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Capítulo XI - Distopias: Realidade ou Ficção Especulativa?

Published by Especulatorio, 2017-07-05 08:36:06

Description: Distopias – um sinal de que as coisas não correram como esperado, que a sociedade seguiu um caminho negativo e desprovido de esperança e bem-estar.

Não é o tema mais divertido, mas é rico em escolhas dentro da ficção especulativa.

Venham connosco nesta viagem especulativa que esperamos seja um abre olhos para a nossa própria realidade.

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ESPECULATÓRIO CAPÍTULO XI \"Distopias: Realidade ou Ficção Especulativa?\" JULHO 2017

Julho 2017 2 ÍNDICE Páginas que ESTANTE ESPECULATIVA 9 dão Asas FICÇÃO? TALVEZ, TALVEZ NÃO... 10 Lancem WORKSHOP DE PERSONAGENS: GRAMMATON CLERICS 18 Iniciativas BACHEREL DE MASMORRAS: DREAD 26 MEMORIES OF RIUNN: PARTE III 28 22 Folhas e Escrita: Pessoas Narrativas, Parte I - Primeira Pessoa 32 Rabiscos aventuras fantásticas 34 CALENDÁRIO DE EVENTOS 14 Especulando EUPHORIA, BUILD A BETTER DYSTOPIA: A (IN)FELICIDADE DA IGNORÂNCIA 17 a Realidade KICKSTARTER DO MÊS: SAGA WORLD BUILDER 4 Uma Caixa 13 Cheia de Peças FACTOS E FICCÇÕES: DISTOPIAS COMO ESPELHOS DA REALIDADE DIÁRIO DE UM INTERNAUTA PERDIDO NO ESPAÇO ESPECULATIVO Outras Especulações

Ficha Técnica EDITORIAL 3 EspeculatórioRevista Especulatório – Capítulo XI: Distopias:Realidade ou Ficção Especulativa - Julho 2017 Distopias – um sinal de que as coisasISSN: 2183-8682 não correram como esperado, que aProprietários, autores, produtores, editores, sociedade seguiu um caminho negativodesigners…enfim, tudo: Equipa Especulatório e desprovido de esperança e bem-estar.Esta revista foi escrita ao abrigo do antigo AcordoOrtográfico. O conteúdo editorial da revista é da total Não é o tema mais divertido, masautoria do EspeculatórioQueremos deixar claro que é rico em escolhas dentro da ficçãonão estamos afiliados com as entidades que aqui especulativa.divulgamos nem podemos ser responsabilizados pelaqualidade de eventos exteriores à organização do São várias as opções nos últimosEspeculatório. anos que procuram explorar quePorque reconhecemos a igualdade de género como características poderiam adoptarum Direito Humano e queremos promover a sua diferentes distopias.concretização até na escrita, onde se lê “o” deve ler-se“a” sempre que aplicável.. E nós fomos em busca de algumaContacto: [email protected] delas. EQUIPA DO ESPECULATÓRIO Venham connosco nesta viagem especulativa que esperamos seja MARIA INÊS SANTOS um abre olhos para a nossa própria Educação para a Cidadania Global realidade. ocupa-me 35 horas semanais, ser geek ocupa-me a vida toda. Viciada em ler sempre,boardgamer ocasional e jogadora de D&D novata CARLOS ALMEIDA Programador durante o dia, geek inveterado durante... bem, sempre! Seja com boardgames, RPGs livros, filmes, series, jogos de computador e consola, vão sempre encontrar-me a fazer qualquer coisa geek! INÊS FRAGATA Sou uma Bióloga Evolutiva que tem uma paixão por jogos, livros e RPG’s. Um dos meus projectos é tentar criar um jogo que permita juntar os meus hobbies e a biologia! CATARINA SANTOS Estudei Biologia da Conservação por gosto, trabalho à secretária por necessidade, mas as minhas paixões incluem a escrita, os livros e todo o tipo de jogos.! Viciada em podcasts, webseries e clubes literários. DIOGO FIGUEIREDO Biologia, cozinha, eletricidade, vários oficíos mestre de nenhum. Gigantesco nerd por comida, cerveja, RPG’s, videojogos, boardgames, cinema e continuamente em busca de mais.

Outras EspeculaçõesJulho 2017 4 FACTOS E FICÇÕES: ESPELHO DA Hoje em dia, com os acontecimentos através de um reforço da violência,tanto física como intelectual, com as pessoas a sofrerem recentes a que temos assistido,e com o escalar lavagens cerebrais desde muito cedo para de violência contra diferentes populações, verem aquela forma de vida como a única tornou-se fácil traçar um paralelo com o que possível e correcta. Isto leva, claro, a uma acontece em mundos distópicos,supostamente grande perda da individualidade. ficcionais. Em outros casos,mesmo sem este processo Mas, antes de mais, há que definir o de condicionamento, a uniformidade entre as que consideramos sociedades ou mundos pessoas é forçada, perdendo-se o indivíduo e distópicos. passando-se apenas a pensar de uma forma colectiva. Traduzindo literalmente do grego, são comunidades que não são boas. As sociedades distópicas têm,normalmente, Estas sociedades são caracterizadas pela uma forte componente de estratificação social, desumanização das pessoas, por governos baseando-se muitas vezes na exacerbação da totalitários (que muitas vezes chegam ao poder falta de direitos das classes mais baixas, e devido a catástrofes ambientais ou guerra), e trabalhadoras, e reforçando o poder daquelas em geral pelo um declínio da sociedade tal que são consideradas as classes ou grupos como a conhecemos. superiores. Existem vários temas comuns aos mundos Muitas vezes esta imposição de controlo é distópicos na ficção. feita através do uso de tecnologia, sendo esta vista como algo negativo e como estando na Normalmente existe um governo que dita origem do poder do regime totalitário. Em vez as regras com mão de ferro,punindo qualquer pessoa que fuja à norma. Isto é conseguido

Outras Especulações: DISTOPIAS COMO 5 EspeculatórioA REALIDADEde ser utilizada como algo benéfico,a tecnologia Aqui assistimos a um totalitarismo forçadoé na verdade a razão que leva ao declínio da através da eliminação da capacidade de pensar,sociedade. ou questionar, e da remoção da história que marcou a evolução daquela sociedade. Deste Curiosamente, são na maioria das vezes modo, as pessoas não se lembram de comosociedades maioritariamente urbanas, com era viver antes deste governo e,assim,não têmpouco contacto com a natureza. como pensar que existe alternativa possível. A criação de mundos distópicos por vários Este livro é de 1953, porém consegueautores torna-se uma forma de satirizar ou ser bastante actual se pensarmos comochamar a atenção sobre problemas que os actualmente adoptamos uma postura demesmos identificam nas suas sociedades e grande passividade perante a informação.de, no fundo, soar o alarme sobre o que pode Vemos a maior parte das pessoas a acreditaracontecer no futuro. e a seguir cegamente o que vê na televisão Sinceramente, foi com um pouco de tristezae ira que encontrámos, demasiado facilmente,livros cujos os acontecimentos descritos nosremetem para o que acontece hoje em dia. Em “Fahrenheit 451”, por Ray Bradbury,vemos uma sociedade em que a população écontrolada pela televisão e o governo proibiutodo e qualquer livro. Ter um livro é sinónimode traição e a pena é a morte.

