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Revista Especulatório - Capítulo V

Published by Especulatorio, 2017-01-10 07:20:03

Description: "Vamos numa Aventura!"

Tanto em Mundos completamente distantes do nosso como em sociedades actuais com um pingo de magia, a fantasia permite-nos explorar a nossa própria realidade, reflectir sobre a dicotomia entre o Bem e o Mal e tudo o que está entre esses dois pontos.

No mês em que se celebra o aniversário de J.R.R. Tolkien, a inspiração por excelência neste género (a nosso ver pelo menos), vamos dedicar-nos a explorar este género especulativo desde um dos contos que inspirou o autor até jogos inspirados no Mundo por ele desenvolvido.

Keywords: Especulatório,Revista,RPG,Boardgames,Jogos de Tabuleiro,Escrita,Beowulf,Livros,Fantasia,Lord of the Rings,Tolkien

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ESPECULATÓRIO CAPÍTULO V \"Vamos Numa Aventura!\" JANEIRO 2017

Janeiro 2017 2 ÍNDICE BEOWULF: A ACLAMAÇÃO DE UM HERÓI! 8 INFLUÊNCIAS FANTÁSTICAS: ALGUMAS ESCOLHAS DA EQUIPA Páginas que ESPECULATÓRIO 30 dão Asas WORKSHOP DE PERSONAGENS: TALION 11 Lancem JOGOS NARRATIVOS VS. NARRATIVAS LINEARES: TERCEIRA 32 Iniciativas PARTE ESCRITA: MAS COMO FUNCIONA A MAGIA? 20 AVENTURAS FANTÁSTICAS 40 Folhas e MAIS UM ANO, MAIS UMA COMIC CON PORTUGAL! 14 Rabiscos TOLKIEN: CONSTRUTOR DE MUNDOS O SEMINÁRIO QUE NÃO DEVIA ACONTECER 24 Especulando CALENDÁRIO DE EVENTOS 23 a Realidade Uma Caixa LORD OF THE RINGS: O JOGO COOPERATIVO PARA DESTRUIR O Cheia de ANEL 36 Peças KICKSTARTER DO MÊS: TAO LONG 39 Outras FACTOS E FICÇÕES: TOLKIEN E A MAGIA DAS PALAVRAS 4 Especulações DIÁRIO DE UM INTERNAUTA PERDIDO NO ESPAÇO 35 ESPECULATIVO

Ficha Técnica Editorial 3 Especulatório Revista Especulatório – Capítulo 5: Vamos numa Aventura! Fantasia é “sinónimo de imaginação”, e a Janeiro, 2017 literatura fantástica caracteriza-se por obras ISSN: 2183-8682 em que o autor “segue a sua imaginação, sem Proprietários, autores, produtores, editores, se sujeitar à verdade ou às regras” [Dicionário designers…enfim, tudo: Equipa Especulatório Esta revista foi escrita ao abrigo do antigo Acordo Priberam da Língua Portuguesa]. Ortográfico. O conteúdo editorial da revista é da total autoria Assim, é uma literatura sem limites, onde do Especulatório tudo o que o autor possa imaginar e criar, Queremos deixar claro que não estamos afiliados e tudo em que nós, enquanto leitores, com as entidades que aqui divulgamos nem quisermos acreditar, é sempre possível. podemos ser responsabilizados pela qualidade de eventos exteriores à organização do Especulatório. Tanto em Mundos completamente distantes Porque reconhecemos a igualdade de género como do nosso como em sociedades actuais com um Direito Humano e queremos promover a sua um pingo de magia, a fantasia permite-nos concretização até na escrita, onde se lê “o” deve explorar a nossa própria realidade, reflectir ler-se “a” sempre que aplicável.. sobre a dicotomia entre o Bem e o Mal e Contacto: [email protected] tudo o que está entre esses dois pontos. EQUIPA DO ESPECULATÓRIO No mês em que se celebra o aniversário de J.R.R.Tolkien, a inspiração por excelência Educação para a Cidadania neste género (a nosso ver pelo menos), Global ocupa-me 35 horas vamos dedicar-nos a explorar este género semanais, ser geek ocupa-me a especulativo desde um dos contos que vida toda. Viciada em ler sempre, inspirou o autor até jogos inspirados no boardgamer ocasional e jogadora Mundo por ele desenvolvido. de D&D em breve. Porque seria completamente impossível falar de fantasia sem falar de Tolkien!MARIA INÊS SANTOS Acompanhem-nos. Programador durante o dia, geek inveterado durante... bem, sempre! Seja com boardgames, RPG’s livros, filmes, series, jogos de computador e consola, vão sempre encontrar-me a fazer qualquer coisa geek! CARLOS ALMEIDA Sou uma Bióloga Evolutiva que tem uma paixão por jogos, livros e RPG’s. Um dos meus projectos é tentar criar um jogo que permita juntar os meus hobbies e a biologia! INÊS FRAGATA Estudei Biologia da Conservação por gosto, trabalho à secretária por necessidade, mas as minhas paixões incluem a escrita, os livros e todo o tipo de jogos.! Viciada em podcasts, webseries e clubes literários. CATARINA SANTOS

Outras EspeculaçõesJaneiro 2017 4 FACTOS E FICÇÕES E A MAGIA DAS PA \"A language isn't just a body of vocabulary or a set of grammatical rules. It is a flash of the human spirit, a vehicle through which the soul of a particular culture comes into the mate- rial world. And when we lose a language, we lose a vital element of the human dream.\" - Explorador da National Geographic Wade Davis O autor J.R.R.Tolkien, a quem dedicamos composta apenas pelas palavras,mas também pela história das pessoas que a falam. este capítulo da revista Especulatório, para além de ter sido o autor de obras como o “The Nas próximas páginas podem encontrar Hobbit”, “The Lord of the Rings” ou uma das uma pequena explicação das linguagens traduções de “Beowulf” (sobre o qual podem que J. R. R. Tolkien criou, quando escreveu as ler aqui), foi também um filólogo, ou seja um suas obras sobre a Terra Média, e algumas aficcionado e criador de linguagens. Aliás, curiosidades sobre um dos autores que mais muitas das histórias que criou,tal como o“The revolucionou a escrita da Fantasia e modelou Silmarillion”,foram na verdade criadas porque, o que consideramos a Fantasia Moderna. na opinião de Tolkien, uma linguagem não é Inês Onde saber mais sobre as linguagens de Tolkien: Sites sobre Élvico, para aprenderem Sindarin; “An Introduction to Elvish, Other Tongues, Proper Names and Writing Systems of the Third Age of the Western Lands of Middle-Earth as Set Forth in the Published Writings of Professor John Ronald Reuel Tolkien”, de Jim Allan “A Gateway to Sindarin: A Grammar of an Elvish Language from JRR Tolkien's Lord of the Rings”de David Salo”; “The Languages of Tolkien's Middle-Earth” de Ruth S. Noel

Outras Especulações 5 EspeculatórioS: TOLKIENALAVRAS Exemplos de linguagens criadas por Tolkien: Língua Negra de Mordor: \"Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatulûk agh burzum-ishi krimpatul” — Um anel para todos governar, um anel para todos encontrar, um anel para todos reter e nas trevas prender. Quenya: \"Elen sila lûmenn' omentielvo” — Uma estrela brilha na hora da nossa reunião. Sindarin: “Ennyn Durin Aran Moria: pedo mellon a minno. Im Narvi hain echant: Celebrimbor o Eregion teithant i thîw hin.” — As Portas de Durin, Senhor de Moria: diz amigo e entra. Eu, Narvi, as fiz: Celebrimbor de Hollin, inscreveu este sinal. Entish: \"A-lalla-lalla-rumba-kamanda-lindor-burúme\"—Parte do nome Ent para a colina de Treebeard Khuzdul: “'Baruk Khazâd! Khazâd aimênu!” — Machados dos Anões! Os Anões estão a chegar!

