EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 101 Nota-se que, entre os anos de 2013 e 2017, a escola da rede de Quixeramobim (CE) obteve uma redução de aproximadamente 40 p.p, enquanto na unidade escolar da rede de Teresina (PI), tal diferença foi de 29,8 p.p. Uma escola da rede de Palmas também atingiu o patamar de mais de 25 p.p, o que gerou estranheza. Porém, após análises cuidadosas em relação ao EJA e à taxa de distorção idade-série dos anos anteriores, entendeu-se que os indicadores estavam regulares. Tais informações embasam a decisão do time que elabora este estudo de não reconhecer as redes de Quixeramobim e Teresina por acreditar ser de incumbência da Secretaria a função de monitorar tais desvios de suas unidades escolares.
102 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A Anexo VI: O caso da rede municipal do Rio de Janeiro A rede municipal de ensino do Rio de Janeiro (RJ) é a maior do país: há 458.176 matrículas em 1.004 escolas de Ensino Fundamental, de acordo com dados do Censo Escolar 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Por essa razão, entendeu-se que seria importante estudá-la, buscando escolas com indicadores exitosos. O objetivo foi identificar ações e estratégias comuns a essas escolas e compreender se elas estão em consonância com as mapeadas nas redes de ensino reconhecidas pelo estudo “Educação que Faz a Diferença”. Assim, os pesquisadores estiveram em quatro escolas do Município do Rio de Janeiro. 1.1. Estatísticas Descritivas A partir de observações e entrevistas diversas, a equipe do Tribunal de Contas do Município preencheu fichas que possibilitaram a utilização do método QCA para análise dos resultados das 4 escolas selecionadas. Visto que os dados resultantes da pesquisa de campo e da metodologia utilizada não permitiram identificar diferenças entre as escolas, recorreu-se a uma nova forma de análise: foram comparadas as informações das quatro escolas com as estratégias e práticas dos municípios tratamento (com bons resultados) estudadas em profundidade por esta pesquisa. Em ambos os grupos, os itens da Tabela 1, subsequente, aparecem como importantes, sendo os principais: suporte pedagógico pela equipe gestora aos docentes; observação de aula; maior foco no trabalho pedagógico em Língua Portuguesa e Matemática, utilização de metas; acompanhamento periódico pela equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação; acompanhamento dos pais na rotina escolar dos estudantes; e oferta constante e diversa de formação docente.
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 103 Tabela 1 – Comparação entre as médias da rede municipal do Rio de Janeiro e das redes tratamento visitadas Município RJ Redes tratamento visitadas (Média das 4 escolas visitadas) 95% 95% Coaching 100% 92% 92% Maior Foco em LP e Mat 100% 92% 89% Metas 100% 86% 84% acomp_periodico 100% 81% 78% Pais 100% 76% 76% freq_escolar 100% 73% 70% Formações 100% 62% 51% HTPC 100% 46% Regras 100% Plataforma 100% Docentes_formam 100% observ_aula 100% Meta_Ideb 100% Gestaocentral 100% Meta_Aprendizagem 100% Gere_Recursos 100% Professor 100% Nota: A legenda das variáveis encontra-se no Anexo VIII. Na pesquisa de campo no Município do Rio de Janeiro, alguns pontos foram identificados como diferenciais: utilização do currículo como norteador das atividades; formações continuadas ofertadas nas próprias escolas (coaching) e pela rede (Formações/Docentes formam /HTPC); observação de aulas e clima escolar, sendo que os três últimos também apareceram como muito relevantes nas redes tratamento visitadas.
