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Published by paulocardoso, 2020-03-29 20:23:02

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A ÁCADEMIA D’ GUA O equipamento náutico na Albufeira de Fronhas como estratégia para o desenvolvimento do concelho de Arganil PAULO ALEXANDRE FARIA CARDOSO (Licenciado) Projecto Final de Mestrado para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitectura Orientação Científica: Professor Doutor José Afonso Professor Doutor José Luís Crespo DOCUMENTO PROVISÓRIO Lisb o a , FA ULisb o a , Junho d e 2020

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL II ___________________________________________________________________________________

III O presente documento encontra-se redigido nos termos do Acordo Ortográfico aprovado pelo Decreto n.º 35 228, de 8 de Dezembro de 1945, alterado pelo Decreto-Lei n.º 32/73, de 6 de Fevereiro. ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL (Página intencionalmente deixada em branco) IV ___________________________________________________________________________________

Agradecimentos V ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL VI ___________________________________________________________________________________

VII ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL VIII Palavras-Chave: Arganil | Água | Paisagem | Turismo | Desporto | Fluvial Conceitos-Chave: O turismo fluvial como fundamento da preservação do património rural Os desportos náuticos como modelo de bem-estar do corpo e da mente A água e a paisagem como âncoras para a fixação da população A permeabilidade percorrível na simbiose dos percursos terrestre e fluvial ___________________________________________________________________________________

Resumo (300 palavras) O despovoamento das zonas de interior do País é uma realidade para a qual IX urge criar mecanismos que promovam a sua mitigação, bem como o estabelecimento de dinâmicas de desenvolvimento e enriquecimento do território que fomentem a inversão de tal tendência. Em 2017, Arganil foi um dos concelhos do Pinhal Interior Norte fortemente fustigados pelos incêndios que consumiram uma extensa área de floresta e habitações, bem como dos recursos endógenos, contribuindo desta forma também para o aumento da degradação das condições de habitabilidade e de permanência dos residentes, dando simultaneamente origem à redução de atractivos para a regeneração da população activa, que já de si, anteriormente era deficitária. O rio Alva nasce na Serra da Estrela, atravessa o concelho de Arganil, e desagua no Mondego, sendo interceptado no limite poente do concelho, pela barragem de Fronhas, dando origem à Albufeira de Fronhas. Após uma avaliação territorial da geomorfologia que resulta da referida represa, reconhece-se que a aludida albufeira representa um enorme potencial para a instalação de um equipamento que promova a prática de actividades desportivas e de lazer, associado a um modelo económico de oferta turística. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), no ano 2016 o sector do turismo foi a actividade económica mais expressiva em Portugal, configurando-se numa alavanca dinamizadora do desenvolvimento, tanto à escala nacional como regional e local. O presente trabalho resulta assim da tomada de consciência sobre a necessidade premente de combater a crescente tendência do despovoamento que se verifica ao longo de todo o interior do País, pretendendo oferecer uma proposta pontual localizada no concelho de Arganil, que contribua para sua mitigação de tal fenómeno social, reflectida num equipamento de características lúdico-turísticas associado a práticas de desportos náuticos fluviais, não descurando no entanto, a preservação dos valores e recursos naturais locais e da paisagem. ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL X Arganil | Water | Landscape | Tourism | Sport | River Key Words: Key Concept: River tourism as a foundation for the preservation of rural heritage Water sports as a model of well-being of body and mind Water and the landscape as anchors for the settlement of the population The permeability that can be traversed in the symbiosis of land and river routes ___________________________________________________________________________________

Abstract The depopulation of the interior areas of the country is a reality for which it is XI urgent to create mechanisms that promote its mitigation, as well as the establishment of dynamics of development and enrichment of the territory that foster the inversion of such trend. In 2017, Arganil was one of the municipalities of Pinhal Interior Norte heavily affected by the fires that consumed an extensive area of forest and housing, as well as endogenous resources, thus contributing to the increase in the degradation of living conditions and residents' permanence, simultaneously giving rise to the reduction of attractiveness for the regeneration of the active population, which was already deficient in itself. The Alva river rises in Serra da Estrela, crosses the municipality of Arganil, and flows into the Mondego, being intercepted at the western limit of the municipality, by the Fronhas dam, giving rise to the Albufeira de Fronhas. After a territorial assessment of the geomorphology that results from the aforementioned dam, it is recognized that the referred reservoir represents an enormous potential for the installation of equipment that promotes the practice of sports and leisure activities, associated with an economic model of tourist offer. According to the World Tourism Organization (WTO), in 2016 the tourism sector was the most significant economic activity in Portugal, becoming a lever for dynamizing development, either at national, regional and local levels. The present work is the result of the awareness of the pressing need to combat the growing trend of depopulation that occurs throughout the entire interior of the country, aiming to offer a specific proposal located in the municipality of Arganil, which contributes to its mitigation of such social phenomenon, reflected in a playful-tourist equipment associated with river water sports practices, while not neglecting the preservation of local values and natural resources and landscape. ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL (Página intencionalmente deixada em branco) XII ___________________________________________________________________________________