Janeiro 2017 6 Outras Especulações Em 1917começou a desenvolver“The Silmaril que apenas seria publicado após a sua mo John Ronald Reuel Tolkien nasceu em Uma epopeia que relata a história da criaçã Bloemfontein, África do Sul a 03 de Janeiro Eä,o universo onde se situa a Terra Média,Val de 1892, mas mudou-se para Inglaterra em Beleriand e Númenor. Abril de 1895, devido à morte do pai. 1905 - Aos 13 anos começou a trabalhar na A crítica literária de “Beowulf”foi feita inicialmente sua primeira linguagem, Nevbosh, que con- como uma palestra,que foi mais tarde passada para tinuou a desenvolver ao longo dos anos. um artigo e publicada juntamente com a tradução feita por Tolkien entre 1920-1926 O finlandês foi uma língua que inspirou grandemente Tolkien e donde ele retirou vários elementos para criar as suas próprias linguagens, nomeadamente o Quenya. Outra das línguas que também o influenciou foi o Galês, que utilizou para gerar o Sindarin! Árvore das Linguagens Élficas criadas por Tolkien Inicio (1910-1935): Quendian Primitivo, common Eldarin, Quenya e Goldorin 1935-1955: Goldogrin deu origem a Noldorin,e criou também Telerin,Ilkorin,Doriathrin e Avarian Ikorin e Doriathrin foram depois abandonadas e Noldorin evolui para Sindarin, que é uma das mais conhecidas das que desenvolveu para vários livros.

llion”, Outras Especulações 7 Especulatórioorte .ão de Originalmente “The Lord of the Rings” era o primeiro de dois linor, volumes,sendo que o segundo corresponderia a“The Silmarillion”. Imaginem o tamanho dos livros se assim fosse! No ano em que “The Hobbit” foi publicado o autor começou a escrever “The Lord of the Rings”,que apenas completou em 1949 e que foi publicado entre 1954 a 1955te A colecção de todas as linguagens, gramática “The Hobbit” foi publicado em 1937 e e história por ele desenvolvida chama-se Legendarium e estava ainda em desenvolvimentora quando Tolkien morreu, em Setembro de 1973. tem também o título de “There and Back Tolkien criou mais de 10 linguagens diferentes, entreo vários tipos de Élfico, a linguagem dos Anões, dos Again” apesar de não ser conhecido por Homens de Númenor e a linguagem negra falada por este último. Sauron, linguagem dos Orcs de Mordor e, é claro, a língua dos Ents!

Janeiro 2017 8 P á g i n a s q u e d ã o aAssaass BEOWULF: A ACLAMAÇÃO DE UM HERÓI! Todos os capítulos da Revista Especulatório terão um espaço como este, dedicado a apreciações e críticas de livros de todos os géneros e subgéneros de ficção especulativa. Ninguém sabe ao certo o seu autor ou a sua para derrotar o monstro Grendel e a sua mãe, data real, havendo demasiadas possibilidades que jurou vingar a terrível morte do filho.Mais de diferentes especialistas.Porém“Beowulf” é, tarde na sua vida, acompanhamos também a e sempre será, um poema que nos transporta sua luta com um Dragão que aterrorizava o para um Mundo há muito esquecido e nos seu povo,combate este que marcará o seu fim. permite acompanhar os desafios de um herói contra diversos adversários. Beowulf personifica um heroísmo perfeito, uma defesa de valores da honra, lealdade e Não é tarefa fácil ler este poema anglo- coragem, sendo que temos a oportunidade de saxónico, mesmo que traduzido do seu “Old seguir esta personagem, desde jovem até aos English” original … seus anos mais avançados, sempre superando Tenho de admitir que a versão que tenho os seus desafios. é a traduzida por David Wright em formato Sim, porque mesmo embora a sua luta de prosa, de 1957, o que em muito facilitou a contra o terrível dragão marque o fim da sua minha leitura e apreciação do conto. vida,Beowulf continua a ser capaz de o derrotar Em linhas muito simples, seguimos a e garantir a paz para todos. história do herói Beowulf,nas suas campanhas

Páginas que dão Asas 9 Especulatório

Páginas que dão asasJ a n e i r o 2 0 1 7 10 Nesta narrativa, onde são claras as Thus made their mourning the men of Geatland, influências e referências cristãs,muito embora for their hero’s passing his hearth-companions: a história se desenrole na Escandinávia, quoth that of all the kings of earth, acompanhamos a evolução do próprio of men he was mildest and most beloved, Beowulf. Isto é, mais do que um foco nas to his kin the kindest, keenest for praise. grandes batalhas, na derrota dos monstros, o que podemos acompanhar é o crescimento, Aconselho todos a darem uma oportunidade a transformação desta personagem, desde a este conto,em formato de poema ou,para os guerreiro jovem até grande e experiente rei. receosos como eu, em formato de prosa. Não Para mim, é efectivamente o ponto central deixem de lado esta grande narrativa. Tolkien desta obra épica. não deixou, acho que devíamos seguir o seu exemplo! Deixo-vos com o final deste poema e desta aventura épica: a aclamação do herói! Maria Inês

P á gLi an na cs eqmu eI ndi cã ioa tAi vs a s 11 E s p e c u l a t ó r i oWORKSHOP DEPERSONAGENS:TALION Nesta secção, analisamos as nossas personagenspreferidas pelos olhos de um jogador,desconstruindo erecriando-as através do sistema de RPG’s Pathfinder Boas pessoal! meus videojogos preferidos: Middle-earth: Shadow of Mordor. Bem vindos à Character Workshop. Hojevamos falar de uma personagem da Terra Vamos começar então por destilar as basesMédia que não foi criada pelo Tolkien: Talion do Talion. Para quem não conhece,o Talion era Capitão Raça: Humano.dos Rangers de Gondor, mas a sua prematura Classe: Slayer é a representação ideal domorte levou-o a ficar preso dentro de Mordor, tipo de combate do Talion.ligado ao espectro Celembribor. Talion é Multiclasse: Para replicar uma dastambém o personagem principal de um dos habilidades mais icónicas do Talion, vamos também por 3 níveis de Horizon Walker.

J a n e i r o 2 0 1 7 12 PL aá ng ci neams Iqnui cei adtãiov aass a s Ora, vamos às habilidades em si. Talion usa um modo de combate agressivo, Nas habilidades, o Studied Target é muito com uma mistura entre espada de duas mãos bom para emular o Talion a aprender mais e arco. sobre os seus amigos. Para arma, aconselho-vos a usar uma No Favored Terrain do Horizon Walker Bastard Sword.Todas as selecções de feats são escolhemos Astral Plane. Podem-se estar a para ajudar ao combate, excepto Endurance, perguntar porquê,visto que raramente alguém que serve para nos dar acesso à classe Horizon joga na Astral Plane,mas já vão descobrir daqui Walker. a pouco. Mais dois níveis de Horizon Walker, e Talion: teleportar-se para perto de um inimigo com a ajuda das feats Dimensional Agility e e atacá-lo com tudo o que tem. Normalmente Dimensional Assault, conseguimos finalmente ele fá-lo com o seu arco, mas pronto, nós emular uma das habilidades mais icônicas do fazemos o que podemos!

Dreadful Carnage serve para emular o medo P á gLi an na cs eqmu eI ndi cã ioa tAi vs a s 13 E s p e c u l a t ó r i oque Talion inspira nos orcs quando usa umahabilidade que o deixa, basicamente, matar O talento Assassinate também ajuda a estaum orc com requintes de malvadez. habilidade, deixando o Talion tentar matar um inimigo despercebido. Juntando isto ao teleporte e ao Dreadful Carnage, temos a receita perfeita para o pânico. Estes últimos níveis servem não tanto serem nobres.para continuar a montar as habilidades do Recorrendo ao engano, à tortura e àTalion, mas sim para complementar o que jáfoi preparado. Improved e Greater Vital Strike mutilação, este ex-Ranger de Gondor espalhaajudam o Talion a dar mais dano aos inimigos o terror pelas fileiras dos Orcs que enfrenta.mais fortes, e Great Cleave ajuda a limpar ummar de oponentes mais fracos. Finalmente, o Para complementar o Talion, devemosDastardly Finish serve para arrasar com aqueles procurar por skill points em Intimidate e Stealth,oponentes que ficaram assustados com o bem como procurar traits que dêem algumDreadful Carnage. bónus a estes skills. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como arma de eleição, penso que Bastard Apesar do Talion estar do lado do bem, as Sword possa ser o mais indicado para umasuas táticas não poderiam estar mais longe de arma de duas mãos. Apesar da Greatsword ser claramente mais forte, esta arma não faz bem o estilo do Talion. Carlos

EP sá pg ei ncausl aqnudeo daã oR eaaslai dsa d eJ a n e i r o 2 0 1 7 14 No início de Dezembro parte da Equipa do Uma das primeiras coisas que se encontra quando se chega (finalmente) ao interior da Especulatório viajou até ao Norte para visitar Exponor é a zona de Merchandising, que este a 3ª Edição da Comic Con Portugal, que se ano partilhou o espaço com a Artist’s Alley e a realizou, como já é costume, na Exponor em zona de Trading Cards e Boardgames. Matosinhos.Este ano com a novidade de termos quatro dias cheios de painéis, expositores, Não faltaram as miniaturas e peluches de cosplay e jogos! imensos animes, assim comoa as bancadas dedicadas a t-shirts, Pop Funko’s ou Star Wars. Considerando a quantidade de geeks que visitou a Comic Con Portugal este ano, Claro que visitámos imediatamente todas passámos possivelmente por alguns de vós as bancas de jogos de tabuleiro, como a no meio do caos que foram os pavilhões da DiverCentro, que este ano tinha uma selecção Exponor. de items a rifas, ou a Morapiaf, entre outros. Mas para aqueles que não tiveram Para além das grandes lojas estiveram oportunidade de por lá passar, deixamos aqui presentes vários criadores de peças originais, um resumo do que foi a Comic Con Portugal como os sabonetes artesanais da Spumis ou a 2016. joalharia de “Encanto das Fadas”.

