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Dragões - Julho de 2020

Published by Pepe Legal, 2020-08-10 11:53:20

Description: Dragões - 202007

Keywords: FC Porto

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55 SUBSTITUIÇÕES SUBSTITUIÇÕES “O importante era sermos OS NÚMEROS FC PORTO BELENENSES SAD fiéis ao que somos. Foi um 1 OTÁVIO POR FÁBIO VIEIRA (64’) ANDRÉ SANTOS POR SHOW (60´) jogo muito interessante com golos muito bonitos.” Fábio Vieira marcou o primeiro TECATITO POR LUIS DÍAZ (71’) RICARDO FERREIRA POR PHETE (64’) golo pela equipa principal do Sérgio Conceição FC Porto no quarto jogo às SÉRGIO OLIVEIRA POR DANILO (71’) EDI SEMEDO POR CASSIERRA (64’) ordens de Sérgio Conceição. “O meu golo é um O médio ousou bater um livre URIBE POR VÍTOR FERREIRA (76’) MARCO MATIAS POR momento inesquecível, direto e foi premiado com a 12.ª finalização certeira do registo SOARES POR FÁBIO SILVA (76’) DIEGUINHO (64’) vou guardá-lo para o pessoal nesta época, depois resto da minha vida. de ter marcado oito vezes na CALILA POR ESGAIO (69’) Estou muito feliz.” Segunda Liga, duas na Youth League e uma outra na Premier NÃO NÃO Fábio Vieira League International Cup. UTILIZADOS UTILIZADOS 12 DIOGO COSTA CHANO DIOGO LEITE LUÍS SILVA Com um cabeceamento muito TOMÁS ESTEVES ROBINHO bem colocado, Tiquinho Soares ABOUBAKAR pôs fim a um ciclo de 12 jogos seguidos sem balançar as redes contrárias, abrindo caminho à goleada portista. O último golo do avançado tinha sido apontado a 1 de fevereiro, numa vitória por 4-0 em Setúbal. 23 Alex Telles fez o 3-0 e o 23.º golo com a camisola do FC Porto, tornando-se, a par de Geraldão, o terceiro defesa mais goleador da história do clube. O lateral- esquerdo ficou a dois do topo da lista, ocupado por Zé Carlos e por Jorge Costa. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

Ficha de Jogo LIGA NOS, 31.ª ASSISTENTES TONDELA FC PORTO JORNADA 1-3 NUNO PEREIRA TREINADOR TREINADOR 9 DE JULHO DE 2020 PEDRO MARTINS REVISTA DRAGÕES JULHO 2020 Natxo González Sérgio Conceição 19H15 4.º ÁRBITRO BABACAR NIASSE MARCHESÍN ESTÁDIO JOÃO JOÃO MALHEIRO PINTO PHAD MOUFI MANAFÁ CARDOSO, YOHAN TAVARES PEPE EM TONDELA VIDEOÁRBITRO PHILIPE SAMPAIO MBEMBA RICARDO ALVES ALEX TELLES MARCADORES VASCO SANTOS JAQUITÉ SÉRGIO OLIVEIRA DANILO PEREIRA (47’) PEPELU URIBE MAREGA (64’) CARTÃO AMARELO JONATHAN TORO OTÁVIO RONAN (77’, PEN) PITÉ TECATITO FÁBIO VIEIRA (90’+5, PEN) TECATITO (41’) JOÃO PEDRO MAREGA RICARDO ALVES (45+1’) RICHARD RODRIGUES SOARES ÁRBITRO JAQUITÉ (49’) FÁBIO VERÍSSIMO (LEIRIA) ALEX TELLES (59’) URIBE (72’) XAVIER (90+1’) MAREGA (90+5’)

57 “Não foi um jogo OS NÚMEROS espetacular, mas foi bem conseguido. Melhorámos 1 na segunda parte e a atitude dos jogadores foi fantástica.” Lançado em campo após a lesão de Sérgio Oliveira, Sérgio Conceição Danilo Pereira apontou o primeiro golo na presente SUBSTITUIÇÕES SUBSTITUIÇÕES “Os últimos jogos temporada. O internacional TONDELA FC PORTO não foram fáceis e português já não marcava este também não, desde a última jornada da JOÃO PEDRO POR MURILLO (61’) SÉRGIO OLIVEIRA POR DANILO (38´) mas estamos felizes época passada, em maio de pelo resultado que 2019, quando os Dragões YOHAN TAVARES POR FILIPE FERREIRA (67’) SOARES POR LUIS DÍAZ (67’) conseguimos aqui.” receberam e venceram o Sporting por 2-1. PITÉ POR XAVIER (67’) ALEX TELLES POR FÁBIO VIEIRA (67’) Tecatito 2 RICHARD RODRIGUES POR RONAN (67’) URIBE POR DIOGO LEITE (81’) Marega foi o autor do JONATHAN TORO POR STRKALJ (84’) 2-0 e integrou a lista de marcadores pela segunda NÃO NÃO ronda consecutiva no UTILIZADOS UTILIZADOS campeonato, depois do golo na receção DIOGO COSTA DIOGO SILVA ao Belenenses SAD. DIOGO LEITE JOTA VÍTOR FERREIRA PEDRO AUGUSTO 16 ABOUBAKAR TIAGO Tecatito Corona tem sido um dos elementos mais preponderantes do FC Porto e neste encontro alcançou a 16ª assistência da temporada (10.ª na Liga), o que corresponde à melhor marca pessoal desde a chegada ao clube, em 2015. O mexicano superou o registo de 15 passes para golo que obteve em 2018/19. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

