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chuva de estrelas2

Published by Paulo Roberto da Silva, 2018-09-15 17:09:05

Description: chuva de estrelas2

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alguém se apieda sobre os templosnota em meus óculos nas elevações das torresa lente faltante... cegonhas se aninhame a recompõe gratuitamente seus ninhos– Buen Camino, peregrino... de impávidos filhotes...e sigo em frente entardecenuma prece de agradecimento e chegamIgreja do Santo Sepulcro em revoadas os corvosSan Pedro de la Rua ponteando de pretoportadas de San Miguel a abóboda celestialvagando no tempo românico anunciando o Ângelussemântico entardecer... nos cimos das catedrais...porções do Caminho nos campanáriosbênçãos os sinos dobramespectros de luzes o aceite da noiteme vou sonâmbulosem sair do lugar... **50** Chuva de estrelas

eu menino o hospitaleiro apaga as luzesolhos infantes também me apagoalma elevada entre roncos e sonhos...cegonhas, andorinhas, corvos o pensamentotodos peregrinos numa amanhã de pouco solchegam dos campos distantes coroando os meus passospara ali se acolher antes ainda sonhara alma já saciada os sonhos alegóricosagora busco o sacio do corpo e mais estranhosno menu do peregrino numa enxurrada de momentosmastigo o pão sou um espírito errantee degusto o vinho... no lusco-fusco da madrugadavinhas, sangue rutilante um mosteiro de luzesnele me rejuvenesço ressurge solitário lá longe....e me recolhoao saco de dormir... **51** Jairo Ferreira Machado

Fonte de Irache Villa Mayor de Monjardínali saboreio os meus olhos assimo vinho derramado mareados de lágrimas...e me embebedo Casteloda fecunda vida... de San Esteban de Deyoa força do vinho espanhol ouvidos atentoso sol os badalos dos sinosno apreço da chegada... entoando o adventoparreirais de uvas do alvorecer...devaneios de resveratrol Los Arcosnum lençol de campos... como arco triunfalAzqueta abóbadas elípticasdiligente sobre a colina o sol se infiltrando por elasPablito me espera projetando sombras nuascom o seu cajado de aveleira no meu chão de ruas...na doutrina do ensinar... **52** Chuva de estrelas



Ermita de San Blás mas o Caminho é chama...Igreja de Santa Maria calças e botasdo século XV umedecidas de chuva e serenoagora meu corpo se agigantaopulência de espiritualidade... na vastidão das calçadasos sinos a minha frentebadalam as horas um casal de peregrinos caminhaas auroras avocam no apraz do silêncioos gorjeio dos pássaros incomum alvorecersensação num repenteno meu templo ambos começam a cantarentro e saio uma canção mornaa todo momento salutar eloquênciamadrugada e harmoniauma chuva fina intermitente a paz de uma manhã venturosao meu corpo ardenteimplorando que eu não vá **54** Chuva de estrelas

seguido café da manhãa incomum ocasião bocadilhonum instante presunto romanoSão Pedro os agracia uma xícaramandando a chuva parar de café com leiteé a aurora no regozijoe o sol pede licença de uma conversa sã...para também caminhar... arvoredosViana se curvando sombriospalácios remotos nos percalçosvielas de um verde túnelno entreposto da gastronomia sou peregrino de meus passos... chão de folhas sobrepostas ao Caminho num leito macio o descanso dos meus pés **55**Jairo Ferreira Machado

catedrais outro diao sol da tarde trilhas de chão batidovazando os vitrais flores, amores-perfeitoscaleidoscópio iridescentes numa poça d’águavagando reflito os meus feitosem meu olhar num peculiara pouca luz buquê de nuvens...salpicos de estrelas botas e bolhasno meu chão brumas pelos camposde alegorias na seqüência da estradaum passo atrás lamentos calados...e me desprendo mais um pouco longa e infinda passagemdas coisas materiais o meu íntimoao menos tento... na imensidade da luz **56** Chuva de estrelas