E s pPeácgui lnaansd qo uae rdeãaol i Ad as da es 15 E s p e c u l a t ó r i o MAIS UM ANO,MAIS UMA COMICCON PORTUGAL!

J a n e i r o 2 0 1 7 16 PE sá pg ei ncausl aqnudeo daã oR eaaslai dsa d e assistimos. Começando já pela premiere da nova série do Por entre as bancas de merchandising encontrámos ainda alguns espaços dedicados canal SyFy-“Incorporated”-podemos confirmar a expor LEGO, a loja da Soluções Electrónicas que, pela amostra do primeiro episódio, vai com as suas impressoras 3D sempre em valer a pena ver. Depois de estarmos todos funcionamento, e um tabuleiro de Catan todo impressionados com esta estreia, seguiu-se o impresso em 3D também. Q&A com o actor principal da mesma, Sean Teale, que podem conhecer da série “Reign”. Na área do Artist’s Alley eram muitos e bons Um actor acessível,bem-disposto e um grande os artistas que por lá encontrámos,mas temos fã desta sua nova série. que destacar Soni Alcorn-Hender,a“Bohemian Weasel”, com as suas criações espectaculares Tivemos oportunidade de espreitar também de várias obras de Tolkien. o painel de Ivana Baquero, conhecida por ter interpretado o papel de Ofelia no grande filme Claro, que não faltou uma visitinha à zona “Pan’s Labyrinth” de Guillermo del Toro. Claro de jogos de tabuleiro, gerida pelo Grupo de que o que a trouxe à Comic Con 2016 foi a Boardgamers do Porto onde passámos uma nova série da MTV (quem diria?)“The Shannara boa tarde de volta de uns joguinhos. Chronicles”,baseada nos livros de Terry Brooks . Desde sempre uma fã dos livros,Ivana Baquero Saindo da zona de merchandising eram demonstrou um grande afecto pelas histórias vários os expositores de séries, canais de T.V., de Shannara e pelo papel (um pouco diferente e locais para aquela oportunidade fotográfica na televisão quando comparado com os livros) espectacular - claro que nós passámos por de Eritreia. todas, desde o Trono de Ferro da série “Game of Thrones”, à passagem para a plataforma 9 Outro painel que se encheu rapidamente e ¾, até à fotografia em 360º oferecida pela de fãs foi o de Colbie Smulders, conhecida da Warner Bros. Portugal. série “How I Met your Mother” e dos filmes de “ Avengers”. Sem dúvida que foi um painel Como todos sabem, a Comic Con Portugal divertido, tendo esta actriz estabelecido uma é visitada por muitos graças aos seus painéis. Não conseguimos obviamente ir a todos, mas podemos comentar a mão cheia a que

excelente relação com o público, sempre Especulando a Realidade 17 E s p e c u l a t ó r i oinsistindo que, antes de qualquer pergunta,tinha de ouvir “Nobody asked you Patrice!”. perguntas. Claro que mais importante foi a revelação que Kevin Sussman é um dos Claro que não pudemos faltar ao painel maiores geeks no set de“The Big Bang Theory”,“Remember Harry Potter”, com Jason Isaacs sendo um aficcionado de jogos de tabuleiro ee Katie Leung, onde o carisma do actor que Dungeons & Dragons.nos trouxe Lucius Malfoy no grande ecrãtransbordou pelo palco fora, e a simpatia etons doces de Katie Leung nos conquistarama todos. Para finalizar os grandes painéis assistimos,no último dia, ao Q&A com Kevin Sussman,Stuart em “The Big Bang Theory” que seconfessou tão nervoso como os fãs queganharam coragem para lhe fazer algumas

J a n e i r o 2 0 1 7 18 PE sá pg ei ncausl aqnudeo daã oR eaaslai dsa d e sobre os desafios que a Ficção científica pode, e deve, lançar à ciência, e o que a ciência pode Também passámos pelo painel de Chris dar à Ficção científica. Segundo a opinião Claremont sobre banda desenhada, um de Luís Filipe Silva, os avanços científicos e comunicador exímio, e assistimos a parte do tecnológicos exigem mais deste género de documentário “Building Star Trek”, que conta a história de algumas das props usadas na ficção especulativa, e dos seus autores. série original e a sua relação com tecnologias Por último,visitámos o painel de Literatura existentes - ou em desenvolvimento - hoje em dia. Fantástica, com Madalena Santos, Rui Madureira e Filipe Faria, onde se falou da Apesar do documentário ter sido explosão da ficção fantástica em Portugal, por interrompido por motivos técnicos, o painel volta dos anos 2000 e pouco, devido em parte que se seguiu com os seus produtores, Elliot Halpern e Elizabeth Trojian, mais do que compensou! Passando para os paineis mais pequenos, mas não menos importantes, assistimos à apresentação da nova edição do livro “Terrarium”de João Barreiros e Luís Filipe Silva, da Saída de Emergência . Uma apresentação infelizmente curta, mas onde os autores nos falaram um pouco da história da criação deste livro, já que foi João Barreiros que começou a escrever a primeira versão de “Terrarium” e depois convidou Luís Filipe Silva, inicialmente apenas para alguns contributos, que se tornaram em um pouco mais. Um livro cuja intenção é, pelas palavras dos autores, subverter ideias. Ainda houve tempo para falar um pouco

ao sucesso da adaptação de Peter Jackson da Especulando a Realidade 19 E s p e c u l a t ó r i otrilogia “The Lord of the Rings”, e do recuoactual no risco que a maioria das editoras está opinião de cada autor sobre a criação dedisposta a tomar,dado a situação de crise,o que mundos fantásticos.torna díficil para novos autores-desconhecidos- de fantasia serem aceites pelas editoras. Madalena Santos considera a geografia das suas“Terras de Corza”,e a sua história e cultura, Claro que os livros digitais abrem muitas muito importante, mas alerta para o risco deportas! investigação a mais! Ainda houve tempo para falar sobre a Já Rui Madureira, em “Abaddon”, começou por estruturar todo o seu mundo e fazer um planeamento cuidadoso para conseguir uma história com consistência narrativa. Pelo contrário, Filipe Faria, confessou que, quando começou as suas Crónicas de Allaryia, foi sempre a andar para a frente,e depois logo se via onde ia dar. Claro, que os livros que se seguiram foram muito mais estruturados porque, sendo uma saga, é preciso saber para onde se vai. Mas considera que o facto de não ter todos os passos planeados ajudou a deixar espaço para alguma criatividade extra. No geral um evento tão bom como os últimos dois, com convidados interessantes e para todos os gostos, permitindo a todos os que visitam a Comic Con Portugal a ter uma experiência à sua medida. Para o ano lá estaremos de novo! Catarina

Folhas e RabiscosJ a n e i r o 2 0 1 7 20 ESCRITA: MAS COMO FUNCIONA A MAGIA? Neste mês dedicado à Fantasia não Mas, se pensarmos bem, o Gandalf não é uma personagem principal, pois nunca vemos podíamos deixar de falar aqui sobre sistemas o ponto de vista dele, e não é ele que resolve de magia, algo que muitos de vós, potenciais os conflitos centrais da história. São,sim,Frodo escritores, vão possivelmente incluir nos e Sam que levam o anel até Mount Doom, vossos mundos fantásticos. enquanto Gandalf é apenas o seu companheiro de viagem misterioso. Gostaríamos também de notar desde já que o que aqui se refere sobre magia pode também Mesmo em livros em que as regras da ser aplicado a tecnologias futurísticas, se a magia não são explicadas,esta rege-se por um ficção-científica for o vosso género de eleição. conjunto de princípios, de modo a ter alguma consistência dentro do mundo criado. REGRAS: TER OU NÃO TER Alguns livros têm magia sem explicarem Este tipo de magia, que não é explicada em detalhe as regras dessa magia - um aos leitores, é mais comum, e mais útil, em exemplo que todos conhecemos (e em honra histórias que focam pessoas normais atiradas ao Tolkien) é a magia de Gandalf em“The Lord para o meio de conflitos mundiais, complexos of the Rings”.A única coisa que sabemos sobre e apocalípticos, onde os protagonistas nunca os poderes mágicos de Gandalf é que ele não sabem muito bem o que se está a passar e como consegue destruir pessoalmente o anel, nem é que vão conseguir ultrapassar os problemas o teletransportar directamente para Mordor. no seu caminho - continuando a mencionar o