Julho 2017 6 Outras Especulações realidade, uma distopia. Todos são felizes, devido a uma droga que ou descobre na internet,sem questionar ou ler criticamente, mesmo as coisas mais absurdas, os mantém assim e que é distribuída pelo e sem exigir a qualidade e veracidade do que governo livremente, de modo a manter as lhes chega. classes trabalhadoras satisfeitas. Outro livro bastante associado com Tal como o“1984”,existe uma sátira forte da sociedades distópicas é “1984”, de George estratificação exagerada e do abuso de poder Orwell. Nesta história aparece o muito famoso das classes superiores, bem como da ideia de “Big Brother”,o sistema de vigilância que tudo vê lavagem cerebral. Estes são livros mais antigos e que tudo controla.Orwell misturou elementos e que mostravam um novo olhar sobre novos da União Soviética com a propaganda nazi e desenvolvimentos a que assistiam na vida em com a sociedade hierarquizada do Reino Unido, sociedade. criando uma sociedade em que o proletariado é controlado pelo Big Brother e qualquer Mas olhando para anos mais recentes, memória de um passado é apagada através não nos faltam exemplos de novos mundos de lavagens cerebrais constantes, criando um distópicos. povo sem vontade de mudar,ou mesmo de sair da vida que já conhecem. É um livro duro mas muito bem escrito,que nos faz odiar a nulificação das pessoas e do que significa a palavra indivíduo.A mensagem principal é clara: as guerras são criadas como forma de controlar as classes mais baixas. Normalmente, associo logo este livro ao “Brave New World” de Aldous Huxley, talvez porque os li logo um a seguir ao outro. Aqui as pessoas vivem supostamente numa utopia, que ao longo do livro se vai revelando ser, na

Talvez o que maior reconhecimento ganhou Outras Especulações 7 Especulatóriofoi o que nos é apresentado em “The HungerGames”, de Suzanne Collins. a aguardar o golpe mortal entre crianças treinadas para matar por uma causa sem Aqui são várias as pontes que fazemos sentido.com a sociedade que encontramos todos osdias. Por um lado, uma clara observação sobre Será assim tão afastado das inúmerasas desigualdades na distribuição da riqueza notícias a que assistimos sobre conflitos,e recursos no Mundo, com 12 (ou serão 13?) sem nada fazer? E será assim tão afastadodistritos totalmente diferentes e onde aqueles da realidade de algumas partes do Mundo,que se encontram mais próximos do Governo em que jovens são retirados às suas famíliascentral têm acesso fácil aos recursos,enquanto para combater em nome de líderes cuja únicaque as populações dos mais distantes têm de ambição é deter mais poder?lutar pela sobrevivência todos os dias. A mim parece-me uma crítica clara à nossa Por outro lado, assistimos à normalização postura.da violência, com esta a ganhar espectadoresávidos, sentados em frente da televisão Mas para mim,um nome inescapável quando falamos de distopias é Margaret Atwood.“The Handmaid’s Tale” marcou o início da minha ligação a Atwood (e não vou entrar muito por aqui visto terem uma crítica só dedicada a este livro) mas esta autora continua a oferecer-nos uma visão bastante questionadora da nossa realidade em livros como “Oryx and Crake”. Lançado em 2003,temos a dramatização do impacto das grandes corporações e do aumento do espaço que separa os mais ricos dos mais pobres, com repercussões catastróficas. Será possível continuar a apostar em progresso sem limites sem pensar na responsabilidade de cada um perante o Mundo que partilhamos? Com que consequências?

Julho 2017 8 Outras Especulações altos e baixos,os sucessos e as desigualdades? Porque se há algo em comum em todas as Enfim,muitas são as opções que poderemos apresentar e muitas mais aquelas que nem sociedades distópicas, ficcionais ou não, é o sequer conhecemos a fundo. Mas todas elas potencial para as transformar em espaços uma partilham características importantes. vez mais de conhecimento e questionamento, de envolvimento e participação. Se, por um lado, é clara uma visão negativa da realidade, não fossem elas obras distópicas, A mudança começa e acaba nas pessoas. em todos estes livros é também visível um Nas que se atrevem a procurá-la,a recusar viver esforço em lançar o alerta, abrir os olhos e as sobre o chapéu do medo e da insegurança.Nas mentes de quem os lê, e mostrar personagens que têm coragem suficiente para reconhecer que procuram fugir às regras e aos valores nas diferenças uma riqueza e não um risco, impostos. para ver nos desenvolvimentos científicos e tecnológicos uma oportunidade para todos e É verdade que a tecnologia tem perigos, é não apenas para alguns, para desconstruir os claro que cada vez mais assistimos à separação discursos extremistas como o resultado dos entre pessoas,entre grupos,entre comunidades medos de quem os diz e não de quem os ouve. e etnias, é inescapável que existem governos totalitários espalhados pelo Mundo e que Por isso, desafiamo-vos a ter os olhos bem estes começam com discursos extremistas e abertos e a recusar que a ficção distópica se baseados no medo do desconhecido ou do torne um espelho de uma realidade que não diferente. queremos ver! Mas também é verdade que cada pessoa Inês e Maria Inês tem o poder de recusar seguir estas narrativas e de analisar o Mundo e os avanços que ocorrem à sua volta. Cada um de nós tem uma opção: sigo o caminho que me é apresentado com uma venda nos olhos ou escolho retirá-la e lidar com a realidade, reconhecendo os seus pontos

Páginas que Dão Asas 9 Especulatório ESTANTE ESPECULATIVA Aqui estão as nossas propostas deste mês de livros e contos A LER,bem como as nossas opin-iões sobre contos já LIDOS. Vão resistir a acrescentar estes livros às vossas listas? A LER “THE STRANGE CASE OF THE ALCHEMIST’S DAUGHTER”,THEODORA GOSS (2017) Várias mulheres dos clássicos do Horror e Ficção Científica, incluindo Mary Jekyll e Justine Frankenstein, juntam-se para resolver assassinatos misteriosos, com a ajuda de Sherlock Holmes e Dr. Watson. Uma mistura a não perder! “THE REFRIGERATOR MONOLOGUES” , CATHERYNNE M. VALENTE (2017) Uma análise das vidas de várias super-heroínas e das namoradas dos super-heróis. Um livro que promete ser interessante, onde a autora explora subversivamente alguns clichés dos livros de super-heróis. “O FUTURO À JANELA”, LUIS FILIPE SILVA (1991) Uma antologia de um autor de quem já falámos bastante no Especulatório e que nos alicia com a ideia de um conto de ficção-científica com o Infante D. Henrique! LIDOS “THE VALIANT”, LESLEY LIVINGSTON (2017) PRÓ: Se gostaram do filme “Gladiator” e gostavam de ler a versão feminina dessa história, então vão gostar deste livro! CONTRA: É basicamente um romance (apesar das cenas de luta) portanto vejam se é isso que vos apetece ler de momento! “IF YOU WANT TO WRITE”, BRENDA UELAND (1983) PRÓ: Uma fonte de inspiração para quem procura motivação para deixar a imaginação voar para o papel. CONTRA: Se estão à procura de um livro de técnicas de escrita ou “how-to”, procurem noutro sítio! “A COURT OF THORNS AND ROSES” , SARAH J. MAAS (2015) PRÓ: Uma trilogia em que humanos e fae se misturam e onde a personagem principal inicia uma jornada bastante épica. CONTRA: É o início de uma trilogia e consta que poderão estar para chegar mais, por isso vejam se estão preparados para fazer o compromisso de os ler todos!