104 EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA Tabela 2 – Comparação entre as médias da rede municipal do Rio de Janeiro e das redes tratamento visitadas Município RJ Redes tratamento visitadas observ_aula 100% 76% clima_escolar 9,0 8.5 Uso currículo 9,0 7.3 infra_suf 7,0 7.4 gestao_resultados 8,0 7.9 plano_carreira 5,0 6.9 suporte_sme 7,0 8.3 Nota: A legenda das variáveis encontra-se no Anexo VIII. 1.2. O currículo como o norteador das práticas pedagógicas Observou-se que as práticas pedagógicas das escolas são norteadas pelo currículo municipal e pelas avaliações. A atualização do currículo para que se adequasse à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ocorreu, em 2019, de forma colaborativa, segundo a visão dos entrevistados. Participaram do processo as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), que atuam como braços da Secretaria nas várias regiões da cidade, e professores, que organizaram grupos de trabalho (GTs) para redação do currículo e/ou que responderam a uma pesquisa on-line para ajudar a compor a estrutura do documento. Segundos os educadores ouvidos, o processo de reelaboração do currículo, visto como democrático por ter envolvido vários atores diferentes, promoveu engajamento entre os profissionais de Educação da rede, que passaram a reconhecê-lo como o elemento condutor das ações. “Os entrevistados relataram que o bom resultado em avaliações externas é fruto do trabalho desenvolvido no dia a dia tendo por base a Matriz Curricular do Município, que engloba os descritores de avaliações externas.” – Rio de Janeiro/RJ
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 105 1.3. A importância de boas formações para a execução do currículo Para que o currículo seja eficaz na condução das ações da rede e das escolas, individualmente, é necessário que os atores envolvidos na aprendizagem dos estudantes estejam apropriados de seu conteúdo. Para isso, são necessárias formações regulares e consistentes. Nesse sentido, observou-se que a rede tem processos de formação contínuos, que se estendem para além dos momentos formativos na Secretaria e foram incorporados ao dia a dia da escola, nas reuniões pedagógicas e entre a equipe gestora e os professores. Em geral, as formações contemplam o contexto em que cada professor está inserido, considerando os projetos pedagógicos e materiais didáticos utilizados por suas respectivas escolas. As formações olham tanto para o conteúdo a ser ensinado, como também visam a preparar os professores para o desenvolvimento de competências e habilidades nos estudantes. As entrevistas indicam que essas formações são muito significativas para os docentes, colocando-os como protagonistas do seu processo de desenvolvimento. “Todos os professores entrevistados nas unidades visitadas afirmaram que houve capacitação para o trabalho, baseada nos descritores de cada disciplina. Os professores são capacitados para trabalhar na matriz curricular e esta engloba os descritores de avaliações externas.” – Rio de Janeiro/RJ Além da formação promovida pela equipe gestora da escola, as equipes regionais também trabalham temas relativos a cada componente curricular. “Os entrevistados foram unânimes em dizer que sim, que são constantemente oferecidos diversos cursos, para diversas áreas de atuação. Recentemente, a SME criou telessalas nas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs), onde oferece alguns de seus cursos. Assim, os professores não precisam se deslocar até a SME, mas somente até a CRE de sua região, reduzindo o tempo de deslocamento e aumentando o número de profissionais que assistem a estas aulas.” – Rio de Janeiro/RJ O que foi observado no planejamento e execução das formações: Continuidade: o processo de aprendizado não é linear e depende de reflexão, mudança e aprimoramento da prática. Nesse sentido, as formações são atividades contínuas.
106 EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA Formação no dia a dia da escola: as formações acontecem não apenas em momentos formativos da Secretaria, mas também nas reuniões pedagógicas e entre equipe gestora e professores. Coerência: as formações contemplam o contexto em que cada professor está inserido. Para isso, consideram os Projetos Pedagógicos e os materiais didáticos utilizados pelas escolas, entre outras políticas da rede. O que foi observado em relação à metodologia e ao conteúdo das formações: Foco no desenvolvimento de competências e habilidades: os currículos representam uma importante mudança na prática de ensino. Portanto, as formações não se concentram apenas no conteúdo a ser ensinado pelo educador, mas o apoiam desde o processo de planejamento de aulas até o de acompanhamento das aprendizagens dos estudantes. Metodologias ativas: as formações são significativas para