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clipping 06 setembro 2017

Published by Fundação Florestan Fernandes, 2018-03-12 08:16:06

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CLIPPING ELETRÔNICO ano I – número 108 – quarta-feira, 06 de setembro de 2017 Destaques do dia Três histórias de presos que viraram professores Três histórias de pessoas que encontraram um caminho na Educação(NovaEscola) Foi em uma unidade da foi aprovado em concurso público eantiga Febem que Itamar Resende leu passou a trabalhar como professor empela primeira vez um livro do começo ao salas de aula e a realizar o concurso Reifim. \"Fui interagindo com a história, me da Leitura, que mobiliza estudantes deenvolvendo. Senti muito prazer\", quatro escolas diferentes de Presidentelembra. Sem saber, ele acabava de Prudente. A rotina ainda éadquirir um hábito que lhe seria muito complementada com as aulas doútil no futuro. Após uma segunda mestrado, em que também estudapassagem pelo cárcere - 15 anos atrás, projetos de leitura.quando foi condenado a cinco anos deprisão -, ele se tornou professor da rede A exceçãomunicipal de Presidente Prudente, nointerior de São Paulo, e hoje é As dificuldades de Cynthia Corvelloconhecido por realizar diversos projetos foram diferentes. Hoje em regimede incentivo à leitura. Mas a trajetória semiaberto, ela produz e apresentaque o levou do cotidiano na cadeia à parte da programação da Rádio Livre,liderança em sala de aula é marcada por O projeto mantido pela Secretaria dedificuldades e problemas Justiça do Ceará para os internos docompartilhados pelos prisioneiros que O tempo na prisão ajudou Itamar a se aproximar da leitura (Foto: Danilo Maldonado) sistema penitenciário. Seu caso ganhoutentam ter acesso à Educação dentro do residuais na política penitenciária\", penúria em que se encontrava. Os repercussão depois que a juíza Lucianasistema prisional. Teixeira concedeu a ela o direito de sair avalia Mazukyevicz Silva, pesquisador da poucos rendimentos vinham dos bicos. todos os dias do Instituto PenalAté ser preso, Itamar possuía apenas o área de Educação em prisões da Como contrapartida pela bolsa de Feminino Desembargadora Auri MouraEnsino Fundamental 2. Mesma realidade Costa, em Aquiraz, na regiãoda maioria das pessoas encarceradas no Universidade Federal da Paraíba (UFPB). estudos, era necessário trabalhar aos metropolitana de Fortaleza, ondeBrasil - 75% delas estudaram, no sábados e domingos como monitor de cumpria pena em regime fechado, paramáximo, até essa etapa. Menos de um frequentar as aulas do curso dequarto concluiu o Ensino Médio e pouco Após sair da prisão, encontrar trabalho oficinas em escolas públicas. Além disso, graduação em História na Universidade foi uma tarefa árdua. Sem uma rede de havia ainda o sentimento de Federal do Ceará (UFC). apoio estruturada e com a pecha de ex- inadequação em relação ao universo em presidiário, os trabalhos se resumiam a que acabava de adentrar. \"Eu me sentia bicos: distribuir panfletos no semáforo, muito deslocado dentro da sala de aula. fazer entrega para lanchonetes da região Meu linguajar era diferente, meu modo onde morava e atender os clientes de de vestir... Eu era totalmente diferente um depósito de gás em troa de um lugar das pessoas que estavam lá\", conta. \"Ia para dormir, nos fundos do todos os dias para a faculdade pensando Cynthia tinha um perfil diferenciado. Ela estabelecimento. Venda de drogas e em desistir.