um adágio popular de aplicação universal para referir- -se às realidades atuais de nossa cidade: “Não se pode mudar o presente, mas o futuro sim”, através de novas atitudes e ações integradas entre o poder público e a iniciativa privada. Clemente é casado com Roselee Maria Perin Sartório, tendo como filhos Larissa, 32, formada em Ciências da Computação; Saulo, 30, Ad- ministrador de Empresas e Thaiza, 26, diplomada em Ciências Contábeis. Vale registrar que no decurso da entrevista, transitamos entre a sede da empresa e o Timbó, nos arredores da cidade. A família tem ali uma bela propriedade rural, cercada de verde e de água, onde fez construir confortável e bela residência para os momentos de descanso e de encontro com a natureza. As aptidões de Clemente não se restringem apenas às atividades empresarias e se estendem para as áreas do lazer. Além de apaixonado orquidófilo, é praticante de bike (participa do grupo Eco Bike), golfe e, last but not least, é um inspirado artesão: madeiras e metais formam a sua praia. Acompanhemos o raciocínio sempre lúcido e equilibrado desse empresário de sucesso. 5
entrevista É de domínio público, com des- 1987, com o seu falecimen- “ ALÉM DE calmente adversa, salvo alguns taque no universo acadêmico, to, nosso Grupo foi forma- avanços pontuais em áreas so- que um dos maiores problemas do com as empresas Honda APAIXONADO ciais. Isso unicamente por de- enfrentados pelas empresas fa- Motos, a Guacar e a Volkswa- ficiência de gestão e aparelha- miliares é o processo sucessó- gen Caminhões. Em razão dos ORQUIDÓFILO, mento da máquina pública. Os rio. O Grupo Solução, aglome- bons resultados obtidos, em (CLEMENTE) É desmandos aconteceram de rado de empresas que forma 2002 fomos agraciados com PRATICANTE DE BIKE - forma tão avassaladora, tão a sua rede de negócios, tem o a bandeira Honda Automó- aviltante, que os inúmeros re- seu núcleo central formado por veis, surgindo então a Plane- PARTICIPA DO GRUPO sultados negativos daí advin- membros da família. Qual é a ta H. Ali, um grande desafio, dos ainda nos assombrarão por sua visão a respeito? porque à época contávamos ECO BIKE -, GOLFE E, algum tempo. E aqui me reser- Temos conhecimento dessa re- unicamente com o modelo LAST BUT NOT LEAST, vo o direito de não me alongar, alidade e concordamos que a Honda Civic e uma competi- em respeito ao grande público. assertiva muitas vezes prevale- tividade muito grande se im- É UM INSPIRADO ce nas empresas com esse per- punha devido à variedade de O que o leva a acreditar que o fil. Contudo, sempre nos dedi- modelos de outras marcas ARTESÃO: MADEIRAS Brasil pode se reerguer política camos a estudar essa matéria circulando no mercado. e economicamente, com refle- com especial atenção e com o E METAIS FORMAM A xos positivos em outras áreas concurso de profissionais habi- Quais são as empresas que in- fundamentais? litados da área. Considerando tegram o Grupo Solução hoje? SUA PRAIA”. Como se sabe, os processos que a nossa filha Larissa exer- Constituem as nossas ativida- político e econômico andam de ce a sua profissão em São Pau- des na atualidade as empre- Dando um salto no plano das mãos dadas. O cenário atual, lo, cuidamos para que Saulo sas Estrela H Motos, Consór- nossas conversas até aqui, gos- após tantas vicissitudes, leva- – Diretor Geral do Grupo Solu- cio Solução, Planeta H Carros, taria que avaliasse a atual si- -nos a crer que pessoas com- ção e Thaiza – ingressando nas Bob’s, Mundo Motor e K-Ita. tuação político-econômica do petentes em postos estratégi- atividades do Bob’s, participas- E para não fugir à tradição do Brasil. Dá para acreditar que cos – e exemplifico com a atual sem da empresa desde cedo. O “bom cachoeirense”, em deter- chegaremos a um porto seguro? equipe econômica e as institui- fato de estarem vivenciando minada época participamos Bem, longe da intensão de que- ções responsáveis pela Opera- o dia a dia dos negócios torna ativamente do setor das ro- rer ser óbvio demais, é impor- ção Lava jato – naturalmente mais fácil a “passagem do bas- chas ornamentais, através da tante assinalar que essas ques- levarão o país a estabilizar-se e tão”. Eu e Roselee, titulares das Safra Mármores. tões, em todos os quadrantes voltar a crescer. No geral, a mo- empresas, acreditamos que do mundo, são cíclicas, varian- ralidade e o respeito à Justiça o melhor modelo a ser segui- Sabemos dos índices de exce- do os intervalos temporais de haverão de se impor. Na minha do é manter uma base familiar lência que caracterizam algu- país para país, segundo suas modesta percepção, isso não harmônica, além de introdu- mas das suas empresas. Conte conjunturas internas. Não há acontecerá da noite para o dia. zir os filhos desde cedo no am- algumas peculiaridades so- como deixar de ser otimista Recomenda-se a todos, mode- biente de trabalho. Essa apro- bre eles. quanto ao Brasil e ao seu futu- ração e comedimento nesse ximação, de forma saudável e O Consórcio Solução goza da ro. As razões são muitas: nossa tempo de travessia. Mas have- respeitosa, cria identidade de condição de 1º lugar da Região população tem amadurecido remos de chegar lá, à estabili- princípios e de metodologias. A Sudeste em cotas de motoci- muito e os jovens estão cada zação e à retomada do cresci- transferência da cultura dá-se cletas e um dos primeiros do vez mais participativos; as ins- mento. Eu acredito no Brasil e de maneira natural e a integra- país como administradora par- tituições estão funcionando a no seu povo. ção de todos tende a se desen- ticular. Aqui em nossa região, a pleno vapor; a democracia está volver naturalmente. É o que predominância de motos Hon- viva; há liberdade plena de im- E o nosso Estado do Espírito praticamos aqui, está dando da é superior a 80%. O market prensa e nossas condições na- Santo, como o avalia no cená- certo e é essa certeza que nos share (percentual de partici- turais são invejáveis: temos rio nacional? move e fortalece. pação de determinada marca multiplicidade de climas, solo Somos um estado territorial- sobre as demais numa região) fértil, a Amazônia – pulmão da mente pequeno. Essa reali- Conte uma breve história da das motos Honda em Cacho- humanidade -, ausência de ca- dade tem lá suas vantagens. constituição das empresas do eiro está acima da média nacio- lamidades naturais (vulcões, Nosso PIB está proporcional Grupo? nal. Em determinadas localida- terremotos, tufões, maremo- e razoavelmente colocado no Tive a honra de em 1983 ini- des, essa liderança se aproxima tos...) etc. ranking das demais unidades ciar o meu trabalho nas em- de 100%. Lembramos também federativas. Alguns aspectos presas da família com o me- com muita honra que recente- Quer dizer que nesse campo do impõem reflexão e análise. Ve- morável empreendedor Delvo mente e por 3 anos ocupamos desenvolvimento, ameaças es- jamos: nossa localização geo- Perin, meu sogro e uma das a presidência da Assohonda – tão afastadas da realidade bra- gráfica é estrategicamente fa- maiores referências empresa- Associação Brasileira das Con- sileira? vorável no contexto da Região riais de Cachoeiro de Itapemi- cessionárias Honda, em São Não quis dizer isso, posto que Sudeste; estamos bem servi- rim em todos os tempos. Em Paulo. elas realmente existem. Vejam dos pelo sistema portuário, o que aconteceu no Brasil nos últimos 13 anos. Nesse perío- do enfrentamos situação radi- 6