o cajado Logroñomeu sustento capital da Riojameu Senhor... o sangue vinho santificadovou peregrino menino mergulham em minhas veiasesplendor de emoção anunciada consagraçãoSantiago de Compostela, o gótico e o sagradoTiago se misturamhomem apóstolo ao mundo industrialsanto o povo oferecendopassado, presente, futuro a indiferençano Caminho dos meus passos... na cobiça da modernidadeFelícia anciã Navarretena oferenda agora peregrino gentedos figos e da água fresca San Juan de Acreboníssima mulher... me acolhe de braços abertos **57**Jairo Ferreira Machado



vieira símbolo Polvo, barro, sol e lluviamãos espalmadas acenam es el Caminho de Santiago.setas amarelas falam Millares de peregrinosdiretas Y mas um millar de anos.às meninas do meu olhar... Peregrino. Quién te llama?sol Qué fuerza oculta te atrae?raios estendidos ao longe Ni el Campo de las Estrellaso sentido único: Ni, las grandes catedrales.Santiago de Compostela... No es la bravura navarra,muros poemas ni el vino de las riorjanosde Eugênio Garibay ni los mariscos gallegosNájera ni los campos castellanos.entre muralhas e morros Peregrinos... Quién te llama?a poesia me enaltece Que fuerza oculta te atrae? Ni lãs gentes del Camino Ni lãs costumbres rurales. **59** Jairo Ferreira Machado

No es la historia y la cultura IgrejaNi el galo de La Calzada, Santa Maria de la RealNi el palacio de Gaudí, marco incomparávelNi El Castillo de Ponteferrada. reis Navarros panteõesTodo lo veo al pasar, frondosas árvores e sombrasy es um gozo verlo todo, entoam miragens...mas la voz que a mi me llama AzofraLa siento mucho más hondo. a hospitaleiraLa fuerza que a mi me empuja Maria TobiasLa fuerza que a mi me atrae, de risos e acalantosNo sé expicala ni yo seus prantosSólo el de Arriba lo sabe! e lágrimas...o rio Yalde Santo Domingo de La Calzadanos ares da idolatria lendaságuas verdes que o galo cantamulticoloridos patos a prosperidademonastérios do peregrino que se vai...e seus infindos mistérios... **60**Chuva de estrelas



Catedral del Salvador chegasepulcro a nebulosa madrugadade Santo Domingo lanternas acesasvitrine de galináceos alumiando minhas incertezas...rios de imaginação BeloradoSanto Domingo sol douradoarquiteto mor refletindo a sua luzsenhor das pontes na relvae dos mil horizontes alguém de longe aclamatranslado de rodas “buen camino, peregrino”canções entoadas ...procissões era preceSanto Domingo de La Calzada ... “promessa de vidaestreito de ruas no seu coração”...plátanos das praçasfolhas emplumadassombras, avejões **62** Chuva de estrelas

passageiro de mim ao longepasso a passo vou peregrino o céu se mostrano compasso do peito pleno índigoa certeza da chegada aos olhos peregrinoso rio Oja montes de Ocalivre adiante de temidos a sagrados...entre ribanceiras e arbustos imensidãolá se vai... San Juan de OrtegaViloria de Rioja Monastérioescombros lembranças capitéis de Anunciación...San Domingo equinócio primaverilrelicário de pontes noite e dia são irmãosrelíquias raios de soldos séculos ancestrais se infiltram na escuridão e desenham poças de luzes no meu coração **63** Jairo Ferreira Machado

ao longe se exaltam beirando o rio Arlanzóntorres e campanários El Cid descansa em paznum inusitado panorama a sua fatal espadaBurgos à distânciase projeta no cenário... paira HontanasCatedral entre pedras bolhas e lágrimasde Santa Maria no meio do nadapatrimônio cultural os realces longínquo do céu...vitrais reluzentes a sina de ser ruínasbênçãos no tempo presente torrões escarpadosMonastério de Lãs Huelgas, soltos despejados pelo Caminho...albergue Seu VitorinoParque El Parral e seu show “El Porrón”.peregrinos se agregam alide corpo e almachuva torrencial **64** Chuva de estrelas



