Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 51 Vamos filosofar e criar... 1. Nos silogismos, escreva o que falta para completar o raciocínio e a conclusão, escrevendo ao lado se são raciocínios válidos ou inválidos: N Todas as aves não são animais vivíparos. Todos são animais vivíparos. Logo, todos os morcegos não são aves. N Todo mercúrio é líquido à temperatura comum. é um metal. Todo mercúrio é . Logo, algum N Todos os peixes são animais que respiram água contendo ar. Todos as baleias Logo, as baleias não são animais que respiram água contendo ar. peixes. N Todos os cachorros são animais. cachorros. Todos são animais. Logo, todos os vira-latas são N Todos os são pessoas. Todos os universitários são estudantes. Logo, todos os universitários são pessoas. N Todas as piranhas são peixes. Todos os tubarões são peixes. Logo, todas as são tubarões. N Todos os coelhos são animais. ligeiros. Todos os coelhos são Logo, todos os mamíferos são . N Todos os advogados são pessoas a favor dos direitos civis. são pessoas a favor dos direitos civis. Todos os radicais são . Logo, todos
52 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 APRENDER A EMPREENDER: Empreendedorismo social ConstruirjuntosaComunidadedeAprendizagem Investigativa, exercitando o diálogo e as regras para construir sempre uma nova “inteligência coletiva” e desenvolver o protagonismo juvenil. As áreas do conhecimento e critérios para análises Cada área de conhecimento possui um critério de análise dos fatos, de raciocínio, vejamos: Lógica - válido e inválido Ciência - verdadeiro e falso Direito - legal e ilegal Direito Natural - justo e injusto Estética - bonito e feio Moral - bom e mal Práticas padrões - correto e incorreto Regras particularizadas - proibido e permitido Administração - ganhos e perdas Conforme o exemplo apresentado, discuta na COM.A.I quais são os critérios mais adequados para se avaliar as demais situações apresentadas. Ao final, elaborem um exemplo que apresente uma situação concreta de sua escola ou sala de aula. Por exemplo: O professor de Biologia disse que os animais não devem ser maltratados porque sofrem como nós, são seres vivos. N Melhor critério para avaliação desse fato: Critérios do Direito Natural – não é justo com o animal, pois ele sente dor, e como eu também sinto dor, sei o que se passa com ele. a. O médico recém-formado não sabe se pode ou não omitir informações sobre uma certa doença. Porém o paciente tem o direito de saber. N Melhor critério para avaliação desse fato: b. Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500. N Melhor critério para avaliação desse fato: c. As experiências com os ratos darão certo com os humanos, porque os ratos são mamíferos. N Melhor critério para avaliação desse fato:
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 53 d. Carlos deveria ter dividido o lanche, porque essa é a regra da turma. N Melhor critério para avaliação desse fato: e. Ali não era local para eles ficarem se beijando. N Melhor critério para avaliação desse fato: f. Ele foi condenado a três anos de prisão por ter roubado um pão. N Melhor critério para avaliação desse fato: g. Um exemplo levantado por nossa COM.A.I: N Melhor critério para avaliação desse fato: 3.2 Uso do raciocínio Dedutivo e Indutivo Copyright Max Sattana. Shutterstock.com Relembrando o que já vimos em anos anteriores, o termo lógica vem do grego logos, que significa “palavra, expressão, pensamento, discurso, razão”. Desde a antiguidade existe a preocupação com o estudo da lógica. Como área de conhecimento, a lógica tem o seu objeto de estudo, cujas leis ela investiga. Vejamos alguns exemplos de ciências, com seus objetos de estudo: N a biologia: os fenômenos da vida; N a química: a composição e as transformações da matéria; N a astronomia: o movimento dos astros; N a psicologia: os fenômenos da mente. E qual é o objeto específico de estudo da lógica? N O objeto de estudo da lógica são as leis do pensamento, consideradas em si mesmas. Na lida diária, tanto na conversação quanto nos procedimentos, em geral aplicamos algo das regras da lógica, pois para que isso ocorra é suficiente uma boa dose de bom senso. Por exemplo, quando precisamos organizar uma mala de viagem, um material de estudo, fazer um almoço ou explicar onde fica um endereço que alguém esteja procurando. Outras ocasiões, porém, exigem um exercício mais profundo da inteligência quando, por exemplo, precisamos entender as ideias de um texto.
54 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 Os destinos da lógica aristotélica A lógica de Aristóteles obteve o seu auge na Idade Média. Para perceber a sua importância, basta dizer que, para mudar de mentalidade, os pensadores da Idade Moderna tiveram que propor uma nova concepção de lógica. Foi o filósofo Francis Bacon quem primeiro desenvolveu um estudo pormenorizado da indução, insistindo no caráter estéril da lógica dedutivista e na necessidade da experiência e da investigação, segundo métodos precisos. O método dedutivista parte do particular e do contingente para chegar ao universal. A partir do final do século XIX porém, é a lógica matemática que os estudiosos utilizam. A lógica simbólica ou matemática se utiliza de símbolos abstratos, como a matemática, que designa objetos ou operações. As várias línguas levam a interpretações diferentes devido ao sentido ambíguo das palavras e por causa de sua origem metafórica. Uma linguagem simbólica artificial foi construída, visando a superar estas dificuldades. Esta Lógica Moderna independe doravante da Filosofia. Apesar disso, o estudo aristotélico dos princípios racionais, das definições, das falácias, dos argumentos etc., se apresenta como muito atual, quando se quer aprender a raciocinar melhor. As inferências Sobre inferências vimos no 7.˚ ano, no livro “A Filosofia no nosso dia a dia”, dessa Coleção NEFC. Enquanto arte, a lógica consiste nas reflexões que os homens fizeram sobre as quatro operações de seu espírito: conceber, julgar, raciocinar e ordenar. O seu principal assunto são as inferências, ou seja, as conclusões a que podemos chegar a partir de um raciocínio. No estudo lógico, a inferência é qualquer operação pela qual se afirma a verdade ou a falsidade de uma proposição, em virtude de sua ligação com outras proposições já consideradas verdadeiras ou falsas. Logo, podemos perceber a sua importância, pois se não pudermos mais garantir uma proposição por outras anteriores a ela, grande parte do conhecimento científico de uma época se torna inviável. As inferências podem ser: N Formais ou lógicas (deduções) – possuem um caráter estritamente lógico. Trabalham com frases e não com fatos. São inferências construídas exata e rigorosamente, de modo que quem ouve ou lê a afirmação não tem outra opção a não ser concluir, a partir do que é dado, algo que se segue logicamente.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 55 N Informais ou não lógicas (induções) – apesar de não aplicarem regras rigorosas, apresentam boas razões para tirar determinadas conclusões. Pretendem trabalhar com fatos. Sabendo algumas coisas, podemos inferir outras. ! Resumindo: Ao fazermos uma inferência Ao fazermos uma inferência dedutiva, partimos de uma indutiva, partimos de uma proposição universal (ou lei geral), proposição particular (ou caso para chegarmos a uma conclusão particular), para chegarmos a uma particular (ou caso particular). conclusão universal (ou lei geral). Proposição Universal (ou lei geral) Proposição Universal (ou lei geral) Proposição Particular (caso particular) Proposição Particular (caso particular) A lógica aristotélica trabalha com as inferências dedutivas, que são identificadas como o silogismo. O empirismo de Francis Bacon propõe o trabalho com as inferências indutivas, que são identificadas com a generalização. A lógica indutiva parte de exemplos particulares para teorias gerais e é o método usado para confirmar teorias científicas. Na literatura, um exemplo de grande utilização do raciocínio “dedutivo” vem de romances policiais estilo Sherlock Holmes, que usa analogia e probabilidades, como na história abaixo: ! Holmes e Watson estão acampando. No meio da noite, Holmes acorda e dá um cutucão no Dr. Watson. - Watson - diz ele -, olhe para o céu e me diga o que vê. - Vejo milhões de estrelas, Holmes - diz Watson. - E o que você conclui disso, Watson? Watson pensa um momento. - Bem - diz ele -, astronomicamente, isso me diz que existem milhões de galáxias e possivelmente bilhões de planetas. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão. Em termos de horário, deduzo que devem ser aproximadamente quinze para as três. Meteorologicamente, desconfio que amanhã vá fazer um lindo dia. Teologicamente, vejo que Deus é todo-poderoso e que nós somos pequenos e insignificantes. Ahn!, o que você conclui, Holmes? - Watson, seu idiota! Alguém roubou nossa barraca.
56 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 Vamos filosofar e criar... 2. As inferências lógicas possuem um caráter estritamente lógico. Por exemplo, se alguém diz Nenhuma criança é planta, segue-se logicamente que Nenhuma planta é criança. Essa é uma inferência que podemos fazer com inteira segurança. Complete com a palavra mais adequada: Se é verdade que: Então segue-se que: a. Os insetos não são vertebrados. inseto é vertebrado. (Nenhum, Todo) b. Todo homem é animal. homens são animais. (Alguns, Nenhum) c. Nenhum mamífero é parasita. mamíferos não são parasitas. (Alguns, Nenhum) 3. Diga qual o contrário e o contraditório: N A proposição: Todas as pedras que rolam são pedras que não criam musgo. Tem como contrário: pedra que rola é pedra que cria musgo. (Nenhuma, Alguma) N A proposição: Todos os tênis são de plástico. Tem como contraditório: tênis não são de plásticos. (Alguns, Nenhum) Por estes exemplos, fica claro que as segundas proposições derivam das primeiras proposições. São conclusões ou inferências imediatas. Vamos criar e filosofar... 4. Faça generalização sobre indução. As inferências não lógicas, apesar de não aplicarem regras rigorosas, apresentam boas razões para chegarem a determinadas conclusões. Uma inferência indutiva é uma inferência cuja verdade é sempre provável. A indução demonstra um modo de proceder da mente, que é generalização. A inferência indutiva é também a operação base da ciência. Como se criam as leis científicas? A partir de generalizações feitas da observação de casos particulares. Quando um cientista pesquisa, não lhe é possível realizar experiências concretas em todos os casos. Por essa razão, as leis das ciências são muito mais probabilidades !O ferro conduz eletricidade. lógicas do que certezas empíricas. Por exemplo: O couro conduz eletricidade. O cobre conduz eletricidade. A prata conduz eletricidade. Logo, todos os metais conduzem eletricidade.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 57 Agora, construa outro exemplo: Logo, todos 5. Vamos fazer generalizações sobre a indução completa. Podemos fazer uma indução completa quando temos conhecimento de todos os casos particulares. Essa modalidade não é uma marcha do conhecido para o desconhecido. Exemplo: Domingo, 2.˚, 3.˚, 4.˚, 5.˚, 6.˚ e sábado foram dias quentes. Ora, os dias da semana são domingo, 2.˚, 3.˚, 4.˚, 5.˚, 6.˚ e sábado. Logo, esta semana foi quente. Complete: N Todos os planetas são os nove conhecidos. Ora os nove conhecidos não brilham com luz própria. Logo, não . N Os órgãos dos sentidos são os cinco conhecidos. Ora, os cinco conhecidos são limitados no seu alcance. Logo, não . 6. Vamos fazer a indução incompleta a partir de generalizações. Podemos fazer uma indução incompleta ou por enumeração. Quando nos baseamos no exame de alguns casos particulares, estendemos a conclusão a todos. Exemplo: Conheço vários quadrúpedes que são vertebrados. Há vários quadrúpedes que não conheço, mas afirmo que são também vertebrados, baseando-me na crença de que a natureza age sempre da mesma maneira. A generalização indutiva é precária, quando feita apressadamente e sem critérios. É preciso examinar se a amostragem é significativa e se existe um número suficiente de casos que permitam a passagem do particular para o geral. Fica claro que inferências indutivas desse tipo não são infalíveis. Na melhor das hipóteses, podem ser consideradas prováveis. Dê um exemplo de cada: N Generalização confiável – Conheço vários que são Há vários que não conheço, mas afirmo que são também , baseando-me na crença de que a natureza age sempre da mesma maneira. N Generalização preconceituosa – Conheço vários que são Há vários que não conheço, mas afirmo que são também , baseando-me na crença de que a natureza age sempre da mesma maneira.
58 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 3.3 O pensar lógico e as ações (dar desculpas, justificar...) Como estamos vendo nos últimos anos em nosso estudo de lógica, pessoas reagem de várias maneiras à ideia de que o pensamento lógico não é algo muito natural para os seres humanos. Ter um raciocínio lógico é ter sensibilidade para com a linguagem e capacidade para usá-la efetivamente, pois lógica e linguagem são inseparáveis. Pessoas como nós, que valorizamos e prezamos a racionalidade e a razão, tanto individual como na Comunidade de Aprendizagem Investigativa, percebemos que um bom raciocínio vem de uma boa linguagem e de boas ações. Para quem defende o irracional e o intuitivo, resta justificar que a razão não é o caminho para se ir adiante. Aqui vale lembrar que alguma coisa ser natural ou não natural não demonstra que ela seja certa. Para quem pensa de maneira lógica, é fácil entender de que os nossos poderes de dedução não são tão bons quanto achamos que são, e que frequentemente chegamos a conclusões a partir de instintos desenvolvidos, e não do pensamento racional. A falha moral (ou dar desculpas, justificar...) como característica do ser humano Sobre a conduta dos seres humanos, podemos dizer que uma das características essenciais dessa conduta é o fato de que podem falhar naquilo que se propõem. Portanto, os projetos são sempre tentativas, quando se trata de comportamentos. A falha é a desistência voluntária de uma obrigação, lei, ordem, de um regulamento ou de um princípio ético. A falha pode ser considerada como uma imperfeição moral. Para uma falha cometida, estão previstas sanções, que podem ser leves ou rigorosas, conforme o caso. Crianças, adolescentes, jovens e adultos – todos podem falhar. E, porque é uma situação geral, podemos dizer que se torna uma condição humana: a imperfeição no pensar e agir. A particularidade está na postura que as pessoas tomam diante da falha. Se forem classificadas, podemos encontrar as seguintes atitudes não razoáveis diante de um erro lógico, de um erro moral: ! N Mentir a respeito do fato, quando se diz que não cometeu o ato. N Negar o valor moral negativo do fato, quando se diz que o que se fez não é um erro. N Tornar-se indiferente aos fatos de conotações éticas como um todo, quando se procura desprezar a categoria de coisas em que o fato moral está incluído, no caso, a ética; quando se diz que a ética (comportamento) não é algo que se discuta. N Tornar-se superficial frente ao fato, quando se procura reduzir a importância do fato com o objetivo de salvaguardar os próprios interesses. Poderíamos dizer que essas atitudes todas podem ser resumidas na atitude de racionalizar, ou de inventar desculpas.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 59 Dando justificativas ou dando desculpas Sabemos que todos falhamos, mas cada falha tem a sua razão de ser. Não podemos esquecer, porém, que, muitas vezes, só concluímos que a ação praticada foi uma falha moral depois do ato praticado. Nesses casos, no momento da ação, as pessoas não percebem a sua inadequação; pelas reações dos outros é que tomam consciência da incorreção e da culpa. Mesmo assim, o fato é que, quando sabem que até certo ponto são culpadas e, mesmo assim, acham que suas razões são defensáveis, para convencer de que não tiveram culpa, geralmente dão uma desculpa; por isso a palavra “desculpa” significa – tentativa de tirar a culpa. Aristóteles já afirmou que as pessoas não agem para falhar, mas sim para acertar. Portanto, as pessoas agem, com dissemos, com razões que lhes parecem justas no momento. Se todas as falhas têm a sua razão de ser, essa razão poderá ser considerada boa ou má. Quando uma razão é boa, torna-se uma justificativa da falha; quando é má, tem-se então uma desculpa por se ter falhado. Vejamos: ! N Boas razões são justificativas: convencem de que a pessoa teve um motivo justo para falhar em algum compromisso ou obrigação moral. N Más razões são desculpas: não convencem que o motivo para falhar foi justo. Vamos filosofar e criar... 6. Diga se estão sendo apresentadas desculpas ou justificativas e, da situação apresentada procure criar o oposto, se for uma boa razão transforme em uma má razão e, vice versa: N Boas razões são justificativas: convencem de que a pessoa teve um motivo justo para falhar em algum compromisso. N Más razões são desculpas: não convencem que o motivo para falhar foi justo. a. Aline pisou no pé do Renato e disse: “Desculpa, eu não vi”.
60 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 b. Aretuza não trouxe os deveres feitos e disse: “Chegou visita lá em casa, professor” c. Camila não quis brincam com Emily e disse: “Estou sem vontade” d. Caroline disse que não gostava do Ricardo e disse: “Eu acho ele muito baixinho” Vamos criar e filosofar... 8. O pensar lógico leva a ações lógicas. Perguntas lógicas levam a raciocínios com respostas lógicas. Vamos brincar com o raciocínio lógico? a. Qual é a característica comum a todos os números abaixo? 2 3 6 7 8 9 11 12 b. Se Dora tem 10 anos, Margarida tem 20 e Tim e Zé têm ambos 5, mas Marta tem 10, quantos anos tem Rosinha? c. O que macho tem na frente, qualquer virgem tem atrás, todo homem tem em dobro e todo aluno não tem mais? d. Uma sala tem quatro cantos. Em cada canto está um gato. Cada gato vê três gatos. e. Quantos gatos há na sala? f. Um camponês tem cinco montes de palha num campo e quatro montes de palha noutro campo. Se os juntar ao pé da sua casa, com quantos montes de palha fica? 9. Não são pegadinhas. São testes cuja função é alertar que sempre, em qualquer problema, existem vários aspectos a serem considerados e que, na maioria das vezes, nem todos são cogitados: a. Você está participando de uma competição e ultrapassa o segundo colocado. Em qual posição você vai chegar? b. Na mesma competição, se você ultrapassar o último, qual será a sua posição na chegada? c. O Pai de Mônica tem cinco filhas: Lalá, Lelé, Lili, Lolô e . Qual é o nome da quinta filha? d. Quantos meses têm 28 dias? e. Quantas espécies de cada animal Moisés levou na sua arca? f. De que lado a galinha tem mais penas? 2. Resoluções: a) Todos os números são escritos com quatro letras. b) Rosinha tem 15 anos, seguindo um raciocínio que dá cinco pontos a cada sílaba de cada nome. c) A letra M. d) Quatro gatos, pois cada vê três gatos mais o gato que vê. e) Se os juntar fica só com um monte de palha. 3. a) Quando você ultrapassa o segundo colocado, chega em segundo lugar. b) Sendo o último, não é possível ultrapassar o último. c) A quinta filha se chama Mônica. d) Todos os meses do ano. e) Moisés não tinha arca. Noé é que tinha uma. f) Do lado de fora!
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 61 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Mãos Talentosas - A História de Ben Carsona” Sinopse: Ben Carson era um menino pobre de Detroit, desmotivado, que tirava más notas na escola. Entretanto, aos 33 anos, ele se tornou o diretor do Centro de Neurologia Pediátrica do Hospital Universitário Johns Hopkins, em Baltimore, EUA. Sua história, profundamente humana, descreve o papel vital que a mãe, uma senhora de pouca cultura, mas muito inteligente, desempenhou na metamorfose do filho, de menino de rua a um dos mais respeitados neurocirurgiões do mundo. A lógica das piadas O humor é um produto da capacidade humana para criar julgamentos rápidos e intuitivos. Homens e mulheres reagem de maneira diferente à mesma anedota. Em geral, as mulheres (por serem mais intuitivas) podem levar um pouco mais de tempo do que os homens para considerar as piadas como engraçadas ou não. Porém, piadas sendo inteligentes levam todos ao divertimento. Piada lógica: É lógico? Um jovem estava lendo um livro de lógica, quando um amigo chegou e lhe perguntou o que ele estava lendo. Era um livro sobre lógica, no que seu amigo perguntou: - Lógica? - Sim - respondeu -, não sabe o que é lógica? O outro disse: - Não. - Então vou tentar lhe explicar. Por exemplo, eu tenho um aquário. Se eu tenho um aquário, logicamente eu tenho um peixe, entende? O amigo, não entendendo bem, ficou naquela. Então o outro continuou explicando: - Bem, se eu tenho um peixe, logicamente eu tenho água no aquário, está entendendo? E continuou: - Se eu tenho um aquário na minha casa, logicamente eu devo ter uma família, mulher, filhos. Então logicamente eu sou macho, está entendendo? Depois de toda essa tentativa de explicações, ele notou que seu amigo ainda continuava confuso. Então disse: - Olha, tome o livro e vai lendo, depois você me devolve. E se foi. Ele começou a ler, e então chegou outro amigo e perguntou: - O que você está lendo? - Isto é um livro de lógica. - Lógica? O que é isso? - Bem, eu comecei a ler agora, mas vou tentar te explicar. Você tem aquário em casa? - Não - responde prontamente o amigo. - Então é lógico que você é gay. ! O desafio no final deste capítulo é pesquisar outras piadas (inteligentes, é claro) que tratem do(s) assunto(s) do capítulo.
CAPÍTULO 4 4 Vivo com os outros e executo acoes Cantar e filosofar ! A ESTRADA Colocar música em uma cena é como escolher palavras Fonte: Toni Garrido, Lazão, Da Gama, Bino. Intérprete: Grupo Cidade para um poema. Como disse Negra. In: Quanto mais curtido melhor. Rio de Janeiro: Epic/Sony Arthur Shopenhauer: ‘as Music, 1998. Faixa 05. palavras expressam a razão e a música, a emoção’. Encontre a música no canal: https://www.youtube.com Vamos refletir e dialogar em COM.A.I. a. Quais as interpretações da primeira estrofe da música relacionadas com o tema desse capítulo? b. Diz a letra que “a vida ensina e o tempo traz o tom”. O que isso tem a ver com esse capítulo, que irá trabalhar Ética? c. Podemos entender que estamos numa estrada e que vivemos com os outros e fazemos várias ações em nossa existência. Vamos imaginar como seria estarmos sozinhos no mundo e depois conversar sobre como seria? d. Organize uma maneira criativa de externar as ideias dessa música, pensando que iremos investigar e discutir sobre ética neste capítulo. ! O desafio no final deste capítulo é pesquisar outras piadas (inteligentes, é claro) que tratem do(s) assunto(s) do capítulo.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 63 REFLEXÃO: Os três últimos desejos de Alexandre, o Grande Quando à beira da morte, Alexandre convocou os seus generais e relatou seus três últimos desejos: 1. Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época. 2. Que fossem espalhados no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...). 3. Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos. Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões. Alexandre explicou: - Quero que os mais eminentes médicos carreguem meu caixão, para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte. - Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros, para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados aqui permanecem. - Quero que minhas mãos balancem ao vento, para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos. Autor desconhecido Para discutir na COM.A.I. 1. Se você tivesse que contar essa história para seus familiares que outras ideias poderíamos acrescentar? 2. Você e a sua turma de 9.˚ ano concordam com os desejos e razões de Alexandre na beira da morte? Desafio: Procure organizar de maneira criativa, uma forma para que essa reflexão “Os Sete sábios”, possa ser vista por toda a sua escola, principalmente neste começo de ano.
64 Vivo com os outros e executo ações Capítulo 4 4.1 A ética no mundo contemporâneo É importante termos presente que, ao falarmos de ética, buscamos o que clareia a consciência humana, dá um rumo à conduta individual e social das pessoas. É, portanto, uma criação histórico-cultural. Por isso há variações no conceito de virtude, do bem e do mal, certo ou errado, consentido e proibido, para cada cultura e sociedade. A ética torna-se universal a medida em que estabelece formas de conduta moral válidas para todos os membros de determinada sociedade. Essas formas de conduta moral levam em conta o contexto social, político, econômico e cultural em que as pessoas vivem e realizam as ações morais. Alguns pensamentos éticos, embora surgidos no século XIX, ainda exercem influências hoje. Temos, por exemplo: N o Existencialismo (Kierkegaard, Sartre); N o Marxismo (Marx, Engels); N o Anarquismo (Max Stirner). Assim, temos a ética contemporânea, na sua fase mais recente, conhecendo o sistema socialista, a descolonização, a globalização. APRENDER A EMPREENDER: Empreendedorismo social ConstruirjuntosaComunidadedeAprendizagem Investigativa, exercitando o diálogo e as regras para construir sempre uma nova “inteligência coletiva” e desenvolver o protagonismo juvenil. Clarear a consciência Cada área de conhecimento possui um critério de análise dos fatos, de raciocínio, vejamos: N Objetivos: Permitir a cada um expressar sua maneira de ser. Descrever como cada pessoa se expressa segundo sua experiência. N Material: Uma foto por equipe que manifeste uma situação humana de forma um pouco “camuflada” para que seu significado não seja evidente, mas não de forma tão velada que seu significado seja totalmente vago, quer dizer, uma fotografia que ajuda a imaginação e a projeção pessoal. N Desenrolar: Dividir a turma em equipes de 4 a 6 participantes:
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 65 N I. O professor entrega uma fotografia para cada equipe. Cada participante terá alguns minutos para descrever o que imagina aconteceu antes dessa foto, o que está acontecendo nela e o que pode acontecer depois desse instante. N II. Na equipe a foto é passada de mão em mão para observações individuais, logo em seguida cada participante pensa e escreve suas hipóteses sobre a foto (o antes, o instante e o depois). N III. Ao terminar a escrita, cada participante comentará com os companheiros de sua equipe a sua percepção do antes, durante e depois da cena da foto. N IV. A equipe debaterá sobre as percepções da cena da foto e escolherá uma que seja mais significativa e que irá participar de um breve plenário. N V. O professor conduz uma discussão dirigida para que o grupo analise como se pode aplicar o que foi aprendido em sua vida. Tendo presente o que estamos aprofundando no tema “A ética no mundo contemporâneo”. Copyright Rawpixel. Shutterstock.com A ética contemporânea mostra-se como reação contra o formalismo e o universalismo abstrato de Kant, em favor de um homem concreto, um indivíduo, um homem social. Ela é contra o racionalismo absoluto, reconhecendo o irracional no comportamento humano e buscando a origem ética no próprio homem. Existencialismo No existencialismo, a partir de Kierkegaard, há três estágios na existência individual – o religioso, o ético e o estético. N O religioso é estágio superior – a fé como relação pessoal, subjetiva com Deus. N O ético – onde a pessoa se comporta por normas gerais, onde não há autenticidade. N O estético – onde a pessoa procura manifestar-se como indivíduo, muitas vezes seguindo padrões estipulados. Já para Sartre, outro existencialista, Deus não existe. E na medida em que o fundamento último dos valores está abolido, não podemos falar de valores, princípios ou normas. O homem é, então, fundamento sem fundamento (não tem razão para ser).
66 Vivo com os outros e executo ações Capítulo 4 Marxismo Tem como reflexão ética uma explicação e crítica das morais do passado e busca evidenciar, de maneira teórica e prática, uma nova moral. Para Karl Marx, o homem é um ser concreto, real, espiritual e sensível, teórico e prático. Pelo seu trabalho é produtor, transformador, criador. Um ser social , pelo seu trabalho estabelece relações de produção, que são relações econômicas e ideológicas. ! Algumas teses do marxismo para a ética são as seguintes: ON comportamento moral estabelecido tem uma função social e ideológica. Conforme os interesses da classe dominante são estabelecidos as relações e condições da existência humana. É uma moral de classe. N Numa mesma sociedade podem coexistir várias morais, pois a cada classe temos uma conduta moral correspondente. N A moral de classe é relativa, porém está num processo de busca da moral humana e universal. N Os homens, vivendo em sociedade, necessitam da moral, pois ela tem uma função social. O que se busca é uma nova moral, que deixe de ser expressão das relações sociais alienadas. Portanto, para Marx, os valores da moral como liberdade, felicidade, racionalidade, respeito à subjetividade e à humanidade das pessoas são falsos numa sociedade que tem como fundamento a exploração do trabalho, a desigualdade social e econômica e a exclusão social. Só mudando a sociedade é que poderá haver uma ética concreta. Pragmatismo Outro comportamento ético contemporâneo é o pragmatismo, defendido por filósofos americanos já nas primeiras décadas do século XX. Pierce, James e Dewey são os filósofos do pragmatismo. Característica marcante é a identificação da verdade com o útil, ou seja, aquilo que melhor contribuir para viver e conviver. Assim, na ética, vemos que algo bom equivale a dizer que conduz à obtenção de um fim, para chegar ao êxito. Temos, então, valores, princípios e normas que podem variar de acordo com cada situação. O bem é utilitarista e egoísta. Enquanto houver essa organização social violenta, em que uma parte dos homens é tratada como “coisa, instrumento ou meio”, não se concretiza o imperativo categórico de Kant: ! “Age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir se torne uma lei universal”.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 67 Vamos filosofar e criar... 1. Tendo presente a afirmação inicial: “ao falarmos de ética, buscamos o que clareia a consciência humana, dá um rumo à conduta individual e social das pessoas”, é importante lembrarmos e pensarmos coletivamente sobre algumas ações recentes em nossa sociedade e nos posicionarmos eticamente. O caso dos jovens que em Brasília atearam fogo num índio: O episódio da filha que, com o namorado, matou o pai e a mãe que dormiam, por motivos de interesses econômicos e por sentir que os pais eram contra o relacionamento: O poder dos meios de comunicação sobre a opinião pública, principalmente quando ideias, acontecimentos e notícias são “plantadas”, tendo em vista alguns interesses particulares ou de grupos: 2. A partir do último parágrafo desse capítulo, é importante você registrar suas ideias e considerações sobre a afirmação: Enquanto houver essa organização social violenta, em que uma parte dos homens é tratada como “coisa, instrumento ou meio”, não se concretiza o imperativo categórico de Kant: “Age de maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir se torne uma lei universal”. Educação para valores e a paz Tomar decisão e agir Após termos lido, discutido e entendido as posições de alguns filósofos sobre qual ética vivemos nos dias atuais, vamos usar a criatividade individual e da COM.A.I. Para tanto: N A turma será dividida em equipes com cinco participantes no máximo; N Cada equipe deverá escrever uma história na qual um personagem deverá tomar uma decisão importante em sua vida; N Na história, o personagem fará algumas perguntas, que deverão estar na sua história, com a(s) possível(eis) resposta(s):
68 Vivo com os outros e executo ações Capítulo 4 1. É possível que todos pensem e venham a agir como eu? 2. O que eu sei sobre o certo e errado, o consentido e o proibido, e como aplico esses valores nas decisões que devo tomar? 3. Ao escolher uma ação, dentre as diversas possíveis, quais as consequências? 4. E sobre a decisão tomada, quais as causas possíveis para as pessoas que convivem próximas de mim? N História da equipe: N Agora, a partir da história criada, procure dizer que tipo de comportamento ético foi o mais predominante na construção coletiva da equipe, tendo presente toda a parte teórica desse capítulo sobre ética.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 69 4.2 A escolha do que queremos ser e fazer e, a ética profissional O que dizer da massificação, um problema moderno que enfrentamos e vivenciamos? A massificação acontece nas relações de trabalho, na vida social e familiar. As pessoas são colocadas cada vez mais na função de simplesmente aceitar as coisas, de ser indiferentes aos fatos, perdendo a arte de falar e de se expressar, perdendo, por isso, a voz e a vez. Filósofos do nosso tempo falam da despolitização das massas, do desaparecimento ou dominação do espaço público. Vivemos, sob muitos aspectos, uma inversão dos valores morais, os quais são o fundamento da Ética. O progresso científico e tecnológico, rápido, grande e intenso, fruto do trabalho do homem, faz com que esse mesmo homem seja colocado em segundo plano. O trabalho alienado, fruto desse tempo, transforma o homem em mais uma mercadoria, deixando de ser sujeito das situações, perdendo sua “humanidade”. Por isso, em nossa sociedade capitalista, na qual o dinheiro, o poder, a produção, a posse e o consumo são valorizados em demasia, temos o TER como uma busca, em detrimento do SER. A não valorização da pessoa leva à valorização do dinheiro, do lucro e do poder. É comum, então, a pergunta diante de algumas ações do homem: “o que você vai ganhar com isso?” Só assim podemos entender alguns fatos que são notícias e muitas vezes tratados com indiferença ou mesmo com o consentimento por muitos: ! N corrupção e desvio de dinheiro do Sistema Previdenciário; N superfaturamento de obras públicas, “caixa dois” em órgãos públicos e empresas sonegadoras; N uso do cargo, do poder, em benefício próprio e/ou de grupo restrito; N desvio de verbas da saúde, educação e moradia; N execução de projetos mirabolantes em detrimento do auxílio à parcela pobre da população; N a Justiça tendo dois pesos e duas medidas. N ...
70 Vivo com os outros e executo ações Capítulo 4 A sociedade tecnológica, da qual fazemos parte, pode causar muitos problemas, Copyright Your. Shutterstock.com mas também pode possibilitar a realização da singularidade. A massificação, difundida pelos meios de comunicação, é muito potente, e junto com a informática pode contribuir para alienar e tirar o espírito criativo das pessoas, o que pode levar a uma dominação cada vez mais intensa. A realidade está aí, mas isso não significa que será sempre essa. Nossa capacidade de escolher, portanto nossa liberdade e a responsabilidade ética para escolhermos e sermos livres, tem uma finalidade maior. Como vimos, a finalidade da ética é a de nos fazer viver bem, é a arte de escolher o que mais nos convém e viver o melhor possível. Ao colocarmos no centro, como valor fundamental, o ser humano, a ciência e a tecnologia poderão abrir espaços em que o homem será autor de seu pensar e viver. Com a rede de computadores é possível uma comunicação com o mundo de forma prática e instantânea. A aprendizagem, a vivência democrática e a participação política de cada pessoa poderão ser ampliadas a ponto de vermos a singularidade como a condição básica para a cidadania. E isso será um forte incentivo para a vida coletiva e para o ser autônomo pensar, agir e buscar sua realização. A ética profissional Ética profissional é uma expressão e uma exigência que ouvimos seguidamente. Escutamos nos meios de comunicação notícias sobre a ética médica, a ética política... Quando falamos de ética profissional, abordamos um assunto que faz parte da Deontologia (termo criado por Jeremy Bentham em 1834, do grego deon, dever), a ciência dos deveres. Estudamos os deveres que devem ser cumpridos para atingir o ideal utilitário do maior prazer possível para o maior número possível de indivíduos. Desse ponto de vista, a Deontologia é uma ciência de normas que servem de meios para alcançar normas que se consideram fins. 4. MORA, J. Ferrater. Dicionário de filosofia. Tomo I. São Paulo: Loyola, 2000.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 71 Por isso, a partir de Bentham, “a Deontologia é vista não como uma disciplina Copyright Lotan. Shutterstock.com estritamente normativa, mas uma disciplina descritiva e empírica cujo fim é a determinação dos deveres que devem ser cumpridos em determinadas circunstâncias sociais, e muito especialmente no âmbito de uma profissão determinada”.4 Cada um de nós busca realizar-se como pessoa. Por isso, nosso desejo de sermos felizes, vivermos bem. Assim, escolhemos a cada instante, e devemos ser livres e responsáveis por nossas escolhas. Muitos já sabem o que querem ser na vida. Já decidiram o que farão na Universidade, que profissão irão desempenhar. Muitos já responderam à pergunta: “O que você vai ser quando crescer?” As respostas podem ser várias, porém é importante estarmos atentos ao que queremos ser. Somos, portanto, convocados a ser felizes. Podemos esperar dos outros a solução dos problemas, mas estaremos delegando algo que é essencial, que é a nossa liberdade, nossa possibilidade de escolha. Porém, se resolvermos ser os autores de nossa vida particular e da vida política em geral, faremos uma ação consciente e responsável nas escolhas éticas, nos atos políticos e, assim, nos construiremos como verdadeiros cidadãos. O Ser Ético é um Ser Político (tema que iremos abordar nos próximos meses). ! “A filosofia pode nos ajudar nesse empreendimento, quando aprendemos a refletir, a ver o todo e as partes de cada fato. A medida dever ser o homem, colocando no centro as questões dos valores. Assim, a ciência e a tecnologia se tornarão instrumentos para uma ação cidadã efetiva, minimizando os grandes problemas, como a miséria (material e espiritual), tão presentes em nosso cotidiano.”5 5. WONSOVICZ, Silvio. Aprendendo a viver juntos: investigando sobre ética, p. 84.