58 Ficha de Jogo LIGA NOS, 32.ª 4.º ÁRBITRO FC PORTO SSPPOORRTTIINNGG JORNADA 2-0 IANCU VASILICA TREINADOR TTRREEIINNAADDOORR 15 DE JULHO DE 2020 REVISTA DRAGÕES JULHO 2020 VIDEOÁRBITRO Sérgio Conceição Rúben Amorim 21H30 ARTUR SOARES DIAS MARCHESÍN LLUUÍÍSS MMAAXXIIMMIIAANNOO ESTÁDIO DO MANAFÁ RRIISSTTOOVVSSKKII DRAGÃO, NO CARTÃO PEPE CCOOAATTEESS PORTO AMARELO MBEMBA EEDDUUAARRDDOO QQUUAARREESSMMAA ALEX TELLES CCRRIISSTTIIÁÁNN BBOORRJJAA MARCADORES JOVANE (40’) DANILO NNUUNNOO MMEENNDDEESS DANILO PEREIRA (64’) ALEX TELLES (49’) LOUM WWEENNDDEELL MAREGA (90’+1) PEPE (57’) OTÁVIO MMAATTHHEEUUSS NNUUNNEESS JOÃO MÁRIO (88’) FÁBIO VIEIRA GGOONNZZAALLOO PPLLAATTAA ÁRBITRO WENDEL (90+7’) LUIS DÍAZ JJOOVVAANNEE JOÃO PINHEIRO (BRAGA) MANAFÁ (90+7’) MAREGA SSPPOORRAARR ASSISTENTES BRUNO RODRIGUES LUCIANO MAIA

59 OS NÚMEROS “União é a palavra que 29 define este título. A união do grupo de trabalho, dos O empate chegava, jogadores e o acreditar de mas a vitória foi todos num momento difícil.” incontestável. Os golos de Danilo e Marega Sérgio Conceição garantiram o 29.º título dos Dragões no atual SUBSTITUIÇÕES SUBSTITUIÇÕES “Os jogadores sabem formato da prova. FC PORTO SPORTING que representam 100 FÁBIO VIEIRA POR VÍTOR GONZALO PLATA POR FRANCISCO uma região bastante FERREIRA (72’) GERALDES (54’) importante para o país e Na centésima jornada ALEX TELLES POR DIOGO LEITE (84’) RISTOVSKI POR RAFAEL CAMACHO (73’) todos nos identificamos ao comando do FC LUIS DÍAZ POR JOÃO MÁRIO (85’) EDUARDO QUARESMA POR Porto, Sérgio Conceição MAREGA POR SOARES (90+3’) TIAGO TOMÁS (78’) muito com a região conquistou o seu segundo OTÁVIO POR ROMÁRIO BARÓ (90+3’) JOVANE POR JOELSON FERNANDES (78’) Norte. Todos nós temos título em três épocas. um pouco dessa região.” Numa centena de NÃO NÃO partidas do campeonato UTILIZADOS UTILIZADOS Pepe venceu 80, empatou 12 e apenas perdeu oito. DIOGO COSTA RENAN RIBEIRO TOMÁS ESTEVES LUÍS NETO 4 ZÉ LUÍS GONÇALO INÁCIO FÁBIO SILVA BATTAGLIA No último jogo grande da DOUMBIA época para o campeonato, o FC Porto fez o pleno nos clássicos. Primeiro na Luz, depois em Alvalade, de seguida na receção ao Benfica e, meses depois, no jogo do título frente ao Sporting. Registo semelhante na história azul e branca só teve lugar na temporada 2002/03, com José Mourinho como treinador. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

Ficha de Jogo LIGA NOS, 33.ª ÁRBITRO FC PORTO MOREIRENSE FC JORNADA CARLOS XISTRA 6-1 (CASTELO BRANCO) TREINADOR TREINADOR 20 DE JULHO DE 2020 ASSISTENTES Sérgio Conceição Ricardo Soares 21H15 JORGE CRUZ DIOGO COSTA PASINATO ESTÁDIO DO MARCO VIEIRA MANAFÁ JOÃO AURÉLIO DRAGÃO, MBEMBA HALLICHE NO PORTO DIOGO LEITE ROSIC ALEX TELLES ABDU CONTÉ MARCADORES 4.º ÁRBITRO OTÁVIO FILIPE SOARES LUIS DÍAZ (4’) DANILO MANÉ FÁBIO ABREU (20’) LUÍS MÁXIMO FÁBIO VIEIRA PEDRO NUNO OTÁVIO (51’) TECATITO ALEX SOARES ALEX TELLES (56’, PEN) VIDEOÁRBITRO MAREGA LUTHER SINGH MAREGA (62’) LUIS DÍAZ FÁBIO ABREU SOARES (78’) LUÍS FERREIRA SOARES (87’) CARTÃO AMARELO MAREGA (33’) PASINATO (53’)

61 OS NÚMEROS “O nosso processo defensivo esteve 4 muito diferente na segunda parte e, depois, com a qualidade que temos Ao colocar o FC Porto em vantagem ao quarto e com o bom espírito que existe minuto de jogo, Luis Díaz neste momento, conseguimos apontou o golo mais rápido dos Dragões na chegar a estes números.” atual edição da Liga. Foi o 14.º golo do colombiano Sérgio Conceição na temporada. 1 Moussa Marega, que marcou pelo quarto jogo consecutivo, fez o primeiro golo de livre direto desde que chegou a Portugal, para jogar no Marítimo, na época de 2014/15. SUBSTITUIÇÕES SUBSTITUIÇÕES “Na primeira parte entrámos um 28 FC PORTO MOREIRENSE FC pouco desleixados, mas depois O guarda-redes Mouhamed FÁBIO VIEIRA POR PEDRO NUNO POR GABRIELZINHO (59’) o mister deu-nos uma dura no Mbaye estreou-se MATHEUS URIBE (38’) MANÉ POR NUNO SANTOS (59’) pela equipa principal, aumentando para 28 o MAREGA POR SOARES (64’) ABDU CONTÉ POR D’ALBERTO (68’) balneário e mudámos o estado número de jogadores DIOGO COSTA POR MBAYE (75’) LUTHER SINGH POR LUÍS de espírito, o ritmo, e acabámos utilizados por Sérgio DANILO POR LOUM (76’) MACHADO (68’) Conceição na Liga. TECATITO POR VÍTOR FERREIRA (76’) ALEX SOARES POR IBRAHIMA (74’) por fazer muitos golos.” REVISTA DRAGÕES JULHO 2020 NÃO NÃO Soares UTILIZADOS UTILIZADOS TOMÁS ESTEVES NUNO MACEDO JOÃO MÁRIO FÁBIO PACHECO ROMÁRIO BARÓ NENÊ FÁBIO SILVA STEVEN VITÓRIA





BASQUETEBOL “ESPERAMOS CNOOPNRTÓXINIMUOAARNO NO TRILHO DAS VITÓRIAS” Moncho López renovou contrato com o FC Porto por duas épocas, estendendo o vínculo que o liga ao clube até 2022. O treinador espanhol assumiu o cargo de treinador no basquetebol portista em 2009, pelo que já leva mais de uma década de Dragão ao peito. No FC Porto, Moncho López já conquistou duas Ligas Portuguesas de Basquetebol, três Taças de Portugal, três Supertaças, três Taças Hugo dos Santos e dois Troféus António Pratas (LPB e Proliga). Sob o nome Dragon Force, os azuis e brancos venceram as duas edições da Proliga em que participaram comandados pelo treinador galego, que é já um portuense genuíno. O arranque da época passada foi vertiginoso e muito promissor, mas as graves lesões de Tanner McGrew e Max Landis tiveram um impacto considerável no coletivo portista. Para 2020/21, Moncho López garante novamente um plantel forte, com qualidade e preparado para lutar por todos os títulos em Portugal. TEXTO: BRUNO LEITE

“ E stoumuito caminho de vitórias”. Ora, os 65 contente por desafios que se avizinham continuar ao continuarão a ser grandes, por João Torrie comando do isso há que formar um plantel FC Porto e competitivo e que esteja à altura historicamente tem sido uma muito agradecido pela confiança dos objetivos do FC Porto, mas boa mistura com os valores que a Direção colocou em mim, isso é algo que não está em causa. do FC Porto. É um jogador que principalmente o Vítor Hugo, “O diretor Vítor Hugo está a já foi campeão nacional duas responsável pelo basquetebol. trabalhar muito, mesmo nestas vezes com a nossa camisola, Estou cheio de motivação, o circunstâncias difíceis colocadas pelo que terá uma integração compromisso que tenho com pela pandemia, para conseguir rápida. O Larry Gordon é um este clube e a motivação que que o plantel seja ainda mais marcador de pontos de todas tenho para vencer provas é forte. Falámos com muitos atletas as maneiras possíveis. Além muito grande. Sei que vai correr importantes do atual plantel disso, será uma peça crucial nas tudo bem”, começa por dizer para conseguirmos a renovação estratégias defensivas pela sua Moncho López, que acredita e garantirmos a continuidade capacidade para jogar em várias num futuro azul e branco: “O que desses jogadores. Com pequenas posições. O Jonathan Fairell é esperamos no próximo ano é modificações, porque serão uma garantia de upgrade ao continuar no trilho das vitórias. A apenas dois jogadores novos potencial defensivo da equipa. época passada terminou de uma no plantel, mas poderão ter um É um jogador com grande maneira estranha, por causa da grande impacto e acho que será capacidade física e agressividade pandemia, mas foi uma época um grande salto qualitativo no jogo interior, mas tem uma em que vencemos a Supertaça no plantel”, garante o técnico leitura de jogo invulgar para e estávamos preparadíssimos espanhol, que pormenoriza o que um jogador com a sua estatura, para vencer a Taça de Portugal os reforços podem acrescentar por isso vai criar opções de e o campeonato. No próximo à equipa: “O João Torrié traz a finalização para os colegas”. ano queremos continuar nesse genética do Vasco da Gama, que REVISTA DRAGÕES JULHO 2020 João Soares