Boadilla del Camino Carrión de Los Condesimpávido pecaminoso Igreja de Santiagoo rolo da jurisprudência Românica românticao passado presente nos enigmas de outrorade um tempo não passamsem clemência em brancas nuvensIgreja os Cavaleiros TempláriosSanta Maria del Castillo irmãos Terradillos...Monastério dos Beneditinos El Burgo Raneroentre ruínas finda o diadescansam os peregrinos... o sermão que calaFrómista hospitaleiroaos poucos a entrada da noite...fica na lembrança... **66** Chuva de estrelas

certo peregrino Leonrequer leoninosuma segunda sola do pé peregrinos se vãopalmilha artificial mas tampouco o povointeirando a sua própria lhes arremeteconsumida um olhar de aceitação...pelo Caminho... Santa Maria de Reglaamanhece vitrais reluzentese o peregrino se vai alumiam o altarno lusco-fusco de uma manhã lá estão os noivosnebulosa imponentes de pensamentoo parco andar da dor num instanteMansilla de Las Mulas certo peregrinomolambos de corpo ignora a privacidade cerimonialmuralhas de alma... e num gesto de altivez toma a sua vez a hóstia santificada... **67**Jairo Ferreira Machado



o paladar Villar de Mazarifedo pão ázimo montículos de pedrasconsagrado igualmente petiscos de rochasna boca dos demais totensque o admira evocação espiritualà distância do altar mistérios do Caminho...requintes pedra filosofalde uma fidalguia jazigos peregrinoscharretes perfiladas profusão de almascavalos quarto de milha na imensidão...lá se vão os contraentes hospital de Órbigoà luz da paixão perdura-se lámomento a ponte do Século XIIIem que retornam por onde desfilamdos longínquos campos peregrinos de agorarevoadas de corvos nas pegadas de outroracontornandoas torres da igreja **69**no ensejo de um pernoite Jairo Ferreira Machado

passarelas vasta sinano marco das alamedas à luz de mim mesmotraços arquitetônicos floresce na relvasinuosos arcos triunfais a selvana homilia do templo... que ainda souAstorga meus pés se vãopalácio Episcopal complacentes e ordeiros...de Gaudí a galhardia Foncebadonpedras róseas entre místicas ruínasgóticos entretons facetas se desnudam cruasnum cenário altaneiro entre pedras e ruasRabanal del Camino cães vorazespedras à revelia contumazes amigos do homemnos campos lavrados nada mais buscamcaminham que a mansidão da lua cheia...meus passos abençoados... **70** Chuva de estrelas

não importa o sol à frentee tampouco a chuva uma placa suscitavou peregrino me compondo Caminho Cultural Europeumagnânima poesia escritanas sendas do meu coração em letras garrafaisvivendas, harmonia nos anais do temposantificadas benfeitorias a comunhão de povosno complemento nas obras de antigamente...a mochila relicários da ciênciatanto quanto o saco de dormir na revelação da filosofialevo o cajado na exatidão da matemáticafincado ao chão nos traços arquitetônicosminhas botas deixam marcas a mais pura sabedoriaa cabaça d’água Sócrates, Galeno, Hipócratespendurada à cintura... **71**Jairo Ferreira Machado



diligente coisas materiaisnuma linguagem universal indevidamente guardadasvai passando nas entranhas do meu serde mochila em mochila que aos poucosde mar em mar deixo pelo Caminhode morro em morro... em meioa cultural mundial aos tantos pesos e medidasnum só pensamento os meus pretensos vícios...lá vai o peregrino olho para dentro de mim mesmocom seus pertences e tudo que sintoas roupas poucas é a saliva mil vezes degustadaa gula, a ira louca a boca seca calada...a preguiça, a luxúria uma sopa de letrasa soberba, a avareza na fome do meu sabervaidades e dúvidas... histórias esquecidas e as muitas outras nunca narradas **73** Jairo Ferreira Machado

passadas águas os meus sentidosno deságüe de amenidades embevecidossigo o meu destino... do calor que exaustaos meus rins desaguando na exata somaas demasias de um sol escaldante...e os resquícios de suor meus músculos doídosnão entornados meus tendões cansadospelos meus poros magoadas se vãomeu coração bate forte minhas unhas na estrada...a sorte lânguidas falangesde uma sombra de árvore nas raízes de meus pésà beira da estrada os viesesmeus ouvidos tamanhos de um cansaço santificado...colhem da relva a lassidão que me abrandao chiado amigo é luzde um desértico grilo que aos poucos do meu corpo cintila **74** Chuva de estrelas

tanto quanto a deixo pra trás o Caminhomeu templo templário me leva de retornonum cenário de luzes: ao útero maternoa energia vital – via Crucis e no berço da trilhaalados ao Caminho amamento o meu egoos monturos de pedras minhas bolhas se calamque são lágrimas cadentesmeus jardins elevados... se desprendem do meu céumeu peito se transborda e me façoemoção mais conscientemeus segredos guardados cordilheira de morrossegregados suspeitos... pecados largados suplícios entornados paro e ajoelho o meu pedido de perdão... **75** Jairo Ferreira Machado



não importa o país nas ruas de meus olhosa cor da bandeira corremos meus pais os cavaleiros templáriosa minha etnia, a minha crença cristãosperegrinos iguais... no combate aos mourosalta e soberana um e outroa Cruz de Ferro me acolhe morrendo a cada instanteem seus também morrobraços amenos tanto quanto com eles vivosorrisos de contentamento sangue derramadoo meu corpo levita na defesa da féem sublimação... que sequer tem um donopedra a pedra rosário de preceuma montanha se apruma escorrem de meus lábiosamontoados de preces rezas de quermesseem franca comunhão... **77** Jairo Ferreira Machado

Manjarín berço esplêndidoexótico, rústico, emblemático de San Tomás de las Ollastemático sobrevive ali Villafranca del Bierzosolidário “a Porta do Perdão”o último dos templários indulgênciassolícito à quem se abdica da chegadanas necessidades do ser entre ConventosMolina Seca e Colegiatasentre encostas caminha vago Palácios e Casteloso córrego Meruelo Igreja de Santiagono seu remanso de lava-pés nas raias itineranteso meu salutar descanso entrelaçamPonferrada o místico e o sagradovia dos minérios Jato está por aliperegrinos temporários no cerimonial do fogoCastelos dos Templários... labaredas de acolhimento... **78** Chuva de estrelas

transcendo-me mochila pesadaentre magos e ruínas botas úmidas, lamacentasmeu passado presente o Cebreiro nos altosAlto do Cebreiro santificada montanhapalhoças galegas beleza tamanha...galáxias os celtasna Galícia se deleitam me estendem as mãosbelezas sem par... me conduzem morro acimaà distância se alonga irmãosíngreme agreste me ajudam a carregarchovendo nos meus olhos a mochila pesadanuanças de outeiros... o místico invadeno Cebreiro meus sentimentosme deixo consumir longe do desprovido tercomo se preciso fosse me agigantosofrer, crescer pequeno no meu serescorregar, cairme levantar e seguir... **79** Jairo Ferreira Machado

meus olhos derramam águas ressurjo da minha infinita ausêncialacrimosas cacimbas Santo Graalfluindo emoção o Cálice Sagradopelo vão das minhas sendas meu espectro espiritualparedões de concretos em mística exultação...margeiam os penhascos então me inclinoe distantes se vão de joelhos ao chãomeus olhos na imensidão santificadoprisioneiro do passado o templo me acolhemeu ser se enaltece e me abraçana força da oração... ternamente sou dele...renasço no interior de um templo o meu tempominha alma reluz passado, presente, futuroplena menino moçomineral dourado homemque lapida aos poucos peregrino de mim mesmoos meus sentidos loucos **80**Chuva de estrelas



