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O Fígado em Revista - nº 1 - fevereiro 2022

Published by Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado, 2022-02-10 15:56:49

Description: A 1.ª edição da revista “O Fígado em Revista”, da Associação Portuguesa Para o Estudo do Fígado, já está disponível!

Nesta primeira edição fomos ouvir a opinião de Helena Cortez Pinto, presidente da United European Gastroenterology, Armando Carvalho, diretor da Clínica Universitária de Medicina Interna da FMUC e Mariana Cardoso, membro da APEF.

Keywords: APEF,Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado,Fígado

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O Fígado 1n.º Reemv i s t a fevereiro 2022 Revista Quadrimestral “A APEF está mais viva que nunca!” José Presa, presidente da APEF “Gosto de promover “A pandemia veio atrasar os “Programa ‘Hepatologia em a mudança” cuidados aos doentes hepáticos, Rede’ é um impulsionador da investigação de qualidade” Helena Cortez Pinto, presidente da United no rastreio e no diagnóstico” European Gastroenterology Mariana Cardoso, membro da APEF Armando Carvalho, diretor da Clínica Universitária de Medicina Interna da FMUC O Fígado em Revista 1

ficha técnica ÍNDICE 05 À conversa com... (grande entrevista) FICHA TÉCNICA DA “Gosto de promover a mudança”, O FÍGADO EM REVISTA Helena Cortez Pinto Revista da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) 08 Espaço Internos CONSELHO EDITORIAL Caso clínico: “Hemocromatose hereditária – um Luís Maia (editor-chefe) caso paradigmático” Alexandra Rosu (editora associada) Edgar Afecto, Sónia Fernandes, David Afonso João Sónia Fernandes (editora associada) 11 Investigação EDIÇÃO, DESIGN E PAGINAÇÃO As publicações dos nossos associados Miligrama Comunicação em Saúde, Unipessoal, Lda. 12 Hepatologia em Rede Morada: Rua Melvin Jones, n.o 5, “Programa ‘Hepatologia em Rede’ é um Alfragide impulsionador da investigação de qualidade” 2610-297 AMADORA Mariana Cardoso Site: https://www.miligrama.com.pt E-mail: [email protected] 13 Cobertura de Eventos 33.o Curso de Doenças Hepatobiliares PROPRIEDADE Armando Carvalho Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) Curso Formação APEF 2022 Sede Oficial: Rua Abranches Ferrão, Sofia Carvalhana no 10 - 14 1600-001 Lisboa 1.o Encontro Internacional de Cuidados Paliativos em Doenças do Fígado DIREÇÃO APEF (2021-2023) José Presa Presidente: José Presa Vice-presidente: Arsénio Santos Máster en Hepatología Secretária-geral: Susana Lopes Alexandra Rosu Tesoureira: Sofia Carvalhana Vogais: Alexandra Rosu, Luís Maia, 16 Recortes de Imprensa Sónia Sousa Fernandes Presenças da APEF nos órgãos de comunicação social Site: https://apef.com.pt E-mail: [email protected] 18 Campanhas para a Saúde 19 Agenda de Eventos 20 Cultura e Lazer Relaxe, divirta-se e cultive 2 O Fígado em Revista

editorial EDITORIAL Estimados colegas, José Presa Presidente da APEF É com grande entusiasmo que vos apresento a 1.a edição da O Fígado em Revista, uma O Fígado em Revista 3 publicação pensada e desenvolvida com um intuito de aproximar a APEF dos seus associados. Com efeito, para desenvolvermos este novo projeto, foi criado um Conselho Editorial, constituído pelos Drs. Luís Maia (editor-chefe), Alexandra Rosu e Sónia Fernandes (editoras associadas); e produzidos conteúdos, com o objetivo de obter um produto de qualidade para todos aqueles que constituem a APEF e que partilham do mesmo interesse: o estudo e a paixão pelo fígado. Sendo este o editorial da 1.a edição da nossa O Fígado em Revista, é importante salientar e enumerar algumas iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas pela atual Direção, nestes seus seis meses de atividade. A APEF está mais viva que nunca! Está empenhada em participar no desenvolvimento do estudo do fígado, assim como, na consciencialização da população para as diferentes patologias, no seu rastreio e diagnóstico e, ainda, nos seus tratamentos. Temos desenvolvido e colocado em prática campanhas de consciencialização para as doenças hepáticas, com a intenção de informar, alertar e

mudar comportamentos com vista na prevenção, diagnóstico e tratamento. Entre outras, são elas a ação colocada em prática no âmbito do Dia Mundial das Hepatites; a campanha de verão “O seu fígado não está de férias”; a ação da colangite biliar, criada no seguimento do seu dia internacional; a campanha realizada em outubro, o Mês da Consciencialização para o Cancro do Fígado; as comunicações sobre o fígado gordo, assim como a sua relação com a diabetes mellitus; a Madeira e a erradicação da hepatite C; e o consumo excessivo de álcool, no âmbito da Semana Europeia da Consciencialização para os Danos Relacionados com o Álcool. Estas iniciativas têm sido colocadas em prática junto dos órgãos de comunicação social e através da nossa presença permanente nas redes sociais e site da associação. Pretendemos estar cada vez mais perto dos nossos associados, como também, dos nossos doentes e de toda a população. Estamos, simultaneamente, empenhados na formação dos hepatologistas, deste modo, reunimos um conjunto de ações de formação que pretendemos realizar, tais como, reuniões e congressos. A mais recente, que decorreu no início de dezembro, foi o 1.o Encontro Internacional de Cuidados Paliativos em Doenças do Fígado. Trata-se de um tema que precisa de ser analisado e debatido por todos, aproximando hepatologistas e profissionais de Cuidados Paliativos. A 1.a edição excedeu as expetativas e vai, com certeza, trazer frutos. Consultem o nosso site e mantenham-se a par das iniciativas formativas e de investigação da APEF. Devo ainda salientar a aproximação com as sociedades irmãs, a Associação Espanhola para o Estudo do Fígado e a Sociedade Brasileira de Hepatologia, destacando, o trabalho mais recente, criado com a associação espanhola, com o desenvolvimento do Registo Ibérico de Doença de Wilson. Disfrutem desta partilha constante entre as duas associações. Ambas, criaram condições iguais para os associados, sejam portugueses ou espanhóis no acesso aos seus eventos. Espero que gostem deste novo projeto, O Fígado em Revista. Foi criado para todos vós. Obrigado. Estamos de volta dentro de três meses. José Presa, presidente da APEF 4 O Fígado em Revista