os professores, colocando-os como protagonistas do seu processo de desenvolvimento e contemplando elementos do seu dia a dia de trabalho. Para isso, propõem a construção conjunta de planos de aula alinhados ao currículo; a análise da produção dos estudantes como ponto de partida para discussões sobre o processo de ensino e aprendizagem; a observação de sala de aula com devolutivas formativas para o professor; entre outras estratégias. Em suma, as formações são menos baseadas na exposição de conhecimento e mais na construção conjunta, estimulando a discussão e a reflexão para uma melhora efetiva da prática em sala de aula. Trabalho colaborativo: a colaboração entre os professores contribui para a troca de boas práticas sobre o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e torna-se ainda mais importante no contexto de implementação dos novos currículos, que representam uma mudança para todos. Foco em como desenvolver os conhecimentos: as formações continuadas trabalham três aspectos: I) o conhecimento pedagógico geral (ex: como montar um plano de aula
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 107 com objetivos claros de aprendizagem); II) o conhecimento do conteúdo em si, em especial quando são temas que os professores não costumam trabalhar em determinado ano e/ou componente; e III) o conhecimento pedagógico do conteúdo, ou seja, como os estudantes desenvolvem determinada habilidade e como apoiar esse desenvolvimento por meio do ensino. 1.4. Formação das equipes gestoras nas escolas Com frequência, o papel de formador de professores dentro da escola é assumido, geralmente, pelo coordenador pedagógico. Mas também é possível que toda a equipe gestora, incluindo diretores e vice-diretores ou diretores adjuntos, tenha um papel formativo. “Foi relatado que um servidor da CRE realiza uma visita, no mínimo bimestralmente, para acompanhamento pedagógico da unidade escolar, sendo esta visita realizada por iniciativa daquela Coordenadoria. Porém, quando solicitada pela unidade, a CRE também envia um servidor para auxiliá-la. O coordenador pedagógico e os professores relataram que os resultados das visitas são repassados. Eles entendem que este feedback auxilia nos ajustes dos conteúdos pedagógicos.” – Rio de Janeiro/RJ 1.5. Observação de sala de aula como fator de aprimoramento da prática Nas escolas visitadas os educadores relataram que observação de sala de aula é uma prática rotineira e benéfica. Os gestores entendem que, assim, conseguem auxiliar os docentes em suas necessidades específicas, enquanto os professores veem alguém com olhar crítico assistindo às suas aulas e ajudando-os a identificar o que está bom e o que pode ser aperfeiçoado. “A diretora e a coordenadora pedagógica relataram que fazem observação de sala de aula. Os professores entrevistados confirmaram a prática, relatando que estas observações contribuem para seu aprendizado” – Rio de Janeiro/RJ
108 EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 1.6. Bom clima escolar O clima escolar das unidades educacionais é classificado como “muito bom”, conforme relatos dos entrevistados e percepções dos entrevistadores. As escolas se preocupam em proporcionar aos alunos um ambiente de convivência prazeroso, estão atentas ao contexto em que estão inseridos e buscam atender às suas necessidades. Os professores relataram que as equipes são muito unidas e que há cooperação entre os colegas para a execução das atividades propostas. Os pesquisadores, por sua vez, indicaram a existência de grande afetividade dos alunos pelos professores e colegas. O resultado desse cuidado com o clima escolar pode ser verificado pelo depoimento dos profissionais, colhido durante as visitas: “A escola desenvolve um excelente projeto chamado ‘Feira Carioquinha’. Ao longo de todo o ano, os alunos vão ganhando dos professores moedas carioquinhas como recompensa por bom comportamento e rendimento. Ao final do ano, a escola prepara uma feira com doces e brinquedos, que podem ser comprados com as moedas carioquinhas. Assim, durante todo o ano letivo, a unidade estimula nos alunos o estudo e a boa convivência social. O projeto é muito querido por todos da unidade escolar.” – Rio de Janeiro/RJ 1.7. Desenvolvimento de projetos Nas escolas tratamento visitadas, a equipe averiguou a existência de trabalhos pedagógicos diferenciados, como projetos com foco em leitura, produção de texto ou alfabetização. “A coordenadora pedagógica demonstra grande empenho em sua função. Segundo informado por ela, ela estipulou como meta para si mesma que os alunos sejam alfabetizados dentro de 90 dias. Assim, desenvolve junto aos professores um intensivo trabalho para que a meta seja alcançada.” – Rio de Janeiro/ RJ “Existem na escola os projetos ‘Leitura por Todos os Lados’, ‘Ouço, reconto, escrevo... dou asas à imaginação’ para melhorar as produções textuais, de forma a alcançar o uso convencional da escrita com clareza, coesão e criatividade.” – Rio de Janeiro/RJ