Folhas e Rabiscos 21 E s p e c u l a t ó r i o Todos os meses vamos falar-vos de Escrita. Não sendomestres no assunto, queremos oferecer inspiração emotivação a todos os escritores sonhadores que, comonós, querem passar para o papel as suas ideias.épico de Tolkien, Frodo e Sam são claramente dos livros de Brandon Sanderson vão encontrarpessoas comuns que se vêem no meio de algo sistemas mágicos detalhados-às vezes mais domuito maior do que eles e a magia de Gandalf é que um,como é o caso da trilogia“Mistborn”empara eles uma maravilha,mas que não resolve que temos Allomancy, Feruchemy e Hemalurgy,todos os problemas.Assim,podemos dizer que três tipos de magia diferente baseadas emeste tipo de sistema de magia “sem regras” é metais.útil para criar,mais facilmente,um sentimentode encanto e maravilha sobre o desconhecido Nestes sistemas ganhamos a capacidade denos vossos leitores. usar a magia para resolver os nossos conflitos centrais, e mostrar o quão espertos os nossos Mas então o que se ganha a explicar as protagonistas são ao mostrá-los a manipularregras da magia? as leis da magia para resolver os problemas que enfrentam. Também temos a vantagem Existem vários exemplos de livros de de capturar mais facilmente a imaginação dofantasia em que é explicado ao leitor as regras nossos leitores-se eles compreenderem comodo sistema de magia.Se pegarem em qualquer

J a n e i r o 2 0 1 7 22 Folhas e Rabiscos vários “plot-holes” na série de J. K. Rowling. No entanto a capacidade da autora de nos envolver é que a magia funciona começarão a imaginar totalmente no seu mundo faz com que mesmo novas possibilidades e situações nas quais a assim todos os livros sejam satisfatórios - a magia funcionaria de maneira espectacular. nossa completa imersão leva-nos a ignorar certos detalhes. Por último, ganhamos também uma maior facilidade em deixar pistas e presságios para CUSTOS E RAMIFICAÇÕES os nossos leitores ao longo da história - se A magia não deve ser à borla, deve ter eles souberem como a magia funciona, basta sempre uma reacção oposta - mesmo quando apresentar-lhes uma peça do puzzle e eles decidem não explicar as regras da vossa magia conseguirão começar a prever como o conflito - para não ser demasiado fácil. será resolvido no final - será surpreendente De novo alguns exemplos da obra deTolkien: mas inevitável. quando o Frodo usa o anel ganha o poder da invisibilidade mas há sempre consequências, Não se esqueçam no entanto que as regras o olho de Sauron recaí sobre ele e o poder do dos vossos sistemas de magia não têm que ser anel corrompe-o aos poucos. lógicas - os poderes do Superman têm regras Também Gandalf, quando usa magia para que não são nada lógicas - no entanto devem resolver um conflito importante - o Balrog - ter consistência interna dentro do mundo que sofre as consequências ao morrer (mesmo que criam. apenas temporariamente), impondo assim um custo à utilização da magia e justificando o Uma outra história com um sistema de porquê de o feiticeiro não a usar muitas vezes. magia particular, e eu diria intercalar a estes Os custos e limitações dos vossos sistemas dois que já falámos, é a saga de “Harry Potter”. de magia podem ser ainda mais interessantes que os poderes que criaram. Claro que se o Dentro de cada livro as regras da magia custo da magia for demasiado óbvio a vossa estão bem definidas - todos sabemos o que é história pode ficar a parecer um videojogo, em possível e impossível fazer em Hogwarts-o que que conseguem ver os pontos a descer a cada possibilita o leitor de ganhar mais satisfação quando, no final, essas regras são usadas para resolver o problema central desse livro. Mas, ao mesmo tempo, essas regras são muitas vezes ignoradas em livros consequentes, o que pode levar algumas pessoas a apontarem

Folhas e Rabiscosuso da magia. Para evitar que tal aconteça, e ou justificá-lo, de algum modo. Usem as 23 E s p e c u l a t ó r i oapesar da vossa magia dever ter um custo,esse ramificações da vossa magia para melhorarcusto não deve ser concretamente quantificável. o vosso mundo, encontrem o que mudou noOs custos podem ser mais pessoais para as mundo por causa da vossa magia e usem-novossas personagens, mais fundamentados no para tornar o vosso mundo ainda mais original.vosso enredo e nos arcos de desenvolvimentodos vossos protagonistas,do que propriamente CONCLUSÃOmateriais. Como sempre todas as regras são feitas para serem quebradas, mas esperamos que Outro detalhe importante é que devem esta pequena análise dos vários tipos detentar quebrar o vosso sistema de magia, sistemas de magia vos ajude na criação doencontrar todas as ramificações dos poderes vosso próprio sistema de magia,quer ele tenhaque criaram, tudo aquilo que possa estar regras definidas ou não.de algum modo errado, ou passível de ser Até à próxima, continuem a escrever!abusado no vosso sistema, e tentar corrigi-lo, CatarinaCALENDÁRIO DE EVENTOS20-22 ~ Global Game Jam ‘17 @LisbonVários Locais, das 17:00h de Sexta-feira até 20:00h de Domingo Eventos em SETEMBRO26 ~ LJaenittuarriad,oLsisDbeovao-raàdso1r9e:s00dhe Livros 21I10S41-T,21C-~18eS,~nP2e7tax56Mrstoº~ateeC-QnlfEoaseunmariairclaraeotdrTandcoesitanadrG1stlooa5rR1uçG:o08õdprm0:eoue0hspa0d-oàRh-edsdodaàBeals1essoB:1p0a01o8l0r41aad:h0:r:y3g0d0e0a0ghrmhhasàmeàessrdes0Sre2s0ád0:dbe0:L3ea0i0LsdLhhiboissobbdaooaaasBiblioteca M2u1n~icWipoarlkdsehoMpadrveilEan, dcaasde1r0n:a0ç0ãhoàs 17:00h

J a n e i r o 2 0 1 7 24 Especulando a Realidade TOLKIEN: CONSTRU O SEMINÁRIO QUE NÃO No passado dia 7 de Dezembro, não Mas brincadeiras à parte, o Prof. Varandas fez as honras de abertura das sessões que se quisemos perder a oportunidade de assistir a seguiriam e mais uma vez reflectiu sobre o mais um grande Seminário“Tolkien: Construtor propósito deste seminário – o de mostrar os de Mundos”. esforços que têm vindo a ser feitos para unir o universo da fantasia a uma reflexão científica Já na sua quarta edição, este é um evento crítica e consistente. que procura não só redescobrir o universo criado por este autor,mas também as sucessivas A primeira sessão, a cargo de Maria do adaptações. É organizado pelo Centro de Rosário Monteiro,intitulou-se“Tolkien e Ursula História da Universidade de Lisboa e pelo Le Guin”. Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa, com a coordenação de Angélica Varandas, Nuno Simões Rodrigues, Daniela Coelho e José Varandas. O Seminário começou em tom de provocação: este é um seminário improvável, que nunca devia acontecer. Como?! Pois, é isso mesmo. Como explica o Prof. José Varandas, afinal de contas esta história e este universo «Nunca aconteceu,nunca existiu e estas eram histórias para crianças».