o místico emoldura alto do Poioo meu simplório ser Fonfria, Biduelo, Triacastelanuma benção de candura... Monastériossou um celta de San Pedro e San Pablo...renascido da submissão beneditinossenão um druida renascentistas, barrocosna eterna busca do perdão... fraquejo ali minhas pestessou todo Cebreiro vestido em poucas vestesno céu meus sentidos loucosuma ave se agiganta céu azulasas ao vento nuvens esparsas a passos largosme vou a Galícia me chama...místico, irreverente galáxiaelíptico piso o chão de minha existênciaentoo com ela no meu vão de trevas...um voo de imaginação **82** Chuva de estrelas

dentro em mim pedra irremovívelaquilo determinaçãoque eu nunca saberia ressentimentosse não ousasse caminhar coração-pedraos passos de Tiago lousa rústica inacabada...vísceras cordilheirascélulas por células incógnitas veredasseladas, compactadas densas sarjetasno meu corpo viril escombros...me pergunto: dentro do meu serquem sou? o quê sou? sou chão batidorigidez criada solo infértil ofuscadoensinada olho-mecompactada mas tampouco me vejodesde os idos tempos ou se me vejotropeçando a vida estou inacabado **83** Jairo Ferreira Machado



me basto o ocaso se adiantasolto a mochila ao chão agorae junto com ela o céu derramaas minhas ambições em meus olhosme deito pingos da noitefecho os olhos uma prateadasou apenas um peregrino chuva de estrelas...cansado... Santiago de Compostelafluídica aura minha casa distanteme cedo ao vento por instantes soufeito a minha família, os amigosum cordato galho verde bem junto de mim...o sangue flor maravilhacorre em minhas veias que se desabrochacomo um rio manso aos poucos...um remansode águas cálidas **85** Jairo Ferreira Machado

me faço oração em silêncio longe ficamouço a seiva os pequenos povoadosse fazendo vida pueblosnas plantas ao redor pessoastal como escuto que me saciaram a sedeo soar das borboletas rezo por eles...que voam rei Alfonso IXsenão a própria aranha peregrino medievalno tecer das teias... Igreja de Salvadorme levanto Convento de Agostinose novamente sapiências afins...Caminho Portomarínsorrio cavaleiros Juanistasos meus risos contidos hospitaleirosnão sou mais menino às margens do rio Minhotampouco homemsou peregrino **86** Chuva de estrelas

Gonzar minhas aurículas e ventrículosgozando o olhar pulsamgozo íntegro em uníssonas sincroniasde órgãos e alma... santificadahúmus energia vitalamortecem o meu pisar vitaliza os meus péstampouco abrandaouço os meus próprios passos a minha exaustãoflutuo... inalo o arnos meus riachos que vem dos bosquessou o meu sangue casto oxigênioem mansidão noviço soucaio de meus penhascos ingênuo no meu serme banho meus alvéolos agradecemnos meus lagos e se expandem saciados **87** Jairo Ferreira Machado

Ventas de Narón cães mansos vadiosPalas del Rei vão na trilha de um cioflores ladeiam as trilhas vagando comigoperfumosas vias peregrinos também...em minhas pegadas... infindas pastagensalguém me deseja vacas mugem na Galícia... Buen Camino, peregrino... a escuridão dos galpõese o clamor enigmas e senões...das palavras decerto se perguntamme ressuscita o tino o que se passa lá fora?sou flecha uma esperança voaatirada de um arco e em suas asasindo a boa aventurança...a ventos soltos milharal verde, plantaçõesSantiago de Compostela **88** Chuva de estrelas