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 109 Há outros projetos que têm como objetivo desenvolver habilidades socioemocionais e/ou integram ações com os familiares dos estudantes. “No 2º e no 3º bimestre ocorre a mesma cerimônia: são homenageados os alunos com conceito ‘Muito Bom’ e aqueles que elevaram seu conceito em relação ao bimestre anterior, ou seja, superaram os obstáculos e apresentaram avanços na aprendizagem. Com o passar dos anos, foi possível constatar que tal ação estimula os alunos, aproxima a família da escola e eleva o desempenho escolar.” – Rio de Janeiro/RJ “Diversos projetos são desenvolvidos na unidade, tais como o projeto ‘Pequenas mudanças, grandes transformações’, que visa a resgatar valores e mudar hábitos, pautando-se na educação socioemocional, e o projeto ‘Ciranda de livros em família’, onde cada aluno leva um livro para ler com seus familiares.” – Rio de Janeiro/ RJ
110 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A Anexo VII: O caso da rede municipal de São Paulo A rede municipal de ensino de São Paulo (SP) é a segunda maior do País, atrás apenas da rede municipal do Rio de Janeiro: são 417.864 estudantes em 561 escolas de Ensino Fundamental, de acordo com dados do Censo Escolar 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Por isso, tal qual a do Rio de Janeiro, decidiu-se também analisá-la, buscando identificar ações e estratégias comuns de escolas do Município e compreender se estão em consonância com as mapeadas nas redes de ensino reconhecidas pelo estudo “Educação que Faz a Diferença”. Assim, os pesquisadores estiveram em quatro escolas do Município de São Paulo. A partir de observações e entrevistas diversas, a equipe do Tribunal de Contas do Município preencheu fichas que possibilitaram a utilização do método QCA para análise dos resultados das 4 escolas selecionadas. Dados a sua dimensão e os inúmeros contextos nela presentes, optou-se por olhar para os resultados das Diretorias Regionais de Ensino (DREs), separadamente, visando a entender se havia alguma divisão que sobressaía às demais. O Município de São Paulo possui 13 DREs, e foram selecionadas duas para o respectivo estudo com base nos critérios socioeconômico e nota padronizada no Ideb. Não foram constatadas diferenças significativas nas práticas incorporadas por elas. Assim sendo, a equipe optou por analisar em profundidade duas escolas de uma DRE com resultados um pouco superiores à média e duas de uma DRE com performance um pouco inferior, para verificar as diferenças nas estratégias e ações adotadas no nível local. A escolha das escolas também seguiu o mesmo critério: uma com resultado um pouco superior à média da sua DRE, e, a outra, com resultado um pouco inferior. No total, portanto, foram visitadas 4 escolas, sendo duas de cada DRE. Para a composição das análises estatísticas, foi selecionada outra rede de ensino com dimensões similares e que nas tabelas a seguir será identificada como “anônima”. Para uma análise robusta das escolas, os pesquisadores do Iede criaram uma variável que indica qual seria o Ideb da unidade de ensino dado o nível socioeconômico dos alunos atendidos
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 111 (INSE). Para esse cálculo, a equipe realizou uma regressão linear, em que a variável dependente é o Ideb das escolas visitadas, para o ano de 2017, nos anos iniciais do Ensino Fundamental; e a variável resposta é o INSE das mesmas. Na tabela abaixo, encontram-se os resultados dessa regressão. Tabela 1 – Regressão Linear: variável dependente, Ideb2017, e variável resposta, INSE das escolas analisadas Source SS df MS Number of obs = 8 F(1, 6) = 7.37 Model 0.975102241 1 0.975102241 Prob > F = 0.0349 R-squared = 0.5513 Residual 0.793647402 6 0.132274567 Adj R-squared = 0.4765 Root MSE = 0.3637 Total 1.76874964 7 0.25267852 IDEB2017AI Coef. Std. Err. t P>t [95% Conf. Interval] 2.72 0.035 INSE 0.2324232 0.0856037 0.93 0.39 0.0229585 0.4418879 _cons 1.603302 1.730021 -2.629907 5.83651 A partir dos resultados da regressão, calculou-se o Ideb esperado dado o INSE da unidade. Para esse cálculo, foi utilizada a seguinte equação: Ideb esperado = �ß0 + (�ß1* INSE), onde �ß0 = 1.603302 �ß1 = 0.2324232 INSE = Indicador que mensura o nível socioeconômico por escola Logo temos: Ideb esperado = 1.603302 + (0.2324232*INSE) Com base em tais cálculos, chegou-se ao resultado de qual era a expectativa de Ideb da escola de acordo com o seu INSE. Este indicador foi comparado ao Ideb de fato obtido pela unidade em 2017. Assim, foi possível observar as diferenças entre o desempenho real e o previsto.
