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Flor(em)essencia-on

Published by Paulo Roberto da Silva, 2018-09-03 13:00:22

Description: Flor(em)essencia-on

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■ José Alberto Vieira ■ 51 Às vezes, vejo o beme não sinto nada de novo. Às vezes vejo o mal e finjo que não vejo.

52 ■ Flor(em)essência ■ Medo, medo, medo. Oh, ódio! Oh, inverno! Oh, desespero! Oh, estação lunar! Sem ninguém poder estender a mão. Compreender. Ajudar.

■ José Alberto Vieira ■ 53... pensamentos de pedra invadem meu sossego...

54 ■ Flor(em)essência ■ Mal começa o dia... a preguiça matinal, a cama desfeita, a cara não lavada, o café da manhã, consolo! Lá fora o sol, o carro à espera, os óculos, um sorriso e uma nova marca para fumar. E as pessoas: olhares toscos do amanhecer.

■ José Alberto Vieira ■ 55Inconsciência do saber. Insutileza do querer.Roubo do pensamento alcance extremo: loucura.

56 ■ Flor(em)essência ■ O pensamento é a fala do saber.

■ José Alberto Vieira ■ 57 Satisfação do tempo num rosto estático: Morte. Queda da máscara num sorriso: Amor!

58 ■ Flor(em)essência ■ Na reflexão, a luz oscila ou muda apenas de sentido, sem mudar de direção? Mas o meio em que se propaga a luz continua o mesmo se estou com alguém.

■ José Alberto Vieira ■ 59 Pensamentos alheios inundam meu coração. Mas há um que mais me ilude,o meu próprio: há amor no caminho?

60 ■ Flor(em)essência ■ Ideias banais momentos perdidos no espaço estrelas compassos terra nós trancados dentro de nós batalhas guerras a vencer futuro branco/guardanapo...

■ José Alberto Vieira ■ 61 sumiu o amor lixa cogumelo rádio rim rrr rr r ...rrrrrrrrrrrrrrrrrr!

62 ■ Flor(em)essência ■ Amor, amor, amor... Chamei mil vezes amoooor... Apareceu você. Seio aconchegante... Meu pensar, meu pesar. Você fez novamente o que a minha serena razão não explica.

■ José Alberto Vieira ■ 63 Foguete luz lágrima perfume DESATINO DES-ATINO DES-A-TINO DE-SA-TI-NONesta noite não posso ter você

64 ■ Flor(em)essência ■ Quero saber, saber, saber, saber, saber, até... MORRER (ou começar a viver?)

■ José Alberto Vieira ■ 65 HÁ TEMPO. HÁ TEMPOS...Há tempo em que ajoHá tempo em que durmoHá tempo em que pensoHá tempo em que penso em ser felizHá tempo em que penso em JesusHá tempo em que O vejo preso a uma cruzHá tempo que eu sou euHá tempo que não sou ninguémHá tempo que procuro alguémHá tempo que ouço conselhosHá tempo que confio nelesHá tempo que dizem quem devo serHá tempo que choroHá tempo que perdooHá tempo que ensinoHá tempo que eu não aprendo nada

66 ■ Flor(em)essência ■Há tempo que não sei o que fazerHá tempos em que penso na históriaHá tempos em que fui enganadoHá tempos em que sou rei

■ José Alberto Vieira ■ 67Há tempo que penso nas mulheresHá tempo em que as faço felizesHá tempo que penso mudar de vidaHá tempo que estou na adolescênciaHá tempos em que penso que sou eu o malucoHá tempo que não sou ninguémHá tempos em que querem que seu seja alguémHá tempos em que penso no bemHá tempos em que sou felizHá quem pense no que eu deveria serHá quem pense que dou prazerHá momentos em que eu sou eu mesmoHá momentos em que me querem assimMas maior é o tempo de eu estar só sem tempo

68 ■ Flor(em)essência ■ Modos de metamorfose crianças desiludidas não suportei Preconceito medo a isso ultrapassei Medos desespero chorei Metamorfose coletiva vida renascida espíritos renovados modos bem empregados Mas o medo do dia a dia do furor do trabalho da miséria e da fome continua...