à conversa com … “Gosto de promover a mudança” Presidente da United European Gastroentero- logy (UEG), a professora catedrática e espe- cialista em Gastrenterologia, com subespe- cialidade em Hepatologia, Helena Cortez Pinto revela quais as metas que se propõe a atingir no cargo. E traça um retrato da Hepatologia em Portugal. Helena Cortez Pinto, Presidente da United European Gastroenterology (UEG) É presidente da United Euro- Sente, portanto, que foi uma nível de consórcios. É muito im- pean Gastroenterology (UEG) fonte de inspiração? portante criá-los, uma vez que tendo-se sagrado a primeira existem vários países interes- mulher a assumir o cargo. O que HCP - Concorri a par de dois sados em dar os seus dados é que esta eleição representou outros colegas e consegui ficar. e informações. Importa-me, para si? Diria que foi algo importante, também, o tema da Diversidade não só na perspetiva de ser um e Igualdade de Género, no sen- Helena Cortez Pinto (HCP) - Foi, modelo para as outras mulheres, tido de, virem a ser criadas re- de facto, um marco importante como também de as fazer sentir gras. Continuam a existir aspe- na minha carreira. Já estava liga- que, de facto, podem e devem tos que não funcionam bem, tais da a esta organização há alguns concorrer a cargos de chefia. como, a reconciliação da vida anos, quando surgiu a oportuni- Muitas vezes, as mulheres não profissional e familiar. Preten- dade de concorrer achei boa avançam, o que é uma pena. do, simultaneamente, conseguir ideia, e fui, desde logo, muito Achei também que esta era uma aumentar o número de bolsas e apoiada. Desde que assumi o oportunidade de fazer algo pela subsídios que a União Europeia cargo várias mulheres concor- Gastroenterologia, e é isso que atribui à área da doença diges- rem a outros cargos de direção penso fazer durante a minha tiva. Ambiciono, ainda, reforçar dentro da organização, algo que presidência. a nossa influência no que res- não tinha acontecido até então. peita às políticas de redução Dá-me ideia de que tive influên- A que objetivos se propõe? do consumo de álcool, e algum cia positiva nesse aspeto [risos]. HCP - Pretendo ter atuação ao O Fígado em Revista 5

à conversa com … tipo de alimentos. Em Portugal, – seja em eventos ou ações de jável e, por isso, gostávamos de somos pioneiros no que respeita formação. aumentar o acesso. a legislação de bebidas açucara- das, mas nem todos os países Qual o retrato atual da Hepato- Quais as principais necessi- do nosso grupo têm estas medi- logia em Portugal? dades desta área no que das. Desejo, também, promover respeita à prevenção, rastreios/ a uniformização dos programas HCP - Acho que está bem, em- diagnósticos e tratamento? educacionais da saúde digestiva bora, pudesse estar melhor. a nível da Europa e aumentar a A nossa investigação poderia HCP - Em termos de pre- participação na nossa federação ser melhorada. O Dr. José Presa, venção, são muito importantes, dos “Allied Health Profissionals” presidente da APEF, tem mui- as questões relacionadas com - dos profissionais de saúde não tos planos para melhorar a área o consumo do álcool, as quais médicos, como é o caso de os da Hepatologia. Temos a plata- ainda não conseguimos verda- nutricionistas, os enfermeiros forma Liver.pt, na qual se faz deiramente melhorar. A maior e os profissionais de farmácia registo dos doentes, que nunca parte das políticas relacionadas teve tanto uso, como seria dese- com o álcool, baseiam-se na apli- 6 O Fígado em Revista

cação de impostos. Há evidência A pandemia de covid-19 vai É também professora catedráti- de que quanto mais altos forem, trazer consequências futuras no ca e coordenadora da Unidade maior é a redução do consumo. que toca à doença do fígado? de Hepatologia do Departa- Existe uma medida que é o mini- mento de Gastrenterologia no mum unit pricing - em que as HCP - Pelo menos em relação ao Hospital de Santa Maria, bem bebidas alcoólicas, não podem rastreio do cancro do fígado, já como do Laboratório de Nu- ser vendidas, abaixo de um de- resultaram atrasos. Temos doen- trição, entre outras funções que terminado preço - que foi inicial- tes que não fizeram exames nos desempenha. Como gere o seu mente implementada no Canadá timings próprios. Ao serem de- tempo? e depois em várias zonas do tetados em fases mais tardias, Reino Unido, e que mostra efei- todos estes cancros, acarretam HCP - É muito importante tos muito benéficos em termos risco aumentado de mortalidade ser focada. A organização é de redução de consumo. e isso é uma consequência da fundamental. pandemia. Considera que deveria ser im- Quando percebeu que a Medici- plementada por cá? O que é que deve agora ser na seria o seu futuro? feito? HCP - Sim, seria muito útil. Porém, HCP - Inicialmente, queria ir em Portugal, existe a ideia de HCP - Tentar compensar, ver os para Psiquiatria, mas depois, que como somos produtores doentes que estão em atraso. percebi que não tinha esse in- de vinho, não podemos aplicar teresse. Gosto muito de ter esta medidas que limitem a produção Uma grande parte das doenças profissão, sobretudo pelo conta- ou o consumo de álcool, e isso do fígado são preveníveis, to com as pessoas. Tiro daí mui- é um erro até porque há muitos mas, em muitas, os números to prazer. custos associados às doenças continuam a aumentar. O que provocadas pelo álcool. está a falhar no que toca à O que a move? Qual é a sua consciencialização da popu- “missão” dentro da medicina? Os nossos doentes são tratados lação? bem e atempadamente? HCP - Essa é uma pergunta difícil HCP - Muitas vezes, mesmo [risos]. Sou uma pessoa que HCP - Os rastreios do cancro do conscientes dos riscos que in- tem sempre objetivos a cumprir. fígado fazem-se seguramente correm, as pessoas mantêm pa- Vou de passo em passo. Todos nos grandes centros, mas não drões de estilo de vida que não os dias tenho uma rotina dife- tenho a certeza de que os doen- são saudáveis. Seria bom haver rente, num dia dou consulta, tes que não seguidos em espe- mais campanhas de divulgação num outro dou aulas. Ao fim de cialidade, sejam rastreados efi- dos riscos da obesidade e do estes anos, continuo a ser uma cazmente. Quanto ao rastreio consumo excessivo de álcool. entusiasta. Por outro lado, acho do cancro do cólon, penso que Na prática, o que se tem verifi- muito interessante a sensação poderia ser mais bem organiza- cado, é que isso é muito pouco de pertencer a uma comunidade do, com regras muito claras e eficaz quando comparado com internacional e contribuir para o aplicadas de forma uniforme em medidas de aumento dos impos- avançar da ciência. todo o país. tos sobre o consumo de álcool. Gosta de dar o seu contributo… O que é que falta para o desen- Como vê o futuro da Hepatolo- volvimento da Hepatologia? gia em Portugal? HCP - Estamos agora a mudar o nome do Fígado Gordo Não-Al- HCP - Estão a tomar-se as me- HCP - Encaro-o de maneira po- coólico para Fígado Gordo Me- didas certas no sentido de ten- sitiva. Creio que vamos evoluir tabólico e eu faço parte desse tar promover mais investigação no sentido de investigar mais, grupo. Gosto de promover a mu- em todas as áreas da Hepatolo- trabalhar mais e, portanto, sou dança e estar na crista da onda gia. Por outro lado, as carreiras otimista. de uma determinada área. de investigação, não são muito atrativas. O Fígado em Revista 7