72 Vivo com os outros e executo ações Capítulo 4 Vamos filosofar e criar... 3. Lemos no texto: “(...) em nossa sociedade capitalista, onde o dinheiro, a produção, a posse e o consumo são valorizados em demasia, temos o Ter como uma busca, em detrimento do Ser”. Escreva sobre essa ideia, manifestando-se a favor ou contra, e coloque suas justificativas: 4. Você já ouvir a expressão “levar vantagem em tudo”, também chamada Lei de Gerson (alusão a uma propaganda de um craque do futebol veiculada em anos anteriores), que virou uma expressão que vai contra a ética? Esclarecido sobre a expressão e tendo presente os conteúdos desse capítulo, que reflexões você faz pensando em sua realidade? Vamos criar e filosofar... 5. A finalidade da ética é a de nos fazer viver melhor, é a arte de escolher o que mais nos convém e viver o melhor possível. A partir dessa afirmação, qual relação você faz com o título desse capítulo? 6. Faça uma pesquisa com seus pais ou com professores de seu colégio sobre os códigos de ética profissionais da(s) atividade(s) que exercem.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 73 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Tempo de paz” Sinopse: O Brasil estreita suas relações com os EUA e sofre fortes influências democráticas após o fim da 2.a Guerra Mundial. Durante anos, centenas de pessoas foram presas e torturadas pelo regime de Vargas. Mas, com a pressão externa, vários presos políticos ganham a liberdade. Segismundo é um ex-oficial da polícia política do governo Vargas, um ex-torturador frio. Mas, por ironia do destino, o fim da Guerra é o que tira sua Paz, pois teme vingança de seus ex-prisioneiros. Hoje, ele é chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro e tem a missão de evitar a entrada de nazistas. Estrangeiros são interrogados por ele, e na menor suspeita, mandados de volta para casa. Foi exatamente o que aconteceu com o ex-ator polonês Clausewitz, confundido com um nazista, e que terá que usar todo o seu talento de ator para convencer que não é um seguidor de Hitler. Em tempos de paz, a única arma que resta a Clausewitz é o poder do teatro de mexer com os sentimentos das pessoas. Ou o que sobrou deles, depois da guerra. A lógica das piadas O humor é um produto da capacidade humana para criar julgamentos rápidos e intuitivos. Homens e mulheres reagem de maneira diferente à mesma anedota. Em geral, as mulheres (por serem mais intuitivas) podem levar um pouco mais de tempo do que os homens para considerar as piadas como engraçadas ou não. Porém, piadas sendo inteligentes levam todos ao divertimento. Piada ética: Ações quase perfeitas De volta da lua de mel, o camarada encontra um amigo. - E aí, Fernando? - pergunta-lhe o amigo. - Como está a vida de casado? - Maravilhosa! A Soninha é uma mulher divina! Carinhosa, bem-humorada e uma paixão de pessoa. - É mesmo? Que legal! E na cozinha, como ela se sai? - Ela é especialista em três tipos de comida: enlatada, congelada e queimada! O desafio no final deste capítulo é pesquisar outras piadas ! (inteligentes, é claro) que tratem do(s) assunto(s) do capítulo.
3UNIDADE PENSAR BEM E AGIR (=Protagonismo social) Política Estética
3 INTRODUÇÃO pensar BEM E AGIR (= PROTAGONISMO SOCIAL) PENSAR BEM E AGIR BEM é a busca da filosofia, principalmente da caminhada feita por todos esses anos com e pela Filosofia. Como adolescentes que pensam bem e agem dentro da realidade que estão inseridos, queremos que haja um protagonismo social. Isto nada mais é do que sermos líderes de processos, responsáveis por transformações sociais, econômicas e políticas. Para que alguém seja protagonista e não simplesmente coadjuvante é fundamental o saber e conhecer a organização social, política, estrutural. Esse processo está acontecendo com cada um do 9.˚ ano, a partir de todas as disciplinas. Em especial a Filosofia quer que cada vez mais você seja um indivíduo ético, político e estético. Esse tripé entendido aqui como uma pessoa que sabe porque faz uma ação, entende que essa ação é uma escolha e tem responsabilidade e, quer com isso que haja uma harmonia, uma beleza. Fazer uma Filosofia Viva, nossa busca constante como indivíduos que são autores da sua história passa pela consciência de que estamos em constante processo de formação e que a cada conhecimento percebo, como Sócrates que “só sei que nada sei”. Isso como um desafio para saber mais e mais. Política e Estética Copyright Oneinchpunch. Shutterstock.com Sou cidadão, escrevo minha história N A organização social, o poder e a cidadania. N O homem como Ser Ético, Ser Político e Ser Estético.
CAPÍTULO5 5 Sou cidadao, escrevo minha historia Cantar e filosofar ! QUANDO O MORCEGO Colocar música em uma cena DOAR SANGUE é como escolher palavras para um poema. Como disse Fonte: Intérprete: Bezerra da Silva. In: O partido alto do samba. Arthur Shopenhauer: ‘as Rio de Janeiro: Snoy Music, 2004. Faixa 11. palavras expressam a razão e a música, a emoção’. Encontre a música no canal: https://www.youtube.com Vamos refletir e dialogar em COM.A.I. a. Neste último capítulo, junto com o título que é muito significativo e, com a letra e melodia da música, vamos pensar sobre qual é o nosso papel como seres políticos que fazemos parte da Polis? b. Qual é o significado de política na letra dessa música? c. O que podemos entender pelo refrão: “de política em política?” d. O desafio é comparar a letra da música com o atual momento político ! partidário que vivemos em nosso país. Organizar de forma criativa na COM.A.I. uma maneira de disponibilizar essa música para toda a sua escola.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 77 REFLEXÃO: Seu maior tesouro Um colunista conta uma estória relatando um episódio em que acompanhava um amigo a uma banca de jornal. O amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo do colunista sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro. Quando os dois amigos desciam pela rua, o colunista perguntou: - Ele sempre te trata com tanta grosseria? - Sim, infelizmente foi sempre assim... - E você é sempre tão polido e amigável com ele? - Sim, procuro ser. - Por que você é tão educado, já que ele é tão inamistoso com você? - Porque não quero que ele decida como eu devo agir. Nós é que decidimos como devemos agir e reagir - não os outros! Autor desconhecido 5.1 A organização social, o poder e a cidadania Na medida em que o homem passou a conviver com outros homens, fez- se necessária uma forma de ordenamento para que pudessem sobreviver. Sobretudo considerando ter havido povos que acreditavam serem os deuses, os supremos governantes do Estado. Os deuses supostamente buscavam que alguns homens fossem seus representantes e sobre eles exerciam o poder. Portanto, o poder vinha de deuses. A partir dessa estrutura, quem estava no governo legitimava, sem contestação de ninguém, as leis que haviam sido dadas pelos deuses. No decorrer da história, os conceitos foram se modificando. Por isso, é importante esclarecermos algumas noções básicas. Estado O Estado é considerado como a institucionalização do poder, isto é, o poder não pertence mais a uma pessoa, a uma família ou a um grupo. Ele se torna despersonalizado, instituição. Pertence a todo o povo, que o delega a representantes, que vão constituir a organização legislativa, administrativa e repressiva. Para Marx, Engels e Althusser, o Estado é uma invenção da classe dominante para se manter na posse dos bens materiais e culturais. O Estado seria, então, transitório. Num sistema comunista, não haveria necessidade de Estado, pois não haveria competição e nem luta de classes.
78 Sou cidadão, escrevo minha história Capítulo 5 Governo O Governo é o grupo que preside o Estado e administra os bens públicos de uma nação ou sociedade. Sociedade Consiste num agrupamento de pessoas que vivem em determinado espaço e tempo. Essas pessoas se reúnem por interesses e leis comuns e com consciência de pertencerem a um corpo social, apesar da ideia de que o corpo social possa causar problemas. Na história, temos o “Apólogo de Agripa”, de onde se deduz que cada um deve permanecer no lugar onde se encontra. Isso vem demonstrar um conservadorismo e uma falta de perspectiva de crescimento pessoal, de classe e geral. Nação A nação é o agrupamento de seres humanos num determinado território geográfico, ligados por interesses comuns, lembranças comuns, origem, tradições e cultura comuns. Política – os critérios de escolha A questão é: o que é Política? Há quem a defina como a ciência da conquista (pelo voto), organização e conservação do poder. Outros como a ciência e a arte (ars, tekné) da administração e distribuição equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais de uma comunidade. Seguidamente escutamos a afirmação de que a política é a arte de bem governar. Outros ainda salientam que seria a ciência e a arte da criação do bem comum, da distribuição justa dos direitos e deveres entre os cidadãos, da criação da justiça, da liberdade e da paz. Porém, se por um lado a Política pode ser vista como uma ciência de bem governar, por outro deve ser considerada como uma atividade humana e, como tal, sujeita a questões éticas, podendo ser boa ou má. Como a sociedade criou estruturas para que houvesse governantes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e para que esses representantes do povo olhassem o todo e não somente as partes, podendo-se elencar alguns critérios para ocupar cargos públicos. Os políticos deveriam então possuir:
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 79 ! N certas qualidades culturais (conhecimento da realidade, assessoria competente, formação política e intelectual); N equilíbrio psicológico (espírito de liderança, maturidade); N retidão moral (honestidade, responsabilidade pelo bem comum, hierarquia de valores, ética profissional). Juntamente a esse enfoque, temos ainda as chamadas atitudes políticas que Copyright Max Sattana. Shutterstock.com cada indivíduo manifesta quando ocupa um cargo público de representante do povo. Devemos ter consciência disso para podermos ampliar os critérios. Temos diante do bem público: N Atitude política conservadora – manifestada pela conservação do status quo, característica de todos os que estão no poder. N Atitude política reformista – procura não a mudança do sistema ou das estruturas, mas reformas que permitam a continuidade. N Atitude política revolucionária – busca a mudança de estruturas sociais, econômicas, culturais, seja pela violência ou não. Essas três atitudes políticas são ambíguas e relativas, pois precisam ser analisadas diante do sistema no qual as pessoas vivem. Sociedade Aristóteles, em sua obra sobre Política, analisou três formas de governo: N Monarquia - governo de um só (pode se tornar uma tirania). N Aristocracia - governo dos melhores, moralmente falando (pode se tornar uma oligarquia). N Democracia - governo do povo (pode virar demagogia). Essas são as mais comuns. Porém, precisamos estar atentos a outras formas !de poder que estão presentes hoje, tais como: N Autocracia - governo que decide tudo à sua forma. N Poder sem rosto - quando quem governa o faz pelos condicionamentos impostos pelos meios de comunicação, pela propaganda, por interesses multinacionais, numa sociedade impessoal, voltada para o consumismo. N Anarquia - forma de sociedade sem governo. N Ditadura (totalitarismo) - um grupo ou pessoas, pela força física, psíquica etc., impõem sua vontade sobre todos.
