Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore intensamente

intensamente

Published by editoranaturalistas, 2020-06-15 18:27:31

Description: intensamente

Search

Read the Text Version

Por onde andas, o que faz? Será que pensas em mim? Eu sim!

Ciclo

Entre uma semente e outra semente, paciência.

Autorrespeito

Rugas lembram histórias. Suprimi-las é um violento negar-se.

Incrível

Linda! Onde estavas? - Metamorfoseando.

Ir e vir

No círculo há cerca. No caminho, mais chão.

Possibilidades

Quanto infinito, no vazio, das entrelinhas.

Livre arbítrio

Entre o bem dito e o mal dito, prefiro o dito. Eu decido.

Dádiva

Amor é fruto. Quando despencado, gera mais.

HOMEM DA MINHA VIDA Pessoa de poucas palavras Não precisa de muitas delas Possui sabedoria para usá-las na medida e na hora certa. Seus conselhos convencem, ensina com exemplos, doa-se com altruísmo proativo. Tem atitude, firmeza e doçura. Dedica sua vida para a família. Seus sonhos, sua satisfação e necessidades estão em segundo plano. Foi assim que construiu o seu lar, foi assim que inspirou outros lares. A escola lhe ensinou pouca coisa na vida é PhD em honestidade, sabedoria, afeto, humildade, fé, determinação, proteção, coragem, superação e generosidade. Dá aos seus a herança mais preciosa: amor concreto. E de concreto ele entende. De medidas, tamanhos, proporções e perfeição também. Foi assim que exerceu dignamente a sua profissão, foi assim que construiu muitas casas, belas, seguras e aconchegantes. Ele sabe o significado de que uma casa firme, tem que ser construída sob a rocha, sob a pedra, sob rochedo. Uma casa tem que ter uma boa base, boa estrutura. A minha foi, a de todos da minha família também. Foram construídas por Pedro, Pedro pedreiro ou Pedro engenheiro, Pedro pedreiro ou Pedro engenhoso? Foram construídas por Pedro sábio, por Pedro talentoso Pedro pai, esposo, avô, bisavô ... Homem que faz jus ao significado do seu nome, homem de palavra, homem honrado, homem célebre, homem firme. Alicerce Nosso alicerce. Meu alicerce. Homem da minha vida.

PRISIONEIRA Do amor pra sempre encarcerada Em alta torre, grossas grades Condenada Meu algoz, De tempo em tempo Me visita Varia seu semblante Rosto ou máscara, Vai saber Chega ao frescor da manhã Traz a novidade do presente Se demora, vai e volta De tempo em tempo Sob a mesa, jaz a chave da grade Ao alcance da mão, aguarda Que ao liar-se à fechadura Abra ou feche, Vai saber Em tempo Faz-se livre Pra sempre Prisioneira Encarcerada Vai saber

DISPENSA PARA HOMENAGENS POST MORTEM Concedo-te exclusivamente, Contamos: irrevogavelmente, unicamente, História intransferivelmente: Prato permissão, desobrigação Estória de toda e qualquer espécie Tempo de manifestação a mim Moeda de homenagem post mortem Idade Essa licença somente terá validade Localização se, Observamos: alguma vez, Lua cheia uma única vez, Pessoa juntos Noite estrelada Dividimos: Arte Teto Nascer e pôr de sol Cerveja Paisagem Vinho Foto Café Refeição Fizemos: Sobremesa Oração Cobertor Bagunça Partilhamos: Plano Abraço Transgressão Lágrima Filho Experiência Caridade Viagem Festa Dança Aventura Porque se não fizemos nada disso, Vexame para que homenagem? Trocamos: Para quem? Conselho E se fizemos, Receita É dispensável. Muda de planta Já houve. Puxão de orelha Que seja in vita! Segredo Enquanto há vida! Convite Sorriso

INTERVALOS Há quem educa só na escola Há quem cuida só no hospital Há quem ama só na cama Há quem ilumina só na igreja Há quem pensa em viver Somente na aposentadoria. Mas há também Quem eduque Quem cuide Quem ame Quem ilumine Quem vive Nos intervalos. Há também quem não precisa Que marque hora para doar uma palavra De sabedoria De conforto De carinho De luz De incentivo. Quem consegue, Onde quer que esteja Ser fonte Ser remédio Ser presente Ser luz Ser efetivo Ser afetivo Sem hora marcada, Sem intervalos. Não é a vida o coletivo de intervalos?