debrum de espigas e não importa, se não são...em Melide, ostentação o caminhante põe féigrejas românicas e a seu jeitodo século XII chega à Catedralpoesias de montão de Santiago de Compostelachuva fina ocasional Arca, Monte do Gozonão faz mal algum Rua de São Pedroum pingo, alguns pingos Porta do Caminhoperegrinos se vão... Casas Reaisde passo em passo Praça de Cervantesnovos andantes se incorporam Rua da Azabacheriaao Caminho setas amarelas vieirasgrandes contingentes captam as luzes de meus olhostalvez turistas? galopando o meu coraçãoE ainda que sejamsão peregrinos também! **89**Jairo Ferreira Machado

o meu Caminho na Catedral, adentro-me às navesde trilhas, setas e sonhos... e me sentoo meu templo as pernas bambas do cansaçose pronuncia amplo a mochila companheiraem inabalável felicidade encostada aliSantiago de Compostela junta ao fiel cajado...me acolhe me ponhode braços abertos de frente pro altarno espaço de uma praça central as lágrimas me rolam pelo rostome agiganto a volição da chegada...diante da Catedral... Santiago de Compostelaenfim olho para os meus péso meu prêmio maior e os agradeçovã ilusão... dobram os sinos da catedral **90** Chuva de estrelas



sinto que dobram para mim santidadeé meio-dia o altar reluz a ouroestou na igreja e se move o turíbuloe a felicidade me enseja... botafumeiroMissa do Peregrino ora vai ora vemBotafumeiro pêndulouma névoa de fumaça se espraia num imenso relicárioaromática fragrância de incensos...em sã liturgia... grupo de religiososo meu templo corporal em contínuos arrojosse revigora pleno espiritual de cordas acordam a roldana que se move solitária no cimo da Catedral... o Botafumeiro dança em meus olhos **92** Chuva de estrelas

à pujança da prata joelhos fincadosno acaricio ao piso da catedralde meus sentimentos peço perdãopurificação agradeçoaudaz lenitivo meus olhos vertendoum rastro lágrimas em profusão...de fumaça branca cinza sou celebraçãose faz labaredas benção, emoçãono meu recinto uma unidadeSantiago de Compostela irmanadoe o Caminho aos peregrinos irmãos...que parecia chegado ao fim o Pórticose faz recomeço... Glória do Apóstolo Tiago Apocalipse sou um ser revigorado e renovado... **93** Jairo Ferreira Machado

Santiago de Compostela mas não é o fim...sua imagem tampouco Finisterre será...fala pelos meus anseios... a cerimônia de purificaçãolouvo a Deus se faz recomeçoe abraço o Apóstolo o Caminhono Altar Mor apenas me conduziumeus olhos são lágrimas a caminharrios, ribeirões... pelos meus riachosmoro em mim mesmo e sendas de dentro...em novo endereço agoramais ser que fui antes o meu corpo sacráriomeus neurotransmissores hospedeiro de mimse dobram minh’alma sem fime se redobram me faço constelaçãoaos caprichos da sensatez **94** Chuva de estrelas



elos de uma corrente meu momentoreencontro de estrelas cadentes é de ressurreiçãoa minha luz própria renasçoenfim, mais lapidado estou e me concebomeu coração sorri o Caminho há de continuarpor fim, perdoo. ad perpetuam...Praça do Obradoiro
os sinos da Cate- em minhas veredasdral badalam enquanto houver Caminhotalvez me dizendo: enquanto a vida me permitirretorne a sua casa peregrinosó entãome vejo perdidoem meio aos turistasque fotografamo Altar da Anunciação **96**Chuva de estrelas



“Se calarem os poetas, as pedras falarão” Se fecharem os caminhos, muitas trilhas nascerão “Me chamaste para caminhar na vida contigo Decidi para sempre seguir-te e não voltar atrásMe puseste uma brasa no peito e uma flecha na alma É difícil agora viver sem lembrar-me de Ti” (Padre Zezinho) **98** Chuva de estrelas


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