Na Ribeira deste Rio Na ribeira deste rio Ou na riveira daquele Passam meus dias a fio. Nada me impede, Me dá calor ou dá frio. Vou vendo o que o rio faz Quando o rio não faz nada. Vejo os rastros que ele traz, Numa sequência arrastada, do que ficou para trás. Vou vendo e vou meditando, XIII Não bem no rio que passa Mas só no que estou pensando, Porque o bem dele é que faça Eu não ver que vai passando. Vou na ribeira do rio Que está aqui ou ali, E do seu curso me fio, Porque, se o vi ou não vi, Ele passa e eu confio. Fernndo Pessoa, in “Cancioneiro” ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL XIV (Página intencionalmente deixada em branco) ___________________________________________________________________________________

Índice Geral ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................... 3 1 ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS ...................................................................... 5 LISTAGEM DE SIGLAS E ACRÓNIMOS ................................................................. 7 INTRODUÇÃO......................................................................... 9 1.1 TEMA E PROBLEMÁTICAS ......................................................................... 11 1.1.1 (D)O FENÓMENO DO DESPOVOAMENTO.............................................. 11 1.1.2 DA PROBLEMÁTICA DO DESPOVOAMENTO AO TEMA DA PROPOSTA ............... 13 1.1.3 O TURISMO .................................................................................... 15 1.1.4 O TURISMO DE NATUREZA.................................................................. 17 1.1.5 O TURISMO FLUVIAL.......................................................................... 19 1.1.6 OS DESPORTOS NÁUTICOS / FLUVIAIS................................................... 21 1.2 OBJECTIVOS E QUESTÕES DE TRABALHO.................................................... 27 1.2.1 OBJECTIVO 1 .................................................................................. 27 1.2.2 OBJECTIVO 2 .................................................................................. 29 1.3 METODOLOGIA ................................................................................... 31 1.3.1 LINHAS DE ORIENTAÇÃO .................................................................... 31 1.3.2 O LUGAR ....................................................................................... 31 1.3.3 A FUNÇÃO ..................................................................................... 32 1.3.4 A FORMA........................................................................................ 32 1.3.5 DIAGRAMA DO PROCESSO METODOLÓGICO ......................................... 33 1.4 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO .................................................................. 34 ENQUADRAMENTO TEMÁTICO .................................................. 38 2.1 OS CONCEITOS DE BASE........................................................................ 40 2.2 O PAPEL DO TURISMO FLUVIAL NA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO RURAL ......... 42 2.3 OS DESPORTOS NÁUTICOS COMO MODELO DE BEM-ESTAR.......................... 44 2.4 A “FORMA” DA ÁGUA ........................................................................... 46 2.5 A ÁGUA E A PAISAGEM .......................................................................... 50 2.6 A PERMEABILIDADE NA SIMBIOSE DOS PERCURSOS TERRESTRE E FLUVIAL ............. 52 2.7 REPOVOAMENTO PELA MOBILIZAÇÃO ATRAVÉS DO TURISMO E DOS DESPORTOS NÁUTICOS ..................................................................................................... 46 CASOS DE ESTUDO................................................................ 54 3.1 ANALOGIAS DA FORMA.......................................................................... 56 ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 3.2 REFERÊNCIAS FUNCIONAIS ...................................................................... 58 (D)O LUGAR ........................................................................59 4.1 A HISTÓRIA DE ARGANIL......................................................................... 61 4.2 A ALBUFEIRA DE FRONHAS ...................................................................... 63 4.3............................................................................................................... 68 PROPOSTA ARQUITECTÓNICA ...................................................71 2 ___________________________________________________________________________________

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 | PEDRA NO CHARCO 6 FIGURA 2 | ARIZONA ROWING 22 FONTE: HTTPS://FIELDSOFPHEASANTS.TUMBLR.COM/IMAGE/34278641433 FIGURA 3 | ROWING AT SUNSET, BY KAREN TARLTON 24 FONTE: HTTPS://WWW.KARENSFINEART.NET/LISTING/705702174/ROWING-AT-SUNSET-PAINTING-ORIGINAL-OIL FIGURA 4 | DESTROYING QUESTIONS 28 FONTE: HTTPS://DESTROYINGQUESTIONS.TUMBLR.COM/IMAGE/156754924262 3 ______________________________________________________________________________________