CENAS DA INFÂNCIA Lembranças Cama da mãe Não ser encontrado Sensações Chá de laranjeira Lagarta Gostos Noite estrelada Escuridão Cheiros Passeios e férias De não Prazeres Doces no Convento Cheiros Encantos Parque Moscoso Café Conquistas Subir nas árvores Terra molhada Liberdade Escalar pedras Carne fritando Casa de vó Novena Pipoca estourando Casa de tia Maçã do amor Bolo assando Casa de madrinha Sons noturnos Milharal Quintal Brincadeiras Caderno novo Visitas de parentes Medos Livro novo Fogão de lenha Cheiros Flores Milho assado Sons noturnos Balanço na jaqueira Vento Desafios Fruta no pé Chuva no telhado Desafetos Bicho de pé Grilos Deslumbres Pés descalços Sapos Descobertas Horta Cigarras Paiol Aves Liberdade Chiqueiro Brincadeiras Conquistas Galinheiro Piques e piques Encantos Ninho Amarelinha Prazeres Filhotes Cantigas de roda Cheiros Castelos de areia Elástico Gostos Banho de mangueira Cozinhadinho Sensações Banho de mar Casinha Lembranças Banho de rio Pião Banho de chuva Adedonha Oh, saudade! Bolinho de chuva Queimada Eh, tempo bom,! Pescaria Bichos feitos de frutos Que infância! Nascente Medos Histórias à lamparina Picadas Vaga-lumes Mordidas Revoada de tanajuras Assombração Cigarro de palha Boi sem noção Biscoitos na lata Se perder Natal Colo do pai

ESPERA 1 Espero pelo príncipe Que virá quando eu quiser Do jeito que imaginei, Do jeito que sonhei. Apaixonado. 2 Espero que, ao virar príncipe O sapo passe a ter qualidades Tenha beleza e virtudes E que chegue rápido. Encantado. 3 Espero que depois de batalhas À qualquer hora ele chegue Ferido, machucado, camuflado Príncipe sapo guerreiro. Corajoso. 4 Espero estar pronta, preparada, No lugar certo, à sua altura, Ao seu alcance, como ele imaginou. Que eu seja eleita, escolhida, preterida. Diferente. 5 Espero só que ele chegue Que a magia aconteça Que o sonho, o conto seja realidade Que sejamos felizes enquanto for para sempre De verdade. 6 Espero não esperar Uma eternidade.

A PREÇO Comprei o objeto o labor a obra Com ele veio a arte a ideia o fascínio Custou tempo suor matéria sabedoria respiração sentimentos histórias fazeres Contemplo Admiro Reflito Deliro Respiro Desejo Comprei o tempo o suor a matéria a sabedoria os sentimentos as histórias os fazeres Quis o objeto o labor a ideia o talento a obra Um fragmento da vida da arte da alma.

IMODERADO Se raso, não dá pé Parte, não satisfaz Quase, não foi Medos e desejos Dores e devaneios Inteiro mesmo que ínfimo Inestimável mesmo que banal É óbvio que se, não é.