Páginas que são AsasJ u l h o 2 0 1 7 10 FICÇÃO? TALVEZ, TALVEZ NÃO... Este mês que decidimos dedicar a falar Este espaço é dedicado a apreciações e críticas de livros de todos os géneros e subgéneros de ficção especulativa. sobre distopias,o primeiro livro que me surgiu imediatamente foi “The Handmaid’s Tale”, de significar uma coisa: estas são as mulheres que Margaret Atwood. vão garantir que a espécie continue, servindo de concubinas e sendo distribuídas pelos casais Escrito nos anos 80, parece à primeira considerados de classes superiores. Perdem vista um cenário completamente distante e mesmo os seus nomes, passando a ser pro- uma visão distópica da sociedade americana. priedade do homem a que devem servir agora Descreve a República de Gilead,os antigos EUA (daí ser Offred, ou seja,“Of Fred”,“Do Fred”). agora governados por uma teocracia totalitária, onde cada pessoa tem um lugar muito especí- É um livro que custa a engolir, não só pela fico na ordem social. violência a que assistimos contra estas e todas as mulheres (deixam de poder ler e escrever, A personagem principal–Offred–faz parte deter propriedade ou trabalhar, entre muitos de um grupo venerado mas ao mesmo tempo outros direitos que já consideramos como desprezado – as “handmaids”. adquiridos) mas principalmente pelos para- lelos que conseguia ir estabelecendo com a O que são? Numa sociedade onde as taxas nossa realidade, ainda muito patriarcal. de fertilidade baixaram para níveis assusta- dores, que põem em causa a continuação dos Uma história que me faz sentir medo não só humanos,as“handmaids”representam as mul- por retratar uma sociedade onde os direitos das heres ainda capazes de engravidar. mulheres são inexistentes, onde a privacidade E num Mundo em que os homens detêm todo o poder, claro que isso só poderia

é algo do passado, onde se vive sob o puri- Páginas que são Asas 11 E s p e c u l a t ó r i otanismo extremo mas também sobre a ironiatotal (afinal de contas, as mulheres devem ser manipuladas que nos chegam sem que sejamospuras, quase transparentes, mas continuam a capazes de ler para além delas.existir locais onde os homens podem procu-rar outras mulheres…afinal de contas eles são É o nosso dever e direito garantirmos e que-apenas humanos…). rermos um mundo mais justo,tolerante,partil- hado e sustentável. O medo surge aindamais forte porque, No entanto, e daí gostar tanto deste livro,ao ler, senti que esta é também uma história de sobrevivência erealidade já esteve procura de autonomia.mais longe, que hojejá começamos a ouvir Seguimos Offred numa vida que não escol-os discursos que no heu, na qual é forçada a fazer coisas, a viver delivro são uma reali- um modo,que vai contra as suas convicções,osdade legalmente insti- seus valores. Mas fá-lo mesmo assim porque atuída, sobre os direitos sobrevivência é o seu objetivo, e reencontrar-das mulheres, as suas se com a sua família a sua meta.decisões em torno dosseus corpos e das suas vidas… Hoje muito é Fazparte da nossa qualidade como humanosdiscutido sobre o que cada pessoa não pode encontrar formas de superação, de ultrapassarfazer, o que é certo ou errado. os desafios, por mais horríveis que possam ser. E aí reside o verdadeiro carácter assustadordeste livro: pode ser uma realidade se todosnós não nos envolvemos, não conhecermoso mundo que nos rodeia de forma realista enão baseada em estereótipos, ou mensagens

J u l h o 2 0 1 7 12 Páginas que dão Asas Uma tentativa de demonstrar que é possível ultrapassar estas narrativas. Mas Isso não nos impede de ver o horrível, apenas o destino de Offred fica para sempre de decidir viver para além disso. desconhecido. Acredito que sobreviver é importante. Um livro que custa, mas vale a pena, ler. Mas mais importante é ser capaz de impedir E para quem quiser assistir a uma drama- que as nossas comunidades, os nossos países, tização desta realidade,não deixem de esp- o nosso Mundo, cheguem a este ponto. Temos reitar a última adaptação da história para de nos envolver agora,temos de ter estas con- televisão, uma produção da Hulu. versas e desconstruir estas narrativas extremis- tas, populistas, irreais, agora e não deixar para Desculpem se esta crítica parece um depois.O livro mostra o que poderia acontecer pouco dramática demais, este livro fez se agirmos tarde demais. mesmo o meu sangue borbulhar. É verdade que é uma distopia, uma socie- Mas acreditem que vale a pena ficarem dade que claramente enveredou por um a conhecer Offred, uma personagem caminho negativo, e onde o bem-estar das inspiradora! pessoas está completamente comprometido.Só espero que distopias como esta possam ajudar- Boas leituras! nos a desconstruir a nossa realidade e afastar- Maria Inês nos da busca de supostas utopias disfarçadas. Esta história acaba com uma nota de esper- ança pois no final ouvimos um pouco sobre qual foi o futuro de Gilead. Este regime totalitário foi der- rubado, voltou a ser valo- rizado o conhecimento, a procura da verdade.

Outras EspeculaçõesDIÁRIO DE UM INTERNAUTA PERDIDO NO ESPAÇO ESPECULATIVO 13 E s p e c u l a t ó r i o No meio da imensidão que é o Espaço de George Orwell, e “The Fifth Season”, de N.Especulativo conseguimos este mês encon- K. Jemisin.trar um podcast que discute o que acontecequando se torna difícil distinguir a realidade Uma discussão inteligente, tendo por basecom a ficção distópica. várias obras de ficção especulativa distópica, que toca em assuntos actuais e relevantes, Em Radio Free Dystopia a jornalista Meg sem esquecer o entusiasmo por este géneroHeckman e o escritor Toby Ball, em conjunto de ficção!com vários convidados,discutem autoritarismo,liberdade de expressão e actos de resistência, Um projecto ainda no seu início, mas jáentre outros. com uma mão cheia de episódios muito interessantes. No primeiro episódio, intitulado “Welcometo the Resistance”,fala-se de livros como“1984”, Catarina

Uma Caixa Cheia de PeçasJ u l h o 2 0 1 7 14 EUPHORIA, BUILD A DYSTOPIA: A (IN)FE DA IGNORÂNCIA Nestaru as mecâ Num mês em que se fala sobre distopias opressores e acabar com o regime totalitário. Cada jogador representa um indivíduo que na nossa revista, não pude deixar de procurar descobriu a verdade sobre a máquina por detrás sobre jogos de tabuleiro cuja a base seja uma do regime e após vários anos conseguiu reunir distopia.A primeira coisa que vos tenho a dizer as peças para deitar abaixo o governo. é que não é fácil! Há um sem número de jogos que falam sobre futuros pós apocalípticos,mas Neste momento tem com ele dois na verdade não são mesmo sobre distopias… trabalhadores, cujo o nível de percepção da realidade varia ao longo do jogo (ver abaixo) e A lista com que acabei não foi propriamente dois aliados, um que conseguiram converter à muito grande, mas houve um nome que me vossa causa e outro que percebe o porquê de o soou mesmo muito bem: Euphoria, Build a quererem fazer, mas ainda precisa de mais um better dystopia. bocadinho para convencer. A primeira coisa a captivar-me foi o São estas as peças iniciais dos jogadores nome. O nome é uma sátira só em si, porque para conseguirem chegar ao objectivo último supostamente viver na distopia não é algo bom. de derrotar o opressor. Para conseguirem esse Para além disso alude a um dos sistemas de objectivo têm de espalhar a vossa influência controlo que é utilizado em distopias, que é por várias zonas do tabuleiro (representadas manter o povo sem saber dos problemas e viver pelas estrelas da autoridade). num ambiente “feliz”. O primeiro jogador a atingir 10 estrelas, O objectivo do jogo é, claro, lutar contra os