mas nada impede que aumen- núcleo representativo da clas- temos esse potencial; o atual se empresarial deveria contar Governo está fazendo o “de- com assento permanente nas ver de casa” com relação à or- diversas rodadas de discussão ganização das suas contas e, e de planejamento da cidade. E enquanto a grande maioria dos quero arriscar aqui um palpite: Estados encontra-se com o seu penso que o atual Prefeito elei- orçamento deficitário, aqui no to, valendo-se da expressiva Espírito Santo as nossas finan- votação obtida e de promessas ças estão organizadas, adim- de campanha, incluirá a classe plentes. Em minha opinião, empresarial no rol dos seus in- temos um Governo capaz, efi- terlocutores para discutir o fu- ciente, “a casa está arrumada” turo da cidade. Gestão com- e, a prevalecer a lógica, chega- partilhada, esta é a palavra de remos a bons resultados. ordem no mundo moderno. Nesse contexto amplo de con- Sim, a revista Você+ concorda Em sua opinião, Cachoeiro pre- pessoa marcantes em Cachoei- siderações, chegamos a Cacho- com essas premissas. No entan- cisa repensar seus objetivos. E ro, dignos de registro. eiro de Itapemirim e suas re- to, gostaríamos que apresen- sem perda de tempo. Indique Ferraço, Theodorico de Assis alidades atuais. Gostaria que tasse aos leitores um raciocínio possibilidades. Ferraço. Prefeito da cidade por analisasse esse panorama. mais abrangente a esse res- Uma das palavras de ordem: quatro administrações execu- Convenhamos que a nossa ci- peito. descentralizar o crescimen- tou um volume importante de dade, no sentido geral, não está Penso que não é hora para se to. E fico pasmo como o óbvio obras, imprescindíveis mes- bem. Faltam programas pú- desenvolver projetos de obras às vezes nos agride. Repare o mo. Particularmente, destaco o blicos de curto, médio e longo grandiosas, de custos eleva- atento leitor que a apenas 10 Instituto do Coração. Essa ini- prazos. Há carência de investi- dos. A arrecadação despen- quilômetros daqui encontra-se ciativa acabou com as filas in- mento com recursos públicos cou e os cofres públicos es- a principal rodovia do Brasil, a termináveis de pacientes que, em obras estruturais. Nosso tão vazios. Em minha opinião, BR 101. Grande parte de toda permanentemente, se dirigiam sistema viário se agrava a cada temos de ver Cachoeiro com a riqueza produzida no Brasil para a Capital e outros Estados dia, com a excessiva e contínua lentes próprias, levando em passa por ali, todos os dias, a em busca de soluções para tra- entrada de veículos em circula- conta seus principais diferen- cada minuto. Por que, motiva- tar enfermidades do coração. A ção, sem a contrapartida de no- ciais. Observem só o potencial do e impulsionado por um pla- partir do Instituto do Coração, vas vias. A questão da mobili- que Cachoeiro tem (e já teve nejamento público-privado, o milhares de vidas passaram a dade urbana padece nos seus muito mais, antes da evasão crescimento físico da cidade ser salvas por aqui mesmo. E diversos aspectos (vide a situ- continuada de mineradoras não se direciona para aquela na esteira dos trabalhos dessa ação deplorável das nossas cal- para as regiões Norte e No- região? Planejamento, incenti- unidade de excelência hospita- çadas, praças e jardins). Áreas roeste do Estado) no segmen- vo, ampliação dos fatores infra lar com equipe de escol, outros de lazer para a população: ne- to das rochas ornamentais. estruturais... esses são alguns valores foram sendo paulati- nhuma! Plano Diretor urbano E sou eu agora a perguntar: dos ingredientes indispensá- namente incorporados. Desta- desatualizado. Ausência de di- quais notícias temos por aqui veis para o crescimento em co o anexo Hospital Evangéli- álogo entre os poderes consti- – e este é um fato marcante – qualquer lugar do planeta. Por co, que inclusive no reflexo dos tuídos e a população... Paremos em prol do desenvolvimento que não aqui em nossa cida- êxitos obtidos pelo Instituto por aqui. Realmente há mui- político/econômico, por parte de? Falamos e damos o exem- do Coração, desenvolveu inú- ta tarefa acumulada por fazer. das autoridades? Enxergo um plo: há anos, em atitude arro- meros centros de referências: Ouso sentenciar: em 8 ou 10 verdadeiro deserto de iniciati- jada para a época, instalamos centro de transplantes de ór- anos não se resgatará os efei- vas consistentes por parte de a Honda e a Safra Mármore às gãos, de imagens, de tratamen- tos da pasmaceira de décadas. toda a classe política, sem ex- margens dessa espinha dorsal tos oncológicos, do Banco de ceções. Não tenho visto nada do fluxo da economia nacional, Leite e de tantas outras espe- E soluções, arriscaria a apontar de substancial em termos de a BR 101. cialidades médicas, agora ao al- algumas? investimentos públicos por cance da população local e cir- Salvo raras exceções, Cacho- aqui. Exemplo clássico? O setor Finalizando, cite um fato ou cunvizinha. eiro tem tudo para decolar em metal mecânico, que vem cres- direção ao crescimento, ao de- cendo exponencialmente, cui- senvolvimento. Claro, isso é da de suas tarefas por si mes- tarefa de médio e longo pra- mo, sem o apoio indispensável zos, a ser feita a várias mãos das ações governamentais. – onde destaco a gestão com- Imagine o leitor esses poten- partilhada entre o poder pú- ciais estimulados pela iniciati- blico e o empresariado. Aliás, va pública! 7
artigo Cachoeiro no coração por Bruno Torres Paraiso merasse ainda mais nessa sinfonia humana, com presentes e ausentes se irmanando, pelo poder do passado comum – Meados dos anos de 1950. Era de JK, 50 anos em História é vida! – e da esperança no futuro. cinco. Euforia e audácia. O menino gorducho e Pois é: quem resiste a um lugar assim? Esse menino, que fui feioso nunca sonhou conduzir a bandeira do Liceu eu, outrora, não nasceu em Cachoeiro. Tantos anos e quilô- no Dia de Cachoeiro. E conseguiu! Nem ser eleito presiden- metros de rodagem depois, não consegue se libertar dessa te do grêmio do colégio, e ajudar a organizar uma olimpía- pátria adotiva, onde se achou e se perdeu, e pela qual seu da estudantil interestadual, com o Liceu campeão. Estava coração sempre bate além da conta. Quanto mais dela ele longe de ser atleta, mas o Liceu tinha equipes fantásticas. E se afasta, mas perto dele ela fica. É uma sina. Amém! ele trabalhou para vê-las brilhando. E brilharam! Mais que um colégio, o Liceu era o coração pulsante da cidade, que BRUNO E SEU IRMÃO ABGAR, À ESQUERDA DA BANDEIRA DO ES, COMEÇANDO O sempre parou para vê-lo passar, à frente a fanfarra do ma- CURSO GINASIAL, EM SEU PRIMEIRO DESFILE DO LICEU, 1955. estro Taveira – batizada com o nome do seu criador, Wilson Lopes de Resende, diretor e lenda da educação, à frente de RECEBENDO, AO LADO DA MÃE, DONA CRISANTINA, O CERTIFICADO DE CONCLUSÃO uma equipe de gênios – Deusdedit Baptista, Athayr Cagnin, DO CIENTÍFICO NO LICEU, ENTREGUE PELO PROFESSOR DONATO FALCE, EM 1961. Aylton Bermudes e João de Deus Madureira Filho; pena que aqui não caibam todos. Bruno Torres Paraiso é Jornalista e editor. Atuou no Correio O Liceu vibrava, porque a cidade vibrava. Cachoeiro era um campus que ainda reunia a Escola, dos Herkenhoff, o Cristo de Manhâ e no Jornal do Commercio e foi diretor-editor da revista Ru- Rei, das Irmãs de Jesus na Eucaristia, e o Ateneu Cachoei- mos do Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Membro fundador e efeti- rense, do reverendo Jader Coelho e dona Azenath. Respira- vo da Academia Cachoeirense de Letras (ACL). Sócio efetivo do Institu- va e transpirava educação, um palco iluminado. O trabalha- to Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES). Foi um dos editores dor mais modesto, lá da periferia, tinha orgulho disso, desse da obra completa de Newton Braga (Booklink) e organizou e coeditou sonho poderoso: meu filho terá um futuro! o livro Deusdedit Baptista/Um cidadão em tempo integral (Booklink). Onde a educação era primado, a cultura vicejava. Poetas, romancistas, professores, teatrólogos, jornalistas, cronistas, pensadores, políticos de primeira linha, médicos, atores, cantores, e cientistas; uma estação de rádio poderosa, a ZYL-9, com cast e programação finíssimos; conservatório de música; escolinha de arte; uma casa do estudante democrá- tica e cidadã; academia estudantil de letras; e a Academia Cachoeirense de Letras, ainda viva 50 e tantos anos depois. Já foi chamada de Atenas capixaba. Acabou capital secreta do mundo, por ser uma espécie incomum de útero de talen- tos engrandecedores das suas origens. Pontificando nesse cenário, sem pedantismo, havia uma família especializada em gênios literários: os Braga. Dela saíram Rubem Braga, um dos maiores escritores da língua portuguesa; e seu irmão, Newton Braga. Este, além de bar- do de incomparável lirismo, foi um condutor de civilidade, da arte de conviver, de somar contrários, de propagar a paz social, do cultivo sadio do amor e do orgulho pela terra. Tor- nou Cachoeiro uma orquestra sinfônica, que regeu com hu- mildade, mas rigoroso na afinação e na harmonia. Sonhou e pôs em prática a criação de um dia – 29 de junho, dedicado a São Pedro, padroeiro do burgo –, no qual a orquestra se es- 8