espaço internos CCalsínoico Hemocromatose hereditária – um caso paradigmático Autores: Edgar Afecto1; Sónia Fernandes1; David Afonso João2 Afiliações: 1Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho; 2Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho Descrição do caso: Analiticamente, verificou-se, au- porto-portais e proliferação duc- mento das enzimas hepáticas, tular focal (fig. 3a); 2) nos lóbu- Senhor de 65 anos, caucasiano, com AST 27 vezes acima do limi- los: infiltrado inflamatório mono- casado sem filhos, referenciado te superior do normal (x LSN), nucleado, necrose hepatocitária à consulta de Hepatologia, por ALT 21x LSN, FA 2x LSN e GGT focal e esteatose macrovesicu- elevação das enzimas hepáticas, 10x LSN. Sem alterações das lar focal. Na avaliação do ferro de padrão hepatocelular. Dos provas de função de síntese hepático, observou-se, siderose seus antecedentes patológi- hepática (INR, albumina e bilirru- grau 4/4 (fig. 3b), e quantifi- cos, sublinha-se, a presença de bina sem alterações). O estudo caram-se 214 mmol de ferro por diabetes mellitus tipo 2, com metabólico, evidenciou, ferritina cada grama de fígado. polineuropatia periférica, hiper- aumentada (9284 ng/mL) com tensão arterial e dislipidemia. saturação de transferrina (ST) A pesquisa de mutações do Apresentava um índice de mas- de 99 por cento. O restante es- gene HFE detetou a mutação sa corporal normal. tudo metabólico, autoimune e os C282Y em homozigotia, per- Sintomaticamente, reportava dor marcadores víricos foram nega- mitindo estabelecer o diagnósti- e perda funcional das articu- tivos. A avaliação hepática por co de hemocromatose heredi- lações dos punhos, metacarpo- ecografia, evidenciou, infiltração tária (HH) ligada ao gene HFE falângicas, ancas e tibiotársicas. esteatósica, com morfologia com manifestações hepáticas, O exame objetivo confirmou hepática preservada, sem sinais articulares e endocrinológicas. deformidade e perda de mobi- imagiológicos de hipertensão lidade quase total das articu- portal. O doente iniciou tratamento com lações referidas (fig. 1 e 2). Na Foi proposta a realização de uma esquema intensivo de flebotomi- história clínica, não se apura- biópsia hepática, que evidenciou as, com periodicidade semanal. ram fatores de risco para doença 1) nos espaços-porta: expansão Verificou-se normalização das hepática, negou consumo habi- por infiltrado inflamatório lin- enzimas hepáticas após 3 me- tual de álcool. Não havia historial fo-histocítico sem hepatite de ses de tratamento. Obteve-se familiar conhecido de hepatopa- interface, fibrose portal com depleção de ferro (redução da tia; o seu único irmão, falecera formação ocasional de septos ferritina para <50 ng/mL) após aos 70 anos, por cancro do extração de 6,6 g de ferro em 33 cólon. flebotomias. 8 O Fígado em Revista

Fig. 1 Fig. 2 Discussão: em homozigotia C282Y corres- sadas pela deposição sistémi- ponde a 86% dos casos e a ca de ferro, são variadas e por A HH é uma doença genética heterozigotia composta C282Y/ vezes inespecíficas, dificultando causada por uma sobrecarga de H63D corresponde a 4% (3). Nos o diagnóstico inicial. O órgão ferro no organismo, que decorre doentes com heterozigotia com- mais frequentemente afetado de uma absorção intestinal ex- posta C282Y/H63D e sobrecar- é o fígado, e as manifestações cessiva de ferro, com o poten- ga de ferro, esta é geralmente da doença vão desde, uma cial de causar lesão em diversos considerada secundária a outros elevação assintomática das en- órgãos como o fígado, o pân- cofatores de doença, pelo que zimas hepáticas, até à cirrose. creas, o coração e as articula- devem ser pesquisadas doenças A presença de cofatores como ções. Associa-se a deficiência de hepáticas concomitantes como álcool ou hepatites víricas po- hepcidina (função ou síntese)(1). a doença hepática alcoólica, o de acelerar a progressão da Existem quatro tipos de HH, sen- fígado gordo associado à sín- doença hepática (5). Outras mani- do a mais comum a HH tipo 1, li- drome metabólico e as hepatites festações, como a artropatia, a gada ao HFE (homozigotia para víricas (4). diabetes ou o hipogonadismo, a mutação C282Y) (2). As mu- As restantes formas de HH estão a cardiomiopatia ou a hiperpig- tações do HFE C282Y e H63D ligadas aos genes HJV/HAMP mentação cutânea são, também, têm uma prevalência estimada (tipo 2), TRF2 (tipo 3) ou FPN frequentes nesta patologia (2). na população portuguesa de 3% (tipo 4) (1) (2). A abordagem inicial na suspeita e 23%, respetivamente, em in- As manifestações clínicas, cau- de sobrecarga de ferro consiste divíduos saudáveis. Em doentes com fenótipo de HH, a mutação Fig. 3 O Fígado em Revista 9