Uma Caixa Cheia de PeçasA BETTER nos túneis, para ajudar ao ataque ao regime; 15 E s p e c u l a t ó r i oELICIDADE colocar marcadores de autoridade ou construir ou ocupar o mercado. ubrica olhamos para os nossos jogos preferidos, explicamos ânicas dos jogos e damos a nossa opinião sobre os mesmos Para além disso, durante o jogo o nível de lealdade das diferentes facções, que vivem ganha o jogo. na cidade, vai mudando. Na maior parte das Como devem ter adivinhado este jogo é vezes isto acontece como consequência directa, através das acções dos jogadores. um típico “worker placement”, em que para conseguirmos recursos e executarmos acções Converter o tal segundo aliado com que específicas,temos de usar os trabalhadores nas começamos, está directamente dependente diferentes zonas dos tabuleiros. do nível de lealdade da sua facção chegar ao máximo. Durante o turno os jogadores podem activar todos os trabalhadores Só quando isso acontecer e nós o que têm o mesmo valor ou convertermos é que podemos começar a tirar retirar quantos trabalhadores partido das suas habilidades. Isto reflecte quiserem. Sempre que o também a dependência da lealdade das fizerem têm de os rolar. pessoas no número de pessoas a apoiá-la ou Nas várias zonas do tabuleiro os jogadores podem ganhar recursos (para comprar coisas, pagar acções, trocar por outros recursos ou comprar novos trabalhadores); trabalhar

J u l h o 2 0 1 7 16 Uma Caixa Cheia de Peças engenhosa de implementar a parte de que as nossas acções podem revelar partes do império nos objectivos que já conquistou.O que,vamos que estavam escondidas até então. E que nem confessar,até acontece muitas vezes no mundo toda a gente consegue lidar com o lado feio real. do mundo! Outro detalhe que achei também muito Outra coisa que me chamou a atenção é a bem conseguido é que existem posições em condição de vitória: para derrotarem o regime que podemos empurrar os trabalhadores que têm de espalhar a vossa autoridade, e não é só estão nesse local, para podermos nós efectuar nalgumas zonas, deve ser em todas as zonas a acção. O trabalhador que foi empurrado, é da cidade. Isto combinado com o facto de que retornado ao jogador e rolado novamente, podem ganhar bónus ao conseguirem certas antes de se juntar ao grupo de trabalhadores zonas do tabuleiro, como por exemplo os para serem colocados. mercados, representa o facto de que à medida que começam a influenciar as várias zonas Escolhi este jogo porque gostei muito da cidade, ganham também “expertise” em da maneira como os criadores conseguiram diferentes acções. Cria-se então uma espécie implementar a temática nas mecânicas do jogo. de resistência organizada, que se espalha pela cidade. A primeira coisa que me chamou a atenção foi que os trabalhadores são representados por Para além disto, gosto também que eles dados e o nível de conhecimento que eles têm têm mercados onde não se pode colocar sobre o mundo em que vivem é dado pela face marcadores de autoridade.Ou seja não podem do dado. ser convertidos à causa,mas também não fazem nada para a opor,simplesmente querem ganhar Quando a soma do nível de conhecimento dinheiro. E isso acho que também é uma boa de todos os trabalhadores atinge um certo representação de uma sociedade distópica. patamar, perdemos um trabalhador, que deserta a nossa causa por não aguentar saber o Em geral este jogo parece ser muito giro, e que se passa.O nível de conhecimento é rolado acabou de passar para o meu top de wishlist! cada vez que se activa ou se vai buscar um trabalhador. Basicamente, cada vez que expõe Boas jogatanas, os vossos trabalhadores a algo,arriscam-se que Inês ele vos deserte. O que é uma maneira muito

Uma Caixa Cheia de Peças 17 E s p e c u l a t ó r i oKICKSTARTER DO MÊS: SAGA WORLD BUILDER Este mês vimos falar-vos de um projecto de onde está o tesouro e que tipo de tesouro ékickstarter que poderá ser o sonho de muitos que poderá ser!GMs - “Saga World Builder: Modular Tiles forTabletop and D&D Games.” Permite ainda um modo de jogar em que o GM vai adicionando as peças, já preparadas, Como devem perceber pelo título, o à medida que os jogadores vão descobrindoobjectivo deste projecto é financiar a criação o mapa, sem ter recorrer a folhas em cima dode um sistema para mapas de D&D. mapa ou algo do género. Este sistema consiste numa série de mapas Como devem imaginar já fizemos backmodulares, vários objectos, itens mágicos, deste sistema.armas, decorações e equipamentos, tudo oque um GM precisa para construir um mapa, Se estiverem interessados, têm de serque pode ser mudado facilmente. rápidos, que acaba no dia 13 de Julho! Todas as peças do sistema são forradas Boas jogatanas,a plástico aderente, o que permite utilizarmarcadores para escrever e apagar. Inês Ainda mais giro, vêm com uma série deautocolantes de itens, equipamentos, armase decorações que podem ser adicionadosàs diferentes casas, tornando mais fácil osjogadores e o GM irem vendo o que está nasdiferentes peças. Para além de que, parecemuito fixe encontrares a sala e saberes logo

Lancem IniciativasJ u l h o 2 0 1 7 18 WORKSHOP DE PERSONAGENS: G R A M M AT O N CLERICS Nesta secção, analisamos as nossas personagens preferidas pelos olhos de um jogador,desconstruindo e recriando-as através do sistema de RPG Pathfinder Boas pessoal! que misturam artes marciais de corpo a corpo com o uso de armas. Bem vindos à Workshop de Personagens. Neste mês distópico vamos falar de um grupo Vamos começar então por destilar as bases de personagens de um dos meus filmes dos Clerics. preferidos.Apresentamos então os Grammaton Clerics do filme “Equilibrium”. Raça: Infelizmente, Pathfinder não nos facilita a vida para recarregar duas armas de Para quem não conhece, os Clerics são uma fogo. Felizmente, o Tiefling, com o Racial Trait força especial criada para procurar e erradicar Prehensile Tail deixa-nos por a uma pistola na a fonte da crueldade entre os humanos: a cauda para podermos recarregar as duas com capacidade de sentir, pois o Tetragrammaton, uma das mãos. Se o vosso GM vos permitir o governo, acredita que as emoções foram as recarregar as armas com as duas mãos culpadas pelos fracassos das sociedades do ocupadas,aconselho escolherem então Android passado. como raça, pois a fria distância emocional destes robôs é ideal para imitar a privação Estes Clerics são treinados numa arte emocional dos Clerics. marcial especial, chamada de Gun Kata, em

Classe: Esta semana voltamos a usar Lancem Iniciativas 19 E s p e c u l a t ó r i omaterial não oficial, mas a classe MysticPistoleer, que mistura Monk e Gunslinger, é Armas: O Mystic Pistoleer dá-nos uma Pistolademasiado adequada aos Clerics para ser em nível 1 e diz-nos que temos de comprarignorada.Para além disso,infelizmente,não há outra assim que possível.Depois disso,o ideal émaneira de tornar pistolas em armas de Monk, arranjar dois revólveres,para serem mais fáceispara podermos fazer Flurry of Blows com elas. de recarregar e poderem disparar mais tiros. Ora, vamos às habilidades em si.NÍVEIS 1-7Classes: Mystic Pistoleer 7Feats: Point-Blank Shot (1º), Rapid Reload (Bónus Feat), Precise Shot (3º), Deft Shootist (5º),Weapon Focus (Revolver) (7º)Habilidades relevantes: Flurry of Blows, Gunsmith, Unarmed Strike, AC Bonus, Evasion, FastMovement, Still Mind, Hail of Bullets, High Jump, Pistol Expert, Ki grit (magic), Deeds (Deadeye,Gunslinger’s Dodge, Quick Clear, Gunslinger Initiative, Pistol-Whip, Utility Shot) Começamos a nossa selecção de feats com ACBonus,Fast Movement e High Jump fazem comas essenciais para qualquer gunslinger: Point- que o nosso Cleric possa estar sempre no meioBlank Shot, Rapid Reload e Precise Shot. Deft da confusão, ao mesmo tempo desviando-seShootist ajuda-nos a não provocarmos ataques de todos os ataques e ameaças. Hail of Bullets,de oportunidade enquanto recarregamos as basicamente, cria um cone de 15 ft à frentearmas e, como em nível 7 já devemos ter do Cleric em que tudo o que lá estiver vaidinheiro para isso, Weapon Focus (Revólver) rapidamente deixar de estar.para ser ainda mais fácil acertar com os nossosataques, que já são todos contra Touch AC. Em termos das Deeds,as mais relevantes são Gunslinger’s Dodge - que permitem ao nosso Quanto à classe em si, Flurry of Blows com Cleric desviar-se ainda mais de ataques-e Quickos revólveres simula perfeitamente as Gun Clear - que nos deixa rapidamente remover aKatas dos Clerics, podendo já fazer 3 ataques condição Broken de uma arma, caso façamospor turno em nível 7. um misfire. Para além disso, habilidades como Evasion,