artigo Cachoeiro, minha pequena terra por Marilia Braga Lembro-me, no fim da guerra, da cerimônia em frente à Prefeitura, quando achei estranhíssimo as autoridades (Desenho de Edson Braga) espatifarem cálices no monumento ao expedicionário. As lembranças dos meus primeiros Dia de Cachoeiro são “Quando eu era pequena...” Assim começavam as histó- do clima de agitação da cidade, se arrumando e fanta- rias, e a minha também. siando para a grande festa, e de um churrasco para o Quando eu era pequena, as primeiras lembranças de povo no pátio da minha primeira escola - Bernardino Cachoeiro são de quando morávamos num sobrado na Monteiro - onde fui alfabetizada pela saudosa D. Flávia praça Jerônimo Monteiro, no coração da cidade. Durante Portinho, vizinha e mãe de Helenice e Fernando. o dia a casa sempre tinha música, pois mamãe tocava e Ao crescer vieram outras casas, o Liceu, as inequecíveis ensinava piano. À tardinha vejo-a sentada à penteadeira, férias em Marataízes, os amigos, os primeiros amores... arrumando os cabelos, passando Cilion nos olhos, batom Minha infância e adolescência foram de muita harmonia vermelho e pó de arroz Royal Briar, para esperar meu pai e alegria. Mas ao crescer, comecei a ansiar conhecer ou- chegar. Meu pai lia e escrevia muito. Quando chegava da tros povos, outros países, outras maneiras de viver, e aos rua tirava do bolso do blusão caqui pequenos pedaços de dezoito anos nos mudamos para o Rio. Daí, Cachoeiro papel onde havia anotado conversas ou algo que lhe cha- ficou para trás. Anos depois arrumei a mala e mudei-me mara a atenção, para escrever no jornal que havia her- para os Estados Unidos, onde vivi por mais de vinte anos, dado, o Correio do Sul. Escrevia com prazer. Ele também e minha cidade transformou-se cada vez mais em lem- herdara um cartório de família, o qual desprezava com a branças, boas mas longínquas. mesma intensidade com que gostava de escrever. Na parte de trás do sobrado havia uma varanda que Tu d o dava para o rio, onde às vezes gostava de pescar jogando isso me lá em baixo uma linha de pesca, mas não me recordo de veio à ter comido nenhum peixe que ele tenha pescado. Eu ado- mente rava morar em frente à praça, era como se fosse nosso ao as- quintal, onde brincava e de vez em quando levava pito do sistir, há jardineiro (qual seria o nome dele?) que andava de mu- poucos letas e transformava arbustos em maravilhosos animais. dias, um O Jardim dos Amores, o repuxo com os biguás, a carreira docu- das árvores bem podadas, tudo isso depois foi trocado mentá- por coqueiros em busca fracassada da modernidade. rio da NASA sobre um voo, em 1968, em preparação para a primeira aterrissagem na Lua. À medida que se distan- ciavam da Terra, os astronautas estavam totalmente concentrados e absorvidos em observar aquele mundo novo que se agigantava à sua frente. Mas, de repente, descortinaram ao longe uma pequena meia bola, azul e branca. E pela primeira vez puderam observar à dis- tância seu próprio mundo, a “sua” Terra. Linda, absolu- tamente linda, muito mais linda do que qualquer coisa que antes haviam visto ou poderiam imaginar. Marilia Braga é filha de Newton e Isabel 9
homenagem Franklin Delano Freire de Menezes ou simplesmente Dr. Franklin (13.05.1949 – 18.06.2016) Há pessoas que vêm ao mundo para brilhar. Não importa se nos cenários feéricos e mágicos dos palcos ou se no recôndito dos seus estritos domínios: consigo mesmo, família, amigos... Embora Dr. Franklin contasse com todos os requisitos da sua especialidade médica, a Pediatria, para figurar na primeira opção, preferiu, com a discrição que o distinguia, optar pela segunda. Éda cultura das cidades mos 32 anos de vida em co- pediatra como ele, mas já de interior, quando se mum. “Entre idas e vindas”, afirmado como referência fala sobre alguém que como ela mesma diz. Dela, no meio médico local. Foram tenha se destacado em al- entre um café e outro, co- sócios na PROAPE – Pronto guma atividade – profissio- lhemos fragmentos da vida Atendimento Pediátrico e nal, desportiva, artística... de Dr. Franklin que, embora chegou mesmo a morar por dizer-se que se morasse em sem a precisão de uma edi- algum tempo em sua resi- cidade grande, certamente ção competente, lançamos dência. Dr. Sebastião, enfá- a fama lhe reservaria espaço aqui nestas páginas para tico ao referir-se ao amigo cativo nas manchetes, tama- cumprir singela e merecida e “pupilo”, sempre o teve nho seus dons. homenagem. como detentor de inteligên- A confirmar essa tese, a re- UMA BREVE cia brilhante. Na Pediatria vista VOCÊ+ abre espaço HISTÓRIA DO TEMPO especializou-se em Clínica nobre para referenciar o Dr. Geral, foi Sanitarista e Peri- lo como Referência Médica Franklin Delano Freire de Recém-formado, Dr. to do INSS, função que exer- Humanitária do Brasil. Menezes ou, simplesmente Franklin chegou a Cacho- ceu até se aposentar. No plano espiritual ou das Dr. Franklin, como sempre eiro no final da década de Dava-se por inteiro às ele- convicções religiosas, have- foi conhecido. 70. À época, foi providen- vadas missões da Medicina. rá quem o classifique como Jorgete Rodrigues Mata foi cialmente acolhido pelo Dr. Dedicava-se a ela de for- agnóstico ou mesmo ateu, sua companheira nos últi- Sebastião Ventury Baptista, ma integral, com fidelidade mas com sua atitude sim- absoluta aos princípios de- ples e despojada de qual- fendidos por Hipócrates, quer vaidade, praticava 24 considerado o Pai da Medi- horas por dia, intensamente, cina Ocidental: clinicava de a essência dos mandamen- forma intensa, vivenciando tos bíblicos. o quadro clínico apresenta- De quando em quando sur- do por seus pacientes, sem gem pessoas que estão à enfatizar a contra partida frente do seu tempo e Dr. da remuneração. Mantinha Franklin certamente foi uma com os mesmos uma fideli- delas. Tímido e de pouca dade quase canina e deles conversa, seu caráter e lisu- não arredava pé até que ob- ra o distinguiam. Quem pri- tivessem alta. vou do seu círculo de amiza- Foi agraciado em São Pau- des, certamente já o ouviu 10
dizer o quanto achava difícil Tom Jobim (para Franklin, Dr. Franklin deixou um escrito assim: esse mundo tão desigual, expressão máxima na músi- emendando: “para conviver ca), João Gilberto, João No- (Para Jorgete, numa noite triste e sem calma) com essa realidade dura da gueira... Frase do Franklin vida, precisava estar sempre, repetida por Jorgete: “Meu Amo-te com tamanha tensão e intensidade como dizia Vinicius de Mo- mundo sou eu mesmo, Jor- Que em momentos assim gostaria de cantar e acordar a cidade rais, ‘duas doses à frente”. E gete e João Gilberto”. Amo com impaciência e desejo aquela música “Meu mundo Pelo próprio tipo de vida E pergunto socorrendo-me da ciência é hoje”, de Paulinho da Vio- que escolheu para si, o final Se é só isso que eu quero, la – de quem era admirador da jornada de Dr. Franklin Seu amor e seu beijo desde sempre – resume bem foi solitário - recluso na pri- Amo-te com insegurança e medo o homem que ele foi. vacidade com a companhei- E em mim nessas horas há uma sensação Amigos? Tinha. Poucos e ra, seus hábitos, músicas e De que é tarde ou muito cedo cuidadosamente escolhi- leituras. Escolheu viver as- Amo-te com tal certeza que dos: Roberto Valadão, Fer- sim, mas a solidão caiu-lhe Sendo minha namorada é amante nando Gomes, Aécio, Dr. muito mal, porque, segundo Que serás minha até que todas as luzes se apaguem Edson (Urú), Osmar Prates Jorgete, essa prática con- Que venham os dias da velhice, o encantamento do eterno (Penacho), Sebastião Char- trariava um princípio de vida silencioso e terno. les (Degolô), Dr. Fernando seu quando repetidamente Neto, Zobé, Elias (Baleia)... dizia: “amigo é aquele que A menina Gabriella, como ele falava, 18 anos, enteada e Sobre Elias, Jorgete me dis- independente do que você é paixão de Dr. Franklin, costuma dizer que entre a sanidade se: “Gostaria muito que ci- ou faz , continua amigo”. Jor- tasse o nome dele, Elias, pois gete finaliza dizendo que ao e a loucura “ele era o cara”. foi nos piores momentos da final Dr. Franklin asseverava reta final de Franklin que ele que “a vida real é bem mais se fez presente, o tempo to- cruel do que a ficção”. do, independente de tudo. Ai de mim se não fosse esse menino”! Flamenguista apaixonado, ”roxo”, Dr. Franklin era ciné- filo de carteirinha, chegan- do, em dias de folga, a ver fil- mes por 24 horas seguidas. Leitor voraz, também em regime de tempo integral. Dormia pouco. Com o mes- mo apetite literário, chega- va a ler 15 livros por mês, entre clássicos nacionais e internacionais. Era amante incondicional da boa músi- ca: MPB, Jazz, Blues... Na li- nha de frente das suas pre- ferências internacionais, nomes como Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Ray Char- les... Aqui no Brasil era apai- xonado por Chico Buarque, Paulinho da Viola, Cartola, 11