66 Relativamente à conturbada Max Landis Tanner McGrew época anterior, que terminou mais cedo e sem campeão devido à pandemia, Moncho López não tem dúvidas de que o percurso do FC Porto ficou marcado pelos infortúnios de Tanner McGrew e Max Landis, dois basquetebolistas que chegaram no verão de 2019 e que rapidamente se assumiram como figuras da equipa portista: “A época começou como o previsto, com uma preparação orientada para vencermos a Supertaça e começarmos bem a Liga. As lesões travaram bruscamente a nossa dinâmica de vitórias e obrigaram-nos a reconstruir a equipa, não só a nível tático mas também na distribuição de papéis e de responsabilidades”. Vários jogadores transitam da temporada passada, algo que o treinador espanhol considera Brad Tinsley Jonathan Fairell importante: “É fundamental os adeptos têm a confiança de dar continuidade ao núcleo que vamos, e eu vou, dar tudo de portugueses, somando para que o nosso plantel consiga também o Brad Tinsley pelo ter o melhor rendimento”. grande conhecimento que tem do nosso modelo de jogo. A MUITAS RENOVAÇÕES E continuidade destes jogadores POUCAS NOVIDADES ajuda a encontrar mais cedo o entrosamento tático, além de O plantel de basquetebol do facilitar a adaptação dos novos”. FC Porto para 2020/21 não vai mudar muito, como afirma No momento em que acrescentou Moncho López, pelo que não mais dois anos à ligação com o é surpresa que o clube tenha FC Porto, Moncho López não renovado com vários jogadores. esqueceu a família portista: “Os No que diz respeito aos atletas adeptos já me conhecem. De mim portugueses, os bases Francisco podem esperar um treinador Amarante, Vlad Voytso e Pedro comprometido com os objetivos Pinto, o extremo João Soares do clube, muito ambicioso no e o poste Miguel Queiroz vão trabalho. Como treinador desta continuar a vestir de azul equipa de basquetebol são vários e branco e são presenças títulos em diferentes provas, asseguradas no grupo ao dispor quatro de campeão nacional, e de Moncho López. Relativamente queremos continuar a vencer ao lote de estrangeiros, que essas provas. Portanto, acho que pelas regras pode abranger cinco basquetebolistas, já está REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

67 confirmada a continuidade de um Francisco Amarante Pedro Pinto Vlad Voytso trio de norte-americanos: o base Brad Tinsley, o base/extremo Max Landis e o poste Tanner McGrew. A todos os jogadores referidos vão juntar-se três reforços: um português (João Torrié) e dois norte-americanos (Larry Gordon e Jonathan Fairell). O poste João Torrié deixou o Maia Basket para regressar ao FC Porto e é um velho conhecido dos adeptos portistas, mas o extremo Larry Gordon e o poste Jonathan Fairell são caras novas. Larry Gordon, de 33 anos e 1,96, chega à Invicta depois de uma época em que representou o Hapoel Eilat, equipa que disputa a principal Liga de Israel, e o BC CSU Sibiu, da Roménia, mas a experiência internacional acumulada não se fica por aqui, pois também Larry Gordon Miguel Queiroz passou por Holanda (Landstede Basketbal), Áustria (Kapfenberg Bulls), Alemanha (Phoenix Hagen, Eisbären Bremerhaven, SC Rasta Vechta e Gießen 46ers), Coreia do Sul (Busan KT Sonicboom) e Cazaquistão (Astana). Jonathan Fairell, de 27 anos e 2,01m, representava o Obras Basket, da Argentina, mas iniciou a carreira na Áustria (BC Viena), contando ainda com passagens por França (ADA Blois, Rouen, Dijon, Cholet Basket e Denain Voltaire) e Bélgica (Phoenix Brussels). REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

68 HÓQUEI EM PATINS EXPERIÊNCIA e irreverência sobre RODAS TEXTO: MANUEL T. PÉREZ Ultrapassadas as consequências causadas pela pandemia do novo coronavírus, o hóquei em patins do FC Porto fechou a porta de uma época atípica e já virou o foco para a temporada que se avizinha, tendo anunciado - durante o mês de junho - as duas aquisições cirúrgicas que se juntam ao coletivo portista para o ataque a 2020/21. Xavi Barroso e Ezequiel Mena são as únicas caras novas no plantel de Guillem Cabestany. Contratados na Liga Portuguesa - à Oliveirense e ao Óquei de Barcelos, respetivamente - trata-se de duas escolhas do técnico dos Dragões para a luta pelos troféus nacionais e internacionais que o campeão português em título vai disputar. Nas pistas de Portugal, da Europa e do mundo, os hoquistas azuis e brancos carregam sobre patins a responsabilidade de erguer o nome do clube da Invicta ao mais alto patamar da modalidade. Dos sticks do experiente catalão e do irreverente argentino espera-se que saiam valiosos contributos para alargar as já extensas vitrines de troféus que o hóquei azul e branco detém. Têm a bola os craques. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

69 EZEQUIEL MENA Natural de San Juan (Argentina), tal como Reinaldo García, iniciou a carreira no país natal de ambos. Em 2017, passou pelo Sport, pelo qual conquistou o campeonato brasileiro, antes de voltar à “capital mundial do hóquei em patins”, como descreveu o capitão portista na antevisão da Taça Intercontinental de 2018. Com vinte primaveras, mudou-se para Portugal e assinou pelo Oeiras que, à época, disputava a primeira divisão nacional. Os oito golos do avançado em 27 jornadas não foram suficientes para impedir a despromoção do emblema lisboeta, mas foram decisivos para receber uma proposta vinda de Barcelos. Noutra cidade hoquística, no Norte do país, Tomás Ezequiel Mena deu nas vistas ao encontrar as redes adversárias 20 vezes em 25 partidas. Na melhor liga do mundo, ajudou o Óquei de Barcelos a intrometer-se no lago dos tubarões onde nadam FC Porto, Sporting, Benfica e Oliveirense. Aos 22 anos, assina um contrato válido com os Dragões até 2024 e será o dono do dorsal número 8 do coletivo orientado por Guillem Cabestany. Com dois golos marcados em cinco internacionalizações pela seleção celeste, o jovem argentino não tem vergonha de assumir que vê “Nalo” como “um ídolo” com quem “vai ser um prazer jogar ao lado”. Mudar-se para os campeões em título “foi um sonho tornado realidade” e deixa Mena “muito feliz”. A famosa atmosfera do pavilhão portuense é algo de que o hoquista anseia beneficiar: “Tenho o sonho de jogar com o Dragão Arena cheio. Vai ser incrível. Não vejo a hora de começar a treinar e de começar a jogar pelo FC Porto. Vou dar tudo por esta camisola. Espero que a nossa equipa possa dar grandes alegrias e grandes vitórias aos adeptos”. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

70 XAVI BARROSO Foi o primeiro reforço anunciado pelo FC Porto e, consigo, trouxe um palmarés de respeito. Pela seleção espanhola, venceu dois Mundiais de seniores, um de sub-20, um Europeu de sub-17 e uma Taça Latina. Com a camisola dos clubes que representou – Barcelona, Vendrell e Oliveirense – o currículo impressiona ainda mais: três Ligas Europeias, uma Taça Intercontinental, uma Taça WS, uma Taça Continental, seis Ligas espanholas, cinco Taças de Espanha, quatro Supertaças espanholas e uma Taça de Portugal. É perfeitamente natural perder-se a conta a tanto troféu, mas o resultado final são 27 conquistas… aos 27 anos. Nascido em Caldas de Montbui, o catalão já trabalhou com o compatriota Cabestany em Vendrell e isso pesou na decisão de optar por prosseguir a carreira no Dragão Arena. “Quando me disseram que o Guillem ia ser o treinador para o ano, fiquei muito contente, porque é um dos motivos pelos quais vim para cá. Gosto muito dele como treinador e como pessoa, ajudou-me muito nesse ano. Foi um ano que fez com que pudesse voltar para o Barcelona. Fiquei muito contente, agora espero e desejo que seja igual a esse ano, porque significaria que ganhámos muitos títulos”, confidenciou à FC Porto TV e ao Porto Canal o defesa/médio, autor de 33 golos em 61 jogos ao serviço do emblema de Oliveira de Azeméis. Depois de ter rubricado um vínculo válido por três temporadas, Xavi Barroso vestirá a camisola 26 do FC Porto, uma instituição pela qual promete “trabalhar muito, com muito sacrifício, e defender esta camisola para tentar ganhar o máximo de títulos possível, porque é o que este clube merece”. A viver na Invicta há dois anos, o hoquista internacional espanhol declarou o fascínio que sente pelos Dragões: “Olhava para o clube – eu moro na cidade do Porto – e via que as pessoas têm um sentimento muito forte por ele. Fiquei muito contente por poder representar um grande clube como o FC Porto”. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

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74 SENINHO SEJA EU! Era tão rápido, tão rápido, que lhe chamavam “Mirage”. A velocidade que atingia no relvado inspirou várias comparações e a mais criativa de todas ganhou asas e fez dele um caça supersónico, um dos mais bem-sucedidos da história da aviação militar. No resultado de outras imagens, um pouco menos ousadas, ficou também conhecido por “Fórmula 1”, “Speedy Gonzalez” e “Expresso do Norte”. Morreu a 4 de julho, aos 71 anos. Esta é a última grande entrevista de Seninho, que recuperamos tal qual a publicámos na edição de março de 2017. No presente histórico, como ele merece. ENTREVISTA de ALBERTO BARBOSA NOME NATURALIDADE FC PORTO ARSÉNIO “SENINHO” LUBANGO, ANGOLA NEW YORK COSMOS RODRIGUES JARDIM NACIONALIDADE CHICAGO STING DATA DE NASCIMENTO PORTUGUESA TÍTULOS 1 DE JUNHO DE 1949 CLUBES 1 LIGA PORTUGUESA DATA DE FALECIMENTO FC LUBANGO 1 TAÇA DE PORTUGAL 4 DE JULHO DE 2020 FERROVIÁRIO 4 LIGA NORTE-AMERICANA Seninho, alto e esguio, fazia 10,08 recorde mundial do hectómetro e enorme ao jogar futebol. Sábado vida dele. Bom, na verdade são dois, segundos aos 100 metros, marca correr a distância em 9,93 segundos, sem pesca nem futebol não era porque os vê, revê e não consegue registada por Hernâni Gonçalves um jornalista norte-americano sábado para mim”, recorda. “Não decidir. Sabe apenas que o marcou num treino. Não sabe se contra perguntou-lhe por que não tinha era sequer fim de semana”. Ainda naquele jogo da Taça das Taças em o vento ou a favor dele, mas preferido o atletismo ao futebol. hoje, depois de tantas vezes ter Manchester, onde fez “dois golos desconfia que o fez sem o calçado Na altura não soube responder, mas jogado em estádios cheios, de ter com uma arte extraordinária”. Um adequado. “Às vezes era tão rápido hoje interroga-se “se não poderia ter conquistado troféus e aplausos, deles é o tal, é o golo de uma vida. que chegava à linha final e tinha sido um Carl Lewis…”. para o “Mirage” nada se compara que ficar à espera que o Gomes e o Trinta e nove anos depois, os à “inocência” e ao “autêntico” das AMEAÇA DE BOMBA NO HOTEL Duda chegassem”, recorda com um motivos da escolha parecem-lhe peladas noturnas no descampado Na primeira mão da segunda sorriso, ainda de desafio. Só depois mais claros do que nunca. O que atrás de casa da avó. “Jogar ao luar eliminatória, nas Antas, o FC Porto dirigia o passe. “Sim, porque eu não Seninho realmente queria era de África era extraordinário, era tinha surpreendido o Mundo. era um goleador”, explica. “Eu fazia “uma bolinha para jogar”. Desde uma coisa fabulosa… É impossível “Ganhámos cá 4-0, com três passes de morte”. Anos mais tarde, criança, dos tempos em que o não ficar nostálgico”, pede desculpa. golos do Duda e um do Oliveira”. ainda antes de Calvin Smith retirar Lubango, em Angola, ainda era É também à noite, mas já na Europa, Lembra-se como se fosse hoje. dois centésimos de segundo ao Sá da Bandeira. “Tinha um prazer que Seninho encontra o golo da Lembra-se também de como a REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

75 imprensa internacional ficou quando a eliminatória já estava Cosmos, um mundo à parte curiosa. “Queriam saber de que fechada. “Ao tentar aliviar, quase galáxia era aquela equipa que em cima da linha de golo, meteu No dia seguinte ao jogo de Manchester, Seninho tomou tinha dado 4-0 ao Manchester a bola mesmo ao ângulo” para o pequeno-almoço com os dois proprietários da Warner United”. A segunda mão começou desespero de Fonseca. Ainda leva Communications, empresa-mãe da Warner Brothers também de véspera, com uma ameaça de as mãos à cabeça para juntar a carga detentora do Cosmos. “Quase que me engasgava com o que bomba no hotel, que tinha como dramática que a descrição do lance ouvi”, conta. Ofereceram-lhe meio milhão de dólares, “qualquer único objetivo perturbar o sono merece. coisa como 20 mil contos”, por três épocas. Cerca de 100 mil euros, dos jogadores. Pinto da Costa, então que há 40 anos valeriam muito mais do que hoje. “Fiquei logo como o Tio chefe do departamento de futebol, SILÊNCIO EM OLD TRAFFORD Patinhas”, admite. “Só via cifrões, cifrões e mais cifrões”. Ganhava 25 contos tranquilizou a comitiva. Era falso O melhor da história tinha sido (125 euros) por mês e o Cosmos propunha-lhe um vencimento mensal de mil alarme. escrito antes, em duas linhas contos (cinco mil euros), “com casa em Manhattan e outras mordomias”. 2 de novembro de 1977, chegava diagonais e, por vezes, aos Queriam levá-lo de imediato, mas Seninho tinha contrato até ao final da época e o dia. “A equipa estava tranquila”, ziguezagues. Respira fundo e um campeonato para ganhar. “Estávamos na corrida para o título”, contextualiza. conta Seninho. “Afinal, eram 4-0”. começa pelo princípio, pelo “Estávamos decididos a quebrar um jejum de 19 anos, tínhamos que estar Mas tudo mudou à saída do túnel de primeiro golo, que arrefeceu o muito concentrados e, parecendo que não, aquilo desequilibrou-me um pouco”, Old Trafford. “Entrámos sem medo entusiasmo do United, que tinha reconhece. “Era muito dinheiro!”. No Porto, informou o chefe de departamento de nenhum, mas assim que pusemos marcado cedo, logo aos oito futebol e o treinador sobre a oferta. “Já na altura era difícil negociar com o Pinto os pés no relvado ele parecia tremer minutos. “A jogada é tão boa…”, avisa, da Costa”, sorri. “Foi difícil, foi duro”. No treino ninguém o segurou, passou por com os cânticos”. Para completar o antes de recuperar o momento tudo e por todos. “Parti aquilo tudo!”. E chamou a atenção de José Maria Pedroto, cenário, “os adeptos batiam com e colocar a falsa modéstia em que interrompeu o treino para o levar ao gabinete. Quis perceber o que se passava. os pés nas bancadas de madeira”. fora de jogo. “O Gabriel dá-me a bola “Sim, ele via muito à frente”, confirma. Pedroto lembrou-o do que tinham pela “Era uma coisa ensurdecedora, e o defesa esquerdo deles quase frente e perguntou-lhe se podia contar com ele. “Sim, mister. Vou concentrar-me”, um barulho infernal”, reconstitui, me convida para ir para a linha de prometeu Seninho. Meses depois, o FC Porto voltava a ser campeão. ainda hoje fascinado com o misto cabeceira”. Seninho, que não era de sensações que o ambiente parvo, fingiu aceitar, mas logo fletiu antes de chegar ao guarda-redes, Os dois defesas que tinha deixado despertava: “Aquilo era lindo, mas, para dentro. Quando o adversário bateu na relva, ganhou velocidade para trás recuperaram e estavam já ao mesmo tempo, assustador”. girou para se recompor, voltou a e saiu disparada”. 1-1. sobre a linha de golo. “Se chuto, eles O jogo acabou por ser “uma enorme driblar para a linha e novamente Ao intervalo, com o resultado em intercetam”, pensou. “O barulho 3-1 para os ingleses, Seninho pediu era ensurdecedor, mas naquele “QUERIAM [A IMPRENSA repetidamente que lhe “metessem” momento não se ouvia uma mosca”. INTERNACIONAL] SABER DE QUE a bola. “Eles não me conhecem, não O golo acabava com a reviravolta GALÁXIA ERA AQUELA EQUIPA QUE TINHA sabem quem sou”, insistiu. Diz-se inglesa. Recuperou ângulo de DADO 4-0 AO MANCHESTER UNITED” que era Oliveira quem conheciam, remate e simulou o pontapé com que era o 10 do FC Porto que força, antes de colocar a bola entre aflição”. Muda de semblante só de para dentro. “Ele caiu!”. Arrancou a motivava a presença de um as pernas de um dos opositores, que pensar. “Eles sempre em cima pensar: “Aquele já está arrumado”. número invulgar de observadores se tinha contraído. “A bola ainda lhe de nós, aqueles cruzamentos…”. Não estava sozinho, contudo. nas bancadas. O Manchester United bateu num dos pés e ganhou um Como se não bastasse, Murça fez “Aparecem-me dois gajos na dobra”, voltaria a marcar, quase anulando efeito que não permitiu ao outro um autogolo, o 2-1 para o United. continua. “Simulo que chuto, dou a vantagem que o FC Porto tinha evitar o golo”. Estava feito o 4-2 e já “Aí eles ganharam uma força mais um toque e logo depois a levado das Antas, antes de Octávio nem uma catástrofe poderia tirar o extraordinária”, que Seninho chapada com o pé esquerdo”. Alex fazer a vontade a Seninho. “Fiz FC Porto da Taça das Taças. No final temeu verdadeiramente. Murça Stepney só recuperou a bola no uma incursão da direita para a do jogo, o agente de Seninho deu- ainda faria um segundo golo na fundo das redes. “O pontapé nem esquerda e gritei por ele, para que lhe conta das propostas de quatro baliza errada, o quinto dos ingleses, foi muito forte, mas saiu rasteiro e, me passasse a bola”. Octávio assim clubes que o queriam levar das fez. “Meteu no espaço vazio”. Só no Antas, um deles já no dia seguinte. arranque, o “Mirage” deixou dois Mas o Cosmos, de Nova Iorque, ainda adversários para trás. “O guarda- teria que esperar sete meses para o redes sai, finto-o e passo por ele”. ter. Os outros interessados eram o Mas a baliza já não estava deserta Inter de Milão, o Atlético de Madrid quando se preparava para marcar. e o próprio Manchester United. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