Especulando a Realidade 25 E s p e c u l a t ó r i oUTOR DE MUNDOSO DEVIA ACONTECER Os preparativos desta sessão começaram Mas fez-se luz! Aquilo que os liga é ano pânico, pois como seria possível dizer tudo sua relação com Carl Gustav Jung e a suao que há para dizer sobre as semelhanças e teoria do inconsciente colectivo, bem comodiferenças entre estes dois grandes autores?! o mito do herói. Indo mais longe, Maria doAfinal de contas,se Tolkien se baseia em temas Rosário Monteiro afirma: é verdade que estacomo o cristianismo, a cultura ocidental, o carga emotiva e arquétipo de herói estãomachismo, as mitologias nórdica, celta, entre sempre presentes mas é o nosso papel saberoutras,Ursula Le Guin centra-se no taoismo,na transportarmo-nos para o Mundo destescultura oriental, no feminismo, nas mitologias autores, para o seu contexto de escrita, nãooriental, da melanésia e americana. os julgando somente com os nossos olhos de século XXI mas sabendo equilibrá-los e adaptá-los. Seguidamente Miguel Ângelo liderou a sessão “Mundo espiritual e Mundo Material: Integração em Tolkien”.Procurou mostrar como Tolkien se inspirou nos pilares meta narrativos do cristianismo,nomeadamente: criação,queda e redenção. Esta apresentação partiu de uma análise extensa do “The Silmarillion” em contraponto ao livro do génesis e ao livro do apocalipse. Foi possível analisar a presença de aspectos

J a n e i r o 2 0 1 7 26 Especulando a Realidade explicou, o que torna complexo este tema é o facto de para além de Sauron ser apelidado de como o poder criativo, a soberania divina, diferentes formas, estes nomes também estão o prazer contemplativo da divindade, a em constante mudança, o que faz sentido, pois expressão e impressão do divino na criação,a esta alteração acompanha a própria evolução responsabilização da criatura,o prenúncio da deste personagem.Por exemplo,Sauron é uma queda, a prefiguração da redenção e a união deturpação de Mairon,que significa admirável, de matéria e espírito. Terminou dizendo: «O Mundo de Tolkien é um Mundo espiritual». pois ao ser corrompido, atraído por influências negativas,o que era belo torna-se algo sombrio A terceira sessão do dia, a cargo de e assim Mairon torna-se Sauron. Mas Sauron Diana Marques, veio explorar “Boromir: um também é apelidado de Gorthaur, Zigûr o herói imperfeito”. Aqui podemos pensar esta feiticeiro,a sombra,o enganador,o necromante, personagem como um herói trágico, aquele o senhor de Mordor, entre muitos outros. Esta que caiu.Embora Boromir seja mostrado como mudança vem demonstrar a necessidade de o grande comandante e valente homem, ao Tolkien em alterar o nome sempre que a própria longo da história começa a demonstrar o seu lado mais obscuro–a sua húbris,ou seja,a sua arrogância e orgulho que irão levar à queda, pois em prol da sua própria glória esquece o que é certo. Demonstra assim a sua humanidade, a possibilidade de corrupção dos ideais perante uma força externa maligna. Também aqui se falou na influência cristã, pois após a sua queda Boromir procura redimir-se e ter o perdão de Aragorn. Angélica Varandas liderou logo de seguida uma reflexão em torno de “Sauron e os seus muitos nomes”. E são mesmos muitos! Como

personagem sofre ela mesma transformações. Especulando a Realidade 27 E s p e c u l a t ó r i o Por outro lado, Angélica Varandas deixa Ainda antes do almoço, numa manhãoutro ponto: Sauron é o Senhor dos Anéis. Isto bastante preenchida e rica em reflexões,torna-o numa personagem central na narrativa, contámos com a apresentação de Hélio Piresuma personagem sempre presente pelas que nos trouxe “Por rios e florestas: geografiarestantes personagens envolvidas e que acaba mitológica nórdica”. Aqui tentou responder apor ser a linha condutora de toda a história. uma pergunta que lhe haviam colocada há algum tempo: faz sentido analisar as obras de De facto, com a aniquilação de Sauron a Tolkien à luz da geografia e divisão global dahistória começa a chegar ao fim. Guerra Mundial? Terminou referindo que, no fundo, Sauron Pois bem, Hélio Pires procurou mostraré o inominável, é alguém que caiu, se afastou que não precisamos de olhar para o contextoda vida, tornando-se uma sombra, um vazio, a histórico e geográfico desta Guerra paraausência de bem. Faz sentido já que tudo no compreender a geografia da Terra Média, poisse liga ao seus nomes, às denominações que as características deste Mundo estão bemTolkien atribuiu a cada coisa. presentes nas obras nórdicas que Tolkien amplamente conhecia, como as obras “Edda” e a “Edda Poética”. Se, por exemplo, (e esta será uma análise simplista) nestas obras o Norte está associado a terra de gigantes e outros perigos, o Este associa-se à noite, o Sul a heróis e o Oeste a Valhala, em Tolkien podemos ver que a Norte temos Morgoth e os perigos que traz, a Este situa-se Mordor, a Sul as terras dos heróis como Gondor e Rohan e a Oeste situa-se o oceano em direcção a Valinar. É verdade que o que nos está mais próximo se torna mais visível aos nossos olhos mas nem sempre o mais próximo é mais verdadeiro.

J a n e i r o 2 0 1 7 28 Especulando a Realidade de desculpar o herói pelas suas falhas. Foi de facto uma sessão que me fez repensar os Regressamos então à ideia já discutida no pormenores de uma adaptação ao cinema. início deste evento: não devemos assumir o passado à luz das características do presente. Miguel Troncão em seguida apresentou “Os homens que serviram Sauron: humanos A tarde iniciou-se com um revisitar das como nós”. Uma análise sobre os humanos adaptações para cinema das obras de Tolkien, que durante a narrativa se associam ao lado especificamente nas adaptações de Thorin mais negro mas que têm uma humanidade,um Oakenshield. A sessão esteve a cargo de conjunto de características muito particular,ao Ana Daniela Coelho e intitulou-se “Thorin contrário dos orcs que sempre são apresentados Oakenshield,ou criando um herói”.Para além como algo homogéneo,sem profundidade,com de explorarmos adaptações de todo o Mundo o único objectivo de destruir. desde 1966 (quando surge, numa curta de animação da Checoslováquia, o General Aqui abordou os Haradrim e os Nazgul. Na Oakenshield... e sim, não estou a inventar, apresentação de ambosTolkien deixa pistas que têm mesmo de ver!), o foco acabou por ser demonstram que muitas vezes as personagens nas versões do “The Hobbit”de Peter Jackson. não são estáticas. Por exemplo os Nazgul podem ser entendidos como personagens Aqui tornou-se clara a alteração,face à obra, desta personagem,de como se procurou fazer uma ligação com a trilogia anteriormente produzida (O Senhor dos Anéis), de dar maior destaque a Thorin e de certo modo transformá-lo no novo Aragorn, incluindo características de outras personagens do mundo de Tolkien. Assim,Thorin é demonstrado como alguém que aceita o desafio pela honra e não pelas riquezas, e quando este herói começa a cair do seu estado de graça a causa é apresentada como algo hereditário, quase numa procura

trágicas,ao terem sido escravizados por Sauron Especulando a Realidade 29 E s p e c u l a t ó r i oatravés da dádiva dos anéis e logo existir umaincapacidade de resistir ao seu poder. Prof. Varandas explorou as características das armas de cada um dos grupos presentes em A última sessão prevista no programa “O Senhor dos Anéis”, dos guerreiros do bemdeste evento ficou a cargo de José Varandas (anões, homens, elfos, hobbits) aos guerreirosque abordou o tema “Vestidos para combater: do mal (espectros do anel, orcs, goblins, uruk-as armas em Tolkien”. Sendo Tolkien um hai, haradrim).reconhecido medievalista, não é de estranhar Já não temos espaço aqui para tantoque praticamente todas as armas medievais pormenor mas antes de fechar o evento aindaque conhecemos estejam incluídas nas suas tivemos direito a uma surpresa: a apresentaçãoobras e que a sua descrição vá de encontro ao dos “Tolkienianos”.que se conhece deste período da história. Um grupo de fãs interessados nas obras de Ao longo de toda a narrativa é visível a Tolkien que surgiram aquando da estreia dopreocupação em armar os diferentes grupos, primeiro filme da trilogia,em 2001 (quem é quecom diferentes poderes e simbologias (por acredita que já foi à tanto tempo?!). Tivemosexemplo: as armas corrompidas dos Nazgul, direito a conhecer o fórum de discussão, aas armas que brilham como a espada Sting). O galeria (das mais completas disponíveis!) e ficou a ideia: porque não um curso de Quenya? Enfim,foi um dia cheio,saímos de cabeça a borbulhar de informação e ideias e de vontade de reler todos os livros.Infelizmente aqui não é possível deixar-vos com todos os pormenores do que foi apresentado e discutido (embora isso possa não parecer verdade tendo em conta o tamanho deste artigo).Mas fica a dica: não faltem ao próximo seminário “Tolkien: Construtor de Mundos”! Maria Inês