em avaliar a ferritina e ferro séri- corresponde a um esquema in- ulação geral, desde que ade- cos, a ST e a capacidade total tensivo de flebotomias semanais, quadamente tratados .(15) de fixação de ferro. A ST é um em que são retirados 500mL O rastreio da doença está excelente método de rastreio e de sangue, com monitorização recomendado para todos os um valor >45% identifica >97% mensal da ferritina até se obter irmãos (4), pelo menos com de- dos homozigóticos C282Y(6). Pelo depleção de ferro, com níveis de terminação da ferritina e da contrário, a ferritina é pouco es- ferritina inferiores 50 a 100 ng/ saturação da transferrina, mas pecífica enquanto rastreio, po- mL. Em seguida, estabelece-se idealmente com teste genético, dendo ser útil para prever o risco um esquema de manutenção, dado que, a probabilidade de de fibrose avançada (7). A confir- com flebotomias a cada 2-4 me- partilharem a homozigotia C282Y mação diagnóstica é feita através ses, com o objetivo de manter a é de 25%. O envolvimento do da genotipagem do gene HFE em ferritina <50 ng/mL, com hemo- médico de família no processo primeira linha. A genotipagem globina >11.5g/dL (2). de diagnóstico e rastreio familiar de genes não-HFE só deve ser A depleção de ferro reduz a é, também por isso, fundamental. feita, quando a suspeita clínica fibrose hepática nos estádios é alta e foram excluídas causas iniciais da doença (9), pode me- Conclusão: secundárias de sobrecarga de lhorar a cardiomiopatia ,(10) reduz ferro, dada a raridade destas a mortalidade de causa cardio- A hemocromatose hereditária mutações (2). A biópsia hepática vascular/neoplásica (11) e diminui é uma doença genética de pre- está indicada para estadiamento a hiperpigmentação cutânea valência não-negligenciável, na de fibrose nos doentes com risco .(12) Por outro lado, não parece nossa população, e com este de fibrose avançada, nomeada- haver melhoria na função pan- caso clínico, os autores preten- mente, se apresentarem ferriti- creática (13) e, apesar de poder dem transmitir a importância do na >1000 ng/mL e/ou doenças melhorar a artralgia, não permite diagnóstico e tratamento atem- hepáticas concomitantes (7) (8). recuperar a função articular .(14) pados, como única forma de evi- O tratamento de primeira linha O principal fator prognóstico a tar a progressão para doença para a HH é a flebotomia tera- ter em conta é a presença de cir- hepática avançada, assim como, pêutica e deve ser proposta a rose ao diagnóstico; os doentes as suas complicações sistémicas todos os doentes com ferritina sem fibrose avançada têm uma irreversíveis. >300 e ST > 45%. A fase inicial mortalidade equiparável à pop- Referências saturation in an Australian population: tality in treated patients with mild HFE Relevance to the early diagnosis of hemochromatosis. J Hepatol. 2015, 1. Brissot, P, Pietrangelo, A e Adams, hemochromatosis. Gastroenterology. Vols. 62(3):682–9. PC. Haemochromatosis. Nat Rev Dis 1998, Vols. 114(3):543–9. Primers. 2018, Vol. 4:18016. 7. Guyader, D, Jacquelinet, C e 12. Chevrant-Breton, J. Hemochro- 2. Kowdley, KV, Brown, KE e Ahn, Moirand, R. Noninvasive prediction of matosis: Genetics, Pathophysiology, J. ACG Clinical Guideline: Hereditary fibrosis in C282Y homozygous hemo- Diagnosis and Treatment. s.l. : Barton Hemochromatosis. Am J Gastroente- chromatosis. Gastroenterology. 1998, JC, Edwards CQ, editors, 2000. pp. rol. 2019, Vols. Aug;114(8):1202-1218. Vols. 115(4):929–36. 290-6. 3. Porto G, Alves H, Rodrigues P. Ma- 8. Beaton, M, Guyader, D e Deugnier, jor histocompatibility complex class I Y. Noninvasive prediction of cirrhosis 13. Utzschneider, KM e Kowdley, KV. associations in iron overload: evidence in C282Y-linked hemochromatosis. Hereditary hemochromatosis and dia- for a new link between the HFE H63D Hepatology. 2002, Vols. 36(3):673–8. betes mellitus: Implications for clinical mutation, HLA-A29, and non-classical 9. Falize, L, Guillygomarc’h, A e Per- practice. Nat Rev Endocrinol. 2010, forms of hemochromatosis. Immuno- rin, M. Reversibility of hepatic fibrosis Vols. 6(1):26–33. genetics. 1998, Vol. 47: 404 ± 410. in treated genetic hemochromato- 4. European Association For The sis: A study of 36 cases. Hepatology. 14. Harty, LC, Lai, D e Connor, S. Preva- Study Of The Liver. EASL clinical prac- 2006, Vols. 44(2):472–7. lence and progress of joint symp- tice guidelines for HFE hemochroma- 10. Kremastinos, DT e Farmakis, D. toms in hereditary hemochromatosis tosis. J Hepatol. 2010, Vols. 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investigação O impacto da infeção covid-19 no fígado Mónica Garrido e seus colaboradores, alguns sócios da APEF, publicaram um estudo no GE - Portuguese Journal of Gastroenterology, intitulado “Impact of Liver Test abnormalities and Chronic Liver Disease on the Clinical Outcomes of Patients Hospitalized with covid-19”. Este estudo tem como objetivo descrever os resultados clínicos da covid-19 em doentes, relativamente à presença de testes hepáticos anormais e da doença hepática crónica Estudo sobre a deteção não invasiva da Hipertensão Portal “Noninvasive Detection of Clinically Significant Portal Hypertension in Compensated Advanced Chronic Liver Disease” é o tema de um estudo partilhado no jornal Clinics Liver Disease. De autoria de Susana Rodrigues, sócia da APEF, este artigo tem vários pontos-chave, como por exemplo a hipertensão portal clinicamente significativa, que pode ser identificada de forma não invasiva. Journal of Hepatology publica estudo The American Journal of sobre Hepatology Snapshot Gastroenterology publica estudo sobre o fígado Sílvia Vilarinho, sócia da APEF, publicou no Journal of Hepatology, um estudo sob o tema Susana Rodrigues, sócia da APEF, “Hepatology Snapshot: A single cell gene publicou o seu estudo “Noninvasive expression atlas of 28 human livers”. Diagnosis of Portal Hypertension in Patients With Compensated Advanced Chronic Liver O estudo foi realizado tendo em vista que Disease” no The American Journal of Gas- a doença hepática crónica afeta mais de 1 troenterology. bilião de pessoas em todo o mundo e que as opções terapêuticas não invasivas continuam Este estudo teve como objetivo explorar a a ser uma opção insatisfeita. prevalência da hipertensão portal nas etiolo- gias mais comuns de pacientes com doença hepática crónica avançada. O Fígado em Revista 11