76 No Estádio das Antas, em Junho de 1978, Seninho festeja com Gomes, Oliveira e Freitas a conquista do título SUBSTITUIU LEMOS E CONVENCEU HERNÂNI Foi um empresário, com negócio que ele, Seninho, pouco fez. “Estava imaginários, que fingia ter de nem das palavras, mas lembra-se no Lobito, que informou a entusiasmadíssimo por estar ali”, a ultrapassar. No final, o duplo que se encheu de coragem ao lê-la. delegação do FC Porto em Angola pisar o mesmo campo em que os campeão pelo FC Porto, então na “Era uma carta muito rica, que me sobre “um miúdo muito jeitoso de seu ídolos mais pareciam flutuar. pele de diretor, aproximou-se de deixou arrepiado” e que se perdeu Sá da Bandeira”, que Hernâni , o “Só os conhecia dos cromos e dos Seninho e perguntou-lhe: “Queres para sempre quando a família fugiu “furacão de Águeda”, deveria ver. relatos. O Rolando, o Pavão, o Rui, vir connosco para a metrópole?”. à guerra colonial. Acabou por vir. Ele E Seninho, o “jeitoso”, lá foi fazer o o Américo, o Sucena…”. Insiste, Encolheu os ombros e explicou e Martinho, “um rapaz do Lobito teste. Naquele verão de 1969, saiu com um mecânico encolher de que não podia responder logo que, por esta ou aquela razão, não do Lubango de manhã e chegou ombros, que nada fez “de especial”. ali. Tinha que regressar a Sá da ficou”. Já Seninho ficou no Lar dos ao Lobito já de noite para vestir a Para Hernâni, fez o suficiente para Bandeira, ao Lubango, e perguntar Jogadores, na Praça das Flores, onde camisola do FC Porto pela primeira justificar um segundo teste. “Viu à família. O FC Porto ainda jogou conheceu Malagueta, Chico Gordo, vez. Dormiu e jogou no dia em mim alguns pormenores”, no Huambo e em Luanda antes de Hélder Ernesto, João Maia Ricardo, seguinte, depois de se recompor continua. “Perguntou-me se não regressar a Portugal sem Seninho. Pavão, Lisboa, Salim… “E o Flávio, como pôde de uma viagem de queria treinar com a equipa no dia A família já tinha respondido que pá!”. Esse não podia esquecer. Quase 400 quilómetros por estradas de seguinte”. É claro que quis. “sim senhor”, Seninho podia deixar leva as mãos à cabeça na iminência terra batida. Treinou com Rui na baliza e tudo para trás e voar para o Porto, de cometer uma grande gafe. “Que Entrou a substituir Lemos. “Esse mais dois ou três jogadores cuja mas os dias passaram-se sem novas jogador! Era o tipo que mais golos mesmo em que está a pensar”, sorri. identidade agora não recorda. dos Dragões até receber em casa tinha marcado no Brasil, logo a “O que marcou quatro golos ao Simulou, driblou, cruzou e até uma carta de Hernâni a reforçar o seguir ao Pelé. Infelizmente, não se Benfica num jogo”. Diz, no entanto, chutou perante adversários interesse. Já não se lembra do teor adaptou ao clima, ao frio”. TRANSFERÊNCIA PARA O FERROVIÁRIO CUSTOU 20 PARES DE CHUTEIRAS Seninho começou a jogar no FC Lubango, filial do FC Porto, mas mudou-se para o Ferroviário pouco depois de começar a trabalhar nos Caminhos de Ferro de Moçâmedes. A transferência, que ameaçou dar brado por questões regulamentares, motivou um braço de ferro entre os dois clubes e só foi resolvido com o pagamento em géneros: o Ferroviário cedeu 20 pares de chuteiras ao Lubango. REVISTA DRAGÕES JULHO 2020

77 UM “MINHOCA” Ao lado de ENTRE “ESTRELAS” Beckenbauer no Cosmos Já campeão português, Seninho foi apresentado em Nova Iorque a 29 de junho de 1978, num hotel da 7.ª Avenida. TAMBÉM LHE CHAMARAM “CEGUINHO” “Estavam lá umas sete estações televisivas, máquinas fotográficas e flashes por todo o lado”, recorda. “Parecia um Seninho não acelerava. “Eu disparava”, corrige. Conta-se que fintava até os polícias chefe de Estado”. Assinou contrato e no dia seguinte fez que garantiam a segurança nos jogos e que naqueles tempos o faziam muito o seu primeiro jogo nos playoffs da liga norte-americana, mais perto do relvado. “O problema é que não tinha ABS”, ri. “Por vezes, só parava contra o Tampa Bay. “Não joguei muito tempo, mas ainda fiz depois de esbarrar contra os fotógrafos que estavam junto à linha final”. E foi uma assistência para o Chinaglia”. Regressou de imediato precisamente para não colidir com um polícia que teve de alargar o drible e o a Portugal, chegou às 6h00 a Lisboa, mas o nevoeiro em passo. “Para deixar para trás o Tomé, do Setúbal, tive que ir à pista de cinza”. Junto Pedras Rubras atrasou a ligação para o Porto, onde tinha a à linha, contornou a oposição do adversário, do polícia e recuperou a bola mais noiva à espera. Casou às 13h00 do mesmo dia, 1 de Julho, adiante, ao reentrar no terreno de jogo. Os jornalistas deliraram com o lance e no na Igreja de Santo António das Antas. dia seguinte escreveram “qualquer coisa como ‘Seninho finta polícias e tudo!’”. Quando regressou a Nova Iorque, muito a tempo de ser Mas o excesso de velocidade não lhe garantia só vantagens nem títulos nos campeão com o Cosmos, Pelé já só fazia jogos promocionais. jornais. Penalizava-o, por vezes. Chegou ao FC Porto “com a escola da rua”, Aos jogos a sério chegava de helicóptero. “Era só paz e amor. recorda. “Tinha só a minha fantasia, com todos as virtudes e defeitos que Era uma estrela”. Mas havia outras na equipa. Seninho jogou ninguém corrigiu”. Tudo o que lhe saía dos pés era “genuíno”, saía em “estado com Beckenbauer, Cruijff, Neeskens, Bogicevic, que mais puro”. Para melhor conciliar técnica e rapidez, e sincronizar a velocidade de tarde foi treinador do Belenenses, e Carlos Alberto, o capitão execução sem esquecer a bola no processo, passou a ter trabalho extra ao final do Brasil que “levantou a Jules Rimet em 1970”, lembra com de cada treino, altura em que ficava sozinho. “Só eu e mais dez bolas”. Nos jogos precisão histórica. “Para mim, foi uma das melhores seleções passou a esquecer-se menos da bola e forçando sempre a linha final. “Adorava brasileiras de todos os tempos”. Por isso se sentia “minhoca” fazê-lo, saía por lá fora disparado, que é também a razão pela qual me começaram no meio deles. a chamar Ceguinho, em vez de Seninho”. Não levou a mal. “Os defesas sabiam o A aventura americana proporcionou-lhe a oportunidade que eu ia fazer, mas, como eu era tão rápido, não lhes adiantava de nada tentar de conhecer outros ilustres e de viver experiências únicas, adivinhar os meus pensamentos”. Gomes e Duda, seus parceiros no ataque, como os jantares promovidos pela Warner no restaurante também não precisavam fazê-lo, porque já estavam avisados: “Antes dos jogos, das torres gémeas do World Trade Center. Entre outras voltava-me para eles e dizia: Quando eu arrancar com a bola, ponham-se um celebridades, conheceu o diplomata Henry Kissinger, que ao primeiro poste e outro ao segundo, porque eu vou cruzar muitas vezes sem tinha sido secretário de Estado dos presidentes Richard olhar”. A razão por que o fazia é simples: “A velocidade era tanta que a bola fugia- Nixon e Gerald Ford, nos festejos de um dos títulos de me, se eu tirasse os olhos dela”. Está explicado. campeão do Cosmos, o ator Sylvester Stallone, que assistiu com a equipa à antestreia do filme “Rocky II”, em Washington, GUERRA DO ULTRAMAR o cantor e autor Mick Jagger, vocalista e líder dos Rolling FEZ DELE CAMPEÃO COLONIAL Stones, e o tenista Bjorn Borg, de quem era “um grande fã”. Seninho regressou a Angola mais cedo do que imaginava e por motivos O FC Moxico, campeão provincial em 1973, com Seninho absolutamente incompreensíveis para os jornalistas norte-americanos que, (o segundo, em baixo, a contar da esquerda) vários anos mais tarde, acompanharam a apresentação do jogador no Cosmos, em Nova Iorque. “Explique-me uma coisa”, levantou-se um deles. “Foi de Angola para Portugal e depois foi para Angola lutar por quem?”. Num momento decisivo da carreira, Seninho deixou as Antas, desviado pela Guerra do Ultramar. Esteve durante dez meses no meio do mato, perto da fronteira com a Zâmbia, e foi posteriormente destacado para o hospital militar do Moxico. Aproveitou a colocação para voltar a jogar, agora no FC Moxico, filial do FC Porto. “Corri Angola quase toda no campeonato provincial”, conta. “Nem imagina a alegria que dávamos àquelas pessoas. Ainda hoje me arrepio só de lembrar. Eles não tinham mais nada, estavam no meio da guerra”. Foi campeão colonial em 1973, com dez pontos de vantagem sobre o segundo classificado.






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