história Breve relato sobre a Casa dos Braga, acervo valioso e motivo de orgulho para todos os cachoeirenses por Renato Magalhães, rar um acervo histórico co- A casa da família era um dos DEPOIMENTOS mo poucas vezes visto em centros de gravidade da ci- Carol e Beatriz são, respec- com a colaboração da equipe nossa história. Inaugurada dade, onde cultura e ideias tivamente, nora e filha de de jornalismo da secretaria de oficialmente no último dia eram amplamente compar- Anna Graça Braga de Abreu, Comunicação da PMCI. 13, a Casa dos Braga só tilhadas e debatidas entre que por sua vez era artista conseguiu ser viabilizada personalidades da época. plástica e caçula dos irmãos Uma das leis inexoráveis com o padrão de qualidade Rubem, Newton, Carmosi- da vida, é que em nos- que agora ostenta, graças RESTAURAÇÃO na, Armando e Yeda; todos sa jornada pela face à parceria de alto valor de O imóvel da família foi ad- filhos de Rachel Coelho Bra- do planeta há coisas que de- agentes imprescindíveis à quirido em 1985 pela pre- ga e do coronel Francisco vem ser feitas por uma única consecução da obra: apoio feitura e protegido por Braga, primeiro prefeito de pessoa, enquanto outras só econômico do governo do tombamento municipal. Foi Cachoeiro. mesmo a várias mãos. Estado, retaguarda logís- inaugurado como Centro Ainda emocionada pela efer- Querem um exemplo prático? tica da prefeitura de Ca- Cultural Casa dos Braga em vescência dos festejos da Está lá no Wikipédia: A Casa choeiro deItapemirim e a 1987 e abrigou, até 2014, a inauguração, Beatriz pon- dos Braga é uma instituição participação direta das in- Biblioteca Municipal. tuou: “O trabalho que Carol turístico-cultural da cidade substituíveis Carol Abreu Voltou então a receber visi- e eu fizemos foi muito inten- de Cachoeiro de Itapemirim, e Beatriz Braga de Abreu tantes, em eventos públicos so, mas muito gratificante. estado do Espírito Santo. E e Lima. como saraus e lançamentos Envolveu muita coisa desde está agora também na mente literários, também em seu o de idealizar o uso da casa, e no espírito dos cachoeiren- BREVE HISTÓRIA jardim, à sombra do famoso orientar o projeto da obra, ses: finalmente resgatou-se A casa abrigou a família en- pé de fruta-pão. A casa foi pesquisar informações, pro- a memória dos Braga, família tre os anos de 1913 e 1958, tombada pelo Conselho Es- jetar as exposições, selecio- de larga tradição no estado época em que Cachoeiro di- tadual de Cultura em 2011, nar todo o material, redigir e que remete mais imediata- tava regras no estado e era restaurada pela Secretaria os textos, orientar a prepa- mente à memória dos irmãos referência em desenvolvi- de Estado da Cultura em ração das peças, até colocar cronistas e poetas Rubem e mento, educação, liderança 2016 e agora está sendo re- tudo no seu devido lugar pa- Newton Braga. política, saúde pública, indús- aberta através de diversas ra a reabertura da Casa”. Justificamos o que assenta- tria e infraestrutura urbana. exposições. “A cidade ganha um atrativo mos no primeiro parágrafo: a cidade acaba de incorpo- 12
turístico muito relevante, um lugar onde os moradores e visitantes possam se inspi- rar, ao conhecer um pouco do que a família de Newton e Rubem andou fazendo de bom e de bonito e da impor- tância que a Casa dos Braga teve na sua formação e em suas memórias”, avalia Carol. E Fernanda Martins, secre- tária municipal de Cultura, toda entusiasmo, comple- menta: “Durante o período das exposições que serão apresentadas aqui, a Casa dos Braga terá com maior frequência atividades artís- ticas na área do porão, anexa ao jardim. Com isso, o imóvel se tornará, cada vez mais, um centro cultural”. MOSTRAS ele buscava estimular a pu- “Minha cidade, minha casa” blicação de escritores ini- será a mostra de maior du- ciantes e de autores de lín- ração: dois anos. Em exposi- gua espanhola. Esses livros ção, 132 peças, entre lustre, estarão disponíveis na expo- máquina de escrever e de sição. costurar, quadros, estantes, A Casa dos Braga funciona- cadeira de balanço, talheres rá de segunda a sábado, das e móveis de dormitório. 12h às 18h, com visitas guia- A outra é “Rubem e seus das, com entrada franca. amigos artistas”, que exibe até maio do ano que vem material alusivo à relação entre o cronista e seus con- temporâneos nas artes. De acordo com a curadora, Ca- rol Abreu, a atuação como jornalista o ajudou a estrei- tar laços com autores nas áreas de música, pintura, escultura, dramaturgia e po- esia. O visitante poderá ver ain- da reportagens, crônicas, entrevistas e artigos; em jornais, revistas e televisão, que registram a intensa atu- ação de Rubem no universo da arte. Quando foi editor, 13
Aniversário de D. Stella por Renato Magalhães fica a Cultura Inglesa, ali na querida sempre povoou o inesquecíveis e que não rua Barão de Itapemirim. D. imaginário da minha, nota- seriam os mesmos não fos- Li, numa definição bas- Stela e “tia Ina” são muito damente o dos meus filhos sem o carisma e o amável tra- tante singela, que data amigas e inseparáveis, sen- Rodrigo, Renata e Felipe. E to que a senhora e seu Edil magna é uma data que do vizinhas aqui e em Mara- por favor, entendam imagi- personificavam com tanta todos deveriam lembrar taízes. Sabem aquelas irmãs nário no sentido mais amplo elegância e simplicidade. como um grande aconteci- e amigas que se veem todos do termo: com direito a to- Desejo que nossos para- mento e que não deveria ser os dias, anos à fio? Pois é, dos os símbolos, conceitos, béns por essa linda data se- esquecida. E é desse jeitinho elas são assim... memória e imaginação. jam tão intensos e carrega- mesmo que sinto o aniver- Dona Stella, seu Edil e seus Dona Stella, a senhora es- dos de paz e de felicidades sário que Dona Stella Mo- filhos Gilsinho (Sítio Quin- tá gravada em minha reti- quanto foram aqueles mo- reira Leão - viúva do nosso tas Leão) e Tetella (Cultura na e no meu coração como mentos em que a senhora querido amigo e ícone Anto- Inglesa) formam uma famí- pessoa de suave e elegante e seu Edil, com amor e com- nio Edil Leão - festejado em lia que, sem nenhum favor e trato, esposa e amiga in- pleta doação, nos propicia- grande estilo e com muita com grande prazer, poderia separável de seu Edil, mãe ram em épocas mágicas das alegria quando completou chamar de minha. amantíssima e que poderia, nossas vidas. seus brejeiros 90 anos no A casa de D. Stella, que fica sem nenhum favor, perso- Todos aqui de casa, seus dia 19 de agosto. ali do ladinho da Catedral de nificar aqueles filmes ro- inúmeros parentes e ami- Nascida em família das mais São Pedro, sempre alvoro- mânticos de Hollywood gos desejamos-lhe muita tradicionais de Cachoeiro, çou de alegria o meu ânimo, que retratam aquelas famí- saúde, felicidade e comple- D. Stella é filha de Gil Mo- o da Heloisa e o das crianças lias “que só existem no céu”. ta paz. reira e Assunção Gonçalves quando, fazíamos aos sába- Harmonia, paz e felicidade De todo nosso coração! Moreira, e irmã de Gilda, dos, domingos e feriados foi o que sempre vi em sua Regina (a tia Ina), Déia, El- aquela proposta absoluta- casa (quando o Gilsinho P.S. Nossa lembrancinha de zinha, Gil, Edson e Adelson mente irrecusável: “Vamos deixava, claro! rsrsrs). aniversário foi sem dedica- Moreira. Ela nasceu em Ca- tomar banho de piscina na Que alegria, dona Stella, tória e assinatura. Por favor, choeiro, na rua Siqueira Li- casa de dona Stella e do poder usar a nossa revista considere essas palavras ma e aproximadamente aos seu Edil?” Ah!, ali, sempre, o VOCÊ+ e vir de público re- a homenagem que a famí- 15 anos veio para a casa de prazer maior de todos. In- lembrar lindos momentos lia Magalhães gostaria lhe estilo de época onde hoje superável!Pois essa família da minha vida. Momentos presta. Parabéns! 14
D. Stella reina absoluta 15
por Renato Magalhães O fruto é virtude em si mesmo. É a germinação de uma semente, que brota de sua terra. Com o passar do tempo, No livro NEWTON BRAGA-HISTÓRIAS Newton Braga, de rica e in- DE CACHOEIRO, Edson Braga, primogê- tensa biografia, idealizador nito do autor, entre outras pérolas diz que da Festa de Cachoeiro, nas- “o Dia de Cachoeiro tornou-se um episódio ceu em 11 de agosto de 1911, importante na história da cidade. E por is- na Fazenda do Frade. Filho de so sua história está sendo encaixada aqui, Francisco de Carvalho Braga, na abertura destas Histórias de Cachoeiro, primeiro prefeito de Cacho- livro que Newton Braga publicou pela pri- eiro de Itapemirim, e Rachel meira vez em 1946. E vale à pena transcre- Coelho Braga. O casal teve ver também aqui um artigo que Newton 13 filhos. É irmão do “Sabiá publicou na revista Cachoeiro de Itapemi- da Crônica”, Rubem Braga, de rim no dia 29 de junho de 1939, quando se Carmozina, Yedda, Ana Gra- realizou o primeiro Dia de Cachoeiro.” ça (Cachoeirense Ausente de 2011), e Armando. Em 1937 Ei-lo: casou-se com Isabel Curcio e o casal teve 3 filhos: Edson, “Haverá outras assim... Marilia e Rachel. Newton te- Minha terra? Bem... haverá outras assim, no mundo de Deus. ve as seguintes obras publica- Não; seu céu não tem mais estrelas que outros céus, nem é de das: “Lirismo perdido”, Hostó- um azul sem par. Não; nossos bosques não têm mais flores que rias de Cachoeiro”, Cidade do os outros (talvez nem haja bosques), nem suas flores têm mais interior” e “Poesias e prosa” perfume que as de outros jardins. (volume póstumo, organizado Bonita? Não. Talvez mesmo feia; pesa-me confessá-lo. Há por seu irmão Rubem Braga). morro, para todo lado que se olhe: assim o horizonte é curto Em 1958, por insistência da (embora certos crepúsculos bem mereçam um olhar embeve- família, mudou-se para o Rio cido). Entre os morros, fazendo curvas, vem um rio que tem de Janeiro. Faleceu no dia 1º personalidade. Tem. Por quê? Não saberia explicar. É dessas de junho de 1962, na mesma coisas que a gente sente e não acha jeito de explicar bem. cidade.. O que eu sei é que, se me fora dado a escolher, no vasto mundo Reproduzo frase do Newton de Deus, um lugar para eu nascer... Bem; escolheria este: Ca- que se incorporou em mim pa- choeiro de Itapemirim. Por quê? Sabe-se lá o porquê das coi- ra nunca mais me deixar: sas do coração?” “...esta sensibilidade que é uma antena delicadíssima, captando pedaços de todas as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não são minhas”. 16