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ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS TABELA I. 1 ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. QUADRO 01. 1 ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED. 5 ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 6 Figura 1 | Pedra no Charco ___________________________________________________________________________________

LISTAGEM DE SIGLAS E ACRÓNIMOS BTT - Bicicleta Todo-o-Terreno; DL - Decreto-Lei; ER - Embarcação de Recreio; INE - Instituto Nacional de Estatística; I.S. - Instalações Sanitárias; ISN - Instituto de Socorro a Náufragos; I.P. - Instituição Pública; NUTS - Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos; OMT - Organização Mundial de Turismo; ONU - Organização das Nações Unidas; PAX - Programa das Aldeias de Xisto; PDM - Plano Director Municipal; 7 PENT - Plano Estratégico Nacional do Turismo; PFM - Projecto Final de Mestrado; PNTN - Programa Nacional de Turismo de Natureza; POAF - Plano de Ordenamento da Albufeira de Fronhas; RAN - Reserva Agrícola Nacional; REN - Reserva Ecológica Nacional; SAER - Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco; TER - Turismo em Espaço Rural; TN - Turismo de Natureza; TP - Turismo de Portugal; UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization; UNWTO - United Nations World Tourism Organization; ZAB - Zona de Apoio Balnear ______________________________________________________________________________________

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9 ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ______________________________________________________________________________________

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1.1 TEMA E PROBLEMÁTICAS 1.1.1 (D)O FENÓMENO DO DESPOVOAMENTO Os mega incêndios de Outubro de 2017 vieram trazer de novo à luz da 11 ribalta, por força do mediatismo do palco de operações aquando do combate aos referidos incêndios, as questões de fundo relacionadas com o aumento dos índices de despovoamento que ocorrem de forma escalonada e regular nas áreas do interior do País, resultantes dos movimentos migratórios para os grandes centros populacionais e a orla litoral. O concelho de Arganil, área geográfica sobre a qual recai a intenção de intervenção da presente proposta, não foi excepção nesta realidade recorrente de cenários cíclicos de incêndios, tendo sido um dos concelhos fortemente fustigado por episódios regulares de fogos florestais que ocorreram entre os anos 2012 e 2017, ocorrência da qual resulta nesse concelho (não só mas também), o decréscimo da população activa e residente explanado na realidade actual, para a qual importa criar mecanismos que promovam a sua inversão. A actualidade desta matéria é por demais notória se tomarmos em linha de conta que, de acordo com fontes disponíveis, nomeadamente pelos dados estatísticos publicados pelo INE, o concelho de Arganil revela, entre os anos 2003 e 2013, uma variação populacional negativa de 158 habitantes/ano. E considerando que essa tendência é crescente nos últimos três anos de que existe registo (2011 a 2013), torna-se difícil não alvitrar que a mesma se mantenha até ao presente. Decorrente dessa expressão migratória da população activa, e consequentemente por força da falta de mão-de-obra que promova acções regulares de manutenção e conservação do parque florestal, resulta o aumento exponencial de matéria combustível, que por consequência proporciona condições favoráveis à ocorrência de focos de incêndio degenerando frequentemente em incêndios de dimensões consideráveis. Considera-se assim necessário, com vista à mitigação desse fenómeno constante e crescente de despovoamento, criar mecanismos e formas que ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL incentivem, não só à estabilização e permanência dos habitantes ainda residentes, mas que por outro lado, venham também instigar a mobilização e fixação de novos habitantes, sendo que se considera que tais estratégias deverão incidir preferencialmente em cativar a mobilização de potenciais novos habitantes que se enquadrem na faixa etária de jovens e adultos activos. Seguindo a linha de raciocínio de Eduardo Anselmo da Costa, em que refere numa entrevista à agência LUSA em 19 de Dezembro de 2018; “as políticas - algumas que estão a haver nalguns sítios e com sucesso - são aquelas que atraem empresas, pessoas, e serviços para as pessoas ao mesmo tempo. Ou é tudo ao mesmo tempo ou não funciona. Caso contrário, atrai pessoas para sítios onde não há emprego e empregos para sítios onde não há pessoas. E isso não funciona!”. A problemática, na sua perspectiva, “é que quem tem iniciativa de pôr lá uma empresa não tem poder para trazer as pessoas e quem tem poder para trazer as pessoas não são as empresas”. 12 “ou há uma política de conjugação disto tudo ou isto não tem hipótese”1, reforçou. 1 excerto da entrevista ao especialista em território e inovação, Eduardo Anselmo de Castro [lusa - 09.12.2018] http://portocanal.sapo.pt/noticia/172790 [consultado em 29.10.2019] ___________________________________________________________________________________