Lancem IniciativasJ u l h o 2 0 1 7 20 NÍVEIS 8-14 Classes: Mystic Pistoleer 14 Feats: Point-Blank Shot (1º), Rapid Reload (Bónus Feat), Precise Shot (3º), Deft Shootist (5º), Weapon Focus (Revolver) (7º), Rapid Shot (9º), Combat Reflexes (Bónus Feat), Snap Shot (11º), Improved Snap Shot (13º) Habilidades relevantes: Flurry of Blows, Gunsmith, Unarmed Strike, AC Bonus, Evasion, Fast Movement, Still Mind, Hail of Bullets, High Jump, Pistol Expert, Ki Bullets, Improved Evasion, Diamond Soul, Rapid Attack, Ki grit (magic, cold iron, silver, lawful), Deeds (Deadeye, Gunslinger’s Dodge, Quick Clear, Gunslinger Initiative, Pistol-Whip, Utility Shot, Dead Shot, Startling Shot, Targeting) Com 5 ataques em nível 14, considerando flurry of blows,ou ainda usando Hail of Bullets. todos os seus ataques como mágicos, cold iron, Nas Deeds temos de mencionar o silver e lawful e, usando um Ki Point, podendo dar 2d6 de dano com cada arma, o Cleric é Targeting que permite ao Cleric acertar em uma ameaça cada vez maior. Adicionando às partes específicas do corpo de um oponente feats escolhidas Combat Reflexes, Snap Shot e para desarmá-lo, mandá-lo ao chão ou Improved Snap Shot, o Cleric passa a ser mortal mesmo induzir a condição de confuso. O também fora do seu turno, podendo fazer Dead Shot também é bastante relevante, ataques de oportunidade com as suas armas. que permite juntar todos os seus ataques num único ataque devastador.Combinando Com Rapid Attack, o Cleric também pode isto com as Ki Bullets, acertando todos os descartar alguns dos seus ataques para se ataques, o Cleric consegue dar até 10d6 de mover enquanto ataca normalmente, usando dano em nível 14. NÍVEIS 15-20+ Classes: Mystic Pistoleer 20 Feats: Point-Blank Shot (1º), Rapid Reload (Bónus Feat), Precise Shot (3º), Deft Shootist (5º), Weapon Focus (Revolver) (7º), Rapid Shot (9º), Combat Reflexes (Bónus Feat), Snap Shot (11º), Improved Snap Shot (13º) , Blind Fighting (15º), Greater Snap Shot (17º), Dodge (Bónus Feat), Mobility (19º). Habilidades relevantes: Flurry of Blows, Gunsmith, Unarmed Strike, AC Bonus, Evasion, Fast Movement, Still Mind, Hail of Bullets, High Jump, Pistol Expert, Ki Bullets, Improved Evasion, Diamond Soul, Rapid Attack, Ki grit (magic, cold iron, silver, lawful), Deeds (Deadeye, Gunslinger’s Dodge, Quick Clear, Gunslinger Initiative, Pistol-Whip, Utility Shot, Dead Shot, Startling Shot, Targeting). Bleeding Wound, Expert Loading, Lightning Reload, Evasive, Menacing Shot, Slinger’s Luck)

Com uns assustadores 7 ataques por turno Lancem Iniciativas 21 E s p e c u l a t ó r i oquando em Flurry of Blows, e com um máximode dano por tiro de2d10, o nosso Cleric é uma CONSIDERAÇÕES FINAISmáquina de destruição em massa. Uma máquina de desfazer coisas em papa, o Cleric é apenas limitado pela capacidade de Acrescentamos nas Feats Dodge e Mobility, recarregar armas.para aumentar o potencial defensivo do Cleric Se o vosso GM for demasiado restrito com(não que ele precise assim muito). as regras de Reload, esta personagem não é para vocês. Blind Fighting ajuda o nosso Cleric a lutar No entanto, se o quiserem tentar à mesma,às escuras, o que é particularmente útil em um Beneficial Bandolier pode ajudar a facilitarconjunção com a habilidade de Darkness do o recarregar das armas.Tiefling. Podem também investir mais dinheiro em múltiplas pistolas, tê-las sempre carregadas Nas Deeds temos de mencionar o Lightning e usar a feat de Quick Draw para pegar numaReload,para facilitar ainda mais o recarregar das arma, disparar, mandá-la para o chão e pegarnossas armas,e o Evasive, para nos dar Uncanny na próxima.Dodge e Improved Uncanny Dodge. De qualquer maneira, o Cleric continua a ser eficiente se esquecerem o Flurry of Blows Para finalizar temos,em nível 20,a habilidade e focarem-se mais em fazer Hail of Bullets, quePerfect Fighter,que nos deixa escolher uma Deed vos dá um Reload de borla no fim do Hail.para usar a -1 de grit. Carlos As mais interessantes para esta escolhasão Lightning Reload - que passamos a fazermesmo sem grit - Gunslinger’s Dodge - para nosdesviarmos ainda mais dos ataques dos nossosoponentes - e Dead Shot - para podermos fazerum único ataque devastador contra oponentesfortificados quantas vezes quisermos.

J u l h o 2 0 1 7 22 FP oá lghi na as se qRuaeb di sãcoo sa s a s ESCRITA: PESSOAS N PARTE I - PRIMEIRA P Todos os meses vamos falar-vos de Escrita. Não sendo mestres no assunto, queremos oferecer inspiração e motivação a todos os escritores sonhadores que, como nós, querem passar para o papel as suas ideias. Como todos sabemos podemos, de uma Foca-se na personagem,e essa personagem pode falar com a nossa audiência já que são forma simplista, ter três tipos de Pessoas eles que estão a contar a sua própria história. Narrativas: 1ª pessoa, 2ª pessoa e 3ª pessoa. É mais fácil ter um protagonista com uma Vamos ignorar a 2ª pessoa porque muito voz característica e reconhecível,que os leitores raramente é usada-ler um conto que nos diz “Tu adorem rapidamente, facilita a criação de correste até ao salão” costuma ser demasiado simpatia pela personagem e com que os nossos confuso, apesar de existirem exemplos bem leitores fiquem a conhecê-la melhor. conseguidos e alguns clássicos, como a colectânea “Choose your Own Adventure”. Se Têm também uma excelente oportunidade quiserem tentar algo mais experimental,força! para criarem um narrador mentiroso, ou pelo menos, duvidoso, e assim criar mais tensão na Mas nesta primeira parte da nossa discussão vossa história. sobre Pessoas Narrativas, vamos focar-nos na primeira pessoa, onde temos normalmente Se tiverem uma personagem com uma a personagem principal a contar-nos a sua voz interessante e divertida pode facilitar a história. transmissão de informação base sobre o vosso mundo, que é normalmente uma das facetas VANTAGENS GERAIS mais difíceis da ficção especulativa-apresentar É um modo de escrita que é bastante o nosso mundo espetacular e original sem ser imersivo, imediato e agarra a atenção do leitor aborrecido. rapidamente.

P á g iFnoalsh aqsu ee dRãaob iAs cs oa sNARRATIVAS da sua vida que ele contou num dia.No entanto, 23 E s p e c u l a t ó r i o se já leram ou ouviram este livro, sabem quePESSOA isso seria impossível. O audiobook do primeiro volume tem mais de 27 horas, e do segundo Um bom exemplo de algumas destas volume tem quase 43 horas! Normalmente este facetas é “The Name of the Wind”, de Patrick tipo de narrativa é escrita no passado, já que o Rothfuss, onde temos uma personagem nosso protagonista se está a lembrar,e a anotar, principal, Kvothe, que nos conta a sua história eventos que já aconteceram. na primeira pessoa, tem uma voz muito particular, muito poética, já que é músico, que VANTAGENS E DESVANTAGENS cria simpatia em nós, apesar de nem sempre Normalmente sabemos que a personagem ser a melhor pessoa do mundo,e é claramente principal sobrevive até ao final do livro, já que um narrador em que não podemos confiar são eles que nos estão a contar a história. Isto porque sabemos (ou temos a impressão) que pode retirar alguma da tensão do livro, já que, nem sempre nos diz a verdade (ou pelo menos mesmo quando o protagonista enfrenta uma exagera bastante). situação desesperante, sabemos que ele se vai safar no final. TIPOS DE NARRATIVAS NA 1ª PESSOA Existem subversões a isto, claro, em que a personagem principal afinal é um fantasma MEMÓRIAS a contar-nos a sua história, ou livros que O estilo mais comum, onde alguém nos começam o primeiro capítulo por nos dizer que conta as suas memórias,mas com muitos mais esta pessoa que está a falar vai eventualmente detalhes do que uma memória normal, como morrer, assim que acabar de anotar as suas se tivessem uma memória perfeita. memórias. De novo, um bom exemplo é “The Name of Mas pode ser uma boa maneira de preparar the Wind”.Kvothe está a contar a sua história a os leitores para o tom da história.Por exemplo,o um escriba, e cada livro é suposto ser a parte “The Name of the Wind”(prometo que é a última vez que usamos este livro como exemplo!), começa por nos mostrar uma personagem que era um grande herói e que agora é um

J u l h o 2 0 1 7 24 Folhas e Rabiscos dentro do seu mundo. “Dracula”,de Bram Stoker, é um bom exemplo estalajadeiro numa pequena aldeia. Assim, sabemos desde o início que vamos disto, pois todo o livro é uma colectânea de cartas enviadas pelas várias personagens, lidar com uma tragédia, a ascensão e a queda umas às outras, a contar os vários eventos que desta personagem. ocorrem. Se a história não tivesse esta preparação “Illuminae”, de Amie Kaufman e Jay Kristoff, inicial, quando chegássemos ao fim e é um outro exemplo mais recente e consiste assistimos ao final trágico do protagonista, numa série de documentos-relatórios,e-mails, iriamos possivelmente odiar o final! Mas entrevistas, etc - que são hackeados por uma como já sabemos o que nos espera, a tensão das personagens principais e nos contam a que nos puxa para continuar a ler é descobrir história daquele mundo. como a tragédia acontece. Não prejudica o livro sabermos que ele sobrevive,porque o que VANTAGENS E DESVANTAGENS queremos saber é como é que ele falha no final. Este é a maneira mais fácil de ter um elenco maior de personagens, já que as cartas, Em primeira pessoa torna-se mais difícil e-mails ou mensagens estão normalmente mostrar mais que um ponto de vista.É possível identificadas e sabemos quem é que as está ter talvez duas ou três personagens principais, a escrever, quando, e para quem. Os capítulos mas têm que ter vozes muito características costumam ser bastante curtos e ajudam o leitor para serem facilmente distinguíveis. Torna-se a manter presente quem é a personagem,o“eu”, muito confuso para os leitores se quiserem ter que está a falar no momento. um elenco de 30 ou 40 personagens,como em Tem também a vantagem de poderem alguns dos épicos de fantasia, pois o leitor vai manter o suspense sobre o destino final ter dificuldade em saber qual dos “Eus” está a das vossas personagens pois, sendo uma ler de momento. colecção de notas, podem ter personagens que morrem ou desaparecem no final, como EPISTOLÁRIO se os documentos tivessem sido encontrados Neste género de narrativa na primeira e compilados posteriormente por outra pessoa a história é contada através duma personagem qualquer no mundo. colecção de notas, cartas, tweets ou e-mails, que as personagens enviam umas às outras

Tem a desvantagem de, se tiverem muitas Folhas e Rabiscos 25 E s p e c u l a t ó r i opersonagens, as vozes de cada uma daspersonagens poderem tornar-se todas um primeira pessoa,especialmente por ser escritopouco parecidas e serem difíceis de reconhecer. no presente, e o melhor a dar-nos uma voz característica de uma ou duas personagens É o tipo de primeia pessoa em que a forma principais que nos mostram a sua visão dode contar a história está mais presente e pode mundo, o que o torna o mais imersivo.ser o foco do vosso livro, já que é aqui quepodem inovar mais. No entanto, pode ser um No entanto, por depender bastante da vozpouco menos imersiva exactamente por ser do protagonista, pode afastar leitores que nãocontada através de notas e cartas. se identifiquem, ou não gostem, dessa voz. CINEMÁTICO MISTURAR PESSOAS NARRATIVAS Uma forma de escrever na primeira pessoa Podem também ter uma mistura de Pessoasem que a personagem principal está a contar- Narrativas no mesmo livro. Um bom exemplonos a sua história mas, no entanto, não disto é “The Martian”, de Andy Weir, em queassumimos que ela a esteja a anotar devido à a maioria da história é contada na primeiramaneira como se descreve as cenas. pessoa, em epistolário, por Mark Watney nos É mais semelhante a se estivéssemos dentro seus logs diários em Marte.No entanto,quandoda sua cabeça enquanto as coisas acontecem passamos para a Terra mudamos para a terceiraou enquanto o nosso protagonista pensa no pessoa, focando-se num grupo pequeno deque aconteceu. pessoas. Um bom exemplo disto seria “The HungerGames”, de Suzanne Collins, ou “Divergent”, CONCLUSÃOde Veronica Roth. É normalmente escrito no O que interessa é que, independentementePresente (em oposição ao estilo Memórias que do tipo de primeira pessoa que usem, saibamcostuma ser escrito no passado),pois assistimos as vantagens de que podem usufruir, e osaos eventos enquanto eles acontecem. problemas que possam aparecer,para,no final, VANTAGENS E DESVANTAGENS conseguirem uma história que é tudo aquilo É o mais imediato de todos os tipos de que imaginaram. Agora vão escrever! Catarina

Lancem IniciativasJ u l h o 2 0 1 7 26 Aqui podem mensalmente encontrar um RPG diferente, mais ou mais complexo e pelo ponto de vista de alguém que não é exatamente um grande DM mas mais um.... BACHEREL DE MASMORRAS: DREAD pelo mecanismo de criação de personagens e, principalmente,pelo seu mecanismo de criação Em todas as histórias sobre distopias, e resolução de conflito. existe um elemento que é sempre prevalente Devido à sua natureza de jogo, as e que é o medo. Seja por ameaças reais ou personagens em “Dread” não são criadas com manufacturadas, o medo leva os habitantes base em classes ou arquétipos, mas através do universo da história a, numa primeira de questionários criados tendo como base o fase, abdicar dos seus direitos e, mais tarde, cenário que se vai jogar e que é apresentado previne-os de os recuperar. de forma simples ao jogador. E no que ao medo,e o seu irmão mais velho, Estes são preenchidos pelo jogador antes o terror, diz respeito, poucos RPGso usam tão do jogo em si começar e definem a história, bem como o “Dread”. personalidade e possíveis capacidades da personagem. “Dread” é um jogo de conto de histórias, muita na veia de jogos como “Fiasco” ou até Os questionários podem ou não ser iguais o “Dr. Magnet Hands”, eu que o foco do jogo para cada jogador, dependendo do grau de em si é a história e forma como os jogadores liberdade que o GM quiser dar para personagens. a contam e interagem com ela, e não tanto dados e estatísticas. O “Dread” difere por ser focado em terror,