se frutifica, e se torna em fruto. “Os Frutos da Terra” retratam os rebentos do solo Capixaba. Numa época em que não havia no Brasil faculdade destina- da à formação de professores de arte – época de 1950 -, Isabel Braga, pio- neiramente, fundou em Cachoeiro a Es- colinha de Arte, com o objetivo de esti- mular nas crianças sua auto expressão artística. Isabel Curcio da Rocha nasceu em Muqui, no dia 08 de dezembro de 1914, e faleceu no Rio de Ja- neiro, em 1987.Mudou-se para Cachoeiro na dé- cada de 1930, tendo lecionado música e artes no Liceu Muniz Freire. Fez parte da elite intelectual da cidade. Casou-se em 1937 com o poeta e jor- nalista Newton Braga. Já no Rio de Janeiro, para onde se mudou com a família em 1958, assumiu a profissão de artista plástica. Recebeu várias menções honrosas e prê- mios em exposições e participou de inúmeros sa- lões nacionais e internacionais de mostras de arte. “A alegre pintura de Isabel narra uma festa coti- diana: a festa que sempre dá cor à arte dos nos- sos melhores primitivos”. (AQUINO, F. de, Revista Manchete nº 1195). Sua ligação com a natureza foi uma constante e Marataízes, um caso de amor. O hino de Marataízes é composição sua (melodia) e de Newton Braga (letra). Se o leitor frequentou Marataí- zes em sua juventude, certamente já sonhou acorda- do com a beleza e o romantismo dessa obra de arte. Esta é a Dona Isabel, eterna, esposa de Newton Braga, mãe de Edson, de Marilia e de Rachel e mi- nha querida professora da Escolinha de Arte de Cachoeiro. 17
artigo Não tenha medo de sentir medo por Renata Magalhães não ocorrer). Mas se sentir medo é algo que toda pessoa Medo é um estado emocional que sur- dita “normal” sente, onde é que o medo deixa ge em resposta à consciência perante de ser algo normal e se torna patológico? uma situação de eventual perigo. O medo que o impede de ter uma vida fun- A idéia de que algo ou alguma coisa possa cional, que rouba seu sono, que emperra sua ameaçar a segurança ou a vida de alguém, faz alegria, que destrói relacionamentos, que ado- com que o cérebro ative, involuntariamente, ece seu corpo e sua mente, que negativa seus uma série de compostos químicos que provo- pensamentos, que atormenta sua alma e que cam reações que caracterizam o medo. angustia o peito são medos que merecem ser Sentir medo é humano e normal em algumas vistos de perto e devem ser acompanhado por circunstâncias que a vida nos apresenta. Medo do novo, medo do futuro, medo do profissionais es- desconhecido, pecializados. medo da per- Vivemos em um da, medo da mundo onde a vida, medo da mídia se apro- morte, medo de veita do medo doenças, medo da rejeição e do de perder o em- medo de não prego, medo de ser aceito, para não conseguir vender produtos emprego...e por e faturar altas aí vai, uma lis- quantias em de- ta infinita pela trimento do so- qual o ser hu- frimento alheio. mano teme e Escolha não ser atualmente, mais massa de manobra e romper com os me- cada vez mais, tem adoecido em função do dos que te aprisionam, escolha ser leve e feliz medo exagerado que paralisa, traz sintomas independente da crise que for. E caso você, e tem incapacitado milhares de pessoas ao por conta própria, não esteja dando conta de redor do mundo. romper com seus medos, mesmo com medo: A Organização Mundial da Saúde lista a ansie- busque ajuda de um profissional! dade como uma das doenças mais incapaci- tantes no mundo. Atualmente muitas pessoas Renata Magalhães é Psicóloga, Terapeuta Familiar Sistê- que convivem com você sofrem de ansiedade, ou seja, passam o tempo inteiro com medo de mica, Palestrante e acredita que o medo, seja ele qual for, deve ser alguma coisa (pois a ansiedade nada mais é encarado de frente. do que medo antecipado, de algo que pode ou [email protected] Facebook/PsicólogaRenataMagalhães YouTube/PsicólogaRenataMagalhães 18
artigo Degustar vinho é coisa para pretensiosos? por Sergio Bourbon E não só o vinho difere um do outro, como a pessoa que prova tampouco é a mesma em dias diferentes. Muita gente imagina que degustação de vi- Seu estado de humor, se está mais ou menos cansa- nhos é uma forma de algumas pessoas pre- da, com menos ou mais fome, seu estado de saúde. tenderem passar por especiais, exibindo Tudo isso vai alterar o resultado do encontro entre conhecimentos reservados a poucos iniciados. É a pessoa e o vinho. Até mesmo durante uma hora de verdade que existe gente que faz questão de alar- degustação a percepção do vinho costuma variar. É dear conhecimento e chamar atenção com exagero comum dizerem que o vinho evolui na taça. Mas não do vinho que está provando. é só o vinho, nós também vamos mudando ao longo Mas degustar não obrigatoriamente tem esses si- da hora da degustação. O álcool em dose moderada nais de esnobismo. A diferença entre beber e de- relaxa e nos torna mais benevolentes na apreciação gustar é simples: quando degustamos focamos nos- daquele vinho que também já não é mais o mesmo. sa atenção nas sensações que experimentamos ao Isso nos remete àquela frase do filósofo ao afirmar ingerir o vinho, e até tentamos tirar do arquivo da memória olfativa e gustativa os aromas e sabores que nós nunca toma- que a bebida está des- mos banho no mesmo pertando. Nesse ponto, rio. a degustação faz lem- E é lógico que a cir- brar a psicoterapia. Na cunstancia na qual se terapia também procu- prova o vinho indiscu- ramos retirar a atenção tivelmente importa. das coisas habituais e Por isso se diz que o tentamos perceber o melhor vinho é aquele que se passa no nosso que se toma na melhor interior em cada mo- companhia. Talvez um mento relevante. Quer vinho mais simples fi- dizer, nessas duas si- que interessante quan- tuações, degustação do a conversa é muito e terapia, exercitamos agradável. Os gregos mudar o foco para nos- já sabiam disso e seus so interior, para nossas simpósios eram reuniões para conversar acompa- sensações e sentimentos. Dito de outro modo, es- nhadas de vinhos. sas atividades implicam num exercício de reflexão. É interessante lembrar que até mesmo nossa es- O vinho tem uma característica peculiar, diferente colha do vinho sofre influência das circunstancias. de muitas outras bebidas. Estou me referindo ao Estudos já demonstraram que se você entrar numa fato de que se vamos beber uma coca-cola já sabe- loja de vinhos onde a música de fundo é italiana, a mos com certeza o que vamos sentir com aquela be- chance é muito maior de você comprar um vinho bida. Com o vinho, é diferente. Mesmo que você já daquele país. Pobre homem que pensa que suas es- tenha tomado aquele vinho em outra ocasião cada colhas são todas ditadas por sua vontade e razão... garrafa é uma experiência única. E isso vai depender Freud, sempre ele, já dizia que o homem, ao con- de tantas varáveis. Só para citar algumas: a manei- trário do que acredita, não manda na própria casa ra como foi guardado, se a garrafa passou por mais (ou cabeça). calor, se recebeu mais incidência de luz etc. Se a sa- fra é diferente, aí essa diferença costuma ser ainda Sergio Bourbon é médico psiquiatra e maior. entusiasta dos vinhos 19