Páginas que dão asasJ a n e i r o 2 0 1 7 30 INFLUÊNCIAS FANTÁSTICA ALGUMAS ESCOLHAS DA E clássicos aos mais modernos-aqueles autores Neste mês dedicado ao género da que marcaram o início da nossa paixão por este género da literatura. fantasia, começámos a pensar quem seriam, A escolha parecia quase impossível, a lista para nós os autores mais marcantes, dos mais J. R. R. TOLKIEN C. S. LEWIS DAVID John Ronald Reuel Tolkien, nascido a 3 de Janeiro Nascido Clive Staples Lewis, a 29 de Novembro Este autor americano, nascido de 1892, é conhecido por ser muita coisa – escri- de 1898, em Belfast, Irlanda do Norte, em criança, 1931, ficou mais conhecido por tor, poeta, veterano de guerra, filósofo, professor Lewis declarou um dia que o seu nome passa- Belgariad” e “The Malloreon” . – mas continua a ser destacado pela sua criação ria a ser Jack, pelo que passou a ser chamado Estudou artes, tanto ao nível da Terra Média e de todas as suas características, assim por todos os seus amigos e familiares a como do mestrado, tendo term associada a livros como “The Lord of the Rings” partir desse dia. graduados em 1961. e “The Hobbit”. Ficou mais conhecido pela sua saga de fantasia Teve vários empregos diferen Desde cedo mostrou apetência para as línguas, “The Chronicles of Narnia”, que começou a publi- dedicar à escrita a tempo inte dominando o grego e o latim mas também o fin- car nos anos 50, mas também por diversos textos se que o seu verdadeiro sonh landês, gótico e, claro, Old English. pró-cristãos.Sobre esta saga e a sua ligação à sua um actor. Casou com Edith Bratt, que conheceu quando fé, C.S. Lewis comentou “Let us suppose that there Casou com Judith Leigh Schall a ainda eram jovens. were a land like Narnia and that the Son of God, as 1962, um casamento que durou Edith serviu de inspiração para o conto de Beren he became a man in our world, became a lion there, Judith começa a ser identificad e Lúthien quando, durante a I Guerra Mundial, and then imagine what would happen.” dos livros de Eddings com as estando Tolkien sediado em Inglaterra, os dois Serviu no exército inglês durante a I Guerra torno de Belgarath e Polgara. foram passear e num bosque Edith dançou para Mundial, tendo sido dispensado após um feri- No entanto, Eddings foi o prim ele. mento.Foi quando trabalhava como professor que a participação activa da Era grande amigo de C.S. Lewis, com quem par- na Universidade de Oxford que Lewis se juntou muito antes e que o seu nome ticipou no grupo informal de discussão “The ao grupo “The Inklings”, um grupo informal de ficado por pressões externas. Inklings”.Um católico devoto, escritores e intelectuais do qual também Tolkien Entre outras contribuições,era e Tolkien morreu a 2 de Setembro de 1973. fazia parte. cial atenção às personagens fem Ele e a sua mulher estão sepultados juntos, nos A sua relação com a sua mulher, Joy, foi retratada do autor. subúrbios de Oxford, estando as lajes identifica- nos filmes e peça “Shadowlands”. Numa das O amor pela fantasia começou das como Beren e Lúthien. versões cinematográficas, realizadas por Richard durante o seu tempo como pro Em 2008 o The Times considerou Tolkien como Attenborough, Lewis foi representado por Eddings desenvolveu o seu gu o 6º numa lista dos 50 maiores escritores ingle- Anthony Hopkins. para todos os seus livros de fan ses desde 1945. Morreu a 22 de Novembro de 1963. David Eddings morreu a 2 de J

Páginas que dão AsasAS: 31 E s p e c u l a t ó r i oEQUIPA ESPECULATÓRIOera interminável, e isto sem pegar nos autores uma graduação de quem mais marcou o génerocujas que fomos conhecendo ao longo dos anos. mas sim quem nos marcou neste género.Por isso mesmo,o top (por ordem cronológica) Vamos a isso?que vos apresentamos aqui não procura ser Maria InêsID EDDINGS R. A. SALVATORE J. K. ROWLINGo a 7 de Julho de Robert Anthony Salvatore nasceu a 20 de Janeiro Nascida a 31 de Julho de 1965, em Inglaterra,r sagas como “The de 1959 nos E.U.A.(é, portanto, uma inspiração Joanne Rowling marcou uma nova geração de um pouco mais moderna). fãs do fantástico (eu incluída). l da licenciatura O seu amor pela fantasia começou como o de Auto proclamada bookworm,o sonho de se tornarminado os estudos muitas pessoas (nós incluídos): com uma cópia escritora surgiu bastante cedo. Escreveu a sua ntes antes de se de “The Lord of the Rings”. Este presente de natal primeira história aos 6 anos e o seu primeiroeiro mas acredita- marcou uma mudança de vida, tendo Salvatore livro aos 11 anos. ho seria tornar-se alterado o seu curso universitário de informática Na universidade de Exeter o gosto por ler era para jornalismo. tanto que acumulou uma multa na biblioteca a 27 de Outubro de Ficou conhecido no géneros da fantasia pelas por atraso na devolução dos livros de 50 libras. u mais de 45 anos. suas obras narradas no cenário para Dungeons Antes de se dedicar a tempo inteiro à escrita,da como co-autora & Dragons“Forgotten Realms”. Rowling passou por diferentes empregos, inclu- s publicações em O seu primeiro livro – The Crystal Shard – foi indo na Amnistia Internacional em Londres.meiro a reconhecer publicado em 1988 e deu a conhecer ao Mundo Os 3 primeiros parágrafos da saga “Harry Potter” mulher começou a popular personagem Drizzt Do’Urden, o elfo foram escritos durante a sua estadia em Portugal, e não veio identi- negro. Parte de uma trilogia intitulada Icewind até 1993. O primeiro livro da saga foi lançado em ela que dava espe- Dale, marcou o início de inúmeros volumes e 1997 (como é que já passaram quase 20 anos?!). mininas dos livros sagas. Rowling é fundadora e apoiante de diferen- Os seus livros foram já traduzidos em diver- tes organizações de solidariedade, entre elas a u bastante cedo e sas línguas, incluindo: grego, finlandês, turco, “Lumos” para a qual revertam fundos das vendas ofessor de inglês, húngaro, yiddish, português, entre outras. do livro “The Tales of Beedle the Bard” uia de indicações Tem 3 cães e 4 gatos na sua casa em Actualmente vive na Escócia com o seu marido ntasia. Massachusetts, onde vive com a sua mulher e e 2 filhos. Junho de 2009. 3 filhos. Até hoje continua a encontrar-se com o seu grupo de amigos para jogar Dungeons & Dragons aos domingos

J a n e i r o 2 0 1 7 32 Lancem Iniciativas JOGOS NARRATIVOS VS. NARRATIVAS LINEARES: TERCEIRA PARTE Esta secção é da autoria do nosso convidado, Sérgio Mascarenhas, membro da coordenação do Grupo de Roleplayers de Lisboa, que nos vem falar sobre dramaturgia e role-playing games Nesta pequena série de artigos temos reproduções de objetos reais (cartas e outros documentos, coisas importantes para a cena). estado a explorar as ligações entre a criação Caso o local do jogo o permita, o mestre de jogos narrativos e as narrativas lineares que pode jogar com a iluminação, a música e sons os inspiram,sejam elas o cinema,a BD,o teatro, ambientes, a disposição no espaço, etc. São as séries de tv ou a literatura. inúmeras as possibilidades de jogar com esta TECNOLOGIA cenografia, e também aqui há uma repartição Tal como nas demais produções dramáticas, de recursos entre mestre de jogo e jogadores, os jogos narrativos podem recorrer a toda uma embora seja comum caber ao primeiro o maior parafernália de instrumentos cénicos para dar contributo para animar a partida.A dificuldade evidência física às situações que ocorrem no está, como sempre sucede em produções universo de jogo. É assim comum verem-se amadoras,em calibrar de maneira adequada as no decurso do jogo elementos gráficos (como ambições com os meios disponíveis.Por outro mapas e desenhos),plásticos (as miniaturas são lado,há muita gente que vê com desconfiança, muito usadas,sobretudo em jogos de ação) ou se não mesmo com franco desagrado, o recurso a elementos explicitamente lúdicos

que possam enfatizar o jogo sobre a narrativa, Lancem Iniciativas 33 E s p e c u l a t ó r i otais como tabuleiros ou miniaturas. JOGOS DE PERCURSO. As personagens DIREÇÃO. É, por definição, a função do são colocadas numa situação onde se veemmestre de jogo. Cabe-lhe articular as várias forçadas a seguir um percurso com alternativascomponentes do jogo narrativo, quer dizer, de movimento limitadas. O exemplo típicoelementos descritivos e enredos, por um lado, é o clássico dungeon. Este tipo de jogo temcomponentes de técnica narrativa, por outro, referenciais narrativos vários e sucessoe sistema de jogo, por último. A convenção assegurado, se o enredo assentar em cenasé, aliás, a de que o mestre de jogo tem na bem construídas e espetaculares.Porém,corremão tudo exceto os protagonistas que, o risco de se tornar rapidamente repetitivo enaturalmente, estão nas mãos dos jogadores. desinteressante.Escusado será dizer, é precisamente aqui quese joga o sucesso de um jogo narrativo. Se, JOGOS CAIXA DE LEGO (SANDBOX)pelo menos num jogo convencional, a direção O mestre tem à disposição uma série derequer um controlo de todas as componentes personagens, situações, elementos cénicos edo jogo,mas a decisão sobre o comportamento mini enredos variados,mais ou menos ligadosdos protagonistas escapa ao mestre de jogo, entre si. Os protagonistas têm liberdade depodem ocorrer situações onde as intenções do definir o seu percurso, cabendo ao mestremestre e as intenções dos jogadores entrem assegurar que a cada momento se irão depararirremediavelmente em choque. com cenas interessantes. A maior liberdade deste tipo de jogo tem como desvantagens A realidade é que a direção do jogo impor aos jogadores uma intervenção maisnarrativo é por natureza distribuída entre os ativa e ao mestre de jogo dispor logo à partidadiversos participantes na sessão de jogo, não de um acervo de materiais de jogo muitose concentrando apenas no mestre. Como alargado.assegurar uma adequada direção de jogo nestecontexto? É evidente, não há uma resposta JOGOS COM DIREÇÃO ROTATIVAúnica para esta questão, vejamos algumas Estes jogos seguem o modelo convencionalalternativas possíveis. de mestre de jogo mais jogadores de protagonista mas, em lugar de haver um

J a n e i r o 2 0 1 7 34 Lancem Iniciativas Se num jogo narrativo convencional há um participante que acumula a direção com boa mestre fixo, esta função roda entre todos os parte da produção (o mestre de jogo), num membros do grupo. Isto pode ter lugar numa jogo com direção partilhada estas funções são sessão de jogo, mudando o mestre de cena asseguradas por todos os jogadores. para cena, ou entre sessões de jogo, mudando o mestre de enredo para enredo. A dificuldade está em definir quem faz o quê em cada momento do jogo e em assegurar a JOGOS COM DIREÇÃO CONJUNTA coerência dos diversos contributos. Mantém-se a estrutura convencional mas as funções de mestre de jogo são asseguradas Isto requer,não raro,a introdução de regras por várias pessoas.É um modelo que potencia estritas sobre o desempenho das funções espetaculares sessões de jogo com um elevado narrativas, regras que nem sempre são do número de protagonistas, distribuídos por agrado dos jogadores. várias mesas com enredos variados mas articulados entre si. Outras alternativas haverá,mas o que interessa é JOGOS COM DIREÇÃO PARTILHADA que os jogadores descubram Tal como sucede em muita produção o modelo de jogo narrativo dramática, a direção e demais funções podem que lhes dá mais prazer e distribuir-se pelos jogadores de várias formas. com que se sentem mais confortáveis. Bons jogos em 2017! Sérgio Mascarenhas

Outras EspeculaçõesDIÁRIO DE UM INTERNAUTA PERDIDO NO ESPAÇO ESPECULATIVO 35 E s p e c u l a t ó r i o Durante a minha viagem deambulante Claro que (quase) tudo o que pode correr mal corre, especialmente com certos tipos deneste espaço especulativo dei recentemente jogadores, enquanto seguem na sua jornadade caras com uma webcomic bastante apropri- de para destruir “The One Ring”.ada para o tema deste mês -“DM of the Rings” Uma webcomic repleta de clichês hilari- Não sendo uma criação recente, datando antes, sempre acompanhada por um comen-de 2006, foi com grande entusiasmo que me tário certeiro do autor.dediquei a ler todas as páginas desta divertidahistória, criada por Shamus Young, um escri- Se são fãs de webcomics, Tolkien e/outor/engenheiro, fã de jogos e, claro, de Tolkien. Dungeons & Dragons espreitem o “DM of the Rings”! Apesar de ser um conceito bastante origi-nal - usar imagens da trilogia “The Lord of the CatarinaRings” de Peter Jackson para contar a históriade um grupo de Dungeons & Dragons - temcomo base a ideia já bem estabelecida de queo mundo de Tolkien foi o rastilho para a criaçãodos RPG’s modernos. Nem toda a gente concorda com esta ideia,mas essa discussão também não é para aquichamada. O que interessa é que, ao longo de maisde uma centena de páginas, podemos seguiras aventuras de um grupo de jogadores, queincluem todos os estereótipos que possamimaginar, enquanto são apresentados aomundo de Tolkien através de um RPG moderno.

J a n e i r o 2 0 1 7 36 Uma Caixa Cheia de Peças LORD OF THE RING JOGO COOPERATIV DESTRUIR O ANEL “The Lord of the Rings” conta ao longo de três livros um conto épico do bem contra o mal.A história começa em Bag End no Shire,na casa de Frodo Baggins.Frodo é um Hobbit -pequenos humanóides com pés peludos e grandes apetites,normalmente não propensos a aventuras. Frodo tem um Anel de ouro, herança do seu tio Bilbo, que o “encontrou” depois de uma criatura chamada Gollum o ter deixado cair, no curso de uma longa viagem anterior relatada por J.R.R. Tolkien em “The Hobbit”. A questão é: será que é possível que este pequeno Hobbit possa salvar toda a Terra Média de Sauron,o dono original do Anel? Como este mês dedicamos o nosso mês conseguimos ganhar! à fantasia e especialmente a J.R.R. Tolkien, faz Este jogo é diferente da maioria dos outros sentido que falemos sobre um jogo de tabuleiro jogos de Lord of the Rings e era bastante inspirado por uma das obras mais famosas do inovador quando saiu em 2000, uma vez que autor: “The Lord of the Rings”. é um jogo cooperativo.Como não podia deixar de ser,o objectivo do jogo é destruir o Anel em Mas deparámo-nos com um problema… Mordor ao mesmo tempo que fugimos (ou pelo qual dos jogos? Pois é, uma pesquisa rápida menos evitamos ir na direcção) de Sauron. pelo Board Game Geek mostra-nos que existem mais do que 20 jogos sobre este livro, por isso Outra coisa engraçada neste jogo é que acabámos por escolher um que já jogámos, vamos numa viagem por vários cenários do conhecemos e que incrivelmente, nunca livro,começando em Bag End e depois passando

Uma Caixa Cheia de PeçasGS - O exemplo em Moria é lutar contra o 37 E s p e c u l a t ó r i o Balrog) ou então resolver todos os eventosVO PARA daquele cenário (dica os eventos não são normalmente bons!).Os jogadores podemL Nesta rubrica olhamos para os nossos jogos sempre completar caminhos adicionais preferidos, explicamos as mecânicas dos jogos e de cada cenário para conseguirem bónus, damos a nossa opinião sobre os mesmos mas têm de equilibrar com o caminho principal,para não perderem muito tempo e cartas! por Mines of Moria, Helms Deep, Shelob’s Lair Para poderem ir avançando nos e Mordor, podendo descansar em Rivendell e diferentes marcadores, os jogadores têm Lothlórien. Para além destes tabuleiros, existe de revelar cartas de história até moverem ainda um tabuleiro principal que permite aos o marcador num dos caminhos do cenário jogadores controlar o progresso do jogo, e e fazer a actividade correspondente ao também o progresso de Sauron e quanto os símbolo. Apenas após é que podem jogar hobbits são afectados pela sua corrupção. cartas de demanda (até duas por turno). Ajuda poderá vir na forma de Gandalf, No início do jogo,os jogadores escolhem as embora exista um número limitado de suas personagens hobbit e escolhem um deles cartas que podem ser utilizadas. para ser o portador do anel, no entanto no final de cada cenário este papel pode mudar! Para poder atravessar os diversos cenários os jogadores têm que atravessar o caminho correspondente à actividade principal daquele cenário (por