Por exemplo, num jogo cujo cenário seja uma Lancem Iniciativas 27 E s p e c u l a t ó r i oestação espacial, cada questionário pode serdirigido de forma a dar um trabalho específico têm medo de fazer o que quer que seja, nãoa cada um dos jogadores e tendo, portanto, vá a torre cair e a personagem morrer,mas porquestões que são únicas. outro lado a história não avança e todas as personagens correm o risco de morrer,criando A principal característica diferenciadora de assim momentos de tensão incrivelmente“Dread”, na minha opinião, é a sua mecânica palpáveis e interessantes.de criação e resolução de conflito, a torre doterror. A torre do terror é uma normalíssima Dentro deste género, na minha opinião,torre de blocos à qual os jogadores têm de tirar “Dread” é dos RPGs que melhor consegueum bloco, de acordo com as regras de “Jenga”, recriar a atmosfera e ambiente de terror,em quesempre que querem que a sua personagem os jogadores se vão sentido progressivamentefaça algo que o GM considere difícil ou fora mais impotentes e oprimidos permitindo assimdas habilidades sugeridas pelo questionário. uma imersão fantástica com a história queO que torna esta mecânica fantástica é que, estão a jogar. Por essa razão recomendo dese durante a remoção de um bloco a torre cair, coração este jogo a todos os fãs do género doa personagem morre no jogo.Imediatamente! terror como algo a experimentar, sem sombraE, geralmente, sem qualquer tipo de salvação. de dúvida! Aos restantes, experimentem pelo menos uma vez. Quem sabe? Pode ser que Isto ajuda a criar um ambiente muito descubram algo de novo em vocês.semelhante às histórias de terror, que o jogopretende emular,em que,ao início os jogadores “Dread” é um jogo da autoria de Epidiahnão têm qualquer medo e fazem o que querem Ravachol.Podem obter mais informação ee precisam sem qualquer problema, mas alguns recursos gratuitos aqui ou comprá-loeventualmente vão ficando cada vez mais aqui.duvidosos e receosos, à medida que a torrevai ficando progressivamente mais instável e Se estiverem curiosos sobre como o jogoacabam em momentos em que, por um lado, corre aconselho verem os episódios deTableTop relevantes. Sem mais assunto me despeço, Diogo

J u l h o 2 0 1 7 28 Lancem Iniciativas MEMORIES OF RIUNN: PARTE III Esta secção é da autoria do nosso convidado, Bruno Ribeiro (@ jaiaxe), pai, marido, professor, escritor, designer de boardgames, mestre de jogo e jogador. Sessão #6, 7 espera de voltarem a encontrar o seu novo amigo,para consolidar as informações e quem Depois de uma noite bem bebida, em que sabe ter um guia para os ajudar. nem todos os membros do grupo aguentaram a pedalada, foram recolhidas informações de No entanto, Z’Var Gaen desaparecera. Z’var Gaen que colocavam Lord Bunegog no Ninguém o vira desde a noite anterior, armazém três noites atrás, e que já não era pensando que poderia estar apenas caído num a primeira vez que alguns membros da Blue beco com a ressaca o grupo ignorou e seguiu Dragon Hood se mantinham por perto. de imediato para o Rat District. Para além dessa confirmação,as indicações Vocês lembram-se de ter dito no resumo do Half-orc levavam para uma possível morada passado que tinha avisado os jogadores sobre no Rat District a Norte na cidade. a Blue Dragon Hood… e sobre os perigos de fazerem perguntas que ninguém quer responder? Depois de acordarem com as normais Pois os jogadores não se lembraram… outra vez! ressacas juntaram-se na zona das docas, à

O Clérigo Guldor aproveitou a boleia para Lancem Iniciativas 29 E s p e c u l a t ó r i ofazer os seus deveres no Templo de Pelor,tinhasido uma das obrigações que ficara implícita na da multidão que acudia por ajuda, e a guardaentrada na cidade, e Guldor não queria ser o não tardaria a chegar…mas o grupo estava vivo,responsável por terem de abandonar a cidade com pequenas mazelas e o numero de corpossem completar a missão. no chão… era um possível risco para tentarem explicar o que se passou ali. O restante grupo iniciou uma pequenainvestigação no Rat District, questionaram Ui,foi uma situação tão interessante de fazer…pelo nome da Blue Dragon Hood, por locais Abuso de força na cidade também dá direito aonde se possam esconder, ou quem é que são prisão, a defesa de cada pessoa na cidade é oos membros. trabalho e lucro da guarda,e quem faz o trabalho por eles não é visto com muitos bons olhos!! E não correu bem… Para piorar a situação, enquanto a guarda Encurralados por uma multidão que revelou chegava dois dos sobreviventes tentaramter alguns membros disfarçados que correram comer a sua própria tatuagem que estavapara os atacar, e uma luta no beco iniciou-se impregnada de veneno.com Urgoth esmurrando com a sua força,enquanto Mike ajudava com a sua magia,a luta O terceiro, Viktor Amin, amedrontado comtermina com alguns corpos ensanguentados no a situação não o conseguiu, explicou ao grupochão,alguns ainda respiram …ouve-se barulho que apenas queria proteger a família, o grupo sentindo-se responsável prometeu que o iria proteger, a troco de algumas informações acerca do que procuravam. A guarda chega nesse momento levando todos os presentes para a esquadra. Depois de interrogados e de explicarem a situação, o Viktor ficou retido e o grupo teria que ficar pela cidade e dar um local de dormida para caso de ser necessário a guarda querer entrar em contato.

J u l h o 2 0 1 7 30 Lancem Iniciativas Sem plano. Sem mapa. Em pleno dia. Depois de um combate.Sem descanso… O oficial excessivamente gordo Ashim Unkur era um ex-capitão despromovido que fora Sabendo que colocado a chefiar o pior distrito da cidade por para alem dos não ter a “fibra suficiente” para outro cargo… esgotos a única seria boa pessoa? Estaria Viktor Amin em boas pista que tem é uma mãos?... Muahahaha! taverna chamada Maço Ferrugento, Todos juntos, reuniram-se perto do templo o grupo decide de Pelor esperando por Guldor terminar os seus encontrar uma das afazeres.Mesmo a trabalhar Guldor conseguiu entradas para os cruzar e sublinhar algumas informações esgotos, onde os trabalhadores chamados os adquiridas pelos restantes e outras novas “sticks” acedem. pistas chegavam. Na entrada encontram um velho de cabelos Com as investigações que fizeram tudo brancos e um stick que tinha uma gaguez indicava que os esgotos poderia ser um dos profunda. locais onde a Blue Dragon Hood poderia ter um dos seus esconderijos. O grupo tentou comprar com algumas moedas de ouro a passagem para os tuneis, Guldor reforça ainda que as doenças que mas o velho anão,com os seus olhos estranhos, estão a acontecer neste distrito, e uma das meio cegos, e as suas pernas escanzeladas e razões pela qual estão a precisar da sua ajuda, sempre a tremer,bateu o pé ao grupo exigindo deve-se á utilização da agua que está a ser 50 moedas de ouro para ele sair da frente. contaminada pelos esgotos,que pode ser muito bem explicada com uma excessiva utilização Quando o grupo começou a discutir à sua dos tuneis dos esgotos pela Blue Dragon Hood. frente o que fazer e o nome do Kidon surgiu na conversa, o anão ficou possesso, os seus Decididos a encontrar mais pistas para a sua olhos viraram raiva, e apontando o dedo missão e tentar ajudar os doentes no Templo de Pelor o grupo decide imediatamente procurar os pontos mais fáceis de entrar nos esgotos.