80 Sou cidadão, escrevo minha história Capítulo 5 A aspiração de todos os povos é a Democracia. Quase todas as nações se dizem democráticas, porém esse ideal ainda está distante. É de Lincoln, ex-presidente dos Estados Unidos, a frase: “Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”: O conceito atual deve-se a Abraham Lincoln (1809-1865). No seu discurso de 19 de novembro de 1863, em Gettysburg, afirmou que “a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. N Governo do povo significando que ele é a fonte e o titular do poder (todo o poder emana do povo), de conformidade com o princípio da soberania popular, que é o princípio de todo o regime democrático. N Governo pelo povo quer dizer governo que se fundamente na vontade popular, que se apoia no consentimento popular; governo democrático é o que se baseia na adesão livre e voluntária do povo à autoridade, como base da legitimidade do exercício do poder, que se efetiva pela técnica da representação política (o poder é exercido em nome do povo). N Governo para o povo há de ser aquele que procure liberar o homem de toda a imposição autoritária e garantir o máximo de segurança e bem-estar. Copyright Paulista. Shutterstock.com Ele demonstra que o poder deve ser dado pelo povo, que os políticos governantes (Legislativo, Executivo e Judiciário) devem administrar os bens de uma comunidade para o povo todo, que deve haver harmonia entre os três poderes e que a administração do bem público deve ser fiscalizada. Cidadania A cidadania é a qualidade ou condição para ser cidadão, este entendido como uma pessoa que usufrui seus direitos civis e políticos em um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este Estado. ! “(...) Sabemos que a liberdade completa conduz a um individualismo perverso pelo qual o poderoso oprime o fraco. Um controle rígido e completo do homem conduz ao mesmo fim, sendo os opressores aqueles que conquistam o poder. O equilíbrio é a procura de uma liberdade dentro do grupo social, pela qual o indivíduo e o grupo cresçam. Essa liberdade se efetiva pela participação política na qual os cidadãos devem se organizar para defender causas comuns, utilizando a vez e a voz. Nessa associação das pessoas teremos viva a noção de “com-viver”, de companheirismo (= aqueles que comem do mesmo pão), na e pela democracia como forma de governo que permite a participação de todo o povo.”6 6. WONSOVICZ, Silvio. Somos Filhos da Pólis, p. 56-57.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 81 APRENDER A EMPREENDER: Empreendedorismo social ConstruirjuntosaComunidadedeAprendizagem Investigativa, exercitando o diálogo e as regras para construir sempre uma nova “inteligência coletiva” e desenvolver o protagonismo juvenil. Participação – Cidadania – Democracia N Modalidade: Experimento e debate. N Objetivo: Estimular a participação de todos entendendo que só assim a democracia ganha força. N Material: Três copos com água, três comprimidos efervescentes (estilo sonrisal). N Descrição: Tendo presente o tema “Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”: 1. Colocar três copos com água sobre a mesa. 2. Pegar três comprimidos efervescentes, ainda dentro da embalagem. 3. Pedir para prestarem atenção e colocar o primeiro comprimido com a embalagem ao lado do primeiro copo com água. 4. Colocar o segundo comprimido dentro do segundo copo, mas com a embalagem. 5. Por fim, retirar o terceiro comprimido da embalagem e colocá-lo dentro do terceiro copo com água. 6. Pedir que os participantes digam o que observaram. O professor abre o tema para ser discutido pelos grupos de 4 a 6 colegas. Baseado neste tema, cada integrante tem trinta segundos para falar sobre o assunto apresentado, sendo que ninguém, em hipótese alguma, pode ultrapassar o tempo estipulado, ao mesmo tempo em que os outros integrantes devem manter-se em completo silêncio. Caso o comentário do colega terminar antes do término do tempo, todos devem manter-se em silêncio até o final do tempo estipulado. Ao final o tema pode ser debatido livremente no pequeno grupo e escolhido um dos argumentos mais fortes no grupo para ser apresentado para toda COM.A.I. O professor também pode desviar, utilizando como tema, por exemplo, “saber escutar, saber falar e participar isso é ser democrático”, introduzindo as questões: N Sabemos respeitar e escutar (e não simplesmente ouvir) a opinião do outros? N Conseguimos sintetizar nossas opiniões de maneira clara e objetiva? N O que é participação democrática e o que isso tem a ver com cidadania?
82 Sou cidadão, escrevo minha história Capítulo 5 Vamos filosofar e criar... 1. Conforme a ideia do ex-presidente Lincoln dos EUA apresentada no texto sobre Democracia - “Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo”, escreva um texto comparando esse conceito com a recente democracia que vivemos em nosso país. !Agora é ler para toda Comunidade de Aprendizagem Investigativa sua reflexão, e a turma deverá escolher as duas ou três melhores, que serão disponibilizadas no site da escola, encaminhada para [email protected] - no jornal Corujinha etc. Vamos criar e filosofar... 2. Sobre as formas de governo apresentadas no texto, faça uma pesquisa sobre como tem sido a forma de governo da atual administração do seu município. 3. Procure dizer, com suas palavras, o entendimento dos seguintes termos: N Estado: N Governo: N Sociedade: N Nação: N Política: N Cidadania: 4. Pesquise com o seu professor de História sobre a divisão do mundo em duas grandes forças – Norte e Sul. Suas implicações econômicas, políticas, sociais, a continuidade ou não dessa visão de divisão de mundo. Como o mundo está estruturado nos dias de hoje.
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 83 5.2 O homem como ser ético, ser político e ser estético Chegamos à ligação entre Ética, Política e Estética, na medida em que Aristóteles traz a diferença entre ação e fabricação ou entre práxis e poiesis. Enquanto temos a política e a ética como ciências da ação, da busca (práxis), as artes ou técnicas são atividades de fabricação, da ação, da realização (poiesis). Portanto, um comportamento ético leva a um comportamento político e à vivência estética (e vice-versa), entendidas como atividades ordenadas e regradas. Como já vimos, justiça significa equidade ou equilíbrio, dando a cada um o seu, a cada um a sua parte. Quando buscamos a justiça social, o que se pretende conquistar é o equilíbrio social, ou seja, que todos tenham acesso às mínimas condições dignas de vida. Assim, o termo “justo” passou a significar também adequação, senso. Os gregos diziam que aquele que tinha um senso estético, ou uma adequação estética, buscava ser justo. Era aquele que percebia o mundo pelos sentidos, aquele que atribuía um privilégio exclusivo à beleza e praticava o culto do belo (entendido como tudo aquilo que suscita um prazer desinteressado), portanto também um ato político. O ser político e o ser estético O ser humano não gosta e não aceita que haja injustiça sob qualquer pretexto. A questão então colocada é: a injustiça é um estado de coisas, portanto, algo que existe fora de nós, que podemos percebê-la como tal? Ou a injustiça é uma interpretação que se faz dos fatos mas que, na realidade, não existe em si? Aqueles que defendem que temos um senso natural de justiça estão defendendo que os seres humanos trazem em si esse “sensor”. Este não é um sensor como os cinco sentidos, mas é uma sensibilidade da razão para o equilíbrio das coisas. E que, portanto, alcançaria o seu maior desenvolvimento nas relações sociais quando o indivíduo atinge a idade da razão, o que seria em torno dos seis ou sete anos, quando passamos a tomar consciência do justo e do injusto. Os cinco sentidos, assim como o senso de justiça, precisam ser desenvolvidos. Somos racionais e sensíveis, isto é, nossa comunicação com o mundo está carregada de nossos sentimentos. Por isso, diante do mundo, expressamos: “que bonito!”, ou “que feio!”. As experiências estéticas são, em geral, agradáveis. Convencionamos a beleza como o conjunto de graças e proporções das partes que agradam aos nossos sentidos e à nossa imaginação. Portanto, tudo na natureza é capaz de proporcionar uma experiência estética. Tendo presente as considerações feitas sobre a Ética e a Política, poderíamos pensar que a ética trata do certo e do errado, a política do justo e do injusto, a estética do bonito e do feio. Por que, em nossa linguagem, dizemos, quando alguém faz uma “ação” errada (pode ser ética ou política esta ação): “Que feio, fazendo isso dessa forma!”? Uma resposta possível seria que a Ética, a Política e a Estética, pelo fato de seus objetos de estudo estarem relacionados com o fazer e o agir do ser humano, apresentam critérios e palavras-chave que se confundem no seu uso cotidiano.