J a n e i r o 2 0 1 7 38 Uma Caixa Cheia de Peças ou os hobbits chegam ao final do caminho principal de Mordor e destroem o anel. Sempre que um Hobbit é afectado pela corrupção de Sauron (ou seja,cai na mesma casa Como vos disse, ainda não conseguimos que ele no marcador da corrupção),esse hobbit ganhar este jogo, talvez devido ao forte é removido do jogo. Por isso é necessário ter componente de sorte que é necessário para que as cartas e os dados nos corram bem! bastante cuidado para que isso não aconteça. Apesar de dar até 5 jogadores, a verdade é O jogo acaba quando toda a irmandade morre que quanto menos jogadores, menos letal é o jogo e mais fácil deve ser conseguir ganhar (acho eu…). Apesar disso recomendo vivamente o jogo, principalmente se são fãs de Tolkien, uma vez que tentaram incorporar bastante do livro nas cartas, tokens, e cenários e a própria mecânica reflecte o caminho nada fácil que a irmandade do anel teve para conseguir destruir o anel. Boas sorte e boas jogatanas! Inês Guia de Conversação Ficcional - Amigo High Valyrian \"Speak friend and enter\" Dothraki Sindarin Raqiros [ra'qiros] Quenya Okeo [okeo] Klingon Mellon [mˈɛll̡ ɔn] Ewokese Nildo [nˈiɫ.dɔ] Goa'uld Jup [ʒup] Jeerota [ʒˈi.ɾu.tˈa] Tek [tˈɛk]

Uma Caixa Cheia de PeçasKICKSTARTER DO MÊS - TAO LONG 39 E s p e c u l a t ó r i o Tao Long é um jogo de tabuleiro de Quando um dragão acaba o movimentoestratégia, em que os jogadores são dois virado para o outro pode atacar e removerdragões unidos pelo Tao (o princípio criador parte do inimigo.do Universo) e tentam tirar o outro dragão dotabuleiro. Este jogo promete ser um jogo simples com muita estratégia, embora possa oferecer Em cada turno, cada jogador utiliza o grande repetibilidade e pode ser expansíveltabuleiro de Gua (que representa os diferentes até 4 jogadores.elementos que constituem o universo) parapoder ver qual é o tipo de acção que pode Lembra-me um pouco o Tsuro, remetendofazer, nomeadamente o tipo de movimento a para um maior nível de abstração do cenárioefectuar: por exemplo, se vai movimentar-se envolvente (ou seja a história do jogo representana horizontal ou vertical. um papel muito pequeno) e fazendo o jogador concentrar-se na estratégia pura. Inês

FP oá lghi na as se qRuaeb di sãcoo sa s a sJ a n e i r o 2 0 1 7 40 AVENTURAS FANTÁSTICAS CAPÍTULO 5 - ACÇÕES E CONSEQUÊNCIAS Nas Aventuras Fantásticas, seguimos as aventuras de Irwer, mas quem decide o próximo passo são vocês! Basta para isso votarem na opção que mais gostarem e, no próximo mês, verem o resultado das vossas escolhas “Ok,acho que com as nossas capacidades que passava por si. devemos de ser capazes de atravessar a zona No jipe, Valgoria viaja de pé, espada em de caça dos tubarões.”diz Irwer,ao que Valgoria riste, cortando todo e qualquer tubarão que responde com um indiscernível grito de guerra. se aproxima, espalhando sangue e entranhas “Mas se vamos fazer isto,vamos faze-lo à minha pelo chão do deserto. maneira.Mantenham-se perto de mim,e prego a fundo!” Um tubarão aproxima-se de um ângulo morto, nas costas da Valgoria, saltando para Irwer arranca a todo o vapor em direcção abocanhar a guerreira, que se baixa no último aos tubarões terrestres, o jipe dos seus instante, evitando um golpe que teria sido companheiros seguindo-o o mais perto que decerto mortal. consegue. Rapidamente as nuvens de poeira mudam de direcção e traçam uma rota de O grupo não abranda, nem volta atrás para colisão com Irwer e o seu grupo. acabar com os tubarões que ainda os perseguem, continuando até os tubarões perderem o Abrindo um compartimento lateral da sua interesse nesta presa tão trabalhosa. mota,Irwer desembainha uma enorme espada, que facilmente empunha com uma única mão, “Ok, parece que desistiram.” soa a voz de mantendo a outra a segurar o guiador da mota. Irwer no rádio do jipe.“Estão todos bem aí no O primeiro tubarão salta de dentro da terra, jipe?” a sua enorme bocarra apontada ao corpo do Irwer, mas Irwer desvia a mota do caminho “Estamos todos.” responde Willem. mesmo a tempo, abalroando um segundo tubarão e espetando a sua espada num terceiro

Valgoria, ainda empoleirada no jipe, P á g iFnoalsh aqsu ee dRãaob iAs cs oa s 41 E s p e c u l a t ó r i osoltando gritos de vitória,volta finalmente parao seu lugar “Boa batalha!” exclama a guerreira Valgoria volta para perto de Zora, lágrimas“Gostaste de ver a tua mãe a dar cabo daqueles escorrendo pela cara.tubarões, Zora?” “Foi só o braço dela. Ela está a perder “Zora?”repete a guerreira“Zora? Zora! Parem sangue, mas se conseguirmos água, eu e oo jipe!” Willem podemos curá-la.” Willem rapidamente mete os pés ao travão e “Não há tempo.” diz Irwer “Não vamosIrwer dá a volta á mota para se juntar ao grupo. conseguir arranjar água suficiente para vocêsQuando finalmente chega ao jipe e desmonta, conseguirem fazer magia.E o jipe é demasiadoa sua cara têm um encontro imediato com um lento.Eu levo a Zora até Trenkell.Vocês arranjempunho massivo,que o manda a voar uns metro um sítio para acamparem e esconderem-separa trás. do zénite de Vutha e eu chego lá antes dele acontecer.” “A culpa é tua, elfo! Vou-te matar!” exclamaValgoria. Atrás dela, Willem e Caleb estão O QUE VAI VALGORIA FAZER? VAI DEIXARde volta da Zora, coberta de sangue. Willem IRWER, QUE ELA CULPA PELA FERIDA DArapidamente se dirige na direcção da guerreira, FILHA, LEVAR A ZORA ATÉ TRENKELL PARApondo-se entre ela e o Irwer. SER CURADA, OU VAI ESPERAR QUE OS MAGOS DA ÁGUA CONSIGAM FAZER A MAGIA “Calma! A culpa não foi só do Irwer. Ele NECESSÁRIA PARA CURAR A ZORA?avisou-nos do perigo. Agora temos de pensarna Zora.” diz Willem. BASTA PREENCHERES ESTE PEQUENO FORMULÁRIO E ESCOLHER O QUE VAI “E não só.”diz Caleb olhando para nascente, ACONTECER!onde já se consegue ver a forma completa deVutha. A OPÇÃO COM MAIS VOTOS SERÁ A VENCEDORA! MAS DESPACHA-TE, SÓ TENS ATÉ DIA 25 DE JANEIRO PARA RESPONDER!

Outras EspeculaçõesJ a n e i r o 2 0 1 7 42 A IRMANDADE ESPECULATIVA Numa noite chuvosa a Equipa do Especulatório Temos de Mantê-los reúne-se em segredo.... proteger os escondidos, volumes… seguros Tinha-lhes chegado às mãos volumes Mas como? até… preciosos, com informação sobre as Sim! O conselho movimentações dos geeks em todo o mundo. saberá o que fazer com eles Chegarem às mãos Os meus do Grande Preciosos! Conselho Sim! Geek… A continuar… Durante a viagem para o Conselho... Houve um ataque inesperado Ele está a fugir! Temos de o São meus! apanhar! Os meus Preciosos Este espaço em branco pode ser teu, ocupa-o! O Especulatório apoia projectos nos géneros da fantasia, ficção científica ou horror. Conta-nos a tua história e envia-nos textos, ilustrações, bandas -desenhadas ou outras que tais, e poderás vê-los numa próxima edição da Revista Especulatório. Vais deixar passar a oportunidade? [email protected] OU PELO NOSSO FACEBOOK

UMA 43 E s p e c u l a t ó r i oESPREITADELANOS ARTIGOSDO PRÓXIMOMÊS...Não há dúvida nenhuma que os geeks Para além disso durante este mês espera-também são românticos, embora às vezes se uma alta concentração de cupidos node uma maneira inesperada! E é por isso ar. Uma party mais incauta arrisca-se aque no próximo mês vamos falar-vos do ser alvo das setas e a ter que lidar compapel do romance na ficção especulativa! corações acelerados e borboletas no estô- mago. Como é que os jogos de tabuleiro eVamos falar-vos de como introduzir e RPG’s lidam com isso?equilibrar romance numa narrativa deficção fantástica, e que possíveis armadil- Se quiseres saber isto e muito mais, é sóhas esperam escritores incautos. leres os artigos que o Especulatório te vaiComo não podia deixar de ser vamos falar- trazer no próximo mês!vos do que é que andámos a fazer duranteJaneiro e quais os livros, jogos e eventosque nos chamaram mais a atenção.


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