para o paladino gritava “eu conheço-te!!! Lancem Iniciativas 31 E s p e c u l a t ó r i oEU CONHEÇO-TE!!”. Kidon na sua calma,ignorando a raiva crescente nos olhos do anão, SE QUISEREM OUVIR TODA Aolhou para ele, sorrindo e disse…“Olá, eu sou CAMPANHA, SIGAM ESTE LINKo Kidon, muito prazer!” LISTA DE EPISÓDIOS E tudo descambou! Melhor momento de roleplay de sempre!!!! LIVRO 1 - EPISÓDIOS 1 A 18 LIVRO 2 - EPISÓDIOS 19 A 39 Bruno Ribeiro LIVRO 3 - EPISÓDIOS 40 A 57

PF oá lghi na as se qRuaeb di sãcoo sa s a sJ u l h o 2 0 1 7 32 Nas Aventuras Fantásticas, seguimos as aventuras de Irwer, mas quem decide o próximo passo são vocês! Basta para isso votarem na opção que mais gostarem e, no próximo mês, verem o resultado das vossas escolhas AVENTURAS FANTÁSTICAS CAPÍTULO 11: O FIM DA LINHA “Bem, elfo, digamos que eu acredito em com isso?” “Aminha vida,e a tua promessa de salvarmos ti. Digamos que já não estás a trabalhar para a lagartixa e até que não ias levar os refugiados os meus companheiros.” até ela. Como é que eu sei que estás a dizer a Garnom olha fixamente para Irwer. verdade?”diz Garnom,sentando-se novamente na cadeira de metal. Lentamente ele tira uma espada da cintura e aproxima-a de Irwer. Sorrindo, faz um Irwer aproveita o afastar de Garnom para movimento rápido e decisivo com a sua espada. respirar um pouco. De cabeça baixa ele murmura algo por entre os grunhidos de dor. ------------------------ “Então serem vocês refugiados, sim? “Tu o quê, elfo?” pergunta Garnom, pondo a Hihihihi!” ri-se histericamente Tizadraa, mão no ouvido a gozar com o elfo. olhando para as três figuras ajoelhadas à sua frente “Irwer queria não trazer vocês, mas aqui “Eu levo-te até ela.” repete Irwer. estarem! Hihihihi!” “Tu, Irwer Killeanea, um dos scavengers “E ainda por cima os nossos informadores de topo de Tizadraa, estás a oferecer-te para reportam que o Irwer foi apanhado pela troupe me levar até à lagartixa?” diz Garnom com do Garnom Ironhead.”diz um meio-orc vestido um tom sério, levantando-se da cadeira e com a farda dos guardas de Trenkell. aproximando-se de Irwer. “O que ganhas tu

“Então menos preocupa daí! Garnom ir matar P á g iFnoalsh aqsu ee dRãaob iAs cs oa s 33 E s p e c u l a t ó r i oIrwer,sim sim.Ser pena,ele bom scavenger,maspronto! Hihihihi!” mesmo ao centro. O meio-orc fica parado, em pé, segurado pela espada, até esta ser puxada “E que tal libertares-me e lutares comigo, abruptamente e ele cair redondo no chão.Atráskobold!”diz Valgoria,desafiadoramente.“Faço- dele, limpando o sangue da espada, está Irwerte em papa!” e, a dar a curva quase sem fôlego, Garnom Ironhead. “Braugh! Cala ela!”guincha Tizadraa,ao queo meio-orc avança sobre a Valgoria e lhe dá um “Irwer!”guincha Tizadraa,saltando para tráspontapé com a sola da bota na cara,lançando-a do seu trono.“Ires arrepender, sim sim!”para trás.Tizadraa ri à gargalhada. “Olá lagartixa!”grita Garnom,batendo com o Os seus risos param bruscamente quando seu martelo de guerra contra a sua mão“Prontauma explosão abana as paredes da caverna. para o fim?” “Que ser isto!?” exclama Tizadraa, saltando “Nunca!” guincha Tizadraa, puxando umapara cima do seu trono, ao mesmo tempo alavanca escondida. Um poço abre-se porque outra explosão volta a abanar as paredes debaixo dos seus pés, e a kobold desapareceda gruta, fazendo-a tropeçar e cair no chão. de vista.“Braugh!” grita ela, ao que o meio-orc saidisparado da sala. “Temos de ir atrás dela elfo, antes que ela fuja!” exclama Garnom Sentem-se mais algumas explosões, cadavez mais fortes, e Braugh volta, quase sem “Irwer, temos de ir salvar a Zora! Por favor!”fólego.“Garnom. É o Garnom e os seus anões!” implora Valgoria, enquanto o Irwer solta os refugiados. “Não! Como ele encontrar nós?” guincha akobold. “Não temos tempo para isso elfo, vamos!” volta a gritar Garnom“ “Não sei, mas eles estão a entrar como sejá conhecessem isto tudo.” responde Braugh O QUE IRÁ IRWER FAZER? BASTA CAREGARESofegante. NESTE LINK E ESCOLHER O QUE VAI ACONTECER. A OPÇÃO COM MAIS VOTOS SERÁ A VENCEDORA! “Que estás a fazer ainda aqui, vai lá fora epára-o!” MAS DESPACHA-TE, APENAS TENS ATÉ DIA 26 DE JULHO PARA RESPONDER! Em vez de uma resposta, Tizadraa apenasvê uma espada a atravessar o torso de Braugh,

J u l h o 2 0 1 7 34 CALENDÁRIO DE EVENTOS Outras Especulações Webcomic28 a 30 ~ Mysteria-Mercado Encantado Covilhã, Vila do Carvalho, das 09:00h às 23:00h 1M7o-1b9B-~oEosFpkinsahdçooYpo6Au-sB7rsiovW~acrFrii,ateLetiiirrvs’asboVdo, Looaii,scLdbeiavo-sraCo1,rde0Naa:0otsi0cv1theu7Wrà:0nsr0ai1thi3nà:0gs0W2h3o:r5k9shhop L8og~O8n5ºGEanrgcounlat,rLoisdbeoRao-ldepasla1y4e:r3s0dheàLsis2b0o:3a0h IST, LiDsboom1a5i,n-S1gá6ob~addaSosci1dF0aiL:s0x1020h0:0à10s72à0s:2040:h00h, Este espaço em branco pode ser teu, ocupa-o! O Especulatório apoia projectos nos géneros da fanta- sia, ficção científica ou horror. Conta-nos a tua história e envia-nos textos, ilustrações, comics ou outros que tais, e poderás vê-los numa próxima edição da Revista Especulatório. Vais deixar passar a oportunidade? [email protected] OU PELO NOSSO FACEBOOK

NÃO PERCAM NOPRÓXIMO MÊS... Se Julho foi mês de distopias,Agosto Mais do que representar um contoirá trazer a outra face da moeda: as de fadas, uma utopia procura ser umaUtopias. forma de protesto contra políticas ou sociedades injustas, oferecendo opções Num mês que costumamos desli- de reforma a vários níveis.gar do Mundo e procurar umas fériasrelaxantes, que melhor opção do que Descubram como os vários génerosexplorar Mundos perfeitos… de ficção especulativa abordam esta ideia e que soluções apresentam. Ou serão?


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