112 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A Tabela 2 – Comparativo entre o desempenho real no Ideb e o esperado dado o nível socioeconômico dos alunos Escola Município Escola INSE % Alunos % Alunos IDEB Ideb Diferença Tratamento 21.6 Aprendizado Aprendizado 2017 Esperado (c) =1 Adequado Adequado AI (a) (b) LP5EF MAT5EF 1 SP EMEF 1 7.10 6.63 0.47 0.81 0.73 0 SP EMEF 2 21.3 0.68 0.56 6.50 6.56 -0.06 1 SP EMEF 3 21.9 0.79 0.68 6.60 6.69 -0.09 0.53 0.46 5.90 6.24 -0.34 0 SP EMEF 4 20.0 0.65 0.84 6.50 5.92 0.58 0.57 0.49 -0.20 1 Anônimo Escola 18.57 0.50 0.38 -0.15 Municipal 1 0.75 0.70 -0.21 0 Anônimo Escola 19.4 5.90 6.10 Municipal 2 0 Anônimo Escola 17.4 5.50 5.65 Municipal 3 1 Anônimo Escola 21.1 6.30 6.51 Municipal 4 Os dados acima mostram que uma das escolas da rede de São Paulo e uma escola da rede anônima superaram suas notas no Ideb real (a). A análise não indicou um padrão que diferencie as duas escolas de destaque das demais, mesmo quando examinadas separadamente. Abaixo, estão algumas das médias provenientes das notas atribuídas pelas equipes durante as pesquisas de campo para os aspectos de a) gestão de resultados, b) plano de carreira docente, c) infraestrutura das escolas, d) suporte oferecido pela regional e e) suporte oferecido pela Secretaria Municipal. Tabela 3 – Comparativo entre as médias oriundas das notas atribuídas às oito escolas analisadas (rede de São Paulo e rede anônima) a b c de Média gestão Média plano Média N° de infraestrutura Média suporte Média escolas resultados carreira oferecido suporte 7.75 regional oferecido sec 2 7.5 6.5 Escolas destaque 7.5 7 Demais escolas 6 7.5 6.5 7.5 7.5 7
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 113 Visto que os dados resultantes da pesquisa de campo e da metodologia utilizada não permitiram identificar diferenças entre as escolas, recorreu-se a uma nova forma de análise dos dados quantitativos: foram comparadas as informações das duas escolas de destaque com as estratégias e práticas dos municípios tratamento (com bons resultados) estudados em profundidade por esta pesquisa. Em ambos os grupos, os itens da Tabela 4, subsequente, aparecem como importantes, sendo os principais: suporte pedagógico pela equipe gestora aos docentes; observação de aula; maior foco no trabalho pedagógico em Língua Portuguesa e Matemática, utilização de metas; acompanhamento periódico pela equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação; acompanhamento dos pais na rotina escolar dos estudantes; e oferta constante e diversa de formação docente. Tabela 4 – Comparativo entre as médias das escolas destaque, das quatro escolas de São Paulo e das escolas das redes tratamento visitadas: Escolas destaque Rede SP (Média das 4 Redes tratamento (SP e anônima) escolas visitadas) visitadas Coaching 100% 100% 95% Maior Foco em LP e 100% 100% 95% Mat 100% 100% 92% 100% 100% 92% Metas acomp_periodico Pais 100% 100% 92% freq_escolar 100% 100% 89% Formações 100% 100% 86% 100% 100% 84% HTPC 100% 100% 81% Regras 100% 100% 78% Plataforma 100% 100% 76% Docentes_formam observ_aula 100% 75% 76% Meta_Ideb 100% 100% 73% Gestaocentral 100% 100% 70% Meta_Aprendizagem 100% 100% 62%
114 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A Gere_Recursos 100% 100% 51% Professor 100% 100% 46% Nota: A legenda das variáveis encontra-se no Anexo VIII. Quando a análise é direcionada às escolas do Município de São Paulo, percebe-se que alguns pontos foram identificados como diferenciais: utilização do currículo como norteador das atividades; formações continuadas ofertadas nas próprias escolas (coaching) e pela rede (Formações / Docentes formam /HTPC); sendo que todos também apareceram como muito relevantes nas redes tratamento visitadas. “Considerando os relatos de todos os entrevistados no sentido de que o trabalho pedagógico é norteado pelo currículo da cidade.” – São Paulo/SP As entrevistas indicam que as formações continuadas ofertadas nas próprias escolas (coaching) e pela rede (Formações/Docentes formam/HTPC) são muito significativas para os professores, colocando-os como protagonistas do seu processo de desenvolvimento. “Tanto a Secretaria Municipal quanto a Diretoria Regional disseram que oferecem formações continuadas durante todo o ano para os professores da rede. Os gestores da escola e os professores confirmaram que há formações durante todo o ano, oferecidas gratuitamente. Os professores disseram não conseguir participar das formações fora do horário de trabalho devido ao acúmulo de cargos, mas que, quando participam, gostam dos cursos.” – São Paulo/SP A Tabela 5, subsequente, revela também que aspectos como aplicação de simulados e o secretário ser elogiado pelas equipes escolares não foram observados nas escolas de destaque (SP e anônima), e pouco nas escolas de SP, diferentemente dos municípios tratamento, onde apareceram como relevantes. Em todos os agrupamentos apresentados na tabela, as políticas de bonificação não são vistas como fatores determinantes. Suporte da Secretaria de Educação é mais bem avaliado nas redes tratamento visitadas pelos pesquisadores.