1.1.2 DA PROBLEMÁTICA DO DESPOVOAMENTO AO TEMA DA PROPOSTA A proposta de um “Equipamento Náutico na Albufeira de Fronhas como 13 estratégia para o desenvolvimento do concelho de Arganil” resulta então da articulação do entendimento anterior com a avaliação das potencialidades do território quanto aos seus recursos (naturais e outros), tendo-se constatado numa fase embrionária de pesquisa das valências territoriais e geomorfológicas do concelho de Arganil, que este possui condições particularmente favoráveis ao desenvolvimento de um equipamento de características turístico-desportivas fortemente ligado à prática de actividades náuticas e aquáticas, por força da albufeira que deriva da retenção de água no Rio Alva provocada pela barragem de Fronhas, e que se denomina de “Albufeira das Fronhas”. Tal conclusão é ainda reforçada, quando tomados em consideração os aspectos considerados valorizadores do território de Arganil, elencados no Plano de Ordenamento da Albufeira das Fronhas (POAF), aprovado em conselho de ministros em 23 de Abril de 2009. Da visão estratégica do POAF, alinhada com a questão de base do problema do despovoamento das zonas do interior do País, resulta assim a intenção subjacente no Projecto Final de Mestrado, a qual se consubstancia na hipotética materialização de uma estrutura de apoio a desportos náuticos de “outdoor” e aquáticos de “indoor”, incrementado de valências no âmbito da formação de atletas de diversas modalidades, complementada ainda por uma vertente de carácter lúdico turística, servindo assim duas áreas distintas de actuação, o desporto e o turismo, por forma a garantir uma utilização permanente, evitando desta forma a eventual probabilidade de funções de carácter sazonal, por força da criação de novos postos de trabalho, tanto directos como indirectos, resultantes de serviços terciários alavancados pelo expectável aumento de fluxo de utilizadores da “Academia d’Água”. ______________________________________________________________________________________

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1.1.3 O TURISMO Segundo dados avançados pela Organização Mundial de Turismo (OMT), 15 no ano 2016 a actividade económica mais exportadora em Portugal foi o sector do turismo, configurando-se assim uma alavanca expressiva do desenvolvimento, tanto à escala nacional como regional e local. Alinhados com esta visão estratégica, são vários os municípios que têm vindo a promover políticas de desenvolvimento do território que assentam em propostas de oferta de actividades turísticas, valorizando desta forma os seus recursos endógenos, locais e regionais. Contudo, a convergência territorial inerente a estas estratégias é ainda pouco notória, atendendo a que as repercussões de uma mesma solução derivam em impactos diferenciados quando aplicados em territórios distintos, resultado das diferentes particularidades territoriais, respectivas potencialidades e oportunidades locais, algumas reflectindo até resultados antagónicos quando cruzados e comparados. Não obstante tais divergências, assume-se assim o turismo, enquanto actividade importante de serviços à escala global, como um sector estratégico de desenvolvimento em Portugal, pelo papel crucial que desempenha na criação de emprego e riqueza, e pela capacidade de dinamizar e diversificar as economias locais e regionais (Turismo de Portugal, 2017). O turismo contribui para a valorização dos recursos territoriais, gerando contudo desafios de sustentabilidade (Manente, 2014), ganhando relevância nesta perspectiva, a qualificação e valorização territorial de destinos turísticos numa óptica de compatibilização das vertentes ambiental, económica e social e de ordenamento do território (Gabrielli, 2017). A protecção, recuperação e valorização, quer das paisagens naturais, quer do património cultural, constituem vectores prioritários do ordenamento e da qualificação do território, com incidência no desenvolvimento do turismo de cultura, de natureza e rural e em factores de melhoria da qualidade de vida das populações (Turismo de Portugal, 2017). ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL Dentro das diversas formas ou modelos que a oferta do produto “turismo” se pode afigurar, importa então em primeira instância, tal qual ingrediente de uma receita de sucesso, identificar quais as potencialidades particulares que os recursos naturais do território local podem determinar como elementos diferenciadores da oferta de tal produto. 16 ___________________________________________________________________________________