■ José Alberto Vieira ■ 69 S.O.S um coração um desejo estridente um grito um tiro tudo guardado com fungos só o grito ainda rói

70 ■ Flor(em)essência ■ DANÇA Um covarde Um herói Não sou um não sou outro sou os dois em simultâneo

■ José Alberto Vieira ■ 71 Olho nos teus olhos a boca seca o coração em pasmo ... descubro-me a sorrir ... Bah! Eu te amo Eu te amo, babyBaby, deixa que eu te pegue te carregue no colo devagarzinho... Como tu gostas Que estranhos que bons esses sentimentos Salmos de amor Salvos pelo amor SALMOS!

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Para além da esquizofrenia (sobre o autor) José Alberto Vieira, aos 17 anos, enfrenta os desafios de suaadolescência: sexualidade, conflitos familiares, primeiro amor,mudança de casa, de país, de tudo. Durante sua permanência na Ilha de São Miguel, Arqui-pélago dos Açores, Portugal, foi diagnosticado como portadorde esquizofrenia, transtorno mental caracterizado pela perdade contato com a realidade, gerando situações em que apessoa, fora da sua condição habitual, passa a ter alucinações,ouvindo vozes estranhas nas quais acredita, e vendo aquiloque, na verdade, não existe. E também reações de isolamento,embotamento afetivo e sintomas de desconfiança e perseguição.É uma situação difícil porque a família não está preparada paraagir nessas circunstâncias, quando os delírios se sucedem eas construções de ideias falsas aumentam, ocasionando umaverdadeira confusão na mente do adolescente que, até então,tinha vida comum e feliz. Com José Alberto foi assim. Com uma infância experien-ciada numa família de cinco filhos, aluno bem comportado ecom excelentes notas, praticante de jogos esportivos, dedicado àmúsica desde muito cedo, criativo, saudável, com muitos amigos,

74dos quais era líder, e com todas as virtudes de uma pessoa emdesenvolvimento, foi acometido pelo transtorno. Diagnosticado ainda no princípio da manifestação doquadro, conseguiu manter-se no seio da família, com acompa-nhamento psiquiátrico, assistência psicológica e terapêutica,tendo sido internado por ocasiões em que o surto exigia cuidadosespeciais. Medicado ininterruptamente, e com o apoio da famíliae dos profissionais, venceu as piores fases da doença. Hoje, aos47 anos, consciente das suas limitações, consegue manter-se ematividade, administrando a própria vida. Há sete anos está semhospitalizações. Esta obra foi concebida com o propósito de compartilharque é possível ao portador da esquizofrenia, se amparado pelafamília, por equipe multiprofissional, e, sobretudo, sob o controlediário da medicação, alcançar, manter e gerar dia a dia umaexistência saudável, tranquila, intensa e feliz, vivendo para alémda esquizofrenia. ✳ ✳ ||||✳ ✳



Livro diagramado com as fontes Minion Pro e Roboto Slab. Mioloem papel pólen soft 80 g e capa em cartão supremo 250 g. Impres-so na Gráfica e Editora Copiart em sistema de impressão offset.



José Alberto Vieira, com seus habituais devaneios poéticos,perturbados agora pela oscilação entre o real e a fantasiadelirante, e consciente da dor que o aflige, indaga-se sobre arazão das mudanças relacionadas a estudo e trabalho. E sepergunta: “Quem eu sou?” E a si mesmo responde: “Sou omistério do Sol”. Assim é mesmo sua vida: “dissolvida” entre osofrimento frequente e a coragem combalida. Em momentosde lucidez, quando consegue juntar os seus “eus”, constante edolorosamente fragmentados, persevera na ideia de que oscaminhos que levam à paz devem ser construídos passo apasso, com otimismo, ternura e confiança. 9 788583 880998


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