hepatologia em rede “Programa Elemento da comissão ‘Hepatologia em Rede’ científica, Mariana Cardoso é um impulsionador explica quais os principais da investigação de objetivos que estruturam o qualidade” projeto. Mariana Cardoso, membro da do programa criado pela APEF, cional que tenham interesse em APEF ”um dos projetos fortes” e que Hepatologia para que possam, tem José Presa, presidente da em conjunto, fazer trabalhos de “A união faz a força”. É com estas APEF, “como criador deste pro- investigação científica”, detalha palavras que Mariana Cardoso, grama”, frisa Mariana Cardoso. a responsável, anunciando que membro da APEF, explica o mote Dirigido a “qualquer centro de “existem 16 centros já inscritos por detrás do programa de inves- Hepatologia de hospitais públi- a nível nacional. O objetivo será tigação “Hepatologia em Rede”, cos ou privados”, o programa estender a todos os centros”. da APEF. apresenta-se como “um impul- Desenvolver e difundir projetos sionador da investigação de qua- “Qualquer pessoa com interes- de investigação, competitivos lidade em Hepatologia a nível na- se pode submeter um projeto, na área da Hepatologia impõe- cional”. o qual será posteriormente ava- -se, como o principal objetivo “O conceito promovido é de que liado. Um elemento da comissão vários centros se conheçam… científica, que será um elo entre Numa primeira fase foi realiza- APEF e o investigador, estará do um inquérito para se obter disponível a prestar apoio”, es- um retrato do país e da reali- clarece a responsável. dade de cada centro, quer de Gastroenterologia ou Medicina Para Mariana Cardoso, o ‘Hepa- Interna. Pretendeu-se, com isso, tologia em Rede’ é “um passo saber quantos internos estavam em frente que era já necessário”. em formação, quantas pessoas “Tudo o que envolva as pessoas existiam com esta diferenciação, trabalharem em equipa é um e se o centro já havia publicado passo importante. Só podemos artigos científicos. Por último, o ganhar com isso”. inquérito permitiu identificar uma pessoa que fosse um elo de liga- “Todos os médicos com interesse ção”, explica Mariana Cardoso. na área da Hepatologia podem “O objetivo final será estabelecer contribuir com as suas ideias no uma rede de pessoas a nível na- desenvolvimento da ciência em Portugal e tirar partido do ‘Hepa- tologia em Rede’ .” 12 O Fígado em Revista

cobertura de eventos “A pandemia veio atrasar os cuidados aos doentes hepáticos, no rastreio e no diagnóstico” Diretor da Clínica Universitária de Medicina Interna, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, que organiza atualmente o curso, Armando Carvalho faz um balanço do 33.° Curso de Doenças Hepatobiliares, que se realizou em Coimbra, e aborda o impacto da pandemia de covid-19 nas doenças hepáticas. Nos passados dias 26 e 27 de Tendo sido diretor do Serviço de po de internistas que continuam novembro realizou-se, em Coim- Medicina Interna do Centro Hos- o trabalho iniciado na Unidade bra, o 33.° Curso de Doenças pitalar e Universitário de Coimbra Funcional de Doença Hepática Hepatobiliares. O encontro for- – CHUC até novembro de 2021, do antigo Serviço de Medicina mativo resultou num “espaço de Armando Carvalho refere que a III dos HUC e constituem a refe- formação, atualização e partilha pandemia de covid-19 era, neste rência hepatológica de Coimbra”, de conhecimentos num ambien- curso, um tema “incontornável, destaca Armando Carvalho. te informal e de franco convívio pelo seu impacto possivelmente Para o responsável, o balanço do entre os participantes”, destaca direto e seguramente indireto, 33.° Curso de Doenças Hepato- Armando Carvalho, diretor do nos doentes hepáticos”. biliares é muito positivo. “Desta- Curso. camos a participação de muitos “Ficou bem patente na sessão médicos jovens, o que traduz o A pluralidade de temas marcou do nosso curso sobre covid-19 interesse pela Hepatologia e a a dinamização do curso. Fígado e fígado que a pandemia veio importância que está a ser dada gordo não-alcoólico; doenças atrasar os cuidados aos doentes aos doentes hepáticos. Cum- hepáticas autoimunes; carcino- hepáticos, quer no rastreio e no primos assim, mais uma vez, os ma hepatocelular; e hepatite C diagnóstico, quer no tratamen- objetivos traçados!”. foram alguns dos assuntos cen- to. Antes de mais é importante trais que estiveram em análise. a prevenção da transmissão do O Fígado em Revista 13 SARS-CoV-2, de modo que os “Durante muitos anos realizámos serviços de saúde não fiquem so- cursos monotemáticos, passan- brecarregados. Nesse sentido, os do nos últimos anos a fazer uma resultados da vacinação vieram atualização em vários temas, se- mostrar que é possível em Por- lecionando em cada ano aqueles tugal atingir objetivos elevados e em que tenha havido avanços ser até exemplo para o mundo”, importantes e/ou que assumam sublinha. uma importância especial na prática clínica. Este ano quise- Com mais de três décadas de mos trazer algumas novidades existência, o Curso de Doenças em temas que continuam a ser Hepatobiliares, é o curso de dominantes na prática clínica e Hepatologia mais antigo em também no que há de mais novo, Portugal. como a covid-19 e a sua relação com a doença hepática”, afirma “Realiza-se anualmente desde o professor catedrático de Medi- 1988, tendo sido interrompido no cina Interna, regente da área de ano passado por causa da pan- Medicina do 6.° ano. demia. É organizado por um gru-

cobertura de eventos Curso Formação APEF 2022 “Esta edição será dedicada às hepatites agudas, insuficiência hepática e hipertensão portal” Médica especialista em Gastrenterologia, Sofia Carvalhana ante- cipa temáticas e objetivos que vão marcar o encontro formativo. A aprendizagem e formação com os formadores, para que dedicada às hepatites agudas e contínua voltam a ser uma das no final do curso possam estar insuficiência hepática e hiperten- principais apostas da APEF para mais à vontade no diagnóstico, são portal. 2022. A edição anual do Curso prevenção e tratamento das di- “Nos últimos anos assistiu-se a de Formação em Hepatologia ferentes patologias hepáticas”, avanços terapêuticos importan- da Associação Portuguesa para explica. tes, sobretudo na área do carci- o Estudo do Fígado (APEF) já Oportunidade “para renovar e noma hepatocelular e da hepa- tem datas marcadas. Irá realizar- consolidar os conhecimentos tite C. Também os métodos de -se nos dias 18 e 19 de fevereiro, em áreas importantes da Hepa- diagnóstico são cada vez mais sendo “um curso eminentemen- tologia, de forma a aplicá-los na complexos, o que exige uma te prático”, segundo antecipa a prática clínica diária”, como refe- atualização constante do conhe- médica especialista em Gastren- rencia Sofia Carvalhana, o Curso cimento”, refere a responsável. terologia, Sofia Carvalhana.  de Formação em Hepatologia “As minhas expectativas são que “Este curso de formação tem da APEF destina-se a médicos o curso seja um sucesso como como objetivo promover o co- internos das especialidades de tem acontecido nas edições an- nhecimento teórico-prático em Gastrenterologia, Medicina Inter- teriores, com muita interação e áreas específicas da Hepatolo- na e Infeciologia com interesse partilha de conhecimento entre gia. Será um curso em que os em Hepatologia. os participantes”, conclui Sofia formandos terão oportunidade Com vagas limitadas a 30 for- Carvalhana. de discutir vários casos clínicos mandos, a edição de 2022 será Encontro de Cuidados Paliativos em Doenças do Fígado excede expectativas A APEF realizou o seu 1.o Encontro Internacional de Cuidados Paliativos em Doenças do Fígado, a 3 e 4 de dezembro, em formato totalmente online. De acordo com o presidente da tivos, de vários países. te, conseguido, indo além do ex- Associação, José Presa, trata-se José Presa refere que o objeti- pectável. de uma iniciativa que “excedeu vo principal, apontado para esta “Estou muito satisfeito com o em muito as expectativas e os reunião, foi um ensaio à mudan- resultado desta iniciativa. Houve objetivos propostos”, contando ça de mentalidade dos próprios uma participação conjunta das com uma larga participação por profissionais de saúde ligados a várias especialidades, cuja troca parte de profissionais de Hepa- estas duas áreas, Hepatologia de ideias foi muito interessante e tologia e de várias especialida- e Cuidados Paliativos, algo que agradável. E o mais importante: des ligadas aos Cuidados Palia- considera ter sido, seguramen- foram lançadas sementes para 14 O Fígado em Revista

se fazer algo mais colaborativo, Cuidados Paliativos em Portugal e a importância de encaminhar para uma medicina mais integra- estão razoavelmente bem imple- atempadamente os seus doen- dora, em prol do doente”, afirma mentados, embora estejamos tes para os Cuidados Paliativos, José Presa. longe do acesso ideal e com assim como os paliativistas para muitas assimetrias; em segundo os doentes hepáticos e as suas O médico salienta que, depois lugar, que os doentes hepáticos características. São doentes disto, os próximos passos são a ainda encontram barreiras aos ‘iguais’ aos outros, cada um com redação de um position paper Cuidados Paliativos, que, muitas as suas particularidades.” e a realização de mais edições vezes, advêm do facto de não deste Encontro Internacional de haver esta cobertura uniforme Para terminar, José Presa não Cuidados Paliativos em Doenças a nível nacional. No entanto, é deixa de sublinhar ter sido uma do Fígado, cuja periodicidade preciso lembrar que estes doen- “honra” contar com a presença está ainda por definir. tes em fase terminal de doen- do coordenador do Programa ça crónica de órgão precisam e Nacional de Cuidados Paliativos, Quando questionado quanto às têm o direito de aceder a estes assim como do presidente da principais conclusões do even- cuidados; em terceiro, que ain- Sociedade Brasileira de Hepato- to, o presidente da APEF des- da é preciso educar os hepa- logia e da Associação Espanhola taca três aspetos: “Em primeiro tologistas para a necessidade para o Estudo do Fígado. lugar é preciso referir que os Uma parceria com os colegas espanhóis “Máster en Hepatología”: partilha de conhecimentos entre dois países com realidades semelhantes A APEF associou-se à 9.a edição do “Máster en Hepatología” da Universidad Autónoma de Madrid e da Universidad de Alcalá, após parceria com a Asociación Española para el Estudio del Hígado. Gastrenterologista e hepatolo- os médicos, estamos sempre a tigação, a Associação do Estudo gista do Hospital Garcia de Orta, aprender, a aperfeiçoar os nos- de Fígado Espanhola tem muita em Almada, e membro da Dire- sos conhecimentos, e a mudar a experiência, e por isso a união ção da APEF responsável por nossa prática clínica com o avan- entre as duas organizações re- esta parceria, Alexandra Rosu, ço da medicina, e o networking presenta um caminho para o afirma que este master preten- entre os dois países é sempre desenvolvimento científico”, ob- de, proporcionar uma formação uma mais-valia.” serva. multidisciplinar, teórica e prá- Quando questionada acerca do Em relação aos objetivos deste tica, na área de Hepatologia. estado da arte da Hepatologia Master em Hepatologia, a médi- “A associação entre os dois entre os dois países, Alexan- ca indica que os principais ob- países oferece a possibilidade dra Rosu, refere que partilham jetivos são a promoção de uma de colaboração e debate sobre a mesma realidade do “mundo formação avançada e especia- assuntos importantes, como o hospitalar” e que os doentes e lizada, que engloba aulas de fi- manejo clínico dos doentes com os desafios que os médicos en- siopatologia da doença hepática, doença hepática crónica”, ob- frentam, diariamente, em prática até o diagnóstico e o tratamen- serva. clínica, são muito semelhantes. to do doente hepático. “É uma E refere: “A partilha de conheci- “Podemos afirmar que temos o oportunidade de atualização de mento e de experiências entre mesmo estado da arte, e que o conhecimentos na área de He- dois países com realidades se- manejo dos nossos doentes é patologia e de aprender com a melhantes em que diz respeito igual, seguindo os últimos gui- experiência dos peritos”, diz. a população com doença hepá- delines e as recomendações das A 9.a edição do “Máster en He- tica, só pode trazer mais benefí- associações internacionais de patología” conta com a partici- cios para os nossos doentes da Hepatologia. Em termos de or- pação de duas médicas portu- consulta de Hepatologia. Nós, ganização e trabalhos de inves- guesas. O Fígado em Revista 15

recortes de imprensa Data: 2021/11/02 MARIANA - PRINCIPAL Pág.: 32 Data: 2021/11/02 MARIANA - PRINCIPAL Pág.: 33 Título: Cancro do FÍGADO GRP: Título: Cancro do FÍGADO GRP: Tema: Saúde em geral Inv.: 3479.9T8em€ a: Saúde em geral Inv.: 3479.98 € Periodicidade: Semanal Âmbito: Nacional Tiragem: Periodicidade: Semanal Âmbito: Nacional Tiragem: Temática: Femininas Imagem: 1/2 Área: 48125Tmemmá2tica: Femininas Imagem: 2/2 Área: 48125 mm2 Data: 2021/10/15 TELENOVELAS - PRINCIPAL Pág.: 42 Data: 2021/10/15 TELENOVELAS - PRINCIPAL Pág.: 43 Título: Aposte na prevenção GRP: 1.5 %Título: Aposte na prevenção GRP: 1.5 % Tema: Saúde em geral Inv.: 3611.T03em€a: Saúde em geral Inv.: 3611.03 € Periodicidade: Semanal Âmbito: Especializada Tiragem: 34100Periodicidade: Semanal Âmbito: Especializada Tiragem: 34100 Temática: Televisão Imagem: 1/2 Área: 52572Tmemmá2tica: Televisão Imagem: 2/2 Área: 52572 mm2 Copyright 2009 - 2022 MediaMonitor Lda. Copyright 2009 - 22002222-M0e1d-3ia1MoPnáitgoirnLad1a.de 2 2022-01-31 Página 2 de 2 Copyright 2009 - 2022 MediaMonitor Lda. 2022-01-31 Página 1 de 2 2022-01-31 Página 2 de 2 Copyright 2009 - 2022 MediaMonitor Lda. 16 O Fígado em Revista

Data: 2021/10/06 DIARIO DE VISEU - SAÚDE Pág.: 2 Título: Médicos alertam população para prevenção do cancro do fígado GRP: Tema: Saúde em geral Inv.: 120.65 € Periodicidade: Semanal Âmbito: Regional Tiragem: Temática: Medicina e Saúde Imagem: 1/1 Área: 12825 mm2 Data: 2021/07/05 MÉDICO NEWS - PRINCIPAL Pág.: 78 Título: Diagnóstico precoce é essencial para o tratamento eficaz das hepatites GRP: Tema: Indústria Farmacêutica/Medicamentos Inv.: 1156.61 € Periodicidade: Bimestral Âmbito: Especializada Tiragem: Temática: Medicina e Saúde Imagem: 1/1 Área: 35263 mm2 APEF alerta para o consumo elevado de bebidas alcoólicas entres os jovens O Fígado em Revista 17

campanhas para a saúde APEF lança glossário Colangite biliar primária de doenças do fígado afeta mulheres entre os 40 e os 60 anos A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) lançou um glossário, A Associação Portuguesa para o Estudo do que esclarece conceitos relacionados com Fígado (APEF) promoveu uma ação nacional as doenças do fígado que se encontra de consciencialização para o diagnóstico e disponível no seu tratamento precoces da colangite biliar pri- website. mária, uma doença silenciosa, que atinge São definidos con- maioritariamente as mulheres, entre os 40 e ceitos, como antiví- os 60 anos. rico de ação direta, A iniciativa foi lançada no âmbito do Dia In- contágio, fibrose he- ternacional da Colangite Biliar Primária, que pática, infeção ativa, se assinalou a 12 de setembro, com o objeti- terapêutica, vírus, vo de alertar a população para esta doença, entre outros. que pode ser fatal. 12 SETEMBRO Dia Internacional da Colangite Biliar Primária Sabia que a colangite biliar primária afeta sobretudo mulheres, entre os 40 e os 60 anos? Esta doença atinge o fígado, provoca comichão, fadiga, mas é frequentemente assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Se não for tratada, a colangite biliar primária pode evoluir para cirrose ou obrigar ao transplante de fígado. Os tratamentos são fáceis e eficazes. Aconselhe-se junto do seu médico. Médicos alertam para a Uma iniciativa: importância da prevenção Apoio: do cancro do fígado www.apef.com.pt A Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) A relação entre o pretendeu alertar a população para a importância de preve- fígado gordo e a nir, detetar e tratar precocemente o cancro do fígado, uma diabetes doença cuja frequência é crescente, originando mais de 1.300 A esteatose hepática, mais co- novos casos por ano, em Portugal, nhecida por fígado gordo, e a o que corresponde a 2,4 por cento diabetes mellitus são doenças de todos os cancros. Esta comuni- com uma frequência elevada cação surgiu no âmbito do Mês da e crescente, que, quando não Consciencialização para o Cancro controladas, podem trazer con- do Fígado, que se assinalou em sequências graves para a saúde. outubro. Mas qual é a relação entre estas duas patologias? De acordo com um estudo rea- lizado pela Associação Proteto- ra dos Diabéticos de Portugal (APDP), de 2018, dois terços das pessoas com diabetes tipo 2, em Portugal, têm fígado gordo. 18 O Fígado em Revista

Consumo excessivo agenda de eventos de álcool pode ser causa de doenças Eventos graves no fígado Jornadas de Otoño AEEH 9.a edición Máster en A Associação Portugue- Hepatología sa para o Estudo do Fígado (APEF) assinalou a Semana Data: outubro 2021 a junho 2022 de Consciencialização para Local: online e presencial os Danos Relacionados com o Mais informações: https://web.master-hepatologia.es/ Álcool, que decorreu até dia 19 de novembro de 2021. Curso de Formação em Hepatologia 2022 A APEF alertou para o facto de os portugueses consumi- Data: 19 e 20 de fevereiro rem anualmente, em média, 12 Local: Espinho (Não sabemos o local ainda ao certo) litros de álcool, um dos regis- Mais informações: https://apef.com.pt/events/curso-de- tos mais elevados dos países formacao-em-hepatologia-2022/ da Organização para a Coo- peração e Desenvolvimento Curso Hands on de Ultrassonografia Abdominal e Económico (OCDE), assim Punção Ecoguiada como para as consequências que daí advêm em termos de Data: 26 de março saúde, nomeadamente, do fí- Local: Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar e gado: fígado gordo, hepatite Universitário de São João alcoólica e cirrose hepática. Mais informações: https://apef.com.pt/events/curso-hands- on-de-ultrassonografia-abdominal-e-puncao-ecoguiada/ Congresso Português de Hepatologia 2022 Data: 28 a 30 de abril Local: SDivine Fátima Hotel Mais informações: https://apef.com.pt/events/congresso- portugues-de-hepatologia-2022/ O Fígado em Revista 19

cultura e lazer Relaxe, divirta-se e cultive Magical Garden Alice – Jardim Botânico Hike Land Tropical de Belém Passadiços e O Magical Garden Alice é uma oportunidade de Aldeias de Xisto da explorar o Jardim Botânico Tropical de Belém à Lousã noite, até dia 17 de abril, de terça a domingo, A Hike Land vai estar na Lousã e dá a oportunidade entre as 18h00 e as 23h00. de percorrer um trilho pedestre, que passa por duas Conta com as mais famosas personagens do das mais emblemáticas aldeias desta maravilhosa mundo criado por Lewis Carrol, em Alice no serra. O percurso conta com a passagem pela vila País das Maravilhas, como o coelho, o gato, a da Lousã, até aos atraentes e recentes passadiços, lagarta azul e a rainha de copas. do castelo, até à Ermida da Piedade, da aldeia do Durante este percurso passa por 24 experiên- Talasnal até à Aldeia de Casal Novo. cias onde é transportado ao redor do mundo. Dia 23 de janeiro, pelas 10h00, venha caminhar Bilhetes disponíveis em: connosco e deixar-se deslumbrar pela magia desta https://www.lisboa.magicalgarden.pt/bilhetes serra, ao longo de 10km. Bilhetes disponíveis em: https://www.hikeland.pt/ Fonte: eventos/passadicos-e-aldeias-de-xisto-da-lousa/ https://www.timeout.pt/lisboa/pt/arte/ magical-garden-alice Olímpicos de Inverno de Beijing! Começa já no dia 2 de fevereiro os Jogos de 2022. O evento es- tará disponível em transmissões televisivas e plataformas digitais de streaming, com os melhores momentos disponíveis nas redes sociais. Os parceiros de transmissão serão revelados an- tes do início dos jogos. Pequim foi a primeira cidade a sediar os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, vários locais dos Jogos de 2008 vão ser agora reuti- lizados, como parte do Plano de Sustenta- bilidade do Comitê Organizador dos Jogos da XXIV Olimpíada em Pequim. Saiba mais aqui: https://olympics.com/pt/ noticias/guia-dos-jogos-olimpicos-de-in- verno-beijing-2022-tudo-que-voce-preci- sa-saber 20 O Fígado em Revista

A obra “Dar e Rece- Hora da leitura! ber” foi escrita por Adam Grant e fala-nos Robert Bryndza é o au- sobre as coisas em tor da obra “Momento comum entre as pes- Final” um policial emo- soas bem-sucedidas: cionante que prende o motivação, engenho e leitor até à última pági- oportunidade, aliadas a na. trabalho duro, talento e A obra revela-se uma sorte. autêntica aventura in- O autor diz-nos que a tensa e surpreenden- chave do sucesso é a te. A história desen- forma como interagimos com os nossos pares. volve-se em volta de Nas suas pesquisas percebe como o ambiente uma investigação le- de trabalho se tem vindo a tornar num espaço vada a cabo por Kate onde pessoas não estão dispostas a ajudar sem Marshall e o seu parceiro, Tristan Harper, acerca terem recompensa. de um desaparecimento decorrido há mais de uma década, de uma jovem jornalista mediática A obra “Renegados por ter denunciado um caso de escândalo políti- - Nascidos nos EUA” co. Através de uma investigação inacabada, os regista a conversa detetives acabam por descobrir situações ainda que Obama e Spring- mais sinistras. steen iniciaram no Esta é uma obra de um autor bestseller interna- podcast homónimo cional, conhecido pelos seus policiais singulares, coproduzido pelo “Robert Bryndza sabe como fazer os leitores Spotify e que se tor- revirarem as páginas”. nou o mais ouvido de sempre, a nível global, nesta plata- forma. Durante estas conversas íntimas, parti- lham histórias exclusivas e considerações acerca da vida, da música e do seu amor pelos Estados Unidos, com todos os desafios e contradições que isso implica. Num formato de álbum ilustrado, Renegados inclui ainda fotografias raras e exclusivas das coleções privadas dos autores, bem como ma- terial de arquivo inédito, incluindo algumas letras de músicas manuscritas de Springsteen e discur- sos anotados de Obama, oferecendo um retrato envolvente e belissimamente ilustrado de dois forasteiros que ajudaram a escrever a história dos Estados Unidos. O Fígado em Revista 21

CONGRESSO PORTUGUÊS DE HEPATOLOGIA 2022 25ª REUNIÃO ANUAL DA APEF 28 a 30 de abril SDivine Fátima Hotel Curso Pós Graduado: Doença Hepática Crónica Avançada Descompensada 22 O Fígado em Revista


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