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 115 Tabela 5 – Comparativo entre as médias das escolas de destaque (SP e anônima), das quatro escolas de São Paulo e das escolas das redes tratamento visitadas Escolas destaque Rede SP (Média das 4 Redes tratamento (SP e anônima) escolas visitadas) visitadas observ_aula 100% 75% 76% clima_escolar 9.5 9.5 8.5 Uso currículo 9.5 10.0 7.3 infra_suf 8.0 8.3 7.4 gestao_resultados 7.5 7.0 7.9 plano_carreira 6.5 8.0 6.9 7.0 8.3 suporte_sme 6.5 0% 30% 0% 70% bonus 0% 25% 78% simulados 0% sec_elogiado 0% Nota: A legenda das variáveis encontra-se no Anexo VIII. Na rede municipal de São Paulo, foram evidenciados três elementos no aspecto da gestão que também estão presentes nas redes tratamento: visita do(a) Secretário(a); gestão à vista dos resultados de aprendizagem dos alunos; e seleção dos melhores profissionais da rede para compor a liderança pedagógica. O relato sobre tais variáveis em todas as 4 escolas visitadas é, no entender da equipe que sistematizou os dados colhidos em campo, um indicativo de que a Secretaria Municipal de Educação atua de forma orgânica nas unidades educacionais, promovendo ações que visam ao fortalecimento das relações entre escolas, regionais, Secretaria e familiares. O processo criterioso de seleção das lideranças pedagógicas das escolas (diretores e coordenadores) é apontado como um elemento que contribui para que atinjam melhores resultados educacionais. Por fim, não foram observados pela equipe do Tribunal de Contas fatores como existência de material estruturado, formação voltada aos descritores das avaliações externas, chefe da pasta ser ou ter sido professor da rede e continuidade da equipe, diferentemente das redes tratamento, onde tais aspectos são notáveis. Essas informações estão apresentadas na Tabela 6.
116 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A Tabela 6 – Diferenças observadas entre as escolas destaque, as quatro escolas de São Paulo e as escolas das redes tratamento visitadas Escolas destaque Rede SP (Média das Redes tratamento visitadas 50% 4 escolas visitadas) sec_visita 100% 81% gestao_vista 50% 100% 78% selecao_sec 50% 100% 76% Coordenador 50% 100% 32% Diretor 50% 100% 30% sec_elogiado 0% 25% 78% material_estruturado 50% 0% 78% Form_Descritores 50% 0% 78% sec_professor 50% 0% 78% Continuidade 50% 0% 78% Simulados 0% 0% 70% 50% 0% 62% org_formacoes 50% 0% 46% Meta_Reprovacao 50% 0% 43% Meta_Abandono 50% 0% 38% 0% 0% 30% gestaocentral2 bônus Nota: A legenda das variáveis encontra-se no Anexo VIII.