personalidades por Renato Magalhães Convidado: Aguilar Lázaro, nosso “Mercedão” PARA COMEÇO DE CONVERSA com fidelidade canina. Recursos para manter a Banda? Deixa Entre tantas PERSONAS que vicejam por Cachoeiro, a vez hoje prá lá, não dispomos de espaço suficiente aqui para comentar é da boníssima figura de Aguilar Lázaro, hoje com 75 anos de a desídia com que, via de regra, as administrações municipais idade e em estado de paz total com a vida. Não foi por sorteio ou lidam com esses verdadeiros patrimônios culturais... Pergun- acaso. É que Mercedão, como ele é carinhosamente chamado tei a ele se podia citar a Banda pelo seu apelido, “Furiosa”, por todos, passou a fazer parte da minha vida desde que eu era quando ele num rompante de indignação levantou o dedo e garotinho. Primeiro e mais timidamente, lá em meados de 1950. me corrigiu na hora: “Furiosa, não!, estamos falando aqui da Não raro, eu ainda criança, cortava na canela e ia a pé até o cam- gloriosa ASSOCIAÇÃO MUSICAL 26 DE JULHO, a melhor do po do Leopoldina ver treinos e jogos do time do mesmo nome. Estado!” Fazer o que? Ficou assim, então... E em sua rica jorna- Uma das glórias do nosso futebol à época. Aguilar começou no da de vida, Aguilar se tornou figura indissociável de tudo que infantil do Leopoldina e para adquirir o direito de se integrar “às participava, porque doar paixão e coração sempre foi sua mar- cores e tradições” do clube, fez de tudo ali: foi torcedor, corta- ca registrada. Impossível dimensionar toda a beleza e pureza dor de grama, roupeiro, massagista e “lutou” por muito tempo do seu coração: patrimônio de incalculável valor para ninguém com aquelas bolas enormes de futebol, a nº 5, de couro e que botar defeito. Num rasgo de empolgação e no melhor dos sen- quando encharcadas chegavam a pesar mais do que as próprias tidos, não me acanharia de denominá-lo de nossa Madre Tere- crianças (que o diga “seu Zézinho”, lenda Estrelense). Ele jura de za de Calcutá, tamanha a sua iluminada aura. pés juntos que fazia isso tudo e muito mais... sei não! O campo, Quando fala sobre futebol, a imaginação de Mercedão voa: com licença para funcionar por obra e graça do “coronel” Abel rememora, emocionado, os times “da antiga” de Cachoeiro: Santana, em terreno de sua propriedade, ficava onde hoje estão Recanto, Congregação Mariana, Grêmio Santo Antonio, Jaba- as instalações da Cooperativa de Laticínios Selita. Mercedão, quara, Progresso, Ita, Ourobranco... que já não existem mais. àquela época já morador das imediações do campo, onde mora “Só tinha cobra”, afirma Aguilar com brilho nos olhos. Joga- até hoje, já era símbolo vivo do futebol em Cachoeiro e respira- dores da época? Sua lista é enorme: Alcenir, Jurandir, Sarará va essa prática esportiva por todos os poros. Velho, Ciro da CEF, Pedrinho, Lico, Ademir Sapinho, Itim, Ma- Passa o tempo e lá pelos idos de 1970, reencontrei-me com thias, Celso, Tatu, Aranha do Castelo... craque que não acabava Mercedão trabalhando na Galeria Esportiva, de Fábio Maga- mais. E quando mencionamos o Vasco, sua vida em forma de lhães, meu irmão, onde permaneceu por 25 anos. Em seguida, clube de futebol? Seus olhos saltam das órbitas, mas... isso fica Mercedão “incorpora” a Banda 26 de Julho - de tradição imor- para uma outra vez, não dá para falar mais, nosso espaço está redoura - e por 10 gloriosos anos se tornou seu Presidente: acabando. E por último, mas não menos importante, deixamos para citar o nome de Maria Helena, protagonista máxima da vida de Aguilar, esposa querida e estrela peregrina das suas manhãs. Juro que em termos de brilho e de simpatia, coloco o sorriso de Maria Helena em primeiríssimo lugar e... só depois, muito depois, é que em termos de importância viria o indefec- tível esboço de sorriso da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Pardon, mas penso assim... Para completar aquela comparação que fiz lá em cima, de nos- sa PERSONA com a Madre Tereza de Calcutá, acho mesmo que em sua leveza de espírito, Mercedão não caminha, ele le- vita no mínimo um palmo acima de nós, simples mortais, tama- nha sua aura de luz. NOTA DA REDAÇÃO - Dizem que foi a curiosidade que matou o gato. Nem tanto, mas só para atiçar: já listamos 25 nomes que reúnem todos os requisitos para merecer esta honraria: PERSONAS! E eles se apresentarão neste espaço, a cada edi- ção, escolhidos por sorteio. 20
artigo A praga da CORRUPÇÃO no Brasil, mal antigo. por Renato Magalhães lidar com a CORRUPÇÃO? Alguns países chamados de primeiro mundo, se não Sobre o título, gostaria de escrever alguma coisa conseguiram acabar com a CORRUPÇÃO, pelo me- de se ler de um fôlego só, como se toma um gole nos reduziram-na a níveis, digamos, civilizados. Cre- d’água. Diante dessa impossibilidade, vou garim- dito esse avanço a pelo menos dois fatores: educação pando palavras e ideias aqui e ali. de qualidade e legislação severa. Desenhou-se, então, Por exemplo, li em algum lugar: “HÁ 13,5 BILHÕES a partir daí, uma regrinha elementar: o público é pu- DE ANOS, A MATÉRIA, A ENERGIA, O TEMPO E O blico e o privado é privado e ambos podem conviver ESPAÇO surgiram naquilo que é conhecido como o pacificamente, em harmonia. Não misture não, que dá Big Bang”. Mas, considerando essa avalanche de notí- merda!!! cias ligada à Operação Lava-Jato nos primeiros dias de Aqui no Brasil, assim como a jabuticaba, há outras coi- abril de 2017, defendo tese própria: a CORRUPÇÃO sas que frutificam. Exemplo disso é aquela lenda que no Brasil é endêmica e deve ser contemporânea da- diz que usos e costumes de tanto se repetir fazem a queles cinco elementos descritos acima, ou seja, existe desde sempre. tradição, que por sua vez Nós, brasileiros, temos contribui com parcela andado com o estôma- importante para erigir a go tão embrulhado por cultura de um povo. Até todas essas patifarias o surgimento de Moro, contadas em detalhes cada um fazia o que que- pela Odebrecht e ou- ria, quando queria, aonde tras empreiteiras que queria e como queria: e não encontramos mais estávamos conversados. palavras para manifes- Era mole demais. Se por tar nossa indignação toda vida se praticou o diante dessa relação in- caixa dois e ninguém se cestuosa entre o públi- elegia sem ele, prá que in- co e o privado. Recorro, ventar? Pobre não foi fei- então, à mitologia grega to para sofrer? Pois é, era e comparo a corrupção só tirar o dinheiro público made in Brazil à Hidra de da Educação, da Saúde, Lerna, monstro assusta- da Infraestrura, enfiar no bolso e estava tudo certo. dor. Ela, a Hidra, habitava um pântano junto ao lago de Mas agora, com a moralização de algumas instituições Lerna, na Argólida, o que seria hoje a costa leste da re- – Ministério Público, Polícia e Justiça Federal – além gião do Peloponeso (consultem o Google, porque não da importante colaboração da imprensa investigativa sei aonde fica). Pois a Hidra tinha corpo de dragão e 3 séria, está ganhando espaço um conceito novo: cada cabeças de serpente: quando uma delas era cortada, um deve se manter dentro do seu quadrado, porque o cresciam 2 no lugar da cortada. Verdadeiro inferno! meu é meu e o seu é seu. Não vamos misturar... Para se ter uma ideia, a Hidra era tão do mal que mata- Acho que ainda demora, mas o míssil está apontado va as pessoas apenas com seu hálito. E se alguém che- para a direção certa... gasse perto enquanto ela dormia, apenas de cheirar o seu rastro a pessoa já morria em terrível tormento. N.R. – O palavrão CORRUPÇÃO em todo o texto é gra- Quem acabou com a Hidra foi Hércules, que lá na mi- fado em maiúsculas só para lembrar: combatê-la é fun- tologia distante, no segundo entre os seus doze épicos ção de todos. trabalhos, matou a Hidra e encerrou definitivamente o horror que ela oferecia às pessoas da época. Renato Magalhães é jornalista. Mas... cadê o nosso Hércules versão século XXI para 21
Enquetes GOSTARÍAMOS DE SABER:Você indicaria um nome da sua confiançapara ocupar a Presidência do Brasil a partir das eleições do ano que vem, com potencial para moralizá-lo e recolocá-lo no ranking dos países em desenvolvimento? Tema instigante, a revista VOCÊ + Tarefa difícil essa de escolher um nome na atual conjuntura pa- procurou resposta para esta questão ra governar o Brasil, mas arriscaria dizer o nome do Senador nas conversas do dia-a-dia. Em meio a Álvaro Dias, do Paraná. Tem longa jornada de bons serviços essa onda de desemprego, corrupção, na política e até agora não apareceu nada que pese contra a denúncias, falência da classe política reputação dele. Considero-o um nome digno de registro e daria e desestabilização institucional que a ele um voto de confiança. varre o país, o brasileiro de modo geral está profundamente desanimado, de- DARIO LUMBERTO VIANA sacreditando em tudo e em todos. Relu- Contador tam em responder... Apresentamos para o leitor o resultado do nosso “garimpo”: Tão difícil quanto achar um nome com essas características no Brasil seria achar uma agulha no palheiro. Com muito custo e me valendo do cenário atual, acho que João Dória, Prefeito de São Paulo, seria um nome a ser pensado. Não carrega a mácula dos políticos e até aqui tem feito uma gestão proativa e transparen- te. Tem se mostrado trabalhador e um comunicador nato.Utiliza muito bem as plataformas digitais para se relacionar com a popu- lação. Para mim, hoje, esse seria o meu candidato. JOAQUIM DE AQUINO XAVIER Arquiteto 22