1.1.4 O TURISMO DE NATUREZA Na viragem do século, surgiu uma corrente de mudança na interacção 17 com os ambientes aquáticos não marítimos, onde os espelhos de águas calmas passaram a ser maior motivo de interesse turístico e cultural, trazendo a si um acréscimo de investimentos, uma vez que denota uma procura cada vez maior para este segmento de turismo. Efectivamente, o turismo de Natureza (conceito também designado de turismo de paisagem), onde se enquadram as actividades relacionadas com o usufruto dos espelhos de água e das margens de rio, está habitualmente correlacionado com outros segmentos de mercado que se complementam, seja ao nível da restauração e hotelaria, seja ao nível do turismo rural, veja-se o exemplo de sucesso do programa das Aldeias de Xisto. Segundo Paulo Carvalho, no âmbito do PAX, a implementação dos Planos de Aldeia, com base na requalificação territorial dos lugares serranos, veio contribuir para uma melhoria da qualidade de vida das populações locais, assegurando um conjunto de condições fundamentais que permitiram lançar as bases de um produto turístico vocacionado para os segmentos da procura turística relacionados com o turismo cultural, o turismo de natureza, o turismo de passeio pedestre, o turismo de aldeia e o turismo activo (Carvalho, 2009). “As Aldeias do Xisto são a porta de entrada para um território maravilhoso com uma variada oferta de turismo e lazer em íntimo contacto com a Natureza e com as tradições culturais da região. Para quem gosta de caminhar, existem mais de 600Km de percursos pedestres devidamente homologados. Os amantes de BTT vão ficar surpreendidos com a oferta de trilhos com vários níveis de dificuldade ancorados nos Centros de BTT, autênticas estações de serviço em regime de self-service adaptadas aos praticantes da modalidade. Durante o Verão, a rede de praias fluviais permite momentos refrescantes e tranquilos nas mais puras águas do país.” (https://aldeiasdoxisto.pt/content/rede). ______________________________________________________________________________________

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1.1.5 O TURISMO FLUVIAL Dos recursos naturais existentes no concelho de Arganil, destaca-se então 19 a Albufeira de Fronhas, no rio Alva, localizada nas freguesias de Pombeiro da Beira e São Martinho da Cortiça, e cujo plano de água resulta da área inundada ao Nível Pleno de Armazenamento da barragem das Fronhas. Em Abril de 2009 foi aprovado em conselho de ministros, o POAF (Plano de Ordenamento da Albufeira das Fronhas), documento estratégico que visa criar mecanismos de ordenamento e conciliar a crescente procura desta área com a preservação dos valores naturais ambientais e ecológicos, definindo regras e estratégias para o aproveitamento dos recursos, por força da identificação das suas potencialidades e limitações de uso. Determina assim o POAF a criação de diversas zonas de utilização, nomeadamente para: a pesca; a navegação recreativa a remo, pedais e à vela; a prática de banhos e a natação; a realização de competições desportivas motorizadas e não motorizadas; a navegação com embarcações propulsionadas a motor de combustão interna a quatro tempos; a navegação com embarcações motorizadas equipadas com propulsão eléctrica; a circulação de embarcações marítimo-turísticas; a circulação de embarcações a motor destinada a acções de fiscalização, vigilância e socorro, desenvolvendo assim uma filosofia de valorização da Albufeira das Fronhas pela via da instalação de equipamentos afectos ao apoio de práticas de desportos náuticos e de turismo náutico de recreio. O turismo náutico é cada vez mais valorizado pelo contacto directo com a natureza, e considerado uma componente estratégica da indústria do turismo como forma de diversificar e reforçar a competitividade. “Uma das características do turismo fluvial (embarcado ou de aproveitamento das margens de rios, canais, lagos, lagoas ou albufeiras) é a possibilidade de uma conjugação do ambiente aquático, embarcado ou não, com o ambiente terrestre, através de caminhadas, visitas a povoados, a monumentos, a artesãos, a participação em repastos gastronómicos que se encontram a salvo em muitos desses santuários do mundo rural com ligações à rede fluvial do país. O contacto com a ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL água ou a sua proximidade, por vezes apenas a sua presença na paisagem são, por si só, motivadores de relações de satisfação para uma grande maioria da população.” (Moreira, 2016, p.256). Pese embora o turismo náutico esteja a aumentar exponencialmente em popularidade, não tem ainda uma definição clara e universal, contrariamente ao turismo em geral. No entanto é já reconhecido que os seus efeitos indirectos e induzidos são frequentemente mais importantes do que os directos, conduzindo paralelamente ao desenvolvimento de muitos outros sectores, quer pela via da produção e fabrico de equipamentos da práticas das modalidades, bem como pela proliferação de oferta de alojamentos, restauração e aumento da oferta de produtos locais e regionais. Segundo um estudo efectuado em 2014 pelo Turismo de Portugal, I.P., as actividades turísticas que registaram maior procura nos anos de 2012 e 2013, foram as actividades de Turismo de Ar Livre/Turismo de Natureza e 20 Aventura, donde se destaca a importância das actividades marítimo- turísticas e aluguer de embarcações, na medida em que representam uma percentagem expressiva de 51% do total das actividades de Turismo ao Ar Livre, tendo sido inclusive as duas actividades mais procuradas/realizadas durante o ano 2013. ___________________________________________________________________________________