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 117 Anexo VIII: Lista de variáveis que compuseram a ficha de observação e QCA Tabela 1 – Nome das variáveis e pergunta realizada para a rede de ensino Nome da Variável Pergunta acomp_periodico Avaliações/ visitas de acompanhamento periódicas às escolas (no bonus mínimo bimestrais) casadas com feedbacks para gestores e/ou cent_admin professores clima_escolar Secretaria paga bônus para escolas com bons resultados coaching continuidade Secretaria centraliza a gestão administrativa das escolas CUR_OU_AVAL Qual a sua avaliação sobre o clima escolar nas escolas? Docentes_formam foco_LPMAT Gestão escolar dá orientação pedagógica (coaching) para professores e acompanha seu trabalho periodicamente Form_Descritores Secretário de Educação ou parte significativa da equipe pedagógica formacoes estão na Secretaria há mais de uma gestão municipal freq_escolar Gere_Recursos O que dita mais o trabalho pedagógico: o currículo ou as avaliações externas? Pontuar de 0 a 10, sendo que 0 indica que avaliações externas não estão plenamente alinhadas ao currículo ditam completamente e 10 que o currículo dita completamente o trabalho pedagógico Formações de professores são em sua maioria realizadas por docentes da rede Foco no acompanhamento dos resultados de matemática e português Há ou houve formação detalhada dos professores da rede para trabalhar com descritores/habilidades previstas para o ensino em cada ano escolar (ao menos de Português e Matemática) Secretaria de Educação oferece formações durante todo o ano para os professores da rede Secretaria acompanha e cobra frequência escolar dos alunos Secretaria de Educação gere os recursos da educação do município (e não a secretaria de finanças, por exemplo)
118 EDUC AÇ ÃO QUE FA Z A DIFERENÇ A gestao_resultados Qual a sua percepção em relação à qualidade da gestão de resultados gestao_vista da rede municipal? HTPC Gestão à vista dos resultados de aprendizagem dos alunos (ex: infra_suf compartilhamento aberto do desempenho dos alunos nas reuniões de pais) material_estruturado MetaAprendizagem Realização de reuniões/momentos de planejamento pedagógico com professores de escolas diferentes MetaIdeb MetaReducaoAbandono A estrutura das escolas visitadas parece suficiente para que um bom MetaReducaoReprovacao trabalho pedagógico seja desenvolvido (infraestrutura, merenda, materiais pedagógicos, etc.)? Metas observ_aula Uso de material estruturado para nortear as aulas dos docentes e/ou org_formacoes apostila que trabalha descritores de avaliações externas pais Secretaria possui metas claras para avanços educacionais pcoordenador Secretaria possui metas claras para avanços educacionais pdiretor Secretaria possui metas claras para avanços educacionais plano_carreira Secretaria possui metas claras para avanços educacionais Secretaria possui metas claras para avanços educacionais Gestão escolar faz observação de sala de aula Secretaria de Educação e/ou Escola possui um sistema de organização (substituição/rodízio no corpo docente/outros) que permite aos professores frequentarem as formações sem precisar extrapolar sua carga horária de trabalho? Escolas listam responsabilidades dos pais para eles de forma documentada (ex: pedem que os responsáveis assinem atas referentes a informações de comportamento ou notas) Processo seletivo rigoroso para a seleção de coordenadores pedagógicos (prova específica? escolha do coordenador pedagógico pelo diretor?) Processo seletivo rigoroso para a seleção de diretores (Prova específica? Melhores colocados? Análise de perfil? Lotação pela Secretaria?) Qual a sua avaliação sobre o plano de carreira dos professores relatado?
EDUCAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA 119 plataforma Secretaria possui plataforma de acompanhamento com vistas a uma pprofessor gestão de resultados sec_elogiado Processo seletivo rigoroso para a seleção de professores efetivos (além sec_professor de prova do concurso, banca que avalia a didática numa aula prática/ lotação por perfil) sec_visita selecao_sec O Secretário de Educação é espontaneamente elogiado dentro da escola simulados suporte_sec O Secretário de Educação já atuou como professor/coordenador tempo_pedag pedagógico/diretor da Educação Básica O Secretário de Educação visita as escolas da rede eventualmente (quando solicitado ou espontaneamente) Há seleção dos melhores profissionais da rede para compor liderança pedagógica? Avaliações semanais ou quinzenais das habilidades estudadas Qual a sua avaliação sobre o suporte que a Secretaria de educação dá às escolas? Escolas da rede possuem regras para garantir o cumprimento do tempo pedagógico regular ou para ampliar o tempo pedagógico
REALIZAÇÃO: APOIO:
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