\" trabalhava na biblioteca e era envolvida estelionato ajudavam a complementar a em ações educativas dentro do renda. Ele sabia que precisava fazer algo. Apesar das dificuldades, Itamar presídio\", conta a juíza que tomou a Se não encontrasse outros caminhos, o conseguiu seguir até o final. Formou-se, decisão. Para embasar juridicamente a retorno à prisão seria apenas uma \"regalia\", a magistrada se valeu de uma questão de tempo. Em sua avaliação, a distância entre sua condição e a das pessoas que ele considerava bem- sucedidas se resumia a uma única palavra: Educação. Para evoluir, pensou, era preciso voltar para a sala de aula.mais de 1% chegou a frequentar o Naquele momento, a única porta abertaEnsino Superior (veja mais dados era a da Central de Atenção ao Egresso eabaixo). Família (Caef). Com o apoio da instituição, ele conseguiu se matricularEnquanto esteve encarcerado, o contato na Educação de Jovens e Adultos (EJA) ecom os livros foi o mais próximo que em cursos profissionalizantes.Itamar chegou de ter acesso a algum Posteriormente, os técnicos da Caef oestudo. A oferta de ensino é obrigatória inscreveram no programa Escola dapela Lei de Execuções Penais, mas Família, do governo estadual, queapenas 11% dos presos brasileiros oferece bolsas para o Ensino Superior.participam de alguma instrução formal. Ele escolheu a licenciatura em Pedagogia\"A Educação na prisão concorre com e se tornou, finalmente, aluno deoutras ações dentro do sistema, como a faculdade.criação e reforma de unidades, aquisiçãode equipamentos e a formação de O que parecia ser o ponto de viradaagentes. Os direitos dos presos são agravou a percepção da condição de Cynthia espera o fim da pena para poder prestar concurso (Foto: Igor de Melo) ...continua

comparação entre trabalho e estudo. \"A (EAD) para os sentenciados em regimelei não prevê saída para o estudo no fechado. Os alunos são escolhidos entreregime fechado, mas autoriza o trabalho os monitores da Fundação de Amparoem obras públicas. Às vezes, é possível ao Preso (Funap) em atividadesfazer uma interpretação analógica\", diz educacionais na unidade. Com salário deela. pouco mais de 300 reais, eles pagam 214 reais de mensalidade.Estudando com tornozeleira As aulas acontecem numa sala doNos primeiros dias de aula, Cynthia ia à pavilhão escolar. O acesso à internet éfaculdade acompanhada de uma agente limitado à plataforma de ensino.penitenciária. Depois, durante três Qualquer pesquisa necessária para asemestres, usou uma tornozeleira realização das atividades é solicitada àeletrônica para sair da penitenciária pela agente coordenadora do ambientemanhã e voltar no final do dia. escolar.A autorização judicial fez de Cynthia uma Os três participantes do projeto sãodas 31 mulheres, em um universo de unânimes em reconhecer o valor damais de 33 mil presas no país, que Da esquerda para a direita, Luciano, Reginaldo e Flávio na biblioteca do presídio (Foto: Bruno Mazzoco) Educação. \"Estou me qualificando sobre Educação nas prisões é avançada, bem. Meninas negras e analfabetas não profissionalmente para trabalhar. Se euconseguiram ter acesso ao Ensino mas não funciona na prática. Ele conseguem\", avalia. Em regimeSuperior. menciona casos de sentenciados for além e fizer uma pós ou um semiaberto desde 2014 e formada em mestrado, posso dar aula em faculdade.Desde 2010, detentos podem realizar o aprovados mais de uma vez em 2016, ela espera o término da pena para Posso viver bem\", comenta o estudanteEnem para Pessoas Privadas de processos seletivos que não conseguem prestar concurso. Só então o atestado de de Matemática Reginaldo Oliveira.Liberdade e pleitear o ingresso em uma permissão para estudar. \"No momento antecedentes criminais será limpo e ela Luciano Cabral da Silva cursa o segundouniversidade, inclusive aproveitando em que se garante a oportunidade de poderá pleitear um cargo público. \"Meu ano de Pedagogia e pretende atuar com fazer o Enem, cria-se a expectativa de sonho é trabalhar no presídio. Éprogramas como o Prouni e o Fies. crianças. \"O meu objetivo é trabalhar,Conquistar a vaga, no entanto, não cursar o Ensino Superior. É muito ruim necessário desconstruir o discurso de mesmo que seja voluntariamente, numa essa perspectiva de dar oportunidade e que a prisão cria bandido\", diz. Agarante a matrícula. Para que isso casa de recuperação ou onde surgir umaaconteça, é necessária uma autorização no final negar\", diz. necessidade de deixar o passado para oportunidade, para que eu possa ajudar trás faz com que Cynthia prefira não falar sobre o motivo de sua prisão. as pessoas a enxergar as coisas de forma diferente.\" Também cursando Pedagogia, Flávio dos Santos Alves Graduação a distância na cela afirma que o fato de ele ter voltado a Com uma população carcerária de mais estudar motivou sua esposa a seguir o de 220 mil pessoas, o estado de São mesmo caminho. \"Eu acredito que Paulo lidera o ranking de mudou até o afeto que existia dentro da encarceramento no país. Os serviços de minha família. Algumas pessoas não Educação nos presídios não davam credibilidade para a minha acompanham, nem de longe, o volume mudança, mas hoje, quando minha das detenções. Apenas 7% das pessoas esposa ou minha mãe comentam sobre presas nas instituições paulistas o que está acontecendo, elas ficam participam de alguma atividade formal impressionadas.\"judicial, como ocorreu no caso de de ensino. Esse número coloca o estado A transformação é difícil, como resumeCynthia. Não há levantamento oficial entre os dez que menos investem em Itamar, que hoje dá palestras sobre suasobre essas decisões, mas especialistas Ciente da excepcionalidade de sua Educação no sistema prisional. Em um trajetória. \"Mudar de vida não dependedizem que a tendência é a Justiça negar situação, Cynthia agarrou a cenário como esse, qualquer atitude simplesmente da vontade. Depende deesse tipo de pedido a presos em regime oportunidade. \"Fiz o Enem em uma que melhore o acesso a esse serviço é muitos fatores.\" Em um sistema que nãofechado. \"Tem ficado muito ao sabor do época em que estava até pensando em bem-vinda. suicídio. Me via sem perspectiva. coopera e em uma sociedade que parece torcer para que eles não sepoder discricionário de cada juiz. A Quando comecei a estudar, era como se Desde 2010, por iniciativa de um recuperem, as lições aprendidas nasmaioria não concede\", afirma Roberto eu tivesse ressuscitado.\" A vivência funcionário, a Penitenciária 1 de Serra trajetórias desses educadores foramda Silva, professor da Faculdade de acadêmica aguçou o senso crítico para a Azul mantém parceria com o Centro difíceis de passar.Educação da Universidade de São Paulo realidade do presídio. \"Assim que Universitário Claretiano, que dá bolsa de(USP). Para o professor da Universidade cheguei, consegui trabalho em menos 50% em cursos de graduação naFederal Fluminense (UFF) Elionaldo de um mês - não porque me esforcei, modalidade de Educação a DistânciaFernandes Julião, a legislação brasileira mas porque sou branca, sei ler e faloFuncionamento dos postos Poupatempo no feriado de 7 de setembro AMANHÃ, 07/09, É ANIVERSÁRIO DA (ABCdoABC) Na próxima quinta- e endereços dos postos podem ser KARLA PATRÍCIA! feira, dia 7 de setembro, os obtidas pelo site postos Poupatempo não www.poupatempo.sp.gov.br ou pelo PARABÉNS! funcionam devido ao feriado aplicativo SP Serviços (para pelo Dia da Independência. O smartphones e tablets). atendimento à população retorna na sexta-feira, dia 8. Atenção: Nas cidades de Cotia, As informações sobre os Itaquaquecetuba, Pindamonhangaba horários de funcionamento, e Santos, o atendimento retorna no serviços oferecidos, sábado, dia 9, devido a feriados agendamentos de atendimento municipais. Clipping Eletrônico da Fundação Florestan Fernandes Setor de Comunicação – Marco Antonio – 3198-3983 [email protected] - www.florestan.org.br


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