1.1.6 OS DESPORTOS NÁUTICOS / FLUVIAIS Segundo a publicação ‘Portugal Náutico: Um Mar de Negócios, Uma 21 Maré de Oportunidades’: “O rio Mondego e afluentes têm excelentes condições para o remo e a canoagem (albufeira da Aguieira) e para o rafting (nos rios Alva e Alvoco); a albufeira da Aguieira é frequentemente utilizada para acolher o treino de selecções do leste da Europa durante o período de inverno, aproveitando as excelentes condições naturais, de clima e de acolhimento que oferece.” (AEP, 2015, p.127). Contudo, e pese embora a publicação refira o rio Alva como lugar de excelência para a prática de desportos náuticos (e reconhecendo-se que neste contexto se deverá entender também o turismo como produto ou serviço correlacionado), constata-se que na realidade, presentemente o ria Alva não dispõe de qualquer equipamento que promova ou apoie tais práticas de laser ou desporto. Exceptuam-se deste contexto (embora encarado apenas como uma ténue aproximação ao que de facto se pode caracterizar num enquadramento de desporto náutico), as práticas lúdico-turísticas que derivam do usufruto dos recursos naturais do rio, nomeadamente as suas praias fluviais. “É um dos rios mais bonitos, puros e cristalinos de Portugal, que nasce na Serra da Estrela e desagua no Mondego.” (Vortex Magazine) O rio Alva contabiliza actualmente 12 praias fluviais reconhecidas como tal, desconhecendo-se nesta fase, quantas mais existirão de génese não vigiada. Contudo, e conforme referido, o estudo publicado pela Vortex Magazine (fonte não verificada), aponta para 12, as melhores praias fluviais do Rio Alva que, autrora frequentadas apenas pelos habitantes das aldeias mais próximas, actualmente representam o destino previlegiado de milhares de ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 22 Figura 2 | Arizona Rowing Fonte: https://fieldsofpheasants.tumblr.com/image/34278641433 ___________________________________________________________________________________

turistas de todo o País que procuram nestes refúgios da Natureza do Interior, alternativas às praias oceânicas da orla costeira. Este não é senão, mais um indicador do fenómeno de procura em massa das alternativas que assentam no conceito de “turismo de Natureza” referido anteriormente. A título de registo, como apontamento para um maior aprofundamento de pesquisa em sede de desenvolvimento do trabalho da proposta, elencam- se as aludidas praias: Praia fluvial de Avô Praia fluvial de São Gião Praia fluvial de Côja Praia fluvial de Sandomil Praia fluvial do Vimieiro Praia fluvial da Ponte das 3 Entradas Praia fluvial da Cascalheira Praia fluvial das Fronhas Praia fluvial de Vila Cova à Coelheira Praia fluvial do Sabugueiro Praia fluvial da Lapa dos Dinheiros Praia fluvial do Barril da Água Neste contexto, evidenciadas as potencialidades do território (que nesta 23 fase do estado do conhecimento já tomam contornos quase que de carências) para a materialização de um equipamento de natureza turístico- desportiva que relacione os utentes com o usufruto dos recursos, e por forma a assegurar a materialização de um equipamento que atinja um patamar de oferta de serviços de excelência com o fito de atrair turistas e desportistas tanto profissionais como amadores enquanto público-alvo, torna-se necessário efectuar uma análise teórico-reflexiva do estado do conhecimento, sob uma orientação que se considera dever ser pautada por três pilares estruturantes dos fundamentos de pesquisa, convergindo num fio condutor da progressão do desenvolvimento projectual da proposta de intervenção. ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 24 Figura 3 | Rowing at Sunset, by Karen Tarlton Fonte: https://www.karensfineart.net/listing/705702174/rowing-at-sunset-painting-original-oil ___________________________________________________________________________________

Por este rio acima 25 isto que é de uns Também é de outros Não é mais nem menos Nascidos foram todos Do suor da fêmea Do calor do macho Aquilo que uns tratam Não hão-de tratar Outros de outra coisa Pois o que vende o fresco Não vende o salgado Nem também o seco Na terra em harmonia Perfeita e suave das margens do rio Por este rio acima Fausto, in “Por este rio acima” (1988) ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 26 ___________________________________________________________________________________

1.2 OBJECTIVOS E QUESTÕES DE TRABALHO 1.2.1 OBJECTIVO 1 Recriar e revitalizar o património natural e paisagístico, pela via da valorização do território e do desenvolvimento regional através de rentabilização dos recursos naturais, como incentivo à fixação da população. Q1a Em que contexto sócio-cultural se deve inserir a proposta de intervenção, e quais as valências e serviços a incluir no equipamento, por forma a garantir a incrementação de postos de trabalho e fixação de população activa? H1a Implementando um leque de serviços cuja tipologia de uso assente 27 num princípio de valores de preservação do património natural, que apelem ao envolvimento da população. Q1b Como criar um equipamento de turismo fluvial cuja construção represente, tanto quanto possível, um impacto reduzido na paisagem e no território, sem constranger as funções de uso? H1b Minorando os impactos negativos, com recurso a soluções construtivas que incorporem preocupações de ordem estética e de enquadramento paisagístico que harmonizem o objecto arquitectónico com a envolvente próxima. ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL 28 Fonte: Figura 4 | Destroying Questions https://destroyingquestions.tumblr.com/image/156754924262 ___________________________________________________________________________________

1.2.2 OBJECTIVO 2 Criar um ponto de atracção turístico-desportivo na forma de um equipamento de excelência, num contexto de prática desportiva de lazer e de treino de competição, acumulando com valências de carácter turístico fluvial. Q2a Que medidas deverão ser implementadas do modelo de gestão do produto turístico-desportivo, no sentido de promover o incentivo à utilização regular do equipamento, mitigando a probabilidade da sazonalidade turística? H2a Recorrendo à implementação da oferta de produtos e serviços que 29 valorizem o desfrute da paisagem e da água enquanto elementos propiciadores da melhoria do bem-estar Q2b Que iniciativas tomar no sentido de criar um equipamento de uso público que promova um contexto de relações intergeracionais? H2a Articulando um programa funcional agregador de áreas de uso comuns, que despertem motivos de interesse e promovam a relacionamento e interacção entre diferentes faixas etárias. ______________________________________________________________________________________

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1.3 METODOLOGIA 1.3.1 LINHAS DE ORIENTAÇÃO A metodologia, ou espinha dorsal estruturante do processo de 31 desenvolvimento do trabalho, é pautada por uma abordagem cognitiva de análise detalhada, com base em três contextos de pesquisa distintos (Lugar, Função e Forma), que cumulativamente representam três temáticas do (re)conhecimento, e das quais resultam duas linhas estruturantes do presente trabalho, nomeadamente a componente teórica e a componente conceptual/projectual. Pretende-se assim desenvolver o trabalho de pesquisa recorrendo a métodos reflexivos e de análise, determinados por uma estratégia de intervenção assente nos fundamentos dos conceitos-chave, e orientada por uma definição de critérios gerais e específicos, visando a concretização dos objectivos, reduzindo as ameaças e tirando partido das oportunidades, com o propósito de diminuir os pontos fracos e reforçar os pontos fortes, num contexto de diagnóstico SWOT. 1.3.2 O LUGAR Num contexto de enquadramento sócio-cultural, será num primeiro estágio realizada uma avaliação teórico-reflexiva do Lugar, das suas potencialidades e condicionalismos, numa perspectiva de enquadramento do objecto arquitectónico. Desta avaliação resultará assim um diagnóstico do território, por força de uma avaliação e observação directa da paisagem e da envolvente rural (no que ás formas, materiais e usos diz respeito), acompanhada por uma recolha e análise da cartografia e hidrografia, e articulada com a interpretação dos Instrumentos de Gestão Territorial em vigor. Ainda nesta fase da avaliação teórico-reflexiva do Lugar, deverão também ser tomados em consideração os aspectos sócio-económicos num contexto demográfico e habitacional. Para tal, pretende-se efectuar uma auscultação da população, com o intuito de, em primeiro lugar, aferir a ______________________________________________________________________________________

O EQUIPAMENTO NÁUTICO NA ALBUFEIRA DE FRONHAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO CONCELHO DE ARGANIL história do território, a sua vivência e ocupação, identificando as suas transformações e tendências ocorridas no lugar, e em segunda instância, as suas ansiedades e opiniões. 1.3.3 A FUNÇÃO 32 Por forma a permitir uma abordagem ao tema, que se consubstancie na articulação equilibrada das funções que o objecto arquitectónico deverá incorporar, considera-se necessário efectuar uma avaliação teórico- reflexiva dos conceitos-chave elencados nesta proposta de Projecto Final de Mestrado, nomeadamente o turismo fluvial, enquanto “sub-produto” do denominado turismo de Natureza (paradigma de bem-estar em constante mutação), e os desportos náuticos em águas calmas, de características lúdicas e treino de alta competição. Para tal, proceder-se-á à recolha e análise de documentos técnicos relacionados com as necessidades funcionais a que tais actividades obrigam, nomeadamente hidrográficas, topográficas e de equipamentos de apoio, bem como de teorias e conceitos funcionais pela recolha e análise de bibliografia temática, que reúna informação e conhecimento, não só quanto ao modelo funcional, mas também que permita avaliar e determinar potenciais riscos, quer para a paisagem quer para as pessoas e bens, decorrentes da prática de actividades inerentes às funções do equipamento. Enquadrado ainda no conceito deste tema, será também motivo de análise, a identificação de grupos que operam equipamentos de funções análogas e similares ao da presente proposta, e quais as consequências ou mais-valias que os mesmos reflectem no território e na sociedade. 1.3.4 A FORMA Qualquer que seja a intervenção feita pelo homem na paisagem resulta invariavelmente na alteração formal dessa mesma paisagem. Tendo tal afirmação como princípio de intervenção, e atendendo aos objectivos de integração e enquadramento do objecto arquitectónico na ___________________________________________________________________________________

envolvente próxima que se pretende incutir ao projecto, pretende-se com este tema, desenvolver e aprofundar uma pesquisa e análise de projectos de referência, tanto nacionais como internacionais, que, à margem dos respectivos programas funcionais, revelem tais princípios nas suas estratégias de intervenção. Paralelamente, pretende-se ainda efectuar uma pesquisa orientada para soluções de modelos construtivos e opções de materialidades, que derivam de recolha e análise de informação técnica de materiais e eventuais impactos na paisagem, bem como de referências de projectos construídos e suas consequências sócio-culturais decorrentes da sua materialização e utilização. 1.3.5 DIAGRAMA DO PROCESSO METODOLÓGICO Da organização programática adoptada como metodologia, que 33 determina as linhas orientadoras de desenvolvimento do Projecto Final de Mestrado, resulta assim a identificação de um conjunto de factores que influenciam, de uma forma transversal, a estratégia de intervenção ao nível de três temas considerados fundamentais e orientadores dos critérios basilares para a concepção e elaboração da proposta, a qual se pode traduzir no seguinte diagrama de processo: Figura 5 | Diagrama do processo reflexivo teórico e projectual ______________________________________________________________________________________

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1.4 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO 35 O presente Projecto Final de Mestrado é pautado por uma estrutura de organização por capítulos, ao longo dos quais se pretende apresentar as justificações teóricas e práticas das opções tomadas em sede de desenvolvimento do projecto. Nesse sentido, o trabalho encontra-se segmentado em cinco capítulos, não sequenciais, mas estruturantes das fases de desenvolvimento do trabalho. No primeiro capítulo identificam-se as problemáticas que se pretendem mitigar com a presente proposta de projecto, assim como os fundamentos que norteiam as opções funcionais do equipamento proposto, definidas por objectivos e questões de trabalhos, cuja estratégia de intervenção é orientada por uma metodologia de investigação. No segundo capítulo pretende-se aflorar as questões relacionadas com o enquadramento temático da proposta, desenvolvendo uma pesquisa e reflexão teórica, que deriva da articulação dos princípios dos conceitos chave com o fenómeno de movimentação de massas provocado pelo desporto e turismo de natureza, assim como a expressão que a água e a paisagem representam nos actos de arquitectura, e as consequências que advêm dos actos de intervenção de tal natureza. No terceiro capítulo pretende-se evidenciar o estado da arte no contexto da proposta, evidenciando os casos de estudo que se tornaram elementos influenciadores e motivadores para as opções e estratégia de intervenção proposta, quer seja ao nível das relações formais do equipamento com a envolvente próxima, quer seja das opções de contexto funcional. No quarto capítulo procede-se a uma análise do lugar e da sua afirmação como escolha de intervenção, baseada numa avaliação criteriosa do território e sua topografia, abarcando um contexto de integração sócio- cultural, atendendo ainda aos argumentos valorizadores do território elencados no PDM de Arganil e no POAF (Plano de Ordenamento da Albufeira de Fronhas). O quinto capítulo compreende a formalização de um plano de intervenção arquitectónica para a inserção do equipamento “Academia d’Água” no contexto territorial e sociológico identificado nos capítulos anteriores. ______________________________________________________________________________________

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