Indico o nome do Juiz Sergio Moro, por causa dos ex- Meu candidato seria o João Dória, Prefeito da cidade celentes resultados da Operação Lava Jato. Pena que de São Paulo. É gestor, não é político e – por enquanto provavelmente ele não aceitaria... Trabalha com serie- – ainda não tem os vícios da classe. Está fazendo uma dade. Moralizaria o Brasil e suas instituições. O Brasil revolução administrativa e midiática na cidade de São não pode continuar como está. Não tenho coragem de Paulo, colocando-a “no eixo”. Além de ser um empre- indicar nenhum outro nome. sário muito bem sucedido, usa a mídia como poucos. Até aqui tem administrado a cidade de São Paulo com CARLOS ROBERTO MARINHO DEPES (BETO) - eficiência, como faz em suas empresas. Representante Comercial DANIELLE FALCE VIANA – Empresária Pergunta de difícil resposta. Veja que em recente pes- quisa de opinião publicada nos meios de comunica- A princípio não teria nenhum nome digno de registro. O ção, o candidato que detém o maior percentual de Brasil está um deserto em termos de pessoas que mere- preferência popular (Lula), por outro lado é o que tem çam registro nessa área. No entanto, João Doria, Pre- o maior índice de rejeição. Acho que é coisa que só se feito de São Paulo, pelo que tenho visto, seria um bom vê nesse Brasil dos dias de hoje, uma autêntica “jabu- nome. Formou uma boa equipe para a prefeitura e está ticaba”. Lamento, mas a minha resposta é não, não te- mostrando resultados práticos. É um empresário bem ria nenhum nome confiável que pudesse indicar para sucedido e não tem tradição política. O receio é de tor- ocupar hoje a Presidência da República. nar-se candidato, eleger-se e aí... virar político! MARCO AURÉLIO COELHO – Advogado JOÃO PEDRO VIANNA SECCHIN Aposentado Indicaria Paulo Hartung. Excelente administrador, Governa um estado pequeno como o Espírito Santo, É evidente a crise de representatividade pela qual esta- mas o mantém com as suas contas absolutamente mos passando. Com tantas listas e escândalos, ficamos em dia, diferentemente de outras unidades federa- dia após dia, mais desacreditados com nossos “políti- tivas como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de cos profissionais”. Nesse cenário, eu votaria em João Janeiro etc. Paga pouco ao funcionalismo, mas paga Dória, Prefeito de São Paulo, que apesar de forçar a em dia. Pessoa cerebral, com ótima visão da realida- barra em alguns aspectos, vem surpreendendo com de que o cerca e é respeitado em todo o Brasil pela bons resultados em sua forma diferente de governar, eficácia de suas ações. ainda que com pouco tempo de casa. Mas em um ano, muita coisa muda! Devemos estar com nossas mentes JOÃO CARLOS VOLPINI - Autônomo abertas para que possamos escolher, de fato, o melhor candidato à época da eleição. Na atual cena política nacional, tenho um nome que reputo alto conteúdo para candidatar-se à Presidência FILIPE BENEVIDES MENDONÇA da República nas eleições do próximo ano: Ciro Gomes. Estudante de Direito Não bastasse o valioso conteúdo da palestra que profe- riu em Cachoeiro no último dia 26 a convite do Sicoob 23 Sul, acompanho a sua densa e exitosa trajetória política há muito tempo. Aos 32 anos – o mais jovem do Brasil - foi Governador do Ceará e deixou um registro de gran- des realizações naquele Estado. Considero-o um nome de conteúdo consistente, de trajetória política inatacá- vel, bom gestor e que conhece macro economia como poucos. Vejo-o como um dos raros exemplos para lidar com a complexa conjuntura que o Brasil atravessa no atual momento. RUBENS MOREIRA Líder Empresarial
resgate histórico por Gilson Leão Memórias da Catedral A molecada do Morro São João irá se lembrar bem. FREI ANTOLIN, O MAIOR PERSONAGEM DA IGREJA CATÓLICA EM CACHOEIRO. APÓS NAQUELE TEMPO, termos que os sacerdotes usa- TERMINAR A OBRA DA CATEDRAL, FOI O RESPONSÁVEL PELA CONSTRUÇÃO DA IGREJA vam pra iniciar os sermões, a velha igreja sofreu um DA CONSOLAÇÃO. QUANDO SAIU DA CATEDRAL, CRIOU-SE ATÉ UM CERTO CIÚME ENTRE baque: perdeu seu maior ídolo, o carismático Frei An- OS BAIRROS, POIS IMEDIATAMENTE VIROU ÍDOLO E REFERÊNCIA PARA OS MORADORES DO tolim. BAIRRO GUANDU. Em sua substituição chega o enfeitado Padre Murilim. Todos os padres da época usavam batina preta até os o filme fosse Marcelino Pão e Vinho. Se fosse filme de pés, de tecido grosso e calorento. Andavam de Jeep Maciste então, pqp, podia até ser expulso da Eucaristia. ou Rural, comiam na sacristia e subiam a escadaria Padre Murilim nos surpreendia a cada semana. Certo das torres pra tocar o sino às seis da manhã, meio dia dia, falando em latim castiço, proibiu a pelada das cinco e seis da tarde. no pátio da igreja. Fora o trabalhão desgraçado de ter de ficar tocando Não deu nem pra reclamar, porque um dia antes, em o sino madrugada inteira quando a Papelaria Vieira pleno sermão das seis e trinta, quando o sacristão sa- pegava fogo. cudia aquele balancinho de incenso e o sininho avisava Pois bem, Padre Murilim chegou de lambreta, batina que era hora do arrependimento, uma bola de couro amarelo ovo - mais fresca que outono norueguês – número quatro pegou de mau jeito no pé de Zé Arildo, pintou a cela de Frei Antolim de roxo maravilha, es- ruim de bola pra cacete, e entrou feito um bólido, atra- pantou os morcegos e as andorinhas, avisou que só vessando o corredor central. dormia em colchão de molas e mandou trazer de Es- A sorte é que saiu direto pela porta do outro lado, cain- trasburgo um sacristão chamado Raul. do perto da casa de Castilho que estava no portão de Montou um coro só de Muriletes, que tinham livre castigo, tomando conta do irmão caçula que ainda era acesso aos aposentos paroquiais a qualquer hora do usuário de chupeta. Castilho, num golpe de esperteza, dia ou da noite. Semana seguinte eletrificou o sino escondeu a bola antes que Raul, o sacristão fardado de porque odiava subir escada e avisou que os horários nazista, encontrasse a penosa. das badaladas seriam estabelecidos pelo seu signo astral. Da sacristia mesmo, sem perder o vinco impecável da batina Saint Laurent, ele apertava um botãozinho e era um estrondo danado. E como ficou fácil, tocava o sino o dia inteiro, até pra chamar o sacristão quando queria um cafezinho. Além disso, instalou alto-falantes na torre e, aos do- mingos, sua voz fanha ecoava por toda a praça Jerô- nimo Monteiro, condenando ao fogo eterno os fiéis que não estavam presentes na igreja ou que não ti- vessem contribuído para a compra de seu novo col- chão de molas. E quem participasse da sessão das 10 da manhã no cine Cacique ou São Luiz, “tava ferrado”, mesmo se 24
Castilho, coitado, era obrigado a ficar de fora do fissurado em gibis da Druna, adorava as ironias da “match” porque tinha de tomar conta do guri de três molecada e se prontificou a ficar de goleiro junto da anos. Numa das peladas estava faltando gente e re- porta lateral para que a bola não atrapalhasse a mis- solvemos o problema esvaziando uma lata de lixo sa. cheia de lírios brancos; colocamos ao lado do campo Ele até que pegava direitinho, só que de vez em quan- e enfiamos o moleque em pé dentro da caixa. Casti- do se distraia do match pra acender seu Continental lho todo satisfeito, entrou na pelada e caímos den- sem filtro. tro. Até que uma bola pegou de mau jeito no pé de Vai que o desastrado do Zé Arildo, ruim de bola pra Zé Arildo, ruim de bola pra cacete, acertou na testa cacete, tenta fazer um levantamento de trivela do da criança que voou uns três metros e deu a maior fundo de campo, e a bola entra de novo, quicando sorte em não ter engolido a chupeta. feito doida, pela chamada gare central. Passamos o resto da tarde elogiando o menino pela Bola de couro número quatro que Simeão Simão, defesa e Castilho, pelo seu poder de convencimen- pai de Paulo Cesar Turco - que depois foi goleiro do to, passou a ser tratado como um artífice da peda- juvenil do Flamengo - trazia de Alegre, molhada de gogia infantil. chuva, quase dez quilos, passou como um bólido pela porta guarnecido por Monsenhor Jefferson, quicou PADRE JEFFERSON, UM DOS ÍDOLOS DA NOSSA INFÂNCIA, UM SER HUMANO EXCEP- em frente ao Santíssimo e pegou na cabeça de uma CIONAL, QUE CONSEGUIU TRAZER PARA A IGREJA OS “MAUS” ELEMENTOS (ADOLES- velha que estava se levantando pra confessar. CENTES) DO PÁTIO DA CATEDRAL. FAZ FALTA ATÉ HOJE. DEPOIS QUE ELE SE FOI TODOS Foi um caos. A velhinha caiu dura. Não tinha como OS PADRES QUE O SUCEDERAM NA