DIA T(N)ÃO O clima não era a prioridade das atenções naquele dia, era o que menos importava, afinal seria marcante de qualquer ESPERADO maneira, fizesse chuva ou sol. Até porque ambos são sinal de bênçãos sobre a terra. Eram muitos os preparativos: convites, roupa, cerimônia, decoração, comidas, bebidas, música. Uma corrida contra o tempo, tudo tinha que acontecer conforme o esperado e não podia ser de outra forma, pois a ocasião e a pessoa mereciam. Ainda bem que família é grande e prestativa. A expectativa é que muitos amigos, parentes e admiradores estejam presentes, pois era a oportunidade, o momento de homenagear uma pessoa querida e especial. Várias pessoas se deslocavam com ansiedade, por quilômetros, a fim de aproveitar a ocasião com pontualidade, afinal atrasos são imperdoáveis. Fico pensando que têm pessoas que são grandiosas, que fazem a diferença na vida dos outros, que somam, apoiam e sustentam. Que possuem o dom da celebração, da alegria. Que agregam, atraem, reúnem e que se doam com facilidade. Acredito que seja pelo fato de terem a benquerença, a solidariedade, a caridade, a generosidade, a misericórdia, a compaixão, o desprendimento e o altruísmo como virtudes colocadas em prática desmedidamente no dia a dia. Isso sim, com certeza faz toda da diferença, principalmente para quem recebe. Como esquecer de um gesto de carinho, um sorriso, um agrado, uma palavra de sabedoria, uma recepção calorosa, uma comidinha preparada com capricho, uma visita inesperada, uma mão amiga? Esse era o momento, a oportunidade de relembrar e retribuir, se é que isso é possível. Com certeza não. Não na mesma proporção, não com a mesma intensidade, com o mesmo valor. Uma pena economizarmos nos gestos e nas expressões de gratidão e adiarmos. O tempo voou. Foi tudo tão rápido. Apesar da correria, tudo estava preparado. Todos não. Nem em sonho alguém imaginaria algo de tamanha proporção. Uma multidão compareceu e o burburinho era constante, ora enaltecendo as qualidades da pessoa homenageada, ora atualizando comentários e informações sobre os presentes e sobre os ausentes. Gestos de cumprimentos, alguns mais discretos, outros mais afetuosos e até mesmos espalhafatosos eram constantes, principalmente entre os que não se viam com frequência. A decoração estava à altura da ocasião, tudo devidamente preparado, somente precisou reforço de última hora para a alimentação. Depois de toda adrenalina, o momento mais emocionante havia chegado. A cerimônia meticulosamente planejada

começou. Discursos, reflexões, homenagens, lembranças, choro e música. Não poderiam faltar as orações, nem as flores. Um lindo e emocionante rito, à sua altura. Comovente e consolador. Acredito que não imaginava que fosse uma pessoa tão amada, tão querida. Se tivesse oportunidade de se expressar concordaria e ficaria feliz em saber que tudo o que fez teve reconhecimento já que ficava triste, até mesmo deprimida quando poucas pessoas participavam desse tipo de evento e não poupava esforços em se solidarizar e participar desses acontecimentos, fosse a pessoa bem próxima ou não, pois sabia da importância do amor concreto, de estar próxima. Acho que teria gostado de estar totalmente presente nesse funeral, não somente de corpo, os presentes também.