84 Sou cidadão, escrevo minha história Capítulo 5 Educação para valores e a paz Tomar decisão e agir N Chegando ao final do 9.˚ ano e tendo feito inúmeras reflexões e investigações junto à COM.A.I que é a sua turma de sala de aula, vamos discutir e responder justificando e dando exemplo a pergunta: “qual deve ser o principal papel da escolha em nossas vidas nos dias atuais?” N A partir da fundamentação teórica, procure com suas palavras responder: o que é Ser Político e Ser Estético no seu dia a dia e no momento em que você vive? N Um senso de justiça social por parte de todos os participantes de uma sociedade resolveria o problema das desigualdades sociais? N Em nosso sistema capitalista desumano, poderíamos querer e sonhar com uma relação entre as pessoas pautada pela Ética, pela Política e pela Estética? Como seria essa vivência na sua opinião e da COM.A.I? N Qual é o atual padrão de beleza em nossa sociedade? Pessoas magras ou gordas, altas ou baixas? Com corpo atlético ou com corpo saudável? Em que a escola poderia contribuir para mudarmos e não nos deixarmos influenciar por essas convenções?
Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 85 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Capitalismo: uma história de amor” Sinopse: “Michael Moore fez o mais importante e urgente filme político do nosso tempo” (Dan Siegel). Ao fazer um filme que é uma prova de fogo, que pode mudar sua vida, Moore alfineta os dois maiores partidos políticos dos EUA, por venderem as milhares de pessoas devastadas pela perda de suas casas e empregos para os interesses dos gordos gatos capitalistas. Moore escavou uma sujeira impressionante, histórias contadas por meio dos confiscados e despejados, dos cupons de alimentação recebidos por pilotos famintos, e da coragem dos operários demitidos que se recusam a ficar quietos. Porém, muito mais que um grito de desprezo, o filme de Moore oferece a possibilidade de esperança. A lógica das piadas O humor é um produto da capacidade humana para criar julgamentos rápidos e intuitivos. Homens e mulheres reagem de maneira diferente à mesma anedota. Em geral, as mulheres (por serem mais intuitivas) podem levar um pouco mais de tempo do que os homens para considerar as piadas como engraçadas ou não. Porém, piadas sendo inteligentes levam todos ao divertimento. Piada política: Carta do suicida Junto ao corpo de um suicida, a polícia encontrou o seguinte bilhete: “Sr. delegado, não culpe a ninguém pela minha morte. Deixo esta vida hoje porque um dia a mais eu acabaria louco. Explico-me, Sr. delegado: Tive a desgraça de me casar com uma viúva que tinha uma filha (se soubesse, não teria me casado). Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, enamorou-se e casou com a filha da minha mulher. Resultou daí que minha mulher se tornou sogra de seu sogro, minha enteada ficou sendo minha mãe, meu pai era ao mesmo tempo o meu genro. E após algum tempo a filha de minha esposa trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão. Com o decorrer do tempo, minha mulher também deu à luz a um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio do seu filho, passando minha mulher a ser nora da sua própria filha. Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai da minha mãe, tornando-me irmão do meu pai. Minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe da minha mãe, e assim acabei por ser avô de mim mesmo”. O delegado acabou de ler e pensou em fazer a mesma coisa que aquele homem. !O desafio no final deste capítulo é pesquisar outras piadas (inteligentes, é claro) que tratem do(s) assunto(s) do capítulo.
Avaliacoes Formativa e reflexiva Para cada aluno perceber seu nível de entendimento dos conteúdos. Para o professor perceber seu desempenho e dinamismo no envolvimento com a matéria. Para sentir como se processa o nível de discussão e entendimento da turma que forma a Comunidade de Aprendizagem Investigativa. Para que cada questão sirva para ampliar as reflexões e os entendimentos individuais e de toda a turma que forma a COM.A.I. Unidade 1 – Pensar: a expressão da nossa natureza - Diálogo filosófico - 1. Você e sua turma discutiram como entendemos e praticamos o diálogo. Agora procure dizer as diferenças e semelhanças de um diálogo, sendo “arena ou ágora” e “pirâmide ou rede”: 2. Escreva suas ideias (concordando ou não) extraídas da expressão do físico quântico David Bohm: “vivemos uma crise de significado ou doença do pensamento”: 3. No texto foram apresentadas várias atitudes e comportamentos para fazer com que em todas as nossas aulas o diálogo aconteça. Reescreva uma delas e faça um comentário, justificando:
88 Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo - Teoria do Conhecimento - 4. Você concorda com a afirmação de que “o conhecimento mítico é a primeira manifestação do homem em busca de um sentido para si mesmo, dos outros e do mundo”? Procure um exemplo atual que justifique esse conhecimento entre nós. 5. O que são as emoções? Quem as controla e para que servem? 6. Por que pessoas apaixonadas gostam de se olhar nos olhos? Unidade 2 – Pensar bem é a essência da natureza humana - Lógica - 1. Este capítulo começa com a música “Banal” e no texto de reflexão “Seu maior tesouro” tem uma pergunta: Você imaginou quantos diamantes jogou no mar, sem parar para pensar? Qual a relação das ideias da música com o título do capítulo e a reflexão? 2. Nosso Capítulo 3 traz a seguinte afirmação: “Pensar corretamente leva à necessidade de escrever corretamente. Ninguém pode pensar de maneira correta e escrever continuamente de maneira incorreta. Da mesma forma, ninguém pode pensar de maneira incorreta e escrever continuamente de maneira correta. Ambos, pensamento e palavra, estão intimamente unidos.” Essa é ou não uma boa justificativa para aprendermos a utilizar bem o raciocínio lógico?
Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo 89 3. Qual a divisão da lógica, segundo Aristóteles? 4. A partir da ideia retirada do texto, faça um comentário reforçando ou ampliando a importância de pensar logicamente e agir: “Enquanto arte, a lógica consiste nas reflexões que os homens fizeram sobre as quatro operações de seu espírito: conceber, julgar, raciocinar e ordenar. O seu principal assunto são as inferências, ou seja, as conclusões a que podemos chegar, a partir de um raciocínio”. - Ética - 5. Qual é o porquê da afirmação de que a ética é uma criação histórico-cultural? 6. Quando a ética torna-se universal? 7. Tendo presente a afirmação inicial: “ao falarmos de ética, estamos buscando o que clareia a consciência humana, dá um rumo à conduta individual e social das pessoas”, é importante lembrarmos e pensarmos coletivamente sobre algumas ações recentes em nossa sociedade e nos posicionarmos eticamente. N No caso dos jovens que em Brasília atearam fogo num índio: 8. O que é Ética Profissional? Procure exemplificar sua definição:
90 Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo Unidade 3 – Sou o que penso ser - Política e Estética - 1. Que relações podem ser feitas a partir do título desse capítulo com a reflexão “Quem decide por mim?”: 2. Escreva o que você entende por Estado, Governo, Sociedade e Nação: 3. O que é Política? 4. Quais são, hoje, os direitos e deveres que temos como indivíduos que buscam uma cidadania consciente? 5. Comente a frase: “Somos racionais e sensíveis, isto é, nossa comunicação com o mundo está carregada de nossos sentimentos. Por isso, diante do mundo expressamos: Que bonito! ou que feio! As experiências estéticas são, em geral, agradáveis”: 6. A partir da fundamentação teórica, procure com suas palavras responder: O que é ser político e ser estético no seu dia a dia e no momento em que você vive?
Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo ! 91 Afinal, sou um SER pensante, faço Filosofia no 8.º ano Autoavaliação 1.º Semestre 2.º Semestre 1. Minha nota como participante da turma, pelo [ ] [ ] cuidado que tenho com os meus pertences e com os objetos da sala e da escola. 2. Minha nota como membro da COM.A.I., na [ ] [ ] qual aprendo a lidar com as minhas fraquezas e forças e com as fraquezas e forças dos meus colegas. 3. Minha nota no relacionamento com os [ ] [ ] professores de todas as matérias, os quais são profissionais que optaram por trabalhar com adolescentes. [ ] [ ] 4. Minha nota no relacionamento com os funcionários e demais responsáveis pelo andamento da escola, os quais trabalham muito para que a escola cresça. 5. Minha nota nas atitudes durante as aulas de [ ] [ ] Filosofia, diante do conhecimento compartilhado com os outros das investigações em sala ou em qualquer lugar. 6. Nota do professor por minha participação nas [ ] [ ] aulas de Filosofia. 7. Minha nota para a COM.A.I., que se forma no dia [ ] [ ] ! a dia. N Obs.: com critérios estipulados na COM.A.I. e tendo em vista como sua escola mede o desempenho e a participação nas disciplinas, estabeleça um valor numérico (de 5 a 10) ou um conceito (bom, ótimo, excelente) para a sua participação em cada semestre. Avaliação abrangente Guia para completar o quadro de equivalência: pensando em conceitos BOM, ÓTIMO e EXCELENTE. N Nota: Você irá, com critérios e coerência, estipular o valor numérico para a sua participação e envolvimento neste ano: BOM [5 – 6] ÓTIMO [7 – 8] EXCELENTE [9 – 10]
92 Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo N Cores: Escolha até três cores e justifique o significado de cada cor, pensando nos conceitos: BOM [ ] ÓTIMO [ ] EXCELENTE [ ] N Sentimento: Escolha um destes três rostos e saiba justificá-los, conforme o conceito dado. BOM [ ] ÓTIMO [ ] EXCELENTE [ ] N Símbolo: Crie três símbolos para utilizá-los em sua avaliação e justifique-os. BOM [ ] ÓTIMO [ ] EXCELENTE [ ] Quadro de notas ou conceitos que mereci ao fazer Filosofia neste ano juntamente com a COM.A.I. Critérios para avaliação Semestre Cor Sentimento Símbolo Nota N Os outros melhoram e isso 1.º acontece também por causa do 2.º meu incentivo. Percebo, cada vez 1.º mais, que sou responsável pelo 2.º bem comum. N Cresço a cada dia, mas sei que sou capaz e posso melhorar mais. Acomodando-me aqui, estarei mentindo para mim mesmo. N Percebi que não é difícil mudar 1.º aquilo que em mim prejudica os 2.º outros. De minha parte, tenho ficado muito contente com as minhas melhoras. N Estou naquela de deixar para 1.º amanhã o que posso mudar hoje. 2.º Tenho que reconhecer que estou escondendo minhas capacidades. N Estou naquela situação: se não 1.º largar os amigos e as ideias egoístas 2.º que tenho, nunca virão as ideias e os amigos novos. Tenho que ousar mudar. N Preciso de uma boa conversa 1.º com alguém maduro. Meu orgulho 2.º me enganou, pois pensei que poderia viver e ser feliz sem a ajuda de ninguém. N Na formação da COM.A.I. durante 1.º o 9.˚ ano participei ativamente das 2.º atividades: Aprender a empreender; Educação afetiva e ética sexual; Educação financeira.
Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo 93 Considerações sobre a avaliação (para os pais e os professores) No programa filosófico pedagógico Educar para o Pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens, avaliar é N valorizar o ser humano, pois defendemos que ele é responsável, generoso, solidário e quer ser feliz; N acreditar no desenvolvimento de todas as suas potencialidades; N incentivar para que assimile a importância de participar ativamente da Comunidade de Aprendizagem Investigativa. Assim, perceberá a importância para a sua vida de saber trabalhar e aprender em grupo, de dialogar em equipe, agora e para a sua vida profissional; e N considerar cada aluno como protagonista de seu crescimento, incentivando a pesquisa, a argumentação e a clareza de suas ideias, bem como estimulando a estar aberto ao pensar do outro, aos avanços científicos e sociais e às inovações tecnológicas. O Programa propõe desenvolver os conceitos filosóficos de maneira equilibrada e condizente com a faixa etária, relacionando-os aos demais conteúdos. De cada aluno e turma buscam-se o respeito aos aspectos físicos e estéticos, o equilíbrio no tocante à afetividade, à inteligência, aos conhecimentos, à valorização das dimensões comunitária e social, formando os valores humanos. Isso tudo feito em equipe, com a qual, tecnicamente, defendemos formar em sala de aula a Comunidade de Aprendizagem Investigativa – COM.A.I. Defendemos que o processo de avaliação é amplo e complexo, tem um papel importante na vida de cada aluno, do professor e do grupo de alunos. Deve essa avaliação mais ampla mostrar o desenvolvimento do estudante e da COM.A.I., analisando seus resultados para a construção dos conhecimentos. Quais são os caminhos para avaliar o desempenho intelectual, social e filosófico interativo? Defendemos que o ensino, a aprendizagem e a avaliação acontecem de maneira integrada no cotidiano de cada aluno e turma de sala de aula. Em outras palavras, a avaliação é um processo coletivo no qual a participação de cada um soma para o todo, de modo que é possível perceber o desenvolvimento de cada aluno. Portanto, nos momentos de ensino e aprendizagem todos na COM.A.I. avaliam e são avaliados, pois promovem diálogos, investigações e aprendizagens. O professor dispõe de recursos, metodologia e instrumentos diversos para a regulação da aprendizagem, tendo possibilidade de diferentes intervenções e
94 Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo práticas pedagógicas, conforme as ideias filosóficas apresentadas para investigação e discussão, sempre tendo presente (ao professor e aos alunos) que o estabelecimento do diálogo é fundamental, explicitando os objetivos a serem atingidos e as estratégias a serem adotadas. Na avaliação proposta pelo Programa, devem-se levar em conta os objetivos traçados para os diferentes assuntos levantados, tendo presente que toda a abordagem dos conteúdos é interdisciplinar, pois queremos que os alunos e os professores aprendam a filosofar. Para isso, são utilizadas observações feitas na COM.A.I., nos cadernos e nos livros (digital e físico), nas atividades avaliativas (roteiros de avaliação), nas atividades de produção (individual e coletiva), nos trabalhos em grupos, nos roteiros de estudos e em pesquisas para construções de conhecimentos e saberes. A discussão racional em sala de aula se estabelece por meio do diálogo e da participação ativa em todas as atividades, incluindo reflexões e ações. A avaliação é um momento importante no processo de conhecimento e, no Programa, um marco valorativo do trabalho e da participação de todos – alunos, professores, pais -, sempre tendo presente que tudo é um processo e não um produto da aprendizagem. “Boas vibrações para todos nós, que juntos aprendemos e vamos seguir nossos caminhos...” “Sonhar um sonho sozinho parece loucura ..., Sonhar com os outros é o começo de uma arte ..., Sonhar em comunidade é a possibilidade da realização. ! Vamos sonhar e realizar juntos a caminhada e ser FELIZES.” Lembrete filosófico Neste seu livro Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza – 9.˚ ano, da Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo, além da sua participação e dos seus colegas da Comunidade de Aprendizagem Investigativa – COM.A.I., estão registradas várias de suas ideias construídas durante este ano. Lembre-se sempre, você é coautor desse livro, portanto um conselho: - “guarde seu livro num lugar especial”. Assim, nos próximos anos e, na sua história intelectual que estás construindo, você poderá recordar e verificar o seu crescimento na arte de aprender a pensar bem para viver e conviver melhor, para ser FELIZ.
Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo 95 Aos educadores e aos educandos do século XXI: Construir um filosofar vivo? Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em primeiro lugar, o Homem de Entendimento, depois, o Homem de Razão e, finalmente, o Homem de Instrução. Esse procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase final, terá mesmo assim se beneficiado da sua aprendizagem. Terá adquirido experiência e se tornado mais inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida. Se invertermos esse método, o aluno imita uma espécie de razão, ainda antes de o seu entendimento ter se desenvolvido. Terá uma ciência emprestada, que usa não como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como algo que lhe foi dependurado. A aptidão intelectual é tão infrutífera como sempre foi. Mas ao mesmo tempo foi corrompida num grau muitíssimo maior pela ilusão de sabedoria. É por esta razão que não é infrequente nos depararmos com homens de instrução (estritamente falando, pessoas que têm estudos) que mostram tão pouco entendimento. É por esta razão, também, que as academias enviam para o mundo mais pessoas com as suas cabeças cheias de inanidades do que qualquer outra instituição pública. Em suma, as pessoas não devem reproduzir pensamentos, mas aprender a pensar para formar seu entendimento. Quem (aprende) deve ser conduzido, se assim quisermos nos exprimir, mas não levado nos ombros, de maneira que no futuro venha a ser capaz de caminhar por si e sem tropeçar. Fonte: KANT, Immanuel. Anúncio do Programa do Semestre de Inverno de 1765-1766. In: WALFORD, David; MERBOTE, Ralf (Ed.). Theoretical Philosophy, 1755-1770. Tradução de Desidério Murcho. Londres: Cambridge University Press: 1992. p. 2.306-2.307
96 Conviver e filosofar com os outros Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo ! “NINGUÉM TRABALHA MAIS DURO PARA APRENDER DO QUE UMA CRIANÇA CURIOSA.” Thomas Friedman Sobre o autor Silvio Wonsovicz nasceu em Curitiba/PR e aos 10 anos decidiu estudar em um seminário salesiano. Fez os cursos de Filosofia, de Letras e de Administração Escolar. Trabalhou como professor no Ensino Fundamental e Médio. Fez seu mestrado em Filosofia na PUC/RS e foi morar em Florianópolis (SC) para ser professor universitário, onde fundou o Centro de Filosofia Educação para o Pensar e a Editora Sophos (1989). Fez seu doutorado em Filosofia na Unicamp/Campinas-SP. Escreveu inúmeros livros para coleções de Filosofia, é palestrante e assessora escolas por todo o país. Casado e feliz, tem três filhos maravilhosos e é apaixonado pelo que escolheu fazer em sua vida – ser um educador. Sonha e vibra com um mundo melhor, com pessoas reflexivas, críticas e, cada vez mais, criativas e felizes.
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