CATEDRAL TINHAM O ESTILO DE PADRE MURILIM. Padre Murilim recolher a fiel pro hospital pois a fi- DESTAQUE POSITIVO PARA NOSSO PRIMEIRO BISPO DOM LUIZ SCORTEGNA, UM VER- lha da vítima não permitiu que ela fosse de carona na DADEIRO LORDE. DON LUIZ TRANSCENDIA ESPIRITUALIDADE E BOM HUMOR. FOI UM lambreta. Lembramos dos médicos da rua: Dr Elviro, DOS MAIORES AMIGOS DO MEU AVÔ QUE BRINCAVA COM O BISPO O TEMPO TODO. E estava no Rotary, Tio Mano, na canastra, Tio Paulo, DON LUIZ SÓ RIA DAS IRREVERÊNCIAS DO VELHO QUINCAS. estava viajando, Silvio Casotti, ainda não era forma- do e Dr. Rubem estava ocupado assistindo a um jogo Cada pelada um assunto, acabei até esquecendo do do Flamengo. Padre Murilim. Quem deu jeito foi o “Véi” Munhão - Pai de Jorginho, Nossa sorte é que para ser companheiro de paró- Carlito Taiada, Edinho e mais uns 32 filhos – experi- quia do enfeitado Murilim, chegou de São Mateus mentado enfermeiro, marido solícito e pai prolífico -, um anjo negro, vestido em batina negra e falando que largou a campainha no altar e passou um cheiro português sem o menor sotaque de latim: o incrível de incenso fortíssimo perto da narina da velha se- Padre Jefferson. Com vinte e poucos anos, Monse- nhora. nhor Jefferson fumava Continental sem filtro, era A metade da molecada que estava na pelada... cor- reu. A outra metade, que não jogava bola, compos- ta pelos historiadores João Eurípides, Fabiano Baé, Paulo Cesar Muvirão, Joãozinho Franklin, se aproxi- mou do flagrante para apurar as consequências. Fabiano Baé, um dos mais criativos, veio contar de- pois as palavras que a velha senhora pronunciou quando acordou da bolada: “Foi gol?” HOMENAGEM Uma homenagem a Paulo Fiorio e Zé Carlos Tur- bay, os coroinhas mais dedicados da catedral, que irão autentificar a veracidade dos fatos. E também uma homenagem a Paulo Turuna Assad, o pior coroinha que já pisou em uma catedral cató- lica. Foi tão incompetente que depois de termina- da a missa Padre Jefferson classificou sua atuação como “terrorismo árabe.” 25
história CONTANDO HISTÓRIAS por João Eurípedes Franklin Leal Recebemos um de- luções e as involuções de ter que fazer uma minha dade de Filosofia, Ciên- sejado convite, da nossa história, em capítu- breve apresentação, des- cias e Letras de Cachoei- primorosa Revista los mensais, que seguirão culpem-me se parecer ca- ro de Itapemirim, sediada VOCÊ+, que já é um mar- uma lógica de temporali- botino, mas não é esta mi- no Cristo Rei. Especiali- co no jornalismo de quali- dade e de assuntos para, nha intenção. Sempre fui zei-me, fiz pós-graduação dade da nossa Cachoeiro no final, fazermos nosso empresário do comércio, no exterior e depois lecio- de Itapemirim. O convite julgamento. Sou um ca- assim como quase toda nei na nossa UFES, em Vi- veio ao encontro de uma choeirense pouco conhe- minha família, mas acima tória, na UFF em Niterói antiga vontade de incen- cido, principalmente das de tudo fui, sou e serei e na UNIRIO, sempre tivar, divulgar e promover como professor de Pale- o conhecimento histórico BRASÃO DE VASCO sempre professor. ografia (técnica para ler, de nossa amada cidade e FERNANDES COUTINHO Neste ano de 2017 faz transcrever e interpre- de nosso Espírito San- cinquenta anos que tor- tar manuscritos desde a to. Espero estar à altura gerações mais recentes, nei-me professor uni- Idade Média até o século do convite e desejo fazer pois há cerca de 40 anos versitário (com 22 anos) XX). Aposentei-me com o desta minha nova atribui- vivo no Rio de Janeiro, lecionando História do título de Professor Bene- ção uma forma de retri- mas saibam todos que no Espírito Santo e dei a pri- mérito da Universidade buir à nossa sociedade, meu peito bate um cora- meira aula do Curso de Federal do Estado do Rio que me cala no coração, o ção cachoeirense e em História, na antiga Facul- de Janeiro. Fui Profes- muito que ela merece ser Cachoeiro estão minhas sor-Visitante da Univer- conhecida e reconhecida. raízes e meu ninho prefe- sidad de Valladolid, Espa- Partimos do princípio bási- rido. Desculpem-me em nha. Tornei-me membro co de que “só se ama aquilo da Academia de Letras que se conhece”. E será que de Cachoeiro, do Institu- conhecemos bem o pas- to Histórico e Geográfico sado do Espírito Santo e o do Espirito Santo e Sócio de nossa Cidade? Será que Honorário de Instituto este possível desconheci- Histórico e Geográfico mento é causa de diversi- Brasileiro. Entretanto o ficados problemas que cri- que muito me honrou foi ticamos, detectamos e, às ter sido escolhido Cacho- vezes, não enfrentamos? eirense Ausente de 2014. Pois bem, pretendemos Mas vamos ao que mais mostrar passados conheci- nos interessa, a HISTÓ- dos ou pouco conhecidos, RIA, a nossa História, ao para que possamos julgar nosso passado que gerou porque temos este pre- o nosso presente. sente. Você sabia que o primeiro Em CONTANDO HIS- nome da Capitania do Es- TÓRIAS vamos, a cada pírito Santo foi Capitania edição, mostrar as evo- Undécima, pois era a dé- 26
cima primeira capitania se MAPA DA DIVISÃO DO BRASIL EM CAPITANIAS HEREDITÁRIAS MOSTRANDO A POSIÇÃO DA CAPITANIA DE VASCO FERNANDES contada de norte para o COUTINHO (ESPÍRITO SANTO) sul? Que o primeiro nome dado ao nosso rio Itape- gia elétrica e era um dos Portanto meus conterrâ- dência. Muitas vezes isto mirim pelos portugueses maiores entroncamentos neos e amigos a história foi reflexo da boa ou má foi rio de Santa Catarina ferroviários do país? Que é cheia de altos e baixos qualidade do governante (em homenagem a esposa Rio Novo do Sul foi sede e muito temos a aprender ou do momento histórico de D. João III)? Que o Es- da primeira colônia priva- com ela, para não repe- estrutural. pírito Santo durante o sé- da de imigrantes do Brasil? tirmos os erros do passa- Vamos, com alegria, rever culo XVI foi sempre o ter- Que Vitória, no século XVI, do. O Espírito Santo teve nosso passado! ceiro maior exportador era a maior vila, em popula- momentos de grande ex- No próximo número ini- de açúcar do Brasil (após ção, do Brasil ao sul de Sal- pressão na economia, de- ciaremos com a história Pernambuco e Bahia)? E vador, superando Rio de fesa e desenvolvimento dos primórdios da Capi- esse açúcar era tido como Janeiro, São Paulo, Santos da colônia brasileira, mas tania de Espírito Santo. o de melhor qualidade da ou São Vicente? também épocas de deca- Obrigado e até lá. Colônia? Que a Capitania do Espírito Santo se es- tendia até o atual Goiás e incluía dois terços de Minas Gerais? Você sa- bia que já no século XVI (quando mulheres não ti- nham direitos) a Capita- nia do Espírito Santo foi governada, e muito bem, por Dona Luiza Grinal- da entre 1589 e 1593 e que, além do progresso local que ela conduziu, ela derrotou um ataque inglês do pirata Thomas Cavendish? Que o famo- so pirata Robert Morgan, que assombrava o Cari- be também foi morto, em Vitória, no seu governo? Que D. João VI criou, em 1800, o Parque Real de Madeiras Regência Augus- ta, entre o rio Doce e o rio Cricaré e este foi o primei- ro Parque Florestal cria- do em todo o continente americano? Que em 1832 o Congresso do Império tentou transferir a capi- tal do Espírito Santo para Campos dos Goytacazes, tal era a decadência de Vi- tória? Que Cachoeiro de Itapemirim foi a quarta ci- dade brasileira a ter ener- 27
sabor À mesa com... Helena Paula Brum POR RENATO MAGALHÃES Helena Paula Brum, ou simplesmente Helena, como é co- nhecida por todos, é a nossa convidada desta edição. Lá atrás, em 1969, há 47 anos, portanto, veio de Virginia Nova, Jaciguá, e desde então trabalha na casa de Vera Franklin, amiga querida e nascida de uma das mais tradicionais famílias cachoeirenses. Helena sempre foi um patrimônio da casa. Criou os cinco filhos de Vera – Eduardo, Ricar- do, Ludmila, Rogério e Maritza -, seus netos e hoje é a sua Governanta , com todos as honras que o cargo muito merecidamente lhe concede. “Impossível viver sem a Helena”, não se cansa de repetir a Vera em coro com seus familiares. Com mãos de fada e cuidados que não tem fim, está presente como anjo da guarda em cada dia da vida de Vera. E se não bastasse, sabe tudo de cozinha. Seus quitutes ganharam fa- ma e todos que deles já provaram apaixonaram-se à primeira vista. Assim como eu e o mestre fotógrafo Wallacve Hull, que no último dia 28 fomos documentar esta ma- téria no novo apartamento – uma graça! – em que Vera e Helena moram. Ali degus- tamos o prato prin- cipal “Camarão de Vera”, que foi ser- vido acompanhado de salada de aipo, alface e frutos da estação ornados com iogurte natu- ral. Impossível des- crever essa delícia dos deuses! CAMARÃO DA VERA 28
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