O conheci numa viagem. Um amigo nos apresentou. Não lembro-me da data mas é claro em minha memória o cenário, o ambiente e de, naqueles dias, ter vivido momentos incríveis ao lado desse novo amigo num paradisíaco lugar. Lugar lindo onde tudo começou. Uma vila paradisíaca, digna de cartões-postais, de relevantes manifestações culturais, cujo nome significa pedra preta dado por conta do rio escuro que banha o vilarejo, e além do rio, matas, dunas, mar fazem parte da natureza desse povoado. Nesse ambiente, o ideal é dispensar o relógio. Relógio, só o biológico é utilizado para se conectar ao ritmo do lugar, para deixar que o corpo fique à vontade e assim, pedir para dormir e para acordar quando desejar, para comer quando tiver fome, para contemplar e apreciar a natureza noturna e diurna, livre para conhecer novos sabores, novas pessoas e dançar, dançar e dançar mesmo se considerar que não saiba. Saiba que alguns dias se passaram nessa vila antes de conhecê-lo. Banhos de mar, de chuva, de sol, de poeira, de lua, de rio, nascer e por de sol, estrelas, vento, trilhas na mata, canto dos pássaros, músicas, danças. O corpo sendo CONHECER, respeitado, emoções emancipadas, pensamentos largados, caminhadas longas. Longas conversas com meu amigo, que não tinham hora EXPERIMENTAR, para começar e nem pressa para terminar. Os assuntos eram os mais variados e enriquecedores. Os laços de amizade VIVENCIAR foram se estreitando na medida que nos conhecíamos e a intimidade, respeitosamente, aumentava. Aumentava também o desejo de experimentar as novidades, de viver plenamente, de permitir-se, de se reinventar, de ressignificar e de mudar. As conversas eram terapias, provocações, iluminações, e permitiram reflexões e descobertas, um turbilhão de inquietos sentimentos. Sentimentos aflorados, dança, vida, morte, pessoas, tempo, mente, natureza, filosofia, liberdade, consciência, respeito. Respeito é fundamental em todos os relacionamentos, e foi nesse contexto que meu amigo o apresentou. Recebi como uma delicadeza, um carinhoso presente essa oportunidade. Oportunidade que não dispensei. Mesmo tendo ouvido falar ao seu respeito, do quanto era puro e singular, o primeiro contato foi de estranhamento. Havíamos acabado de acordar, tivemos uma longa conversa e eu estava faminta, afinal é difícil manter o humor matinal nesse estado. Voltemos ao encontro inicial. Meu amigo ficou nos observando, bastante empenhado em mapear as minhas reações e guardá-las em sua memória. Cada expressão minha foi usada posteriormente para conferir se, o que meu corpo expressou, correspondia às minhas palavras quando esbocei minhas observações sobre aquela vivência afável,

especial. Especial presente, presente carinhoso, um marco. Não preciso dizer que passei a almejar por ele, seja pela manhã, tarde ou noite, tornou-se quase um vício. Como me fazia bem. Me aquecia nos dias frios, me animava nos dias cansativos quando precisava de energia extra, me despertava nas manhãs sonolentas, em sua companhia as conversas eram deliciosas, era presença quando me sentia só. Longe de outros sentia até dor de cabeça mas com ele era só bem-estar, mesmo enquanto ansiava senti-lo, mesmo quando sentia sua falta. Falta dizer que por um tempo estivemos longe e eis que um dia, para minha alegria e satisfação, nos reencontramos. Meu amigo proporcionou nova aproximação. E o apresentei a algumas amigas que o acharam o máximo, o melhor que haviam conhecido. Muitos amigos disseram o mesmo. Mesmo com todas as dificuldades, almejei e o levei para uma trilha subindo por cerca de três horas e senti seu gosto a mais de setecentos metros de altura. Peculiar experiência. Suas qualidades foram apreciadas por todos. Todos que tiveram o privilégio de apreciá-lo, quiseram replicar. A maioria soube de que montanhas ele veio, com quais cuidados foi lavrado e como chegou a maturidade. Momento em que foi selecionado e recolhido com cuidado. Cuidado em todos os processos para alcançar o êxito na combinação perfeita, no resultado esperado. E eis que depois de passar pelo calor, após ser esmigalhado, ser banhado em água quente e ser lentamente purificado, foi possível sentir o seu aroma, irresistível como poucos. REFERÊNCIAS: http://dulcemagalhaes.com.br/bolha-de-sabao/#.Wum8xbh1KSo. Acesso em 02/05/2018. Bazzo, Ezio Flavio. Necrocídio: “40 Jours et 52 photographies dans les cimetières de Paris”. Brasília : Da Anta Casa Editora, 1992.


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook